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sábado, 23 de abril de 2022

Novo livro na praça: Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos; organizadores Paulo Velasco e Pedro Rafael Azevedo; prefácio Paulo Roberto de Almeida

Leio, com grata satisfação, nota no Instagram de Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo, um dos organizadores, junto com o professor Paulo Afonso Velasco Júnior, deste livro: Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos (Appris, 2022).


Hoje é o Dia Internacional do Livro e fico muito (muito mesmo!) feliz em anunciar que um projeto de anos está pronto, publicado e impresso: o livro sobre política venezuelana! 

Um livro escrito sob muitas mãos e com diversas visões… mas que seria impossivel acontecer sem a parceria do meu orientador da faculdade de Relações Internacionais @paulo.velasco.jr, a quem agradeço imensamente pela confiança! Agradeço também ao embaixador @pralmeida por fazer o prefácio e aos amigos @jffa18@tanialopezlizca@mariaoropeza94 ...

De fato, colaborei, mas pouco, apenas fazendo o prefácio, que reproduzo abaixo e convido todos a lerem este livro, ainda atual, pois o chavismo continua aparentemente firme, embora não inabalável, na Venezuela, e foi o fenômeno político mais importante na América Latina, no século XXI (pelo menos até aqui): 

Paulo Roberto de Almeida: “Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista”, Prefácio ao livro de Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.), Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos (Curitiba: Appris, 2022).

Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista

  

Paulo Roberto de Almeida

Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos

Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.) 

 

Com as conhecidas exceções dos sistemas judaico e islâmico, o calendário mais aceito no mundo – inclusive por uma velhíssima civilização, como a da China – é o cristão, que divide o tempo histórico entre uma época anterior ao nascimento de Cristo (AC) e a que se lhe segue imediatamente (DC). Aceitando-se que os dados de respeitáveis órgãos do sistema multilateral (FMI e Cepal) sejam fiáveis, a Venezuela – que era, até os anos 1980, um dos países mais ricos da região – tornou-se agora, depois até do Haiti, o país mais pobre da América Latina. Pode-se, a partir daí, estabelecer um novo calendário para a história do país: como o cristão, ele também pode ser dividido em um AC e um DC, apenas que se trata de um Antes e Depois de Chávez. De fato, como confirmado pelo título deste livro, a Venezuela e o chavismo são praticamente indissociáveis nas primeiras duas décadas do século XXI.

O contraste entre uma e outra situação é realmente notável, extraordinário mesmo, levando-se em conta que essa inacreditável derrocada, da maior renda per capita para uma situação próxima da miséria absoluta, não resultou de nenhuma guerra, nenhuma catástrofe natural, nenhuma invasão estrangeira ou maldição divina; ela foi, em tudo e por tudo, integralmente fabricada pelos próprios dirigentes nacionais, numa acumulação de erros econômicos e de conflitos políticos e sociais criados inteiramente pela desastrosa gestão chavista do país, desde 1999 e continuada após a sua morte, em 2013, por seus sucessores designados. Trata-se, possivelmente, de um caso único na história econômica mundial, uma vez que todos os demais casos de declínio econômico ou político costumam ser processos mais longos de perda de dinamismo de sua base produtiva ou o efeito de regimes políticos especialmente incompetentes, mas cuja ação se prolonga num tempo mais largo. No caso da Venezuela, processou-se uma deterioração da situação econômica e uma degradação de suas instituições políticas em um tempo incrivelmente curto: o principal responsável foi Chávez.

O que simboliza, mais que quaisquer outros aspectos, a derrocada do país mais rico da América Latina é o exílio forçado, por razões políticas ou mais simplesmente econômicas, de quase 1/5 da população do país, com a primeira leva coincidindo com a implantação de um regime autoritário e a segunda como consequência do desastre econômico criado pelo projeto eminentemente chavista de “socialismo do século XXI”. Em parte, essa derrocada pode ser atribuída à influência dos dirigentes castristas sobre Hugo Chávez e associados; mas isso é incrível, uma vez que a ilha caribenha já tinha acumulado ampla experiência própria sobre os desastres do socialismo de tipo soviético, e poderia ter “instruído” melhor seus aliados no país que já foi o mais importante produtor de petróleo na região. Não o fizeram porque eles mesmos estavam extenuados com seu regime inoperante, e precisavam extrair da Venezuela o máximo de recursos financeiros e energéticos; não há dados fiáveis sobre essa extração.

