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domingo, 18 de março de 2018

China: a grande ofensiva na America Latina - World Economic Forum

The challenges of Chinese investment in Latin America

The World Economic Forum, committed to improving the state of the world, is the International Organization for Public-Private Cooperation #wef
A fire dragon dance during Chinese Lunar New Year celebrations in Cotia, Brazil. Image: REUTERS/Paulo Whitaker
Lourdes Casanova, Senior Lecturer and Academic Director, Emerging Markets Institute, Johnson School of Management, Cornell University


As São Paulo hosts the World Economic Forum on Latin America 2018, it is time to consider China’s important influence on economies and business in the region since the Forum’s last meeting in Brazil, in 2011.
With foreign trade worth $4 trillion, China is the world’s most important trading country. Besides the US, it is also the most important trading partner for 100 countries, including Argentina, Brazil, Chile, Peru and Uruguay.
During South America’s golden decade from the early 2000s, the region welcomed China as a key enabler of its commodities super-cycle. Now, China has moved beyond trade to being a major investor, whose presence is felt in primary sectors such as mining, oil, construction, banking and utilities. As much as we all admire China’s tremendous economic progress, these changes have generated a number of issues to consider:

Speed and depth

In just 10 years, China has become a key trade partner and investor in the region. Its presence has been felt beyond trade. China has started using the renminbi in swaps worth $70 billion in Argentina, $27 billion in Brazil and, more recently, approximately $3 billion in Chile.
Since 2010, China has been a source of financing for the region, according to a study published by The Inter-American Dialogue in 2016. China loaned $65 billion to Venezuela in exchange for oil, $21 billion to Brazil and approximately $15 billion to both Argentina and Ecuador. Although certain sources claim that China favoured left-wing governments, it continued its loans to Argentina and Brazil after their respective governments changed. In fact, it is reconsidering its loans to Venezuela because of the country’s political chaos.
On the venture capital side, China has increased its investments to more than $1 billion in 2017, compared to only $30 million two years previously, according to the research firm Preqin.

Unidirectional investments

While Chinese investments are felt all over, Latin American investments in China are limited to a few companies, such as Brazilian firms Embraer and Vale, and the Mexican Grupo Bimbo. Although Asia receives the majority (66%) of Chinese investments, Latin America comes second, receiving 12%, followed by Europe (7%), the US (5%) and Africa (3.5%). Of Chinese investments in Latin America, Brazil received 55%. In 2013 there were 60 investment projects in Brazil led by 44 Chinese companies (Sinopec and State Grid are the leaders) worth a total of $68 billion, according to data from the Brazil-China economic council.

State versus private

The first wave of privatizations in Latin America started in Chile in 1987, with its telecommunications industry. The privatization of banking, electricity, highways and pension systems followed. Today, as Brazil and Mexico (primarily) are starting a second wave of privatization, it is a paradox that Chinese state-owned companies are buying privatized companies. In the latest move, China Mobile and China Telecom, both partially or totally state-owned, have expressed interest in buying the bankrupt Brazilian telecoms operator Oi.
Chinese investments have moved from primary resources to services, thanks — in part — to the Chinese state-owned utility State Grid, the second biggest company in the world by sales, after Wal-Mart. State Grid supplies electricity to 88% of Chinese territory. It is innovating by reducing the loss of energy in transmission — a key technology for large countries like China and Brazil.
The company entered Brazil in 2010 with the acquisition of seven companies from Spanish company ACS for $989 million. In 2014, State Grid led the IE Belo Monte Consortium, formed by State Grid Brasil Holding S.A. (holding 51%), Brazilian companies Furnas Central Eléctrica S.A. (holding 24.5%) and Eletronorte (holding 24.5 %).
For the first time, Western companies were not part of this consortium, which won the bid to build 2,100 kilometres of electrical grid, running from the hydroelectric power plant Belo Monte in the state of Pará to the southeast of Brazil, worth an estimated $1.5 billion.
In 2015, the electrical sector saw another major investment. China Three Gorges Corp. (CTG) bought the hydroelectric plant Jupiá e Ilha Solteira Brazil Energy for $3.6 billion. Other important investments have been made by Chinese oil companies CNOOC, CNPC and Sinopec, in partnership with Spanish companies Repsol and Petrogal. Together they won the bidding for the exploration of the pre-salt area of the Libra oil field. China has also been active in Brazil’s construction industry: CCCC is building a port in Maranhão.
China’s penetration into the economies of Brazil and the wider region has been rapid, and continues to be so. Much of this Chinese influence is being exercised by the increasing global expansion of Chinese firms, including by those state-owned. This is a paradox for Latin America, as its private, formerly state-owned companies are becoming state-owned companies in another country.
Latin America now needs both to partner and compete with China, a country in which the public and private sectors work in unison, in which the line between public and private is blurred, and in which industrial policies and long-term planning take priority over the short-term.
This is a change of paradigm for a region used to dealing with relatively well-known American and European companies that had been operating in Latin America for a long time. Finding an answer to these challenges will be key to making Latin America and China’s new relationship a win-win for both sides.
Have you read?


Originally published at www.weforum.org.

sábado, 23 de agosto de 2014

Arminio Fraga: o caminho correto na economia - via Rodrigo Constantino


Rodirgo Constantino, 23/08/2014

A lucidez de Armínio Fraga. Ou: Não trocar Mantega por Armínio seria suicídio!

Se o ministro da Fazenda de Dilma, Guido Mantega, vive no mundo da lua, o futuro ministro da Fazenda de Aécio Neves, Armínio Fraga, tem os dois pés no chão e uma compreensão exata de nossos problemas. Sua lucidez é louvável, e basta lembrar de seu imenso sucesso profissional como gestor de recursos para saber que o economista, ao contrário de Mantega, entende das coisas.
Colocaria da seguinte forma, para deixar claro o abismo que os separa: eu não teria Mantega nem como meu estagiário, mas eu me esforçaria bastante para trabalhar para Armínio, ainda que como estagiário. É assim que enxergo a discrepância entre a capacidade de ambos. E basta ver a entrevista nas páginas amarelas de Veja esta semana, com Armínio, para perceber a diferença. Seguem alguns trechos:
Arminio Fraga
Ou seja, há um diagnóstico perfeito do quadro a ser enfrentado, uma noção cristalina dos principais equívocos que nos trouxeram até aqui, nessa estagflação terrível que só tende a piorar, se o curso não for revertido com urgência. E o que Mantega faz? Mais do mesmo, insiste no veneno, acha que está tudo ótimo, quer estimular mais crédito sem lastro, produzir mais medidas populistas. Alguém fica espantado de o Brasil ser o lanterninha até na América Latina em crescimento?
PIB na América Latina
Apenas lembrando que esses 2% até aqui vão piorar com a inclusão do último ano de mandato de Dilma, no qual nossa economia sequer crescerá 0,8%! Mas vamos deixar a crise para trás e abordar as soluções de fato, em vez de as tentativas de o governo mascarar os problemas. Sigamos com a entrevista de Armínio:
Arminio Fraga 2
Só há uma saída: aumentar a produtividade. E para tanto, só há uma forma: soltar as amarras burocráticas do estado, reduzir carga tributária e deixar a economia funcionar com mais liberdade. Ou seja, desfazer as bombas-relógios armadas pelo governo Dilma, segurar gastos públicos para incentivar maior poupança doméstica, atrair o capital privado para a economia. Em suma, ser o inverso do PT, intervencionista ao extremo e populista nos gastos.
Arminio Fraga 3
Armínio tenta mostrar o caminho das pedras sem truques, sem ilusões, sem fantasias. E o que faz o PT? Terrorismo eleitoral! A própria presidente Dilma fica repetindo que vem “tarifaço” por aí, enquanto durante seu próprio governo as tarifas de luz estão tendo de subir mais de 20% em vários lugares, por causa de seu populismo anterior.
Acusa Aécio de “arrocho salarial”, mas o verdadeiro arrocho está acontecendo agora, com essa inflação alta que corrói nossos salários. Diz que é impossível cortar gastos públicos sem retirar benefícios sociais, o que é uma mentira, por ignorar a enorme ineficiência desses gastos, seu destino muitas vezes equivocado, as “boquinhas” dos companheiros, as ONGs engajadas, os bilionários subsídios e privilégios distribuídos com nosso dinheiro para fins partidários apenas.
Enfim, um país que tem a oportunidade de colocar Guido Mantega no olho da rua e substitui-lo por alguém da envergadura técnica de Armínio Fraga, e não o faz, é porque deseja mesmo se afundar na lama e enaltecer a mediocridade. Não trocar Mantega por Armínio seria demonstrar uma vocação um tanto suicida.
Seria como ter a chance de usar a seleção campeã de futebol da Alemanha, mas escolher o time reserva de Várzea. Desejamos ser a próxima Argentina, a próxima Venezuela? Então é melhor pensar bem antes de votar, e ajudar aqueles que não têm a mesma compreensão do quadro econômico a fazer o mesmo.
Rodrigo Constantino

