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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O nacionalismo exacerbado e' a mae de todas as guerras...

...ou de quase todas elas.
Veja-se, por exemplo, este início de análise do Stratfor, um dos mais conceituados think tanks americanos, sobre os desafios da Alemanha contemporânea.

Germany: A Power Among Powers
The crisis in Europe continues to make headlines around the world, as nations from China to Russia to the U.S. have an interest in the outcome. But the country arguably with the most at stake is Germany.
Surrounded by powerful neighbors, Germany inhabits one of the most competitive environments in the world. In our upcoming video, we take a centuries-long step back to look what makes Germany Germany (hint: a healthy distrust of neighbors)... and how that shapes its economic policy today.


A Alemanha foi, justamente, o país que produziu três dos três grandes últimos conflitos inter-europeus, dois dos quais estiveram na origem de guerras mundiais, que destruiram metade da Europa e a retiraram, definitivamente, da liderança dos assuntos mundiais, permitindo a ascensão de poderes "periféricos" que assumiram a liderança da geopolítica mundial.
O nacionalismo é uma desgraça, pelo menos em sua forma canhestra, xenófoba, militarista, irredentista e agressiva. No plano econômico, igualmente, o nacionalismo é responsável pelo atraso de muitas sociedades, entre elas as latino-americanas, que sofrem por falta de capitais e tecnologia, mas que não gostam de depender de conhecimentos e know-how estrangeiros. O Brasil, particularmente, é um país que ama o capital estrangeiro -- pois que depende dele -- mas que detesta os capitalistas estrangeiros, por preconceito, inveja, despeito, ou qualquer outro sentimento assemelhado.
O nacionalismo já provoucou algumas das piores guerras da humanidade, e ele continua a provocar atrasos, subdesenvolvimento (sobretudo mental) e perda de oportunidades.
Abaixo a análise do articulista argentino Carlos Malamud, do Instituto Elcano e do InfoLatam, sobre um recente episódio vergonhoso para o exército chileno (mas que deve se reproduzir entre os vizinhos também...).
Paulo Roberto de Almeida 

Algumas Mostras Execráveis do Nacionalismo Latino-Americano

Infolatam, 11/02/2013

Por Carlos Malamud
(Infolatam).- O vídeo divulgado na semana passada com os depreciáveis cânticos de uns marinhos chilenos são uma prova do mais execrável nacionalismo latino-americano. Sobre isso há pouco o que se discutir, exceto seu envolvimento para a América Latina. O problema está em que ainda hoje são muitos na região os que enaltecem as virtudes dos nacionalismos locais, insistindo nas enormes diferenças com os nacionalismos xenófobos e racistas da Europa e outras regiões.
Se olharmos para as ideologias e os sentimentos populares latino-americanos perceberemos que os discursos do catolicismo do séc. XIX, da direita liberal, do zapatismo mexicano em qualquer de suas versões, do castrismo cubano e do bolivarianismo new age, para citar apenas alguns exemplos, estão todos permeados pelo mesmo nacionalismo que é a única opção possível, o que sempre tira o pior de nós, especialmente ao se contrapor com os demais. E nessa contraposição, sempre somos os bons ou os melhores e eles os perdedores ou a soma da maldade absoluta.
Podemos alegar que os marinhos chilenos que cantavam ameaçadoramente contra bolivianos, peruanos e argentinos eram uns simples descerebrados. Ao menos da mesma categoria que os gendarmes (agentes de polícia) argentinos que proferiam insultos semelhantes contra os “chilenitos” vizinhos, em um vídeo um pouco mais antigo, mas que serve para a ocasião. E se continuarmos pesquisando, provavelmente encontraríamos outras evidências próximas. Esta alusão à idade mental dos envolvidos só serve para esconder a maior parte da verdade. Descerebrados semelhantes podem ser encontrados em qualquer país da região e fora dela. Por isso, o problema está na forma como os cantores e suas canções são utilizadas por quem pode e que permanentemente se gaba de um nacionalismo semelhante.
Os insultos chilenos, que chegam a ferir a sensibilidade dos ouvintes, foram justamente condenados no Chile e no exterior. No Chile, as autoridades civis e militares pronunciaram-se duramente contra o escândalo internacional que se aproximava. Mas também se escutaram vozes rebaixando a importância do ocorrido ou o justificando com o pueril argumento de que em todos os lados ocorrem coisas semelhantes, como depois foi visto no caso argentino.
O ministro de Defesa chileno Alfonso Vargas, ao mesmo tempo que qualificou os cânticos de “ofensivos ”, assinalou que: “Em todas as instituições armadas em nosso país e em todos os países do mundo, é habitual o trote com cantos alusivos de diferentes tipos. O importante destes é que as letras dos cantos sejam adequadas e aqui o que ocorreu é que o grumete improvisava”. Inclusive um parlamentar da oficialista UDI (União Democrata Independente), depois de criticar as vozes críticas e justificar os fatos concluiu de forma tachante: “para evitar esses cantos violentos dos marinhos [teria que inscrevê-los] em aulas de bordado e ponto cruz”.
Fora do Chile alguns despiram as armaduras até limites indescritíveis. Quem rapidamente se colocou à frente da procissão foi o governo de Evo Morales, que clamou por uma forte condenação internacional contra aqueles que tinham manchado a honra pátria. O vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro, disse que “em pleno século XXI não podemos ter, entre vizinhos, inimigos desta envergadura”. E foi mais longe ao apontar, em relação à reclamação boliviana de uma saída ao mar, que “O Governo do Chile não pede união na América Latina e vê seus vizinhos como inimigos, sejam argentinos, peruanos ou bolivianos. A isso responde a atitude excessivamente conservadora e ortodoxa do presidente (Piñera) de dizer não a tudo”. Ademais, um deputado do MAS (Movimento ao Socialismo), não descartou que a Assembléia Legislativa emita um pedido oficial pelas expressões xenófobas, já que “isto confirma que o Chile é um mau vizinho”.
Por sua vez, uma publicação argentina, claramente amarela e sensacionalista, falava dos “covardes cânticos da armada chilena” e chamava-os de cultura pinochetista”. No entanto, em todo o continente praticamente não se ouviram vozes que apontassem a conveniência de limpar a própria casa ao invés de se intrometer nos assuntos vizinhos. É bem mais fácil clamar vingança contra o agressor externo do que se esforçar em evitar casos semelhantes em nosso país.
As reações provocadas pelos cânticos militares nacionalistas também contradizem o discurso de integração regional, tão agitado ultimamente por uns e outros na América Latina. Algo do tipo foi visto na última Cúpula da CELAC, em Santiago do Chile, quando Cuba assumiu a presidência pró tempore. Raúl Castro, novo presidente da Comunidade Latino-Americana, proclamou a necessidade de uma batalha “a sangue e fogo” contra o narcotráfico, já que: “Nossas leis permitem a pena de morte. Está suspensa, mas aí está de reserva, porque uma vez que a suspendemos, o único que fizemos com isso foi estimular as agressões e as sabotagens contra o meu país”. Seu discurso esteve cheio de quase todos os tópicos do nacionalismo anti-imperialista latino-americano, começando pelo vitimismo e as responsabilidades de fora. Em definitiva, trata-se de combater o narcotráfico com receitas similares às que alguns militares chilenos e argentinos recomendam para seus vizinhos.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O pequeno Uruguai e a grande China: tres notas curiosas

