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domingo, 18 de agosto de 2019

Um inepto para a embaixada em Washington? - Poder 360

Combina talvez com o governo, mas não com a diplomacia...
O título da matéria é totalmente contraditório com o seu teor...

Resistência à indicação de embaixador é atípica, mostra histórico

15 embaixadores aprovados em 2019 
Votos contrários são minoria na história
Oposição articula contra Eduardo Bolsonaro 
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deve ser indicado ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA Sérgio Lima/Poder360 - 9.ago.2019
Se a expectativa do governo de resistência ao nome de Eduardo Bolsonaro para a embaixada dos EUA se concretizar, o caso será atípico entre as indicações para o campo diplomático e também em relação aos últimos indicados para o posto.
O Senado já aprovou o nome de 15 embaixadores em 2019. Os maiores casos de resistência receberam 5 votos contrários –para os postos no Paraguai e Marrocos.
Ressalvados esses 2, todos os outros 13 nomes foram chancelados com no máximo 2 votos contrários. As abstenções também foram baixas. A maior foi de 4 senadores, na decisão sobre a Embaixada na Romênia.
Em relação ao posto nos Estados Unidos, os últimos embaixadores também foram aprovados em placares folgados. O que mais recebeu votos contrários foi Sérgio Amaral, indicado por Michel Temer após o afastamento de Dilma Rousseff. O Poder360 resume as votações:
A indicação de Eduardo também foi criticada pelo deputado federal não pertencer ao corpo diplomático do Itamaraty, como a maioria dos nomeados para postos ao redor do mundo.
O Poder360 teve acesso a um levantamento feito pela consultoria do Senado que mostra que apenas 13 nomes sugeridos ao Senado não eram ministros de carreira do Ministério das Relações Exteriores, como Eduardo.
Entre eles, está o empresário Walther Moreira Salles, que foi embaixador nos Estados Unidos, e o ex-ministro da Fazenda durante a ditadura militar Delfim Netto, que exerceu a função em Paris dois anos antes de assumir o Ministério.
A consultoria do Senado produziu uma nota técnica em que classificou a possível indicação de Eduardo como nepotismo que veio a público neste sábado (17.ago.2019). Nela, os técnicos da Casa argumentam que o cargo não é de natureza política, logo, se enquadraria no crime de nepotismo.

Resistências

O Planalto aposta que Eduardo será aprovado, mas prevê cenário difícil. Senadores governistas afirmam que a votação tende a ser apertada. A oposição tem afirmado que o placar está empatado.
A resistência ao filho do presidente não está circunscrita à oposição. A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na Casa, Simone Tebet (MDB-MS), também criticou a indicação. Disse que este talvez seja o “maior erro” cometido pelo presidente.
Fora do Congresso, o episódio também repercutiu. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi um dos que endossaram o coro de rejeição.
Segundo pesquisa da XP Investimentos, o nome de Eduardo registrou alta desaprovação entre a população, de 62% dos entrevistados. Levantamento do Paraná Pesquisas divulgado em 18 de julho mostrou que 64,9% da população discorda da nomeação.
O MPF-DF (Ministério Público Federal no Distrito Federal) chegou a entrar com ação civil pública contra a indicação.
Em defesa do filho, o presidente Jair Bolsonaro disse que ele é apto para o cargo e não o indicaria para “passar vexame”. Bolsonaro também afirmou que se pudesse dar filé mignon para o filho, daria: Pretendo beneficiar meu filho, sim. Pretendo, está certo. Se puder dar 1 filé mignon ao meu filho, eu dou. Mas não tem nada a ver com filé mignon essa história aí. É realmente aprofundar 1 relacionamento com 1 país que é a maior potência econômica e militar do mundo”, disse.
A indicação de Eduardo ainda não foi enviada para o Senado. O rito exige que uma mensagem seja enviada para a Casa que precisa fazer uma sabatina –entrevista realizada por senadores da Comissão de Relações Exteriores– e na sequência uma votação que decidirá se a indicação será aprovada ou rejeitada. O nome precisa ser chancelado pela maioria dos senadores presentes na votação.

domingo, 11 de agosto de 2019

Governo Bolsonaro é um ''show de besteiras'', diz general Santos Cruz (via Ricardo Bergamini)

Não surpreende que o general Santos Cruz tenha sido ingloriosamente demitido pela tropa da Bolsofamiglia (pois se tratou de um assunto de família, como todos devem saber): ele contemplou não apenas besteiras, mas irregularidades graves, sobretudo no uso de verbas públicas para propaganda e ação "influenciadora", ao contrário do que havia anunciado o candidato durante a campanha eleitoral. 
Não apenas besteiras, que poderiam ser apenas o fruto de ingenuidade e de inconsciência. 
É muito pior do que isso: é uma mistura de ignorância quadrúpede com os piores instintos animais, pois a Bolsofamiglia tem um projeto de poder, atuando sem restrições por quaisquer meios à disposição.
Desde o início do governo, os melhores quadros do governo – ops, nem todos o eram – têm sido defenestrados pelo bando de aloprados que controla o governo...
Paulo Roberto de Almeida

Governo Bolsonaro é um ''show de besteiras'', diz general Santos Cruz

[Ricardo Bergamini escreve:] 
Prezados Senhores
Apesar do meu irrestrito apoio ao seu legítimo direito de pensar e falar o que desejar: o que tem haver essas opiniões pessoais de cosméticas e perfumarias com o cargo de  presidente da república , que tem um “pepino”, conforme o abaixo colocado para resolver ,e que não dependem das  reformas?
No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, registrou-se déficit fiscal primário de R$ 108,3 bilhões (1,57% do PIB), No acumulado em doze meses até junho de 2019 registrou-se déficit fiscal primário da ordem de R$ 99,6 bilhões (1,42% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 9,55%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018. Nesse ritmo o Brasil vai levar, no mínimo, mais 4,7 anos para atingir resultado fiscal primário “zero”. 


