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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Balanço de pagamentos e investimentos no Brasil: desafios atuais, desafios à frente - Ricardo Bergamini

 Reservas internacionais e investimentos no Brasil: os dados da conjuntura

 

No Brasil, por deformação cultural, não se debate balanço de pagamentos: acreditamos que a culpa é sempre do resto do mundo (Ricardo Bergamini). 

Saldo de Transações Correntes

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,31% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,52% do PIB; Governos Dilma/Temer (2011/2018) – déficit de US$ 48,2 bilhões = -2,21% do PIB; Governo Bolsonaro (2019/outubro/2020) - déficit de US$ 15,3 bilhões = - 1,04% do PIB, nos 12 meses encerrados em outubro de 2020. 

 

Resumo: Governo FHC déficit de transações correntes de -3,31% do PIB, Governo Lula déficit de -0,52% do PIB, governos Dilma/Temer déficit de -2,21% do PIB e, nos doze meses do governo Bolsonaro encerrados em outubro de 2020, déficit de -1,04% do PIB, ou seja, 52,94% menor do que o período de Dilma/Temer.


Estatísticas do setor externo Fonte BCB 

Base: Outubro de 2020

1.    Balanço de pagamentos

  


As transações correntes foram superavitárias em US$ 1,5 bilhão em outubro, ante déficit de US$ 8,1 bilhões em outubro de 2019. Este foi o terceiro mês seguido de superávit e o sexto superávit mensal desde abril. Seguindo a tendência dos meses anteriores, essa reversão ocorreu de forma disseminada, com aumento de US$ 3,0 bilhões no superávit da balança comercial de bens e reduções de US$ 4,5 bilhões e de US$ 2,0 bilhões nos déficits em renda primária e serviços, respectivamente. O déficit em transações correntes somou US$ 15,3 bilhões nos 12 meses encerrados em outubro, equivalentes a 1,04% do PIB. Este déficit foi inferior aos US$ 24,9 bilhões (1,64% do PIB) nos 12 meses terminados em setembro e o menor valor acumulado desde fevereiro de 2018, 0,97% do PIB.

 

As exportações de bens totalizaram US$ 18,0 bilhões em outubro, recuo de 8,6% ante outubro de 2019. As importações de bens somaram US$ 13,1 bilhões, declínio de 26,3%. De janeiro a outubro de 2020 as exportações recuaram 7,8% e as importações, 15,1%. O superávit comercial somou US$ 41,5 bilhões, acima dos US$ 32,5 bilhões observados no mesmo período de 2019.

O déficit da conta de serviços atingiu US$ 1,6 bilhão no mês, recuo de 55,2% ante outubro de 2019, US$ 3,7 bilhões. A conta de viagens internacionais continua a evidenciar os impactos da pandemia, com diminuição do déficit de US$ 1,0 bilhão, em outubro de 2019, para US$ 103,0 milhões, em outubro de 2020 (-90,2%) nas despesas líquidas. Destacou-se também, na mesma base comparativa, o recuo de US$ 745,0 milhões nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,5 bilhão para US$ 789,0 milhões, e a redução de US$ 450,0 milhões nas despesas líquidas de transportes, de US$ 606,0 milhões para US$ 156,0 milhões.

Em outubro, o déficit em renda primária somou US$ 1,9 bilhão, recuo de 70,6% em relação a outubro de 2019. As despesas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$ 919,0 milhões, comparativamente a US$ 4,2 bilhões em outubro de 2019. Esse resultado decorreu da combinação do recuo nas despesas em US$ 2,8 bilhões, para US$ 2,2 bilhões, e do aumento nas receitas em US$ 520,0 milhões, para US$ 1,4 bilhão. Os gastos líquidos com juros somaram US$ 948,0 milhões, redução de 56,0% na comparação interanual, com queda de receita e de despesa. De janeiro a outubro de 2020 o déficit em renda primária totalizou US$ 34,1 bilhões, 27,9% inferiores aos US$ 47,3 bilhões no mesmo período em 2019.

No mês, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,8 bilhão, ante US$ 8,2 bilhões em outubro de 2019. O resultado de outubro de 2020 foi composto por entradas líquidas de US$ 2,8 bilhões em participação no capital e saídas líquidas de US$ 1,0 bilhão em operações intercompanhia. Nos doze meses encerrados em outubro de 2020 o IDP totalizou US$ 43,5 bilhões, correspondendo a 2,94% do PIB, em comparação a US$ 49,9 bilhões (3,29% do PIB) acumulados em 12 meses no mês anterior.  

 

 Em outubro, ocorreram ingressos líquidos de US$ 5,5 bilhões em instrumentos de portfólio negociados no mercado doméstico, resultado de ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões em ações e fundos de investimento e de US$ 2,7 bilhões em títulos de dívida. Nos dez primeiros meses do ano houve saídas líquidas de US$ 21,6 bilhões, comparativamente a saídas de US$ 872,0 milhões entre janeiro e outubro de 2019. Nos doze meses encerrados em outubro a saída líquida de investimentos em portfólio no mercado doméstico somou US$ 27,4 bilhões. 

2. Reservas internacionais

 O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 354,5 bilhões em outubro, redução de US$ 2,1 bilhões em comparação ao mês anterior. O recuo do estoque de reservas internacionais decorreu de liquidação de vendas à vista no mercado de câmbio, US$ 1,6 bilhão, e variações negativas por paridades e por preço, US$ 1,0 bilhão. A receita de juros somou US$ 425,0 milhões.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br