Permito-me fazer três observações preliminares sobre esta simples matéria de jornal, não especialmente sobre a jornada latino-americana do primeiro-ministro chinês, pós-conferência Rio+20, mas sobre o que está por trás da matéria.
A primeira está em que o pequeno Uruguai se sinta "obrigado" (metaforicamente dizendo) a pedir à China que construa um porto de mar em sua costa atlântica (já que o de Montevidéu fica no Rio de la Plata, bem para dentro do continente). Teoricamente, algo assim poderia ser solicitado o financiamento ao BID, ao Banco Mundial, ou então entrar na carteira de negócios da integração latino-americana -- ou seja, da Unasul, que teoricamente sucedeu e recuperou os projetos da IIRSA -- ou até da cooperação bilateral Brasil-Uruguai (e teríamos empresas brasileiras dispostas a fazer esse porto de águas profundas, com financiamento do BNDES, claro). Que o Uruguai peça à China é talvez um indicador de como andam as relações externas dos membros do Mercosul.
A segunda observação está justamente no próprio porto, e na possibilidade de se encontrar petróleo off shore naquela região. Um porto ali certamente vai concorrer com o de Rio Grande, para o escoamento de grãos e de outros produtos, não apenas do pequeno Uruguai, que não deve ter tão grande capacidade exportadora, mas do sul do Brasil (tão mal servido de portos), e do norte argentino (províncias de Entre Rios, Misiones, até do Chaco), se houver transporte adequado para o porto, claro. Não sei quão credível é esta hipótese, mas porque o Uruguai não pensou na Petrobras, por exemplo, para a exploração de seus recursos off shore?
A terceira observação é essa audiência audiovisual entre o primeiro-ministro chinês e os membros (com ou sem o Paraguai?) do Mercosul, por ocasião de sua próxima cúpula, na Argentina. Nunca antes na história do Mercosul, o presidente do Império (tão querido em nossa região) manteve tal tipo de interação com seus membros. Que essa modalidade seja agora inaugurada pelo dirigente chinês não representa apenas uma première, mas uma revelação do estado atual de "dependência estrutural" dos países latino-americanos do novo gigante econômico mundial.
Paulo Roberto de Almeida 

