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terça-feira, 27 de abril de 2010

2090) Eugenio Gudin - um economista desenvolvimentista

Não no sentido comummente atribuído ao conceito de desenvolvimentista, obviamente, mas no sentido lato da palavra, pois ele pretendia o desenvolvimento do Brasil, dentro da racionalidade econômica, como demonstra o economista Ricardo Bergamini nesta homenagem prestada ao grande economista falecido há mais de duas décadas.
Paulo Roberto de Almeida

Gudin, o profeta do desenvolvimento econômico
Ricardo Bergamini
Carta do IBRE – Revista Conjuntura EconômicaEdição de Março de 2006

Em um país onde o populismo tantas vezes sufocou a voz da razão e dominou a agenda de política pública, defender a racionalidade econômica pode ser ainda hoje, em alguns casos, uma tarefa penosa e ingrata, apesar dos grandes avanços neste campo desde a década de 90. Se isto é verdade nos nossos dias, imaginemos como seria no Brasil de mais de 50 anos atrás, em um contexto muito mais atrasado, e bem menos familiarizado com o rigor do pensamento lógico no trato das questões econômicas.

Foi neste ambiente histórico, em meio a forças culturais hegemônicas pouco preparadas para absorver suas idéias, que surgiu na história brasileira a figura de Eugênio Gudin. Não fora certo espírito provocativo, onde se misturavam paciência e uma ironia benigna ante a incompreensão e por vezes a injúria — e que viríamos a encontrar em outros expoentes do nosso liberalismo, como Roberto Campos —, e talvez Gudin não tivesse amealhado as energias para plantar em solo brasileiro, como de fato o fez, algumas das primeiras sementes da racionalidade econômica.

Com gosto pela polêmica séria, fundamentada em argumentos sólidos, ele não se intimidava em atuar na ponta contrária a de grandes personalidades, como o industrial Roberto Simonsen e o economista Celso Furtado. Nadar contra a corrente, para Gudin, era um exercício estimulante e fortalecedor.

Passados 20 anos do seu falecimento, em 1986, após um século de vida, é impressionante verificar a atualidade do seu pensamento. Ainda na década de 50, ele fez o diagnóstico básico dos problemas estruturais que impedem ou dificultam, até hoje, o crescimento brasileiro, e que podem ser resumidos em três grandes grupos: (i) necessidade de concentrar esforços em setores nos quais temos vantagens comparativas; (ii) diminuir o atraso educacional; (iii) reduzir o déficit em infra-estrutura.

Um dos desdobramentos recentes da economia brasileira que mais confirma as teses de Gudin foi a explosão do agronegócio. Ele está ligado ao item (i) da agenda básica, e tem a ver com a exploração das vantagens absolutas, como a abundância de terra, água e luz, que vocacionaram o Brasil à agricultura. Sobre este tema, é preciso deixar claro que, ao contrário do que afirmaram algumas vezes os seus adversários, Gudin nunca foi contra a indústria. Por exemplo, depois de discorrer em alguns parágrafos sobre os malefícios da proteção excessiva às indústrias nascentes, ele mesmo faz a ressalva: “Isto não quer dizer que eu seja contrário à industrialização e favorável a um Brasil essencialmente agrícola”.

Gudin, porém, foi um crítico acerbo da industrialização a qualquer custo, e do modelo de substituição generalizada de importações, fomentados por proteção e subsídios que resultavam em uma produção nacional ineficiente e incapaz de conquistar os mercados internacionais: “(…) o critério dominante entre nós tem sido o de levar a proteção até o nível necessário para amparar o produtor marginal, destruindo assim todo o incentivo à melhoria da produtividade na indústria”.

A importância do agronegócio — É nesta ótica, de quem não era inimigo da industrialização, mas apenas combatia a forma equivocada pela qual ela estava sendo estimulada, que Gudin chamou a atenção, de forma pioneira, para a importância do agronegócio no futuro do Brasil. Ele criticou o mito tão recorrente no pensamento nacional de que industrialização seria um sinônimo de desenvolvimento: “A Nova Zelândia, a Austrália, a Dinamarca, a Argentina, o Estado de Iowa se inscreveram entre os mais ricos do mundo (produto nacional per capita) na base de produção puramente agrícola. Pobreza é sinônimo de baixa produtividade, seja ela agrícola ou industrial”.

Gudin percebia que o potencial agropecuário do Brasil (e do setor primário em geral) não era apenas o de exportar commodities, mas também o de diversificar a pauta e agregar inteligência às suas atividades: “Se, de fato, estamos resolvidos a dar a ‘arrancada’ para o desenvolvimento econômico, precisamos compreender que não é mais possível limitar as nossas exportações, como até agora temos feito com o açúcar, com a borracha e com o café, àquilo que a natureza produz quase sozinha, independentemente de know-how. Temos enormes possibilidades de exportação de minérios, de carnes, de frutas, de ovos, etc., desde que nos habilitemos a aprender e a utilizar as técnicas modernas de produção”.

De forma ainda mais presciente, Gudin antecipou a necessidade de o Brasil desenvolver por conta própria uma tecnologia agropecuária adaptada aos trópicos, o que só viria a tornar-se realidade a partir da criação da Embrapa, nos anos 70: “No setor industrial a técnica de fabricar panelas, calçado, ou garrafas adotada nos Estados Unidos ou na Europa é integralmente transportável para aqui. No caso da agricultura é diferente o clima; são diferentes os produtos; são diferentes os solos. A pesquisa científica e técnica têm que ser realizada aqui. E é nisso que nós temos falhado lamentavelmente, por falta de técnicos em qualidade e número suficientes para a pesquisa da produtividade dos vários produtos nas múltiplas variedades de solos”.

Foi preciso quase meio século para que a economia brasileira provasse que Gudin estava certo, com o espetacular salto em competitividade e volume do agronegócio nacional nas últimas décadas. Este desempenho veio na esteira das reformas que, mesmo de forma claudicante e penosa, aboliram o modelo de substituição de importações que enviesava o investimento brasileiro na direção da indústria até a década de 70. O boom do agribusiness é tributário também dos admiráveis avanços tecnológicos na agropecuária, como a soja do cerrado, o melhoramento genético do gado nelore e a cana superprodutiva do Sudeste — tornando realidade as recomendações de Gudin sobre a pesquisa neste setor.

Hoje, o Brasil é o maior produtor e exportador do mundo em álcool, açúcar, café e suco de laranja, e o maior exportador global do complexo soja, de carne bovina, de fumo, e de carne de frango. Foi o agronegócio, naturalmente, com saldos comerciais da ordem de US$ 30 bilhões, ou mais, nos últimos anos, que criou as condições para que o Brasil realizasse uma sensacional virada nas suas contas externas, praticamente eliminando a vulnerabilidade que marcou grande parte da sua história.

A lacuna da educação — Se na agropecuária o país recuperou o tempo perdido e hoje corresponde ao que Gudin preconizava, o mesmo não se pode dizer da educação, onde nos mantemos em forte desvantagem na comparação com nossos competidores mais bem-sucedidos, apesar da quase universalização do ensino fundamental nos anos 90 (com mais de um século de atraso em relação ao mundo desenvolvido). A novidade do período recente é que, com décadas e décadas de atraso em relação à pregação de Gudin, as elites intelectuais e dirigentes do Brasil parecem ter acordado para o fato de que a formação do capital humano por meio da educação é fundamental para o desenvolvimento econômico — algo que parece ter escapado ao pensamento cepalino representado por Celso Furtado. Gudin, por sua vez, já era taxativo sobre este tema em 1956: “Sustento portanto a preliminar de que o mais danoso de todos os nossos ‘pontos de estrangulamento’ é o da educação, que deveria figurar, com alta prioridade, no programa de Desenvolvimento Econômico”.

Mais de quatro décadas tiveram que passar até que uma nova geração de economistas, munida de ferramentas quantitativas inexploradas na era em que Gudin viveu seu apogeu intelectual, viesse a demonstrar o acerto das recomendações do mestre. O trabalho de Ricardo Paes e Barros e Rosane Mendonça apontam para um aumento na taxa de crescimento da renda per capita em 0,35 ponto percentual para cada ano adicional de escolaridade média brasileira. E, segundo estudo de Samuel Pessôa, estimativas conservadoras indicam que 35% da diferença entre a renda per capita brasileira e a norte-americana pode ser explicada pela diferença de educação entre os dois países.

Na infra-estrutura, finalmente, com o qual Gudin envolveu-se pessoalmente, como executivo da Light e da Great Western of Brazil Railway Co., ele chamou a atenção para o fato de que este era um setor intensivo em capital, fator escasso no Brasil. E que, portanto, fazia sentido que empresas internacionais explorassem os serviços de infra-estrutura no país. Em artigo no jornal O Globo, em dezembro de 1960, Gudin discorreu sobre obstáculos criados pelos governantes do país ao desenvolvimento econômico: “Por exemplo, (…) afastando o capital alienígena e até o nacional dos investimentos em serviços de utilidade pública que exigem grandes massas de capital e se contentam com uma remuneração modesta, desde que estável”.

Na verdade, se as suas orientações quanto à melhor política para o setor de infra-estrutura tivessem sido observadas ao longo das muitas décadas da sua longa vida, o alívio da necessidade de aportes do setor público aos serviços básicos permitiria, por exemplo, que maiores investimentos tivessem sido canalizados para educação. A mentalidade dominante na época, porém, via as empresas estrangeiras de infra-estrutura como entidades que “exploravam” o Brasil, extraindo lucros exorbitantes das suas atividades. O símbolo maior desta visão era a Light, o “polvo canadense”. Sob a influência desta concepção, e das suas necessidades políticas de curto prazo, sucessivos governos penalizaram a atuação das empresas internacionais de infra-estrutura com decisões casuísticas e medidas populistas, que progressivamente inviabilizariam a sua atuação no Brasil. Isto levou a um processo, iniciado na década de 30, de encampação pelo setor público daquelas atividades.

Gudin combateu incansavelmente, ao longo da sua vida, este pensamento paroquial que demonizava o capital estrangeiro, e as arbitrariedades do governo que o afugentaram. Isto fica claro no trecho em que se refere “à lamentável incapacidade dos governos, entregando as empresas à sanha da politicagem e das demagogias locais, negando-lhes tarifas que lhes permitissem viver, revogando unilateralmente cláusulas contratuais e até, como no caso do Código de Águas de 1934, ameaçando-os de confisco integral se as máquinas não funcionassem por 72 horas”.

