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sexta-feira, 19 de março de 2021

Batman volta, conclamando à resistência de TODOS os servidores do Itamaraty, contra o chanceler aloprado e os destruidores da política externa

 [Nota PRA: Este petardo de Ereto da Brocha, o Cronista Misterioso do Itamaraty, acaba de me chegar, hoje (19/03/2021), com uma numeração duplicada, 34bis, quando na contagem geral, ainda que defasada, já passamos da semana 46. Pela primeira vez, nosso Batman se refere aos que estão na linha de frente da resistência, entre ativos e aposentados, sendo que eu recebo a distinção de ser mencionado entre os primeiros. Ao agradecer ao nosso colega resistente, conclamo todos os demais colegas a sinalizarem, da forma que acharem apropriada, sua REPULSA ao chanceler submisso, capacho, aloprado e alucinado, que está DESTRUINDO O ITAMARATY. Fica aqui minha mensagem: CHEGA E.A., BASTA, apresente sua renúncia, para não passar definitivamente aos anais como o diplomata que DESTRUIU A DIPLOMACIA brasileira. Já deu, ninguém lhe aguenta mais...]


34bis Eu nem sei quem sou? (semana 34-bis)

 

Regozijo-me, devo admitir amigo leitor, que estas babozeiras que tenho dedicado a vossos olhos tenham tido aderência entre jovens e velhos diplomatas. Alegro-me, devo também admitir, de perceber que estas linhas tenham sido consideradas, bem ou mal, críticas apropriadas ao desgoverno que vivemos em nosso Itamaraty. É-me, contudo, necessário reforçar que minha exultação vem não só dos sopapos que tenho trocado com o bolso-olavismo, mas também das indagações sobre minha verdadeira identidade. 

 

Essas elocubrações sobre minha identidade têm se espalhado até mais do que minhas críticas. Infelizmente, pois parece que tenho gerado mais curiosidade do que insuflado os espíritos contra os asnos que nos dominam. Minhas críticas tornam-se apenas mais um bricabraque da vida, enquanto eu nem sei quem sou.É uma pena. 

 

Farei uso, todavia, desta curiosidade para permanecer na batalha, pois quem sou é uma obviedade. Sou mulheres e homens. Sou índios, negros, brancos, pobres e ricos. Sou homossexuais, evangélicos e militantes. Sou os erros e os acertos. Sou o passado condensado com o futuro que recuperaremos. Sou secretárias, conselheiros, ministros e embaixadoras; quiçá, todos ou quase todos os diplomatas. Como legião, somos uma ideia e não uma pessoa. 

 

Nossa legião, como não poderia ser diferente, são Celsos, Teresas, Rubens, Jobims, Viottis, Escoréis, Paulo Robertos, Samucas, Barões, Maria Celinas, Viscondes, Merquiores, Azambujas, San Tiagos, Lampreias, Azeredos, Synésios, Telles Ribeiros, Abdenures e tantos outros que construíram as paredes desta casa. Mas somos também as bases das estruturas. Somos jovens diplomatas e ofchans que construirão nosso futuro, seguramente mais justo e igual que este. Também menos lunático, menos hierárquico e menos facistóide que este.

 

Ora, quem sou, senão eu? Sou todos aqueles que desprezam o bolso-olavismo e repudiam Ernesto e sua claque. E apesar de vocês, ainda que a nossa gente ande falando de lado e olhando pro chão, quando chegar o momento, esse nosso sofrimento vamos cobrar com juros. E você, Ernesto, vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada no penar do nosso povo. 

 

Todos juntos, somos fortes. 

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

 

domingo, 10 de janeiro de 2021

O que foi feito da tradição do Itamaraty - Editorial Estadão

 O que foi feito da tradição do Itamaraty

Com a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder, o ‘soft power’ detido pelo Brasil foi corroído

ESTADÃO, Editorial, 10/01/2021

Independentemente das mudanças de orientação política que tenha sofrido desde os tempos do Barão do Rio Branco, seja no período autoritário, seja no período democrático, a trajetória do Itamaraty foi marcada por uma sucessão de êxitos que deram ao Brasil um importante protagonismo nas relações internacionais.

Tanto sob o comando de diplomatas de carreira, como os embaixadores Araújo Castro e Saraiva Guerreiro, quanto sob a direção de políticos, como Afonso Arinos de Mello Franco e Francisco San Tiago Dantas, o Itamaraty sempre foi respeitado pela competência, credibilidade, firmeza de caráter, respeito a princípios e habilidade de seus dirigentes. Apesar de terem formações distintas, esses políticos compartilhavam alguns pontos comuns. Defendiam os interesses e aspirações nacionais, recusavam alinhamentos automáticos e valorizavam a paz como ideal absoluto. Em matéria de economia, comércio e finanças, promoveram negociações com o objetivo de elevar o nível de vida dos brasileiros e melhorar a distribuição de riqueza no País.

Com a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder, contudo, o chamado soft power detido pelo Brasil, obtido graças à respeitabilidade e ao empenho de sua Chancelaria na busca da coexistência pacífica no mundo contemporâneo, foi simplesmente corroído. Desde a entrega do Ministério das Relações Exteriores a Ernesto Araújo, um diplomata inexpressivo, que jamais ocupou postos importantes no exterior em sua carreira e foi escolhido apenas por seu alinhamento ideológico com a família presidencial, a imagem do Itamaraty tem sido sistematicamente maculada pela mediocridade, pela irresponsabilidade, pelo negacionismo e pelo primarismo.

As últimas falas de Araújo comprovam isso. Em novembro, por exemplo, ao comentar os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos, ele afirmou que grande parte do povo americano “se sentiu agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral” que levou à derrota de Donald Trump. Agindo desse modo, Araújo contrariou um princípio básico da diplomacia. Como encarregado de negociar os interesses brasileiros, não cabia a um ministro das Relações Exteriores tomar posição partidária com relação à política interna daquele ou de qualquer país.

Nos últimos dias de dezembro, o chanceler avançou ainda mais na irresponsabilidade e na imprudência. A título de mensagem de ano novo, ele distribuiu um texto no qual disse que, “quando você compra a biopolítica do fique em casa, talvez esteja ajudando o narcotráfico”. Também denunciou uma “imensa, profunda e complexa trama de interesses” que, a seu ver, reuniria a mídia, o crime organizado e o terrorismo. Por fim, classificou a política de confinamento como “histeria biopolítica” e “mecanismo de controle do narco-socialismo”.

A escalada de asneiras do chanceler chegou ao auge na primeira semana de janeiro, após a invasão do Capitólio. Araújo não só retomou o que já dissera em novembro sobre a falta de lisura do processo eleitoral americano, como também insinuou que haveria “infiltrados” entre os invasores. E ainda afirmou que os apoiadores de Trump não podem ser chamados de fascistas. “Há que parar de chamar de fascistas a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições.” Sua fala foi quase igual à da filha de Donald Trump, Ivanka, que chamou os invasores de “patriotas”, mas cancelou a mensagem do Twitter minutos depois. Talvez ela seja mais prudente que o nosso Ernesto, que, por sinal, não mora no Brás.

Nas relações entre os países, as percepções de poder, entre outros atributos ou predicados, têm influência decisiva. Igualmente, fatores morais também desempenham importante papel na estratégia e na ação diplomática. Como tanto o presidente da República como seu chanceler não têm nem sensibilidade nem competência para perceber os predicados implícitos nas percepções de poder, o Brasil encontra-se sem rumo e sem estratégia em matéria de política externa. Ou seja, quanto menos se dão ao respeito, menos o Brasil é respeitado no exterior.


quarta-feira, 24 de junho de 2020

Carlos Malamud: Ernesto Araújo destrói credibilidade da política externa e abala o Itamaraty