sábado, 5 de outubro de 2013

O segredo bancario suico ainda tem futuro? Uma analise de um corretor de investimentos

A Suíça não é mais aquela: pressionada de todos os lados, teve de entrar em "acordo" com os principais países europeus e, principalmente, com os Estados Unidos, para que seus bancos não fossem punidos e ela mesma fosse inscrita na lista negra dos paraísos fiscais. Agora, pode haver transferência de informações bancárias, desde que haja algum fundamento legal para a requisição do Estado demandante.
Melhor salvar os dedos, entregando os anéis, portanto...
Vejamos o que diz este operador de mercado de investimentos mais ou menos legais...
Paulo Roberto de Almeida


Is France Preparing to Invade Switzerland?
By Bob Bauman JD, Offshore and Asset Protection Editor
The Sovereign Investor

Dear Paulo Roberto,

For the third time in 25 years, the people of Switzerland have overwhelmingly voted to maintain their conscription army.

On September 22, 73% of voters from 26 Swiss cantons rejected a referendum that pacifists and left-wing parties advocated to abolish mandatory military service, which requires part-time army service from each male citizen between the ages of 18 to 34. Women may serve voluntarily.

To believe Swiss military officials, that army may be needed to defend against an invasion by France. Days after the referendum, it was revealed that the Swiss army earlier in August had conducted a military exercise/war game based on a hypothetical invasion by a bankrupt France trying to get back their “stolen” money hidden in Swiss bank accounts.

Taking into account recent events, should the Swiss be more wary of France … or U.S. Attorney General Eric Holder? 

Beginning in the 1930s, Swiss banking practices and laws ensured complete privacy – and, thus, secrecy – for clients, regardless of nationality or the laws of the client’s home country. That era effectively came to an end a few days ago, when the governments of the U.S. and Switzerland struck a deal that allows some Swiss banks to pay fines to avoid or defer prosecution for their U.S. customers’ tax evasion.

As longtime readers will know, this reform process was promoted because of a 2009 lawsuit by Eric Holder’s U.S. Department of Justice against Swiss banking giant UBS for helping Americans keep assets in undisclosed Swiss accounts. The threat of U.S. lawsuits even destroyed the oldest bank in Switzerland, Wegelin & Co., founded in 1741.

Holder forced change on the reluctant Swiss, and the unintended consequence of his strong-arm tactics is probably to their benefit. The reality is that the bullying U.S. could have frozen Switzerland out of the global financial system had it not complied. The uncertainty caused by that possibility effectively ruled Switzerland out as a recommended destination for offshore banking.

A global survey by PricewaterhouseCoopers found that the major attraction for a private bank’s new customers is its reputation. Fortunately, in spite of the UBS scandal, Switzerland’s solid financial reputation still allows this alpine nation to serve as “banker to the world.” Indeed, these days, good judgment and reliability are banking traits more sought after than ever before.

Even considering its many recent international difficulties, Switzerland remains as one of the best all-around asset and financial havens in the world. 
The Gold Standard in Asset Protection
For centuries, the Swiss have acted as banker to the world, acquiring a reputation for integrity and financial privacy. It is also an attractive residence for wealthy people to reside, which may explain why Switzerland is home to nearly 10% of all millionaires in the world.

All these Swiss reforms have produced what Sovereign Society Executive Publisher Erika Nolan has rightfully called “a silver lining” for Americans banking in Switzerland. Freedom Alliance members received a July special report explaining this new world of private banking.

My considered opinion of Switzerland is that it remains the best place for investment management, U.S. tax-deferred annuities and life insurance – all aspects of sound asset protection. In these services and many others, the Swiss excel.

The Sovereign Society respects U.S. tax laws and U.S. reporting requirements. We also value financial privacy, a concept that died in America with the PATRIOT Act.

Switzerland still offers a statutory guarantee of privacy for law abiding and tax paying persons from all nations. The Sovereign Society has existing arrangements with reputable, independent, SEC-registered Swiss asset managers who are able to place American accounts at leading Swiss banks.

Switzerland may be neutral in politics, but it’s far from flavorless. The fusion of German, French and Italian influence has formed a robust national culture, and the country’s alpine landscapes have enough zing to reinvigorate even the most jaded traveler.

My two youngest children, Vicky and Jim, and I will never forget traveling by car from Dijon, France, to Geneva on a frigid, snowy January morning, in awe of the hundreds of rainbows produced by snow showers falling from a million tree branches as the sun arose.

Goethe summed up Switzerland succinctly as a combination of “the colossal and the well-ordered.” You can be sure that your clean, impressive train will be on time. The tidy, “just-so” precision of the Swiss is tempered by the lofty splendor of those landscapes. There’s a lot more here than just trillions of dollars and euros.

The Confederation of Switzerland and its people are survivors, and rich ones at that. This nation manages nearly one-tenth of the world’s offshore cash and assets, over US$4 trillion for people all over the world, and they have done this successfully for centuries.

Despite two World Wars, for 215 years, as European empires rose and fell, Switzerland’s official neutrality, defense of its sovereignty and banking prowess have created a world-recognized island of financial stability. 
Faithfully yours,

Bob Bauman JD
Editor, Offshore Confidential
The Sovereign Investor

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Brasil: investimentos e parcerias publico-privadas - novo livro

Transcrevo do blog de Mansueto Almeida:

Novo livro sobre investimento e parcerias público-privadas

Há mais ou menos um ano, os economistas Luiz Chrysostomo e Gesner Oliveira organizaram um debate na Casa das Garças para debatermos aspectos regulatórios e financiamento do investimento em infraestrutura por meio de parcerias público-privadas. Na reunião estavam presentes vários pesos pesados do ramo, economistas que trabalham diretamente com esse tema.
Dessa reunião saíram vários trabalhos que foram agrupados em um livro sob a coordenação do  Luiz Chrysostomo e Gesner Oliveira que agora chegou no seu formato final e com o prefácio do economista Edmar Bacha.
Eu tenho um capítulo nesse livro, o capítulo 15, sobre o “paradoxo do investimento público no Brasil” (segue anexa a introdução do meu capítulo – clique aqui).  Pelo teor das discussões que tivemos na Casa das Garças, o livro deve estar muito bom e com textos muito interessantes. Para quem quiser participar do debate sobre investimento, principalmente com o foco em parcerias público e privadas, sugiro fortemente a leitura deste livro que será lançado no dia 08 de outubro no Rio de Janeiro e no dia 17 de outubro em São Paulo. Seguem abaixo os folders de divulgação dos lançamentos do livro. Há ainda a possibilidade de lançamento também em Brasília. Comprem o livro que vale a pena.
Lançamento - Convite RJ - Travessa Leblon


Lançamento - Convite SP - Cultura Conj. Nacional

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Taxa de investimento: Brasil na rabeira, e baixando... - Mansueto Almeida

Investimento elevado no Brasil? desculpe, não entendi!