Uruguay-China

Uruguay invitó a China para participar en la mayor obra de su historia

Mujica china
Infolatam/Efe
Montevideo, 24 de junio de 2012
Las claves
  • El puerto es "clave en la estrategia del país" y "no solo tiene trascendencia geopolítica y geocomercial" sino que "va a significar un cambio muy importante en el diseño de desarrollo económico de Uruguay", dijo Cánepa.
  • "En dos o tres años sabremos si hay petróleo y/o gas en esa zona y el puerto proyectado deberá tener infraestructura como para su explotación", agregó.
El Gobierno uruguayo invitó a su similar de China para que participe en la “construcción y desarrollo” de un puerto de aguas profundas en el océano Atlántico, que será por su importancia y costo “la mayor obra de la historia del país”, destacaron fuentes oficiales.
El ofrecimiento fue realizado por el presidente uruguayo, José Mujica, al primer ministro chinoWen Jiabao durante una reunión de trabajo en la que participaron varios ministros de ambos países.
El mandatario dio detalles sobre la “elaboración y diseño” del puerto de aguas profundas y sobre la “potencialidad enorme” que su construcción supondrá para el país y la región, destacó el prosecretario de la Presidencia, Diego Cánepa.
La construcción de un puerto de aguas profundas en las costas del departamento de Rocha, limítrofe con Brasil, es un tema que desvela al presidente Mujica que está decidido a impulsarlo antes de que finalice su mandato, en 2014.
El puerto es “clave en la estrategia del país” y “no solo tiene trascendencia geopolítica y geocomercial” sino que “va a significar un cambio muy importante en el diseño de desarrollo económico de Uruguay”, agregó el funcionario.
Cánepa aseguró que varias empresas de distintos países “también están interesadas” en la obra y en un plazo, que estimó de cuatro meses, una misión oficial uruguaya viajará a Pekín para “informar ampliamente y con más detalles” a las autoridades chinas sobre el proyecto.
El puerto de aguas profundas en el Atlántico será “la mayor obra de la historia de Uruguay” y, además, demandará “la mas grande inversión hasta ahora en el país con varios miles de millones de dólares”, destacó.
El prosecretario recordó que en la misma zona del este uruguayo donde se proyecta la obra, hay “buenos indicios” sobre la posibilidad de encontrar petróleo y gas en la plataforma continental del país,
“En dos o tres años sabremos si hay petróleo y/o gas en esa zona y el puerto proyectado deberá tener infraestructura como para su explotación”, agregó.
Los estudios técnicos y de factibilidad del puerto están actualmente a la espera de ser aprobados por Mujica y luego seguirá la etapa “del diseño”, señaló Cánepa.
Además, destacó que durante el encuentro entre el presidente uruguayo y el primer ministro chino se conversó sobre la posibilidad de acordar un memorando de entendimiento entre los países del Mercosur (Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay) y China.
Ese tema será analizado la próxima semana en la “cumbre” del bloque regional que se celebrará en la ciudad argentina de Mendoza y durante la cual los presidentes tendrán una “vídeo conferencia” con Wen Jiabao, agregó.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Debate debiloide: voce quer austeridade ou crescimento?

Ou o jornalista é um completo idiota, ou outras figuras, cujos nomes me escuso não mencionar, pensam que somos todos idiotas, ao defenderem o crescimento, a distribuição, os empregos, no lugar da austeridade, da recessão, do desemprego.
Será que eles regulam bem?
Qual é o político são de espírito que vai proclamar sangue, suor e lágrimas para seus cidadãos eleitores?
Qual é o jornalista idiota que acha que recessão é uma escolha política, podendo ser trocada por algo mais palatável?
Ou seja, a pergunta, ou as supostas opções, são completamente idiotas e sem sentido.
Só vai postado aqui para que se constate, mais uma vez, o nível (lamentável) do debate político e econômico neste nosso continente.
Mas, nos outros também: ou os indignados acham que os governos podem escolher entre bondades e maldades como num passe de mágica?
Acho que vou ter de revisar meu artigo sobre o número crescente de idiotas no mundo: ele é muito maior do que alguém pode imaginar...
Paulo Roberto de Almeida 

França, François Hollande, América Latina

América Latina prefere a reativação (François Hollande) à austeridade (Angela Merkel)

Infolatam
Madri, 13 de maio de 2012
Las claves
  • Dilma Rousseff: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
(Especial para Infolatam por Rogelio Núñez)-. François Hollande assume na terça-feira, como novo presidente da República francesa. A chegada ao Elísios do líder socialista pode supor um giro às políticas econômicas ortodoxas europeias sustentadas por Angela Merkel. A América Latina parece se inclinar mais pelas teses do novo chefe de Estado francês que pelas sustentadas pela chanceler alemã, pois uma rápida reativação europeia melhoraria o panorama econômico mundial do qual depende a atual prosperidade latino-americana.

As presidentas Merkel e Fernández em um encontro oficial em 2010
Até agora a UE seguiu a receita da chanceler alemã, Angela Merkel, quem advertiu  ao novo presidente francês, o socialista François Hollande, que não pensa romper o pacto de austeridade fiscal que acordou com o presidente que sai do poder, Nicolas Sarkozy: “o pacto fiscal não é renegociável, como não é nenhum outro tratado europeu depois de umas eleições em um país, porque se fosse assim não se poderia trabalhar na UE”.
De todas as formas, muitos analistas, como o ex-presidente do governo espanhol Felipe González, acreditam que “talvez haja um presidente da República francesa que se atreva a lhe dizer que não à senhora Merkel quando não tenha razão”.
Cabe recordar que, durante a campanha, Hollande assegurou que “Merkel estará contra algumas coisas (de suas propostas), mas haverá uma negociação. A Alemanha não vai decidir por toda a Europa”, e depois de seu triunfo ratificou que “a mudança começa agora. A austeridade não pode ser uma condenação”.
Como sustenta Moisés Naim no jornal El País “crescimento ou austeridade? Este é o grande debate destes tempos. Surpreendentemente, propõe-se como um menu no qual os países têm a liberdade de escolher o prato que mais lhes parece. A quem lhe apetece a austeridade? Pagar mais impostos, ter menos e piores serviços públicos, perder subsídios e reduzir a proteção social? Aos alemães. Mas desde que sirva aos seus vizinhos europeus”.
México, Brasil e Argentina apoiam as teses de Hollande
A vitória de Hollande e a possível mudança de política econômica na UE foram bem recebidas na América Latina, pois o bom momento econômico latino-americano depende de que exista uma boa conjuntura econômica internacional, algo que, com tão sérias nuvens negras na Europa, parece difícil.
Os três países latino-americanos no G-20, Brasil, México e Argentina, respaldam a ideia de Hollande de apostar pela reativação antes que pela austeridade estrita de Angela Merkel.