Como nos outros temas expostos nesta Carta, a história viria a dar razão a Gudin, o que fica demonstrado por alguns trabalhos recentes. O estudo de William Summerhill indica que a remuneração do capital investido nas ferrovias brasileiras está longe de ter sido excessiva, tendo ficado em torno de 8% ao ano. E na dissertação de mestrado, defendida em 2006 na EPGE/FGV, Marcelo Jourdan calcula que a remuneração do capital investido na Light (média para o período 1900-1978) foi de apenas 3,6% quando medida em dólares constantes. Estes trabalhos revelam que toda a idéia de que os capitalistas dos setores de infra-estrutura exploraram os consumidores, tão combatida por Gudin, não encontra suporte nos dados.

O resultado da prevalência de uma visão oposta à de Gudin por tantas décadas fica claro em estudos que apontam um déficit de infra-estrutura do Brasil — relativamente aos seus pares e considerando as características físicas e humanas do país — de pelo menos 40%, em média, tomando-se setores como energia elétrica, rodovias, ferrovias, água potável, esgotamento sanitário e telefones fixos e celulares. Na verdade, a telefonia é uma exceção, na qual o Brasil tem um superávit em relação aos seus pares — não por acaso, o setor em que a privatização teve maior sucesso e no qual mais contribuiu o capital estrangeiro no período recente. Retirando-se este segmento, o déficit em infra-estrutura torna-se ainda maior.

Maiores riscos ao crescimento — Nem é preciso dizer que as deficiências em infra-estrutura são consideradas hoje um dos maiores riscos ao crescimento sustentável de longo prazo do Brasil. Até os nossos dias, permanece a falta de clareza nesta área. Verifica-se em segmentos tão distintos quanto eletricidade e saneamento a situação na qual o setor público não tem recursos para dar conta dos investimentos necessários, tampouco constrói de forma adequada o marco regulatório e institucional que estimule o investimento privado.

Na literatura econômica, por outro lado, são fartas as evidências do impacto positivo do estoque de infra-estrutura no desenvolvimento dos países. Segundo trabalhos de Canning e de Calderón e Servén6, o déficit neste setor explica cerca de 35% da diferença entre a taxa de crescimento do Brasil e a da Coréia do Sul. Há também indícios de que o aumento do acesso à infra-estrutura reduz a desigualdade de renda. De acordo, ainda, com o trabalho de Calderón e Servén, se o Brasil tivesse o estoque de infra-estrutura per capita da Coréia do Sul, haveria uma redução de 15% na desigualdade de renda brasileira, equivalente a uma queda de 0,09 no índice de Gini.

Quando se toma em conjunto a visão econômica de Gudin, que já se manifestava no período anterior à Segunda Guerra Mundial, verifica-se como o Brasil perde tempo e marca passo ao não dar ouvidos aos seus melhores quadros. O economista, com formação inicial de engenheiro, foi delegado na Conferência de Bretton Woods, ocupou diretorias do FMI e do Bird, e teve uma rápida passagem pelo Ministério da Fazenda no governo de Café Filho. As elites dirigentes do país, porém, ainda que muito respeitosas em relação à figura pública e à inegável sabedoria econômica de Gudin, conduziram o Brasil por caminhos diversos daqueles que ele preconizava, ao longo de quase toda a sua vida.

Praticamente até o fim, manteve o hábito de escrever artigos regulares na imprensa, nos quais defendia com brio o seu ideário liberal, em meio aos desvios populistas que se sucediam. Nesta Carta, focada em suas idéias sobre o agronegócio, a educação e a infra-estrutura, nem chegamos a tocar na sua postura de permanente defesa da responsabilidade fiscal e monetária, valores que só viriam a ser entronizados na política e na opinião pública na década de 90. A vida de Gudin, que conjuga coerência, acerto e energia para defender idéias em ambiente hostil, ilumina não só os caminhos econômicos que o país deveria seguir, mas representa também uma história pessoal de ética, inteligência e determinação que é um exemplo para todos os brasileiros.

Ricardo Bergamini
ricardobergamini@ricardobergamini.com.br
http://www.ricardobergamini.com.br

2089) A BRIC analysis - Council on Foreign Relations

Building a BRIC Foundation
Roya Wolverson
Council on Foreign Relations, April 15, 2010

The April 15 and 16 meeting (MercoPress) of leaders from Brazil, Russia, India, and China aimed to deepen ties between the emerging-market powers leading the global economic recovery. Collectively known as the BRICs, these countries--which represent 40 percent of the world's population and 20 percent of the global economy--command a growing slice of the global economic pie.

Just how deep the ties can be between the BRICs is a matter of debate. Many analysts have noted the roadblocks to the group establishing the "common goals, common actions" touted this week by Russian President Dmitry Medvedev in Russia's Vedomosti. Anders Aslund of the Peterson Institute said (FT) the BRICs have "made sense for a decade as an investment theme," but that differences between Russia's foreign policy and that of other BRICs could make consensus unlikely.

Still, following last year's first BRIC summit, the group together criticized continued use of the U.S. dollar as a global currency reserve, a major concern for China even though roughly half of Russia's reserves are in euros. This year the group is striking a milder note, as the United States and China attempt to quell tensions over China's currency value. Chinese Vice Foreign Minister Cui Tiankai said (Reuters) this year's summit would not seek "confrontation with other third-parties or countries" but would focus on international financial regulation and global governance reforms. But differences between the group remain. China has rebuffed Brazil's push for a permanent seat on the UN Security Council, while Russia's economy, unlike that of its BRIC brethren, is suffering from a declining population and heavy dependence on oil and gas.

Jim O'Neill of Goldman Sachs, who coined the term "BRIC" in 2001, remains optimistic about the group's efforts to unify. He notes (Reuters), for example, that China and Brazil are working on a bilateral agreement to allow their countries' trade deals to be tended in local currency, rather than U.S. dollars. Chinese President Hu Jintao also penned (Reuters) several trade and energy deals with Brazil before leaving the summit early because of China's deadly earthquake.

Chen Fengying of the China Institute of Contemporary International Relations agrees on the benefits of BRIC collaboration. Regardless of the summit's outcome, she says (WSJ) the gathering establishes a "good foundation for the voices of emerging markets against Western, developed countries," which the group can leverage at the G20 summit in Toronto this June. CFR Senior Fellow Julia Sweig notes, however, that the BRICs do not want to aggressively oppose the West. She also thinks the group's internal rivalries are manageable. "I don't see any of the tensions being adequate to pull the grouping apart. They've only just started to pull together," she says.

Other experts are more skeptical that the BRICs can resolve their differences. The Carnegie Endowment's Uri Dadush says (DeutscheWelle) intransigence over China and India's ongoing border dispute and a history of competition between China and Russia could be insurmountable obstacles. "I don't see it as a cohesive group that will be there pushing issues together fifteen to twenty years from now," he told CFR.org. Dadush thinks the group will eventually merge with the G20 group of developed countries, since it hosts a broader range of political and economic interests.

CFR Senior Fellow Charles Kupchan agrees. "As these countries mature, they will find other fora more useful. It's a sign of rising countries wanting their seat at the table, but that doesn't mean it's a permanent fixture," he says. Another CFR senior fellow, Elizabeth Economy, says the longevity of the group ultimately depends on "whether they find their voices and needs being met by the G20. At this point, they see value in an additional forum for discussing issues like Iran and currency values."

Additional Analysis:
This CFR Quarterly Update (PDF) on foreign exchange reserves in the BRICs says despite much talk about these countries as a group, China differs significantly in its financing of U.S. debt.

In the political science quarterly Polity, Columbia University's Cynthia Roberts says on certain issues, all of the BRICs have reason to maintain a closer relationship with the United States than with each other.

Background:
Read the BRIC Summit Joint Statement issued by Brazil, Russia, India, and China's leaders following the summit.

This Carnegie Endowment (PDF) paper examines the trajectory of the BRIC and G20 economies through 2050 and their effects on the world economy.

This Goldman Sachs Global Economics paper (PDF) analyses the long-term economic outlook for the BRICs.

2088) Diplomacia imodesta: como o Brasil ficou importante...

Política externa brasileira desperta 'ciúmes', diz Lula
BBC Brasil, 20/04/2010 às 17h11m

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Brasil deixou de lado o "complexo de vira-lata" no cenário internacional e que essa postura da diplomacia brasileira "gera ciúmes e inimigos".

Em discurso durante a formatura de novos diplomatas, no Itamaraty, o presidente fez um balanço de sua política externa e rebateu críticas recebidas ao longo de seu mandato.

"Eu disse uma dia ao Celso (Amorim): você precisa tomar muito cuidado, porque o Brasil está começando a ficar importante. E quando um país fica importante, começa a gerar ciúmes e começa a arrumar inimigos", disse o presidente.

"Aqueles que não foram capazes de fazer o que você está fazendo vão começar a ser contra. Até porque durante muito tempo nós fomos induzidos a um complexo de vira-lata. O importante era não ser ninguém", acrescentou Lula.

O presidente descreveu, como exemplo, sua primeira participação na reunião do G8, o grupo dos países desenvolvidos. Segundo ele, todos os líderes presentes se levantaram da cadeira quando o então presidente George W. Bush entrou na sala.

"Eu falei para o Celso: eu vou ficar sentado. Ninguém levantou quando eu cheguei", disse o presidente.

"Humildemente, o Bush nos cumprimentou e sentou conosco. Isso me marcou muito", acrescentou.

'Humildade'
Lula disse que sua política externa já foi alvo de "muitas críticas", sobretudo em função de sua aproximação com países com menos peso no cenário internacional, como os da África, e das concessões feitas aos países vizinhos.

"Todos vocês acompanharam como alguns queriam que eu partisse para a garganta do Evo Morales (presidente da Bolívia) e esganasse ele, quando ele disse que o gás era dele, e eu não fiz porque achei que o gás era dele mesmo", disse o presidente.

Segundo o presidente, a diplomacia brasileira deve continuar "generosa e humilde", mas que precisa também "defender seus interesses com orgulho".

As declarações de Lula coincidem com a publicação de um artigo pelo jornal britânico Financial Times sobre a política externa brasileira.

