Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Brasil: capital Caracas - Julio Maria Sanguinetti
Brasileiros no mundo: resta saber em qual ! - Rui Martins
Golpe do Itamaraty nos emigrantes
Esse pessoal, geralmente com a mania de vestir camisetas verde-amarelas, faz parte da população brasileira ou já foram excluídos e conservam o passaporte como um simples documento de viagem ?
(Publicado originalmente no site Direto da Redação)
Matematica elementar: a Republica da meia entrada
Se é até 40% dos ingressos disponíveis, é possível que os 40% representem bem mais das vendas efetivas, se todas as cadeiras pagas não forem preenchidas.
Isso é que se chama bondade com o bolso alheio...
Paulo Roberto de Almeida
Bandidos de todos partidos, uni-vos... na cadeia ! (Qual lugar seria melhor?)
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Brics, brocs, brucs, ops, acabou... - Alfredo Valladao
Ouvir: http://telechargement.rfi.fr.edgesuite.net/rfi/bresilien/audio/modules/actu/201308/MundoAgora_BRICS_060813.mp3
Os BRICS estão se esfarelando. O grande sucesso econômico dos quatro países – Brasil, Rússia, Índia e China – bateu no teto. Cada uma destas ditas “potências emergentes” tem que cuidar urgentemente da própria casa e esquecer suas ambições de potência. A badalação geral sobre o novo mundo “multipolar” está se transformando em ceticismo. Será que os grandes “emergentes” ainda vão “emergir” um dia?
Mas a força do mercado é tanta que os líderes dos BRICS se convenceram de que podiam transformar uma categoria de ativos financeiros em grupo político. Na verdade, essa metamorfose nunca deu muito certo. Ainda por cima quando decidiram agregar a África do Sul na base do “politicamente correto”. O país africano não tinha condições de jogar na mesma categoria dos outros, mas servia de álibi para dizer que era uma associação que representava os “grandes” do Sul.
Só que os BRICS nunca foram além de um seminário anual para puxar conversa entre Estados com interesses extremamente diferentes. Pontualmente, pode haver algum consenso sobre uma questão ou outra. Sobretudo quando se trata de reivindicar mais voz para cada um dos membros nas instituições internacionais onde são tomadas as grandes decisões estratégicas para o futuro do planeta. Pedir para sentar na mesa com as potências de verdade, tudo bem! Mas agenda positiva que é bom, propostas para que o mundo funcione melhor ou de maneira diferente, necas de pitibiriba! Impossível encontrar um consenso.
Apesar desta falta de vontade de aceitar responsabilidades concretas – e obviamente caras – para garantir o bom funcionamento da ordem mundial, os BRICS impunham um certo respeito. A razão era o sucesso econômico dos emergentes. Nenhum deles pode se impor pelo poderio militar. Possuir a bomba atômica não muda nada, porque simplesmente não dá para jogar em ninguém. Nos dias de hoje, a medida da potência militar é a projeção de forças convencionais em teatros de operação longínquos. Nem Brasil, nem Rússia, nem Índia, nem China têm essa capacidade.
O problema agora é que a economia dos cinco está começando frear perigosamente. Cada um começa a ter problemas de “pibinho”. Claro que atuais 7 ou 7,5% da China são um número invejável para o mundo inteiro. Só que não dá para tirar do buraco um país onde ainda existem quase 1 bilhão de miseráveis. Essa queda do crescimento, com surtos de inflação, está ameaçando os equilíbrios políticos internos em todos BRICS. E a solução para resolver esses problemas econômicos cada vez mais graves não é “econômica”. É política.
A China sabe perfeitamente que, para voltar a crescer, ela tem que turbinar o mercado de consumo interno. Acabou o período áureo, quando o resto do mundo estava disposto a comprar toda a tralha fabricada no Império do Meio. Só que não haverá aumento do mercado de consumo doméstico sem liberalização do crédito. Uma solução quase impossível, porque isto acabaria com o Partido Comunista chinês cujo poder é justamente o seu monopólio na distribuição do crédito. A Índia precisa de uma séria desburocratização e abertura do mercado interno. Só que isto significa bater de frente com interesses clientelistas dos governos provincianos. Não vai acontecer tão cedo e o governo central não tem força para isso.
