O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: estudantes da UnB mandam candidata presidencial estudar mais...

Nunca vi tanto besteirol por centímetro quadrado quanto na entrevista dada por uma candidata a um programa de TV. Chega a ser constrangedor saber que uma pessoa tão despreparada, cheia de chavões mentirosos, consegue ser candidata a qualquer coisa, inclusive síndica de prédio. Eu não aceitaria uma coisa dessas.
Felizmente, estudantes atentos fizeram a devida correção, e apareceu no Huffington Post Brasil:
https://www.youtube.com/watch?v=at4FpH9PKyI&feature=youtu.be
Paulo Roberto de Almeida


Alunos da UnB lançam vídeo #EstudaLuciana para rebater argumentos de Luciana Genro pró-socialismo (VÍDEO)

Publicado: Atualizado: 


A entrevista da presidenciável Luciana Genro (PSOL) concedida a Danilo Gentilina semana passada continua repercutindo. Após ser aplaudida nas redes por mandar o apresentador 'estudar mais' sobre comunismo, agora ela é alvo de deboche de um grupo de estudantes da Universidade de Brasília (UnB).
Os alunos, que participam do Instituto Liberal do Centro-Oeste, gravaram o vídeo acima para rebater um a um os argumentos de Genro pró-socialismo, apresentados no programa The Noite, de Gentili.
Para quem quer um resumo do vídeo, seguem as principais defesas do grupo em prol do #EstudaLuciana:
Taxar as grandes fortunas é pior
Luciana Genro quer a taxação das grandes fortunas — acima de R$ 50 milhões.
Segundo os estudantes, essa medida não deu certo nos países em que foi adotada.
Eles explicam que essa tributação levou à fuga de dinheiro de países como França e Estados Unidos.
Como exemplo, citaram Eduardo Saverin, ex-Facebook, e o ator Gerard Depardieu, que abriram mão das respectivas cidadanias para que o Estado não mexesse em seus cofres.
"É uma ingenuidade achar que milionários vão ficar parados esperando o Estado tomar seu dinheiro", ironiza um estudante.
Com dinheiro saindo do País, há o risco de cair o nível de empregos.
Investir na Bolsa financia a produção
Os alunos afirmam que é uma falácia Genro dizer que o dinheiro hoje vai para o mercado de capitais, em vez de ir para a produção.
Enumeram uma série de empresas de alimentos e tecnologia que têm ações na Bolsa.
E explicam que investir na Bolsa é financiar a produção dessas companhias.
Também dizem que "não existe dinheiro certo" no mercado financeiro, como defende Luciana Genro.
Ainda alfinetam o pai dela, o governador Tarso Genro (PT-RS), candidato à reeleição, que tem grana em fundo de investimentos.
Países livres e capitalistas são mais tolerantes aos gays
Os jovens do Instituto Liberal do Centro-Oeste defendem que socialismo e liberdade, substantivos que figuram no nome do PSOL, são excludentes.
Lembram que países capitalistas e livres são mais tolerantes aos gays — minoria acolhida pelo PSOL em suas bandeiras fundamentais.
LEIA MAIS:
Renda dos pobres é maior em países capitalistas
Os estudantes usam o ranking mundial de liberdade econômica para comparar como está a renda das pessoas mais pobres em países capitalistas e socialistas.
Os dados mostram que, quanto mais empreendedorismo e comércio, os pobres de um país são mais ricos.
Portanto, segundo eles, a renda das famílias pobres é maior em países mais livres.
O socialismo não deu certo
Tratado como "utopia concreta" por Luciana Genro, o socialismo não logrou êxito — defendem os jovens do vídeo.
Para eles, é praxe os militantes socialistas se referirem a ditadores comunistas pelo nome do regime do ditador, na tentativa de mascarar uma experiência de socialismo que deu errado.
É o caso do "stalinismo", na União Soviética, "castrismo", em Cuba, e "chavismo", na Venezuela.

Imposto corporativo: como reformar nos EUA - Gary Clyde Hufbauer

Um debate importante também para o Brasil, onde a Receita adotou o conceito mundial desde 1996.
Empresas vão embira, como muitas já estão escolhendo mudar do Brasil para outros países.
Paulo Roberto de Almeida

Corporate Taxation: Historic Reform Awaits 2017

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Petersen Institute of International Economics, September 19th, 2014 | 09:44 am 

In summer of 1975, J. L. Kramer and I published an article in the International Tax Journal entitled “Higher U.S. Taxation Could Prompt Changes in Multinational Corporate Structure.” Nearly four decades later, our Delphic predictions may be coming true—evidenced by the widespread phenomenon of corporate “inversions.” Inversions—whereby US corporations acquire a legal citizenship abroad by merging with a foreign company—occur not because US corporate rates have risen since 1975 (in fact they fell from 48 percent then to the current level of 35 percent). Rather, they occur because foreign countries have sensibly cut their corporate tax rates further and faster while the United States clings to what is called the “worldwide” tax norm as other countries have shifted to a “territorial” norm.
The recent spate of inversions has upset the conceit that the US corporate tax system can stand the test of time and international competition. The fact that US-based multinational corporations (MNCs) are holding north of $2 trillion of their earnings and profits (E&P) in their subsidiaries abroad proves the US policy failure. Even the Washington Post editorial writers realize that all is not well. The question is what to do about this problem.
The Jack Lew Solution: Plug the Dike Today, Fix the Structure Tomorrow
Treasury Secretary Jacob Lew, echoing Secretary of State John F. Kerry—who castigated “Benedict Arnold” corporations in his 2004 presidential campaign—has assailed the loyalty of any US firm that thinks about relocating corporate headquarters in a friendly foreign climate. President Barack Obama speaks of “economic patriotism.” Accordingly, Senator Bob Casey (D-PA) and others seek to close the “loopholes,” administratively if possible, legislatively if necessary. These officials focus on imaginary tax revenue, ignoring the larger destructive consequences of the US corporate tax system.
One proposed remedy would raise the threshold of foreign ownership from 20 percent to perhaps 50 percent before an erstwhile US corporation could acquire the citizenship of a foreign country. Another remedy would limit deductions in the United States for interest paid to related firms abroad. Still other remedies would impose extra tax burdens on US shareholders or executives if their firms invert. Such remedies can be enacted only by Congress, and it’s almost certain that Congress will not enact such measures in the next two years. Using existing legislative authority, it’s not clear what the Treasury can do, but Secretary Lew has tasked his officials to scour the Internal Revenue Code for options. Assistant Secretary for Tax Policy Mark Mazur is reported to have an imaginative list. The Internal Revenue Service could certainly step up its audits of departing firms.
Lew and his allies recognize that the US corporate rate is out of line but fail to recognize how far out of line. And they are in no hurry to cut a deal with Congress. The administration has suggested a 28 percent rate, well above the OECD average and not in shouting distance of China, which has a 15 percent rate for high-technology firms. By contrast, Michael Graetz, professor of tax law at Columbia University, has recommended a 15 percent rate and I have suggested a 20 percent rate. In Treasury’s view, lowering the corporate rate should be accompanied by closing other “loopholes,” including accelerated depreciation, requiring firms to use “first-in first-out” accounting for inventory profits, rather than “last-in first-out” (LIFO), and eliminating the immediate deduction for intangible drilling costs in the oil patch. Such steps would amount to no real relief at all—just shifting the tax burden between corporate sectors.
Meanwhile, Lew completely ignores the second major defect in the US corporate tax system: its worldwide reach, which inspires US-based MNCs to retain more than $2 trillion of E&P abroad. Instead of advocating a territorial system, in which profits earned abroad would be taxed only by the country in which they were earned, the administration has essentially called for immediate US taxation of foreign profits (ending the long-standing practice known as “deferral”). Ways & Means Chairman David Camp (R-MI) unfortunately embraced this part of the administration’s agenda in his own discussion draft. If these proposals ever came close to being enacted, US firms would move in droves to change their corporate citizenship.
Secretary Lew and his allies do not have the answer. They do not even understand the problem. If they were coal mining safety engineers in any earlier era, they would have strangled the canaries.
Basic Principles
Public Finance 101 teaches that taxes should be levied on immobile factors of production. When taxes are instead imposed on mobile factors, some of those resources leave the jurisdiction of the taxing authority. The late professor Charles Tiebout is not known in the public at large but he is rightly famous among economists for emphasizing that corporations, like people, can “vote with their feet.” When mobile factors leave the jurisdiction, the income of immobile factors also drops, because they work with fewer mobile resources. Applying this insight in a simple model, Professor Arnold Harberger of the University of Chicago and the University of California calculated that $100 billion raised in corporate taxes could reduce the income of US workers by more than $100 billion if enough capital and intellectual property move abroad.
US business tax policy has turned these simple but powerful precepts on their head. In the global economy, capital is highly mobile. Ideas, embodied in intellectual property rights and trade secrets, are even more mobile. Relatively immobile are natural persons (only about 1,000 Americans renounce their citizenship annually for tax reasons) and various forms of real estate (buildings, farmland, oil, and lumber properties, etc.).
The federal government raises most of its revenue through personal income taxes and Social Security taxes, both imposed on factors that are relatively immobile across the US border. But the US business tax system also taxes immobile real estate fairly lightly: In fact, a mélange of “pass-through entities” account for about half of US business revenue. At the same time, the system tries to tax corporations at a statutory 35 percent rate, even though capital and ideas are highly mobile. To be sure, the effective federal tax rate is lower than 35 percent but still significantly higher than the effective tax rates in other OECD countries. If all the “loopholes” that government specialists in the Congressional Budget Office (CBO), Treasury, and Joint Committee on Taxation (JCT) dream of closing are eliminated, a massive loss of productive capacity within the United States would likely result as companies migrate abroad, taking both capital and ideas from US soil. Fortunately, the K Street legal community has so far thwarted these government tax specialists.
Missing from the inversion debate is the bigger prize: making the United States a world-class location for corporate headquarters and the conduct of all aspects of business—production, sales, exports, management, and R&D. Unlike political leaders elsewhere, who cheer and nourish their “national champions,” most US leaders either take large successful firms for granted or scold them for imagined deficiencies. The revenue estimates of the CBO and the JCT fail to reflect the long-term benefits to the United States of retaining and attracting world-class corporations.
The Next Two Congresses, the 45th President, and the Business Community
The jury is out on the path ahead. Much will depend on the 2014 and 2016 elections and the strength of populist anger over the tax issue. Journalists and congressional members insist on confusing the “top one percent” with large corporations. Their goal, as Senator Russell Long of Louisiana used to say, is to avoid taxes that would hurt constituents and instead “tax the fellow behind the tree”—in contemporary parlance, MNCs with operations abroad. Variations on this theme are prominent in the inversion debate. According to President Obama, the costs of inversions are put upon a “bunch of hard working Americans who either pay through higher taxes themselves or reduced services.” This is economic nonsense, but apparently the president’s pollsters think the rhetoric wins votes. How the president will deal with the inversion engineered by his favorite economic advisor, Warren Buffet, who is now moving Burger King to Canada under the leadership of the Tim Hortons company based in Toronto, remains to be seen.
Even more disturbing are articles published in business press, such as the recent essay by Allan Sloan in the pages of Fortune, titled “Positively Un-American tax dodges.” When knowledgeable observers miss the important point—the utter destructiveness of the US corporate tax system—it’s no wonder that politicians and the public are confused.
The Senate Finance Committee and the House Ways & Means Committee will probably seek to link reform (territorial taxation and a 20 percent or lower rate) to anti-inversion penalties. Without meaningful reform, penalties alone will simply motivate firms to find other ways to migrate the productive corporate tax base abroad. The United States would become the least favored location for the Googles of tomorrow.
Reform legislation is a remote bet in the next Congress, but after 2016 Senate Finance and House Ways & Means may be able to work with the 45th president to enact a historic reform legislation.
The Business Roundtable, the National Foreign Trade Council, and other leading business groups should help by publishing their own estimates of additional investment, employment, and repatriated profits over the next five years if Congress reduces the corporate tax rate to 20 percent (without damaging offsets to raise revenues in other areas) and enacts a territorial system. It’s not enough to oppose the current administration’s misguided policies. The positive case for reform must be enunciated in a way that American workers can understand.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A realidade e a percepção: como distinguir uma da outra? - Paulo Roberto de Almeida


A realidade e a percepção:
Como distinguir uma da outra?

Paulo Roberto de Almeida 

Pessoas normais são influenciadas pelo que leem, ouvem, veem, sobretudo na televisão, e agora, crescentemente, nos meios digitais de comunicação e de informação. Daí a importância da propaganda e da publicidade (as duas não devem ser confundidas) na formação de imagens, conceitos, de opiniões.
O PT, partido formado em boa parte por quadros conscientes dos efeitos da propaganda política sobre as grandes massas, aprendeu, desde sempre, a importância de dispor de uma eficiente máquina de propaganda (e não tanto de publicidade, pelo menos não a verdadeira) para obter vitórias políticas e eleitorais.
O que se assistiu, na última década (mais exatamente nos últimos doze anos) foi a uma campanha maciça de propaganda destinada justamente a enaltecer os feitos dos governos lulo-petistas, servindo, paralelamente, para ampliar os recursos do partido com oportunidades inéditas de faturamento semilegal, como evidenciado em diversos casos de contratações suspeitas ou claramente superfaturadas.
Uma comparação dos gastos “publicitários” dos governos anteriores com os recursos mobilizados e executados sob os governos lulo-petistas revelaria, justamente, um crescimento exponencial desses gastos, muito acima do simples crescimento do PIB, bem mais do que a inflação e até superiores ao aumento – já por si exagerado – dos gastos públicos em geral, todos eles em escala ascendente. A população brasileira não tem consciência da evolução especialmente exorbitante desses gastos, e certamente se espantaria se lhe fosse apresentada uma tabela comparando, por exemplo, a expansão da propaganda indevida – que se tenta disfarçar como publicidade governamental – com o crescimento (ou até a diminuição relativa) das despesas em saúde, educação, transportes ou segurança pública.
A realidade desses setores é amplamente negativa, como revelado nas manifestações espontâneas da classe média (nova ou velha, não importa muito agora) de junho de 2013, mas a percepção que a população tem do governo e dos governantes é sem dúvida, amplamente mais favorável do que deveria ser, fruto, justamente, da intensa propaganda feita em favor desses governos, pelos próprios. Essa percepção é parte tornada ainda mais distante da realidade por obra de uma classe de jornalistas amplamente favorável ao governo, o que também é fruto de anos e anos de uma formação deficiente nas faculdades de jornalismo, maciçamente dominadas por uma ideologia antimercado e pró-intervenção do Estado na economia.
Esses dois fatores básicos – gastos excessivos em propaganda governamental e atitude favorável de repórteres e jornalistas – explicam a grande distância entre a boa imagem do governo e o seu péssimo desempenho na maior parte dos gastos públicos. O esforço governamental, sobretudo partidário, continua de forma ainda mais intensa, e deve produzir resultados eleitorais compatíveis com os recursos investidos. Como se diz na linguagem publicitária, a propaganda é a alma do negócio. Nunca antes na história do Brasil o negócio político vendeu sua alma para assegurar a continuidade de um poder construído em grande medida sobre a base de imagens falsas.
Provavelmente, como também se acredita no meio político, as percepções são mais importantes do que os fatos. E não existe nenhuma dúvida de que as versões mais frequentes são aquelas apoiadas na propaganda mais intensa. Recursos não faltam para isso, ao que parece...

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 22 de setembro de 2014, com base em texto de:
Montreal, 4-5 de julho de 2014

O que está em jogo nestas eleições: alternância ou barbarie?


O que está em jogo nestas eleições:
Reflexões de circunstância e de alguma constância

Paulo Roberto de Almeida

Eleições, todas elas, são, majoritariamente, um retrato instantâneo da realidade em que se vive, e, num segundo plano, mas de forma inconsciente ou minimizada, uma projeção utópica do futuro que se deseja. Ou seja, se espera que políticos – mandatários ou representantes do povo – possam fazer pelos seus eleitores aquilo que gostaríamos que eles fizessem por nós, todos nós. Trata-se, portanto, de um reflexo da conjuntura em que se vive e de uma esperança depositada num cenário prospectivo, que se imagina ser melhor do que o atual.
Os militantes da causa, e os true believers (existe certa identidade entre as duas categorias), votam pelos chefes, pelas palavras de ordem que lhes são passadas e que eles incutem como obrigação pessoal, quaisquer que sejam a dita conjuntura e os cenários prospectivos que eles possam traçar individualmente: eles são obedientes e determinados, mas também são poucos, no conjunto dos eleitores e sozinhos não poderiam determinar um resultado eleitoral, a não ser marginalmente, ou em circunstâncias excepcionais. Na maior parte das vezes, eleições são o resultado da expressão majoritária de eleitores comuns, cidadãos trabalhadores, pessoas simples, que sempre fazem algum tipo de cálculo quanto à melhor representação de seus interesses.
Eleitores, em geral, mesmo os mais ignorantes e deseducados politicamente, votam de acordo com os seus interesses materiais, não de acordo com crenças abstratas, salvo aquela minoria de militantes disciplinados e de true believers, já mencionados.
A massa dos eleitores brasileiros é constituída por pessoas da baixa classe média e dos chamados estratos populares, ou seja, pessoas e famílias com renda não superior a 2,5 salários mínimos, que compram quase tudo pelo famoso sistema dos “dez vezes sem juros”, e que possuem uma educação elementar, talvez rústica, para empregar uma palavra neutra. Muitos integram aqueles analfabetos funcionais de que falam algumas pesquisas sobre a capacidade de leitura e compreensão (mínimas) de grande parte da população adulta (talvez mais de um terço). Mesmo os que completaram mais de um ciclo de estudos, não internalizaram de verdade sua educação formal, e retiram a maior parte de sua percepção do mundo dos meios audiovisuais de comunicação e de informação, que são os canais abertos de massa, rádios populares e, crescentemente, a internet. Todos eles possuem celulares, mesmo camponeses e garis de rua, e todos eles possuem uma compreensão razoável do que seja um político: um sujeito que está ali para tirar vantagens pessoais a cada quatro anos, mas que pode, eventualmente, trazer algum benefício ao eleitor e à sua família, geralmente um emprego no Estado, o asfalto, a iluminação pública, a saúde, a segurança.
Eleições são momentos de acordos tácitos entre os candidatos e os eleitores, os primeiros mentindo desbragadamente, os segundos fingindo que acreditam, mas esperando tirar mais vantagens do candidato A do que do candidato B.
As eleições brasileiras de 2014 não serão diferentes na forma e nas modalidades de suas predecessoras, com a distinção atual de que o partido hegemônico construiu uma formidável máquina eleitoral – graças ao uso indiscriminado e inescrupuloso de recursos públicos, legal e ilegalmente – e faz absoluta questão de continuar mantendo controle sobre o poder, de uma forma ou de outra (e provavelmente mais de outra do que de uma). Sendo um partido true believer, mas especificamente neobolchevique e não religioso – ou religioso à sua maneira –, ele acha que encarna os interesses populares, e que é o único capaz de transformar o Brasil à sua imagem e semelhança. O que seria isso?: idealmente, uma sociedade igualitária, voltada para a promoção social e a inclusão dos mais pobres na sociedade de consumo, junto com a limitação do que ele percebe serem as perversidades econômicas e as iniquidades sociais naturalmente vinculadas ao capitalismo. Eles acreditam sinceramente nisso, mas apenas os militantes da causa, e esta é a sua legitimação política aos olhos de seus eleitores potenciais.
Na prática, e de forma muito diferente da imagem idealizada, os oligarcas que dominam o partido, com a ajuda de apparatchiks profissionais – exatamente segundo o modelo bolchevique – constituem uma associação voltada exclusivamente aos seus interesses pessoais, e que não hesitam, e sobretudo não hesitarão, em usar quaisquer meios disponíveis para preservar e aumentar esse poder de que dispõem atualmente. Nesse sentido, eles correspondem etimologicamente ao que se poderia chamar de máfia, ou seja, uma entidade inescrupulosa voltada para a defesa exclusiva dos interesses dos oligarcas que a compõem, e para a expansão de sua riqueza e poder, de todos os tipos.
De fato, seu comportamento é o de uma máfia, mas que atua não exclusivamente pelo segredo e na clandestinidade, escondendo os seus crimes (o que eles também fazem, sem nenhuma hesitação). Como partido político, que é sua face mais visível, eles também atuam de forma aberta – embora não desprezem os meios ilegais quando necessário, e em outras circunstâncias também – e têm a missão de conquistar seus devotos mais fiéis, como uma igreja de true believers, enfim. Aparentemente, ele foram bem sucedidos, pois conseguiram criar um formidável curral eleitoral que responde pelo nome de Bolsa Família. É isso que torna estas eleições diferentes das precedentes.
O que está em jogo, portanto, nestas eleições, é a continuidade da máfia no poder, ou uma alternância eleitoral, o que se afigura difícil. A pequena educação política da população brasileira parece indicar que a máfia será bem sucedida em seu projeto de continuidade do poder. É isto que está em jogo em outubro de 2014.

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 21 de setembro de 2014

Across the Empire, 2014 (24): Toronto: cultura e pequenos prazeres...


Across the Empire, 2014 (24): Toronto: cultura e pequenos prazeres...

Paulo Roberto de Almeida

Toronto estava em festa neste fim de semana, inclusive com a praça do Legislativo fechada para as comemorações da batalha de York, contra os americanos. Em todo caso, preferimos passar o dia no que estava programado para esta cidade: a visita ao novo museu das imediações, Aga Khan, como já antecipado.

Não vou resumir aqui a história do homem ou de sua religião, pois todos podem encontrar muita informação sobre tudo isso, e sobre o museu, na internet. Em todo caso, uma recomendação: Carmen Lícia comprou este livro, que detalha a história dos ismaelitas. Custou exatamente 85 dólares canadenses na lojinha do museu e é um livro imponente (mais 11,05 de imposto, ou seja, um total de $ 96,05).
Eu conheci um pouco da história dos ismaelitas por circunstâncias fortuitas: em 1971 ou 1972, eu estudando na Bélgica, aquele ditador de circo chamado Ido Amin Dada – uma espécie de predecessor do Hugo Chávez – para compensar sua absoluta incompetência em matéria econômica – exatamente como o Chávez, aliás – resolveu encontrar um bode expiatório a quem culpar pelos problemas econômicos que ele mesmo criou em Uganda: resolveu então expulsar todos os imigrantes da época inglesa, que em geral eram trabalhadores do subcontinente indiano, entre eles paquistaneses da seita ismaelita. Algumas dezenas, ou centenas, foram parar na Bélgica. Conheci então uma jovem ismaelita, cujo nome nunca esqueci – por uma razão muito simples, ela se chamava Ruhina – e que me relatou a história de sua família e da imigração de seus antepassados para Uganda, inclusive pormenores da seita ismaili, já com menções a Aga Khan, o benfeitor da comunidade. Muito simpática, e nos entendíamos numa mistura de inglês e de francês, o que bastava para aferir o drama imenso daquelas milhares de família que tiveram, do dia para a noite, abandonar tudo, para buscar uma nova vida em outros países. Imagino como deve ter sido a expulsão dos judeus e dos mouros da península ibérica, a de vários outros povos submetidos a ditadores sanguinários – como Hitler, Stalin e os Castros – e fico pensando como a humanidade ainda comporta seres tão primitivos quanto esses brutos. Mas voltemos ao museu Aga Khan
O museu tinha de tudo o que pessoas cultas podem desejar: exposições de alta qualidade, música ao vivo, uma lojinha muito diversificada (onde comprei uma gravata de seda manufaturada com a temática do museu, bastante cara, por sinal) e Carmen Lícia comprou vários livros, além de um par de brincos na mesma temática, aliás que combinam com um colar que compramos no museu de Detroit, também muito bonito), pessoal simpático, instalações muito confortáveis, com garagem subterrânea (totalmente indispensável num país que neva 1 metro de altura, com 40 negativos). Recomendo altamente, como aliás Carmen Lícia, que aparece nesta foto sorridente.
Endereço para os distraídos: 77 Winford Drive, Toronto, ON M3C 1K1. 
Fizemos dezenas de fotos, Carmen Lícia provavelmente mais de duas centenas, de todos os objetos interessantes fotografáveis, com plaquetas informativas bilíngues.
Eu apareço na companhia deste barbudo, que é o Fathali Shah Qajar, um governante iraniano (ou persa) do início do século 19.
Carmen Lícia preferiu ficar entre esse casal de príncipes iranianos do mesmo período.

Os iranianos, ou persas, nunca foram fundamentalistas, em matéria de religião, de arte, de música, de poesia, e até de afinidades etílicas que seriam condenadas em outras partes, pelo menos até chegar o bando de bárbaros guiados pelo Khomeiny.
Depois do museu, fomos ainda ao centro religioso, ao lado, e que aparece nesta foto escura que fiz ao cair da tarde. 

Estavam preparando uma reunião religiosa, mas ainda assim pude sentar na pequena biblioteca do local, para folhear este Atlas que fiquei com vontade de comprar, mas acabei não achando na lojinha do museu, quando voltamos a ele.

Carmen Lícia também viu frustrado seu desejo de comprar um sexto ou sétimo livro, que também folheou na biblioteca, mas que tampouco estava disponível no momento. Este aqui. Fica para encomendas na Amazon ou na Abebooks.

Depois, ainda percorremos a cidade, indo até essa imensa torre que distingue a cidade, no mesmo modelo da que tínhamos visto em Seattle, com o inevitável restaurante circular, etc.

