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quarta-feira, 20 de março de 2024

Brasil vê perda de território ucraniano como inevitável - Priscila Yazbek (CNN Brasil, Paris)

Não sei se o Brasil teria a mesma opinião, no Império ou na República, se algum vizinho regional pretendesse, pela usurpação ou pela força, tomar uma parte do território brasileiro. (PRA)

Análise: Brasil vê perda de território ucraniano como inevitável

Cresce dentro do governo brasileiro a visão de que o fim da guerra pode passar pela derrota ucraniana, enquanto europeus lutam para fortalecer Kiev

Priscila Yazbek, correspondente CNN, Paris, 20/03/2024

https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/priscila-yazbek/internacional/analise-brasil-acha-que-ucrania-tem-que-ceder-a-russia/

Na semana que vem, Lula deve se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron, que visitará o Brasil entre os dias 26 a 28 de março. E a guerra na Ucrânia será o principal bode na sala. Macron tem enfatizado a necessidade de apoio europeu aos ucranianos e endureceu o tom com a Rússia, citando até mesmo a possibilidade de envio de tropas em solo.

Enquanto a França defende o fornecimento de mais armamentos a Kiev para viabilizar a vitória da Ucrânia, o Brasil discorda do envio de mais armas e defende a paz a qualquer custo, mesmo que signifique uma derrota ucraniana.

O governo brasileiro não fala diretamente que a paz pode passar pela derrota da Ucrânia. Mas diferentes fontes diplomáticas defendem que o fim da guerra depende de concessões por parte dos ucranianos. E ceder, no contexto da guerra na Ucrânia, significa abrir mão de territórios invadidos pela Rússia.

A diferença é que o Brasil enxerga que isso seria apenas uma “concessão” ou “algum sacrifício” em prol da paz. Mas para a Ucrânia e a Europa, a cessão de territórios é vista como uma vitória russa e ponto.

A visão de que a Ucrânia precisa ceder para o conflito se encerrar não é nova, Lula tem falado sobre isso abertamente há algum tempo. Mas cresce dentro da diplomacia brasileira a crença de que chegou o momento de o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky conceder territórios a Moscou para chegar a um ponto final.

A Rússia agora controla quase um quinto da Ucrânia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014. Fontes do governo brasileiro avaliam que não seria algo tão irrazoável conceder esses 20% de terras invadidas aos russos para encerrar o conflito.

Alguns chegam a argumentar citando o papa Francisco, que sugeriu na semana passada que a Ucrânia deveria ter a coragem de levantar a bandeira branca e negociar com a Rússia. 

Todos concordam que tanto o Brasil quanto a Europa querem a paz, mas uma fonte diplomática resume que os europeus querem chegar à paz pela guerra e o Brasil quer chegar à paz pelo diálogo – o que muda é o método.

Para os europeus, a Ucrânia não pode perder a guerra porque se o país perder, a Europa vai perder. Há um temor crescente de que em caso de vitória russa, o presidente Vladimir Putin se sinta confiante para fazer novas invasões, ameaçando a situação de relativa paz na Europa.

Histórico

Desde o início da guerra no Leste Europeu, o Brasil destaca reiteradamente que condena a invasão da Ucrânia e que deixou isso claro em resoluções da ONU. Mas declarações do próprio presidente Lula levantam dúvidas sobre de qual lado o país está.

Em maio de 2022, menos de três meses após a invasão da Ucrânia, em entrevista à revista Time, Lula acusou os EUA e a União Europeia de não defender a paz. E afirmou que Zelensky tem tanta culpa pela guerra quanto Putin.

À Time, Lula disse que Zelensky “quis a guerra” porque se “não quisesse, teria negociado um pouco mais”. “Ele [Zelensky] fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’”, disse o presidente brasileiro na entrevista.

“Mas não é só o Putin que é culpado, os Estados Unidos e a União Europeia também são. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema”, acrescentou Lula na ocasião.

A ideia de que a entrada de ex-repúblicas soviéticas na OTAN e na União Europeia justifica a ira da Rússia é frequentemente mencionada por interlocutores do governo, que defendem que Putin foi provocado.

Para citar mais algumas falas de Lula, em janeiro de 2023, o presidente afirmou que “quando um não quer, dois não brigam”. E em abril de 2023, disse: “O presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.

As declarações foram amplamente rebatidas por europeus e americanos, que afirmaram que a guerra só tem um culpado: a Rússia.