Ontem (14 de agosto de 2013), no debate sobre política macroeconômica na Câmara dos Deputados, apesar das divergências na leitura dos dados entre eu e o Secretário de Política Econômica, Márcio Holland, um ponto em especial me chamou muita atenção. O secretario falou do forte crescimento da taxa de investimento no Brasil, cujo crescimento foi um dos maiores do mundo.
Bom, leitor, você vai aprender agora o que é olhar números de forma diferente. Primeiro, o gráfico abaixo mostra a taxa de investimento trimestral do Brasil em valores correntes do PIB. O último dado oficial do IBGE mostra que essa taxa de investimento foi de 18,4% do PIB no primeiro trimestre de 2013. Se compararmos com o quarto trimestre de 1999 (taxa de investimento de 14,71% do PIB) ou com o quarto trimestre de 2003 (taxa de investimento de 14,85% do PIB) a taxa de investimento no Brasil cresceu perto de 25%.
Gráfico 1 – Taxa de Investimento Trimestral – % do PIB – 1o TRIM 1994 – 1o TRIM 2013GRAF TX INVEST
Fonte: IBGE
Há no entanto um problema. A taxa de investimento havia crescido muito e alcançado 20,61% do PIB no terceiro trimestre de 2008. Mas depois, apesar da forte atuação do BNDES, o que podemos ver de forma muito clara é que o investimento ensaia uma recuperação que não se sustenta, o que pode ser visto pela curva em forma de “U” invertida. Ou seja, se a base de comparação for o terceiro trimestre de 2008 a taxa de investimento atual de 18,4% do PIB despencou apesar da sucessivas intervenções do governo com incentivos setoriais.
Segundo, se compararmos a taxa de investimento do Brasil com todas as outras economias Latino Americanas e Caribe, no total de 30 países ordenados da maior para a menor taxa de investimento, o Brasil estava na 22a posição, em 2012. Investimos mais apenas que Granada, Republica Dominicana, Barbados, Dominica, Guatemala, El Salvador, Paraguai e Trinidad Tobago. Ou seja, qualquer pessoa com algum conhecimento básico de economia sabe que a nossa taxa de investimento é baixa e tradicionalmente inferior à média dos países Latino Americanos+ Caribe.
Tabela 1 – Taxa de Investimento % do PIB em 2012 – América Latina e Caribe
TAB INVESTFonte: FMI
Gráfico 2 – Taxa de Investimento no Brasil versus média da América Latina e Caribe – 1994-2012 – % do PIB
GRAF 2 TX INVESTFonte: FMI 
Infelizmente, a taxa de investimento no Brasil é baixa e não conseguimos alcançar nem a média da América Latina e Caribe. É claro que temos o Paraguai para nos comparar e ficarmos alegres. Mas será essa é uma boa comparação? Opa, mas podemos nos comparar com nós mesmos quanto, no quarto trimestre de 2003, investimos 14,85% do PIB. Mas será essa uma boa base de comparação para explicar a perda de dinamismo recente do investimento da economia brasileira?
 Ao que parece, para o governo, o investimento está se recuperando e já estamos em uma trajetória de crescimento sustentável e o Brasil é uma país que mostra “forte crescimento da taxa de investimento”. Se o governo de fato pensa assim, podem começar a se preocupar porque a coisa vai piorar. É claro que isso vai levar a mais aumento da dívida pública para subsidiar na marra novos investimentos e, no futuro, vamos pagar essa conta (quer dizer, meus filhos e netos).  

Dialogo de surdos: governo de um lado, economistas de outro; adivinhem quem tem razao? - Mansueto Almeida