O texto afirma que o jeito "carinhoso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional, inclusive ameaçando a conquista de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

2087) Mea culpa sobre uma lenda da internet (mas não sobre o Bolsa-Familia)

Alertado por um leitor e comentarista deste blog, sou levado a expressar minhas desculpas aos distintos frequentadores deste blog que deveriam aqui encontrar apenas informações fiáveis e análises sérias e responsáveis.
Assim como ocorreu com um outro post meu -- sobre os honorários dos "conselheiros" (valem aspas duplas) da Petrobras, o post abaixo recebeu muitos comentários, nem sempre bem intencionados ou analíticos, apenas furiosos e passionais, mas este é o mundo em que vivemos.
De fato recebi o material constante deste post:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

pela internet, e o postei aqui, sem controle de origem ou fiabilidade do conteúdo. O fato é que eu já tinha lido matérias sérias de imprensa sobre o mesmo assunto, geralmente vinculadas a mão-de-obra volante no setor rural, onde certas atividades de colheita manual de produtos agrícolas -- café, algodão, cana -- vinham sofrendo de carência de trabalhadores voluntários, dispostos a se empregar pelos salários "de mercado" (em vista da renda extra produzida pelo BF). Lembro-me de que a matéria se referia ao ES, mas havia relatos similares para certas áreas do NE, na BA sobretudo.
Estou absolutamente convencido dos efeitos nefastos do BF não apenas de um ponto de vista exclusivamente econômico, em seus impactos negativos para o mercado de trabalho e para os custos laborais de uma economia que se pretende competitiva mundialmente, mas sobretudo do ponto de vista da "psicologia popular", ou seja, a cultura da assistência pública, da "mão generosa" do Estado e outros efeitos secundários. Os pobres assim contemplados não sabem, obviamente, que isso determina um aumento proporcional e correspondente da carga fiscal, e que esta incide desproporcionalmente sobre os seus rendimentos, já que é um fato que os pobres entregam mais de 50% de sua renda ao Estado, sob a forma de impostos indiretos, o que é um evidente contrasenso.
Melhor seria se houvesse diminuição dos custos laborais -- o inverso do que o BF produz -- para que os empresários contratassem mais mão-de-obra e com isso os preços dos produtos também fossem mais reduzidos, ao não ter o governo de taxá-los pesadamente para sustentar sua política de populismo assistencialista.
Em todo caso, fica o mea culpa pela matéria divulgada sem controle e aqui abaixo segue o que me foi remetido por um leitor atento:

Desinformação e contra-informação.
Curso para 500 costureiras inscritas no Bolsa Família do Ceará

Mais uma notícia bombástica, que circula desde agosto de 2009, não tem origem definida, nem autoria assumida, não possui a indicação da data nem do local da publicação.

Ela circula na Internet, em jornais, em blogs e páginas que a repetem sem a preocupação de indicar a origem, ou seja, onde ela foi publicada inicialmente, quem é o autor e qual a data da publicação. Enfim, coisa suspeita.

Antes mesmo de confirmar se o curso existiu de fato e se houve a recusa das quinhentas costureiras de aceitar o emprego é bom lembrar que a Internet é o veículo ideal para divulgar boatos dessa ordem.

Uma pessoa publica um boato, vem outra pessoa que aprecia o conteúdo dele, copia e o passa adiante. Ninguém questiona se é falso ou se é verdadeiro, mas apenas confere se o fato narrado se enquadra em suas preferências e predileções de ordem política, religiosa ou de qualquer outra natureza.

Daí em diante o boato toma o seu caminho, se espalha e a sua repetição como que realimenta a si próprio e vai sofrendo a transmutação de mentira para coisa plausível e daí para transformar-se em "verdade irrefutável" é um passo. Tal mudança não ocorre em virtude de a mentira haver se transformado em verdade, mas porque a repetição, o número de páginas onde ela é publicada começa a lhe atribuir uma aura de veridicidade.

Voltando à mensagem, é interessante levantar algumas questões:

O curso foi concluído recentemente: recentemente? quando? qual a data de início e do término do curso? em que cidade ele se realizou? Fortaleza?

- Repito: de forma uníssona: quem repete? Ora, se o autor desconhecido diz [eu] Repito, primeira pessoa do singular, isto significa que tal fenômeno somente pode ocorrer de forma uníssona. De outra forma, seria altamente improvável e talvez apenas um competente ventríloquo fosse capaz da façanha :D

o diretor do Sinditêxtil: qual o nome dele? qual a diretoria que ele ocupa?

Enquanto ouvia o relato: quem falava? quem ouvia o relato?

curso de 120 horas/aula: cento e vinte horas/aula, supondo oito horas de aulas por dia teriam sido quinze dias de aula. Ou seja, pelo menos três semanas. Em local que comportava quinhentas alunas. É o que se deduz do texto.

a condição imposta pelas 500 formandas: fato curioso é que o curso teria começado com quinhentas pessoas e foi exatamente esse o número de formandas: quinhentas. Nenhuma desistência, nenhuma situação familiar que impedisse pelo menos uma das costureiras de concluir o tal curso. Nenhum problema de saúde. Coisa difícil de acontecer considerando a quantidade de alunas e a duração do curso. Coisa rara um curso para quinhentas pessoas terminar exatamente com a quantidade inicial de inscritos. Três semanas depois.

O Portal da FIEC não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.

A página do SENAI - CE não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.

Ao pesquisar a expressão curso para costureiras ceará o Google retorna apenas três resultados e nenhum deles faz referência ao tal Curso para 500 mulheres.

Veja o que diz o Ministério do Desenvolvimento Social - MDS sobre a mensagem anônima e sobre o curso para 500 mulheres:

"Assim que terminou o curso de costura industrial promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Fortaleza (CE), Lúcia Inês Batista da Silva começou a trabalhar numa das maiores indústrias de confecções do país.
...

"A história de Lúcia Batista desmente texto anônimo que circula na internet, segundo o qual 500 mulheres atendidas pelo programa de transferência de renda foram capacitadas na área têxtil, em Fortaleza, e nenhuma delas aceitou emprego para não perder o benefício do Bolsa Família.
...

"Lúcia Batista integra o grupo de 240 beneficiárias (e não 500, como diz o texto) que iniciaram a qualificação. Destas, 154 finalizaram o curso ... e foram encaminhadas ao Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil), que deveria viabilizar o ingresso das beneficiárias no mercado de trabalho, conforme prevê o acordo de cooperação técnica assinado, em 5 de junho de 2008, entre a Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza (Semas), o Sinditêxtil e o Senai regional do Ceará.

"Levantamento feito pela Semas, sobre 145 mulheres que foram qualificadas e encaminhadas ao sindicato, mostra que apenas 16 beneficiárias ou 11% foram indicadas pelo Sinditêxtil para entrevistas de empregos em empresas de seus associados.
...
"Um exemplo é a beneficiária do Bolsa Família Francisca da Silva Santos. Ela, que também fez o curso profissionalizante, foi entrevistada por uma outra indústria de confecções, há mais de um ano, e até agora não foi chamada para trabalhar. Viúva e mãe de três filhos, Francisca se vira como pode. Comprou uma máquina de costura e faz consertos básicos. “Ganho uns trocados que dá para comprar o pão. “Quero ter o meu emprego e a minha carteira de trabalho assinada”, afirma a beneficiária, contradizendo o texto que tenta disseminar a falsa idéia de que a população atendida pelo Bolsa Família fica acomodada ao receber o benefício.

"O balanço da Semas aponta que 57 mulheres foram inseridas no mercado de trabalho da capital cearense, mesmo sem a participação efetiva do Sindtêxtil.
...

"Preconceito - A parceria tornou visível o preconceito do segmento empresarial com o Bolsa Família e com as mulheres”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Elaene Rodrigues. Ela revela que, inicialmente, alguns representantes do setor têxtil queriam que as mulheres qualificadas trabalhassem três meses sem remuneração para depois serem avaliadas. Essa proposta foi recusada pela Secretaria de Assistência Social."

Além de divulgada por mensagens e através de blogs, a "notícia" também foi publicada em um ou outro jornal.

O Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 14 de agosto de 2009, publica em uma de suas colunas a história como verdadeira. Diz o responsável pela coluna:

"Bolsa Família
Ontem, em reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, vi a história, contada e documentada, e bem pior do que eu imaginava. O Sinditêxtil-CE realizou um curso de preparação de mão de obra de 500 costureiras para o setor, onde está faltando gente...."

Pelo teor da notícia, o que se infere é que o jornalista esteve em Fortaleza no dia anterior - 13 de junho de 2009 -, participou de reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará e foi lá que ele tomou conhecimento do tal curso.

Do curso que jamais aconteceu e das quinhentas costureiras, inexistentes, que se recusaram a assumir emprego formal com carteira assinada.

Conclusão: o conteúdo da mensagem é coisa do gênero "guerra psicológica", contra-informação, mentiras para produzir exatamente os efeitos que produz nos crédulos e incautos: indignação e revolta. Indignação e revolta desperdiçadas, pois se trata de invencionice.

O povo do Ceará não tem nada a ver com essa mentira. Em vez de espalhar boatos, o cearense trabalha e o Pólo da Moda do Ceará é um dos mais importantes do Brasil.

[Fim de transcrição; outras lendas urbanas, aqui]

2086) Brasil critica politica cambial dos EUA e da UE

Curiosa inversao de comportamentos...
Houve um tempo em que o mesmo ministro Mantega, quando ainda era um dos "economistas-chefes" do PT, em que ele condenava acerbamente o "populismo cambial" do governo anterior, pela politica de flutuacao e de valorizacao do real. Ele supostamente gostava da politica anterior, de mini-desvalorizacoes, que ajudava os exportadores e prejudicava todo o resto da populacao com nosso empobrecimento constante nas relacoes economicas internacionais.
Agora ele se permite criticar o que ele chama de "politica de desvalorizacao do dolar", que nada mais é, para EUA e UE, do que flutuacao livre de suas moedas respectivas, ou seja uma politica puramente de mercado.
O tempora...
Paulo Roberto Almeida

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Mantega critica política de desvalorização do dólar
Luciana Xavier
Agência Estado, 26.04.2010

Para ministro da Fazenda, os Estados Unidos e a União Europeia buscam competitividade no comércio internacional ao desvalorizar o câmbio

NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou nesta segunda-feira, 21, o que chamou de política de desvalorização das moedas avançadas, especialmente o dólar. Segundo o ministro, os Estados Unidos e a União Europeia estão buscando desvalorizar o câmbio de modo a ficar mais competitivos no comércio internacional.

