O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Cultura e diplomacia: debate na ABI Cultura, com Diogo Schelp, Duda Teixeira e Ricardo Carvalho (15/04/2021; canal YouTube da ABI)

Um debate recente sobre a política externa: 

“Embaixador Paulo Roberto de Almeida, que enfrentou Ernesto Araújo, no Encontros da ABI com a Cultura”, 15 abril 2021, 1:20hs. Debate organizado por Zezé Sack, diretora do Cine Clube Macunaima da ABI, com a participação dos jornalistas Diogo Schelp, Duda Teixeira e Ricardo Carvalho, diretor da ABI-SP em torno dos grandes temas da política externa. Incluído no canal da ABI no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=lg6Tkxh5E-s)

INSCREVER-SE

Paulo Roberto de Almeida é um embaixador sem papas na língua e ingressou, há dois anos, com uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal, responsabilizando a União por ações de assédio moral e de perseguição no Ministério das Relações Exteriores, inclusive por retaliações financeiras. Aconteceu desde que começou a criticar publicamente nas suas redes sociais o trabalho do chanceler Ernesto Araújo. Ele, que editou revista 200 com foco na Independência do Brasil também relatou que toda a edição dessa revista foi recolhida por ordem do ex-chanceller e ele não sabe o destino da publicação. Diplomata de carreira desde 1977 e também escritor com mais de 20 livros publicados, serviu na embaixada de Paris e como adido na de Washington, entre outros postos de destaque e, em 1984, obteve o doutorado em Ciência Política pela Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica. Hoje, a partir das 19h30, ele será entrevistado no programa Encontros da ABI com a Cultura pelos jornalistas Diogo Schelp, da revista Crusoé; Duda Teixeira, colunista da UOL; e Ricardo Carvalho, diretor da ABI, em São Paulo. A apresentação é da jornalista e produtora cultural, Zezé Sack. Assistam pelo canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube e divulguem. Diplomata O diplomata Paulo Roberto de Almeida, com 42 anos de carreira, foi demitido, em março de 2019, do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e alocado na Divisão de Comunicações e Arquivo com funções burocráticas por críticas ao ex- Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em seu blog. Na semana passada, durante o debate semanal no Cineclube Macunaíma da ABI, Paulo Roberto lembrou que o ex-Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é filho de um ex-censor da ditadura, à época do governo Geisel, justificando seu comportamento. Foi também categórico ao afirmar que não podemos ficar esperando as eleições do próximo ano “de braços cruzados”, tendo pedido ao cineasta Sílvio Tendler, que participa do programa, para realizar um documentário que mostre as atividades da Semana de Arte Moderna, em 1922, e fale ainda do bicentenário da Independência, as duas datas que precisam ser comemoradas no próximo ano. Entre os livros publicados do diplomata estão Apogeu e demolição da política externa brasileira: reflexões de um diplomata não convencional (2020), Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (2020), além de diversos artigos. Ele também foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília (1986-87) e, desde 2004, dá aulas de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Paulo Roberto é ainda editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, colabora com várias iniciativas no campo das humanidades e ciências sociais e participa de comitês editoriais de diversas publicações acadêmicas. De agosto de 2016 a março de 2019, foi Diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IPRI), afiliado à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), do Ministério das Relações Exteriores. Entrevistadores Duda Teixeira é editor de assuntos internacionais da revista Crusoé e trabalhou por 12 anos na Veja, passando pelas revistas Superinteressante, Saúde e Istoé Dinheiro. É autor dos livros O Calcanhar do Aquiles, Guia Secreto de Buenos Aires, 100 Dúvidas Universais e Almanaque do Pênis Brasileiro. Com Leandro Narloch, escreveu o Guia Politicamente Incorreto da América Latina. Diogo Schelp é colunista do UOL, da Gazeta do Povo e comentarista de política na Jovem Pan News. Foi editor executivo da VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Por14 anos, dedicou-se à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia em 20 países como endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia; o narcotráfico no México; a violência e a crise econômica na Venezuela; o genocídio em Darfur, no Sudão; o radicalismo islâmico na Tunísia; e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros Correspondente de Guerra com André Liohn e No Teto do Mundo com Rodrigo Raineri. Ricardo Carvalho é diretor da ABI, em São Paulo, e trabalhou na Folha de São Paulo, TV Globo e TV Cultura, onde foi diretor de Jornalismo. Há mais de 20 anos vem se dedicando ao estudo e pesquisas sobre Comunicação, Meio Ambiente e Sustentabilidade. A apresentadora Zezé Sack, da Comissão de Cultura da ABI, é jornalista e produtora cultural; trabalhou com Alberto Dines no Observatório da Imprensa e no programa Sem Censura da TVE.

