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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Sobre a furada chantagem nuclear do tirano de Moscou - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre a furada chantagem nuclear do tirano de Moscou:


Não acredito que o grau máximo de insanidade do tirano de Moscou consiga se sobrepor à racionalidade última dos generais russos encarregados da segurança do botão nuclear. 

Teriam de primeiro decidir: jogar o quê contra quem, onde e com qual objetivo estratégico? 

Alguma razão especificamente tática? 

A ameaça é pura bazófia, e se trata, sim, de um blefe, talvez o último do czar que pretendia ser Pedro o Grande, talvez até Ivan o Terrível, e que pode terminar como Nicolau II. 

Não vale o argumento de que a Rússia se encontra em mais uma postura defensiva, como em face de Napoleão e de Hitler. Desta vez ela É a potência agressora!

Minha única dúvida é sobre se a Rússia, derrotada militarmente, finalmente se encaminhará, ainda que muito lentamente, para uma nova democracia de fachada — como ocorreu entre fevereiro e outubro de 1917, objeto de um artigo de Max Weber — ou se recrudescerá nos seus instintos totalitários que foram a marca distintiva do regime bolchevique, mais até do que o absolutismo czarista.

Putin, em última instância, pode ser o aprendiz de feiticeiro que libertará a Rússia de sua doença senil do imperialismo, mas acredito mais num impasse histórico de dimensão e duração indefinidas. Ou seja, a humanidade continuará vivendo dramas não muito distantes da guerra de Troia.

À falta de um Heródoto ou de um Tucídides, talvez apareça algum novo poeta cego…

Paulo Roberto de Almeida

Ribeirão Preto, 22/09/2022

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