De acordo com ele, a saída escolhida pelos EUA e UE no processo de retomada do crescimento tem sido a exportação diante da redução do consumo interno nessas regiões. "Não podemos aceitar a política de desvalorização do dólar", disse Mantega, após palestra para cerca de 300 investidores em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York.

Para Mantega, o Brasil assim como os emergentes têm sido alvo de interesse do capital estrangeiro, além de estar havendo capital estrangeiro e mais abertura de capital de empresas, entre outros fatores que têm provocado uma tendência de valorização da moeda local, no caso do Brasil o real. "Como estamos crescendo mais e temos um consumo mais elevado, eles (EUA e UE) estão visando o nosso consumo e também o da China, eventualmente", afirmou.

O ministro disse que essa estratégia poderia ser válida apenas numa situação de saída emergencial da crise. "Mas se eles querem nos próximos anos se reequilibrar a nossas custas isso não é possível, não vamos aceitar esse jogo", afirmou.

2085) Iran elogia Brasil em politica nuclear

Mediação do Brasil na questão nuclear iraniana
Agência Efe, 27.04.2010

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.

Larijani recebeu nesta segunda-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã. O parlamentar, citado pela agência de notícias local Mehr, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.

Amorim, por sua vez, manteve a postura do governo brasileiro e insistiu que Brasília apoia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos. O chanceler, porém, não comentou se o País apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.

O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes. “O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.

Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos EUA, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e com ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.

A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.

Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais. Desde então, o governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.

Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano. A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”. “Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.

Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram fontes diplomáticas brasileiras.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

2084) Lula e os paises do Caribe

Reuniao do Caricom em Brasilia
Folha Online, 26.04.2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda-feira a política externa do governo Fernando Henrique Cardoso. Ao discursar no encerramento da 1ª Cúpula Brasil-Comunidade do Caribe (Caricom), Lula afirmou que o Brasil não era levado a sério por outros países. Oposição chama de “ridícula” a política internacional do governo Lula

“O Brasil não era um país respeitado no mundo. Muitas vezes se falava do Brasil e as pessoas lembravam de Carnaval e futebol. O Brasil não era levado a sério na questão política. O que mudou nesses últimos períodos é que nós nos descobrimos”, disse a chefes de Estado e de governo de dez dos 14 países do Caribe que participaram da reunião em Brasília. Lula disse que governos anteriores, de forma genérica e sem citar o antecessor, preferiam se relacionar comercialmente com países europeus e com os Estados Unidos.

“O Brasil olhava para os países da Caricom como se fossem países pequenos, economicamente sem importância, e que era importante ter uma relação com as grandes nações”. Em um momento de imodéstia, o presidente brasileiro afirmou que está tão importante que o que não falta é “g” para participar, citando reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), G-8, G-13, Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) e Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

“Eu agora estou importante porque faço parte do G8, do G13, do G20, do G77, do Ibas, do Bric, da Unasul. O que não falta é G para eu participar dele”, afirmou. O presidente disse também que todos os países, independentemente de tamanho de território e da população, têm que ser tratados de forma equânime. “O menor país da Caricom, o que tem 50 mil, 90 mil habitantes, tem o mesmo direito que tem o maior país do mundo em população, que é a China, ou o maior país economicamente falando que são os Estados Unidos.”

Antes de encerrar o discurso, Lula afirmou aos chefes de Estado que quando deixar o governo não irá deixar de fazer política. “Mesmo eu não estando mais na presidência, fique tranquilo que eu vou continuar fazendo política. Pode ficar tranquilo porque eu nasci político e vou morrer político.” O primeiro-ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit, país que tem a presidência pro-tempore da Caricom, fez elogios a Lula dizendo que é um presidente que governa para os pobres e para os trabalhadores.

2084) Brasil-Iran-CSNU: Brasil vai ter de escolher, diz especialista

Irã é escolha estranha do Brasil, diz consultor de Obama
Por Samy Adghirni
Folha de S.Paulo, 25.04.2010.

Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais. O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP [Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].

FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.

FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.

domingo, 25 de abril de 2010

2083) Encontro Nacional da Associacao de Estudos de Defesa, Brasilia, julho

IV Encontro Nacional da ABED (ENABED IV)

A Associação Brasileira de Estudos da Defesa, ABED, realizará seu IV Encontro Nacional (ENABED IV) na Universidade de Brasília, no período de 19 a 21 de julho de 2010. Tema geral do evento: "A Defesa e a Segurança na América do Sul".
(site do Encontro)

Os Encontros anteriores, de 2007 a 2009, poderão ser visitados no site da ABED.

Sessões Temáticas e Ementas
Sessões Temáticas – Temas e Coordenadores (ver Ementas abaixo do quadro)

STs-ENABED4A

Ementas das Sessões Temáticas:

1. Migrações, fronteiras e meio ambiente: novas questões de Segurança?
Coordenador: Alcides Costa Vaz (UNB)
Ementa: Esta sessão visa discutir questões regionais que redefinem a dinâmica da segurança regional, possivelmente impondo a ampliação do próprio conceito de segurança regional. Entre os temas a serem examinados, figuram as implicações dos padrões recentes de migração para as interações entre os países sul-americanos, as pressões de movimentos ambientalistas sobre as políticas públicas regionais e a busca de entendimentos visando a melhora dos controles sobre os fluxos fronteiriços.

2. A Defesa Nacional e a Academia.
Coordenador: Delano Menezes (ESG)
Ementa: A Escola Superior de Guerra pretende ser a instituição capaz de assumir esse papel utilizando à larga experiência na atividade reflexiva dos grandes problemas nacionais e ampliando a sua relação com o mundo acadêmico. Com adequado revigoramento de seus quadros pretende ser depositária dos conhecimentos sobre defesa dispersos na Academia, além de exercer um papel de coordenação na circulação desse conhecimento.
Com este objetivo está sendo criado na ESG o Centro de Coordenação de Projetos Avançados de Defesa (COPAD) para incrementar as relações com o mundo acadêmico e com os institutos de pesquisas tecnológicas, conforme estabelece a novel Estratégia Nacional de Defesa, além de prover o Ministério da Defesa de recursos capazes de responder-lhe as grandes indagações necessárias ao planejamento e à execução da Defesa Nacional. O COPAD poderá vir a ser responsável pela gestão e pelo provimento de fundos destinados à pesquisas acadêmicas, à iniciativa privada e laboratórios nacionais, a fim de responder adequadamente às “GRANDES INDAGAÇÕES” do MD, vindo a tornar-se, no futuro, uma agencia financiadora de projetos de pesquisas para a Defesa.
O COPAD coordenará as ações e observações de dois Institutos, o Instituto de Análise de Política e Estratégia de Defesa (IAPED) e o Instituto de Análise de Ciência e Tecnologia de Defesa (ICTED). Estes dois órgãos estarão encarregados de observar os projetos de pesquisa, os textos e as publicações que circulam no meio acadêmico e que possam ser do interesse da Defesa Nacional, ou que contribuam para as respostas às indagações do MD sem, no entanto, ter a pretensão de avaliá-los.
O COPAD fará também a interface da visão política observada pelo (IAPED) e a os objetivos dos projetos de pesquisas tecnológicas observados pelo (ICTED). As conclusões resultantes desse trabalho serão encaminhadas ao Ministério da Defesa para sua deliberação.
Serão bem-vindos estudos e pesquisas sobre o impacto dessa iniciativa do MD no meio acadêmico e as formas de como a Academia poderá se inserir no projeto.

3. História militar.
Coordenadores: Eduardo Svartman (UPF) e José Miguel A. Neto (UEL).
Ementa: A sessão temática proporciona espaço de divulgação de pesquisas e debate sobre as dimensões empíricas, teóricas e historiográficas da História Militar em sentido amplo. Contempla tanto investigações a respeito dos temas clássicos, como análises de batalhas e estratégias militares, quanto questões pertinentes à formação, estruturação e transformações das Forças Armadas ao longo do tempo. Contempla, ainda, as relações entre Forças Armadas e o sistema político e a sociedade em que se inserem.

4. Gênero, Paz e Forças Armadas.
Coordenador: Érica Simone Almeida Resende (UERJ)
Ementa: Destaque às temáticas de gênero na reflexão sobre as realidades de defesa e de segurança na América do Sul. Apesar de sua entrada relativamente tardia nos estudos de segurança e defesa, as perspectivas de gênero têm contribuído para a compreensão de fenômenos importantes como conflito, segurança, militarização e pacificação. Com efeito, a incorporação do conceito de gênero por diversos pesquisadores nas áreas de Segurança, Defesa, Estratégia e Relações Internacionais tem contribuído para a problematização das relações entre homens e mulheres, e das representações do masculino e do feminino em conflitos, para as análises relativas à reprodução de hierarquias patriarcais e masculinas, para resgatar a participação das mulheres nos processos de construção de paz etc. Como incentivo ao diálogo entre os estudos feministas e/ou de gênero e os estudos de defesa e segurança, assim como Estudos Estratégicos em geral, a presente sessão busca propostas que deem visibilidade às questões de gênero em suas investigações a respeito da segurança regional e/ou internacional, política de defesa brasileira, Forças Armadas, operações de paz, situações de conflito e de violência nas relações internacionais, entre outros assuntos.

5. A Comunidade Sul-Americana na Área dos Estudos Estratégicos.
Coordenador: Eurico de Lima Figueiredo (UFF)
Ementa: A sessão volta-se para a formação, ainda bastante incipiente, da comunidade sul-americana de estudiosos dedicados às questões de defesa e segurança. O Brasil conhece pouco o pensamento estratégico de seus vizinhos; reciprocamente, nossos vizinhos também pouco nos conhecem. Serão bem vindos estudos e pesquisas sobre as singularidades dos diversos países no continente no âmbito da temática em questão, assim como trabalhos que pensem e proponham a necessidade de criar e fortalecer os elos de intercâmbio de ideias e experiências entre os pesquisadores da região.

6. Guerras de Quarta Geração.
Coordenadores: Francisco Carlos Teixeira (UFRJ) e Sabrina Medeiros (EGN).
Ementa: Desde a Paz de Westfalia, o monopólio do uso da força é exercido pelos Estados de forma organizada, o que tem sido objeto de contestação em tempos mais recentes, quando algumas tendências teóricas têm proposto a discussão de uma nova face da guerra – as chamadas Guerras de Quarta Geração (4th Generation Wars). Autores como Thomas Hammes e William Lind reivindicaram a presença de gerações distintas de guerra, de combates diferenciados pela evolução de algumas de suas características, que teriam modificado substancialmente os procedimentos e táticas de cada um destes tempos geracionais. Embora outros autores qualifiquem as guerras contemporâneas como sendo tradicionais e voltadas a novos tipos de insurgência, pode-se dizer que, haja vista as novas perspectivas de segurança nacional e internacional, terrorismo e assimetria são conceitos que permeiam estas novas definições para um objeto muito antigo, a própria guerra. Propostas de trabalho sobre as novas configurações das guerras de quarta geração, os desafios para o estabelecimento dos acordos internacionais, questões relativas à segurança internacional e à defesa nacional, serão bem vindas à sessão temática.

7. Forças Armadas e Sociedade na América do Sul.
Coordenadores: João Roberto (UFSCar) e Renato Lemos (UFRJ).
Ementa: A Sessão Temática aceitará trabalhos voltados para a análise das relações militares-política. Tomam-se por militares os membros das Forças Armadas e polícias militares. Cabem na sessão trabalhos sobre países específicos da América do Sul ou estudos comparados sobre temas como questões internas às corporações militares - recrutamento, violência disciplinar, restrições à liberdade de opinião, inclusão e discriminação de gênero, expansão de instalações em direção a áreas indígenas etc. - e relativas a momentos históricos em que os militares, enquanto corporação, estiveram no centro do poder, como as ditaduras do Estado Novo e pós-1964: concepções de Estado e sociedade, processos de transição, heranças das ditaduras, posição em face da responsabilização penal por práticas de violência física e simbólica, como a revisão da lei de anistia de 1979, etc.

8. Cerceamento Tecnológico – Indústria de Defesa, C& T e Política Internacional.
Coordenador: Luis Pedone (UFF)
Ementa: Essa sessão temática procura abordar os principais problemas e desafios relacionados com o cerceamento tecnológico à indústria de defesa no Brasil. As indústrias aeroespacial, nuclear, química e biológica têm sido sistematicamente impedidas de desenvolver tecnologias e produtos importantes para o desenvolvimento brasileiro em sua dimensão de defesa nacional, em vista das restrições contidas nos mecanismos unilaterais de cerceamento tecnológico e de bloqueio de comercialização de bens e tecnologias sensíveis, impostos pelos países desenvolvidos ao Brasil. Essa sessão procurará expor as principais respostas dadas pela Estratégia Nacional de Defesa e pelas políticas de ciência e tecnologia subsequentes à EDN nos últimos anos. A tudo isso soma-se a dimensão de política externa brasileira e de política internacional na qual o país está inserido: adesão e incorporação de normas internacionais à legislação nacional, regimes e acordos internacionais que normatizam as indústrias referidas acima. Essa sessão busca, ao final, abordar como poderão as agências e setores afetados programar ações que procurem mitigar ou sanar as consequências do cerceamento imposto por estes mecanismos unilaterais e como poderá o Governo Brasileiro desenvolver ações em foros internacionais buscando superar os desafios.

9. O Poder Legislativo e a Defesa Nacional.
Coordenador: Márcio Rocha (UNIFA)
Ementa: A sessão temática tem como foco a participação do Poder Legislativo na elaboração de políticas públicas voltadas para a Defesa Nacional. A Sessão privilegiará estudos e pesquisas abordando o Legislativo e o emprego das Forças Armadas; o Legislativo e a Ciência e Tecnologia de Defesa; o Legislativo e o desenvolvimento da Indústria de Defesa; o Legislativo o Orçamento de Defesa; e o Legislativo e o fortalecimento das atividades de Inteligência Estratégica, entre outras questões igualmente significativas.

10. Iniciativas de Cooperação Sul-Americana no Campo da Defesa e Segurança Internacional: Experiências com Operações de Paz.
Coordenador: Sérgio Luiz Cruz Aguilar (UNESP/GAPCon - UCAM)
Ementa: Aspectos históricos e políticos das iniciativas de cooperação sul-americana no campo da defesa e da segurança internacional, com especial ênfase nas experiências com Operações de Paz, não só no espaço sul-americano (relativamente escassas), como as que contaram com a participação de contingentes da região em outras partes do mundo. Incentiva-se a ênfase na atual experiência no Haiti, com a MINUSTAH.

11. Educação e Formação militar.
Coordenador: Tânia Godoy (AFA).
Ementa: Esta sessão temática aceitará trabalhos que apresentem reflexões acerca dos fundamentos pedagógicos, das questões doutrinárias e do ambiente educacional na formação dos quadros, habilitações ou serviços que compõem as Forças Armadas brasileiras e as Forças dos países da América do Sul. A preocupação desta sessão é a de elucidar aspectos alinhados aos desafios presentes e futuros na composição dos recursos humanos das Forças Armadas sul-americanas, tanto no aspecto do preparo e das condições objetivas para o exercício da defesa de seus países isoladamente ou de possibilidades conjuntas, convivendo com a tradição castrense de considerar a formação educativa militar um elemento pautadamente voltado a imprimir seu ideário, sua história oficial, a repetição de seus ritos e o enaltecimento de seus vultos heroicos constituídos. Dessa maneira, a preocupação da Educação e Formação militar não se resume apenas à formação da oficialidade das Forças Armadas, mas também a de seus graduados e praças, além dos profissionais militares dos quadros complementares.

12. Estudos Estratégicos no mundo contemporâneo: novas ameaças e novas abordagens.
Coordenador: William de Sousa Moreira (UFF/EGN)
Ementa: Ao final da primeira década do séc. XXI, os Estudos Estratégicos se defrontam com desafios de magnitude. Questiona-se suas bases realistas, sua adequação frente aos novos conceitos de segurança e às ameaças do presente, distintas das que caracterizaram o período da Guerra Fria. Particularmente, os debates sobre as tão citadas "novas ameaças" ganham atualidade e são carregados de complexidade. Quais são elas e o que as distingue em relação às "velhas ameaças"? E, antes ainda, em termos objetivos, qual, afinal, o conceito de "ameaça"? A "abordagem realista", que fundamenta em geral a análise estratégica, é ainda determinante no campo conceitual relativo às "ameaças"? Em que medida devem os Estudos Estratégicos incorporar contribuições de novos paradigmas, como "segurança humana" e "meio ambiente", na reflexão e pesquisa sobre a problemática? Mais: como fazer a ponte entre a teoria e a prática, notadamente quando se tem em mente as "ameaças" que incidem sobre a região sul-americana? Serão bem-vindas propostas de trabalhos que possam trazer contribuições ao assunto, enriquecendo paradigmas, abordagens, metodologias e inter-relações com outras áreas do conhecimento.

Mesas Redondas - Tema - Presidentes
1. Forças Armadas, sociedade e política na América do Sul.
Eliézer Rizzo de Oliveira (UNICAMP).

2. A Defesa na América do Sul: percepções e perspectivas.
Héctor Saint-Pierre (UNESP).

3. Cooperação Estrangeira e Estratégia Nacional de Defesa.
Manuel Domingos Neto (UFF).

4. A UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-Americano.
Maria Celina D´Araújo (PUC-RJ).

5. O Atlântico Sul no contexto sul-americano de segurança e defesa.
Mauro César Rodrigues Pereira (NEST-UFF).

6. Economia política da segurança internacional - Novos paradigmas.
Theotonio dos Santos (REGGEN/UNU).

7. Segurança Cibernética no Século XXI
Gen Villas Bôas (EME-EB).

8. "Geopolítica e Integração Regional na América do Sul".
Wanderley Messias da Costa (USP).

2082) Iran defectors tell about nuclear activities - Washington Post

Iranian technocrats, disillusioned with government, offer wealth of intelligence to U.S.
By Joby Warrick and Greg Miller
Washington Post Staff Writers
Sunday, April 25, 2010; A01

Iran's political turmoil has prompted a growing number of the country's officials to defect or leak information to the West, creating a new flow of intelligence about its secretive nuclear program, U.S. officials said.

The gains have complicated work on a long-awaited assessment of Iran's nuclear activities, a report that will represent the combined judgment of more than a dozen U.S. spy agencies. The National Intelligence Estimate was due last fall but has been delayed at least twice amid efforts to incorporate information from sources who are still being vetted.

Director of National Intelligence Dennis C. Blair said in a brief interview last week that the delay in the completion of the NIE "has to do with the information coming in and the pace of developments."

Some of the most significant new material has come from informants, including scientists and others with access to Iran's military programs, who are motivated by antipathy toward the government and its suppression of the opposition movement after a disputed presidential election in June, according to current and former officials in the United States and Europe who spoke on the condition of anonymity to discuss the intelligence gains.

"There is a wealth of information-sharing going on, and it reflects enormous discontent among Iranian technocrats," said a former U.S. government official who until recently was privy to classified reports about intelligence-gathering inside Iran. He said that among senior technocrats in the nuclear program and other fields, "the morale is very low."

In recent weeks, U.S. officials have acknowledged that an Iranian nuclear scientist defected to the West in June. Shahram Amiri, 32, vanished while on a religious pilgrimage in Saudi Arabia and has provided spy agencies with details about sensitive programs, including a long-hidden uranium-enrichment plant near the city of Qom, intelligence officials and Europe-based diplomats said.

Amiri is described by some as the most significant Iranian defector since Brig. Gen. Ali Reza Asgari, a former deputy defense minister and Revolutionary Guard Corps commander who switched sides during a 2007 trip to Turkey.

But sources said there has been a spate of other recent defections by diplomatic and military officials, some of which have not been made public. Among the defectors was a top diplomat at the Iranian mission in Oslo, who said he was pressured to falsify election returns for Iranian nationals who had cast votes at the embassy.

The revisions to the NIE underscore the pressure on the U.S. intelligence community to produce an accurate assessment of Iran's nuclear ambitions as President Obama pursues a policy aimed at preventing the country from acquiring an atomic bomb. The community's 2007 assessment presented the startling conclusion that Iran had halted its work on developing a nuclear warhead, provoking enduring criticism that the report had underestimated the Iranian threat.

Officials briefed on the new version, which is technically being called a "memo to holders" of the first, say it will take a harder tone. One official who has seen a draft said that the study asserts that Iran is making steady progress toward nuclear weapons capability but that it stops short of concluding that the Islamic republic's top leaders have decided to build and test a nuclear device. Iran says its nuclear program is entirely peaceful.
CIA 'brain drain' program

The Iranian diplomat who defected, Mohammed Reza Heydari, said in a telephone interview from Norway that he represents thousands of young, educated Iranians who are increasingly discouraged by developments in their country.

"I personally had a good situation, both in Iran and as a diplomat, but my conscience would no longer allow me to work for the regime," Heydari said. "I was upset that the regime was repressing and killing people, simply for asking the question 'Where is my vote?' "

The departures of Amiri and others have given new momentum to a "brain drain" program set up by the CIA in recent years as part of a broader effort to slow Iran's nuclear progress by sabotaging equipment being shipped into the country and enticing key scientists to defect.

Art Keller, a retired CIA officer, said the agency's goal in recruiting agents is almost always to "run them in place." But in Iran -- where the government uncovered a network of CIA informants and executed its members more than a decade ago -- recruiting spies is regarded as extremely dangerous. "Particularly when it comes to clandestine weapons programs," Keller said, "where the scientists are watched like a hawk."

The CIA declined to discuss the brain-drain program or characterize the information provided by defectors such as Amiri. It also declined to comment on an ABC News report that Amiri has been resettled in the United States.

But Iranian news reports have identified Amiri as a researcher for the Atomic Energy Organization of Iran. The National Council of Resistance in Iran (NCRI), an opposition group that publicly revealed the existence of a secret uranium-enrichment program in 2003, said Amiri had been associated with sensitive nuclear programs for at least a decade. Iran contends that Amiri was kidnapped.

Some observers say the Tehran government has been unnerved by the defections and point to the death of an Iranian physics professor more than three months ago as a sign that it has begun a crackdown designed to frighten would-be spies.

The professor, Masoud Ali Mohammadi, was killed Jan. 12 when a bomb planted on a motorcycle exploded as he passed nearby. Iranian officials accused Israeli and Western intelligence operatives in the killing, but news accounts indicated that Mohammadi had been sympathetic to the opposition movement and had attended anti-government demonstrations. The day before his death, Iranian intelligence agents had searched his home and confiscated documents and notes, according to a report by the NCRI.
Learning from mistakes

In public testimony over the past three years, senior U.S. intelligence officials have avoided contradicting the language used in the 2007 NIE, despite privately asserting that Iran is seeking a nuclear weapon. An unclassified U.S. military report submitted to Congress this month concluded: "Iran is developing technological capabilities applicable to nuclear weapons and, at a minimum, is keeping open the option to develop nuclear weapons."

The 2007 report stressed that Iran was still taking other steps that could help it acquire nuclear arms, but any nuance was lost in the fierce debate that followed. Like the new version, the 2007 estimate was revised repeatedly as its release date neared.

Indeed, it was essentially scrapped and rewritten after the United States obtained secret computer records that described a decision by Iranian leaders to cancel work on a warhead around the time U.S.-led forces invaded Iraq in 2003.

Critics blamed the document -- a version of which was released to the public -- for creating the impression that the Iranian threat had subsided and for derailing the George W. Bush administration's hard-line approach.

The report's authors subsequently acknowledged that it was poorly written for a public audience and, as a result, was widely misunderstood.

A U.S. official briefed on the progress of the new NIE said analysts are under pressure to avoid their predecessors' mistakes. The document is now scheduled to be delivered by August, the official said, adding that "there is an expectation that the previous one will be corrected."

U.S. officials said there will be a major difference in how the new estimate is presented. The previous document triggered headlines that Iran had backed away from its pursuit of the bomb largely because officials decided to release a version to the public. The officials said they now see that decision as a mistake and have no plans this time to make portions of the estimate public.

Staff researcher Julie Tate contributed to this report.

2081) Bolivarian courts - can lead to prison

Venezuelan judge is jailed after ruling angers President Hugo Chávez
By Juan Forero
The Washington Post, Sunday, April 25, 2010; A16

LOS TEQUES, VENEZUELA -- Sitting in the tiny jail cell that has been her home for months, Judge Maria Lourdes Afiuni said she knew a ruling she handed down in December might incense Venezuelan President Hugo Chávez.

But she was astonished when intelligence agents arrested her and the entire courtroom staff 15 minutes after she freed a prisoner the government wanted in jail.

"I never thought -- never -- that the violations would get to this point," said Afiuni, 46, who is being held here in a cellblock filled with women charged with drug trafficking and murder, some of whom she sentenced.

The jailing of a tenured judge who angered the president has brought into sharp focus the increasingly tight control Chávez exerts over the judiciary, a situation condemned by legal watchdog groups and constitutional experts across the Americas.

Advocates for an independent judiciary in Venezuela also say the judge's plight, along with the arrests of dozens of government opponents in recent months, demonstrates how far the Chávez administration will go to quell dissent.

"The message from the Afiuni case is very clear: If a judge doesn't do what we want, you go to jail," said Carlos Ayala, a constitutional lawyer and former president of the Andean Commission of Jurists. "Judges are scared out of their wits. Before, they got fired for these decisions. Now they go to jail."

Afiuni was charged with corruption and abuse of authority after she conditionally freed Eligio Cedeño, a banker who had run afoul of the government and was accused of evading currency controls. Cedeño waited in jail nearly three years for his first court hearing, which exceeded legal limits, Afiuni said in a recent interview. He fled the country and is seeking political asylum in Miami.

The Venezuelan attorney general's office said it could not comment on Afiuni's case. But in an interview, Carlos Escarra, a pro-Chávez congressman and legal expert, said "there's a series of actions that show a bribe was paid" to Afiuni, a charge she denies. In a speech the day after Afiuni was arrested, Chávez accused her of crimes "more serious than an assassination."

"I call for 30 years in prison in the name of the dignity of the country," he said.

More than any other case, Afiuni's arrest has alarmed independent justices and those who track Venezuela's judiciary. Bar associations from New York to Madrid have demanded her release, and thousands follow her through Twitter feeds. Her first court hearing has been postponed repeatedly by "suspicious delays," said one of her attorneys, Juan Ernesto Garanton.

"What has been really hard is knowing my fate is in Chávez's hands," Afiuni said. "Just as my detention was a result of the whim of the president, my release will also be a whim of his."

Chávez and ministers in his government frequently declared the judicial system in place before his election in 1998 a vestige of a corrupt system that needed to be jettisoned. In its place, the government in 2004 created a Supreme Court overwhelmingly sympathetic to the president, according to a recent report by the human rights arm of the Organization of American States, of which Venezuela is a member.

The Inter-American Commission on Human Rights also found that Venezuelan judges have been dismissed after issuing rulings that antagonize the government, and that hundreds more are named to posts through an opaque system. Legal experts in Venezuela estimate that about half of the judges are provisional, which they say leaves them more susceptible to pressure.

Many of the remaining judges have demonstrated their allegiance to Chávez and expressed support for the government's efforts to create a system that blurs the separation of powers.

Escarra, the pro-government lawmaker, said judges who were replaced had issued rulings that favored people who wanted to destabilize Chávez. He said accusations that the president interferes in the judiciary were exaggerated.

Some judges have wound up like Juan Carlos Apitz.

In 2003, Apitz was on a five-judge court that ruled that doctors from Cuba, Venezuela's closest ally, could not work in Venezuela unless they revalidated their qualifications. At the time, Cuba was deploying thousands of doctors to Venezuela in exchange for cut-rate oil.

Chávez called the decision "unconstitutional." Then 46 intelligence agents raided the court and searched through paperwork for more than 10 hours. Apitz and two other judges who had ruled with him were banished from the judiciary; the two dissenters were promoted to the Supreme Court.

Apitz said the dismissal of independent judges means that opponents have no real legal recourse if they want to challenge a government investigation or an arrest. That is particularly troubling these days, he said, because the intelligence service has arrested dozens of anti-government student protesters and opposition leaders in recent months.

"In Venezuela, there is a grotesque inequality in applying the law," he said. "Those who do not share the national government's politics are at a disadvantage."

2080) Celso Amorim - entrevista ao Estadao

''É um absurdo achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado''
Roberto Simon
O Estado de S.Paulo, 25 de abril de 2010

Chanceler brasileiro defende posição do País na crise hondurenha, fala sobre sua filiação ao PT e rebate as críticas de que o governo Lula partidarizou a diplomacia brasileira

Ele está a 132 dias de bater o recorde de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, maior mito da diplomacia brasileira. Quando terminar o governo Lula, Celso Amorim será o chanceler que mais tempo esteve à frente do Itamaraty. Em entrevista ao Estado, ele defendeu a posição do Brasil durante a crise hondurenha, falou sobre sua filiação ao PT e disse que estão "equivocados" os que acham que o País está isolado na questão nuclear iraniana. A seguir, os principais trechos da conversa com o chanceler brasileiro.

Por que o sr, diplomata de carreira e chanceler, decidiu se filiar ao PT?

Estou terminando minha gestão no Itamaraty. Sou diplomata aposentado, além do mais. Mas aposentadoria não é a morte. Interesso-me por política - isso não significa que serei candidato. Se quisesse, teria sido agora. Quero ter um envolvimento na política e me identifico mais com o PT. A maioria dos meus antecessores, com exceção do governo militar, pertenciam a partidos.

Mas não diplomatas de carreira.

Não penso assim. Veja meu antecessor, Celso Lafer. Foi tesoureiro de campanha do PSDB. Roberto Campos, diplomata de carreira, não foi chanceler, mas foi ministro. Sinceramente, isso é um não-assunto.

O sr. seria chanceler em um eventual governo Dilma Rousseff?

Não sei, não tenho mais ambições. Pretendo levar da melhor maneira esse período final do governo, ao qual me orgulho de ter servido.

Seus críticos reclamam da ''partidarização'' da diplomacia, dizem que a agenda do PT está ofuscando tradicionais objetivos do Itamaraty.

Primeiro, o governo não é só o PT, mas o PT dentro de uma coligação. Eu, aliás, fico muito satisfeito quando vou ao Senado e à Câmara e - tirando esse período eleitoral - recebo muitos elogios.

Mas, da última vez, dois da membros oposição bateram boca com o sr.

É porque estamos em ano eleitoral. Respeito a opinião dos outros, não estou dizendo que estão certos ou errados. Há alguma diferença de concepção quanto à diplomacia, mas a maior distinção é que nós não nos limitamos a falar. Nós fizemos.

Há reclamações de uma afinidade excessiva da atual política externa com países como Venezuela e Cuba. O sr. discorda?