Houve um tempo, na primeira década do século, em que Chávez foi, ao lado de Lula, o mais importante líder político da região, com a diferença de que este soube operar uma economia de mercado visando políticas sociais de caráter redistributivo, sem alterar os mecanismos essenciais do sistema capitalista. Chávez, como Lênin e os cubanos, tentou “domar” o mercado, usando métodos rústicos de estatização. Combinado ao maná do petróleo – cujo barril chegou a 140 dólares naquela época –, sua economia esquizofrênica só produziu uma queda fenomenal da oferta interna e uma corrupção raras vezes vista num continente habituado a conviver com estamentos políticos do tipo predatório. A produção de petróleo reduziu-se cinco vezes desde o início do chavismo: a recuperação do setor vai demandar um enorme aporte de investimentos e de know-how estrangeiro, algo que não está perto de ocorrer em vista da persistência de uma direção gangsterista no comando do Estado. A inflação “bolivariana” já ultrapassou os exemplos mais dramáticos da história monetária mundial, traduzida em diversas “moedas” até se chegar à atual dolarização informal. 

O livro aborda essas diversas facetas do drama chavista na Venezuela, por autores que, inclusive por experiência própria, conhecem a fundo como foi sendo construído o maior desastre humanitário vivido no continente, só comparado, talvez, à emigração síria, mas esta provocada por dez anos de guerra civil e intervenção estrangeira. Chávez, os castristas e seus seguidores construíram uma derrocada única na história da região, uma tragédia ainda hoje sustentada pelas forças de esquerda em países vizinhos: estas parecem não perceber que Chávez é o mais próximo que se conheceu de um êmulo de Mussolini na região. A verdade, porém, é que a história não se repete e, no caso do chavismo, sequer como farsa. Trata-se de uma “aventura” a ser detidamente estudada: este livro é um excelente começo para a tarefa.

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

Brasília, dezembro de 2021

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4029: 30 novembro 2021, 2 p.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Venezuela: relacoes "carnais" com o governo lulopetista? - Valor (telegramas do Itamaraty)

07/01/2017 às 11h43 5 
Brasil pressionava Venezuela por dívida bilionária com a Odebrecht 

