sábado, 3 de setembro de 2022

Sobre a conjuntura política brasileira no momento do Bicentenário - Paulo Roberto de Almeida

Sobre a conjuntura política brasileira no momento do Bicentenário

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 Nota sobre a miséria da política brasileira a partir da corrupção do PT e da inépcia danosa do atual presidente.

   

Uma simples constatação, mas que também é um julgamento de valor:

Vamos reconhecer uma característica essencial da atual divisão do Brasil e das dificuldades específicas do próximo escrutínio eleitoral do ponto de vista da cidadania consciente.

Lula e o PT ganhariam fácil estas eleições de 2022 se não tivessem roubado tanto entre 2003-2016 e se não tivessem jogado o país na maior crise econômica de sua história em 2014-15, da qual ainda não nos recuperamos, e que produziram a ascensão de um fascismo vulgar (sem doutrina e sem programa), sob o comando do mais inepto e doentio personagem da nossa política, um psicopata execrável, mas que faz parte da atual conjuntura.

A partir da megacorrupção conduzida por uma organização criminosa (apud Ciro Gomes), partindo do Mensalão, passando pelo Petrolão e que se estendeu por inúmeras outras “frentes de trabalho”, o estamento político predatório do Brasil ganhou impulso para novas aventuras no universo da roubalheira institucionalizada, sobretudo na forma que tomou sob o desgoverno do psicopata, que é a substituição do processo orçamentário normal (ou quase) por um estupro fiscal permanente e extremamente danoso para a sociedade.

Não teríamos tanta gente agrupada no antipetismo — que juntou pessoas normais da classe média com a escória da política — se Lula e o PT não tivessem conduzido os dois processos descritos: a megacorrupção e a crise econômica. 

Estamos pagando o preço da incompetência e da imoralidade dessa vertente supostamente esquerdista da classe política brasileira, que reforçou os elementos extremados da direita conservadora, que sempre foi dominante na miséria política e social do Brasil.

Os liberais verdadeiros, não muitos dos que se pavoneiam por aí, são uma pequena tribo desimportante no cenário político das elites brasileiras, incapazes de determinar o curso das grandes políticas nacionais, macroeconômicas ou setoriais.

Esta foi sempre a nossa tragédia nacional, a ausência de verdadeiras elites políticas liberais e democráticas, mas o cenário se agravou tremendamente com a falência de um estrato social-democrata responsável no Brasil.

Vamos continuar nos arrastando penosamente em direção da modernidade, com os tropeços inevitáveis à esquerda, no centro e à direita.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4227: 3 setembro 2022, 2 p.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.