Não vejo isso de maneira tão dramática. Fui ministro do presidente Itamar (Franco) e levei a Cuba uma carta dele sobre certos temas. O próprio governo Fernando Henrique Cardoso teve uma cooperação razoável com Cuba.

Agora parece ser diferente. Na última visita a Havana, Lula comparou prisioneiros de consciência cubanos como criminosos comuns brasileiros.

Já comentei o que tinha de comentar a esse respeito. O presidente fez uma autocrítica em relação à greve de fome que fez em São Bernardo. Agora, cá entre nós, quando houve greve de fome na Irlanda do Norte ninguém nos pediu para romper com a Grã-Bretanha. Há maneiras de agir. É muito fácil fazer condenações e colocar um diploma na parede. O difícil é contribuir efetivamente para uma melhora.

Mas, ao comparar presos de consciência com criminosos comuns, o presidente não dá um voto de legitimidade ao sistema cubano?

Não vejo que ele tenha feito a comparação entre uns e outros. O presidente comparou situações. Cada um tem seu estilo, suas metáforas.

Outra frase do presidente Lula que marcou muito foi a de que os protestos, no Irã, contra a eleição de junho, eram "choro de perdedor, como uma coisa entre vascaínos e flamenguistas".

Vocês querem que eu comente o estilo do presidente. Esse estilo é apoiado por 85% dos brasileiros. O que interessa é que o Brasil não vai intervir em um tema interno iraniano e irá se relacionar de Estado para Estado com o Irã.

Mas, novamente, não foi uma intervenção? Não estaria Lula legitimando uma eleição amplamente contestada?

Não acho, de forma nenhuma, que seja uma intervenção. Reflete a experiência dele diante de coisas que assistiu no Brasil. Seria muito pretensioso, nesse caso específico, achar que teríamos alguma influência. O que temos procurado trabalhar com o Irã é o caso do dossiê nuclear.

Antes de falar sobre o programa nuclear, o sr. considera a questão de direitos humanos no Irã um empecilho para a aproximação do Brasil com Teerã?

O ideal é que o mundo todo fosse feito de democracias. De preferência com um componente social, como a nossa. Mas não é assim. Não vou responder a sua pergunta como você quer e a recoloco: a ausência de democracia é empecilho para os EUA - país que seu jornal mais admira, e eu também - estabelecer relações com alguém? Pergunte a um ministro americano se ele pensa em romper laços por causa de violações de direitos humanos.

O caso iraniano é bem particular. O Irã caminha desde junho para uma ditadura brutal, com repressão na rua e a Guarda Revolucionária tomando de assalto o país. Nesse contexto se dá a aproximação brasileira.

Não vejo da forma que você coloca. O Irã é formado por circunstâncias diversas, que vêm desde a traumática ruptura com os EUA.

Sobre o dossiê nuclear do Irã, há em paralelo um programa balístico e todos sabem que Teerã fez uma usina secreta em Qom...

Não defendemos nada disso. Queremos o que (o presidente Barack) Obama defendia até pouco tempo, mas parece estar desiludido. Tudo isso que você estava enumerando já existia. O que há de novo é uma proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a troca de urânio levemente enriquecido por elementos combustíveis para o reator de pesquisa de Teerã. Achamos que ainda é possível trabalhar sobre a proposta - assim como os turcos, membros da Otan e vizinhos do Irã, provavelmente os últimos a querer uma bomba iraniana. Chamam-nos de ingênuos, mas acho muito mais ingênuos os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala. Veja o caso do Iraque. O último relatório da AIEA sobre o Irã não traz fato novo. O que tem é um novo tom, pois mudou o diretor-geral. Converso com muita gente e não vejo o Irã perto de fazer uma bomba. A maioria dos analistas tampouco acredita que isso está próximo.

O artigo de capa da última "Foreign Affairs", prestigiada revista de especialistas, diz exatamente o oposto.

Mas isso virou uma polêmica ideológica. Um artigo publicado nos EUA colocava a estimativa mínima entre três e cinco anos para se obter uma bomba. Supondo ainda que eles queiram fazer. Não estou dizendo que eles querem ou não. Mas é possível fazer um acordo que dê conforto relativo - pois absoluto não há - de que o Irã não terá um arsenal nuclear mínimo a médio prazo, ao mesmo tempo respeitando o direito iraniano de ter energia nuclear para fins pacíficos. É absurdo achar que o Brasil é pró-Irã. Veja o que diz (Thomas) Pickering, que trabalhou com a (ex-secretária de Estado dos EUA) Madeleine Albright, ou o (ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew) Brzezinski. Outro dia até o Estadão publicou um artigo - fiquei feliz - defendendo a mesma coisa que nós. Dizer que Pickering é pró-Irã é estar no mundo da Lua, sinceramente.

Ahmadinejad fechou um acordo com AIEA e depois recuou. Como o sr. vê esse vaivém?

Os EUA também chegaram a condenar Honduras na OEA e depois recuaram, porque senadores não confirmavam um embaixador.

São situações comparáveis?

Claro que não. Estou dizendo que em todos os lugares há posições variadas. O Irã, independentemente do julgamento de valor, certamente tem um sistema político plural.

Não é o que pensam os dissidentes iranianos, sobretudo desde junho.

Um dos primeiros a condenar o acordo com a AIEA foi o (líder da oposição Mir Hossein) Mousavi. O Irã tem um sistema plural, apesar de todas as suas limitações. Não estou falando que é a democracia pluralista que queremos. Acho, honestamente, que o Irã devia ter aceito a oferta da AIEA que permitia o enriquecimento. Mas não é porque recusaram que diremos "então está bem, vamos para guerra". Ou "vamos para sanções", que podem não ter efeito ou punir a população.

Então, se uma resolução nos atuais termos vier, o Brasil votará contra.

Não darei essa informação. Ainda temos de analisar.

O vice-presidente José Alencar afirmou que uma bomba iraniana só teria fins defensivos. O sr. concorda?

Você só me pergunta sobre o que os outros dizem (risos). Respeito muito o vice-presidente e não comentarei. Surpreende-me a falta de informação. Achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado é totalmente falso. Nem deveria invocar esses exemplos, mas como é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam... Outro dia na TV disseram que Honduras foi um "tropeço" nosso. Não vejo absolutamente nenhum tropeço nesse caso. Aliás, nossas posições públicas foram iguais às dos EUA. Eles nunca abriram a boca para nos criticar por dar abrigo ao (presidente Manuel) Zelaya. Só a mídia nacional e alguns políticos fizeram isso.

Hoje, olhando para trás, o sr. avalia que a decisão de abrigar Zelaya beneficiou a crise hondurenha?

Foi corretíssima, positiva para a coerência do Brasil. É espantoso que jornais que foram obrigados a publicar receita de bolo em suas páginas por causa da censura de um governo militar achem justificável um golpe de Estado. Isso me espanta. Houve um erro e não devemos permitir que ele sirva de exemplo. Aliás, mutatis mutandis, o golpe hondurenho se assemelha muito ao de 1964. Todo mundo diz que o Brasil cometeu um fiasco, como se não fosse correto dar abrigo a um presidente legitimamente eleito, tirado de sua casa na ponta de um fuzil.

Nenhum grande jornal do Brasil defendeu o golpe. Para o "Estado", o novo regime era "governo de facto". O que se questionou foi, por exemplo, o fato de Zelaya convocar uma "insurreição" - foi essa a palavra usada - de dentro da embaixada brasileira.

O que você queria que eu fizesse? Pegasse o Zelaya e botasse na rua? Aí sim teríamos uma chance de guerra civil. Chegamos para ele e dissemos "você fica, mas não fale mais isso". Eu, pessoalmente, disse a ele: "Presidente, por favor não use a palavra morte". E ele respeitou. Enviados americanos iam à embaixada brasileira falar com Zelaya. Só se chegou a uma conclusão - que, certamente, não foi a ideal - porque abrigamos Zelaya.

Recentemente, a revista "Foreign Policy" afirmou que o sr. é o "Henry Kissinger brasileiro". Como o sr. vê a comparação?

Não tenho o brilhantismo do professor Kissinger (risos). E ainda acho que sou um pouco mais idealista do que ele.

COMENTÁRIOS PARA ESTE POST
2 mineiro dorense
25 DE ABRIL DE 2010
Acho que não tenho nada a acrescentar ao excelente comentário de Alberto Martinet, apenas salientar que Celso amorim, como outras figurinhas do atual governo, serve para levar de vez junto consigo, no "caminhão do lixo da História", o famigerado partido da ética. Obrigado, ministro, por sua singela contribuição.

1 Alberto Martinet
25 DE ABRIL DE 2010
Quanta má fé na fala desse asqueroso personagem! Ele é «escorregoso feito bagre ensaboado», foge das questões, elude os assuntos que não lhe interessam.
Bajudador (é dele a expressão «Nosso Guia», aplicada ao Lula), costuma se esgueirar em terreno minado e, como seu mentor, tem conseguido tirar vantagem de situações conflitantes. Mudou várias vezes sua visão política do mundo, conforme os diferentes Senhores a quem serviu.
Acaba de fazer vistas grossas ao fato de sua esposa ser agraciada com a maior distinção outorgada pela Diplomacia brasileira: a Ordem do Rio Branco, no grau Grã-Cruz.
Homem sem consistência. Coração pequeno e espinha flexível. Mesquinho e desprezível. Está entre aqueles que serão tragados e triturados pelo caminhão de lixo da História.

2079) Realidades insustentaveis - os garotos dancarinos do Afeganistao

Certas realidades são difíceis de serem aceitas, e no entanto elas existem.
Assim como os atentados terroristas, não tenho notícias de que líderes religiosos islâmicos tenham alguma vez condenado a prática descrita nesta matéria abaixo transcrita.
Paulo Roberto de Almeida

Islamic Homosexual Pederasty and Afghanistan’s “Dancing Boys.”
Phyllis Chesler - Chesler Chronicles
Pajamas Media, April 21st, 2010 10:43 am

Last week, in Quetta, Pakistan, a homicide bomber attacked a prominent Shiite bank manager—and when his friends and relatives followed him to the hospital emergency room, another bomber attacked them, killing eight. The police assume that this was a “sectarian” (Muslim Sunni vs Muslim Shia) attack. This is nothing new; this is the template, the pattern. For example, also in 2009, in Dera Ismail Khan, Pakistan, a Shiite Muslim leader was shot down; the next day, at his funeral, a homicide bomber killed himself and 28 mourners. Again, the police described this as “sectarian” violence. In 2008, in the same town, after the shooting death of a Shiite Muslim cleric, both the hospital and the funeral were subsequently attacked either by a homicide bomber or by a “planted” device. These Muslims take no prisoners. Yesterday, the deputy mayor of Kandahar, in Afghanistan (123 miles away from Quetta), was shot to death while he was praying in a mosque.

