Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Celulares: brasileiros extorquidos pelos carteis e pelo governo
terça-feira, 23 de julho de 2013
Republica dos companheiros: o pais da pizza a 30 dolares (ou 66 reais): deu no NYTimes...
Se a escolha, então, for McDonalds, ou Burguer King, dá para seis pessoas, facilmente, e ainda sobra para sobremesa.
Que o Brasil tenha ficado caro, isso não é surpresa para ninguém, sobretudo para a classe média (não a do governo, mas a média média) que já viajou para Miami ou Orlando, ou então para Paris: na capital francesa, esse valor cobre o almoço de duas pessoas, com entrada, prato principal, sobremesa e um copo de vinho, nos restaurantes populares do Quartier Latin. Todo mundo sabe disso, por isso mesmo que a classe média trocou Ciudad del Este por Miami ou Paris, para fazer suas compras.
De quem é a culpa?
Bem, os companheiros são parcialmente culpados, por terem preservado um sistema protegido, introvertido, garantindo o super lucro dos grandes capitalistas, mais exatamente dos rentistas (que eles encarnam, hoje, perfeitamente bem). Sobretudo por terem preservado um Estado avassalador, dirigista, controlador, que se apossa de dois quintos da riqueza nacional, devolvendo muito pouco em termos de serviços de qualidade para pobres e menos pobres. As distorções acumulados ao longo de doze anos de rentismo companheiro, a falta de infraestrutura, a ausência de acordos comerciais, o próprio estatismo desenfreado e o protecionismo exacerbado que eles promovem são responsáveis pelo fato de o Brasil ser hoje um dos países mais caros do mundo.
Como é que um empresário pode colocar um produto competitivo no mercado (doméstico ou externo, não importa) se ele tem de "deixar" 35 a 40% do faturamento para o ogro famélico em que se converteu o Estado brasileiro? Ele também tem de "deixar" uma outra parte para outras partes, se vocês me entendem...
Parece que a nossa classe média vai ter de decapitar algumas rainhas para acabar com os nossos aristocratas operários...
Paulo Roberto de Almeida
PS: Cliquem no link para o "Sample of Sales Taxes for Products in Brazil", abaixo, para ver quanto vocês pagam de imposto sobre cada um dos produtos típicos de um "manifesteiro", ou protestário. Mesmo reclamando do governo, vocês pagam entre 35% e 60% do preço do produto como tributo a esse governo perdulário e famélico; link: http://www.nytimes.com/interactive/2013/07/23/world/americas/samples-of-sales-taxes-on-products-in-brazil.html?ref=americas&_r=0
Prices Fuel Outrage in Brazil, Home of the $30 Cheese Pizza
By SIMON ROMERO
The New York Times, July 22, 2013
Multimedia
Related
With Modesty, Pope Francis Begins a Week in Brazil (July 23, 2013)
Connect With Us on Twitter
A version of this article appeared in print on July 23, 2013, on page A1 of the New York edition with the headline: Prices Fuel Outrage in Brazil, Home of the $30 Cheese Pizza
========
Samples of Sales Taxes on Products in Brazil
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Por que o Brasil e' um pais tao caro? - Ricardo Amorim
Por que pagamos mais caro no Brasil?
A diferença de preços do Brasil com o resto do mundo é impressionante. Do restaurante aos eletrônicos, quase tudo é mais caro aqui.
Razões não faltam, começando pelos impostos. Uma das cargas tributárias mais elevadas do planeta, particularmente concentrada sobre consumo e produção, encarece tudo que é feito e comprado aqui.
Impostos não explicam todas as distorções. Também as margens de lucros são mais elevadas. A esquerda culpa a ganância dos empresários pelas gordas margens. A explicação está equivocada. Sim, empresários querem cobrar mais por seus produtos e serviços. Se você pudesse dobrar seu salário, não dobraria?
A pergunta é: por que conseguem cobrar mais aqui? Por que aceitamos pagar mais? Apesar dos avanços desde 1994, adistribuição de renda no Brasil ainda é das piores. Grande concentração gera uma valorização de status nas compras. Demarcam-se as diferenças através do consumo, mesmo que para isso tenha-se que pagar mais. Comprar determinado carro, celular ou iogurte “separa” seus consumidores das classes sociais “abaixo” deles.