Neste link:

terça-feira, 13 de abril de 2021

Cultura e diplomacia: os rumos da cultura em tempos incertos - Paulo Roberto de Almeida, Diogo Schelp, Duda Teixeira, Ricardo Carvalho, Zeze Sack (ABI)

 Cultura e diplomacia: não sou o diplomata mais indicado para discorrer sobre o tema, pois temos grandes nomes nessa área, como o Edgard Telles Ribeiro – autor de vários romances e de um delicioso artigo na Piauí do mês de março, no qual ele conta como quase não escapou de ser comido pelos crocodilos –, o João Almino – acadêmico, autor de vários romances premiados –, o Alexandre Vidal Porto, o Ary Quintella, sem mencionar poetas de todas as escolas e estilos...


Não sei exatamente o que poderei dizer, mas como desconfio que haverá algumas perguntas sobre o Itamaraty atual, aproveito para avisar sobre meu último texto a este respeito, só para contestar a nossa EA, a Era dos Absurdos, sobre a qual escrevi isto: 

3889. “O balanço de uma gestão catastrófica: a Era dos Absurdos no Itamaraty”, Brasília, 11 abril 2021, 21 p. Confrontaão do “balanço” mentiroso oferecido pelo ex-chanceler acidental, no dia 10/04/2021, com exposição da verdade dos fatos e crítica da gestão desastrosa que se encerrou no dia 29 de março. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/46617441/3889_Balanco_de_uma_gestao_catastrofica_a_Era_dos_Absurdos_no_Itamaraty_2021_) e no blog Diplomatizzando (12/04/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/o-balanco-de-uma-gestao-catastrofica.html).


Alguns de meus livros sobre temas diplomáticos: 


46) Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.; ISBN: 978-65-00-19254-4)

42) O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 225 p.; Edição Kindle, ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7).

34) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5; Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 - livro impresso; ISBN: 978-85-8288-202-3 - livro eletrônico).

33) Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9)

32) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (3ª edição; Brasília: Funag, 2017; 2 volumes; 964 p.; ISBN: 978-85-7631-675-6).



sábado, 1 de junho de 2019

Com tarifas, Trump quer transformar México em uma Cuba ou Coreia do Norte - Diogo Schelp (Uol)

Com tarifas, Trump quer transformar México em uma Cuba ou Coreia do Norte

Fronteira
O presidente americano Donald Trump visita a fronteira com o México 
(Kevin Lamarque/Reuters)