Ernesto Araújo destrói credibilidade da política externa e abala o Itamaraty

A gestão de Ernesto Araújo no Itamaraty é vista como desastrosa por analistas e estudiosos de todo o mundo. Araújo retirou o Brasil de fóruns regionais como a Unasul e a Celac, fechou sete embaixadas na África e Caribe e submeteu o país aos EUA. “O país se encontra no maior isolamento diplomático dos últimos 50 anos”, afirma o historiador Carlos Malamud
Ernesto Araújo
Ernesto Araújo (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Sob o governo de Jair Bolsonaro e a gestão de Ernesto Araújo na Chancelaria brasileira, o Itamaraty, uma das mais sólidas instituições do Estado nacional, sofreu um abalo em suas estruturas. Araújo retirou o Brasil de fóruns regionais como a Unasul e a Celac, fechou sete embaixadas na África e no Caribe que haviam sido abertas nos anos Lula-Dilma Rousseff, mudou posições históricas na ONU para alinhar-se aos Estados Unidos, impôs dificuldades em negociações ambientais e privilegiou o relacionamento na Europa com dois países comandados por líderes da extrema direita, aponta reportagem do jornal Valor
“O país se encontra no maior isolamento diplomático dos últimos 50 anos”, afirmou o historiador Carlos Malamud, apontado como um dos 50 intelectuais ibero-americanos mais influentes pela revista espanhola “Esglobal” e hoje pesquisador do Real Instituto Elcano, em Madri. 
Para ele, a boa fama da diplomacia brasileira “está se dilacerando” na Europa e atualmente “seria impensável” ver o Brasil à frente de grandes coalizões de países emergentes em fóruns multilaterais, como ocorreu no passado. 
A destruição da imagem do Brasil está relacionada ao discurso de Ernesto Araújo sobre a questão ambiental, a subordinação do país ao governo de Donald Trump e a postura de Bolsonaro de desleixo em face da pandemia de Covid-19.  
O distanciamento da atual gestão do Itamaraty de posições anteriormente defendidas pela diplomacia brasileira é tanto, que a Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) manifestou o temor de que representações do país no exterior e seus profissionais passem a ser alvos de ataques, por conta de atitudes como a promessa de mudança da embaixada em Israel para Jerusalém e do apoio ao ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani no Iraque. 
A reportagem cita a ironia do diplomata aposentado Roberto Abdenur, ex-embaixador em Washington. Ele diz que o Brasil hoje só tem “três países e meio” como amigos: Israel, Hungria e Polônia. “Meio são os Estados Unidos, porque estamos excessivamente alinhados com as ideias do Trump e antagonizamos com a outra metade, os democratas”, afirmou Abdenur, em um seminário virtual da ADB, na semana passada. Ele vê uma brutal ruptura da atual política externa com o patrimônio diplomático brasileiro. O resultado é o encolhimento da presença do Brasil no plano internacional. 
A gestão de Ernesto Araújo também provocou abalos nas relações internas do ministério, com a instalação de uma "caça às bruxas". 
“O clima é de humilhação e caça às bruxas”, diz o ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ), que se licenciou da carreira diplomática para o exercício do mandato. Ele encaminhou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a proposta de criar uma comissão de acompanhamento externo do Itamaraty. “Moderação e previsibilidade são atributos da própria diplomacia, mas hoje existe uma contaminação pela ideologia, um fanatismo quase místico”, afirma. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Prossegue o trabalho de desmantelamento do Itamaraty - BR18

Não se trata apenas de ameaça, aberta e descarada: se trata de uma chantagem desavergonhada. Nunca, em sua história de quase 200 anos, o Itamaraty foi tratado dessa maneira. Bye bye diplomacia profissional...
Paulo Roberto de Almeida



Br18, Estadão, 04.08.2019 | 13h42

Bolsonaro insinua que pode indicar filho a ministério

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, neste domingo, 4, a indicação do seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o cargo embaixador em Washington, nos Estados Unidos. O presidente chamou as críticas de que a indicação seria nepotismo de “hipocrisia”, mas admitiu que o Senado pode barrar a indicação de Eduardo e voltou a insinuar que pode indicar o filho ao cargo de chanceler. “Sim, o Senado pode barrar, sim. Mas imagine que no dia seguinte eu demita o (ministro de Relações Exteriores) Ernesto Araújo e coloque meu filho. Ele não vai ser embaixador, ele vai comandar 200 embaixadores e agregados mundo afora. Alguém vai tirar meu filho de lá? Hipocrisia de vocês”, respondeu a jornalistas, ao deixar o Palácio do Alvorada para participar de um culto evangélico em Brasília, de acordo com o Broadcast Político. 
Questionado se pretende mesmo nomear Eduardo ministro no caso de reprovação do seu nome para embaixador, Bolsonaro disse que não trabalha com essa hipótese. “Não vou fazer isso”. Bolsonaro criticou ainda a decisão do STF que proibiu o nepotismo na administração pública. “O STF decidiu sobre nepotismo e sobre tipificar homofobia como racismo. Acho que quem tem que decidir sobre essas coisas é o Poder Legislativo. Teve um parlamentar contra o nepotismo que foi pego na Lava Jato. Tem nada a ver parente”, completou. O presidente disse partir do princípio que a indicação de um filho eleito para um cargo não seria nepotismo. “Tem ministro com toda certeza que tem parente empregado, com DAS (função comissionada), e daí?”, questionou. “Que mania de que tudo que é parente de político não presta. Tenho um filho que está para ir para os EUA e foi elogiado pelo presidente norte-americano Donald Trump. Vocês massacraram meu filho: fritador de hambúrguer”, acrescentou.

A destruição do Itamaraty enquanto instituição: Oliver Stuenkel, Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro, Miséria da diplomacia, tem por subtítulo "a destruição da inteligência no Itamaraty". 
Pois bem, o que diz abaixo o professor Oliver Stuenkel é ainda mais terrível do que a destruição da inteligência, que é na verdade o afastamento dos dissidentes, como eu mesmo, e a submissão dos que restam. 
Aparentemente, se visa um objetivo ainda mais grandioso: destruir o Itamaraty como instituição do Estado, e submetê-lo aos desígnios demenciais da família Bolsonaro e das propostas alucinadas do Rasputin de subúrbio.
Sequência de tweets de Oliver Stuenkel sobre a deterioração, em qualquer circunstância, da política externa e da diplomacia brasileira, traz uma realidade preocupante para a diplomacia profissional do Itamaraty: o que acontecer, de qualquer jeito, será a destruição do Itamaraty tal como o conhecemos até 2018: o olavo-bolsonarismo, com a ajuda do atual chanceler, está empenhado na obra de demolição, tanto dos fundamentos conceituais da política externa, quanto dos mecanismos operacionais da política externa.
Seremos arrastados para a mediocridade mais abjeta.
O próprio presidente já prometeu: ""Sim, o Senado pode barrar, sim. Mas imagine que no dia seguinte eu demita o (ministro de Relações Exteriores) Ernesto Araújo e coloque meu filho. Ele não vai ser embaixador, ele vai comandar 200 embaixadores."

Paulo Roberto de Almeida
5/08/2019


Oliver Stuenkel
Bolsonaro is making only thinly veiled threats to senators that unless they approve his son's nomination as Brazil's Ambassador to Washington, he'll make him Foreign Minister- which does not require the Senate's approval. So approving the ambassadorship is basically damage control.

Oliver Stuenkel
Implicitly, this is a remarkable admission of his son's unpreparedness. Having daddy threaten others with giving you an important job in order to convince them to give you an somewhat less relevant position is pretty humiliating.

Oliver Stuenkel
When it comes to Brazilian foreign policy, the move is unlikely to make much of a difference. Araújo is the weakest Foreign Minister in decades and basically already does whatever Eduardo tells him. Their ultimate goal is to destroy the Foreign Ministry's bureaucracy.