Bolsonaro ataca de ideologia de gênero a radares diante de evangélicos
Em discurso na Marcha para Jesus em Brasília, presidente também disse que leis existem para proteger as maiorias
Por Da Redação/VEJA

10 ago 2019, 15h34 - Publicado em 10 ago 2019, 12h45
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado 10, na Marcha para Jesus em Brasília, que as leis devem proteger as maiorias e defendeu acabar com os radares. Ele também atacou a ideologia de gênero e pediu ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que não introduza temas relacionados ao assunto nas escolas. “Ideologia de gênero é coisa do capeta”, disparou, diante do público evangélico.

Referindo-se às políticas de apoio aos homossexuais, Bolsonaro reputou aos governos anteriores terem “acolhido esse tipo de coisa”. “Se querem que eu acolha isso, apresentem uma emenda à Constituição e mudem o artigo. Como não tem como emendar a Bíblia, vou continuar acreditando nisso. Família é homem e mulher.” O evento reuniu 15 mil pessoas, segundo a organização.
Apesar do discurso, Bolsonaro garantiu não haver discriminação em seu governo. “Não discriminamos ninguém. Não temos preconceito. As leis existem para defender as maiorias.” O presidente agradeceu o apoio dos evangélicos ao seu governo. “Além do milagre da minha vida, temos o milagre da minha eleição. O apoio dos evangélicos foi decisivo”, avaliou.
Em discurso inflamado, disse ainda que travará na Justiça uma batalha contra os radares de velocidade no trânsito. “Estou numa luta para acabar com essa roubalheira. Tenho certeza que o governador do Distrito Federal também vai comprar essa briga aqui.”
Há duas semanas, a juíza Diana Wanderley da Silva, da 5ª Vara Federal de Brasília, homologou um acordo para a instalação de 1.140 radares em rodovias federais. Os aparelhos serão instalados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para cobertura de 2.278 faixas de rodovia que são consideradas mais críticas, em que trafegam um maior número de pessoas.

Entre as partes da ação estão o Ministério Público Federal (MPF), a União, o DNIT e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). No processo, todos “ratificaram que as empresas de radares não ganham em função das multas aplicadas por infrações no trânsito”. No texto, a juíza destaca o que técnicos em engenharia de trânsito e a maioria da sociedade reconhecem a importância dos radares “como um dos principais instrumentos de controle de velocidade a salvar vidas, diante da grande imprudência de muitos motoristas no Brasil, e da falta de respeito às velocidades impostas”.

Ricardo Bergamini

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A destruição da Amazonia no governo Bolsonaro - The Economist

Deathwatch for the Amazon
Brazil has the power to save Earth’s greatest forest—or destroy it
The Economist, Londres – 1.8.2019

Although its cradle is the sparsely wooded savannah, humankind has long looked to forests for food, fuel, timber and sublime inspiration. Still a livelihood for 1.5bn people, forests maintain local and regional ecosystems and, for the other 6.2bn, provide a—fragile and creaking—buffer against climate change. Now droughts, wildfires and other human-induced changes are compounding the damage from chainsaws. In the tropics, which contain half of the world’s forest biomass, tree-cover loss has accelerated by two-thirds since 2015; if it were a country, the shrinkage would make the tropical rainforest the world’s third-biggest carbon-dioxide emitter, after China and America.
Nowhere are the stakes higher than in the Amazon basin—and not just because it contains 40% of Earth’s rainforests and harbours 10-15% of the world’s terrestrial species. South America’s natural wonder may be perilously close to the tipping-point beyond which its gradual transformation into something closer to steppe cannot be stopped or reversed, even if people lay down their axes. Brazil’s president, Jair Bolsonaro, is hastening the process—in the name, he claims, of development. The ecological collapse his policies may precipitate would be felt most acutely within his country’s borders, which encircle 80% of the basin—but would go far beyond them, too. It must be averted.
Humans have been chipping away at the Amazon rainforest since they settled there well over ten millennia ago. Since the 1970s they have done so on an industrial scale. In the past 50 years Brazil has relinquished 17% of the forest’s original extent, more than the area of France, to road- and dam-building, logging, mining, soyabean farming and cattle ranching. After a seven-year government effort to slow the destruction, it picked up in 2013 because of weakened enforcement and an amnesty for past deforestation. Recession and political crisis further pared back the government’s ability to enforce the rules. Now Mr Bolsonaro has gleefully taken a buzz saw to them. Although congress and the courts have blocked some of his efforts to strip parts of the Amazon of their protected status, he has made it clear that rule-breakers have nothing to fear, despite the fact that he was elected to restore law and order. Because 70-80% of logging in the Amazon is illegal, the destruction has soared to record levels. Since he took office in January, trees have been disappearing at a rate of over two Manhattans a week.
The Amazon is unusual in that it recycles much of its own water. As the forest shrivels, less recycling takes place. At a certain threshold, that causes more of the forest to wither so that, over a matter of decades, the process feeds on itself. Climate change is bringing the threshold closer every year as the forest heats up. Mr Bolsonaro is pushing it towards the edge. Pessimists fear that the cycle of runaway degradation may kick in when another 3-8% of the forest vanishes—which, under Mr Bolsonaro, could happen soon. There are hints the pessimists may be correct (see Briefing). In the past 15 years the Amazon has suffered three severe droughts. Fires are on the rise.
Brazil’s president dismisses such findings, as he does science more broadly. He accuses outsiders of hypocrisy—did rich countries not fell their own forests?—and, sometimes, of using environmental dogma as a pretext to keep Brazil poor. “The Amazon is ours,” the president thundered recently. What happens in the Brazilian Amazon, he thinks, is Brazil’s business.
Except it isn’t. A “dieback” would directly hurt the seven other countries with which Brazil shares the river basin. It would reduce the moisture channelled along the Andes as far south as Buenos Aires. If Brazil were damming a real river, not choking off an aerial one, downstream nations could consider it an act of war. As the vast Amazonian store of carbon burned and rotted, the world could heat up by as much as 0.1°C by 2100—not a lot, you may think, but the preferred target of the Paris climate agreement allows further warming of only 0.5°C or so.
Mr Bolsonaro’s other arguments are also flawed. Yes, the rich world has razed its forests. Brazil should not copy its mistakes, but learn from them instead as, say, France has, by reforesting while it still can. Paranoia about Western scheming is just that. The knowledge economy values the genetic information sequestered in the forest more highly than land or dead trees. Even if it did not, deforestation is not a necessary price of development. Brazil’s output of soyabeans and beef rose between 2004 and 2012, when forest-clearing slowed by 80%. In fact, aside from the Amazon itself, Brazilian agriculture may be deforestation’s biggest victim. The drought of 2015 caused maize farmers in the central Brazilian state of Mato Grosso to lose a third of their harvest.
For all these reasons, the world ought to make clear to Mr Bolsonaro that it will not tolerate his vandalism. Food companies, pressed by consumers, should spurn soyabeans and beef produced on illegally logged Amazonian land, as they did in the mid-2000s. Brazil’s trading partners should make deals contingent on its good behaviour. The agreement reached in June by the EU and Mercosur, a South American trading bloc of which Brazil is the biggest member, already includes provisions to protect the rainforest. It is overwhelmingly in the parties’ interest to enforce them. So too for China, which is anxious about global warming and needs Brazilian agriculture to feed its livestock. Rich signatories of the Paris agreement, who pledged to pay developing ones to plant carbon-consuming trees, ought to do so. Deforestation accounts for 8% of global greenhouse-gas emissions but attracts only 3% of the aid earmarked for combating climate change.

The wood and the trees

If there is a green shoot in Mr Bolsonaro’s scorched-earth tactics towards the rainforest, it is that they have made the Amazon’s plight harder to ignore—and not just for outsiders. Brazil’s agriculture minister urged Mr Bolsonaro to stay in the Paris agreement. Unchecked deforestation could end up hurting Brazilian farmers if it leads to foreign boycotts of Brazilian farm goods. Ordinary Brazilians should press their president to reverse course. They have been blessed with a unique planetary patrimony, whose value is intrinsic and life-sustaining as much as it is commercial. Letting it perish would be a needless catastrophe. 

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Governo Bolsonaro facilita deportação de brasileiros dos EUA de Trump (O Globo)

Pessoalmente, considero uma vergonha que o governo Bolsonaro colabore com as medidas restritivas do governo Trump em relação aos brasileiros indocumentados nos Estados Unidos. Muitos deles esperam, com a intervenção de advogados, conseguir suspensão da expulsão, provando que estão trabalhando honestamente há muitos anos nos EUA.
Os consulados brasileiros nunca emitiram tais documentos de retorno ao Brasil sem o consentimento dos próprios brasileiros, geralmente quando não havia mais recurso possível.
Paulo Roberto de Almeida

Governo Bolsonaro facilita deportação de brasileiros dos EUA

Mudança começou a valer em junho; advogada critica tentativa de alinhamento com Trump, que apertou cerco aos 'sem papéis'

SÃO PAULO — O governo Jair Bolsonaro aceitou um pleito antigo dos americanos e facilitou a deportação de brasileiros que emigraram sem visto adequado aos Estados Unidos . Com o novo procedimento, baseado em parecer jurídico e adotado em junho, os consulados brasileiros poderão enviar ao governo americano documentos dos deportáveis à revelia. Embora a medida sirva, em um primeiro momento, para casos em que se esgotaram as chances legais de se permanecer nos EUA, especialistas acreditam que o novo mecanismo pode ser utilizado para casos de deportações expressas e tendem a afastar brasileiros dos consulados, por temerem a maior colaboração com autoridades americanas.
Até então, mesmo brasileiros sem papéis e com todo o processo imigratório nos EUA esgotado, tinham que pedir passaporte ou Autorização de Retorno de Brasileiro (ARB) para pegar um avião nos EUA e entrar no Brasil . Muitos preferiam seguir presos a voltar, alguns alegando até perseguição, e não assinavam o pedido dos documentos. Agora o governo brasileiro pode conceder atestados de nacionalidade, expedidos à revelia do preso. Como foi fechado um acordo com a Polícia Federal, este documento passou a ser aceito nos aeroportos brasileiros.
A Polícia Federal e o Itamaraty não atenderam ao pedido de entrevista. Por e-mail, o Ministério das Relações Exteriores disse que o atestado de nacionalidade é utilizado em situações excepcionais e que brasileiros que alegarem questões humanitárias não serão deportados contra a sua vontade. Fontes do Itamaraty afirmam que alguns brasileiros já começaram a ser deportados graças à mudança, que começou a valer em junho.
Segundo as fontes, que falaram ao GLOBO sob anonimato, o governo Bolsonaro atendeu a um pleito americano de anos — o Brasil temia que a medida pudesse afastar os brasileiros dos consulados nos EUA.
A decisão brasileira também aliviaria os custos americanos de prisão. Com a atual política de Washington de cerco aos “sem papéis”, as detenções para imigrantes estão superlotadas e os custos têm crescido. Assim, o governo americano tem tentado acelerar os casos de deportação e ampliado as possibilidades de “deportações sumárias”, onde os imigrantes que acabaram de entrar nos EUA sequer precisam passar por um processo judicial.
A advogada brasileira Renata Castro, especializada em imigração na Flórida, alerta que, embora a medida tenha sido até então utilizada para casos em que o processo migratório explorou todos os recursos, com o tempo poderá ser usada em novas brechas pelos americanos. Ela ressalta que não é segredo que o governo de Donald Trump quer acelerar as deportações sumárias.
— A forma como o atual governo tem se relacionado com os EUA e a falta histórica de estratégias do governo em alianças internacionais indica que esta certidão pode ter seu uso ampliado no futuro, em casos de deportações sumárias, sem o devido processo legal — disse. — O Brasil sempre foi muito passivo em auxiliar os brasileiros no exterior, e agora busca um alinhamento muito forte com o governo de Trump.
Outros países também possuem atestados e certidões iguais ao que o Brasil passou a adotar. Mas em geral possuem, segundo diplomatas ouvidos pelo GLOBO, uma postura de maior defesa de seus cidadãos. O México , por exemplo, chega a pagar advogados de imigração para encarcerados nos EUA por questões migratórias — com a fiança, eles continuam nos EUA, trabalham e, invariavelmente, enviam dinheiro para a família no México. Até a Guatemalaconseguiu impedir o plano americano para que seus cidadãos que buscam asilo no país esperem pela concessão da permissão em seu país de origem. Assim, podem esperar em solo americano enquanto os processos são analisados.
Castro afirma que esta deve ser a primeira de novas medidas brasileiras que podem prejudicar a vida do imigrante nos EUA. Com a atual política de aproximação entre os dois governos, ela espera mais parcerias no compartilhamento de informações entre os países e auxílio para avaliação sobre a concessão ou não de asilos a brasileiros. A advogada lembra que no último ano só foram concedidos 26 asilos a brasileiros, de um total de 1.546 pedidos analisados.

Comunidade com medo

O temor de que a maior aproximação entre os governos leve a prejuízos a imigrantes sem papéis nos EUA cresce na comunidade brasileira. A indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao posto de embaixador em Washington amplia esse cenário. Em março, o filho do presidente disse que os imigrantes brasileiros ilegais nos EUA são uma “vergonha” para o país.
— Vemos toda a comunidade com muito medo das políticas migratórias de Trump e o atual governo brasileiro, com sua aproximação a Washington, piora as coisas. Muitos se sentem abandonados — afirmou Natalicia Tracy, diretora do Centro do Trabalhador Brasileiro em Boston.
“Caso a situação seja classificada como de natureza humanitária, os consulados deverão desconsiderar a expedição de atestado de nacionalidade. Sendo assim, não cabe falar em recusa por questão humanitária, já que eventual identificação de razões humanitárias é realizada a priori”, informou o ministério.
Entretanto O GLOBO revelou, há dois meses, o caso de Paul Fernando Schreiner, de 36 anos, que foi deportado após ter vivido 31 anos no país , pelo fato de seus pais adotivos não terem regularizado sua situação quando foi levado ao estado de Nebraska.
Em e-mail enviado ao GLOBO, o Itamaraty informa que o atestado já é utilizado em países como Austrália e Japão : “Os atestados de nacionalidade não constituem objeto de solicitação de outros Estados. Trata-se de obrigação do Estado brasileiro, como já se referiu acima, de oferecer marco legal seguro a seus nacionais deportados”.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Governo Bolsonaro: militares se irritam com o presidente


24 de Julho, 2019 - 21:00 ( Brasília )

Cel Paulo Rocha Paiva - PRESIDENTE BOLSONARO ... O HOMEM NÃO ESTÁ REGULANDO BEM

Resposta em defesa do Gen Div Luiz Rocha Paiva à acusação do Presidente Jair Bolsonaro de seu irmão ser "melância"

Cel Paulo Rocha Paiva - PRESIDENTE BOLSONARO ... O HOMEM NÃO ESTÁ REGULANDO BEM

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
CEL INF E EM
Nota: Irmão do Gen Div Luiz Rocha Paiva

Olha que eu votei no capitão, para mim o posto mais bonito do nosso Exército. Resolvi faze-lo, mesmo com o "sinal vermelho" emoldurando a declaração "Alcântara é p'ra vocês (americanos)". Por tudo que é mais sagrado, fingi que não ouvi, afinal de contas era um oficial do EB. Mais tarde, quando se fez a "galhofa do AHUE", aí é que fiquei até mais tranquilo. Claro, realmente, eu devia estar imaginando coisas absurdas, ainda mais pela posição do arauto que nos tranquilizava com tanta firmeza e autoridade creditícia. Mas, como diz o cavalariano, 'caí do cavalo". Todos sabem o que aconteceu, apesar do temor, mais do que justo, manifestado por muitos militares ainda não subjugados pela "síndrome do amadorismo franciscano".

Em seguida uma "prole", constituída por pupilos fanatizados pelo "bruxo ideólogo / americanófilo de carteirinha", crias enciumadas do pai com os militares que gravitam em torno da governança, resolve contestar o "modus operandi" de alguns oficiais-generais, inclusive com ofensas pessoais, injustas, de baixíssimo nível, sem que o paterno presidente conseguisse, pelo menos, comandar "sentido" no seio familiar, de modo a não criar mossas que, fatalmente, não contribuiriam, como não estão fazendo desde então, para o exercício a contento de uma liderança satisfatória junto aos militares, posto que os pretere sempre quando se trata do seu guru Olavo de Carvalho.

E as bobagens são muitas. Uma mudança de embaixada anunciada (macaquice de imitação para agradar Donald Trump), esta que ficou no "seja seja", desagradando tanto palestinos como israelenses. Foi preciso até mesmo o General Mourão viajar para a RPC, de forma a acertar os ponteiros por uma declaração estapafúrdia, de graça, apenas para "dar uma de bacana". As três iniciativas sem nenhuma razão de ser, mas, que se diga, muito agradável ao novo inquilino na (ainda nossa?!) Amazônia Legal. E olha que enche o peito para criticar os presidentes entreguistas que o antecederam. Durma-se com um barulho desses...

O atrelamento militar automático. O Brasil como aliado preferencial extra OTAN de "Tio  Sam", outro desatino de quem faz questão de ignorar o descarado abandono, em plena guerra, de um país irmão da SULAMÉRICA, em favor de um aliado europeu imperialista, de língua inglesa, desta mesma organização. Em seguida, como barata tonta, "muda o disco no vai da valsa" e começa a falar nada mais nada menos do que em "trabalho infantil". Vamos e convenhamos, alguma coisa está errada no mecanismo do juízo presidencial.

Eis que um entorpecente é descoberto no FORÇA AÉREA 1 e o filhote, chamado de NÚMERO 2, que é apoiado posteriormente pelo mano Eduardo, faz agora um "AHUE", por coincidência contra o próprio GSI que, sem responder ao seu detrator (?), é defendido por outro general em nome da camaradagem tradicional que une "irmão em armas". Que se diga, o 'pouco caso" do presidente com relação ao imbróglio criado/protagonizado pelos rebentos presidenciais é flagrante, sem nenhum comentário de desagravo em favor do seu ministro, como só em ser em situações semelhantes. Enfim, como dizia o ditado, "e la nave vá".

Mas "la nave", que não se duvide, continua sua marcha de insensatez, abarrotada de impropérios, grosserias gratuitas, ameaças públicas a ministros, sem ou com farda, demissões que, ao invés de rotineiras, ganham foros de "bota fora" sofridos, indigestos, sem nenhum cuidado com a dignidade/cerimônia de um cargo que exige, no mínimo, jogo de cintura capaz de impressionar pelo exercício sereno da autoridade na justa medida que se espera de um chefe de poder executivo.

Porém, como senão bastasse, na contramão de sucessos como o bom encaminhamento da reforma da previdência e do acordo com a União Europeia, resolve passar uma borracha na aura, até então evidenciada, que ainda restava de moralidade com a administração pública, advogando a nomeação de "filhote", não capacitado, sem nenhum verniz de formação diplomática, para o segundo cargo de maior relevância para os graduados no famoso (reconhecido inclusive mesmo fora do País) Instituto Rio Branco, uma instituição que só faculta acesso aos de nível universitário, e isto somente após aprovação em bateria de exames que dura em torno de "5 a 6"' meses.

Aliás, sem nenhuma consideração para com o atual chanceler quando, na presença deste (é de pasmar) e em público, diz que, se quisesse, poderia tranquilamente troca-lo pelo filho, colocando-o (o atual ministro do MRE) na embaixada dos EUA. Uma desfeita, falta de lhaneza absolutamente desnecessária que faz parte de repertório nada condizente com a as "pompas e circunstâncias" que devem preceder o cargo maior que ocupa. Que não se duvide, a alienação do atual ministro ficou patenteada na conversa pessoal com Trump quando Eduardo o substituiu quando do encontro protocolar entre os dois chefes de estado.

Todavia novamente o mesmo general se indigna com o engodo de moralidade que, espalhafatosamente, seu candidato, vencedor nas últimas eleições para a mais alta magistratura do País, pregava para meio mundo em sua campanha e agora, sem mais nem menos, acaba por lançar no espaço sideral, decepcionando muita gente boa, crédula e desesperadamente esperançosa. Que não se duvide, a continuar a sequência de desatinos, sua popularidade declinante vai chegar ao fundo do poço ainda neste primeiro ano de governo.

