Pequena lição sobre o dólar como moeda do comércio internacional
Paulo Roberto de Almeida
A ignorância é mais fácil de ser “adquirida” do que o conhecimento, porque ela é natural, ao passo que o conhecimento exige certo esforço por parte do emissor.
A reação negativa de Lula sobre o uso do dólar como moeda de pagamento no comércio bilateral Brasil-China revela apenas duas coisas:
1) profunda ignorância sobre os mecanismos multilaterais de pagamentos que não foram impostos por nenhuma decisão imperial, mas que se estabeleceram naturalmente no pós-Segunda Guerra, dada a força da economia americana;
2) preconceito bobo, isto é, ideológico, contra uma moeda que não se submete a controles estatais (como o real e o yuan), e cujo uso é mais simples, mais barato e de acordo a cotações de mercado que não são politicamente manipuláveis por qualquer governo.
Lula poderia se informar melhor sobre as realidades econômicas do mundo antes de falar as bobagens que falou e de despejar a sua ignorância em entrevista a jornalistas internacionais.
Um professor de economia, por exemplo, precisa se preparar adequadamente para dar aulas. Um dirigente político não tem essa obrigação, mas ele pode indagar seus assessores competentes sobre certas questões complexas, antes de passar a vergonha de falar bobagem ao mundo.
Lula não precisaria estimular a disseminação da ignorância em escala mundial: fica ridículo para o Brasil ter um presidente que desconhece rudimentos básicos das relações econômicas multilaterais.
Brasilia, 4/08/2023