Sobre a conjuntura política brasileira no momento do Bicentenário
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Uma simples constatação, mas que também é um julgamento de valor:
Vamos reconhecer uma característica essencial da atual divisão do Brasil e das dificuldades específicas do próximo escrutínio eleitoral do ponto de vista da cidadania consciente.
Lula e o PT ganhariam fácil estas eleições de 2022 se não tivessem roubado tanto entre 2003-2016 e se não tivessem jogado o país na maior crise econômica de sua história em 2014-15, da qual ainda não nos recuperamos, e que produziram a ascensão de um fascismo vulgar (sem doutrina e sem programa), sob o comando do mais inepto e doentio personagem da nossa política, um psicopata execrável, mas que faz parte da atual conjuntura.
A partir da megacorrupção conduzida por uma organização criminosa (apud Ciro Gomes), partindo do Mensalão, passando pelo Petrolão e que se estendeu por inúmeras outras “frentes de trabalho”, o estamento político predatório do Brasil ganhou impulso para novas aventuras no universo da roubalheira institucionalizada, sobretudo na forma que tomou sob o desgoverno do psicopata, que é a substituição do processo orçamentário normal (ou quase) por um estupro fiscal permanente e extremamente danoso para a sociedade.
Não teríamos tanta gente agrupada no antipetismo — que juntou pessoas normais da classe média com a escória da política — se Lula e o PT não tivessem conduzido os dois processos descritos: a megacorrupção e a crise econômica.
Estamos pagando o preço da incompetência e da imoralidade dessa vertente supostamente esquerdista da classe política brasileira, que reforçou os elementos extremados da direita conservadora, que sempre foi dominante na miséria política e social do Brasil.
Os liberais verdadeiros, não muitos dos que se pavoneiam por aí, são uma pequena tribo desimportante no cenário político das elites brasileiras, incapazes de determinar o curso das grandes políticas nacionais, macroeconômicas ou setoriais.
Esta foi sempre a nossa tragédia nacional, a ausência de verdadeiras elites políticas liberais e democráticas, mas o cenário se agravou tremendamente com a falência de um estrato social-democrata responsável no Brasil.
Vamos continuar nos arrastando penosamente em direção da modernidade, com os tropeços inevitáveis à esquerda, no centro e à direita.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4227: 3 setembro 2022, 2 p.
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