Percepções sobre coisas que dão certo e outras não
Paulo Roberto de AlmeidaÉ muito conhecida a famosa frase entre economistas sensatos, sobre eles mesmos, que diz que "o economista é aquele cara chato que coloca água no chope quando a festa está no auge da animação. Ele consegue esfriar qualquer entusiasmo".
Adaptando: o diplomata chato é aquele que não se conforma ao ver iniciativas diplomáticas de um governo que busca obter sucesso de imagem apontando para políticas que vão gerar impasses estratégicos mais adiante.
Eu vi isso várias vezes ao longo da carreira, assistindo diversas políticas econômicas e diplomáticas que nos afastaram do pelotão central das democracias avançadas de mercado, e nos mantiveram no bolo indistinto dos "países em desenvolvimento" (fazem mais de 80 anos que continuamos nessa tribo).
Eu vi isso novamente no início do lulopetismo diplomático, quando se fez uma aliança (saudada por praticamente todos e nunca revertida) com duas grandes autocracias e uma outra democracia em desenvolvimento de baixíssima qualidade (logo veio outra se juntar à patota original), e que resultou no atual Brics+, um bloco claramente identificado com a construção de uma "nova ordem global multipolar", alternativa e até oposta à aliança ocidental que levou o mundo a certa prosperidade e sobretudo democracia, direitos humanos e menos desigualdades.