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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Receita Federal: Crise? Que crise? - Carlos Brickmann

Crise? Que crise?
Da coluna diária do jornalista Carlos Brickmann, 12/08/2014

Está tudo bem; nunca dantes na história desse país esteve tudo tão bem. Mas a Petrobras demitiu, nos últimos três meses, 3.102 funcionários. E hoje, 12 de agosto, o volume de impostos recebido pelos governos municipais, estaduais e Federal alcançou um trilhão de reais. Veja o aumento da carga de impostos: este número foi alcançado, em 2013, 15 dias mais tarde. Em 2008, primeiro ano em que os impostos atingiram R$ 1 trilhão, a data foi 15 de dezembro

sábado, 31 de maio de 2014

Pausa para... uma querela religiosa: o pastor e a cafetina (este Brasil inzoneiro...)

Da coluna sempre finamente irônica do jornalista Carlos Brickmann, 30/05/2014:


Deus e o diabo

Em Aquiraz, pertinho de Fortaleza, CE, Tarcília Bezerra começou a construir um anexo em seu cabaré; e a igreja neopentecostal fez forte campanha contra a construção, com orações contínuas. Uma semana antes da inauguração, um raio incendiou o cabaré. Tarcília processou a igreja e o pastor, responsabilizando-os pela "intervenção divina" que destruiu a obra. A igreja alegou que não houve prova de intervenção divina a partir das orações.

Comentário do juiz, na audiência de abertura: "Pelo que li até agora, temos de um lado a proprietária de um prostíbulo que acredita firmemente no poder das orações e do outro lado uma igreja inteira que afirma que as orações não valem nada".

Eleicoes 2014: Joaquim Barbosa chanceler da Republica? De qual republica? - Carlos Brickmann

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 30/05/2014:

Por que saiu?

Joaquim Barbosa diz que vai aposentar-se porque já tem 41 anos de serviço público. E também porque nada perde: mantém o salário integral e pode se dedicar a outros afazeres. Mas também diz que o motivo "sairá no momento oportuno". Não quer estar num tribunal dirigido por Ricardo Lewandowski, de quem não gosta (não gosta também dos demais ministros, no que é correspondido).

Não pode concorrer a eleições; mas pode fazer campanha, se quiser.

Saiu por que?

Há quem diga que ele quer apenas descansar, há quem diga tê-lo ouvido dizer que vai "entrar pesado" na campanha. Há quem sustente que apoiará Aécio Neves, do PSDB, e em caso de vitória iria para o Itamaraty. Barbosa acha que, quando trabalhou nas Relações Exteriores, foi vítima de racismo. Esta seria sua oportunidade de dar o troco.

Seu jeito truculento, arrogante, autoritário não casa bem com o Itamaraty. Mas, enfim, não existe mais Ministério da Guerra.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Crimes economicos do lulo-petismo: Fundo Soberano, perdeu tres Pasadenas

Os crimes econômicos do governo Lula, e do lulo-petismo em geral, nunca foram contabilizados por algum jornalista econômico, ou simplesmente investigativo.
E, no entanto, eles são de tal monta, e causaram tantos prejuizos ao país, que mereceriam uma série de reportagens na imprensa e depois estudo, eventualmente processo para investigação desses crimes, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas, pela Corregedoria, pelo Congresso e por todas as instâncias que visam defender o patrimônio público contra a sanha criminosa da gangue que ocupa o poder.
Começou com projetos mal concebidos de OGMs, que causaram imensos prejuízos a muitos agricultores, continuou com uma orientação esquizofrênica, aliás até hoje, dada à questão do biodiesel, chegou no pré-sal -- com problemas ainda pendentes no Supremo Tribunal Federal -- e na Petrobras (e ainda não foram contabilizados todos os crimes econômicos, os roubos e desvios acumulados nessa vaca petrolífera) e se estendeu a diversos outros terrenos de atividade onde os incompetentes meteram as quatro patas.
Eu já havia detectado aqui -- podem buscar no blog -- os crimes cometidos, até do ponto de vista constitucional, nesse assunto do Fundo Soberano, a começar pelo fato de que o Brasil NUNCA teve os requerimentos básicos, e necessários, para ostentar essa coisa, que constitui mais uma das manipulações econômicas do governo incompetente.
A coluna do jornalista Carlos Brickmann dá apenas uma pequena ideia das perdas desse Fundo, que simplesmente não devia existir.
Estamos falando apenas de custos detectados, e não do custo-oportunidade provocado por essas falcatruas deliberadas ou involuntárias (ou seja, por incompetência).
Um levantamento completo de todos os crimes econômicos -- sem falar das perdas por projetos mal concebidos, tipo transposição do São Francisco, ferrovia Norte-Sul, refinaria do Maranhão -- exigiria um livro inteiro, e as cifras passariam de dezenas de bilhões de dólares, senão de centenas de bilhões.
Junto com os equívocos de política econômica, a era do lulo-petismo representou o maior atraso já experimentado pelo Brasil em décadas, nos níveis econômico, político, institucional, moral...
Paulo Roberto de Almeida

Pasadena é só um troquinho
Coluna Carlos Brickmann
28/05/2014

A estranha operação da Refinaria de Pasadena, se tudo o que se fala estiver correto, deu prejuízo de pouco mais de um bilhão de dólares. Coisa pequena: o Fundo Soberano do Brasil é mais caprichado, custou muito mais caro.

Fundo Soberano é um fundo de investimentos controlado por Governos nacionais, para aplicar em países estrangeiros. Seu objetivo é aproveitar sobras de recursos e, com os rendimentos, garantir projetos futuros. A Noruega, por exemplo, criou um Fundo Soberano para aplicar a renda do petróleo, com o objetivo de fortalecer a Previdência Social (com o envelhecimento da população, há mais gente para receber e menos para pagar) e garantir a prosperidade do país quando não houver mais rendimentos das jazidas petrolíferas do Mar do Norte.