A Rússia não pode mais continuar vivendo só de exportar petróleo, gás e armamentos. Mas abrir o país para os investimentos industriais e de serviços seria aceitar novos e poderosos atores econômicos, estrangeiros e também nacionais. Isso acabaria com o monopólio econômico da nomenclatura russa. Um monopólio baseado nas grandes empresas de gás e de petróleo.
Quanto ao Brasil, todo mundo sabe que o modelo de consumo interno emperrou e que a solução passa por aumentar a competitividade da economia. Só que isso tem que passar por um maior espaço para o setor privado, e grandes investimentos em infraestrutura e simplificação administrativa. Mas isso ameaça diretamente as vantagens da atual elite no poder encastelada na preeminência do poder público e suas verbas bilionárias. Os BRICS estão se desconjuntando, não só por causa da crise mundial, mas sobretudo porque os seus modelos de crescimento bateram na parede dos interesses particulares de suas elites e do clientelismo de Estado.
Alfredo Valladão, de Brasília
Mais maquiagens contabeis? Desta vez no comercio exterior...
O Brasil e o perdao de dividas de paises africanos: bilateralismo emultilateralismo
Perdão da dívida de países africanos
Sobre a política de recuperação de créditos, o que inclui a reestruturação da dívida, esclarece-se que a análise e o acompanhamento de cada caso são realizados pelo Comitê de Avaliação de Créditos no Exterior, no qual têm assento diversos órgãos e Ministérios do Governo Federal.
As decisões de elevar casos ao Senado Federal são tomadas por esse Comitê com base na Lei 9.665/98 e em parâmetros definidos pela legislação e em negociações bilaterais e em linha com o Clube de Paris, em particular os critérios da iniciativa para beneficiar países pobres e altamente endividados. Trata-se de iniciativa promovida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), implementada por etapas, e destinada a aliviar o peso da dívida de países de baixa renda, da qual participam os grandes credores internacionais. No contexto dessa iniciativa são aprovados planos para assegurar que os recursos liberados sejam aplicados no combate à pobreza. A cláusula de comparabilidade de tratamento obriga o país devedor a não pagar a nenhum credor percentual maior do que acordou com os seus credores internacionais reunidos pelo Clube de Paris, sob pena de ver revertida a redução lá obtida ou demais condicionantes do alívio. Não se trata, assim, de voluntarismo brasileiro, mas de prática concertada internacionalmente, com objetivos claros de permitir que o peso da dívida não se transforme em impedimento do crescimento econômico e da superação da pobreza.
Ações do d
Cambio: a obsessao eterna dos brasileiros, o inferno atual dos companheiros... - Celso Ming, Roberto Azevedo
Até onde vai o dólar?
CELSO MING - O Estado de S.Paulo, 6/08/2013
Câmbio não será resolvido na OMC, afirma Azevêdo
Mensalao dos companheiros vs STF: retaliacao deliberada
O maior deficit comercial em 20 anos: a volta da "heranca maldita"?
Brasil registra pior resultado no comércio internacional em 20 anos
Em julho o país comprou mais do que vendeu bens e matérias-primas de outros países. No acumulado do ano, déficit de quase US$ 5 bilhões.
Diario do Poder: mais diario que poder; tribulacoes diplomaticas - Claudio Humberto
MST: um movimento anacronico, como as ideias de quem o sustenta - Xico Graziano
O País sem o MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) originou-se em 1979, motivado pela luta agrária dos colonos gaúchos nos municípios de Ronda Alta e Sarandi. O regime militar, que comandava o País na época, tentou desmantelar, pelas mãos do famigerado coronel Curió, aquela inquietação camponesa. Ao contrário, porém, sustentado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e apoiado por líderes da oposição democrática, o episódio prosperou, agigantando-se o acampamento de sem-terra.
Cinco anos depois, 8 mil pessoas invadiram a Fazenda Annoni, demonstrando uma ousadia que, de pronto, ganhou a simpatia da opinião pública. O sucesso da empreitada guindou a nova organização à liderança da ação "antilatifundiária" no campo. Seu antípoda, criado no debate da Constituinte, era a União Democrática Ruralista (UDR). Seu rival "interno", de quem procurou sempre se diferenciar, era a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), considerada "pelega" pela esquerda de então. A sociedade em mudança adotou o MST.