A ideia de Calderón é de que a crise na UE "não só significará a potencial implosão do euro, senão uma crise econômica com consequências devastadoras para o resto do mundo"
Já em sua época o presidente mexicano Felipe Calderón alertou sobre a existência de “uma bomba de tempo. A bomba está na Europa e estamos trabalhando juntos para desativá-la, antes que exploda todos”. Calderón recomendou a Europa que tire “a bazuca imediatamente antes que a pólvora se umidifique… criar um corta-fogos para evitar a queda da terceira e quarta economias europeias (em referência a Itália e Espanha)”.
A ideia de Calderón é que a crise na UE “não só significará a potencial implosão do euro, senão uma crise econômica com consequências devastadoras para o resto do mundo” e a saída da crise está em injetar mais dinheiro pois “quanto mais dinheiro pões no corta-fogos, mais confiança crias, e menos dinheiro precisas, o contrário também ocorre … aqui é onde o apoio internacional é crucial … na Europa, economias solventes precisam urgentemente renegociar suas dívidas e uma  enorme ajuda externa”.
A postura mexicana coincide com a que o Brasil vem sustentando. Dilma Rousseff enviou uma felicitação a François Hollande na qual claramente se inclinava para que ambos governos sejam aliados nos foros internacionais contra as “políticas recessivas”: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
A aposta de Hollande e Rousseff seria concordante a favor de “políticas que favoreçam o crescimento, o emprego, a inclusão e a justiça social”.
Do mesmo modo, o antecessor de Rousseff, Lula da Silva, crítico com os planos de auteridade (“castigam às vítimas da crise e distribuem prêmios aos responsáveis. Há algo de equivocado nesse caminho”), deu as boas-vindas à mudança que encarna Hollande (“tenho a segurança de que a liderança terá um importante impacto em toda a Europa, em um momento onde são fundamentais a coragem e a ousadia para que a população do continente recupere a esperança e para que a economia volte a gerar empregos”).
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que tradicionalmente apoiou políticas econômicas nada ortodoxas, também felicitou Francois Hollande e alabou as posturas do dirigente socialista com a qual disse estar em sintonia: “parece-nos muito interessante a postura do novo presidente da França a respeito do crescimento e da necessidade da geração de emprego como um dos instrumentos para enfrentar a crise e não o ajuste … Bem-vindo seja (o novo governo) e tomara que possa atuar e articular com outros membros do G20 para poder fazer coisas que nós viemos dizendo há bastante tempo”.
O socialismo do século XXI e Hollande

Hugo Chávez acha que a vitória de Hollande ratifica que "o povo francês tem reafirmado sua profunda vocação republicana".
Os representantes do socialismo do século XXI veem no triunfo de Hollande uma ratificação das suas teses de maior intervenção estatal e políticas de incremento da despesa pública, sobretudo em temas sociais.
Nessa linha, Hugo Chávez acha que a vitória deHollande ratifica que “o povo francês tem reafirmado sua profunda vocação republicana, que antepõe a vontade política à fatalidade dos mercados, a sensibilidade social à receita financeira, a justiça e a solidariedade à exclusão”.
Evo Morales saudou o triunfo do socialistaFrançois Hollande como a mostra do início de importantes mudanças nas políticas econômicas que até agora a UE impulsionou:  “o complexo contexto mundial que atualmente enfrentamos, caracterizado por uma crise de ordem estrutural que preocupa o âmbito financeiro, energético, ambiental e alimentício, nos propõem a necessidade de seguir impulsionando novos paradigmas que respondam à vontade libertadora e transformadora dos nossos povos”.
Rafael Correa também confirmou que a vitória de Hollande evidencia o fato de que “novos ventos sopram pela França. Eu acho que por toda a Europa”, acrescentou o mandatário, quem recordou que na “Bélgica também chegou um governo socialista”.
A própria chancelaria equatoriana felicitou “por sua vitória ao presidente eleito da França, François Hollande, como expressão do triunfo da democracia no país irmão e seu povo que ‘elegeu a mudança”.
Na Nicarágua, Daniel Ortega foi igualmente claro em seu respaldo a Hollande frente às propostas deMerkel: “valorizamos grandemente essa vitória sua, que reviveu a esperança de justiça social na França, reinstalando os valores republicanos e realçando a sensibilidade e a solidariedade, frente ao império dos mercados”.
A agenda latino-americana de Hollande
O mesmo Hollande se declarou próximo às teses dos dirigentes latino-americanos de esquerda que louvaram suas teses de reativação já que a América Latina “hoje é dirigida por muitos governos progressistas e presidentes que querem também a mudança da situação em seus próprios países”.