O "arte" da negociação do presidente Donald Trump consiste em fazer chantagens. Primeiro, ele coloca um bode na sala, depois cobra um preço alto para tirá-lo do lá. É o que o americano está fazendo mais uma vez ao anunciar que vai elevar as tarifas de importação de produtos mexicanos, até que o país vizinho adote alguma medida para impedir o fluxo de emigrantes para os Estados Unidos.
Trump anunciou pelo Twitter, nesta quinta-feira, 30, que vai impor uma tarifa de 5% sobre todos os produtos importados do México a partir de 10 de junho. No dia 1º de julho, a taxa de importação vai subir para 10%. A partir de então, será elevada em 5% a cada mês, até atingir 25%.
Muito já se falou sobre o impacto que essa medida vai causar não só na economia mexicana, mas também na americana. O México é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos e o setor automobilístico americano tem um relação de absoluta interdependência com o país latino.
Mas há outro aspecto relevante nessa história: ela revela que Trump não compreende o dever de responsabilidade que um governo democrático tem por seus cidadãos. A não ser em casos de pessoas suspeitas de terem cometido crimes ou que devem pensão alimentícia, países democráticos jamais proíbem seus cidadãos de emigrar. Isso não é apenas moralmente inaceitável. É um contra-senso.
Nas democracias, os cidadãos elegem os governantes para que esses defendam seus direitos, inclusive, se preciso for, diante de pressões externas. O governo mexicano não pode sobrepor os interesses americanos aos interesses do povo mexicano, e isso inclui a liberdade de cruzar a fronteira para os Estados Unidos. Os guardas mexicanos não podem impedir seus conterrâneos de tentar a travessia. Cabe às autoridades americanas impedi-los de entrar, se não tiverem visto.
Trump quer que o governo mexicano faça algo que apenas ditaduras como as de Cuba e da Coreia do Norte fazem: aprisionar suas populações dentro de suas fronteiras. Não é à toa que Cuba é chamada de ilha-prisão.
Curiosamente, a incapacidade de Trump de entender esse aspecto dos governos democráticos é compartilhada pela família Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro — o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara que tem atuado como um chanceler paralelo do governo de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro — chegou a afirmar em março, durante uma viagem aos Estados Unidos, que os brasileiros que vivem ilegalmente no país são "uma vergonha". Ora, um princípio básico da diplomacia é que a política externa serve para proteger o interesse nacional de um país. Isso inclui defender os direitos de seus cidadãos fora de suas fronteiras, inclusive o direito de livre circulação.
Do ponto de vista da diplomacia brasileira, não existe brasileiro "ilegal". O que existe são brasileiros que estão vivendo no exterior sem permissão das autoridades locais e que, assim mesmo, têm direito a todo o apoio consular que o Estado brasileiro é capaz de lhe prestar. Aos olhos de seu governo, esses brasileiros não podem ser considerados infratores.
Mas voltando ao caso mexicano. O que o México pode fazer — e já vem tentando — é restringir o fluxo de emigrantes vindos de outros países da América Central e do Sul que usam o território mexicano como corredor para chegar à fronteira americana. Em 2017, do total de imigrantes detidos pelas autoridades americanas tentando entrar nos Estados Unidos ilegalmente, 130.000 eram mexicanos e 180.000 vinham de outros países. Desde o ano passado, as forças mexicanas instalaram checkpoints ao longo de todas as estradas que levam para o norte. Os imigrantes sem visto vindos de outros países são detidos e enviados de volta.
Os Estados Unidos podem até querer que o México faça mais para barrar os imigrantes originários de terceiros países — ainda que isso imponha aos mexicanos a tarefa de fazer o serviço sujo, e altamente questionável, que os americanos não conseguem cumprir. Mas o governo mexicano não pode impedir seu próprio povo, que representa quase metade do fluxo migratório, de cruzar a fronteira, sob pena de se transformar em uma Cuba.

domingo, 7 de abril de 2019

Ernesto Araujo e o nazismo "de esquerda": Diogo Schelp recomenda um livro


Uma recomendação de livro para o chanceler Ernesto Araújo
Diogo Schelp - UOL 07/04/19

Ernesto Araújo e sugestão de livro (Valter Campanato/Ag. Brasil e Diogo Schelp/Arquivo Pessoal)