Assim, no estrebuchar da ditadura, renascia no País a tese da reforma agrária. Agora, porém, a causa vinha despida de sua lógica econômica, conforme fora idealizada nos anos 1960, para se carregar de conteúdo social. Com a bênção da Teologia da Libertação, um pedaço de terra redimiria os excluídos do campo. Nascia uma utopia agrária.
Ruíra em 1989 o Muro de Berlim. Por aqui, findos os anos de chumbo, avançava a redemocratização. Simultaneamente, avançava a modernização capitalista da agricultura, modificando a dinâmica do agro; antigos latifúndios viravam empresas rurais. Mais à frente, o Plano Real retirou da terra ociosa seu ganho especulativo, empurrando-a para a produção. Começava o império da tecnologia na agropecuária brasileira.
Nesse caminhar da História, a bandeira revolucionária do MST começou a perder seu brilho. Foi então que a organização decidiu, em 1995, mudar sua estratégia, partindo para o confronto direto com os fazendeiros do País: invadiu a Fazenda Aliança, situada em Pedra Preta (MT). Pertencente a um conceituado líder ruralista, a propriedade mantinha excelente rebanho, elevado rendimento, 29 casas de alvenaria, 160 quilômetros de cercas, 21 empregados registrados, reserva florestal intacta. Um brinco produtivo.
Acabou nesse momento o MST "do bem". Inaugurando a fase ulterior da crise agrária, as invasões de propriedades tomaram conta do Brasil, avançando especialmente contra as pastagens de gado. Incontáveis "movimentos" surgiram alhures, arrebentando cercas, roubando gado, fazendo "justiça" com as próprias mãos. Verdadeiras quadrilhas disfarçaram-se de pobres coitados e saquearam regiões, como no sul do Pará. Banditismo rural.
O MST militarizou-se. Seus quadros passaram a fazer treinamento centralizado, o comando definiu regras de comportamento e seleção. Centros passaram a oferecer cursos de capacitação, baseados na cartilha básica intitulada Como Organizar a Massa. Doutrinação pura. Nascido como "movimento social", o MST transformou-se em rígida organização, adentrando a cidade. Recrutando miseráveis urbanos, montou uma "fábrica de sem-terra" no País. Nunca mais a reforma agrária encontrou seu eixo.
Como teria sido a reforma agrária sem o terrorismo das invasões de terras?
Primeiro, seria certamente um programa mais bem planejado, articulado, e não um remendo açodado para resolver conflitos. Não trombaria com a agronomia nem com a ecologia, projetando assentamentos tecnicamente viáveis. Não faria da reforma agrária um foco de devastação ambiental, conforme se verifica em toda a Amazônia. Não confundiria remanescentes florestais com terra inculta, promovendo uma infeliz união da miséria com a depredação ecológica, como, entre tantos exemplos, provam a Fazenda Zabelê, no litoral de Touros (RN), ou a Fazenda Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu (PR).
Segundo, os beneficiários da reforma teriam aptidão reconhecida para a lide rural, jovens habilitados, filhos de agricultores familiares, jamais viriam dos excluídos da cidade. O vestibular da terra seria a capacitação, nunca a invasão. Os assentamentos rurais estariam baseados na produção tecnológica, integrada ao circuito de mercado, nunca firmada na roça de subsistência, isolada. Os novos produtores se emancipariam, seriam titulados, e não, como ocorre hoje, se tornariam subservientes ao poder.
Terceiro, e em decorrência dos anteriores, a reforma agrária seria menor em tamanho, porém muito maior em qualidade. Geraria produção e renda. Daria à sociedade retorno do investimento público. Hoje, acreditem, nem se avalia o custo-benefício dos assentamentos. Nunca se mediu sequer a produção agropecuária advinda das áreas reformadas no Brasil, que atingem 90 milhões de hectares, envolvendo 1,2 milhão de assentados. Ninguém sabe quanto nem o que produzem.
Conclusão: o distributivismo agrário resultou na mais onerosa e fracassada política social da História brasileira. Para se ter uma ideia, o custo médio de cada assentado beira os R$ 100 mil, valor que manteria uma família durante 13 anos recebendo um salário mínimo mensal. Com uma agravante: pelas mãos raivosas dos invasores de terra se criou no País um foco contínuo de encrenca, antipatias, inimizades. Cizânia agrária.
O que seria do Brasil se não fosse o MST? Respondo ao Lula, tranquilamente: mais produtivo e fraterno no campo.