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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Dia do profissional de relações Internacionais: entrevista com o professor Oliver Stuenkel (FGV-SP)

Parabéns aos internacionalistas pelo seu dia

 

Dia do profissional de Relações Internacionais: dados quantitativos são tendência na área, diz professor

A função do profissional de Relações Internacionais é focar em carreiras globais, investindo na integração de conhecimentos teóricos e metodológicos na resolução de problemas concretos da política internacional e da economia global.

Hoje, 26 de setembro, é comemorado o dia do profissional de Relações Internacionais. Para homenageá-los, o FGV Notícias conversou com Oliver Stuenkel, professor da Escola de Relações Internacionais (FGV RI).

De acordo com Oliver, houve uma mudança significativa no curso de Relações Internacionais no que diz respeito ao preparo dos alunos, as disciplinas e inclusive a escolha profissional a ser seguida. “Antigamente era, acima de tudo, um curso preparatório para futuros diplomatas. Mas hoje, cada vez mais alunos trabalham no setor privado, em organizações internacionais, na sociedade civil. E essas são áreas onde novas tecnologias têm um grande impacto”, disse ele.

Para ver a entrevista assista ao vídeo
 

Dia do profissional de Relações Internacionais: dados quantitativos são tendência na área, diz professor

De acordo com Oliver, houve uma mudança significativa no curso de Relações Internacionais no que diz respeito ao preparo dos alunos, as disciplinas e inclusive a escolha profissional a ser seguida.

https://portal.fgv.br/noticias/dia-profissional-relacoes-internacionais-dados-quantitativos-sao-tendencia-area-diz

Como a aceleração digital impactou a área de Relações Internacionais?

As novas tecnologias têm um grande impacto sobre a disciplina das Relações Internacionais e aqui na FGV a gente sempre enfatiza a necessidade de se adaptar a essas novas realidades, inclusive para assegurar que nossos alunos estejam competitivos no mercado de trabalho.

Então, houve muitas mudanças tecnológicas. Hoje em dia, muitos analistas de geopolítica operam com modelos bastante sofisticados utilizando Big Data, por exemplo. Nesse sentido, a graduação de RI mudou em função dessas transformações.

Como era a área antes desse boom da aceleração digital?

Antigamente, o curso de Relações Internacionais era, acima de tudo, preparatório para futuros diplomatas. Essa é uma área mais tradicional, que enfatiza bastante a história da geopolítica, com ênfase em negociações diplomáticas e política internacional. Mas, hoje, cada vez mais alunos trabalham no setor privado, em organizações internacionais, na sociedade civil, e essas são áreas que as novas tecnologias têm um grande impacto.

Então, nesse sentido, a área, como um todo, mudou profundamente, o que explica o motivo de termos atualmente análise quantitativa, por exemplo, pois muitos trabalham conjuntamente com economistas ou até mesmo em funções antigamente exercidas por economistas.

Qual foi o principal desafio e o principal benefício dessa aceleração digital na área? 

O principal benefício das novas tecnologias é que conseguimos processar e monitorar os processos com muito mais facilidade. Quer dizer que, além de fazer uma análise qualitativa, agora existem modelos sofisticados para avaliar, por exemplo, o impacto das sanções ocidentais impostas contra a Rússia em função da invasão à Ucrânia.

Então, nesse sentido, dá para fazer, inclusive, previsões bastante concretas sobre, de que forma, o cenário internacional impacta o crescimento da economia brasileira e de que forma isso impactará a taxa de aprovação, o comportamento do Brasil no âmbito externo.

Agora, isso também traz muitos desafios porque, além de manter contatos numa rede de diálogos com outros tomadores de decisão, nós também precisamos ficar a par de novas tecnologias e novas ferramentas que nos ajudam a analisar o que está acontecendo.

Como a área de Relações Internacionais contribuiu para a aceleração digital?

Acima de tudo diria que a área de Relações Internacionais tem tido uma contribuição importante para quantificar tomadas de decisão no setor privado. Por exemplo, questões políticas que sempre são difíceis de mensurar, muitas vezes, são um pouco vagas, mas, cada vez mais, sobretudo na área de análise de risco político, a nossa área tem conseguido oferecer insumos importantes para que empresas, governos e a sociedade civil possam tomar decisões com maior confiança.  

O que muda na formação dos novos profissionais da área com a aceleração digital?

Tradicionalmente, quem estudava Relações Internacionais conseguia evitar o mundo quantitativo. Então, eram, geralmente, pessoas que gostavam muito de história, diplomacia, geografia. Mas, agora, com essas novas tecnologias, sobretudo na área de big data, nossa capacidade maior de avaliação em grandes quantidades de dados, conseguimos avançar muito em áreas como opinião pública, questões de consumo no Brasil, tendências econômicas globais.

Isso também requer que estudantes de Relações Internacionais tenham uma compreensão sofisticada de temas como econometria, estatística, probabilidade. Em geral, o mundo da matemática tornou-se muito mais importante. Então isso muda, torna a área mais desafiadora, mas também aumenta muito a capacidade de fazer uma contribuição real no mercado de trabalho.  

Quais habilidades os profissionais devem estar atentos com esse boom digital?
 

Tem várias áreas hoje que são fundamentais na hora de preparar um bom profissional de Relações Internacionais. É preciso ter uma noção clara das novas tecnologias, seja na área de programação, na utilização de modelos de regressão ou na capacidade de processar grandes quantidades de dados.

Quais são as novas opções de carreiras que surgiram com a aceleração digital?

A maioria dos egressos da FGV atuam no setor privado que é uma novidade, de certa maneira, porque é um curso que, tradicionalmente, preparava os alunos para o serviço diplomático e o setor público. Mas hoje, muitas empresas contratam analistas de RI para interpretarem desafios geopolíticos, para que uma empresa, por exemplo, do agronegócio brasileiro, possa se adequar a uma nova realidade depois da invasão Russa à Ucrânia,  pois eleva o custo dos fertilizantes. Ou a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que produz desafios, mas também, muitas oportunidades. Então, esse tipo de monitoramento é algo fundamental hoje.

O que esperar para o futuro?

A minha percepção é que as mudanças tecnológicas serão cada vez mais rápidas e terão um impacto cada vez maior. Além disso haverá a necessidade de trabalhar com equipes globais, com pessoas em lugares totalmente diferentes, com visões de mundo muito diferentes. Também há uma necessidade de atuar em várias áreas muito diferentes que tradicionalmente eram cobertas por profissões distintas.

Conheça o curso de graduação da FGV RI.

Essa matéria faz parte da série especial Conexões para o futuro: Dia do Profissional de Relações Internacionais iniciada em 22 de julho no Dia do Cientista Social.


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