What mercy might such people show to infidels, women, or children, including their own?

None. None at all. Westerners are so confused about this—not only because they are brainwashed and do not want to be called “racists,” but also because these people tend to have such charming and “sincere” faces.

Last night, I watched the saddest little movie, a brave Frontline documentary about the “Bacha Bazi,” the underage “dancing boys” of Afghanistan. These children are sex slaves to older, powerful Afghan men–in this instance, former Northern Alliance warlords, who have purchased them from their impoverished families or, as orphans, simply taken them off the street. When they try to escape, they are found and punished—or they are murdered.

An Afghan dancing boy

“Dagastir,” a former Northern Alliance warlord, who today has hundreds of police officers at his disposal, has an impassive, even a kind face. He does not look or sound ashamed or guilty about what he does. Yes, of course, he is married and has two young sons.

Human Rights Watch, cited by Amnesty International, first broke this story in 1997. They cited it as a Taliban-abuse. I write about this in my book The Death of Feminism. Now UNICEF says that this practice “has to be eradicated.” The documentary narrative admits that, although such sex slavery is illegal, the police will not make arrests, and that the rare jail sentence is quickly commuted. The police themselves often comprise the all-male audiences who enjoy the dancing boy performances.

And the people are so very poor and have so few options.

Bacha bazi (dancing boys) are taken and trained in singing and dancing when they are as young as six years old, more often when they are nine or ten. They wear women’s clothing, women’s jewelry, women’s makeup, and are taught to dance with alluring “feminine” gestures. Here, we might call them “transvestites,” but that would be an inaccurate comparison. These dancing boys are children, who are forced to dance and then have sex with men old enough to be their fathers and their grandfathers.


Afghan dancing boy with older man

Homosexual pederasty is epidemic in the Muslim world. Think ancient Greece (Alexander the Great marched on through Afghanistan clear to India); think Ottoman Empire Turkey; think Persia; think Saudi Arabia, where grown men still hold hands in public. The dancing boys are but one example or expression of it. Nevertheless, the phenomenon is hotly denied, and “homosexuality,” as westerners understand it, is strictly forbidden and often savagely punished in Muslim countries. On camera, one man suggests that the practice was learned in Pakistan when Afghan warriors fled the Russian invasion. But homosexual pederasty may also be indigenous to Afghanistan.

The bacha bazi kind of homosexuality is strictly prison-sex: it is taken by force, and is strictly about money and power. (In prison, this translates into “protection.”) The Afghan children have no choice but to make the best of it. Their lives are “ruined,” as one boy said on camera. But, when they “age out,” at eighteen, they hope to set up a stable of dancing boys of their own as the only or the best way to earn money.

Other than Radhika Coomaraswamy of UNICEF, we see no woman’s face on camera in the Frontline documentary. We see Afghan women in chadors prostrate, begging, on the street; we see women in chadors scurrying by. Only once do we hear an Afghan woman’s voice. It belongs to the mother of a murdered “dancing boy.” She sits, in full, eerie chador, at home, right next to another naked-faced son, and talks to the naked-faced interviewer, the very brave Afghan journalist who made this film: London-based Najibullah Quraishi. (His producer is Jamie Doran). To his credit, with the help of a former warlord, Quraishi actually manages to rescue one very young boy and relocates both him and his family.

The other young sex slaves are left to their own devices. Perhaps UNICEF or even President Karzai will rescue them. (This is a bitter, heartbroken comment. Please don’t think I’m holding my breath here).

Look: Wherever women are forced to wear chadors, burqas, niqab, be sure that in addition to woman-abuse and woman-hatred, children are also being abused. For men, especially warriors, who are brought up apart from women, taught to fear and despise women, their major erotic and social drives will be male-centric, not female-centric. Homosexual pederasty accompanies extreme gender apartheid in an extreme way.

2078) O ambientalismo como religiao - exatamente como se fosse

Environmentalism As Religion
Paul H. Rubin
(Emory University economics professor)
Wall Street Journal, April 25, 2010

"Many observers have made the point that environmentalism is eerily close to a religious belief system. Consider some of the ways in which environmental behaviors echo religious behaviors and thus provide meaningful rituals for Greens:

• There is a holy day—Earth Day.

• There are food taboos. Instead of eating fish on Friday, or avoiding pork, Greens now eat organic foods and many are moving towards eating only locally grown foods.

• There is no prayer, but there are self-sacrificing rituals that are not particularly useful, such as recycling. Recycling paper to save trees, for example, makes no sense since the effect will be to reduce the number of trees planted in the long run.

• Belief systems are embraced with no logical basis. For example, environmentalists almost universally believe in the dangers of global warming but also reject the best solution to the problem, which is nuclear power. These two beliefs co-exist based on faith, not reason.

• There are no temples, but there are sacred structures. As I walk around the Emory campus, I am continually confronted with recycling bins, and instead of one trash can I am faced with several for different sorts of trash. Universities are centers of the environmental religion, and such structures are increasingly common. While people have worshipped many things, we may be the first to build shrines to garbage.

• Environmentalism is a proselytizing religion. Skeptics are not merely people unconvinced by the evidence: They are treated as evil sinners. I probably would not write this article if I did not have tenure."

2077) A grande tragedia dos armenios na Turquia - comeco de reconhecimento oficial

A grande controversia histórica, ainda inconclusa, do século 20 é a tragédia armênia (ou armeniana, como se preferir), ou seja, a enorme matança de armênios por ocasião da Primeira Guerra Mundial, por soldados do exército otomano.
A controvérsia se refere não tanto à extensão da tragédia (já constatada entre 300 e 500 mil pessoas), como quanto à sua implementação, ou seja, se foi um ato deliberado das autoridades turcas, ou apenas uma consequência trágica das circunstâncias da época, das medidas adotadas para isolar e repelir o que aparecia então como uma ameaça à integridade do Estado turco.
De minha parte, sem ser um especialista no assunto e sequer um historiador, eu diria que o fato histórico não preenche todos os requisitos do conceito de genocídio, ou seja, um planejamento deliberado de eliminação de um povo inteiro apenas por trazer a identidade desse povo. Os armênios foram reprimidos, e massacrados, no contexto de uma guerra, sendo que armênios estavam colaborando com o exército russo, inimigo da Turquia. Os turcos certamente se excederam na repressão, mas não acredito que tenha havido uma decisão política de eliminar os armênios enquanto povo.
Paulo Roberto de Almeida (Shanghai, 25.04.2010)

Pour la première fois, des Turcs commémorent le massacre des Arméniens
Le Monde, avec AFP, 24.04.10

Des cérémonies et des manifestations sont prévues à Istanbul, en Turquie pour commémorer le 95e anniversaire du massacre des Arméniens.

C'est une première. Des défenseurs des droits de l'homme, intellectuels et artistes turcs ont commémoré publiquement samedi 24 avril à Istanbul les massacres d'Arméniens qui ont eu lieu entre 1915 et 1917. Ils brisent ainsi un tabou puisque la Turquie récuse la thèse d'un génocide défendue par les Arméniens.

Rassemblés sous le slogan "Plus jamais ça" sur les marches de la gare d'Haydarpasa d'où est parti le premier convoi de déportation, une centaine de manifestants ont rendu hommage aux Arméniens disparus. Encadrés par la police et suivis par une myriade de caméras, ils portaient des photos en noir et blanc de quelques-uns des déportés.

La police a tenu à bonne distance un groupe de contre-manifestants dont d'anciens diplomates qui arboraient des drapeaux turcs. Quarante-deux diplomates turcs ont été assassinés par l'organisation extrémiste arménienne Asala dans les années 1970 et 1980.

Une autre manifestation doit avoir lieu à 18 heures (heure de Paris) sur la place Taksim, au coeur de la partie européenne d'Istanbul. Des intellectuels et artistes ont signé une pétition appelant "tous ceux qui ressentent cette grande douleur" à manifester leur deuil. Pour ne pas heurter, le texte évoque la "Grande catastrophe", mais évite le terme de "génocide". Malgré cette précaution, les organisateurs redoutent que des incidents ne viennent perturber les cérémonies. "Toutes les mesures préventives ont été prises mais il y a toujours des excités", a indiqué Cengiz Aktar, un universitaire d'Istanbul.

"POLITIQUE DE MÉMOIRE"
"La Turquie essaie de mettre en place une politique de mémoire, malgré le langage officiel" qui rejette catégoriquement le terme de génocide, explique M. Aktar, chercheur à l'Université de Bahçesehir. Il estime que "les tabous brisés ne concernent pas seulement l'Arménie mais d'autres sujets occultés, comme la question kurde".

En 2005, l'écrivain et prix Nobel de littérature Orhan Pamuk s'était attiré les foudres de la justice pour avoir déclaré: "un million d'Arméniens et 30 000 Kurdes ont été tués sur ces terres". Deux ans plus tard, le journaliste arménien Hrant Dink a été assassiné à Istanbul. La participation massive des Turcs à ses obsèques avait ouvert la voie à une remise en question de l'histoire officielle qui parle de "massacres mutuels".

FROID ENTRE ANKARA ET EREVAN
La semaine dernière, le président arménein Serge Sarkissian a déclaré que son pays gelait la ratification d'accords historiques de normalisation avec Ankara, accusé de poser des conditions inacceptables.

Les Arméniens qualifient de génocide les persécutions et déportations, de 1915 à 1917, qui ont fait selon eux 1,5 million de morts. France et Canada font partie des pays ayant reconnu l'existence du génocide.

La Turquie reconnaît qu'entre 300 000 et 500 000 personnes ont péri mais, selon Ankara, elles n'ont pas été victimes d'une campagne d'extermination mais du chaos des dernières années de l'Empire ottoman. La Turquie affirme aussi que des dizaines de milliers de Turcs ont été massacrés par les nationalistes arméniens qui se sont alliés à l'ennemi russe lors de la Première guerre mondiale, avant la décision du gouvernement ottoman de déporter les Arméniens vers la Syrie.