O novo presidente francês deverá encontrar um espaço para ter uma agenda latino-americana.
O novo presidente francês deverá encontrar um espaço para ter uma agenda latino-americana já que além da aliança militar com o Brasil, a França deve atender outros frentes como as diferenças com México pelo casoCassez e o problema surgido na Colômbia pelo sequestro de Roméo Langlois pelasFarc.
A viagem de Nicolas Sarkozy em 2009 ao Brasil significou o passo definitivo na aliança franco-brasileira. O mais importante dos convênios assinados referia-se à construção conjunta de um submarino de propulsão nuclear e outros quatro convencionais do modelo francês Scorpene, bem como do estaleiro onde se fabricarão os navios e de uma base naval de apoio.
Quanto ao “caso Cassez”, as relações entre México e França viram-se danificadas nos últimos seis anos por causa da disputa que mantêm por Florence Cassez, uma francesa condenada no México a 60 anos de prisão por sequestro e outros delitos.
Para as autoridades mexicanas, Cassez é um exemplo do sucesso do Governo encabeçado pelo presidente Felipe Calderón na luta contra o crime organizado, enquanto o mandatário francês,Nicolas Sarkozy, converteu-a em uma mostra do seu compromisso com seus compatriotas encarcerados no exterior.
Hollande, no momento, tem assegurado que ”com a América Latina quero ter uma relação coerente e duradoura”.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

InfoLATAM, agora tambem em Portugues


Querido amigo:
queremos compartir contigo una buena noticia.
Te adjunto nota sobre el acuerdo que hemos firmado Terra-Infolatam. Para nosotros es muy importante y te pido ayuda para que le des difusión. Estamos muy orgullosos de que nuestra Infolatam se internacionalice y sea la primera web española que afronte el reto de salir en Brasil con una edición en portugués.
Gracias por tu ayuda y un abrazo

Consuelo Alvarez de Toledo y Consuelo Ysart

INFOLATAM Y TERRA ACUERDAN UNA ALIANZA EDITORIAL EN BRASIL
 Terra e Infolatam han alcanzado una alianza estratégica para la publicación de Infolatam en el portal Terra en Brasil. Este nuevo diario en la red,  (http://www.infolatam.com.br/),  está realizado íntegramente en portugués y forma parte de la sección de Noticias de América Latina en el portal Terra en Brasil.
www.infolatam.com, primera web de información y análisis de América Latina, inicia así una nueva etapa de expansión. Tras este lanzamiento en Brasil, que ha comenzado su andadura esta semana, el acuerdo continuará con la integración de Infolatam en español dentro de otros portales de Terra en América Latina.
Consuelo Alvarez de Toledo, presidenta y editora de Infolatam, considera que esta alianza abre una nueva etapa de expansión empresarial en la región. “Con la publicación de nuestros contenidos de análisis e información en portugués Infolatam quiere contribuir al mejor conocimiento de América Latina en Brasil, país que hoy es un referente no sólo regional, sino también imprescindible para entender la actualidad global”. 
Por su parte Antonio Prada, director de Contenidos y Productos LatAm y US de Terra, manifestó que el acuerdo amplía la oferta de contenidos de America Latina en Brasil. "Además de la producción de todos los países de Terra en la región agregamos también una visión plural sobre la actualidad política, económica y social de América Latina". 
Terra cuenta con 900 profesionales. Está presente  en 18  países, incluido Estados Unidos, y  tiene aproximadamente 100 millones de visitantes únicos. Por su parte, Terra TV tiene 12 millones de usuarios únicos, con un promedio de 1.500 millones de vídeos vistos al año. Desde 1999, Terra es parte del Grupo Telefónica, una de las primeras compañías mundiales de telecomunicación.
Infolatam S.L., editora de www.infolatam.com y a partir de ahora, de www.infolatam.com.br, seis años después de su nacimiento es hoy el medio internacional de referencia para analistas, inversores, investigadores y ejecutivos que tienen intereses en Latinoamérica. Con más de medio centenar de especialistas, Infolatam publica diariamente noticias, informes y análisis sobre la actualidad política, económica y social de América Latina.

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Consuelo Alvarez de Toledo Saavedra

Presidenta/Editora
c/ Nuria 45 2
28034 Madrid
Tfno: 34 629293090
www.infolatam.com

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Brasil-EUA, vistos desde Espanha - Carlos Malamud

Uma outra visão da relação Brasil-EUA, por um especialista argentino baseado na Espanha.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil: sexta economía mundial

Infolatam
Madrid, 8 abril 2012
Por CARLOS MALAMUD
(Carlos Malamud. Especial para Infolatam)