O Brasil criou nosso Fundo Soberano em 2008, quando começou a crise da bolha imobiliária americana. Objetivo declarado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega: financiar empresas brasileiras que investissem no Exterior. E como foi usado até agora? Um bom exemplo: o Fundo Soberano do Brasil comprou R$ 12 bilhões em ações da Petrobras. Pagou R$ 29,65 pelas ações ordinárias, com direito a voto, e R$ 26,30 pelas preferenciais, sem direito a voto. As ações despencaram - azares de mercado. Mas, no momento em que atingiram seu nível mais baixo, dois anos depois, o Fundo Soberano vendeu tudo. Comprou na alta, vendeu na baixa e perdeu R$ 4,5 bilhões. Do seu, do meu, do nosso dinheiro.

É prejuízo de uns dois bilhões de dólares. De deixar Pasadena com vergonha.

Quem fez

O Fundo Soberano é chefiado por Arno Augustin, secretário do Tesouro. Sempre que a pressão para tirar Guido Mantega aumenta, surgem informações de que seu substituto será Augustin. Imediatamente Mantega passa a ser ótimo.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eleicoes 2014: o partido neobolchevique ensaia suas muitas estrategias viciosas

G1, Sexta-feira, 02/05/2014

O XIV Encontro Nacional do PT, que começa nesta sexta-feira (2) em São Paulo, tem um objetivo claro: sepultar de vez o movimento "Volta, Lula" que ganha força à medida em que Dilma Rousseff perde pontos nas pesquisas. Se de um lado, há os que aderem à idéia para tirar mais coisas (mais cargos) do governo; há também aqueles que gostariam de ter uma campanha "na zona do conforto" ao serem puxados por um forte candidato à Presidência.
No encontro desta sexta, a expectativa é a de que Lula deixe claro que estará com Dilma e que toda sua força eleitoral será usada para isso. Há até os que querem que ele tenha um cargo formal na campanha, para que tenha maior desenvoltura para fazer uma campanha. Ele já decidiu quer fará uma campanha paralela à agenda da candidata, nos dias em que ela terá de ficar em Brasília no Palácio do Planalto. Dilma só poderá fazer campanha fora do expediente ou nos fins de semana. Lula, ao contrário, pretende mergulhar de domingo a domingo.
No último pronunciamento de Dilma e no primeiro texto sobre o programa de governo para o segundo mandato, que será apresentado nesta sexta no encontro petista, é possível identificar os pontos que serão explorados na campanha eleitoral. Dilma, em pronunciamento de rádio e televisão, disse que seu governo "não será o do arrocho salarial e da mão forte contra o trabalhador".
Sem citar nominalmente, ela respondia a Aécio Neves que em encontro com empresários disse que não teria dificuldades em tomar medidas duras e impopulares. Esta frase dita por Aécio está sendo repetida por petistas na tentativa de criar distância dele com trabalhadores.

Ao mesmo tempo, a proposta de programa de governo que foi redigida pelo assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia - o mesmo escriba de programas anteriores do PT - tenta recolocar o tema privatização em pauta. Vale lembrar que de 2006 para cá, foi assunto que fez diferença na campanha petista.
Desta vez, a privatização entra no contexto do debate sobre a Petrobras, assunto que, neste ano, é mais indigesto para o governo por conta dos mais recentes escândalos. O PT tenta assumir o debate sobre Petrobras acusando a oposição de tentar desgastar a empresa "com os mesmos interesses privatistas" do passado.

Os discursos de hoje em São Paulo servirão de orientação para a militância que está sendo chamada desde já a estar mobilizada para a campanha de outubro. Todos sabem que, tão importante quanto conquistar o voto do eleitor, é dar argumento para a militância conquistar este voto. Os discursos de hoje têm este objetivo.

 O XIV Encontro Nacional do PT já estava previsto, mas foi vitaminado diante da necessidade eleitoral de Dilma Rousseff. Nos últimos dias, os principais nomes do PT foram convocados a estar presentes para dar maior importância ao evento. E, também, para participarem das imagens que serão feitas lá pela equipe do publicitário João Santana e que serão utilizadas tanto no programa eleitoral do PT deste mês de maio como no programa da campanha eleitoral de Dilma Rousseff.
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Da coluna diária do jornalista Carlos Brickmann:


Acabou o teflon. Coluna Carlos Brickmann

(*)- ATENÇÃO: COLUNA EXCLUSIVA PARA A EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 04/MAIO/2014


O deputado federal Paulinho da Força, do Solidariedade, foi grosseiro ao se referir à presidente Dilma Rousseff. Não precisava; não devia (e avançar na tequila num ato político é claramente inconveniente). Correu o risco de abafar a mais importante constatação dos festejos de Primeiro de Maio: a de que acabou a época em que acusações a líderes petistas não aderiam a eles. Dilma, ausente, foi vaiada; vaiados foram, presentes, os ministros Gilberto Carvalho e Ricardo Berzoini, o prefeito paulistano Fernando Haddad (ficou mui-to bra-vo!), o candidato ao Governo paulista, Alexandre Padilha. Não foram vaiados só na festa da Força Sindical, que montou um palanque oposicionista; foram vaiados também - e alvejados por latas e garrafas - na festa da CUT, o braço sindical do PT.

É importante lembrar, também, que a CUT, de longe a maior central sindical do país, reuniu muito menos gente em sua festa de Primeiro de Maio do que a Força Sindical. A Força reuniu mais de cem mil pessoas (e anunciou um milhão e meio). A CUT reuniu algo como três mil (e anunciou 80 mil). Até os números inflados por ambas as centrais mostram a diferença de público entre suas festas.

Pior ainda, a CUT festejava também o discurso como eu sou boazinha da presidente Dilma Rousseff em rede nacional de TV, com farta distribuição daquilo que o pessoal do Palácio chamou de "bondades". Não adiantou e as vaias dominaram a comemoração. A explicação oficial é que "houve infiltração".

OK. E tudo indica que a tal infiltração cada vez será mais visível e barulhenta.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Hermanos anti-cultura, anti-livros, com a conivencia de vcs sabem quem...

Da coluna diária do jornalista Carlos Brickmann:

Hermanos del Mercosur


Uma boa iniciativa de um país irmão: na Feira do Livro de Buenos Aires, iniciada na semana passada, houve uma bela homenagem a São Paulo. Não sem custos, que isso seria hoje uma utopia: São Paulo gastou R$ 2 milhões para receber a bela homenagem. 



