Ciclo de debates formará programa para política externa pós Bolsonaro
Iniciativa leva o nome de 'Renascença' e é descrita como 'inédita' na diplomacia brasileira
Carta Capital | 2/3/2021, 15h20
Mais de uma centena de encontros devem ser realizados até setembro deste ano para discutir a construção de um programa público para a política externa brasileira, sob a organização de servidores do Itamaraty e com a participação de acadêmicos e ativistas. A iniciativa, descrita como inédita no campo da diplomacia do país, leva o nome de “Renascença: construção coletiva de uma política externa pós-bolsonarista”.
O ciclo de debates teve início em 2020 e é exibido no canal do Instituto Diplomacia para Democracia, no YouTube e no Facebook. Estiveram no debate inaugural o ex-chanceler Celso Amorim e o ex-embaixador Rubens Ricupero. Entre os assuntos já tratados até agora, estiveram a redução de desigualdades, os direitos humanos e os desafios da diplomacia brasileira nesta década.
O próximo debate, marcado para 4 de março, às 19 horas, tratará do tema “Do Black Lives Matter nos EUA ao ativismo negro no Brasil: lições do antirracismo nas Américas”. Participarão do evento os professores Flávio Thales Ribeiro e Edilza Sotero, com mediação do professor Marcio André.
O projeto foi criado pelo diplomata Antonio Cotta de Jesus Freitas, responsável pelo espaço cultural Tapera Taperá, em São Paulo, que também funciona como uma plataforma de cursos. O idealizador atuou na formulação do programa de relações internacionais da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à presidência em 2018.
Segundo Cotta de Jesus Freitas, a ideia partiu da constatação de que a diplomacia do governo do presidente Jair Bolsonaro é “uma antipolítica externa”, descolada das melhores tradições do Itamaraty, dos princípios constitucionais e de noções básicas de decoro. Depois de Bolsonaro, será preciso refundar as bases da chancelaria brasileira, diz ele, em temas como pobreza, violência, mudanças climáticas e busca pela paz.
“Vai haver a necessidade de reconstruir um projeto nacional mais amplo”, afirma. “Isso demanda refletir o que constitui o Brasil, qual a nossa identidade, que país nós queremos e qual a inserção internacional teremos.”
“Os atuais comandantes da política externa promovem um período de obscurantismo, de terra arrasada. Involuntariamente, eles nos estimulam a nos engajarmos por um amanhã diferente”, diz o idealizador.
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