A explicação mais importante, porém, não é esta. A baixa competição, a dificuldade de se fazer negócio e o risco mais elevado da atividade empresarial pesam mais.
Burocracia absurda, corrupção, carga tributária elevada, regime tributário complexo, infraestrutura ruim, mão de obra cara e despreparada dificultam a vida das empresas, aumentando o risco de seus investimentos. Com risco maior, empresários reduzem investimentos e, por consequência, a competição. Com menos competição, inclusive com importados – o Brasil é o país com menor taxa de importação de produtos e serviços no planeta – é possível subir preços e aumentar margens de lucro.
Nos últimos anos, as margens no país caíram. Em muitos setores, empresas não conseguiam repassar integralmente aumentos de custos de mão de obra e matéria primas aos preços porque uma competição crescente não permitiu.
A competição aumentou porque a crise no mundo desenvolvido estimulou as empresas a buscarem os grandes mercados emergentes. Somou-se a isso um forte crescimento do consumo no país impulsionado pelo aumento da renda e do crédito. Com mercado maior, cresceram os investimentos produtivos e a competição, reduzindo as margens de lucro. Até aí, ótimo.
Acontece que nos últimos trimestres, tal movimento se reverteu. Desvalorizar o Real encareceu importações, inclusive de máquinas e equipamentos, diminuindo a competição e reduzindo investimentos no país.
Além disso, ao atacar bancos e empresas de energia elétrica para reduzir rapidamente suas margens de lucro, o governo aumentou o risco dos negócios nesses e em outros setores, que temem medidas semelhantes. Com rentabilidade menor e riscos maiores, investimentos caíram, o que, através da redução da competição, vai aumentar margens de lucros e encarecer preços nos próximos anos. Em economia, às vezes os resultados são o inverso das intenções.
Antes de usar os bancos estatais para pressionar os demais a reduzirem juros – um objetivo louvável, buscado de forma ineficiente – a lucratividade média do setor bancário brasileiro era a segunda mais baixa das Américas, atrás apenas dos EUA, ao contrário do que supõe a maioria. Venezuela e Argentina, onde os governos mais “perseguem” bancos, eram os países com os bancos mais lucrativos.
Para reduzir margens e preços, o governo precisa eliminar a burocracia, simplificar a legislação, estimular a competição, evitar o protecionismo, reduzir impostos, inclusive sobre importados e incentivar investimentos. O benefício será dos consumidores.
Ricardo Amorim
Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Quando o Brasil vai se corrigir? A depender de autoridades e empresarios, vai demorar...
As razões são as mesmas de sempre: o chamado "custo Brasil" -- ou seja, a selva de tributos que os empresários são obrigados a enfrentar -- e o câmbio, que é apenas um reflexo do mesmo problema, pois ele é dependente de juros e outras condições da economia.
E o pior é que ninguém, autoridades e empresários, vão atacar os problemas reais e vão apenas recorrer aos velhos remédios protecionistas de sempre, o que vai deixar o Brasil um pouco pior do que já é...
Paulo Roberto de Almeida
Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo, 19/02/2012
Custo de produção local leva o País a ampliar compras de países como China e Índia, com prejuízos para o emprego no setor gráfico
O avanço das importações chegou ao mercado de livros didáticos. Nos bancos escolares, os estudantes brasileiros estão estudando em livros impressos na China, Índia, Coreia, Colômbia e Chile.
Em 2011, editoras que fornecem material para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do governo federal, ampliaram em quase 70% as encomendas no exterior, estimam empresários da indústria gráfica. Os motivos são o câmbio e o custo Brasil.
Principal cliente para as gráficas do segmento editorial, o governo responde por 24,4% das compras de livros no País, que somam cerca de R$ 4,5 bilhões. No ano passado, o governo fez uma compra recorde de 170 milhões de livros didáticos para o ano letivo de 2012.
Segundo Fabio Arruda Mortara, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), as editoras foram às compras no exterior, com base no argumento de que as gráficas editoriais brasileiras não teriam condições de entregar todas as encomendas dentro dos prazos estabelecidos nos editais.
A consequência disso foi que boa parte das gráficas trabalhou com alguma ociosidade a partir do segundo semestre de 2011, período em que elas costumam rodar livros didáticos. Em dezembro, representantes dos empresários e dos trabalhadores foram ao Ministério da Educação expor a preocupação com o crescimento nas importações.
"Já estamos perdendo empregos", diz o presidente da Abigraf. A indústria gráfica investiu US$ 5 bilhões no Brasil nos últimos quatro anos. Um empresário paulista, que pediu para não ser identificado, conta que demitiu 300 empregados nos últimos dois meses, o equivalente a 25% no quadro de pessoal. Além disso, engavetou um projeto de investimento US$ 20 milhões previsto para este ano. "Eu estava comprando uma máquina de 64 páginas e agora não tenho mais condições", diz o empresário.
O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Carlos Wanderley Dias de Freitas, que participou de uma das reuniões com empresários e trabalhadores do setor, disse ao Estado que o órgão não tem informações diretas sobre aumento nas importações de livros didáticos.
Custo. "A relação de contrato do CNDL é com as editoras e a impressão do livro didático não é uma questão nossa", argumentou Freitas. "Se a editora vai fazer a impressão no Brasil, na China, na Europa ou na América do Sul, é um problema dela."
O avanço das importações não aparece nas estatísticas oficiais porque não existe posição aduaneira específica para o livro didático. Mas a indústria gráfica tem algumas sinalizações sobre o tamanho da encrenca. Uma delas é que, até 2010, as importações de livros medidas em dólares e em toneladas caminhavam praticamente juntas. No ano passado, porém, a quantidade de títulos do exterior saltou 62%, para 31,1 mil toneladas, enquanto o crescimento em valor foi de apenas 27%, para R$ 175,8 milhões.
Na avaliação dos empresários do setor gráfico editorial, o descolamento se deve a um forte aumento na compra de livros didáticos, que custam bem menos que a grande maioria dos livros importados pelo País.
A presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa, prefere não tomar partido no debate. Ela fez questão de ressaltar que a entidade defende os valores éticos do mercado, mas não interfere nas questões comerciais das editoras.
"Gostaríamos que houvesse menos importações em todos os segmentos, não só o livreiro, para o bem do desenvolvimento do Brasil". E acrescenta: "Sabemos que os editores estão buscando a possibilidade de impressão em outros países porque o custo Brasil é prejudicial nesse momento à produção nacional".
|
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Brasil: pais caro demais para os seus proprios estudantes...
Ou seja, apenas um país que pretende inviabilizar suas chances de crescer e ficar rico, consegue ser idiota a tal ponto de cobrar uma carga tributaria pesada sobre os materiais de estudo.
Aliás, sobre qualquer coisa.
Só países estúpidos impõem uma carga tributária de quase 50% sobre produtos de consumo (neste caso do material escolar, de investimento).
Paulo Roberto de Almeida
Carga tributária de material escolar chega a 47%, calcula instituto
Caneta, régua, agenda e borracha são alguns dos produtos desta cesta que têm a maior incidência de tributos
O Brasil está caro, o que explica várias dificuldades
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
O Brasil como pais absurdamente caro (se colar, colou...)
Paulo Roberto de Almeida
Um susto com os preços no Brasil
Heloisa Vilela, de Washington - repórter da Rede Record
11 de agosto de 2011
Foi um susto!
Em tantas idas e vindas norte-sul nesses quase 23 anos trabalhando nos Estados Unidos, nunca achei o Brasil tão caro. Entre o fim de junho e o começo de julho, passei três semanas em casa: Rio, São Paulo, Mato Grosso do Sul. Sempre paguei mais caro por livros em português. Para mim e pros meus filhos. Afinal, todo investimento nessa área é pouco! Compra-se livro bem em conta nos Estados Unidos. Ainda mais depois do advento da internet. Agora, tem sempre a oferta dos usados que saem por menos de um dólar. No Brasil, ainda é caro ler.
Mas se os livros sempre foram mais caros no Brasil, a comida, os sapatos, as roupas, os carros… Pensei: aí deve ter matéria. Saí com uma equipe da Record prá checar as diferenças e tentar entender o que está acontecendo. Fui parar no escritório de Joel Leite, jornalista especializado no mercado de automóveis que tem um site sobre o assunto (www.autoinforme.com.br). Joel estava escrevendo sobre o Lucro Brasil. Nada de Custo Brasil. Esse tempo já passou. Agora, as empresas estão faturando de verdade.