Agora, a vida real, de convivir con nuestros vecinos bolivarianos del Mercosur: dos cinco mil livros que São Paulo levaria à Feira do Livro de Buenos Aires, 4.500 foram retidos pela alfândega argentina. Não houve jeito de liberá-los: a homenagem foi prestada com 500 livros, e olhe lá. O secretário da Cultura da Prefeitura paulistana, Juca Ferreira, se limitou a confirmar a retenção dos livros. 



E o prefeito Fernando Haddad, do PT, partido que mantém as melhores relações com a presidente argentina Cristina Kirchner, manteve-se calado, em obsequioso silêncio.
(30/04/2014)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Lei da Onorabile Societa = Lei do Silencio = partido totalitario

Não há nenhuma chance de que o o mais recente mafioso pego em mentira -- não será o último certamente -- cometa o crime inafiançável de trair os companheiros do partido totalitário.
Eles vão para a cadeia, mas não falam, inclusive porque se falarem, estarão cometendo outro crime mortal, ou mortífero...
Paulo Roberto de Almeida

Vargas vai...

O PT reclama, diz que o deputado paranaense André Vargas prometeu renunciar, para não desgastar o partido, e não renunciou. E ameaça convocar a Comissão de Ética do partido (existe, claro que existe) para julgá-lo, condená-lo e expulsá-lo. Se a Comissão for convocada, não haverá outro resultado possível, já que Vargas cometeu a maior infração possível à ética partidária: foi apanhado.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, diz que, renuncie ou não, Vargas será julgado no Conselho de Ética da Casa, onde, com voto aberto, não tem qualquer chance de escapar da cassação de mandato e da perda de direitos políticos por oito anos. Serão duas eleições que não poderá disputar.

...Vargas vem

Como nada tem a perder, André Vargas até agora se recusou a renunciar. Talvez até conte quem lhe prometeu apoio e o deixou sozinho. E se contar tudo?

Da coluna de Carlos Brickmann, 22/04/2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: As curtas pernas da mentira - Coluna Carlos Brickmann

As curtas pernas da mentira
Coluna Carlos Brickmann, 15/04/2014


A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa perdeu US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA. "Definitivamente não foi um bom negócio". O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acha que foi um bom negócio e que a refinaria de Pasadena dá lucro.

São duas opiniões, de duas pessoas que têm experiência no negócio. São opiniões divergentes; mas numa democracia é normal a divergência de opiniões.

Só que números são números. Segundo Gabrielli, a Petrobras pagou US$ 486 milhões pela Refinaria de Pasadena. Segundo Graça Foster, a Petrobras pagou US$ 1, 25 bilhão.

Há uma diferença de valores, entre o ex-presidente e a presidente atual, de US$ 764 milhões. Número não é opinião, não admite divergências. No caso de Pasadena, um dos dois está errado - muito, muito errado.

Diz a regra do jogo político que, antes de mentir, é preciso combinar direitinho com os demais participantes, para que todos mintam a mesma mentira. Essa precaução elementar foi esquecida: a diferença de um número para outro é escandalosa, tão escandalosa que não pode ser explicada como um simples engano. Alguém está querendo enganar a opinião pública. Sem entrar no mérito da questão, já que não entende nada de petróleo, este colunista lembra que Sérgio Gabrielli é político, hoje secretário de Estado na Bahia, e foi um dos aspirantes petistas ao Governo baiano (o escolhido acabou sendo outro secretário, Rui Costa). Graça Foster não é política, mas funcionária de carreira da Petrobras.

Relembrando

A Refinaria de Pasadena foi comprada pela Astra Oil, belga, em 2005, por US$ 42,5 milhões. Em 2006, a Petrobras comprou metade da refinaria, pagando à Astra US$ 326 milhões (segundo Gabrielli, presidente da empresa na época) ou US$ 360 milhões, "pelo menos" (segundo Graça Foster, presidente da empresa, hoje). O valor inclui metade do estoque de petróleo de Pasadena. Em 2012, a Petrobras comprou a outra metade da refinaria, por US$ 820,5 milhões.

Bom negócio, segundo Gabrielli; definitivamente, não foi bom negócio, segundo Graça.

sábado, 8 de março de 2014

Uma mao lava a outra: companheiros e companheiros banqueiros...

Mais um pouco, vai ter retribuição, mas o STF pode complicar a operação...
Enfim, nada que não possa ser feito através dos -- como era mesmo o nome? -- "recursos não contabilizados"...
Afinal de contas, não existem quadrilhas, nem verdadeiros crimes para essas coisas triviais...
Paulo Roberto de Almeida


Me dá um dinheiro aí
Coluna Carlos Brickmann
(COLUNA EXCLUSIVA PARA A EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 9/ MARÇO/ 2014


No Carnaval, os grandes vencedores, no quesito "Cadê o Meu?", foram mais uma vez os bancos, num grandioso desfile patrocinado pelo Governo Federal. O dinheiro dos nove milhões de aposentados já estava em poder dos bancos na sexta-feira, 28 de fevereiro. O Governo transformou a segunda-feira de Carnaval, dia útil, em mais um feriado, exclusivo para o sistema financeiro. E o pagamento dos aposentados, que deveria começar a sair na segunda, foi liberado apenas a partir do dia 6. Nem vamos fazer as contas: só imagine quanto os bancos puderam faturar no overnight, aplicando o dinheiro que não era deles mas estava em seu poder. Por menor que seja a taxa, multiplicada por nove milhões é dinheiro.

Por que a segunda-feira de Carnaval deixou de ser dia útil? O INSS explicou que o calendário de 2014 foi fechado em 2013. E daí? Daí, nada. Em 2013, como em 2000, como em 1956, a segunda-feira de Carnaval cai na segunda-feira. E, a menos que mude de nome, continuará caindo na segunda todos os anos. Enfim, só há uma explicação: se os bancos podiam ganhar mais algum, por que tirar dos banqueiros, que como se sabe quase não têm lucro, a chance de faturar de novo?

A segunda de Carnaval virou feriado e assim o primeiro dia útil do mês, para recebimento, passou para a quinta, 6. Já as contas que venceram no dia 5 continuaram vencendo no dia 5; os aposentados que paguem juros nos empréstimos consignados, nos cartões, nos financiamentos. Mais uma vez, ganham os bancos. Na guerra do Governo contra a pobreza, a pobreza está perdendo de goleada.

Bandeira branca
Mas, para que não se diga que os bancos faturam apenas graças ao auxílio do Governo, segue uma demonstração de que eles também sabem, sozinhos, descobrir o caminho do bolso dos incautos.

De acordo com levantamento do Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, as anuidades de cartões de crédito subiram em um ano, em média, o triplo da inflação. O banco que mais elevou preços atingiu inacreditáveis 85%; houve quem elevasse a anuidade em 50%. Dos seis maiores bancos do país, só dois - ambos estatais, pertencentes ao Governo Federal - não elevaram as anuidades: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

terça-feira, 4 de março de 2014

Venezuela: o Itamaraty, segundo Carlos Brickmann

Da coluna diária (4/03/2014) do jornalista:

Itamaraty, sempre certo
O chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, comentando os problemas das manifestações de rua contra o Governo do presidente Nicolás Maduro, diz que o Brasil não está mudo diante da Venezuela. Figueiredo tem razão, o Brasil não está mudo diante dos conflitos e mortes no país vizinho. Está apenas cego e surdo.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Existem Ordens, e ordens; alguns recebem, outros nao cumprem, ou cumprem...

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 26/11/2013


Os mais iguais

O artigo 231 do Estatuto do PT determina a expulsão de petistas condenados "por crime infamante ou práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado". Nenhum dos condenados com trânsito em julgado no processo do Mensalão foi expulso, ou teve o processo de expulsão iniciado.

O decreto 4.207/02 determina a cassação de medalhas oficiais de condenados com trânsito em julgado. José Dirceu tem a Medalha da Ordem do Mérito Militar; José Genoíno, a Medalha do Pacificador; Roberto Jefferson, a Medalha do Pacificador e a Ordem do Mérito Militar; Valdemar Costa Neto, a Medalha do Pacificador. A Medalha do Pacificador deve ser cassada por ato do comandante do Exército, general Enzo Peri; cabe ainda a ele notificar o Conselho da Ordem do Mérito Militar da situação dos condenados. Mas até agora ninguém se moveu, muito menos ele: essa história de obedecer às normas é para os menos iguais.

sábado, 16 de novembro de 2013

Qual a fonte das dificuldades economicas e sociais brasileiras, alem dacorrupcao? - Carlos Brickmann

Além da roubalheira generalizada, que ocorre em todos os níveis e para todos os lados, mas sempre envolvendo ou dinheiro público ou alguma (des)regulação pública, feita justamente para isso mesmo, a fonte mais visível, evidente, inevitável, do baixo crescimento, das desigualdades sociais e de todas as deformações e distorções que atingem (é o caso de se empregar esse verbo) o Brasil e seu sistema bizarro de (des)organização orçamentária é o agigantamento estatal, o crescimento desmesurado do ogro famélico, e com ele a proliferação de todos os mandarins e marajás que se julgam no direito de exigir (e extorquir) tratamento compatível com suas pretensões megalomaníacas.
Poucos países no mundo são tão idiotas a ponto de exigir, e impor, uma carga tributária total de aproximadamente 40% do seu sistema produtivo e de seus consumidores.
Os que praticam a primeira distorção se tornam absolutamente inviáveis no plano da competitividade internacional (e para dentro do país, cabe lembrar) e suas empresas perdem os dois mercados até fecharem.
Os que praticam a segunda distorção, possuem rendas per capita cinco ou seis vezes superiores à dos brasileiros, e compensam a extração fiscal com o oferecimento de serviços públicos compatíveis com tal carga fiscal.
Em todo caso, países normais que exibem níveis elevados de taxação possuem também graus elevados de produtividade do capital humano e do sistema produtivo em geral, podendo, portanto, funciobar e ser competitivo ainda assim (Alemanha, Japão, EUA).
O Brasil, simplesmente, não é um país normal, a começar pela praga dos "dez vezes sem juros" ( um disfarce para juros embutidos de 50 a 100% do preço final do bem ou serviço) e por algumas outras distorções como estas relatadas na coluna do jornalista Carlos Brickmann.
Paulo Roberto de Almeida

Por trás das notícias
Coluna Carlos Brickmann
17/11/2013

OK, Mensalão, prisões, corrupção - chega! Noticiário político virou noticiário policial e esta coluna cansou. O mais importante é o que a fumaça da ladroeira encobre: que um assalto muito maior esfola o cidadão. O total de impostos pagos neste ano já superou R$ 1,4 trilhão. Esse monumental volume de dinheiro entregue aos governos reduz a capacidade de investimentos das empresas e a possibilidade de compra dos indivíduos; desestimula a iniciativa individual - pois, num bom número de casos, ganhar mais significa receber menos, já que o imposto dá um salto. É tanto dinheiro que permite gastos públicos injustificáveis - dos milhares de funcionários do Congresso à gigantesca frota de carros para governantes e políticos em geral, de recursos para o Mensalão às mordomias oficiais.

No ano passado o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo levou 12 dias a mais para atingir R$ 1,4 trilhão. São os impostos crescendo, ano a ano.
Corrupção? Café pequeno, mesmo sendo muita. No excelente Blog do Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/) do dia 15, além do Mensalão, há cinco casos de corrupção, envolvendo diversos partidos, diversos Estados e Municípios, diversos níveis de poder. O ministro Luís Roberto Barroso diz que "a corrupção não tem partidos (...) Nestes poucos meses, explodiram escândalos em um Ministério, em um importante Estado e em uma importante prefeitura". 

É muita corrupção e combatê-la é importante. Mas não tão importante quanto a Grande Esfola Tributária, mãe de todos os casos de ladroeira governamental.

Lá...
O ex-presidente alemão Christian Wulff está sendo julgado em Hannover. Motivo: um amigo, produtor de cinema, pagou sua visita à Oktoberfest de Munique e sua conta de hotel, no alor total de R$ 2.170 (700 euros). É pouco? Por isso, Wulff teve de renunciar à Presidência e abandonou os planos de candidatar-se a primeiro-ministro, na sucessão de Angela Merkel. Os promotores lhe ofereceram um acordo, desistindo da acusação se admitisse a culpa e pagasse € 20 mil de multa. 

Wulff recusou: disse que preferia ser julgado e defender sua honra.

...e cá
Sete deputados federais brasileiros, para cumprir três compromissos em Nova York nesta segunda, 18, viajaram na última quarta, recebendo diárias pelo período integral. Henrique Alves (PMDB) tem direito a US$ 550 por dia; Fábio Faria (PSD), Márcio Bittar (PSDB), Esperidião Amin (PP), André Figueiredo (PDT), Danilo Fortes (PMDB) e Eduardo da Fonte (PP) recebem US$ 428 de diária. Os sete pegaram jatinho da FAB de Brasília para São Paulo, seguindo então, sempre por conta da Câmara, para Nova York. Todos foram com as esposas - estas sem diárias. Dois assessores viajaram antes, para preparar tudo. 

E quais os compromissos tão importantes? Na segunda, encontrarão o presidente da Assembléia Geral da ONU, John Ashe, e o presidente do Conselho de Segurança, Liu Ji-ey. E darão entrevista à Rádio ONU. Cada passagem custa R$ 19 mil, ida e volta.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

E la nave (dei compagni) va... -


As brasas ressurgem

Delúbio Soares, um dos condenados do Mensalão, pretende festejar a aceitação dos embargos infringentes com um churrasco na fazenda da família, em Buriti Alegre, Goiás. Festa assim não ocorria faz tempo, desde antes da descoberta do escândalo. Quando Delúbio era ainda tesoureiro do PT, seu churrasco de aniversário atraiu 18 jatinhos a festa na fazenda. Um deles, ao levar a São Paulo o deputado do PR Valdemar Costa Neto (hoje também condenado pelo Mensalão), derrapou na pista de Congonhas e acertou um carrinho de pipoca fora do aeroporto.

Foi assim que os não iniciados souberam da grande festa companheira.

Cala que eu te escuto

O ministro do Trabalho, Manuel Dias, do PDT, andou balançando no cargo, depois que várias pessoas bem colocadas no Ministério, ou bem relacionadas com ele, viraram alvo da Polícia Federal, por acusações diversas, todas ligadas a enfiar a mão onde não deviam (uma das acusadas é a esposa do ministro, Dalva Dias). O ministro ameaçou, caso fosse afastado do cargo, tomar providências "impublicáveis". Logo depois o Governo reafirmou sua confiança em Dias.

Mas, se o ministro sabe de algo irregular, tem obrigação legal de fazer a denúncia. Ou estará prevaricando, violando a lei. A ameaça que fez para manter-se no cargo também é estranha à legalidade e ao comportamento que se espera de um político. Os franceses poderiam até, fazendo biquinho, chamá-la de chantage.

Da coluna do jornalista Carlos Brckmann, 20/09/2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O Big Stick de Theodore Roosevelt e o porrete verbal de quem mais precisa dele...

Aspereza e suavidade
O presidente americano Theodore Roosevelt dizia que se deve falar macio e ter um porrete nas mãos. A presidente Dilma Rousseff, neste caso da espionagem brasileira, fala duro mas age com gentileza. Ao que tudo indica, irá aos Estados Unidos no dia 23, conforme previsto. Dilma tem interesse na visita (e Obama, sem dúvida, também). Há algumas propostas de cooperação a analisar.

E, quando fica bom para os dois lados, a tendência é que logo se acertem.

(da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 11/09/2013)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um pais atrasado, mais mentalmente, do que materialmente. Qual seria?

Augusto Nunes, 13/08/2012

Em sua coluna na última página de VEJA, o jornalista Roberto Pompeu resumiu no trecho reproduzido abaixo o julgamento do mensalão:
Entre a glória e a desmoralização, o Supremo Tribunal Federal equilibra-se num estreito fio. Da denúncia do Ministério Público, em abril de 2006, à sua aceitação pelo relator do processo do mensalão, em agosto de 2007, transcorreram dezesseis meses. Entre a aceitação da denúncia e o início do julgamento, em agosto de 2012, foram cinco anos. Mais quatro meses e, em dezembro de 2012, o julgamento chega ao fim, com 25 condenados. Alívio. Enfim, conseguimos. Não, não conseguimos. Falta a publicação do acórdão. Como ninguém é de ferro, é preciso calma para que cada ministro reveja o texto de seus votos, medite, pondere. Mais quatro meses se escoam.
Em abril, aleluia, o acórdão é publicado. Abre-se o prazo para os réus apresentarem seus recursos. O.k., é rapidinho: só dez dias. Agora, é só marcar o julgamento. Passa um mês, passam dois, passam três, e só no último dia de julho o presidente do Supremo marca para 14 de agosto, esta quarta-feira, o início da nova fase. Os réus já não foram condenados? Foram. As penas já não lhes foram atribuídas? Foram. O que pode mudar, então, com os embargos declaratórios e, quem sabe, se forem aceitos, mesmo com os que atendem pelo assustador nome de infringentes? É o que a plateia gostaria de saber, mas mesmo quem está no palco não sabe responder. Vá explicar a um estrangeiro que um processo se arrasta por seis anos, enfim chega ao fim, mas o fim não é o fim, é um fim que prenuncia um recomeço, e o recomeço sabe-se lá quando terá seu fim. Já nós brasileiros estamos acostumados. É absurdo, claro, mas não é chocante. O Supremo acompanha o passo habitual do país: nada é urgente.
Na abertura do texto, Pompeu de Toledo constata que “o frenesi e o sentido de urgência trazidos pelas passeatas de junho parecem se ter dissipado ao morno solzinho de agosto”. Iniciado o que costuma ser o mais cruel dos meses na política brasileira, exemplifica, “a presidente Dilma proclama seu respeito ao ET de Varginha, e a única questão que mobiliza o Congresso é o projeto de tornar obrigatório o pagamento de emendas apostas por parlamentares ao Orçamento”. E o comportamento da maioria dos ministros ratifica a afirmação do colunista: o tribunal incumbido de julgar o maior escândalo político-policial desde o Descobrimento segue flertando simultaneamente com a glória e a desmoralização.
Na semana passada, o STF decidiu por unanimidade que o senador Ivo Cassol, do PP de Rondônia, merece 4 anos, 8 meses e 26 dias de cadeia pelas patifarias em que se meteu quando foi prefeito de Rolim de Moura. Vitória da luz: pela primeira vez, um inquilino da Casa do Espanto foi condenado à prisão. Mas também ficou resolvido por 6 votos a 4 que ─ ao contrário do que se decidiu no julgamento do mensalão (ou no início da pausa que precederia  outro recomeço) ─ não compete ao STF, e sim ao Congresso, deliberar sobre cassação de mandatos. Vitória da treva: foi oficializado o nascimento do parlamentar presidiário.
O mais recente assombro da fauna tropical pode ser visto há quase dois meses no presídio da Papuda, em Brasília. Chama-se Natan Donadon e começou a cumprir em junho a pena de 13 anos, 4 meses e 10 dias de gaiola, em regime fechado, que lhe foi imposta pelo STF. Mas ainda é deputado eleito pelo PMDB de Rondônia. Nesta segunda-feira, Sérgio Zveiter (PSD-RJ), relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça, concluiu o parecer favorável à cassação de Donadon. Até porque está impedido fisicamente de participar das sessões no Congresso, o prisioneiro não demorará a perder o direito de exigir dos vizinhos de cela o tratamento de Vossa Excelência. Nem por isso estará extinta a subespécie que Ivo Cassol vai representar na Casa do Espanto se for absolvido pelos parceiros.
O senador não ficará só. Mesmo depois de oficializada a perda do direito de ir e vir, sobram motivos aos mensaleiros João Paulo Cunha, José Genoino, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry para acreditar que continuarão indo e vindo numa Câmara dos Deputados que não pune sequer serial killer de filme americano. Caso sejam forçados a dormir num catre, serão consolados pelo dia a dia de pai-da-pátria. Os parlamentares presidiários ganharão, por exemplo, os maiores salários do sistema carcerário. E trafegarão entre a Praça dos Três Poderes e o presídio a bordo de carros oficiais. Fora o resto.
Nesta quarta-feira, o Supremo começará a examinar os chamados embargos declaratórios. Sem correria. Assim que possível, será a vez dos embargos infringentes. Sempre com a ausência de pressa de quem julga uma pendência entre vizinhos na Suécia, os ministros decidirão se aceitam ou não as manobras protelatórias e as trucagens de bacharel remunerado em dólares. Os quadrilheiros confiam na generosidade dos novos ministros. Se a votação confirmar o otimismo, se alguns réus forem julgados de novo, sobretudo se vier a redução de penas, o Brasil será agredido pela sensação de que a era da impunidade não tem prazo para terminar.

A menos que os manifestantes de junho resolvam estender ao Judiciário, nos atos de protesto programados para o Sete de Setembro, o sentido de urgência que, há poucas semanas, induziu o Executivo e o Legislativo a redescobrirem a cautela revogada pela arrogância. A revolta da rua mostrou-se capaz de fazer qualquer deus de araque criar juízo. Não custa lembrar que sob a toga de ministro do Supremo existe um homem ─ nada além de um homem obrigado a deixar claro que ninguém está acima da lei.
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Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 13/08/2013:


É mas não é. Ou não.

Um grande político baiano, Octavio Mangabeira, cunhou uma frase fantástica: "Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente". Poderia ser mais ambicioso: se o absurdo for realmente absurdo, no Brasil há precedente. Pois não é que o Supremo Tribunal Federal inicia o estudo, hoje, da possibilidade de transformar a última instância em penúltima? Oito meses depois de determinar a sentença dos réus condenados no processo do Mensalão, o Supremo discute se pode ou deve rever a decisão da qual não cabe recurso - mas, se o recurso se chamar embargo, recurso talvez possa haver. Enfim, seja qual for o nome do que está sendo debatido, onze dos 25 condenados podem ter a sentença reduzida. E penas de prisão em regime fechado serão, no caso, modificadas para regime semiaberto.

E assim terminará o caso? Não: o deputado Nathan Donadon foi condenado à prisão em regime semiaberto e já está cumprindo pena. Mas, como o Supremo decidiu que quem pode cassar mandatos é o Congresso, enquanto o Congresso não tomar sua decisão o nobre parlamentar pode exercer a função de deputado durante o dia e virar presidiário à noite, dormindo na cadeia. Dos onze condenados pelo Mensalão cuja sentença pode ser reduzida - ou não - José Genoíno e João Paulo Cunha são deputados. E talvez consigam trabalhar em meio período.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Futebol, Brasil, FIFA, corrupcao, ineficiencia, incompetencia: andam juntos? - Carlos Brickmann

Brigando com os fatos. Carlos Brickmann, para o Observatório da Imprensa
(*) Especial, Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), 
Circo da Notícia, 23 de julho/2013

O esporte nacional não é mais o futebol. O esporte nacional é bater na FIFA, organizadora da Copa do Mundo. Não importa o que a FIFA diga, está errado - mesmo quando o que a FIFA diz está de acordo com as opiniões de quem a critica. Trata-se a FIFA, nos meios de comunicação, como se fosse uma entidade todo-poderosa, acima dos países e governos, a quem humilha por pura maldade, embora a FIFA seja apenas, para o bem e para o mal (e frequentemente para o mal, já que há inúmeros casos de corrupção a ela relacionados, que sempre procurou contornar em vez de esclarecer), uma empresa privada, não pertencente a Governo nenhum, criada e operada com o objetivo exclusivo de desenvolver seus negócios e dar lucros.
Alguns fatos básicos têm sido esquecidos pelo jornalismo deste país - inclusive que, sob o comando da FIFA, o futebol cresceu constantemente no mundo inteiro. Como lembrava o ex-presidente João Havelange, há mais países filiados à FIFA do que à ONU. As tentativas de minar a organização internacional (como a formação de times não-afiliados, em especial o Millonarios, da Colômbia, que reuniu em certa época alguns dos maiores nomes do futebol mundial) sempre falharam. Estarão todos errados, não haverá ninguém que se salve?

1 - A FIFA não pediu ao Brasil para organizar a Copa. Vários países, entre eles o Brasil, pediram à FIFA que os escolhesse para realizar o torneio. Entre vários candidatos, o Brasil venceu - não apenas a CBF, Confederação Brasileira de Futebol, mas o Estado brasileiro, já que o presidente da República participou das articulações para que o país fosse escolhido e assinou, oficialmente, uma carta em que se comprometia a realizar ou garantir uma série de providências. Entre elas, por exemplo, providenciar a permissão de venda de cerveja nos estádios, o que era vedado pela lei brasileira. O Brasil poderia ter rejeitado a exigência e a FIFA ou aceitaria a decisão ou realizaria a Copa em outro país. Simples assim.

2 - A FIFA não determinou que o Brasil construísse estádios em cidades onde o futebol não é lá muito popular. Brasília, Manaus, Campo Grande provavelmente terão problemas para utilizar os estádios depois da Copa. Quem escolheu essas cidades? O Governo brasileiro e a CBF. Se Belém fosse escolhida, em vez de Manaus, para a FIFA não faria diferença. E no Pará o futebol é esporte popular. Em Goiânia há um belo estádio que poderia ser modernizado a custo muito inferior ao da construção de um novo. Em Brasília é bem mais difícil utilizá-lo - a tal ponto que querem importar jogos cariocas para dar-lhe sentido.

3 - A FIFA não determinou, também, que a Copa se realizasse em doze cidades-sede. Doze é muito; encareceu as obras (o que talvez tenha deixado muita gente satisfeita), encarecerá o turismo, tornará mais cansativo e mais caro o giro das seleções. Por que doze, e não seis? Porque o Brasil assim o quis.

4 - O Brasil precisa de escolas, hospitais, transporte, e não de novos estádios. Voltamos à questão inicial: a opção foi oficial, brasileira. Para realizar a Copa, seria preciso deixar os estádios confortáveis, modernos, prontos para transmissão internacional de TV, equipados para uso de Internet. A FIFA também não obrigou o Governo a colocar dinheiro em equipamento esportivo. O Governo é que fez as opções: estádios padrão FIFA, muitos deles com dinheiro público. É ruim? Se for, a escolha foi nossa, do nosso Governo democraticamente escolhido.

5 - A realização da Copa não deixa nenhum legado útil à população do país. Aceitemos, para argumentar, que isto seja rigorosamente verdadeiro (e não é). Mas Barcelona aproveitou a oportunidade dos Jogos Olímpicos para
modernizar-se, tornar-se mais bonita, mais agradável, mais acolhedora. A oportunidade é a mesma; se o Brasil a perdeu, não pode botar a culpa em gente de fora.

6 - O presidente da FIFA, Joseph Blatter (que este colunista, a propósito, considera uma figura pouquíssimo recomendável), disse que talvez a entidade tenha cometido um erro ao escolher o Brasil para realizar a Copa. Pode ter razão ou não; mas não é exatamente a mesma coisa que dizem os críticos da disputa da Copa no Brasil? Blatter disse, em outras palavras, que poderia ter escolhido lugar mais tranquilo. Poderia; e parece estar arrependido da escolha. Não há em suas palavras, entretanto, nenhuma ameaça imperialista de violar a soberania brasileira e mudar a Copa de país, embora isso possa acontecer (e pelo menos dois outros países americanos, Estados Unidos e México, têm condições de realizá-la com pouquíssimo tempo de preparação). Se isso ocorresse, realizaria o sonho de quem acha que a Copa é um desperdício de tempo e dinheiro. E não seria a primeira vez: a Colômbia, em 1986, desistiu da Copa devido a problemas de segurança, e o México a realizou com tranquilidade.

Quanto ao mais, caro leitor, tanto Blatter como seu adjunto Jerôme Volcker não são pessoas cuja visita possa considerar-se agradável. Só que o problema não é este: os dois, arrogantes, autoritários, prepotentes, antipáticos, foram convidados pelo Governo brasileiro. Não vieram à força; foram chamados. É duro admitir, mas estão aqui porque queremos, conforme decisão de nossos governantes.

sábado, 20 de julho de 2013

Mais Medicos? Mexendo no problema errado - Coluna Carlos Brickmann


Mexendo no problema errado
Coluna Carlos Brickmann, 21/07/2013


Não é questão de nacionalidade: um dos maiores médicos do Brasil foi um ucraniano, Noel Nutels, que levou a saúde pública às áreas indígenas da Amazônia. A questão é outra: é que o Governo criou uma enorme polêmica por achar que Saúde é Medicina. E não é: Medicina é a última etapa na luta pela Saúde.

A Saúde começa pela engenharia - saneamento básico. A água potável e os esgotos reduzem o número de doentes (e derrubam a mortalidade infantil). Educação é o segundo passo: quem lava as mãos e cuida da higiene básica, mantém o mosquito da dengue à distância, assegura a limpeza dos animais domésticos e cuida de seu lixo tem mais condições de evitar doenças. Condições de vida são importantes: roupas e calçados minimamente adequados, alimentação suficiente, moradia saudável fazem milagres. Se uma pessoa educada, com acesso a saneamento básico, alimentação e moradia, devidamente vacinada, mesmo assim fica doente, então cabe à Medicina cumprir seu nobre e insubstituível papel de cura.

Em resumo, não adianta trazer grandes especialistas mundiais sem que a população tenha condições adequadas de vida. Tem? Não, não tem. E não falemos de periferias: Guarulhos, na Grande São Paulo, segunda maior cidade do Estado, 13ª do país, com 1,2 milhão de habitantes, onde está o maior aeroporto internacional do país, não trata nem metade dos esgotos que lança no rio Tietê.