Brasil gastará 35 mil millones de dólares en los próximos 25 años en modernizar su armamento y sus fuerzas armadas, que tendrán la suficiente capacidad disuasoria para defender su territorio y sus recursos naturales. El proyecto incluye la fabricación y compra de submarinos de propulsión nuclear y sofisticados aviones cazas, junto a una vasta panoplia tecnológica. Esta noticia confirma que Brasil se toma muy en serio su condición de sexta economía mundial y pretende ser un actor global e influyente en la agenda internacional.
Pese a sus recientes tics pacifistas, ha entendido que sin fuerza no hay potencia. Así lo señaló Dilma Rousseff al ratificar la Estrategia Nacional de Defensa: “Un país que aspira a tener dimensión internacional tiene que tener en las fuerzas armadas un ejemplo de su capacidad. Es imprescindible disminuir nuestras vulnerabilidades, modernizar los medios operativos e integrar cada vez más las tres fuerzas”. Continuaba así la política definida por Lula en torno a la defensa de la Amazonía y la Amazonía Azul, la riquísima cuenca presal de gas y petróleo.
Sin embargo, su política exterior mantiene actitudes de país emergente, con un discurso victimista centrado en valores reactivos, como su negativa a ingresar en la OCDE o el objetivo de ser miembro permanente del Consejo de Seguridad. Así creen que el mundo, comenzando por EEUU, no los comprende ni reconoce su potencial, como prueban las reacciones ante la visita de Rousseff a Washington y la comparación de su agenda con las muestras de afecto propinadas por Obama a David Cameron en su reciente viaje. Lo que más ha dolido es que no haya cena en la Casa Blanca ni salida “informal”. Según Reuters, funcionarios brasileños se quejaron de no disfrutar de una “relación especial” como el Reino Unido, pese a su mayor poderío económico y de no ser tratados como un socio importante. Un colaborador cercano a Rousseff insistió:  “No tenía que ser una visita de Estado, pero Obama podría haberla invitado a cenar o llevarla al Kennedy Center”.
Como señaló Moisés Naím, la sintonía bilateral podría ser mucho mayor. Junto a las incomprensiones mutuas hay una gran responsabilidad de EEUU por el trato a Brasil. Washington se queja de que Brasil se ha transformado en la Francia de América Latina y obstruye algunas negociaciones internacionales para exhibir su poder: “Cuando interfieren en nuestras iniciativas para detener el programa nuclear de Irán o impiden los acuerdos en otras negociaciones, lo hacen para obligarnos a prestarles atención. Y lo logran. Pero no se dan cuenta de que esto ha ido minando nuestra disposición a tratarlos como un aliado confiable. Tenemos que esperar que Brasil madure como potencia”.
Como en toda disputa, los dos tienen algo de razón. Brasil, que en las décadas de 1940 y 1950 fue un gran aliado de EEUU, hoy es sólo su octavo socio comercial. Sus intercambios bilaterales, 74.000 millones de dólares, son muy inferiores a los de EEUU con China, 503.000 millones. Sin embargo, las respuestas de por qué Washington y Obama prefieren a Cameron y no a Rousseff están en las políticas exteriores y las actitudes de ambos gobiernos. Mientras Londres es un aliado fiel de la OTAN y coinciden sus puntos de vista sobre Irán, Siria, Libia y otros temas candentes de la agenda internacional, éste no es el caso de Brasil, que ha impulsado la creación de la CELAC, en contra del “panamericanismo” y de la OEA.
Si Brasil aspira a ser una gran potencia internacional, y tiene todo el potencial, las condiciones y el derecho a serlo, debe modificar sus relaciones con el mundo, sabiendo que cuánto más poderoso es uno menos simpatías recoge y que cada vez que toma una decisión hay ganadores y perdedores. Éste es el reto del gobierno brasileño y de Itamaraty y es de esperar que estén a la altura de los acontecimientos. De conseguirlo, sería una excelente noticia no sólo para Brasil, sino también para América Latina, el hemisferio americano y Occidente en general.

Carlos Malamud: Catedrático de Historia de América de la Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), de España e Investigador Principal para América Latina y la Comunidad Iberoamericana del Real Instituto Elcano de Estudios Internacionales y Estratégicos. Ha sido investigador visitante en el Saint Antony´s College de la Universidad de Oxford y en la Universidad Torcuato Di Tella de Buenos Aires y ha estado en posesión de la Cátedra Corona de la Universidad de los Andes, de Bogotá. Entre 1986 y 2002 ha dirigido el programa de América Latina del Instituto Universitario Ortega y Gasset, del que ha sido su subdirector. Actualmente compatibiliza su trabajo de historiador con el de analista político y de relaciones internacionales de América Latina. Ha escrito numerosos libros y artículos de historia latinoamericana. Colabora frecuentemente en prensa escrita, radio y TV y es responsable de la sección de América Latina de la Revista de Libros.

domingo, 31 de julho de 2011

A diferenca entre democracia e ditadura...

