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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Siria-Russia-China united: o que faria o Brasil, se estivesse no CSNU?

Sorte do Itamaraty que o Brasil não mais está no Conselho de Segurança das Nações Unidas, pois os companheiros no poder, soberanistas à outrance, poderiam se vincular aos argumentos da Rússia de que qualquer tentativa de regime change é indesejável, inconveniente, impossível, mesmo à custa do massacre de manifestantes civis, e isto por quase um ano inteiro, e à base de bombardeios de tanques e artilharia, além de snipers do governo, para justamente matar, indiscriminadamente, quaisquer civis que se aventurem pelas ruas, que não seja em favor do governo.
No Brasil, não só os companheiros aliados do partido Bath -- que concluiu um gentil acordo de "cooperação" com o PT -- mas também mercenários da imprensa, gente paga para defender todas as causas indefensáveis (a dos cubanos, a dos sírios, a dos norte-coreanos, como o "Correio do Brasil", por exemplo, um jornal a soldo, ou Carta Maior, um site mentiroso como poucos), mas gente graúda, também, companheiros bem situados nas correias e engrenagens de transmissão do poder, provavelmente fariam com que um voto brasileiro fosse em favor da tal de "responsabilidade ao proteger", um eufemismo para deixar de proteger populações civis, perfeitamente massacráveis pelos poderes aliados dos companheiros. Assim é, se lhes parece...
Paulo Roberto de Almeida

Russia, China veto U.N. resolution on Syria


Jason DeCrow/AP - Portuguese representative Jose Filipe Moraes Cabral, left, and South African representative Baso Sangqu, right, glance at Russian representative Vitaly Churkin, center, as they vote in support of a draft resolution backing an Arab League call for Syrian President Bashar Assad to step down.

UNITED NATIONS — Russia and China on Saturday vetoed a U.N. resolution condemningSyria’s violent repression of anti-government demonstrators, effectively quashing efforts to isolate President Bashar al-Assad’s government as it intensifies a nearly year-long crackdown.
The veto dealt a blow to attempts by the United States and its European partners to rally behind an Arab League plan that would require Assad to yield power and make way for a democratically elected unity government. The vote followed weeks of negotiations in which diplomats had significantly watered down the resolution in a bid to win broad support.
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Amateur video streamed live on Wednesday showed a burned out tank and destroyed armored personnel carrier on the streets of Rastan in Homs. A group of men, some of them brandishing their guns, stood on the destroyed personnel carrier. (Feb. 1)
Amateur video streamed live on Wednesday showed a burned out tank and destroyed armored personnel carrier on the streets of Rastan in Homs. A group of men, some of them brandishing their guns, stood on the destroyed personnel carrier. (Feb. 1)
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“The United States is disgusted” by the Russian and Chinese vetoes, Susan E. Rice, the U.S. ambassador to the United Nations, said after the vote. “A couple of members of this council remain steadfast in their willingness to sell out the Syrian people and shield a craven tyrant.”
Russia’s U.N. envoy, Vitaly I. Churkin, countered that the United States and its partners had undermined the prospects for a deal, saying they had promoted a strategy aimed at “regime change” by backing the opposition’s pursuit of power and fueling “armed methods of struggle.”
The rift left the diplomatic process in disarray, with Arab League delegates vowing to press ahead with their plan for a political transition in Syria, while Russia announced that officials would travel Tuesday to Damascus, where they will meet with Assad and try to push a competing plan to bring the Syrian government and the opposition together for direct talks.
But some Syria experts were worried that it was already too late for diplomatic solutions. “Things are slipping out of control on the ground so much that I’m not sure that [the resolution] could have stopped the killing,” said Andrew Tabler, a Middle East expert at the Washington Institute for Near East Policy.
The U.N. deadlock came a day after Syrian authorities moved to crush resistance in the town of Homs, killing scores of civilians on the 30th anniversary of the massacre in Hama. Estimates of those killed late Friday varied widely, but the assault seemed to be the strongest attempt yet by the government to put down the protests. Although casualties have been heavy for months, Syrian forces have largely abstained from the use of heavier weaponry. Activists now worry that the attack heralds a new and more aggressive strategy on the part of Assad’s government.
On Saturday, crowds gathered in Homs for the first funerals of the dead, with tens of thousands shown in video footage massing around coffins and shrouds decked with flowers. An opposition spokesman said that after the funerals, people were waiting eagerly to hear the results of the U.N. vote.
“We were hoping they would change their opinion,” said the spokesman, who uses the nom de guerre Abu Rami. “Unfortunately they used their veto. The people here are not so much disappointed. We will rely on Allah, the holy God, and after Allah, we will rely on the Free Syrian Army.”
The 13 to 2 Security Council vote capped weeks of tumultuous negotiations that pitted the United States, the European Union and the Arab League against Russia, Syria’s most powerful remaining protector in the 15-member council.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O Brasil no centro do mundo: uma nacao indispensavel (e como)

Sem o Brasil, como fariam as demais nações do mundo para importar jogadores de futebol?
E modelos de desfile? E travestis?
Nós somos indispensáveis em certas coisas, mas não em todas.
Em bossa-nova, certamente, que toca em todos os shoppings do mundo, ou em imagens da selva bruta, ou de favelas. Certas coisas frutificam melhor aqui...
Não tenho certeza de que não se pode fazer reforma da ONU sem o Brasil: e se for feita, o que faz o Brasil? Ordena uma invasão da sede da ONU?
Nenhum país é o centro do mundo, exceto aqueles, ou aquele, que estão efetivamente no centro do mundo. Todo o resto do mundo é ROW, ou exatamente rest of the world...

Mudando de assunto: eu também sou a favor de uma solução pacífica, sempre.
Mas, pergunto: e quando uma das partes não gosta de pacifismo e se empenha em massacrar alegremente os adversários políticos?
Vamos ficar clamando por uma solução pacífica e depois simplesmente ajudar a enterrar os mortos?
Certas posições me surpreendem, não sei se por ingenuidade, cegueira ou outras coisas... (vocês preencham as reticências, pois eu já perdi a vontade...).
Paulo Roberto de Almeida

Dilma diz que não é concebível reforma do CS da ONU sem Brasil
Reuters, 22/03/2011

BRASÍLIA (Reuters) – A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira não ser concebível uma reforma do Conselho de Segurança da ONU que não inclua o Brasil como membro permanente do órgão.

“Não é concebível uma ONU reformada sem o Brasil. Nós não temos a menor dúvida quanto a isso”, disse Dilma a jornalistas em Manaus após o lançamento de programa para prevenção e tratamento do câncer de mama e do colo de útero.

A obtenção de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é um dos principais objetivos da política externa brasileira. A reforma do órgão e a inclusão do Brasil foi, inclusive, um dos temas tratados por Dilma com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a visita dele a Brasília no sábado.

Brasil e outros países, como Índia e Alemanha, defendem uma reforma do Conselho que permita a ampliação dos membros permanentes. Atualmente, são integrantes fixos Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China.

Ao contrário do que fizera com a Índia durante viagem a Nova Délhi em novembro, Obama não apoiou explicitamente as aspirações brasileiras na ONU.

Segundo Dilma, “não existirá um Conselho da ONU reformado” sem a presença de alguns países, como Índia e Brasil, “países expressivos… que hoje são consideradas grandes forças”.

Dilma também defendeu um cessar-fogo na Líbia, onde forças internacionais iniciaram no sábado ataques para conter o avanço das tropas do líder Muammar Gaddafi, que há mais de um mês enfrenta rebeldes que exigem sua saída.

“Nós somos a favor de uma solução pacífica”, disse ela.

Na véspera, o governo brasileiro já havia se posicionado a favor de um “cessar-fogo efetivo” no país do norte da África.

Na semana passada, o Brasil se absteve na votação da ONU que criou uma zona de exclusão aérea na Líbia.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Diplomacia viajeira: resultados em milhagens, talvez...

O que dizem os acadêmicos tem muito menos importância -- ou não tem nenhuma importância -- em relação ao que dizem aqueles que fazem as coisas acontecer: os empresários, os homens de negócios, que são os que produzem, vendem, trazem riqueza para o país.
Acadêmicos costumam dar despesas e induzir a posições erradas. Seria o caso de perguntar ao que acha que interesses econômicos não podem ser separados dos objetivos políticos, quem paga o seu salário de acadêmico. Ele pode responder: "É o Estado!". Errado! É a sociedade, através de seus empresários e trabalhadores.
Aparentemente, com todo o nacionalismo, a "nova geografia comercial" não teve os resultados esperados. Mas sempre tem gente que gosta de se iludir, e enganar os outros.
Paulo Roberto de Almeida

Em oito anos, Lula visitou 85 países em busca de parceiros comerciais e políticos
BBC Brasil, 29 de dezembro de 2010

Presidente saiu em busca de novos mercados, mas também foi criticado por relação com governos polêmicos
Relação com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad é considerada a mais polêmica do governo Lula

Com visitas a 85 países em um período de oito anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em prática uma política de diversificação das relações do Brasil com o mundo que ajudou a projetar o país do ponto de vista econômico, mas que ao mesmo tempo colecionou polêmicas na arena política.

Com um discurso contrário à concentração das exportações brasileiras para um número "restrito" de países, Lula passou a usar as visitas internacionais como forma de "vender" o produto brasileiro em novos mercados.

A diversificação das relações, no entanto, também teve um forte cunho político, refletindo sobretudo a busca de apoio ao Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O fortalecimento da relação com a África é apontada por especialistas como "principal símbolo" dessa estratégia. Em oito anos, Lula visitou 27 países do continente, enquanto Fernando Henrique Cardoso esteve em apenas três deles.

Garoto-propaganda
"Lula assumiu como ninguém o papel de garoto-propaganda do produto brasileiro no mercado internacional. Sem dúvida o empenho foi bem-vindo, mas o resultado prático deixou a desejar", diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), Fábio Martins.

Ele cita a permanência de barreiras sanitárias impostas por Estados Unidos, Rússia e Japão à carne brasileira, apesar das insistentes "reclamações" do presidente Lula junto a esses países.

Ainda segundo Martins, a busca por mercados consumidores menos tradicionais, como na África e no Oriente Médio, acabam tendo "pouco impacto" no total exportado.

"O problema é que diversificamos para esses países, que têm menos peso comercial, e perdemos espaço em mercados altamente consumidores, como o dos Estados Unidos", diz Martins.

Em 2002, as exportações brasileiras para os Estados Unidos representavam 28% do total exportado, caindo para 11% em 2010.

O governo, no entanto, argumenta que o processo de diversificação está "começando" e que as vantagens puderam ser constatadas durante a crise financeira, quando países dependentes da economia americana, como o México, sofreram um impacto muito maior do que o Brasil.

Relação política
O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense Williams Gonçalves diz que a política externa do presidente Lula seguiu a tradição "nacionalista" e que, nesse contexto, é "impossível" separar os interesses econômicos dos objetivos políticos.

"A busca pela ampliação dos parceiros comerciais obedeceu a uma orientação política, que não chega a ser nova na história das relações internacionais do Brasil", diz o professor.

Sob a gestão do presidente Lula, o Brasil ampliou ou intensificou suas relações com países de fora do eixo ocidental - alguns deles com governos polêmicos, despertando uma série de críticas na opinião pública.

O caso mais emblemático passou a ser o do Irã, acusado de abusos em direitos humanos, mas há também exemplos como Venezuela, Sudão, Líbia, Cuba e Guiné Equatorial, todos visitados pelo presidente Lula.

Na avaliação de Gonçalves, a diplomacia dos anos Lula foi "coerente", na medida em que privilegiou os "interesses nacionais".

Como resultado concreto o professor cita a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), que segundo ele foi resultado, dentre outros fatores, de uma ação conjunta de Brasil, China e Índia.

"É claro que não vamos defender causas absurdas, mas precisamos fazer nossos cálculos. Uma parte da nossa sociedade quer que sejamos uma potência ética, mas isso não existe", diz o professor da UFF, lembrando que, assim como o Brasil, diversas outras democracias também têm relações próximas com governos polêmicos.

Já na avaliação do ex-secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Rubens Ricupero, o presidente Lula fez alguns "julgamentos equivocados" em sua busca por novos parceiros.

"No caso do Irã, por exemplo, tentamos impor nossa agenda e tivemos um resultado negativo, que não deu certo", diz Ricupero, referindo-se à tentativa de acordo nuclear intermediada por Brasil e Turquia.

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’

O CSNU certamente não é um cenáculo de juristas ou de sábios cultores do direito internacional. Tampouco seus membros são legisladores universais, nem mesmo com um imaginário mandato expresso na Carta da ONU. Suas decisões e resoluções são eminentemente políticas, não jurídicas. Mesmo assim, se trata do único órgão internacional dotado de legitimidade intrínseca para tomar decisões no campo da paz e da segurança internacionais.
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida

Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010

O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.

Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”

As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.

As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.

As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.