Carmen Lícia me fotografou na fonte-cascata em frente da torre, com perfis metálicos de peixes (suponho que sejam os famosos salmões do Canadá), subindo as corredeiras dos rios para desovar a montante.

Finalmente, ainda circulamos pela cidade, e sem vontade de sair para um restaurante, passamos num comércio de Fine Foods e compramos um húmus e mais alguns apetrechos para um pequeno lanche ao cair da noite. Terminei mais uma garrafa de vinho, esta que vocês veem na foto, ao lado do azeite com trufas brancas, que ainda perfumou o meu húmus com alho grelhado e cebola...
Agora estou degustando uma legítima Miller, uma das cervejas mais famosas da região, enquanto termino de redigir estas notas.
Amanhã, ou dentro de algumas horas, empreendemos o caminho de volta, não sem antes passar novamente por Corning, onde está o maior museu do vidro do mundo.
Depois conto...

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 21 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: a mistificacao ordinaria dos totalitarios - Roger Scruton

Scruton e o "otimismo inescrupuloso" do PT

Blog do Orlando Tambosi, 21/09/2014
Tentando sufocar os críticos, a campanha petista lança uma cruzada em favor do "pensamento positivo". Em entrevista à Veja, o filósofo britânico Roger Scruton, autor de As vantagens do pessimismo, analisa os riscos do "otimismo inescrupuloso", cultivador de "fantasias convenientes":

Um ranheta contumaz que torce para que o Brasil dê errado. É essa a imagem que a candidata Dilma Rousseff tem de seus críticos, a julgar pela cruzada contra o pensamento negativo que o PT levou ao horário eleitoral essa semana. A campanha é estrelada por um boneco batizado Pessimildo, de sobrancelhas grossas, olhos cansados e queixo protuberante — parece uma mistura do Seu Saraiva, o personagem de Francisco Milani no Zorra Total; com Statler, o crítico rabugento dos Muppets; Carl, o viúvo solitário de Up - Altas Aventuras; e Gru, o vilão de Meu Malvado Favorito. No vídeo levado ao ar, Pessimildo passa a noite em claro "para ver o pior acontecer" e se diverte com a perspectiva de que o desemprego cresça no Brasil — o que, hoje, é bem mais do que uma perspectiva. Um narrador de tom jovial faz pouco caso do fantoche: "Vai dormir, vai'.

Pessimildo é uma caricatura, mas bastante reveladora das obsessões da campanha petista. Desde o início da corrida eleitoral, a presidente Dilma Rousseff tem atacado os "nossos pessimistas", que "desistem antes de começar". Para ela, como para seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, "pessimismo" se opõe a valores como "verdade", "vitória" e "progresso". "Pense positivo, pense Dilma (sic)", recomenda a campanha petista, à maneira dos manuais de autoajuda.

As armadilhas deste otimismo desmedido são analisadas em The Uses of Pessimism ("As Vantagens do Pessimismo", em edição publicada em Portugal), que o filósofo inglês Roger Scruton lançou em 2010. 

Não se trata de defender a melancolia, a desesperança, a indiferença ou o ressentimento — o livro não tem nada de sombrio. Seu alvo é o "otimismo inescrupuloso". E, com frequência, o Otimildo da campanha petista é aquele que constrói sua mensagem com base em falácias, exageros, ilusões — ou na pura e simples manipulação da verdade e dos números. 

"Pessoas verdadeiramente alegres, que amam a vida e são gratas por esta dádiva, têm grande necessidade do pessimismo — em doses pequenas o bastante para que sejam digeríveis", escreve Scruton.

Pessimildo, o ranheta da propaganda petista.
Vai dar tudo certo - A primeira armadilha apontada pelo britânico é a "falácia da melhor das hipóteses". É o engano típico dos apostadores, que "entram no jogo com a plena expectativa de ganhar, levados por suas ilusões a uma situação irreal de segurança" - uma descrição aproximada do transe em que vive a área econômica do governo petista. O apostador só aparentemente assume riscos, escreve Scruton. No fundo, o que ele faz é bem o contrário: julgando-se predestinado, dobra a aposta convicto da vitória que acredita "merecer". Em 2011, logo após assumir, Dilma contava com que o país crescesse 5,9% ao ano - em média! - em seu governo. A poucos meses de concluir seu mandato, Dilma amarga resultados tão ruins que só podem ser comparados aos anos Collor e ao governo de Floriano Peixoto, nos primórdios da República. O país está em recessão técnica, mas nem isso abala o otimismo palaciano. Como o jogo, o irrealismo é em si uma espécie de vício, analisa o filósofo. 

Eu tenho um plano - Uma das falácias centrais analisadas por Scruton é a do planejamento, que consiste na crença de que sociedades podem ser organizadas como exércitos em torno de um plano desenhado por um poder central. Dessa armadilha deriva o furor regulatório dos burocratas e idealistas instalados na máquina pública. É a marca de regimes autoritários, claro, mas também envenena sólidas democracias. Para Scruton, o maior exemplo dessa falácia é incansável disposição dos arquitetos da União Europeia para editar marcos regulatórios cada vez mais detalhados e intrusivos, ignorando o "o modo como, pela lei das consequências não planejadas, a solução de um problema pode ser o início de outro". Scruton dá como exemplo a determinação de que o abate de animais na UE se faça na presença de um veterinário. O objetivo: remover da cadeia produtiva os animais doentes, possivelmente impróprios para o consumo. O resultado: onde o diploma de veterinário é difícil de obter, e o profissional, portanto, é muito bem remunerado, pequenos abatedouros se viram obrigados a fechar, pondo em dificuldades também os pequenos criadores.

Um corolário da falácia do planejamento é o inchaço da máquina pública. É sintomático que Dilma, uma notória "planejadora", tenha levado o primeiro escalão a abrigar 39 ministros, incluindo o da Pesca, para, segundo informou recentemente a presidente, não descuidar da tilápia. A falácia reside na crença de que um exército de iluminados tenha soluções, de canetada em canetada, para todos os problemas do país. E é grande o apelo desse falácia. "Todo mundo quer empurrar seus problemas para o estado, com a certeza de que há um plano para sua sobrevivência que não exija esforços de sua parte", afirma Scruton a VEJA. "Como digo em meu livro, não há como convencer as pessoas a abrir mão dessas falácias, e só um desastre pode momentaneamente incutir a verdade em suas mentes."

Eu tenho um sonho - A campanha eleitoral brasileira parece uma coleção das falácias analisadas por Scruton. Uma delas é particularmente recorrente: a utopia, uma visão de futuro em que os homens terão superado suas diferenças e resolvido todos os problemas. Marina Silva, a presidenciável do PSB, tem o discurso mais utópico da corrida presidencial – já se definiu como 'sonhática', por oposição aos políticos 'pragmáticos', e acredita que seu eventual governo poderia atrair os melhores quadros dos partidos brasileiro, incluindo os arquirrivais PT e PSDB.

Claro, a mobilização política terá sempre um forte acento otimista — Martin Luther King não teria feito história se, em vez de um sonho, tivesse apenas uma sugestão a dar... A falácia da utopia, contudo, vai bem além disso: acena, não com dias melhores, mas com o fim de todos os males. É uma promessa, por definição, irrealizável. Como o eleitor pode se precaver contra esse tipo de ilusão? "Não é fácil. Ninguém vota em pessimistas. Ainda assim é possível distinguir os políticos realistas – aqueles que reconhecem os problemas e estão preparados para encará-los, como Margaret Thatcher e Winston Churchill. Mas, claro, dependemos de uma cultura de seriedade e responsabilidade", diz Scruton. "Isso existe no Brasil?"

Pior não fica - A reportagem informa Scruton da existência do palhaço Tiririca, o deputado mais votado em 2010, candidato à reeleição em 2014, cujo slogan é "pior do que está não fica". É possível cultivar um pessimismo "esclarecido", sem sarcasmo, sem desistir da política? "Sim, é possível", responde Scruton. "Mas é mais provável que isso ocorra durante uma crise nacional, quando as pessoas precisam de liderança e por isso irão procurar qualidades morais, realismo e coragem nos políticos. O sarcasmo pode ser bem-sucedido em tempos de paz e riqueza, mas não em tempos de conflito e privação. O fato de que políticos no Brasil sejam vistos como piada sugere que as coisas no Brasil não estão tão mal."

As armadilhas do progresso - Expoente do pensamento conservador, Scruton dá especial atenção às armadilhas do "progressismo". O filósofo considera enganoso estender o entendimento que se tem do progresso na ciência a outras áreas. Que a ciência avance, por acumulação de conhecimento, é inegável. Mas é "questionável acreditar, por exemplo, que haja progresso moral contínuo, que avance à velocidade da ciência", escreve. Em um país na79ª posição no ranking do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, contudo, "progresso" é palavra de ordem no debate político. Como países emergentes devem lidar com a necessidade de se desenvolver, sem ceder às falsas esperanças? Scruton não é contra o progresso, é claro, mas lembra que algumas mudanças acontecem para pior. "Acho que é sempre necessário considerar o que as pessoas têm e aprender a dar valor a isso. Não virar as costas ao passado, aos costumes e às instituições que são a medida da felicidade das pessoas", diz. "É também necessário reconhecer o custo do progresso, em termos de prejuízos ambientais, migrações e desagregação das famílias. É necessário enfatizar esses aspectos para lembrar as pessoas das boas coisas que elas podem perder."

As armadilhas da igualdade - Uma das ciladas do otimismo inescrupuloso é o que Scruton chama de "falácia da agregação", que o filósofo ilustra com o seguinte exemplo: uma pessoa pode gostar de lagosta, chocolate e ketchup, mas isso não significa que deva combinar os ingredientes no mesmo prato. Para o filósofo, o lema da Revolução Francesa incorre na mesma falácia: só se promove a igualdade às custas da liberdade. Como países ainda tão desiguais como o Brasil devem enfrentar a questão? "É justo lutar pela igualdade quando as desigualdades, de modo manifesto, dividem e ameaçam a ordem social", responde Scruton. "Mas é errado acreditar que se pode perseguir a igualdade e a liberdade ao mesmo tempo. Para que haja uma sociedade mais igualitária, é preciso conter ambições e garantir que a renda seja distribuída, mesmo contra a vontade dos contribuintes."

Fantasias convenientes - Embora disseque todas as falácias do otimismo desmedido, Scruton não tem esperança de que "otimildos" recuem de suas ilusões. Ao contrário, eles se voltarão contra seus críticos e seguirão com suas fantasias convenientes, e com energia renovada, bradando por mais progresso, novos planos, mais belas utopias. Para tanto, recorrerão a diversos "mecanismos de defesa contra a verdade", afirma Scruton, como a inversão do ônus da prova e a transferência de responsabilidades. Como esses truques podem ser tão eficientes? "Nós todos evitamos a realidade quando ela é inconveniente. A verdade é uma disciplina difícil. É importante que cada sociedade acomode instituições - locais de debate, think tanks, universidades - onde a liberdade possa ser buscada a todo custo", diz. "Enquanto houver liberdade de expressão e de opinião, a verdade pode ser dita e, gradualmente, infiltrar-se na opinião pública. Mas isso leva tempo e é necessário que as pessoas aprendam a respeitar os que dizem a verdade." (Veja.com).

domingo, 21 de setembro de 2014

Seis invenções geniais que foram esquecidas - SuperInteressante

Tecnologia esquecida

Seis invenções geniais que foram esquecidas

Confira seis invenções fantásticas que, injustamente, não receberam a devida atenção

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As contínuas evoluções tecnológicas facilitam dia após dia a vida de todos. Com isso, invenções se tornam obsoletas e esquecidas rapidamente. Na história da humanidade, esse descarte tecnológico de inventos – muitas vezes extraordinários – se tornou ainda mais claro. Confira seis invenções esquecidas e que se tornaram lendas tecnológicas:
1- Máquina de Antikythera
Historiadores afirmam que esse objeto foi o primeiro computador da história. Recebeu esse nome por ter sido descoberta em 1900 no meio dos destroços de um navio naufragado perto da ilha grega de Antikythera. A tecnologia do objeto, datado do século 2 a.C, desperta interesse de vários pesquisadores.
O mecanismo metálico da máquina de Antikythera era usado para realizar marcações das posições do Sol, Lua e planetas. Ele previa o movimento dos astros e de eclipses. Além disso, funcionava como calendário que mostrava determinadas datas.

2- Fogo grego
O fogo grego foi uma importante arma bélica utilizada pelos bizantinos no século 11. Com a sua utilização o Exército do Império Romano do Oriente venceu inúmeras batalhas no mar. Contudo, a origem desse importante armamento bélico é desconhecido. Por se tratar de um fogo que queima no mar, o crédito pela invenção é atribuído aos químicos de Constantinopla.
Entretanto, há relatos que um arquiteto da província de Fenícia, em 672, o teria criado. Até aos deuses gregos a criação do fogo grego é creditada. Por conta disso, até hoje, ninguém sabe como essa arma foi feita, e a composição química que permite que o fogo queime na água permanece desconhecida.

3- Vidro flexível
Como o próprio nome diz, esse material não quebra. O vidro flexível foi criado por um artesão romano na época do imperador Tiberius Caesar (42 a.C – 37 a.C). A história conta que esse artesão mostrou o invento ao imperador e, para testá-lo, derrubou o objeto no chão. Porém o ponto atingido ficou apenas amassado. Entretanto, o imperador Tiberius Caesar considerou que o novo material faria com que o ouro e prata perdessem o valor. Por conta disso, sentenciou o artesão à morte.
Hoje em dia, empresas e pesquisadores procuram um meio de recriar o objeto da lenda. A empresa norte-americana Corning anunciou, em 2013, o Willow Glass que é uma espécie de vidro ultrafino e flexível.

4- O primeiro sismoscópio
O primeiro equipamento desse tipo foi criado por Zhang Heng, astrônomo, matemática e engenheiro. A tecnologia criada por Zhang era composta por um grande vaso de bronze, com quase dois metros de altura. Nas laterais oito dragões, que representavam os pontos cardeais, e pequenas estátuas de sapo completavam o objeto.
Quando ocorria um tremor, uma bola saía da boca do dragão e cai no sapo, indicando a direção e o momento que ocorria o terremoto. Contudo, não existem documentos explicando o funcionamento dele e o aparelho original nunca foi encontrado. Em 2005, cientistas chineses recriaram o sismógrafo de Zhang e o testaram em terremotos reais. Tal os sismógrafos modernos e o antigo marcaram os mesmos dados.

5- O navio “bola rolante”
No século 20, era comum ler notícias da criação de projetos de navios que seriam movidos por rodas. Em 1933, uma proposta para a criação dessa tecnologia foi patenteada.
Com o nome de “the rolling ball” (a bola rolante), o navio seria construído em uma esfera de metal gigante e oca, conectada a um carro-navio por meio de uma estrutura em “y” invertido. A tripulação seria alocada nessa área. O projeto alçaria novas águas, em especial as do Oceano Atlântico.

6- Lentes preguiçosas
Essa invenção, criada pelo publicitário americano Clarence Warner, era para os leitores mais preguiçosos. Com o nome de Beds Specs (óculos de cama), essa invenção consistia em um prisma triangular que faria um ângulo de 70° graus para a visão. Essa angularidade permitia que uma pessoa com o livro apoiado sobre o corpo, enquanto deitada, tivesse uma leitura confortável.