En qualquer democracia "normal" do mundo, mesmo as de mais baixa qualidade, esse partido, essa gerontocracia, esse partido, esse senhor, já teriam sido postos porta afora do governo, mediante eleições livres.
O povo pode tolerar incompetência econômica durante certo tempo, estimando que o futuro pode melhorar as coisas. Mas dificilmente tolerará cinquenta anos de penúria, de desastres econômicos, de falta de perspectivas, a não ser que seja submetido a uma ditadura poderosa.
Curioso que tem gente, no Brasil e em outros lugares, que ainda defende um regime desse tipo...
A verdade é que o regime cubano viveu de subsídios soviéticos durante muito tempo, até que acabou. Agora vive de mensalão bolivariano, que um dia vai acabar também. Vão tentar uma via chinesa, ou seja, capitalismo com ditadura do Partido Comunista. Em Cuba não vai dar certo...
Como já disse alguém: o socialismo dura enquanto dura o dinheiro dos outros...
Paulo Roberto de Almeida

Cuba: Raúl Castro cumple 5 años en el poder clamando contra desorden económico
Infolatam/Efe
La Habana, 30 de julio de 2011

Las claves
La "batalla económica" ha sido el empeño de Raúl Castro desde que tomó las riendas de la isla, el 31 de julio de 2006.
El "traspaso de poderes" se ha completado este año, cuando el Partido Comunista designó a Raúl su primer secretario en sustitución de un Fidel que acudió a la clausura del VI Congreso del PCC.
El presidente de Cuba, Raúl Castro, cumple este domingo cinco años al frente del país intentando “actualizar” el socialismo y clamando contra el desorden y los incumplimientos que obstaculizan sus reformas económicas para superar la aguda crisis que arrastra la isla.

Hace unos días ante su Consejo de Ministros, el general Castro volvió a criticar incumplimientos, mala planificación y deficiencias y advirtió que jueces y fiscales tendrán un papel “determinante” ante las faltas que perjudican la economía.

La “batalla económica” ha sido el empeño de Raúl Castro (80 años) desde que tomó las riendas de la isla: fue el 31 de julio de 2006 cuando su hermano Fidel, tras medio siglo en el poder, delegó en él sus responsabilidades por una grave enfermedad.

Raúl asumió primero de forma provisional y en 2008 fue ratificado en la Asamblea Nacional de Cuba como presidente.

El “traspaso de poderes” entre los Castro se ha completado este año, cuando el Partido Comunista designó a Raúl su primer secretario en sustitución de un Fidel que acudió a la clausura del VI Congreso del PCC para levantar el brazo de su hermano menor en una simbólica imagen que tendrá lugar destacado en el abultado álbum de la revolución.

Fue el VI Congreso comunista el que también aprobó su plan de reformas para poner a producir a Cuba, alejarla del precipicio de la crisis e intentar evitar que se hunda una revolución que ha cumplido ya 52 años.

Lo que la retórica oficial llama “actualización” económica supone una apertura a la iniciativa privada: más de 325.000 cubanos ejercen ya el trabajo por cuenta propia con la novedosa posibilidad de contratar asalariados.

Esta es una de las principales medidas puestas en marcha junto a una masiva reducción de las abultadas plantillas del estado cubano.

La “batalla” del general Castro también se libra en el campo con un plan -que no acaba de dar los resultados deseados- de entrega de tierras en usufructo para aumentar la producción de alimentos, cuestión de “seguridad nacional” porque la isla gasta más de 1.500 millones de dólares al año en importar el 80 por ciento de los víveres que consume.

En las últimas semanas se han producido además anuncios de calado social como leyes para permitir la compraventa de viviendas y automóviles entre particulares.

En su primer quinquenio en el poder, Raúl Castro también ha clamado contra el inmovilismo y los dogmas, ha llamado a desterrar la burocracia, quiere desmontar el paternalismo estatal con la supresión de subsidios “innecesarios” y ha emprendido acciones contra la corrupción.

Analistas consultados por Efe coinciden que en el “quinquenio raulista” se han planteado cambios económicos profundos y se ha introducido más racionalidad aunque los más críticos insisten en que se trata de medidas “insuficientes” y “muy lentas”.

El economista disidente Óscar Espinosa atribuye esa lentitud a la resistencia de sectores conservadores y ortodoxos del régimen junto a la falta de audacia y vacilaciones de los “reformistas”.

Para otros disidentes, la situación de los derechos civiles, políticos, económicos y culturales “ha empeorado” durante el mandato del general Castro, según Elizardo Sánchez, activista de derechos humanos.

Pese al proceso de excarcelaciones de presos políticos del último año, Sánchez denuncia un aumento de la represión con un sistema de detenciones de corta duración contra opositores.

En la calle, las impresiones ante las reformas “raulistas” oscilan entre la indiferencia, el escepticismo y tímidas esperanzas.

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"Vivemos o fim de uma casta política"
Entrevista: Yoani Sánchez
Correio Braziliense, 31/07/2011

Yoani Sánchez transformou-se em uma espécie de símbolo da oposição cubana. Aos 35 anos, é a responsável pelo blog Generación Y — por meio do site na internet, ela denuncia as mazelas políticas e sociais da ilha. Em entrevista ao Correio, por telefone, de Havana, a ativista admite mudanças importantes em Cuba na direção da abertura político-econômica. No entanto, considera essas transformações lentas e afirma que elas ainda não surtiram efeito na mesa e no bolso dos cubanos. De acordo com Yoani, os cinco anos de governo Raúl Castro são marcados por um "pecado original". "É um presidente que não foi eleito, que chegou ao poder por via sanguínea", explicou. A mulher que em 2008 esteve na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, da revista Time, é otimista em relação ao futuro. "Creio que estamos vivendo o fim de uma casta política e de uma geração no poder", comentou, apesar de reconhecer as inúmeras dificuldades que a população cubana tem enfrentado.

O que mudou em Cuba desde a saída de Fidel Castro, cinco anos atrás?
Evidentemente, Raúl Castro e Fidel Castro têm estilos de governo diferentes. Fidel era um homem que governava da tribuna, com um microfone nas mãos e com quilométricas intervenções públicas. Raúl é muito mais comedido a falar, não? Por exemplo, um detalhe simpático é que, desde que Raúl Castro começou a comandar o país, a programação televisiva passou a ser respeitada. Não há mais as interrupções causadas pelos longos discursos de Fidel Castro. As donas de casa estão felizes porque já não se suspende a transmissão das telenovelas brasileiras. O governo de Raúl Castro está marcado por um pecado original, que ele é incapaz de solucionar. Trata-se de um presidente que não foi eleito, que chegou ao poder por via sanguínea. Funciona como um reino. A população espera que um governante cumpra com um programa, mas Raúl nada teve que prometer para chegar ao poder.

Houve transformação expressiva em relação às liberdades individuais e aos direitos civis?
O tema dos direitos dos cidadãos e civis não registrou avanços evidentes e claros. Com Raúl Castro, continuamos com o monopartidarismo. Com Raúl Castro, seguem em pé as leis que penalizam a opinião em Cuba. Por exemplo, a chamada Lei nº 88, conhecida como Lei da Mordaça, que levou à prisão 75 opositores e dissidentes em 2003, está vigente no Código Penal cubano. Todavia, em Cuba não é possível criar uma associação independente e inscrevê-la legalmente em um cartório. Todavia, em Cuba não é possível entrar nem sair do território nacional livremente para os nascidos neste país. A falta de liberdades está intacta. O que se passa é que a repressão mudou de estilo com Raúl Castro. Com seu irmão, por exemplo, quando Fidel citava os nomes dos opositores e os "satanizava" em público, os dissidentes acabavam condenados a longas penas de prisão. Com Raúl, esse ponto é diferente. A repressão está no aumento da militarização da sociedade cubana. No entanto, os dissidentes já não são mais condenados a longas sentenças. São detidos por algumas horas ou por alguns dias, sem que haja qualquer constância legal ou documento que conste a repressão. Nesse caso, Raúl Castro tem feito uma repressão mais silenciosa, mais calada. A repressão com Fidel era mais evidente.

Durante esses cinco anos, os cubanos tiveram mais prejuízos ou mais benefícios?
Penso que tivemos mudanças importantes, na direção da abertura. O problema é o ritmo dessas reformas. Houve um impacto muito positivo, os cubanos já podem entrar livremente nos hotéis, comprar computadores e obter um contrato de telefonia móvel. São avanços ocorridos no governo de Raúl Castro. No entanto, em relação às expectativas iniciais, com o que as pessoas esperavam que ocorresse a partir de 31 de julho de 2006, as estatísticas oficiais atestam que Raúl decepcionou. No ano passado, 38.165 cubanos emigraram definitivamente de Cuba. Eles não quiseram esperar e se cansaram da lentidão das reformas.

As reformas anunciadas até então surtiram efeito na vida dos cidadãos cubanos?
As reformas econômicas implementadas pelo governo de Raúl Castro estão orientadas na direção correta, no sentido da flexibilização. Lamentavelmente, elas ocorrem a um ritmo muito lento e a uma profundidade bastante superficial. Os efeitos dessas reformas não são vistos no prato, sobre a mesa dos cubanos, ou nos bolsos. Os salários estão totalmente fora da realidade comercial do país. A produção agrícola também não aumentou de modo notável. Inclusive, ela diminuiu nos setores do tabaco, do café e do açúcar.

Que dificuldades um morador de Cuba enfrenta atualmente?
Eu diria que são as dificuldades econômicas e as dificuldades que têm a ver com a falta de liberdade. Entre as dificuldades econômicas, está o colapso do transporte público interprovincial. Vivemos em um país onde o tema dos transportes é um capítulo agonizante. A dualidade monetária é uma espécie de esquizofrenia econômica que vivemos há 17 anos e, no entanto, diminui muito o nível de vida da população cubana. Os salários também estão bastante ínfimos. Um profissional médio tem um salário mensal de cerca de US$ 20. Todavia, há limitações e regulações no tema da propriedade. Ainda que o Congresso do Partido Comunista Cubanao tenha anunciado a abertura do mercado imobiliário e a compra e a venda de carros, na prática isso não funciona. Nos últimos quatro anos, pedi em 17 oportunidades autorização para viajar e, em todas, ela me foi negada. Os cubanos não podem fundar um partido ou uma associação, e nem podem ler outro veículo de imprensa que não seja a oficial. Isso cria uma sensação de asfixia econômica e política, que empurra a maioria das pessoas ao sonho de migrar.

A senhora é otimista ou pessimista em relação ao futuro da ilha?
Sou otimista. Realmente, creio que estamos vivendo o fim de uma casta política e de uma geração no poder. O fim de um discurso do século 20. A apatia, o oportunismo e a falta de fé no sistema estão causando uma corrosão no sistema político. De braços cruzados, os cubanos estão conseguindo fazer o que talvez não pudessem de punhos erguidos.