Pois o Joel se deu ao trabalho, ao longo de vários meses, de destrinchar a composição de preços dos automóveis. Nas ruas de São Paulo, qualquer pessoa repete a ladainha: por que os carros são tão caros aqui? Por causa dos impostos. Gente motorizada e gente a pé, no ponto de ônibus. Não importa. A certeza é a mesma. E ainda tem aquela história do Custo Brasil – seria mais caro produzir mercadorias no país por causa da infraestrutura engarrafada e do custo do capital.
Mas o Joel me explicou que não é nada disso. Ele tirou impostos, alíquotas, etc. e tal e no fim, o carro brasileiro continuava sendo o mais caro do mundo. É isso mesmo. O Brasil, que em 2010 ganhou o título de quinto maior produtor de automóveis e quarto maior mercado consumidor do mundo, em matéria de preços, ganha de todos os outros países. Tamanha produção e tamanho consume jogam por terra qualquer argumentação de que não se tem uma produção em escala suficiente para reduzir os preços.
Então o que?
“Se colar colou”, brincou o Joel meio a sério. Mas a idéia é a seguinte: joga-se o preço lá no alto. Se existe fila pra comprar, se a procura é grande, prá que baixar? O preço cola e fica. Exemplos?
O Honda City, fabricado em Sumaré, interior de São Paulo, viaja até o México, paga frete, tem que dar lucro para a revendedora, e tal. Bem, os mexicanos compram o carro pelo equivalente a R$ 25.800,00 enquanto os brasileiros desembolsam R$ 56.210,00 pelo mesmo modelo. Pelas contas do Joel, tirando toda a carga tributária, o lucro das concessionárias, e comparando com o preço no México, o fabricante tem um lucro de quase R$ 15.000, por unidade, no Brasil.
Outros exemplos prá matar de ódio o consumidor brasileiro:
O Corolla, que custa o equivalente a U$ 37.636,00 no Brasil, na Argentina sai pelo equivalente a U$ 21.658,00 e nos Estados Unidos, US$ 15.450,00. O Kia Soul, fabricado na Coréia do Sul, chega às lojas do nosso vizinho Paraguai pelo equivalente a US$ 18.000,00 e custa o dobro no Brasil. Haja viagem entre os dois países para explicar tanta diferença…
quarta-feira, 13 de julho de 2011
O governo quer atrasar o Brasil (e estourar o orcamento das agencias e empresas)
Esta é uma recomendação antieconômica e até ilógica, no plano da boa gestão dos recursos públicos. Com efeito, qualquer administrador espera que os responsáveis por compras cuidem de seus recursos escassos, comprando o máximo possível, com o mínimo de verbas disponíveis.
Por que se deveria pagar mais, quando se pode pagar menos, e usar o restante para outras finalidades igualmente necessárias? Esta não é certamente uma recomendação que se deva fazer no plano da boa gestão dos recursos escassos que os contribuintes entregam aos bons (no caso maus) cuidados do Estado.
Ou seja, em lugar de implementar boas práticas, o governo cria incentivos errados, que como sempre ocorre vão gerar distorções ou até corrupção no trato dos assuntos públicos. Não há nenhuma dúvida -- pelo menos na cabeça de pessoas sensatas -- de que fornecedores espertos vão cobrar mais do que eles deveriam cobrar, apenas tendo essa perspectiva em mente.
O governo está usando mal, desperdiçando, o meu, o seu, o nosso dinheiro.
Paulo Roberto de Almeida
Desenvolvimento: Governo planeja regulamentar regra que permite pagar mais para produtos nacionais; Medidas de incentivos podem sair aos poucos
Claudia Safatle | De Brasília
Valor Econômico, 13/07/2011
Antes de anunciar a nova política industrial, com foco prioritário no desenvolvimento da inovação e da tecnologia, os técnicos e ministros envolvidos na sua montagem vão ter uma reunião com Dilma Rousseff. Hoje, ela terá encontro com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. A divulgação do pacote de medidas de incentivos fiscais para a indústria está prevista para dia 21. Nem todas as medidas, porém, estarão necessariamente nesse conjunto. A revisão dos 11 regimes tributários especiais e a desoneração da folha de salários das empresas podem ficar para um segundo momento.
