Sobre a furada chantagem nuclear do tirano de Moscou:
Não acredito que o grau máximo de insanidade do tirano de Moscou consiga se sobrepor à racionalidade última dos generais russos encarregados da segurança do botão nuclear.
Teriam de primeiro decidir: jogar o quê contra quem, onde e com qual objetivo estratégico?
Alguma razão especificamente tática?
A ameaça é pura bazófia, e se trata, sim, de um blefe, talvez o último do czar que pretendia ser Pedro o Grande, talvez até Ivan o Terrível, e que pode terminar como Nicolau II.
Não vale o argumento de que a Rússia se encontra em mais uma postura defensiva, como em face de Napoleão e de Hitler. Desta vez ela É a potência agressora!
Minha única dúvida é sobre se a Rússia, derrotada militarmente, finalmente se encaminhará, ainda que muito lentamente, para uma nova democracia de fachada — como ocorreu entre fevereiro e outubro de 1917, objeto de um artigo de Max Weber — ou se recrudescerá nos seus instintos totalitários que foram a marca distintiva do regime bolchevique, mais até do que o absolutismo czarista.
Putin, em última instância, pode ser o aprendiz de feiticeiro que libertará a Rússia de sua doença senil do imperialismo, mas acredito mais num impasse histórico de dimensão e duração indefinidas. Ou seja, a humanidade continuará vivendo dramas não muito distantes da guerra de Troia.
À falta de um Heródoto ou de um Tucídides, talvez apareça algum novo poeta cego…
Paulo Roberto de Almeida
Ribeirão Preto, 22/09/2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário