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sábado, 16 de junho de 2012

O Stalin sem Gulag, 2 (ainda bem) - Augusto Nunes


Coluna de Augusto Nunes
12/06/2012
 às 21:49 \ Direto ao Ponto

Para mostrar a força da tropa, Dirceu planeja a Marcha pela Impunidade dos Bandidos

Vencido pelo padeiro de Ibiúna em 1968, paralisado pelo medo nos anos 70, debilitado pela arrogância crescente nas décadas seguintes, José Dirceu foi definitivamente derrotado pelo tamanho do prontuário em 2005, quando se descobriu que o chefe da Casa Civil do governo Lula também chefiava a quadrilha do mensalão. Mas o revolucionário de araque está sempre pronto para perder mais uma, constatou o post publicado neste espaço em junho de 2010.
Continua o mesmo, avisa a discurseira beligerante no congresso nacional de uma certa União da Juventude Socialista. Assustado com a aproximação de 1° de agosto, quando o Supremo Tribunal Federal começará a decidir o destino dos mensaleiros, Dirceu pediu à plateia, como Fernando Collor às vésperas da queda, que não o deixe só. “Todos sabem que este julgamento é uma batalha política”, fantasiou o réu soterrado por provas que permitem condená-lo por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Depois de tirar do armário o trabuco imaginário, declarou-se pronto para a guerra. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também, porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas”, caprichou Dirceu na pose de inocente injustiçado. “É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês”. O combatente que nunca lidou com balas de chumbo não se emenda.  Ele vive reprisando o blefe que inaugurou em 2005, logo depois de perder o emprego por excesso de patifarias.
”Vou percorrer o país para mobilizar militantes do PT, dos sindicatos e dos movimentos sociais”, preveniu o então deputado federal num encontro do partido em São Paulo. ”Temos de defender o governo de esquerda do presidente Lula do golpe branco tramado pela elite e por conservadores do PSDB e do PFL”. Passou as semanas seguintes mendigando socorro até aos contínuos da Câmara, teve o mandato cassado em dezembro e deixou o Congresso chamando o porteiro de “Vossa Excelência”.
Passados sete anos, o sessentão que finge perseguir o socialismo enquanto caça capitalistas com negócios a facilitar assumiu formalmente o comando do regimento de mensaleiros que luta para livrar-se da cadeia. Sempre dedilhando a lira do delírio, promete liderar mais uma ofensiva do que chama de “forças progressistas e movimentos populares”, expressões da novilíngua lulista que abrangem os pelegos da União Nacional dos Estudantes Amestrados, os vigaristas das centrais sindicais, os blogueiros estatizados e outras aberrações que só esbanjam competência no assalto aos cofres públicos.
E que ninguém se atreva a acionar os instrumentos de defesa do Estado de Direito, determina o manual do stalinismo farofeiro. Usar a polícia para conter badernas é “repressão política”. Lembrar que, por determinação constitucional, figura entre as atribuições das Forças Armadas a neutralização de ameaças à ordem democrática é coisa de golpista. No país que Lula inventou, a corrupção institucionalizada só existe na imaginação da mídia golpista.
Nesse Brasil Maravilha, Erenice Guerra é uma dama de reputação ilibada, Antonio Palocci prosperou honestamente, Dilma Rousseff é uma pensadora, Lula é o gênio da raça e o partido segue honrando a frase que Dirceu declamava fantasiado de vestal: “O PT não róba nem deixa robá”. O  mensalão, claro, é uma farsa montada pela imprensa. E os que ousam defender o Código Penal não sabem com quem estão falando.
“Como se trata de uma batalha política, mostraremos nossa força”, avisou aos velhacos da Juventude Socialista. O mais recente surto reafirma que, para o mitômano sem cura, o País do Carnaval não consegue enxergar diferenças entre fato e fantasia. Como Dirceu não para de repetir-se, faço questão de repetir-me: um ataque de tropas comandadas pelo guerrilheiro de festim só consegue matar de rir.
Qualquer torcida organizada de time de futebol mobiliza mais militantes que o PT. As assembleias sindicais são tão concorridas quanto uma reunião de condomínio. Sem as duplas sertanejas, os brindes e a comida de graça, as comemorações do 1° de Maio juntariam menos gente que quermesse de lugarejo. Os movimentos sociais morreriam de inanição uma semana depois de suprimida a mesada federal.
“Dirceu, guerreiro do povo brasileiro!”, berram os milicianos durante os palavrórios do general da banda podre. Estão todos convidados a exibir seu poder de fogo com um desfile paramilitar na Avenida Paulista. Puxada pelo revolucionário de festim e engrossada por todos os alistados no exército fora-da-lei, seria a primeira Marcha pela Impunidade dos Bandidos desde a chegada das caravelas em 1500.

domingo, 27 de maio de 2012

Comissão da (Meia) "Verdade": fracasso previsto - Marco Antonio Villa

Subscrevo, quase que inteiramente, o artigo do historiador Marco Antonio Villa, do qual tomei conhecimento apenas hoje, 28/05, a despeito de ter sido publicado há quase uma semana.
Na verdade, concordo com ele em prever o fracasso dos trabalhos da tal de Comissão, mas distancio-me dele por fazer um julgamento ainda mais severo sobre a composição da Comissão. Acredito que vários membros não exibem nem requisitos intelectuais, nem equilíbrio político, ou sequer condições morais para integrar uma comissão desse tipo, comprometidos que estão com uma postura enviesada sobre o período e os eventos que o rechearam.
Paulo Roberto de Almeida 



‘Verdade? Que verdade?’Marco Antonio Villa

GLOBO, 22/05/2012
MARCO ANTONIO VILLA
Foi saudada como um momento histórico a designação dos membros da Comissão da Verdade. Como tudo se movimenta lentamente na presidência de Dilma Rousseff, o fato ocorreu seis meses após a aprovação da lei 12.528. Não há qualquer justificativa para tanta demora. Durante o trâmite da lei o governo poderia ter desenhando, ao menos, o perfil dos membros, o que facilitaria a escolha.
Houve, na verdade, um desencontro com a história. O momento para a criação da comissão deveria ter sido outro: em 1985, quando do restabelecimento da democracia. Naquela oportunidade não somente seria mais fácil a obtenção das informações, como muitos dos personagens envolvidos estavam vivos. Mas ─ por uma armadilha do destino ─ quem assumiu o governo foi José Sarney, sem autoridade moral para julgar o passado, pois tinha sido participante ativo e beneficiário das ações do regime militar.
O tempo foi passando, arquivos foram destruídos e importantes personagens do período morreram. E para contentar um setor do Partido dos Trabalhadores ─ aquele originário do que ficou conhecido como luta armada ─ a presidente resolveu retirar o tema do esquecimento. Buscou o caminho mais fácil ─ o de criar uma comissão ─ do que realizar o que significaria um enorme avanço democrático: a abertura de todos os arquivos oficiais que tratam daqueles anos.
É inexplicável o período de 42 anos para que a comissão investigue as violações dos direitos humanos. Retroagir a 1946 é um enorme equívoco, assim como deveria interromper as investigações em 1985, quando, apesar da vigência formal da legislação autoritária, na prática o país já vivia na democracia ─ basta recordar a legalização dos partidos comunistas. Se a extensão temporal é incompreensível, menos ainda é o prazo de trabalho: dois anos. Como os membros não têm dedicação exclusiva e, até agora, a estrutura disponibilizada para os trabalhos é ínfima, tudo indica que os resultados serão pífios. E, ainda no terreno das estranhezas e sem nenhum corporativismo, é, no mínimo, extravagante que tenha até uma psiquiatra na comissão e não haja lugar para um historiador.
A comissão foi criada para “efetivar o direito à memória e a verdade histórica”. O que é “verdade histórica”? Pior são os sete objetivos da comissão (conforme artigo 3º), ora indefinidos, ora extremamente amplos. Alguns exemplos: como a comissão agirá para que seja prestada assistência às vítimas das violações dos direitos humanos? E como fará para “recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional”? De que forma é possível “assegurar sua não repetição”?
O encaminhamento dado ao tema pelo governo foi desastroso. Reabriu a discussão sobre a lei de anistia, questão que já foi resolvida pelo STF em 2010. A anistia foi fundamental para o processo de transição para a democracia. Com a sua aprovação, em 1979, milhares de brasileiros retornaram ao país, muitos dos quais estavam exilados há 15 anos. Luís Carlos Prestes, Gregório Bezerra, Miguel Arraes, Leonel Brizola, entre os mais conhecidos, voltaram a ter ativa participação política. Foi muito difícil convencer os setores ultraconservadores do regime militar que não admitiam o retorno dos exilados, especialmente de Leonel Brizola, o adversário mais temido ─ o PT era considerado inofensivo e Lula tinha bom relacionamento com o general Golbery do Couto e Silva.
Não é tarefa fácil mexer nas feridas. Há o envolvimento pessoal, famílias que tiveram suas vidas destruídas, viúvas, como disse o deputado Alencar Furtado, em 1977, do “quem sabe ou do talvez”, torturas, desaparecimentos e mortes de dezenas de brasileiros. Mas ─ e não pode ser deixado de lado ─ ocorreram ações por parte dos grupos de luta armada que vitimaram dezenas de brasileiros. Evidentemente que são atos distintos. A repressão governamental ocorreu sob a proteção e a responsabilidade do Estado. Contudo, é possível enquadrar diversos atos daqueles grupos como violação dos direitos humanos e, portanto, incurso na lei 12.528.
O melhor caminho seria romper com a dicotomia ─ recolocada pela criação da comissão ─ repressão versus guerrilheiros ou ação das forças de segurança versus terroristas, dependendo do ponto de vista. É óbvio que a ditadura ─ e por ser justamente uma ditadura ─ se opunha à democracia; mas também é evidente que todos os grupos de luta armada almejavam a ditadura do proletariado (sem que isto justifique a bárbara repressão estatal). Nesta guerra, onde a política foi colocada de lado, o grande derrotado foi o povo brasileiro, que teve de suportar durante anos o regime ditatorial.
A presidente poderia ter agido como uma estadista, seguindo o exemplo do sul-africano Nelson Mandela, que criou a Comissão da Verdade e Reconciliação. Lá, o objetivo foi apresentar publicamente ─ várias sessões foram transmitidas pela televisão ─ os dois campos, os guerrilheiros e as forças do apartheid. Tudo sob a presidência do bispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz. E o país pôde virar democraticamente esta triste página da história. Mas no Brasil não temos um Mandela ou um Tutu.
Pelas primeiras declarações dos membros da comissão, continuaremos prisioneiros do extremismo político, congelados no tempo, como se a roda da história tivesse parado em 1970. Não avançaremos nenhum centímetro no processo de construção da democracia brasileira. E a comissão será um rotundo fracasso.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Tropecando no proprio discurso: sobre a Siria, claro...

Mais um tema da agenda diplomática em que a agenda "diplomática"dos companheiros -- acordo do PT com o partido Bath, da Síria -- coloca algumas cascas de banana no caminho dos profissionais...


La valse-hésitation du Brésil sur la Syrie d’Al-Assad

Lundi 28 février, à Genève, la ministre brésilienne des droits de l’homme, Maria do Rosario Nunes, dans son tour d’horizon au Conseil des droits de l’homme de l’ONU, a consacré deux paragraphes aux printemps arabes, sans citer la Syrie, sujet du jour.
Après la réunion, la ministre a précisé la position de Brasilia sur la proposition de fournir des armes à l’opposition syrienne :
« Le Brésil est contre livrer des armes à qui que ce soit. Le Brésil condamne les actions armées de tous les côtés. »
« L’idée de l’Arabie saoudite d’armer l’opposition n’est pas une bonne idée, l’excellente idée serait que la politique et la diplomatie remplacent la confrontation », a déclaré la ministre, qui renvoie dos à dos les opposants et Damas. Le vote d'une résolution à Genève a été repoussé à jeudi
La diplomatie brésilienne est embarrassée par la crise syrienne. Lorsque le Brésil siégeait au Conseil de sécurité de l’ONU, en 2011, sa représentante s’est alignée sur la Russie et la Chine pour éviter toute résolution contre la Syrie. Le motif invoqué par les diplomates était le précédent de la Libye. La résolution destinée à protéger les civils libyens aurait servi à justifier une intervention dans le but de renverser le colonel Kadhafi.
Le 16 février 2012, l’assemblée générale de l’ONU avait mis au vote une résolution non contraignante sur la Syrie, à l’initiative de la Ligue arabe. Cette fois, le Brésil a préféré suivre les pays arabes et a rejoint les 137 Etats qui ont adopté ce texte. Une douzaine de gouvernements ont osé soutenir Bachar Al-Assad à cette occasion.
Toutefois, huit jours plus tard, le 24 février, les Brésiliens ne figuraient pas parmi les 70 pays représentés à la Conférence des pays amis du peuple syrien, à Tunis. Le ministre brésilien des relations extérieures, Antonio Patriota, effectuait ce jour-là une visite en Turquie. La prochaine réunion des amis du peuple syrien aura lieu à Istanbul : le Brésil boudera-t-il encore, alors que la Turquie est son interlocuteur privilégié dans la région ? L'ambassadeur brésilien n'a pas quitté Damas.
Dans le cadre de sa diplomatie Sud-Sud, Brasilia avait déployé de gros efforts pour réunir des sommets Amérique du Sud-pays arabes, en 2005 et 2009. Le printemps égyptien de 2011 avait obligé à reporter sine die le troisième sommet.
Les diplomates brésiliens semblent accorder désormais plus d’importance au regroupement des BRICS, fait de bric et de broc, comme si le Brésil, l’Inde et l’Afrique du Sud, de grandes démocraties, pouvaient partager des valeurs avec la Russie et la Chine, les deux puissances mal dégrossies du stalinisme.
Ces zigzags et errements ne donnent pas l’image d’une diplomatie réfléchie, défendant à la fois les intérêts nationaux et des principes universels. La confusion à ce sujet peut-être mesurée par ce qu’écrit l’ancien ministre José Dirceu, l’homme fort du premier mandat de Lula, remplacé par Dilma Rousseff, mais toujours très influent au Parti des travailleurs.
« Dans les rues d’Espagne et de la Grèce, la répression a la même face de celle qui s’abat sur les aspirations populaires en Syrie et en Libye », écrit-il sur son blog.
« De Homs à Valence, ce ne sont pas les violations des droits de l’homme qui manquent ». Bref, la répression à Homs, Athènes ou Valence, seraient équivalentes. Dirceu se demande pourquoi les « véritables rebellions, les insurrections populaires en Grèce et les manifestations étudiantes en Espagne ne seraient pas portées devant les organismes de droits de l’homme et le Conseil de sécurité de l’ONU ».
Depuis que l’ancien guérillero s’est reconverti dans les affaires, il semble avoir oublié la différence entre une matraque de flic et les obus tirés par les canons de tanks de l’armée.
Contrairement au relativisme en vogue à Brasilia, les violations des droits de l’homme ne sont pas de même nature dans tous les pays, et en tout état de cause, les unes n’excusent pas les autres. Surtout, elles ne sauraient justifier l’injustifiable, les crimes de masse commis en Syrie, et l’impuissance de la communauté internationale à les stopper.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Republica Mafiosa do Brasil?

Retire-se o ponto de interrogação...

‘A cara do Brasil’, de J.R. Guzzo

J.R. Guzzo
Revista Veja, 15/02/2012
A cena, registrada com fotos na semana passada em Brasília, poderia servir como um belo documento sobre os usos e costumes da vida política brasileira neste começo de século. Na área central do retrato, a presidente da República, Dilma Rousseff, afaga com a mão direita o rosto do ministro das Cidades, Mário Negromonte, no exato momento em que ele estava virando ex-ministro das Cidades. Um sorriso de beato ilumina o seu semblante ─ como se ele estivesse tomando posse no cargo, em vez de estar sendo demitido. O novo titular, deputado Aguinaldo Ribeiro, também em estado de graça, aguarda a sua vez de receber a bênção presidencial. Entre os grão-duques da política nordestina presentes à cerimônia, na qualidade de donos hereditários do atual Ministério das Cidades ─ Negromonte é da Bahia, Ribeiro vem da Paraíba, e ambos são do mesmo partido, o PP ─, dá para ver o senador José Sarney, vice-rei do Nordeste e do governo em geral, deslizando quietamente no cenário.
Deveria ser um momento de drama. Afinal, mais um ministro de estado, o sétimo em seguida deste governo, acabava de ser posto na rua por atolar-se em indícios de má conduta, e alguém com ficha limpíssima estaria vindo para consertar o desastre. Mas o que se podia ver, nesta fotografia do Brasil-2012, era uma comemoração. Em alegre harmonia, a presidente e seus parceiros pareciam estar dando o seguinte recado: “Atenção, respeitável público: garantimos que por aqui continua tudo igual”. Continua igual, em primeiro lugar, o que já se pode chamar de “sistema brasileiro” de mexer no ministério. Quando um ministro atinge uma cota crítica de “malfeitos” em sua área e precisa ser demitido, porque se tornou impossível, inútil ou simplesmente cansativo segurá-lo no emprego, é obrigatório nomear para seu lugar alguém que seja uma fotocópia dele ─ mesmo partido, mesma região, mesmo estilo e mesma folha corrida. Há uma salva de palmas para o ministro que sai, outra para o que entra e todo mundo fica aliviado, porque não há perigo de mudar nada. Continua igual, acima de tudo, a privatização do estado brasileiro, com áreas inteiras da máquina pública transformadas em propriedade particular de partidos e de políticos que apoiam o governo, mais suas famílias, amigos e redondezas. É a cara do Brasil de hoje.
O ex-ministro Negromonte, como os companheiros de infortúnio que o antecederam, viveu nas últimas semanas um processo de torrefação acelerada, por conta de suspeitas cada vez mais feias e cada vez menos explicadas; também como os outros, começou “blindado” e acabou virando farinha de rosca. Para seu lugar, privatizado pelo governo em favor do PP, foi nomeado praticamente um sósia. O homem já vem carimbado na frente e no verso. Está envolvido no tráfego de dinheiro público, por via de “emendas parlamentares”, em favor da mãe, prefeita de uma cidade da Paraíba, e da irmã, deputada estadual e possível candidata à prefeitura de outra. Não declarou à Justiça eleitoral nas últimas eleições, como era obrigado a fazer, a propriedade de quatro empresas. Tem duas emissoras de rádio, sempre na Paraíba, registradas em nome de pessoas ligadas a ele ─ um assessor e um ex-contador. Emprega em seu gabinete de deputado um primo que não bate ponto em Brasília; ele mora na Paraíba, onde, aliás, é dono de uma construtora. (O novo ministro acha que não há nada de mais nisso: segundo explicou, primo é parente “de quarto grau”.)

Num país com 190 milhões de habitantes, a presidente Dilma Rousseff não encontrou ninguém melhor que esse deputado Aguinaldo para o seu Ministério das Cidades; no Brasil de hoje, ao que parece, uma ficha como a sua é recomendação, e não problema, para nomear um ministro de estado. É triste, mas o que se há de fazer? O cargo pertence ao PP, e foi ele que o PP escolheu. Pior ainda é a história da Casa da Moeda, a mais recente na coleção de verão do governo; não deu nem para fingir, aí, que existe algum tipo de autoridade pública na repartição que fabrica todo o dinheiro do país. Seu presidente, Luiz Felipe Denucci, foi subitamente para o espaço, ao se descobrir a movimentação de 25 milhões de dólares em contas de empresas que ele mantinha em paraísos fiscais. O que esse cidadão estava fazendo lá? Ninguém sabe. O cargo é do PTB; o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que nunca tinha falado com ele, nem sequer visto sua cara, antes de assinar sua nomeação para presidir a Casa da Moeda ─ um caso único no mundo, sem dúvida.
Estamos, de fato, em plena privatização.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Associacao Chavez-Lula-Dilma: refinaria da Petrobras

O editorial do Estadão não conta a história toda dessa refinaria da Petrobras.
Em primeiro lugar, que ela não precisaria necessariamente estar sendo construída em Pernambuco, pois outros estados a disputavam e também ofereceram condições excelentes: Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará.
A escolha de Pernambuco NÃO foi feita em bases técnicas, econômicas, objetivas, colocando no papel todos os dados técnicos e econômicos dos diferentes lugares possíveis.
Ela foi feita em bases inteiramente políticas, e não por estadistas, economistas ou simples políticos brasileiros, em total soberania, como deveria ser.
Ela foi feita pessoalmente por Hugo Chávez, com base em suas opiniões pessoais, não com base a um julgamento bem informado no plano técnico.
O ex-presidente Lula, a ex-ministra das Minas e Energia, logo em seguida convertida em ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, concordaram imediatamente, sem discutir, com a proposta de Hugo Chávez, o que é uma tremenda renúncia de soberania, e uma demonstração da falta de critérios técnicos na escolha do local.
Agora, independentemente de todos os atrasos do processo, como descreve esse editorial, a Petrobras ainda aguarda decisão da PDVSA (ou seja, de Chávez, pois nada, hoje, na Venezuela, repito NADA, se faz sem a palavra do caudilho). Lamentável...
Paulo Roberto de Almeida 

PDVSA falha, outra vez

Editorial O Estado de S.Paulo

11 de fevereiro de 2012 | 3h 08

Terminou, em 31 de janeiro, mais um prazo que complacentemente a Petrobrás vem concedendo à estatal venezuelana PDVSA para que cumpra, afinal, sua parte na sociedade para a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). Há muito tempo está mais do que evidente que a empresa controlada pelo governo bolivariano de Hugo Chávez não é sócia confiável. A PDVSA deveria se responsabilizar por 40% do custo da obra, mas, até agora, não colocou nenhum centavo.
A diretoria da Petrobrás, mesmo assim, anuncia que "nos próximos dias" decidirá se prorroga o prazo mais uma vez ou se cancela a parceria. Nunca foram explicitadas as razões técnicas para essa parceria - de inspiração político-ideológica -, e a incapacidade da parte venezuelana de cumprir o que foi acertado já deveria ter levado a Petrobrás a desistir da parceria. A empresa brasileira tem outra grande oportunidade para fazer isso. Não deveria desperdiçá-la novamente.
Estabelecida em 2005, por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - então vivamente interessado em estabelecer alianças com governos de inspiração esquerdista e de discurso antiamericano, como o do venezuelano Hugo Chávez, certamente imaginando que tais alianças fortaleceriam sua liderança regional -, a parceria entre o Brasil e a Venezuela para a construção da refinaria em Pernambuco não saiu do papel.
O acordo previa que a Petrobrás se responsabilizaria por 60% dos custos da obra e a PDVSA, pelos restantes 40%. A refinaria foi projetada para processar 230 mil barris de petróleo por dia, uma parte proveniente do Campo de Carabobo, na Venezuela, e outra do complexo de Marlim, na Bacia de Santos, em partes iguais. Cada uma delas exigiria equipamentos específicos, por causa da diferença dos óleos desses campos.
O BNDES concedeu financiamento de R$ 10 bilhões para a construção da Refinaria Abreu e Lima. As duas sócias deveriam se responsabilizar por esse empréstimo, na proporção de sua participação na sociedade.
Mas, envolvida em uma crise operacional e financeira - que se agrava à medida que o governo de Chávez a utiliza cada vez mais para a execução de programas de cunho assistencialista -, a PDVSA vem encontrando dificuldades para oferecer as garantias bancárias exigidas para assumir sua parcela no financiamento.
Do início de 2011 até agora, a PDVSA deixou de cumprir três prazos (o primeiro venceu em agosto; o segundo, em novembro; e o terceiro, em janeiro) para se responsabilizar por sua parte no empréstimo e, desse modo, formalizar sua parceria com a Petrobrás na refinaria em construção em Pernambuco. Mais uma vez, a estatal chavista não conseguiu comprovar as garantias exigidas pelo BNDES.
Mesmo que, na hipótese de a Petrobrás lhe conceder novo prazo, a PDVSA consiga se habilitar a assumir sua parte no empréstimo do BNDES, a questão não estará resolvida. Será necessário fechar os contratos financeiros, o que implicará a aceitação, pela PDVSA, dos valores já gastos na obra. Como manobra meramente protelatória, a estatal controlada por Chávez já questionou publicamente os valores anunciados pela Petrobrás como tendo sido aplicados na Refinaria Abreu e Lima, tendo informado até mesmo que contrataria uma consultoria independente para auditar o custo das obras já realizadas. Poderia, na hipótese otimista de ter aprovadas pelo BNDES as garantias oferecidas, lançar mão dessa manobra mais uma vez, para retardar sua entrada na sociedade, pois isso exige colocar dinheiro na refinaria.
As obras da Abreu e Lima começaram em setembro de 2007 e estima-se que 50% delas já tenham sido executadas, tudo bancado pela sócia brasileira. Por isso, a Petrobrás ainda não encomendou a unidade que processará o óleo proveniente da Venezuela. Com ou sem a participação da PDVSA, a Petrobrás mantém a previsão de que a refinaria estará pronta em 2013.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A imprensa internacional continua se curvando ante o nada...

Parece que propaganda funciona: não fosse assim, ninguém consumiria os produtos mais publicizados nos meios de comunicação.
Pois é: os companheiros criaram uma máquina poderosa de comunicação -- comprada, seduzida, induzida, estimulada, chantageada -- que faz com que produtos que não significam grande coisa, ou nada, sejam vendidos como sendo a maior maravilha do cenário político universal.
Em parte é desinformação induzida de jornalistas pouco dispostos a empreender um trabalho analítico sério -- e por isso se deixam levar, por simpatia, ou não, pelo clima reinante de oba-oba nos círculos oficiais -- e em parte é esforço concreto de mistificação da realidade, pelos propagandistas das soluções milagre, e dos blefes construídos.
Nunca antes, no Brasil e fora dele, se vendeu mercadorias tão ordinárias como se fosse ouro em pó...
Paulo Roberto de Almeida


ROUSSEFF'S GENDER REVOLUTION
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Women Take Power in Brazilian Government
Spiegel online international, January 19, 2012

Brazil's new president, Dilma Rousseff, has quickly stepped out of the
shadow of her charismatic predecessor Lula. After one year in office,
she is more popular than any former president was at this stage. She has
surrounded herself with powerful women, who are now calling the shots in
Brasília.

Rousseff's Gender Revolution

Women Take Power in Brazilian Government

By Jens Glüsing in Brasília
Photo Gallery: Dilma Rousseff's Government
Photos
DPA
Brazil's new president, Dilma Rousseff, has quickly stepped out of the shadow of her charismatic predecessor Lula. After one year in office, she is more popular than any former president was at this stage. She has surrounded herself with powerful women, who are now calling the shots in Brasília.
Info
The epicenter of Brazilian power can be found on the fourth floor of the Palacio do Planalto in Brasília, the nation's capital. Liveried waiters elegantly carry trays of coffee through the hallways of the presidential palace, high-ranking officials wait in anterooms and air-conditioning units hum in the offices.

Planning Minister Miriam Belchior rushes past on her way to visit Chief of Staff Gleisi Hoffmann, with whom she will discuss a multi-billion-real investment program to combat poverty. On the way she is greeted by Ideli Salvatti, the woman who manages the government's relations with Congress. Two floors down, Press Secretary Helena Chagas is talking on the phone. In the front office, several women are reviewing the day's newspapers.
Wherever you look in this white marble palace, there are female ministers, female advisers, female experts and female undersecretaries. Only the waiters and the security guards in the entrance hall are men. Thanks to President Dilma Rousseff, everything else at government headquarters is firmly in female hands.
Rousseff is the first female head of state of Latin America's largest country, and she's appointed women to many of her government's most important posts. Ten of them sit in the cabinet. All but one of her inner circle of advisers are women. This isn't because of quotas. "Given a choice between a man and a woman with the same qualifications, she prefers to hire the woman," says Gilberto Carvalho, who runs the presidential office.
Women in Charge
Skilled women aren't hard to find. Brazilian women stay in education longer and attend university in greater numbers than their male counterparts. Although the country has its fair share of machismo, the society itself has distinctly matriarchal characteristics. Men may call the shots out on the street, but women rule everywhere else.
A third of all families are run by women. Often enough, men play only a reproductive role. Child benefit, known as the "bolsa família," is typically paid out to women because they are more responsible with money. Even so, working women earn a third less than men in the same position. Quotas exist only in politics: By law, 30 percent of all candidates in mayoral, gubernatorial and parliamentary elections must be women. Up to now, no more than lip service has been paid to this stipulation.
"The political parties claim they can't find enough qualified women," says Marta Suplicy, the vice president of the Senate. "But that's an excuse. They just don't try hard enough."
Suplicy is a member of the governing Workers' Party (PT) and a long-time champion of sexual equality. In the 1980s she made a name for herself on television fighting for homosexuals' rights.
Later, she served as mayor of Sao Paulo, the country's largest city and its economic hub. "Before I gave my inaugural speech, a politician who was also a friend of mine came to me and said, 'You say a few nice words of welcome, but then leave budgetary matters to me.' I first had to make clear to him which one of us had been elected mayor," Suplicy says.
The bitterest opponents of moves to promote women are sitting in the Brazilian Congress. Religious groups and patriarchal male alliances block all attempts at liberalization, for instance on issues such as abortion. "Luckily we're strong in government, and we have the president to thank for that" says Suplicy.
Effective Clean-Up
Gilberto Carvalho, the universally popular head of the presidential office, is the sole influential male. Carvalho served Rousseff's predecessor, Lula da Silva, for eight years, and nobody knows their way around the labyrinthine corridors of power better than Carvalho. "Gilbertinho," as Rousseff's women affectionately call him, using the Portuguese diminutive, is something like an older brother to them. They consult him whenever they get tangled up in the minutiae of the state apparatus, and they go to see him when the president has chewed them out. "I'm responsible here for the female part," Carvalho says.
Carvalho recalls that men frequently used macho expressions in the presidential palace in Lula's time. Nevertheless, that didn't stop Lula grooming a woman as his chosen successor. His instincts were spot-on. Rousseff now rules the traditionally male bastion of Brasília with an iron fist.
She has already replaced seven ministers, six of them because of various corruption scandals. The patriarchs in the affected parties in her governing coalition beat their chests and threatened her, but the president refused to be intimidated. Rousseff's political clean-up has clearly been effective. None of her predecessors was as popular a year into their presidency as she is now. It didn't take her long to step out of the shadow of Lula, who had become a national hero. The two still have a warm relationship, and once a month Rousseff visits Lula in Sao Paulo, where he is undergoing treatment for throat cancer.
Different Style
But Brazil's iron lady has a very different style of leadership than her jovial predecessor. "Lula acted on impulse and instinct," Carvalho says. By contrast Rousseff is more distanced from her staff. And she hates wheeling and dealing with party bigwigs, governors and parliamentarians.
Lula would fly to a different corner of his giant county every week, and rarely spent more than two days in the capital. His successor is more likely to be seen at her desk than in the government Airbus. The two are also very different in their approach to foreign policy. Iranian President Mahmoud Ahmadinejad was welcomed with open arms by Lula. But he deliberately avoided Brazil during his Latin American trip last week. That's partly because Rousseff criticized the regime in Tehran even before she came to office because of its medieval treatment of women.
Rousseff lives in Alvorada Palace, the official residence of the Brazilian president, together with her mother and aunt. Her closest confidant is Carlos Araújo, a former guerilla comrade-in-arms who is also her ex-husband and the father of her daughter.
O Globo newspaper dubs the head of state's most powerful staffers "the PT Amazons," in a reference to the Portuguese initials of Rousseff's Workers' Party. The group comprises the chief of staff, the planning minister and the minister for institutional relations, who is responsible for contact with the parliament.
Ruthless Manager
The most well-known face of the trio is Rousseff's ethnic German chief of staff, Gleisi Hoffmann, whose unusual first name is the result of a transcription error on her birth certificate. Her parents had wanted to call her "Grace" in memory of Hollywood star Grace Kelly. The men in Congress initially poked fun at the blonde woman with honey-colored eyes, calling her "Dilma's Barbie." But Hoffmann is a ruthless manager, and quickly whipped the congressmen into shape.
Her main task is to push through major government undertakings that are stuck in red tape or threaten to get held up by parliamentary hurdles. Hoffmann is currently overseeing the funding of the stadiums that will host the 2014 soccer World Cup as well as the expansion of ports and energy projects.
As a young girl she wanted to become a nun. Later she studied Marx and Engels and joined the Communists. At the end of the 1980s she became a member of Lula's Workers' Party. Later she was hired as the finance director of the major Itaipu hydroelectric dam. Staff at the presidential palace recall the time she presented the company's finances to the then-president, Itamar Franco. "Oh, you understand some math!" the old man said in surprise, though he subsequently apologized for his slip of the tongue.

"Women have to work twice as hard as men to get the same recognition," Hoffmann says. Her office in the presidential palace looks far out over the savanna. A spectacular cloudy sky hangs over the green landscape. Photos of her two children stand on the window ledge.
Wearing the Pants
She rarely gets home before 10 p.m., when they are already in bed. A domestic servant looks after them. "That's typical in this country: Women look after women," Hoffman explains. There are about 7.5 million female domestic servants in Brazil's households. "They work harder and have fewer rights than most laborers," Hoffmann adds.
Gleisi Hoffmann's cleaning lady has the weekend off. So the chief of staff shares the housework with her husband, Communication Minister Paulo Bernardo. Gleisi is his superior in cabinet meetings, Bernardo admits, but he insists there's no rivalry between them. "My opponents say nothing has changed for me," he says. "They say that Gleisi was already the one wearing the pants at home."
Translated from the German by Jan Liebelt

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"Conversa de diplomata": para boi dormir? - a proposito do que disse a presidente

Trecho final do artigo do jornalista Sérgio Leo, no Valor Econômico, de 3/01/2012, "Sob Dilma, prevalece diplomacia econômica": 


"Ao contrário do que se imaginava após a eleição, Dilma tem mostrado gosto pelos assuntos internacionais, embora os econômicos sejam seus  preferidos. Na sua leitura matinal de jornais inclui sempre o britânico “Financial Times”. A presidente encantou-se com os detalhes  da formação do governo Obama, que leu numa biografia do colega americano. Leu também os livros sobre Bolívar presenteados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Detesta, porém, “conversa de diplomata”, segundo define um ministro próximo, querendo dizer, com isso, a linguagem cuidadosa e vaga que algumas vezes é encontrada em relatos do Itamaraty – ainda que a presidente faça questão de prestigiar o Ministério de Relações Exteriores."


Parece que "conversa de diplomata" é uma coisa chata, pouco prática, insossa e irrelevante. Seria verdade?
Paulo Roberto de Almeida 


terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Ungida (nome interessante) - The New Yorker sobre a escolhida do Nosso Guia...


A REPORTER AT LARGE

THE ANOINTED

Can a former political radical lead Brazil through its economic boom?

by DECEMBER 5, 2011

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ABSTRACT: A REPORTER AT LARGE about Brazilian President Dilma Rousseff. Until recently, Brazil has been one of the most uneducated, economically imbalanced countries in the world. Now its economy is growing much more rapidly than that of the U.S. Twenty-eight million Brazilians have moved out of severe poverty in the past decade. The country has a balanced budget, low national debt, nearly full employment, and low inflation. It is, chaotically, democratic, and it has a free press. Brazil operates in ways we have been conditioned to think are incompatible with a successful free society. It isn’t just that Brazil is ruled by unapologetic former revolutionaries, many of whom—including the President—were imprisoned for years for being terrorists. The central government is far more powerful and intrusive than it is in the U.S. It is also far more corrupt. Crime is high, schools are weak, roads are bad, and ports barely function. And yet, among the world’s major economic powers, Brazil has achieved a rare trifecta: high growth, political freedom, and falling inequality. The President, Dilma Rousseff, is a forceful presence. As part of the Palmares Armed Revolutionary Vanguard, she spent years in prison and was subjected to torture. Her first major Presidential initiative, Brasil Sem Miséria, unveiled in June, was a sweeping anti-poverty program. The U.S. constantly seems to be on Rousseff’s mind, as an example of how not to handle the global economic crisis. Politics in Brazil revolves around Rousseff’s predecessor, Luis Inácio Lula da Silva, known to Brazilians and the rest of the world simply as Lula. For the last five of Lula’s eight years as President, Rousseff served as his Minister of the Civil House. Lula anointed her as his successor in 2010. Describes the political history of Brazil. Mentions President Fernando Henrique Cardoso. The writer describes his visit with Lula in São Paulo. Brazil will be hosting the World Cup, in 2014, and the Olympics, in 2016. Rousseff, now sixty-three, was a university student during the 1964 coup that established Brazil’s military dictatorship, and she quickly became radicalized. By the late sixties, she was married to another militant, Cláudio Galeno Linhares. They lived in hiding, storing and transporting caches of guns, bombs, and stolen money, planning and executing “actions.” Later, she left Galeno for Carlos Araújo, another prominent militant. In early 1970, the military caught up with her, and she spent three years in prison, where she was reportedly subjected to extensive torture. She insists she was never personally involved in violent actions during her militant days. After she was released, she went to graduate school in economics and then worked in a think tank. She joined the mainline political party, the Partido Democrático Trabalhista (P.D.T.), and soon began working in government positions in Porto Alegre. Eventually, she met with Lula and so impressed him that he appointed her Secretary of Energy in his administration. Mentions the numerous scandals which have plagued Rousseff’s administration. Nobody believes that Rousseff is corrupt, but she had worked for years with some of the people who resigned. Describes the writer’s visit with Rousseff.
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