Com o poder de compra do governo próximo a R$ 70 bilhões este ano, acredita-se que será possível dar bom fôlego para a indústria têxtil, de softwares, equipamentos de saúde, remédios, vacinas e equipamentos de defesa. O que se pretende, embora não seja uma operação trivial, é dirigir as encomendas públicas para esses setores.
A Defesa, por exemplo, será orientada a usar as indústrias têxtil e de calçados nacionais para fazer os uniformes e coturnos das Forças Armadas. Parte do orçamento de compras do Ministério da Defesa, de mais de R$ 15 bilhões este ano, pode ser destinada a esse fim.
Para isso, é preciso regulamentar a medida provisória 495, aprovada no fim de 2010, que concede uma margem de preferência às empresas desses setores, autorizadas a praticar preços até 25% maiores que a concorrência nas licitações para os órgãos públicos.
Na lista de medidas do governo constam, ainda, a possibilidade do crédito imediato do PIS/Cofins pago pelas máquinas adquiridas para produção - o que hoje demora dois anos ou mais e é motivo de queixas dos empresários -, assim como redução de cinco anos para um ano do prazo para depreciação de máquinas e equipamentos.
As medidas de incentivo à indústria serão acompanhadas de objetivos e metas a serem cumpridas nos próximos cinco anos. Com elas o governo acredita que será possível neutralizar uma parte importante dos efeitos adversos que a valorização da taxa de câmbio tem produzido sobre o parque industrial brasileiro.
Uma das metas, nesse caso, será elevar a participação da indústria no PIB dos atuais 18,3% para 19,5%. Outra é aumentar a alocação de recursos públicos para investimentos em ciência e tecnologia, sobretudo em tecnologia de informação e comunicação, que no ano passado correspondeu a 0,8% do PIB, assim como a participação do setor privado, que foi de 0,5% do PIB em 2010.
No caso dos investimentos privados, a ideia é chegar a 0,9% do PIB até 2015. Avalia-se, no governo, que o Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP), da gestão anterior, não teve peso na inovação tecnológica. Além disso, será assegurada a isenção de IPI sobre todos os tipos de bens de capital, de máquinas e equipamentos a material de transporte e bens de informática usados na produção industrial.
Ontem, houve mais uma reunião para discutir esse elenco de medidas no Ministério do Desenvolvimento. As propostas foram apresentadas pelo ministro Fernando Pimentel e espera-se que o lançamento da nova política industrial ocorra ainda este mês. O ministério não quis se comprometer com uma data.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Leitor: melhor mudar de pais, fica mais barato...
Apenas alguns elementos retirados de matéria do Estadão sobre a questão:
Paulo Roberto de Almeida
Serviços no Brasil ficam mais caros que na época do real a US$ 1
Silvio Guedes Crespo
O Estado de S.Paulo, 10/07/2011
Valorização do real e inflação do período faz com que andar de táxi ou de metrô em São Paulo seja hoje mais caro do que em Nova York
O preço de produtos e serviços no Brasil hoje estão mais caros, quando convertidos para dólar, do que na época da criação do real, em 1994, quando as moedas brasileira e americana estavam em paridade, mostram dados de diversas fontes.
Um levantamento de preços do professor de economia Alcides Leite, feito a pedido do Estado, ilustra bem a situação: andar de metrô, pegar táxi ou abastecer o carro custa atualmente mais em São Paulo do que em Nova York.
Outro estudo, da consultoria Economatica, aponta que, apesar de o real ainda estar valendo 36% menos que a moeda dos Estados Unidos, a inflação fez a mercadoria “made in Brazil” atingir um preço em dólares 147% maior do que há 17 anos.
Naquela época, um real valia um dólar. Os produtos brasileiros estavam caros para os estrangeiros, e as mercadorias importadas estavam baratas para quem tinha renda em reais.
Em janeiro de 1999, o governo se viu forçado a fazer uma maxidesvalorização do real depois de anos de paridade com o dólar. Nos anos seguintes, a moeda brasileira continuou caindo e só começou a recuperar seu valor a partir de 2003.
Comparação. Um exemplo da perda do poder de compra do dólar é a cesta básica, que custava US$ 67 em São Paulo em julho de 1994, segundo informações do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em maio de 2011, dado mais recente da entidade, o valor estava em estava em US$ 167 – uma alta de 150%. Nos Estados Unidos, a inflação nos últimos 17 anos foi de 52%.
Mesmo considerando que a renda da população mundial aumentou, os produtos nacionais estão menos acessíveis para os estrangeiros. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita no mundo foi de US$ 4,9 mil em 1994, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse dinheiro era suficiente para comprar 73 cestas básicas no Brasil. Em 2011, o PIB per capita estimado para o planeta é de US$ 10 mil, o que equivale a apenas 60 cestas básicas brasileiras.
O encarecimento dos produtos em moeda local ocorre nas maiores economias da América Latina, mas não tão intensamente quanto no Brasil. Enquanto o País ficou 147% mais caro desde julho de 1994, o Chile ficou 82% mais custoso, de acordo com a Economatica. Em outras nações, como México (53%) e Argentina (15%), o aumento de custos foi bem mais brando. Nessas três economias, assim como no Brasil, a moeda local caiu em relação ao dólar no período entre 2004 e 2011 – portanto, o que as tornou mais caras foi a inflação.
A Venezuela aparece como um caso à parte, tendo encarecido mais que o Brasil. Sua moeda, o bolívar, caiu 96% desde 1994, mas a inflação fez com que seus produtos ficassem, em dólares, 239% mais caros, uma vez que o País tem sérias dificuldades para domar a escalada da inflação.
Para o consumidor médio, que recebe salário e faz compras em reais, no entanto, o poder de compra está praticamente igual ao da época do Plano Real. Em 1995, o rendimento médio mensal dos brasileiros ocupados era de R$ 1.113, em valor já reajustado pela inflação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número caiu a partir de 1999, chegando a R$ 926 em 2004. Nos anos seguintes, a renda do brasileiro se recuperou e atingiu R$ 1.111 em 2009.
Pesquisa: compare preços no Brasil e no mundo
Metrô no Brasil é 7 vezes mais caro que na Argentina e México
Vinho chileno chega à Europa mais barato que ao Brasil;
Casillero del Diablo Cabernet Sauvignon (Chile)
Londres – Tesco: 15,76
Madri – Corte Inglês: 21,02
Nova Yorl – Zackys: 14,50
São Paulo – P.Açúcar: 36,27
Impostos ‘comem’ 55% da gasolina no Brasil; nos EUA, 13%
O preço da gasolina no Brasil já está 80% acima do verificado nos Estados Unidos
Compare o preço da gasolina (em dólares):
Noruega 2,76
Suécia 2,43
Inglaterra 2,30
França 2,10
Japão 1,83
Brasil 1,75
Estados Unidos 0,97
Argentina 0,84
Brasil lidera ranking de iPads mais caros; impostos são 54%
Versão mais simples do iPad 2 (sem 3G, com 16GB):
Brasil: 1.649
França: 1.111
Alemanha: 1.089
Inglaterra: 1.050
México: 975
China: 922
Japão: 888
Estados Unidos: 805
==========
Addendum: do Boletim da UGT, n. 247, 11/07/2011:
COMO PODE? perguntas despretenciosas em artigo sobre economia: o diretor de uma empresa industrial alemã conversa com possíveis parceiros numa fábrica em São Paulo: “Mas por essas contas, o custo de produção no Brasil é 30% maior que na Alemanha. É isso mesmo?”; um executivo francês que trabalha no Brasil e tem família em Santos: “Pelo telefone fixo, é mais caro falar de Santos para São Paulo do que de Paris para São Paulo. Como pode?”; de outro empresário: O Brasil tem tudo para produzir energia - rios, quedas dágua, ventos, petróleo, biocombustíveis e até minério de urânio. E tem também a energia mais cara do mundo. Como pode?” De um operador do JP Morgan nos EUA, comentando com brasileiros: “O Brasil tem prazo de validade, vai até a Copa. Depois, todo mundo vai rever investimentos”. Os depoimentos foram revelados por Carlos Alberto Sardenberg, do jornal O Estado de São Paulo (20-06-11).