Críticas a Zelensky

Dentro do Itamaraty, as críticas a Zelensky também são recorrentes. Fontes próximas a Lula e ao seu assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim dizem que os dois consideram Zelensky um jovem prepotente. Lula já disse inclusive em público que falta experiência a Zelensky.

Outro comentário que se repete é que a proposta do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para encerrar o conflito não funciona, porque parte de premissas que são inaceitáveis para os russos.

Uma comparação é feita até mesmo entre Zelensky e Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense: ambos estariam sustentando as respectivas guerras para se segurar no cargo, já que sofrem uma rejeição crescente internamente.

Em seu terceiro mandato, Lula busca se sobressair no cenário global como um mediador da paz. Mas na Europa, a imagem que se destaca do presidente brasileiro é de um líder que demonstra mais compreensão com os agressores do que com os agredidos.

 



segunda-feira, 28 de agosto de 2023

À CNN, ministro Mauro Vieira rebate críticas sobre força da China nos Brics - CNN Brasil

 À CNN, ministro Mauro Vieira rebate críticas sobre força da China nos Brics

CNN Brasil Online
27 de agosto de 2023

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O ministro das Relações ExterioresMauro Vieira, rebateu as críticas de que a expansão dos Brics teria fortalecido os interesses da China sem que o Brasil tivesse benefícios com a decisão."Não concordo com esse tipo de análise. Primeiro, porque as decisões dos Brics são por consenso. Então, os cinco países concordaram. Se algum deles fosse contra a expansão era só ter se declarado e não haveria a expansão", disse o ministro com exclusividade à CNN.O Itamaraty sempre afirmou que o Brasil não era contra a expansão, mas que defendia, antes, a adoção de alguns princípios para determinar que nações poderiam aderir ao bloco - e em que momento.

"Desde o princípio dissemos que precisaríamos ter critérios para adesão de novos países. E essa expansão com seis novos países, que a partir do ano que vem vão fazer parte do grupo, não está fechando o grupo No futuro, outros países vão se candidatar e decidiremos se poderão ser incluídos também", afirmou o ministro. Segundo o chanceler, pelo menos três critérios defendidos pelo Brasil foram adotados pelos Brics na cúpula de líderes do bloco, realizada na semana passada em Joanesburgo, na África do Sul, para esta e futuras expansões. O primeiro é o comprometimento de todos os candidatos com reformas do sistema de governança global, especialmente a ONU e o seu Conselho de Segurança. Como parte das negociações com a própria China, a maior interessada na expansão do bloco para atender aos seus interesses na disputa geopolítica contra os Estados Unidos, os Brics concordaram no comunicado final da cúpula em incluir uma mensagem explícita de que Brasil, Índia e África do Sul deveriam ter mais poder e espaço dentro do Conselho de Segurança da ONU. Embora não seja uma declaração explícita de que Pequim apoia a entrada desses países como membros com assento permanente no Conselho, o Itamaraty considera que houve uma mudança positiva expressiva na postura chinesa

O segundo ponto diz respeito à implantação de um mecanismo para que o comércio intrabloco seja feito em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar em importações e exportações. "Colocamos algumas propostas (durante a cúpula dos líderes), como o estudo pelos ministros das Finanças de cada um dos países sobre encontrar um mecanismo que permita que o comércio bilateral de cada país com os outros países do grupo seja feito nas moedas nacionais. Isso é um passo muito importante, muito rápido. Isso vai agilizar o comércio internacional entre os países do bloco e também baratear as operações", disse o ministro à CNN. Por fim, a menos polêmica das propostas: o Brasil defende que qualquer expansão leve em consideração o equilíbrio regional. Por isso, o Itamaraty defendeu em todas as negociações a inclusão da Argentina no bloco. Não está claro, no entanto, se o país vizinho irá de fato aderir ao grupo em caso de vitória da oposição ao governo do peronista Alberto Fernandez nas eleições deste ano. Fernandez é amigo de Lula, que citou o presidente argentino na Cúpula ao dizer que os dois países atuariam juntos em mais um fórum global."Tivemos um importante avanço na colocação de prioridades e critérios para a reforma da governança global. Foi aceito pelos cinco países dos Brics a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, em ambas as categorias, com menções específicas aos demais três países dos Brics que não são membros permanentes do Conselho de Segurança, que são Brasil, Índia e África do Sul. Então, são duas importantes conquistas e depois a ampliação do grupo trazendo seis novos países sendo mantida a representatividade regional", afirmou o ministro.