Resultado do debate na Câmara dos Deputados

Estou sem tempo de escrever muito, mas quem quiser sentir como foi o debate ontem na Câmara dos Deputados entre Eu, Marcos Lisboa (INSPER e ex-secretário de política econômica) e Márcio Holland (titular da SPE-Min da Fazenda) no seminário do PMDB  poderá ler as matérias que saíram na imprensa. Gostei muito do que escreveu a turma do Estadão que destacou bem as divergências que tenho do secretário.
Acho difícil chegar a um meio termo porque para Márcio Holland o governo vem fazendo tudo certo. Me surpreendeu o secretário afirmar que toda a política de subsídio entre Tesouro Nacional e BNDES é transparente e que a SPE foi inclusive elogiada diversas vezes pelo TCU. É justamente o contrário.
Acho que o secretário não leu o último relatório das contas da União do TCU do Ministro do TCU José Jorge no qual ele critica veemente a pouca transparência dos empréstimos do Tesouro para bancos públicos e as manobras fiscias. Por exemplo vejam essa noticia: TCU critica manobras fiscais ao aprovar contas do governo.  Nessa matéria do Globo o Ministro do TCU José Jorge falou que:
“José Jorge atacou a antecipação do pagamento de dividendos a acionistas da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), num total de R$ 7 bilhões, e a utilização de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano, criado em 2008 para garantir apoio a projetos prioritários ou socorrer o país em momentos de dificuldades. O ministro do TCU disse que manobras desse tipo não ajudam o país e podem conduzi-lo a uma “argentinização”.
No mais, para acompanhar o debate, seguem os links: Estado de São Paulo (clique aqui), Portal G1 da Globo (clique aqui) e Valor Econômico(clique aqui). Eu e Marcos Lisboa concordamos em 100% e entre nós[, mas com nosso] colega Márcio Holland não houve muita concordância. O debate foi bem animado e talvez o video seja disponibilizado depois.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Investimentos no Brasil: progressos e atrasos - Suely Caldas


Os investimentos de Dona Dilma

Suely Caldas
O Estado de S.Paulo, domingo, setembro 23, 2012

Decisão e disposição para tocar em frente o investimento em infraestrutura são indispensáveis. Mas encontrar caminhos para fazer acontecer é passo fundamental. Sem isso, não há como avançar. Depois de quase dois anos sem um programa econômico nem definição de rumos para atrair o investidor privado, finalmente o governo Dilma Rousseff despertou. E como quem desperta de um longo sono e descobre ter perdido muito tempo, Dilma deu um salto brusco da cama e bradou que quer e vai fazer. E rápido. Mas demora em encontrar o caminho certo.
Insegurança, indefinições, avanços e recuos e uma perniciosa teimosia em misturar investimento com ideologia têm marcado as últimas tentativas do governo em atrair o capital privado para investir em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia e combustíveis. O grande ausente desta corrida é o sempre esquecido setor de saneamento básico - construção de redes de esgoto e água adequadas -, justamente no que o País tem enorme carência, que gera atraso social e saúde precária da população local.
Ao constatar que não há dinheiro público para tocar os investimentos de que o País precisa, Dilma passou a atuar no campo da regulação. Ou seja, arquiteta modelos de contratos de concessão de serviços ao capital privado em que cabe ao governo definir regras de operação (inclusive em defesa do interesse público), monitorar a execução e fiscalizar seu cumprimento. Como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que criou as agências reguladoras justamente com essa atribuição. Em sua gestão, o ex-presidente Lula simplesmente ignorou a infraestrutura, mas Dilma retomou o caminho seguido por FHC.
Criou a estatal Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e com ela tirou dos ministérios setoriais (em destaque o dos Transportes) a atribuição de planejar e tocar projetos de investimento. Como fez FHC, ao criar as agências reguladoras, que Dilma tratou de enfraquecer quando era ministra de Minas e Energia, para recuperar controle e poder. No momento, a EPL trabalha na concepção de modelos para portos e aeroportos, mas não interferiu nos casos da renovação das concessões do setor elétrico e na exploração do petróleo do pré-sal, esta definida antes da criação da estatal.
Entre os setores que a presidente tenta fazer prosperar, o mais adiantado e também mais confuso é o de aeroportos. Com uma particularidade: há urgência em dar uma solução à expansão do Galeão (Rio de Janeiro) e de Confins (Belo Horizonte), que terão movimentação multiplicada em 2014 com a Copa do Mundo. Mas como andam os investimentos de Dona Dilma, caro leitor? Vamos por partes.

Aeroportos. O governo licitou a concessão dos Aeroportos de Guarulhos, Viracopos (São Paulo) e de Brasília (Distrito Federal). Mas a presidente não gostou do resultado, por duas razões: 1) as operadoras que venceram a licitação são inexperientes e podem se revelar incapacitadas para controlar o trânsito de mais de 5 milhões de passageiros/ano; e 2) o desenho da concessão colocou a estatal Infraero como minoritária, com 49% das ações, e sem poder de controle na gestão dos três aeroportos.
Disposta a corrigir o que enxergou como erros, Dilma recuou do primeiro modelo e despachou para a Europa um grupo de altos funcionários para sondar o interesse de grandes operadoras europeias por uma nova fórmula em que elas atuariam em parceria com a Infraero, mas em posição minoritária e com a estatal no comando da gestão. Ouviram um sonoro não.
Quando o ideológico predomina sobre a racionalidade do negócio, o caminho costuma ser o fiasco. Além disso, é ingenuidade imaginar que operadoras experientes aceitassem entrar apenas com dinheiro e conhecimento técnico e submeter-se ao comando de uma estatal, com todos os defeitos de ingerência política que dão fama às estatais no Brasil.
Diante do fracasso, a equipe de Dilma arquiteta agora um novo desenho: as empreiteiras ficam fora do consórcio, a Infraero entra com 49% das ações e as operadoras estrangeiras assumem a posição majoritária das ações e a responsabilidade da gestão dos dois aeroportos (Galeão e Confins). Além disso, um importante e bem-vindo acréscimo: haverá uma ação do tipo golden share, que dá ao Estado poder de veto em certas decisões estratégicas. O governo FHC recorreu à golden share nas privatizações da Vale e da Embraer, e até hoje não foi necessário a ela recorrer. Em aeroportos, uma golden share tem a vantagem de prevenir situações de risco à segurança do País.
Não há, ainda, uma decisão final para o Galeão e Confins, mas espera-se que o pragmatismo de Dilma prevaleça sobre sua teimosia ideológica.

Exploração do petróleo. Se a 11.ª rodada de licitação de novas áreas de petróleo ocorrer em maio de 2013, como assegurou o governo na terça-feira, o Brasil terá completado quatro anos e cinco meses vivendo a absurda situação de renunciar (sem motivo aceitável) a explorar um produto com alto potencial de gerar empregos, renda, progresso, divisas, crescimento econômico e poder de engordar o Produto Interno Bruto (PIB).
É inexplicável os governos Lula e Dilma terem passado tanto tempo sentados em cima de tamanha riqueza sem explorá-la. A desculpa de o Congresso Nacional não ter aprovado a lei da divisão dos royalties do petróleo do pré-sal, além de não valer para as áreas que serão listadas na 11.ª rodada, é fora de propósito. Na verdade, o governo desistiu de pressionar o Congresso para apressar a aprovação dessa lei, como fez com tantas outras e mostrou que, quando quer, é capaz de domar o Poder Legislativo. Vejamos agora se, no caso do petróleo, realmente acontece o brusco despertar de um longo e profundo sono.

Energia. Foi bem-vinda a decisão de reduzir a tarifa da energia elétrica, mas o governo o fez de forma tão autoritária, sem dialogar com as empresas, que vai conseguir é atrasar o processo, além de provocar demissões de funcionários, como já foi anunciado por Furnas e que será seguido pelas demais empresas do grupo Eletrobrás (Eletronorte e Chesf).

Portos. O governo trabalha em alternativas para atrair o investidor privado e expandir a capacidade portuária. A que leva menor chance pode ser a melhor: privatizar as empresas Docas, que administram os portos do País.

domingo, 12 de agosto de 2012

Os EUA recuam: investimentos sao superados pelas transferencias sociais


Os EUA aperfeiçoaram os instrumentos de sua própria decadência: conseguiram trocar investimentos por subsídios sociais. Não vão conseguir avançar desse jeito.
Paulo Roberto de Almeida 

via Marginal Revolution de Alex Tabarrok em 03/08/12

In Launching the Innovation Renaissance and my Atlantic article The Innovation Nation vs. the Warfare-Welfare State I showed that the Warfare-Welfare state has crowded out federal investment in research in development.
In a short report titled Collision Course: Why Democrats Must Back Entitlement Reform, Jessica Perez, Gabe Horwitz, and David Kendall cut the data in a slightly different way but come to the same conclusion:

Entitlements are squeezing out public investments. In 1962, spending on investments was two and a half times that of entitlements. But today, as a result of this Great Inversion, entitlement spending is three times that of investments. And this trend will only accelerate in time as the Baby Boomers retire and their benefits grow faster than inflation and wages.
…The fact that entitlement spending is crushing investments is bad news for U.S. growth.
Hat tip: Arnold Kling.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

China "socialista" cobra ambiente para investimentos do Brasil capitalista

Esta é sem dúvida inédita nos anais da história do capitalismo. A China está cobrando do Brasil um melhor ambiente de negócios para poder fazer investimentos capitalistas no país.
Parece que os socialistas somos nós...
Paulo Roberto de Almeida 

China cobra do governo melhora do ambiente de negócios no país

Carga tributária elevada e complexa dificulta a entrada e a ampliação dos investimentos chineses no Brasil

Simone Cavalcanti, de Pequim

Brasil Econômico, 13/06/2012



A subdiretora do Departamento de Américas do Ministério do Comércio chinês, Xu Yingzhen, fez duras críticas ao ambiente de negócios no Brasil e às investidas antidumping do governo brasileiro contra seu país. Para ela, muito embora esteja havendoumaperspectiva positiva a respeito de futuros investimentos e da instalação de empresas chinesas no país, a complexidade do sistema tributário e a elevada carga de impostos são problemas muito reportados ao governo local pelas companhias que buscam o solo verdeamarelo como mais um lugar de sua estratégia de internacionalização. Além disso, afirmou, o processo de obtenção de vistos de trabalho para chineses têm demorado muito, o afeta o funcionamento de muitas empresas.

“Esperamos que o ambiente de investimentos do Brasil seja mais transparente, estável e mais aberto”, disse. “Há o problema do sistema tributário complexo, pois muitas de nossas empresas enfrentam a questão de que em todos os estados a lei para os tributos é diferente e isso geralmente afeta a operação”, disse, ressaltando que as autoridades chinesas estão em negociação com o governo federal brasileiro, além dos governos estaduais para tentar solucionar esse tipo de dificuldade.

No entanto, mostrou-se otimista afirmando que os investimentos chineses devem seguir a tendência de alta pelos próximos anos. Não apenas porque seus parceiros tradicionais, como Estados Unidos e países da União Europeia, estão em dificuldades para reanimar sua atividade, mas porque as companhias chinesas estão vendo a economia brasileira com muita vitalidade e tem acreditado nos esforços do governo de que manterá um nível de crescimento mais alto que a média mundial.

Porém, a subdiretora afirmou que não poderia quantificar o volume a ser investido porque essa decisão cabe somente às empresas. Para ter uma ideia, em 2011, o investimento chinês na América Latina foi em torno de US$ 10 bilhões, o que equivaleu a 16,8% do total da China no mundo. “Sempre incentivamos que as empresas chinesas invistam no Brasil gerando emprego. Ao mesmo tempo, temos interesse que venham empresas brasileiras para China.”

Comércio
Xu Yingzhen mostrou-se insatisfeita também com o crescimento de ações antidumping do Brasil contra a China. Afirmou que o país fica apenas atrás da Argentina no número de casos dentro da América Latina. Nos últimos dois anos, o governo brasileiro de fato intensificou a defesa comercial cercando, inclusive, triangulações de produtos chineses que entravam ilegalmente pelo Uruguai. A elevação pode ser explicada porque, cada vez mais, as relações comerciais têm se intensificado. No ano passado, segundo ela, o volume de trocas entre seu país e a região cresceu 31,5%, chegando a US$ 241,5 bilhões e, em sua maior parte justamente para o Brasil e a Argentina.

A subdiretora fez questão de ressaltar o incômodo do governo chinês com relação às medidas protecionistas argentinas para barrar as importações. Assim como reclama o Brasil, a China também tem visto suas mercadorias paradas nos portos sem permissão para ingressar naquele mercado. “Temos recebido muitas queixas de prejuízos às empresas. Essas medidas aumentarama instabilidade dos negócios e cremos que violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmou.

A representante do governo chinês disse ainda que espera ver o compromisso assumido pelo então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e pelo argentino Néstor Kirchner de reconhecer a China como economia de mercado, o que não ocorreu formalmente até hoje.