Contudo as intemperanças continuam. Quem disser que no Brasil se passa fome está mentindo! Meu Deus do céu, quanta bobagem! Daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão! E o Brasil acima de tudo presidente?! Novamente um prato cheio para a oposição sentar o malho ... provocando o  mesmo general, paladino inconteste na defesa dos militares quando da famigerada Comissão da "Inverdade", que é idiotamente chamado, pelo comandante em chefe das FFAA, de "general melancia" por apoiar governadores comunistas, no que é desmentido na medida em que nosso defensor contra a mídia vermelha faz questão de esclarecer não estar em apoio dos políticos mas, sim, da gente do nordeste, região que viu nascer, se antecipando a todas as demais, não somente o Exército Brasileiro mas, também, o sentimento da nacionalidade.

E agora, para finalizar, uma pergunta de algibeira, com todas as honras e sinais de respeito, para todos os oficiais generais (EB/MB/FAB} que integram a atual governança: - "Vossas excelências estão concordes com o tratamento de "general melancia", dado ao soldado cidadão Luiz Eduardo Rocha Paiva pelo atual comandante-em-chefe das FFAA?!


Importantes Leituras

Crise Militar - Etchegoyen - Alguém opera aquele Twitter

Alguém opera aquele Twitter", diz Etchegoyen sobre Bolsonaro e a melancia

Julho 2019
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terça-feira, 2 de julho de 2019

Governo Bolsonaro: os seis primeiros meses - Estadão

Os primeiros seis meses do governo Bolsonaro
O Estado de S. Paulo, 30/06/2019

A avaliação positiva do governo e a popularidade do presidente Jair Bolsonaro diminuíram de forma constante nos primeiros seis meses do ano. Ao fim deste período, é possível dizer que o bolsonarista mais fiel se notabiliza por duas características marcantes: ele carrega o sotaque do Sul do País e está na faixa dos que possuem renda mais alta. 
Dados das pesquisas divulgadas pelo Ibope desde janeiro mostram que Bolsonaro continua “mito” mais para os que ganham acima de cinco salários mínimos, cujo apoio chegou a crescer no mês de junho. Também na contramão da tendência de queda da avaliação positiva da atual gestão estão os moradores da região Sul, a única que registrou aumento no apoio a Bolsonaro na mais recente pesquisa, divulgada na semana passada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Por outro lado, os habitantes do Nordeste e de menor renda foram os que mais desembarcaram do apoio ao presidente na primeira metade do ano. Em relação ao penúltimo levantamento do Ibope, em abril, três a cada dez nordestinos que apoiavam Bolsonaro pularam do barco. Hoje, apenas 17% dos moradores da região, reduto do PT, consideram a gestão boa ou ótima.
No Sul, por outro lado, a avaliação melhorou de abril para junho: hoje com 52% de aprovação ao presidente, oito pontos a mais em relação ao levantamento anterior, a região é a única onde ele tem como apoiadores mais da metade da população. 
É o caso da administradora de empresas Marilea Martins, de 58 anos. Moradora de Curitiba, no Paraná, ela afirma que Bolsonaro “herdou uma estrutura corroída pela corrupção do PT” e precisa de apoio da população para governar. “As ações que ele está propondo para melhorar o País enfrentam a resistência do Congresso, corrupto e acostumado ao toma lá, dá cá.”
Marilea também se enquadra em outro aspecto: ao fazer um recorte por renda, também fica claro quem sustenta o apoio a Bolsonaro - que, na média geral, é avaliado como bom ou ótimo por 32% da população, mesmo número dos que o avaliam como ruim ou péssimo e como regular. Quase metade dos que ganham mais de cinco salários mínimos dão apoio ao presidente. Marilea se considera uma típica integrante da classe média curitibana e está na faixa entre cinco e dez salários mínimos.
Os dados por renda acabam refletindo nos que têm como base a formação escolar dos entrevistados. Bolsonaro também apresentou queda acentuada entre os que estudaram apenas até a 4.ª série do ensino fundamental, com seis pontos a menos da pesquisa de abril para a divulgada na semana passada - enquanto as outras faixas desse segmento não oscilaram tanto. 
Apesar de os índices de bom ou ótimo, ruim ou péssimo e regular estarem no mesmo patamar, Bolsonaro é o presidente mais mal avaliado em início de primeiro mandato desde Fernando Collor. O presidente também vai mal em outros dois pontos da pesquisa: a aprovação ao modo de governar o País e a confiança na sua figura.
Mais da metade da população - 51% dos entrevistados - não confia no presidente, enquanto 46% confiam. Quanto ao modo de governar, os números são menos distantes entre si: 48% desaprovam a maneira como Bolsonaro se comporta à frente do Palácio do Planalto, ante 46% que o endossam.
“O apoio ao governo está bem próximo do tamanho dos grupos mais identificados com uma visão mais conservadora em termos morais (evangélicos sobretudo)”, afirmou o cientista político Marco Antônio Teixeira, que vê o desemprego e a queda na renda, somados a fatores mais específicos, como os principais motivos para a constante queda de popularidade do presidente.
A diferença mais acentuada se dá no segmento por região. No Nordeste a avaliação do governo como bom ou ótimo já era menor que a média nacional em abril e os números despencaram na mais recente pesquisa (mais informações nesta página). 
No item renda, os que ganham até 1 salário e veem o governo com bons olhos ficam em apenas 21% dos entrevistados. A diferença entre os setores cresceu na pesquisa deste mês.
Outro pilar de sustentação do bolsonarismo, por sua vez, sofreu um baque na pesquisa de junho. Os municípios do interior e os com menos de 50 mil habitantes registraram queda maior do que capitais e cidades periféricas. Antes havia uma diferença clara entre os tipos de município; agora não há mais.
A contadora Angélica Bernardes, de 49 anos, moradora de São Leopoldo (RS), mantém o apoio a Bolsonaro porque considera que valores morais e éticos estão se perdendo. “Eu vejo que as pessoas já estão cansadas nesse país de falta de valores, princípios, educação, respeito. Infelizmente perdemos tudo isso no Brasil. É muita libertinagem. Não sou homofóbica, nem racista, eu só quero respeito”, afirmou a contadora, que apoia a política de armas do atual presidente.
Este também é o motivo do apoio manifestado pelo comissário da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ricardo de Souza Salamon, de 51 anos. “Essa falácia de calibres restritos e permitidos era mais uma jabuticaba. Temos é que endurecer a legislação para quem comete crime armado e com arma ilegal”, disse. “Permitir que o cidadão se defenda é dever do Estado. Mais perigoso é deixar, como ocorre hoje, que um criminoso quase sempre reincidente, seja colocado prematuramente em liberdade e coloque toda sociedade em risco”, afirmou Salamon, que trabalha há 27 anos na corporação. 

Pautas econômicas e de costumes têm marcha desigual após 6 meses
O balanço dos seis primeiros meses do governo Bolsonaro mostra um avanço em pautas econômicas como a reforma da Previdência, defendida como fundamental para o reequilíbrio das contas públicas e para a retomada do crescimento econômico. Bem diferente é a situação da chamada pauta conservadora, que serviu de base para a campanha do então candidato do PSL. Propostas como o Escola Sem Partido, a flexibilização da posse e porte de armas e o combate às políticas de gênero têm enfrentado resistência e derrotas no Congresso.
“O Congresso apoia a modernização econômica, mas a agenda conservadora se mostrou inviável. Os parlamentares a rejeitam”, resume o pesquisador Fernando Schüler, do Insper. Ao analisar o desempenho do governo, Schüler faz outra observação: o governo tem perdido o “protagonismo” na condução mesmo da agenda econômica, que tem andado mais por iniciativa do Legislativo. “O Congresso está comandando a agenda econômica, é uma situação inusitada. O governo perde protagonismo, mas, se funcionar e gerar resultados, vai colher frutos e será reconhecido.”
Desde a posse, Jair Bolsonaro tem repetido que precisa combater o que ele chama de “velha política”, que seria baseada na troca de cargos por votos. Essa ofensiva contra os políticos também é usada por grupos bolsonaristas nas redes sociais e em protestos de rua, ao responsabilizarem o Congresso pelo atraso na aprovação das reformas. Os parlamentares negam o “toma lá, dá cá” e acusam o Executivo de querer passar por cima dos demais Poderes.
Como resultado desse impasse, Bolsonaro ainda não conseguiu assegurar uma base de apoio forte o suficiente para garantir que seus projetos sejam aprovados. Foi o caso do primeiro decreto de armas, derrubado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Destino parecido teve a medida provisória que transferiu para o Ministério da Agricultura a demarcação de terras indígenas, devolvido pelo Senado ao Executivo.
A questão da demarcação será avaliada em agosto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, onde o governo também já amargou derrotas. A Corte aprovou a criminalização da homofobia - criticada por Bolsonaro - e impediu a extinção indiscriminada dos conselhos federais públicos. “Seria ruim se o governo aprovasse pautas na base do ‘toma lá, dá cá’. Isso foi rejeitado nas urnas, mas fica o desafio: como dar governabilidade e conduzir reformas?”, afirmou Schüler.

Previdência
Apresentada em 20 de fevereiro, a reforma da Previdência foi aprovada em comissão especial e segue agora para apreciação no plenário da Casa nas próximas semanas. Ainda não há garantia de que vai atingir a economia de R$ 1,3 trilhão em dez anos almejada pelo Ministério da Economia, mas o consenso em torno da necessidade da reforma aponta para algum alívio nas contas públicas.
Até lá, o governo tem sido cobrado a adotar medidas de curto prazo que estimulem a economia. Pesquisador da Universidade de Harvard, Hussein Kalout diz que é preciso resolver três problemas: renda, crédito e emprego. “Sem isso, a economia entrará em processo de inércia e haverá impactos sobre a sociedade, o empresariado e o mercado”, avaliou. Kalout citou ainda a necessidade de abertura comercial, redução tarifária, a desburocratização da administração pública e a qualificação profissional. 
Na sexta-feira, o governo comemorou acordo para formar uma área de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). O tratado prevê que, no prazo de até uma década, 90% do que o Brasil exporta entrará na UE sem tarifas. Hoje somente 2,4% dos produtos têm alíquota zero. O acordo também facilitará a entrada de produtos europeus no Brasil. “Outros países não vão querer ficar de fora do mercado do Mercosul. Aumenta nossa inserção no mundo”, diz Pedro Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira.
A mudança de governo também deixou marcas na imagem externa do Brasil, após forte atuação do que os bolsonaristas chamam de “ala ideológica”. Alvo de protestos nos Estados Unidos, Chile, Suíça e Argentina, o governo tem sido contrário a pautas que o Brasil defendia anteriormente, como o multilateralismo. Outra característica foi a aproximação com os EUA e com governos de extrema-direita da Hungria, Polônia e com setores na Itália. 
Para Oliver Stuenkel, coordenador do programa de pós-graduação de Relações Internacionais da FGV, a política externa perdeu a previsibilidade. “É um produto de brigas entre as facções do governo. Os países estão estabelecendo diálogos paralelos com as facções para antecipar qual grupo pode ganhar as batalhas”, afirmou, exemplificando com interesses de militares, de liberais e da ala “ideológica”.
Como exemplo, Oliver citou as críticas do chanceler Ernesto Araújo à integração regional da Europa e ao globalismo. “Depois disso, Bolsonaro vai para a Argentina e mostra interesse em promover um debate sobre uma moeda comum, pesadelo para qualquer contrário ao globalismo.” 
O ex-embaixador Rubens Ricupero diz que o País perdeu energia prejudicando a relação com a China ou com declarações polêmicas com os países árabes, quando cogitou transferir a embaixada em Israel. “O prestígio internacional do Brasil está hoje perto de zero.”

Agenda do governo não engrena na Câmara
Com uma articulação política reconhecidamente falha e uma relação ora turbulenta ora amistosa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo do presidente Jair Bolsonaro aprovou, nestes primeiros seis meses de gestão, pautas de seu interesse na Casa num ritmo comparado a espasmos pontuais entremeados por paralisações. É o que apontam dados do Barômetro, ferramenta do Estado que monitora a relação entre o Executivo e o Legislativo. 
O ritmo de votações orientadas pelo governo pode ser visto nos gráficos desta página, referentes aos primeiros semestres de todos os presidentes desde 2003. Cada barra indica um dia de votação no qual o governo orientou votação na Câmara - o tamanho delas indica a quantidade de votações naquele dia. Quanto maior for a barra verde, mais votos foram favoráveis ao governo - a rosa são os votos contrários.
Na comparação com as gestões anteriores, o governo Bolsonaro é o que registra os maiores espaços temporais entre as votações orientadas na Câmara desde 2003. Não foram incluídos na contagem as votações em que o governo se absteve de orientar a base aliada. No início deste mês, o Estado informou que uma em cada três propostas que tramitaram na Câmara este ano não foram orientadas pelo Palácio do Planalto. É a maior taxa de omissão desde 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Os espaços em branco no gráfico coincidem com os períodos em que houve ruídos nas relações entre o governo Bolsonaro e Rodrigo Maia, responsável por determinar a pauta de votação da Câmara. Entre 26 de março e 7 de maio, por exemplo, passaram-se 42 dias sem que o governo orientasse os deputados em votações. O período coincide com um estremecimento na relação entre Maia e o clã Bolsonaro.
O estopim foi a publicação de uma mensagem, no dia 21 daquele mês, do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho 02 do presidente, no Twitter. Carlos ironizou Maia por sua relação de parentesco com o ex-ministro Moreira Franco, que havia sido preso naquele dia - presidente da Câmara é casado com a enteada do ex-ministro.
Durante a longa lacuna no plenário da Câmara, no entanto, Bolsonaro teve uma vitória na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que aprovou a admissibilidade da reforma da Previdência, a principal pauta do governo. Deputados consideraram, no entanto, que a aprovação não foi por causa de Bolsonaro, mas apesar dele. No dia seguinte, Maia disse que o governo precisa “fazer política” e “assumir a importância da aprovação da reforma.” 
Em maio, o governo conseguiu aprovar pautas de menor relevância, como a transferência da Junta Comercial do Distrito Federal, que estava sob controle da União, para o governo estadual. E sofreu derrotas significativas, como o retorno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o ministério da Economia - contrariando os interesses do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
No dia 28, dois dias depois das manifestações de rua em apoio a Bolsonaro, nas quais o Legislativo e o Judiciário foram alvo, os chefes dos três Poderes se reuniram para e firmaram um “pacto”. Apesar da postura reticente de Maia em aderir ao pacto, a reunião refletiu no “humor” da Câmara, com a aprovação de pautas de interesse do governo. O ritmo, no entanto, voltou a cair no início de junho, a partir da divulgação das supostas trocas de mensagens entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol.
Deputados consideraram, no entanto, que a aprovação não foi por causa de Bolsonaro, mas apesar dele. No dia seguinte, Maia disse que o governo precisa “fazer política” e “assumir a importância da aprovação da reforma.”
Em maio, o governo conseguiu aprovar pautas de menor relevância, como a transferência da Junta Comercial do Distrito Federal, que estava sob controle da União, para o governo estadual. E sofreu derrotas significativas, como o retorno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o ministério da Economia - contrariando os interesses do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
No dia 28, dois dias depois das manifestações de rua em apoio a Bolsonaro, nas quais o Legislativo e o Judiciário foram alvo, os chefes dos três Poderes se reuniram para e firmaram um pacto. Apesar da postura reticente de Maia em aderir ao pacto, a reunião refletiu no humor da Câmara, com a aprovação de pautas de interesse do governo. O ritmo, no entanto, voltou a cair no início de junho, a partir da divulgação das supostas trocas de mensagens entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol.