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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Percepções sobre coisas que dão certo e outras não - Paulo Roberto de Almeida

 Percepções sobre coisas que dão certo e outras não

Paulo Roberto de Almeida

        É muito conhecida a famosa frase entre economistas sensatos, sobre eles mesmos, que diz que "o economista é aquele cara chato que coloca água no chope quando a festa está no auge da animação. Ele consegue esfriar qualquer entusiasmo".

        Adaptando: o diplomata chato é aquele que não se conforma ao ver iniciativas diplomáticas de um governo que busca obter sucesso de imagem apontando para políticas que vão gerar impasses estratégicos mais adiante.
        Eu vi isso várias vezes ao longo da carreira, assistindo diversas políticas econômicas e diplomáticas que nos afastaram do pelotão central das democracias avançadas de mercado, e nos mantiveram no bolo indistinto dos "países em desenvolvimento" (fazem mais de 80 anos que continuamos nessa tribo).
        Eu vi isso novamente no início do lulopetismo diplomático, quando se fez uma aliança (saudada por praticamente todos e nunca revertida) com duas grandes autocracias e uma outra democracia em desenvolvimento de baixíssima qualidade (logo veio outra se juntar à patota original), e que resultou no atual Brics+, um bloco claramente identificado com a construção de uma "nova ordem global multipolar", alternativa e até oposta à aliança ocidental que levou o mundo a certa prosperidade e sobretudo democracia, direitos humanos e menos desigualdades.
        Sinto que estamos perdendo o rumo no campo da política externa.

Brasília, 3/12/2024