SÃO PAULO  -  Em meio a dívidas bilionárias da Venezuela com a Odebrecht, o governo do Brasil pressionou autoridades do país vizinho a honrar os compromissos e quitar suas obrigações com a empresa. As informações constam em relatórios do Itamaraty produzidos durante o governo Dilma Rousseff, obtidos pela reportagem.
Os documentos afirmam que os atrasos, que vinham desde o governo de Hugo Chávez, chegaram a US$ 2 bilhões em 2014, já sob a Presidência de Nicolás Maduro. Outras empreiteiras, como Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, e a Petrobras também viviam rotinas de atraso, de acordo com os despachos do Itamaraty, mas a Odebrecht era a mais afetada.
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o grupo baiano pagou US$ 98 milhões em propina na Venezuela desde 2006 -o maior valor em um país depois dos pagos no Brasil. Os documentos afirmam que empresas brasileiras tinham vantagens de dispensa de licitação no regime chavista em casos envolvendo "nações amigas".
Um dos despachos dizia que o governo local buscava, em uma "diplomacia do petróleo", fortalecer o apoio externo ao bolivarianismo com alianças comerciais.
A embaixada ressalta a importância da aproximação política entre Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, que morreu em 2013, para a concretização desses negócios.
Mas relata o clima de "insegurança jurídica" para o comércio com o país e o medo das empresas brasileiras de estatização de operações pelo governo local, como ocorreu com multinacionais de outros países.
"Não obstante Chávez ter dito, diversas vezes, que as empresas brasileiras estariam a salvo de expropriações, casos como a estatização da Techint argentina reforçam a conveniência de manter sempre fortes os laços políticos entre os dois países", diz documento de 2011.
Criatividade
Também em 2011, em um relatório enviado a Dilma, com informações prévias para um encontro dela com Chávez, a embaixada reforça a necessidade de cobrar do venezuelano "atitude mais assertiva com relação a dívidas e interesses de empresas e investidores brasileiros". "A parte venezuelana tem sido, via de regra, evasiva sobre o pagamento de tais obrigações, o que recomendaria uma intervenção presidencial objetiva", diz o documento.
Semanas depois, um despacho que descreve detalhes da reunião de Dilma e Chávez não traz informações sobre a questão. Na transcrição dos principais trechos da conversa, há um pedido do venezuelano por um teto mais alto de financiamento Brasil pressionava Venezuela por dívida bilionária com a Odebrecht do BNDES em projetos em seu país. Ele fala em "acelerar o cronograma de obras".
Dilma, segundo o despacho, sugere ir a Caracas com uma delegação de empresários e diz que a Odebrecht "pode ajudar muito com habitação". Ainda de acordo com a transcrição, Chávez diz à então presidente que a Odebrecht aceitou adotar um outro "mecanismo de
remuneração". Ele se referia a uma solução encontrada pela empresa para ser paga no país vizinho, chamada de "criativa" em um despacho: compensaria créditos detidos na área de construção civil com compras de nafta da Venezuela pela Braskem, braço petroquímico do grupo. Com os atrasos, a Odebrecht acabou retirando funcionários e parando projetos, como a construção da hidrelétrica Tocoma, em 2014.
Outro documento do Itamaraty, de 2011, relata cobrança de dívidas em encontro da diplomacia com Maduro, que então chanceler da Venezuela. O relato da reunião cita que foi dito ao venezuelano que, para continuar com uma boa relação bilateral, seria preciso "não criar dificuldades", mencionando as dívidas com a Odebrecht e subsidiárias da Petrobras. Maduro disse, segundo o documento, que Chávez ordenara a quitação da dívida. O diplomata pede "discrição, sem alto-falantes" ao venezuelano na negociação.
Além da hidrelétrica, a Odebrecht mantinha projetos em diversas áreas, como o metrô de Caracas, um monotrilho chamado "Cabletren Bolivariano" e um polo agrícola de soja intitulado "projeto agrário socialista Abreu e Lima".
Procurada, a empreiteira disse apenas que mantém compromisso de colaborar com a Justiça e que está implantando práticas de controle internas.
(Folhapress)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Alba: o avatar de Chavez e o seu futuro - Douglas Farah

Description: Description:  
Perspectives on the Americas
A Series of Opinion Pieces by Leading Commentators on the Region
The Future of the Bolivarian Revolution in the Post-Chávez Era”

by Douglas Farah
Senior Non-Resident Associate
Center for Strategic and International Studies;
President
IBI Consultants;
Washington, D.C.

January 21, 2014
__________________

Throughout his years in power, but particularly beginning in 2004, Venezuelan president Hugo Chávez spent a significant amount of political and economic capital creating a structure to carry out his dream of establishing a regional alliance of countries espousing his “Socialism for the 21st Century” doctrine and enmity toward the United States.

Grouped under the Bolivarian Alliance for the Peoples of Our America (ALBA) and including Iran as an observer, the alliance was largely sustained by Chávez’s vision and Venezuela’s largess in the form of petroleum and petroleum products at steeply discounted prices, as well as other economic benefits for member nations. In return, Chávez received international solidarity and a platform for launching a new regional defense doctrine in which the United States was identified as the primary external threat.[1]

A key question in the post-Chávez era is what will become of the Bolivarian edifice now under construction and whether it can survive without Chávez’s leadership. Adding to the challenges of consolidating the effort are Venezuela’s severe financial and economic crises, which are choking off vital resources needed to move the alliance forward and achieve its key objectives. At the same time, Iran’s primary interlocutor with Chávez, Mahmoud Ahmadinejad, has left power, replaced by Hassan Rouhani, who has few of the personal relationships in Latin America that his predecessor had.

A brief look at Chávez’s efforts demonstrates how much importance he placed on the ALBA project. He poured millions of dollars into the successful presidential campaigns of Rafael Correa in Ecuador, Evo Morales in Bolivia and Daniel Ortega in Nicaragua, and then provided them with hundreds of millions of dollars a year in financial aid in the form of cheap oil and cash handouts. In Cuba, the Raúl Castro government has also benefitted from billions of dollars in oil handouts a year (about 120,000 bpd, worth more than $3 billion a year in each of the past three years)[2].

Chávez also spearheaded the entry of Iran into the region in new and expansive ways, while offering military and diplomatic support to the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) and state protection to the organization’s cocaine trafficking activities. A significant effort was made to develop a joint military doctrine of asymmetrical warfare based on the thesis that the United States was the biggest external threat to the region. Chávez was also instrumental in creating a new virtual currency, the sucre, to circulate among the member countries of the Bolivarian alliance and wean their economies from their dependence on the dollar.[3]

Despite ALBA’s current difficulties there are several reasons to believe that while the Bolivarian Alliance might not expand in the near future, reports of its demise could be premature. The first is that the Alliance and Iran jointly seem to have taken coordinated steps to prepare for Chávez’s death, spreading some of the responsibilities for different elements of the project to other nations. This has had the effect of diffusing some of ALBA’s more troublesome activities, such as aiding Iran in sanction-busting activities, in countries that are far less monitored by the outside world than Venezuela.

Chávez and Ahmadinejad also took steps to institutionalize what was, in the beginning, a relationship almost entirely dependent on the two leaders’ personal relationship. Since 2010, Venezuela and Iran have strengthened their ties at the ministerial level and on the commercial front, lessening the impact of the individual actors and allowing the traditional bureaucracies to keep things flowing.

One clear example of the decentralization strategy is the emergence of Ecuador as the key financial hub, both for Alliance members and Iran. Ecuador’s activities include giving Iran access to its banking structure in order to help Iran evade international sanctions and working with Iranian financial institutions initially headquartered in Caracas.[4]

Bolivia has become much more active in regional military-training activities, hosting the Bolivarian officers near the city of Santa Cruz. The courses are specifically designed to eradicate all vestiges of U.S. military doctrine in the region.[5] Nicaragua has assumed a leadership role in hosting radical Shi’ite imams visiting the region, primarily Central America. And Cuba has played an ever-greater role in coordinating intelligence among ALBA nations, and between ALBA’s members and Iran.

This division of labor began as the seriousness of Chávez’s illness became apparent. While Nicolás Maduro was given the reins to succeed Chávez in Venezuela, within the ALBA bloc it is Rafael Correa who has assumed a greater public leadership role, while the Castro brothers have reasserted themselves as guardians of the revolutionary flame.

A key new player in the Bolivarian bloc is Argentina, one of South America’s most important countries and one of the few capable of taking over significant responsibilities in the alliance. While Argentina has not officially joined ALBA, the deep friendship between Chávez and Argentine President Cristina Fernández de Kirchner helped turn Argentina into a de facto active partner in ALBA and a key partner in hosting trilateral dealings among Argentina, Venezuela and Iran.

The most conspicuous change has been Fernández de Kirchner’s ongoing efforts to normalize Argentina’s long-hostile relationship with Iran, initially ruptured following the indictment of seven senior Iranian officials in the 1994 attack on a Jewish center in Buenos Aires that killed 85 people. Fernández de Kirchner has signed a memorandum of understanding with Iran, virtually disowning the seven-year investigation into the case by Argentine prosecutors who indicted senior Iranian officials. Her actions could potentially lead to the lifting of the INTERPOL Red Notices against senior Iranian officials implicated in the 1994 bombing.[6]

Argentina also has dramatically increased its fuel imports from Venezuela during the past three years, while agreeing to carry out a series of investments to stimulate the Venezuelan economy in specific sectors, such as the building of computers and cell phones. Argentina’s bilateral trade with Iran has grown from $100 million in 2007 to some $2 billion in 2011.[7]

Another development that might aid ALBA could well be the successful conclusion of peace talks between the Colombian government and the FARC guerrillas, now underway in Cuba. Chávez’s reputation had suffered because of his support for the oldest insurgency in Latin America, and also had been a drain on the Venezuelan treasury, at least in the early days.

In recent years, as the involvement of senior Venezuelan military and intelligence officials in the cocaine trade became more evident, the financial flows may have been reversed[8]. If the peace talks are successful and the FARC enters the Colombian political process as a political party, it will remove a significant thorn in the side of the Venezuelan government and its ALBA allies, which have had to constantly defend themselves against charges of supporting an armed insurgency that has been deeply involved in the drug trade while fighting against a democratically-elected government. This, in turn, would lessen pressure on the ALBA bloc in general, which would then be able to claim that it supported a negotiated end to an insurgency that has lasted almost half a century.

Finally, Chávez and his Bolivarian allies have likely learned an important lesson from Cuba’s survival, despite a U.S. embargo and the collapse of the Soviet Union: with proper political controls, economic meltdowns do not necessarily translate into widespread and unmanageable social unrest.

The ALBA project is important to the greater Bolivarian vision, fostered by Chávez, of a regional approximation of Simón Bolivar’s dream of a united Latin America. Despite the crisis at home, Venezuela is likely to continue to prioritize maintaining its regional influence through ALBA. So far, while some aid has been trimmed in Bolivia, the oil giveaways to Cuba, Nicaragua, El Salvador and the Caribbean continue. Iran, while not likely to maintain as visible a presence as it did under Ahmadinejad, desperately needs the same things it has needed in the past: access to banks to move money, access to dual-use technology and international allies. It has, in the past, been willing to pay a significant premium to maintain these things, and likely will remain willing to do so as negotiations with the West continue.

Taken together, the above-mentioned factors will likely keep the Bolivarian project in a holding pattern: unable to fulfill its expansionist dreams due to a lack of resources but unlikely to collapse or go into full retreat. Despite its economic woes, Venezuela generates billions of dollars in oil revenues and can put enough resources into the ALBA project to keep it alive, particularly with the help of Iran. This, in turn, will likely mean the current U.S. strategy of containment and relatively little engagement in the region will remain unchanged.





[1] Douglas Farah, “Transnational Organized Crime, Terrorism, and Criminalized States in Latin America: An Emerging Tier-One National Security Priority,” Strategic Studies Institute, U.S. Army War College, August 16, 2012, accessed at:http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pubs/display.cfm?pubID=1117
2 Alejandro Grisanti, “Venezuela’s Oil Tale,” Americas Quarterly, Spring 2011, accessed at:http://www.americasquarterly.org/node/2436
3 See, for example, the SUCRE website, with articles such as “ALBA Constituirá eje de desarrollo económico para declarer le region libre de miseria,” SUCREALBA, July 30, 2013, accessed at:http://www.sucrealba.org/index.php/noticias/135-noticia300720131
4 See Douglas Farah and Pamela Philips Lum, “Ecuador’s Role in Iran’s Latin American Financial Structure: A Case Study of the Use of COFIEC Bank,” International Assessment and Strategy Center, March 12, 2013, accessed at:http://www.strategycenter.net/research/pubID.304/pub_detail.asp
5 For a flavor of the language used to describe the academy see “ALBA School of Defense and Sovereignty Opens,” Anti-Imperialist New Service, June 14, 2011, accessed at: http://www.anti-imperialist.org/alba-school-of-defense-opens_6-14-11.htm
6 For a more complete look at the case of Argentina, Iran and Venezuela, see: Douglas Farah, “Back to the Future: Argentina Unravels,” International Assessment and Strategy Center, February 27, 2013, accessed at: http://www.strategycenter.net/research/pubID.303/pub_detail.asp
7 Stephen Johnson, “Iran’s Influence in the Americas,” Center for Strategic and International Studies, March 2012, p. 63, accessed at:http://csis.org/files/publication/120312__Johnson_Iran'sInfluence_web.pdf
8 In September 2008 the U.S. Department of Treasury designated three senior Venezuelan officials for their support of the FARC and its cocaine trafficking activities. The three were Hugo Armando Carvajal, at the time Venezuela’s director of military intelligence; Henry de Jesus Rangel, head of civilian intelligence; and Ramón Emilio Rodriguez Chacín, who had just left the cabinet, where he was serving as miniter of interior. See: “Treasury Targets Venezuelan Government Officials Supporting the FARC” U.S. Treasury Department Press Center, September 12, 2008, accessed at:http://www.treasury.gov/press-center/press-releases/Pages/hp1132.aspx




Douglas Farah is the president of IBI Consultants, a national security consulting firm, and a senior non-resident associate at CSIS in Washington, D.C. For the two decades prior, he was an award-winning foreign correspondent and investigative reporter for the Washington Post and other publications covering Latin America and West Africa. Farah is the author of two books, Blood from Stones: The Secret Financial Network of Terror, Broadway, 2004, and Merchant of Death: Money, Guns, Planes and the Man Who Makes War Possible, J. Wiley, 2007.  He has testified before the U.S. Congress on issues related to transnational organized crime, terror finance and Iran’s role in Latin America.



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The Center for Hemispheric Policy receives financial support from the Bureau of Educational and Cultural Affairs of the United States Department of State.



All statements of fact or expression of opinion contained in this publication are the responsibility of the author.







[1] Douglas Farah, “Transnational Organized Crime, Terrorism, and Criminalized States in Latin America: An Emerging Tier-One National Security Priority,” Strategic Studies Institute, U.S. Army War College, August 16, 2012, accessed at:http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pubs/display.cfm?pubID=1117
[2] Alejandro Grisanti, “Venezuela’s Oil Tale,” Americas Quarterly, Spring 2011, accessed at:http://www.americasquarterly.org/node/2436
[3] See, for example, the SUCRE website, with articles such as “ALBA Constituirá eje de desarrollo económico para declarer le region libre de miseria,” SUCREALBA, July 30, 2013, accessed at:http://www.sucrealba.org/index.php/noticias/135-noticia300720131
[4] See Douglas Farah and Pamela Philips Lum, “Ecuador’s Role in Iran’s Latin American Financial Structure: A Case Study of the Use of COFIEC Bank,” International Assessment and Strategy Center, March 12, 2013, accessed at:http://www.strategycenter.net/research/pubID.304/pub_detail.asp
[5] For a flavor of the language used to describe the academy see “ALBA School of Defense and Sovereignty Opens,” Anti-Imperialist New Service, June 14, 2011, accessed at: http://www.anti-imperialist.org/alba-school-of-defense-opens_6-14-11.htm
[6] For a more complete look at the case of Argentina, Iran and Venezuela, see: Douglas Farah, “Back to the Future: Argentina Unravels,” International Assessment and Strategy Center, February 27, 2013, accessed at: http://www.strategycenter.net/research/pubID.303/pub_detail.asp
[7] Stephen Johnson, “Iran’s Influence in the Americas,” Center for Strategic and International Studies, March 2012, p. 63, accessed at:http://csis.org/files/publication/120312__Johnson_Iran'sInfluence_web.pdf
[8] In September 2008 the U.S. Department of Treasury designated three senior Venezuelan officials for their support of the FARC and its cocaine trafficking activities. The three were Hugo Armando Carvajal, at the time Venezuela’s director of military intelligence; Henry de Jesus Rangel, head of civilian intelligence; and Ramón Emilio Rodriguez Chacín, who had just left the cabinet, where he was serving as miniter of interior. See: “Treasury Targets Venezuelan Government Officials Supporting the FARC” U.S. Treasury Department Press Center, September 12, 2008, accessed at:http://www.treasury.gov/press-center/press-releases/Pages/hp1132.aspx

terça-feira, 23 de abril de 2013

Venezuela: reflexos de duas eleicoes, 2013, 2010...

Parece que a recontagem de votos na Venezuela, endossada pela Unasul, é de mentirinha: só falaram que iriam fazer, mas não pretendem fazer de verdade.
Democracia chavista é isso aí....
Paulo Roberto de Almeida


Venezuela

CNE suspende auditoria após exigências da oposição

Início de recontagem de votos da eleição foi atrasada até a próxima semana

Nicolás Maduro toma posse como presedente da Venezuela
Nicolás Maduro toma posse como presedente da Venezuela - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) suspendeu a auditoria dos votos da eleição presidencial da Venezuela devido a controvérsias internas entre chefes do conselho e a falta de informação sobre o alcance de 46% das caixas de votação, informou nesta terça-feira o jornal El Universal. Mais cedo, o coordenador do opositor Comando Simón Bolívar, Ramón José Medina, exigiu ao órgão uma resposta formal aos pedidos técnicos que haviam feito.
“Não vamos permitir uma auditoria fajuta. Deve ser de acordo com todos os protocolos técnicos. Os resultados não são irreversíveis, a auditoria serve justamente para isso”, afirmou. Para a opositora Liliana Hernández, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, só aceitou realizar a auditoria porque os presidentes da Unasul estavam reunidos e era preciso aplacar os ânimos. “Agora que acabou o show eles mudam o discurso”, denunciou.
Medina disse que a oposição tem 15 dias úteis para impugnar a eleição diante do Tribunal Supremo de Justiça e que eles tentarão todos os recursos a que têm direito. Contudo, a chefe do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela, Luisa Estella Morales, já rebateu os pedidos da oposição na semana passada e afirmou que uma recontagem manual dos votos não é possível no país.
Exigências - A oposição enviou um documento formal ao CNE com os protocolos técnicos exigidos. O texto dá ênfase ao artigo 437 do Regulamento da Lei Orgânica de Processos Eleitorais, que estabelece "a verificação cidadã das caixas de votação para confrontar o conteúdo dos comprovantes aos dados refletidos na ata de escrutínio". A oposição pede uma revisão total dos cadernos de votação, atas de escrutínio, relatórios de duplicidade de votos e atas de irregularidades.
A chefe do CNE, Socorro Hernández, disse que o organismo está trabalhando em um cronograma para as auditorias e que divulgará a data de início no máximo na próxima segunda-feira. Na semana passada, a vice-presidente do CNE, Sandra Oblitas, disse que a vitória de Nicolás Maduro é irreversível e que os resultados da auditoria não influenciarão o oficial.


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E agora, sobre as eleições legislativas de 2010, quando a oposição teve maior número de votos, mas não conseguiu, em função de um sistema eleitoral deformado, fazer o maior número de representantes:

27/09/2010
 às 15:33

Celso Amorim: como distorcer a realidade e influenciar (algumas, cada vez menos) pessoas…

Por Reinaldo Azevedo
Leiam o que vai na Folha Online. Volto em seguida:
Por Cristina Fibe:
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, no início da tarde desta segunda-feira que o resultado das eleições legislativas na Venezuela é “bom para a democracia na nossa região”. “Foi uma eleição democrática, livre, e o presidente Chávez, que aparentemente usa muito o Twitter, já disse que vai respeitar o resultado. Eu acho que isso é bom para a democracia na nossa região, é um avanço”, disse Amorim à imprensa em Nova York, onde participa da 65ª Assembléia Geral da ONU.
O chanceler disse ainda achar “muito bom que a oposição tenha decidido participar desta vez, porque isso leva a um diálogo. Quando houve essa atitude anterior, do boicote – é claro que não temos que dar palpite no que eles decidem -, mas não é positivo para a democracia”. Para o ministro, a América do Sul está “caminhando na direção certa. Os países todos têm presidentes eleitos e parlamentos funcionando”. De acordo com os últimos dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, os eleitores de Caracas deram mais votos às legendas da oposição, representadas pela coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD), do que aos partidários de Hugo Chávez.
Segundo o jornal ‘El Universal’ a diferença é apertada, com apenas 741 votos a mais para os opositores, mas, mesmo assim, envia um sinal a Hugo Chávez de que a ‘solidez’ do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) já enfrenta mais obstáculos do que antes. O último balanço das urnas publicado pelo CNE dá 95 assentos ao PSUV, 61 aos opositores e 2 a outros partidos. Apesar de ter conquistado mais cadeiras no Parlamento do que a oposição, os chavistas perderam a maioria qualificada, o que deve dificultar a aprovação de leis e reformas propostas pela revolução bolivariana.
No Estado de Zulia, onde a oposição venceu 12 dos 15 assentos disponíveis, o governador Pablo Perez atribuiu a vitória à decisão da MUD de apresentar somente um candidato à cada uma das 165 vagas disputadas no Parlamento. ‘Nós mostramos à Venezuela que podemos vencer se estivermos unidos’, disse.
(…)
ComentoA eleição não foi nem “democrática” nem “livre”, uma vez que a oposição teve de enfrentar severas restrições impostas por Hugo Chávez, que detém hoje, na prática, o monopólio da televisão, onde fala imodestas quatro horas por dia. Quando Amorim afirma que Chávez “vai respeitar o resultado”, deixa claro que, se quisesse, poderia não respeitar. Esse gênio da raça deve acreditar que isso depõe a favor do espírito democrático do tiranete… TEnha paciência!
Amorim diz ainda que a América Latina está no caminho certo, uma vez que “os países todos têm presidentes eleitos e parlamentos funcionando”. Uma ova! Não são condições suficientes para atestar apreço pela democracia. A imprensa, por exemplo, enfrenta formas variadas de censura na Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e Nicarágua — para não falar, obviamente, da tirania Cubana, onde o presidente não é eleito por ninguém.
O resultado da eleição parlamentar na Venezuela é, sim, auspicioso. Representa um ganho importante para os democratas daquele país, opositores de Chávez e, dados os alinhamentos da América Latina, adversários de… Celso Amorim!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Uma lágrima para Chávez; nenhuma para o socialismo do século 21


Uma lágrima para Chávez; nenhuma para o socialismo do século 21

Paulo Roberto de Almeida
Alegoria política estilo século 20

Juca Chávez se foi. Uma pena. Era um bom cantor e compositor. Encantava o público, que podia passar horas escutando-o deblaterar contra os poderosos, os políticos tradicionais, os mercados, o capitalismo, a ganancia, a cupidez dos homens, enquanto versejava sobre um futuro melhor, feito de abundância, de solidariedade, de muito amor e compreensão. Embaladas nos acordes de um velho violão, as canções soavam simpáticas, sempre prometendo justiça e bem-estar para todos, mesmo sem esclarecer como tudo isso seria alcançado, já que trovas políticas precisam ter recados curtos para serem eficazes. Ele chamava tudo isso de “socialismo do século 21”, um título curioso, pois suas ideias recendiam mais ao século 19. Enfim, a vida é feita de contradições.
Era um mestre das palavras e das rimas. Sabia tocar os corações e mentes das pessoas, sobretudo os mais humildes, aqueles afastados dos círculos de poder, que só têm uma vaga ideia sobre como são complexos os mecanismos da dominação política e ainda mais as engrenagens dos dos circuitos produtivos. Chávez era um carismático, com sua retórica poderosa, certamente convencido de seu próprio poder sobre as pessoas. Mas ele não descuidava de fazer sua autopromoção, ressaltando suas qualidades e escondendo habilmente seus defeitos. Acompanhado de seu violão, era capaz de reter as pessoas durante horas, frente às telas da televisão, ou ao som do rádio.
A isso chamamos liderança natural: Juca Chávez a tinha de sobra. Pena que usou muito mal de todas as suas habilidades, prometendo muito e, afinal, entregando muito pouco. Suas ideias econômicas eram bizarras, feitas de uma mistura de estatismo e socialismo rústico: acabou desmantelando as bases da economia de mercado, e deixando o país pior do que se encontrava quando assumiu sua posição de líder, o que lhe converteu numa espécie de caudilho da música popular. Primeiro, passou a achar que só as suas músicas eram as boas: daí praticamente monopolizou as rádios e TVs para seu estilo de música, banindo todos os demais. Depois decretou que todos (ou quase todos) passariam a usar a mesma cor de camisa, que ele dizia ser a cor do amor. Tanto carinho e dedicação a suas causas nobres encantavam os já conquistados ao seu charme e pregações, mas deixavam poucas opções de escolha aos demais, aqueles que simplesmente gostariam de usufruir de suas boas promessas, sem necessariamente ter de aderir a todas as suas maneiras e trejeitos.
Juca Chávez, como trovador, era mesmo contraditório: queria fazer o bem, mas achava que todos deviam concordar com a sua maneira especial de fazer o bem. Na verdade, ele não estimulava a criatividade nas ou das pessoas; pretendia simplesmente à agregação de todos e cada à sua visão peculiar do que fosse o bem, ao seu projeto pessoal de engenharia social. E a sua engenharia padecia de sérios erros estruturais.
Juca Chávez se foi. O mundo da canção latino-americana já não será mais o mesmo, pois Chávez o transformou irremediavelmente. Deixou seguidores, mas nenhum à sua altura, ou dispondo de seus recursos pessoais e materiais. Vai fazer falta para muitos, sobretudo porque era generoso com os humildes, embora impiedoso com quem não partilhava de seu “socialismo do século 21”. Este nunca chegou a ser formulado explicitamente e, de fato, era muito confuso para funcionar de verdade. Imagina-se que nunca funcionaria na prática, já que poetas e trovadores jamais conseguem articular soluções a problemas concretos: ele só alimentam sonhos.
Uma lágrima para Juca Chávez; nenhuma para o seu socialismo.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de Janeiro de 2013.