A propósito: sem seringas, termômetro, um medidor de pressão, um medidor de glicemia, alguns remédios, que é que se espera de um médico? Milagres? 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ainda o caso dos medicos cubanos - Carlos Brickmann


La Medicina soy yo
Carlos Brickmann, 5/06/2013 

O debate sobre a contratação de médicos no Exterior virou um tema ideológico. E, no entanto, a questão é simples: não há qualquer problema em contratá-los, venham de Cuba, da Argentina, do Paquistão, do Canadá, desde que revalidem seu diploma no Brasil e comprovem sua capacidade de falar e entender nossa língua. É como acontece com advogados formados aqui mesmo: até que sejam aprovados no exame da OAB, são bacharéis em Direito, mas não podem exercer a advocacia. Por que, com médicos estrangeiros, seria diferente?

Nada contra faculdades estrangeiras. Este colunista conhece uma médica brasileira que se formou no Peru, revalidou seu diploma no Brasil e vem trabalhando há anos, com clientes fieis e confiantes em sua capacidade. O médico russo Noel Nutels fez um trabalho magnífico com índios. Ideologia é besteira: o importante é saber se o médico estrangeiro tem competência (e se os locais para onde for designado têm condições de dar-lhe apoio básico para seu trabalho).

Quanto à história de que em outros países qualquer médico desembarca e já começa a trabalhar, definitivamente não é assim.

Um competente médico paulista, Luiz Nusbaum, estudioso do assunto, lembra que não há qualquer restrição do Conselho Federal de Medicina à contratação de médicos estrangeiros, desde que revalidem o diploma e saibam comunicar-se em Português - ou não entenderão seus clientes, que também não entenderão suas recomendações e prescrições. Na Inglaterra, informa, o médico se submete ao PLAB, Professional and Linguistic Assessment Board. Nos EUA, ao USMLE, United States Licensing Examination. O mesmo ocorre em Portugal e Espanha.

E há outra questão: médicos de países europeus estarão interessados em mudar-se para o Brasil? Diz o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, José Manuel Silva: "A proposta do governo brasileiro fica próxima da escravatura"; "os médicos vão ficar dependentes das decisões discricionárias do governo brasileiro"; "as condições que devem encontrar do outro lado do Atlântico são semelhantes ao Portugal do início do século 20".

Traduzindo: trazer médicos estrangeiros significa, em bom português, importar médicos cubanos. Exclusivamente cubanos.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Perdao de dividas: la' fora pode; dentro, nem pensar...

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, em 28/05/2013:


Bons, lá fora

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a dívida dos Estados brasileiros com a União não será renegociada. Não há possibilidade sequer de redução de juros. Em compensação, a presidente Dilma Rousseff perdoou a dívida de US$ 900 milhões de 12 países africanos: Congo, Costa do Marfim, Gabão, Guiné, Guiné-Bissau, Mauritânia, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Sudão, Tanzânia e Zâmbia.

E por que não há concessões aos Estados brasileiros, enquanto se concede tudo aos africanos? Simples: os africanos talvez votem para colocar o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

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Comentando: engano do jornalista. Mesmo que o Brasil disponha de 180 votos na Assembleia Geral em apoio a suas pretensões, sua aceitação como membro permanente no CSNU só ocorrerá quanto os cinco membros permanentes, o famoso P5, concordar com isso, independentemente de quantos votos existam em qualquer outra instância.
A rigor, a coisa toda só depende de dois membros: EUA e China...
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cronicas da Corruptolandia (vulgo pais do Mensalao) - para ler no fim de semana...

Nada como crônicas amenas ambientadas justamente no país que tem tudo para ser ameno com bandidos, trapaceiros, corruptos, fraudadores, mensaleiros e outros criminosos de alto coturno...
Paulo Roberto de Almeida

Pensando no futuro
Coluna Carlos Brickmann
(*) Coluna exclusiva para a edição dos jornais de Domingo,
18 de novembro de 2012

Um importante ministro do Governo Federal critica as más condições das prisões e nenhuma outra autoridade fala algo sobre as más condições das escolas. Claro: ninguém do Governo imagina que haja uma escola em seu futuro.
Dificilmente as declarações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, poderiam ser mais corretas: as prisões brasileiras são medievais, desumanas, não reeducam nem, o que seria o mínimo, impedem os condenados de praticar crimes mesmo durante o período em que se imagina que estejam contidos. Mas dificilmente Cardozo e Toffoli poderiam escolher uma ocasião pior para tocar no assunto. Toffoli, há pouco tempo, votou pela condenação de um deputado de Roraima a 13 anos de prisão e não se preocupou com as condições em que ficará no presídio. E Cardozo, cujo partido está no Governo desde o início de 2003, só agora critica a situação carcerária - que, aliás, sendo ele ministro da Justiça, é de sua responsabilidade.
Antes da condenação de José Dirceu, que segundo Lula é o capitão do time, Sua Excelência o ministro não se preocupava tanto com o tema. Aos números: da verba disponível para presídios neste ano de 2012, o ministro Cardozo usou apenas 20%. Com os 80% que não soube investir seria possível construir oito novos presídios, dentro das modernas condições que agora ele considera necessárias.
Diante das declarações do ministro José Eduardo Cardozo sobre o sistema prisional, só resta uma pergunta: que é que ele faria se estivesse no Governo?

Quase certo
Este colunista concorda, em parte, com as declarações do ministro Toffoli, de que o intuito dos crimes do Mensalão era "o vil metal", e que portanto os crimes deveriam ser pagos com o vil metal. Só há dois senões:
1 - qualquer assaltante de rua tem como objetivo o dinheiro, "o vil metal". Aceitando-se a opinião do ministro Toffoli, não seria preciso prendê-lo, desde que devolvesse "o vil metal" e pagasse, digamos, uma multa;
2 - O objetivo dos crimes do Mensalão não era "o vil metal". Segundo a própria defesa dos réus, ninguém ali estava roubando para enriquecer. Seu objetivo era, na melhor das hipóteses, forrar o caixa 2 do partido (o que também é um crime); ou, na pior, comprar apoio parlamentar para o Governo Federal. Tanto é assim que o PT alega, agora, que os condenados não têm recursos para pagar as multas a eles impostas, e pensa até em fazer uma vaquinha para ajudá-los.
A propósito, a frase de Toffoli é um reconhecimento de que houve crimes.
Nada de novo
Para pagar as multas, o PT quer fazer uma vaquinha. Ah, sempre as tetas!