O disparate da semana foi a afirmação, feita pelo chanceler Ernesto Araújo e repisada pelo presidente Jair Bolsonaro, de que o nazismo era uma ideologia de esquerda. Araújo tentou dar um ar intelectual para essa afirmação em um artigo publicado em seu site pessoal, o "Metapolítica 17 contra o globalismo". Ali ele afirma que o "nazismo era anti-capitalista, anti-religioso, coletivista, contrário à liberdade individual, promovia a censura e o controle do pensamento pela propaganda e lavagem cerebral, era contrário às estruturas tradicionais da sociedade. Tudo isso o caracteriza como um movimento de esquerda. Portanto, o nazismo era anti-liberal e anti-conservador". Como o chanceler disse (corretamente, nesse caso) que é preciso estudar um pouco antes de sair dando opinião, recorri aos livros.
Mas antes, vamos reconhecer o que há de verdade na frase de Araújo. De fato, o nazismo era contrário à liberdade individual e promovia a censura e o controle do pensamento pela propaganda e lavagem cerebral. Era, também, anti-liberal. Tudo isso pode caracterizá-lo como sendo de esquerda ou de direita. O totalitarismo, como bem disse o vicepresidente Hamilton Mourão, não é exclusividade de nenhum dos dois.
O nazismo não era exatamente anti-conservador, mas, sim, era um movimento revolucionário. Pretendia romper com o passado e criar um futuro novo. E é precisamente por isso que a esquerda erra quando diz que Jair Bolsonaro é fascista. Nada disso. O presidente e as pessoas que gravitam no seu entorno são, basicamente, reacionários. Isso não é ofensa, é uma constatação. O bolsonarismo quer a volta de um passado idílico (a ditadura militar) e caracteriza-se por reagir (daí o reacionarismo) a mudanças que considera imorais e decadentes na sociedade contemporânea.
Guardem isso: reacionário ≠ revolucionário.
O nazismo também era, realmente, anti-clerical (não exatamente antireligioso, há uma diferença) e coletivista. Isso significa que era anticapitalista?
Vejamos. Puxei da estante a Enzyklopädie des Nationalsozialismus ("Enciclopédia do Nacional Socialismo"), um tolete de quase 1.000 páginas publicado pela editora alemã  Deutscher Taschenbuch Verlag em 2007. Há um capítulo polpudo só sobre a economia segundo o nazismo, assinado pelo historiador Werner Bührer.
Recomendo a leitura ao chanceler. Está em alemão, então vou fazer um resumo.
Ali diz que a economia era, para Hitler e para o seu partido, algo secundário, que deveria servir aos interesses de um Estado forte, e não o contrário. A economia nazista era estatizante. Quase metade dos 25 pontos do primeiro programa formal do partido nazista, de 1920, tratava de economia. Há, ali, além de traços estatistas, referências à distribuição de renda e à defesa de medidas fundiárias que bem poderiam estar no programa de um partido comunista. Nas palavras do professor Bührer, em tradução livre: "As cores socialistas de alguns desses tópicos se sobressaem. Mas colocar seus autores e propagandistas na tradição socialista do movimento operário é um erro." E há dois motivos para isso.
Primeiro, porque Hitler repetidas vezes rechaçou o socialismo marxista. E, segundo e mais importante, ainda citando Bührer, porque o nazismo reconhecia a propriedade privada como um direito inviolável. Além disso, os grandes empresários e industriais alemães financiaram pesadamente o partido de Hitler a partir de 1933, e se beneficiaram com reduções de impostos e com a repressão aos movimentos de trabalhadores. Portanto,
o nazismo não era anti-capitalista.
Outros trechos do livro, escritos por outros autores, são igualmente peremptórios ao colocar o nazismo e as ideologias de esquerda da época em lados opostos. O verbete sobre fascismo, que abarca o nazismo, diz: "Apesar de o fascismo nunca ter sido uma ideologia consistente, os diferentes movimentos fascistas dividiam uma série de características: anticomunismo militante e anti-liberalismo, assim como inimizade frente à democracia, nacionalismo extremo", etc. O nazismo não era de esquerda.
O artigo de Ernesto Araújo defendendo o contrário segue à risca a cartilha das fake news: misturar algumas afirmações verdadeiras para dar credibilidade a uma grande mentira.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL