À CNN, ministro Mauro Vieira rebate críticas sobre força da China nos Brics
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, rebateu as críticas de que a expansão dos Brics teria fortalecido os interesses da China sem que o Brasil tivesse benefícios com a decisão."Não concordo com esse tipo de análise. Primeiro, porque as decisões dos Brics são por consenso. Então, os cinco países concordaram. Se algum deles fosse contra a expansão era só ter se declarado e não haveria a expansão", disse o ministro com exclusividade à CNN.O Itamaraty sempre afirmou que o Brasil não era contra a expansão, mas que defendia, antes, a adoção de alguns princípios para determinar que nações poderiam aderir ao bloco - e em que momento.
"Desde o princípio dissemos que precisaríamos ter critérios para adesão de novos países. E essa expansão com seis novos países, que a partir do ano que vem vão fazer parte do grupo, não está fechando o grupo No futuro, outros países vão se candidatar e decidiremos se poderão ser incluídos também", afirmou o ministro. Segundo o chanceler, pelo menos três critérios defendidos pelo Brasil foram adotados pelos Brics na cúpula de líderes do bloco, realizada na semana passada em Joanesburgo, na África do Sul, para esta e futuras expansões. O primeiro é o comprometimento de todos os candidatos com reformas do sistema de governança global, especialmente a ONU e o seu Conselho de Segurança. Como parte das negociações com a própria China, a maior interessada na expansão do bloco para atender aos seus interesses na disputa geopolítica contra os Estados Unidos, os Brics concordaram no comunicado final da cúpula em incluir uma mensagem explícita de que Brasil, Índia e África do Sul deveriam ter mais poder e espaço dentro do Conselho de Segurança da ONU. Embora não seja uma declaração explícita de que Pequim apoia a entrada desses países como membros com assento permanente no Conselho, o Itamaraty considera que houve uma mudança positiva expressiva na postura chinesa
O segundo ponto diz respeito à implantação de um mecanismo para que o comércio intrabloco seja feito em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar em importações e exportações. "Colocamos algumas propostas (durante a cúpula dos líderes), como o estudo pelos ministros das Finanças de cada um dos países sobre encontrar um mecanismo que permita que o comércio bilateral de cada país com os outros países do grupo seja feito nas moedas nacionais. Isso é um passo muito importante, muito rápido. Isso vai agilizar o comércio internacional entre os países do bloco e também baratear as operações", disse o ministro à CNN. Por fim, a menos polêmica das propostas: o Brasil defende que qualquer expansão leve em consideração o equilíbrio regional. Por isso, o Itamaraty defendeu em todas as negociações a inclusão da Argentina no bloco. Não está claro, no entanto, se o país vizinho irá de fato aderir ao grupo em caso de vitória da oposição ao governo do peronista Alberto Fernandez nas eleições deste ano. Fernandez é amigo de Lula, que citou o presidente argentino na Cúpula ao dizer que os dois países atuariam juntos em mais um fórum global."Tivemos um importante avanço na colocação de prioridades e critérios para a reforma da governança global. Foi aceito pelos cinco países dos Brics a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, em ambas as categorias, com menções específicas aos demais três países dos Brics que não são membros permanentes do Conselho de Segurança, que são Brasil, Índia e África do Sul. Então, são duas importantes conquistas e depois a ampliação do grupo trazendo seis novos países sendo mantida a representatividade regional", afirmou o ministro.
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