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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 10 de maio de 2014

Brasil: o grande retrocesso do lulo-petismo - Arnaldo Jabor


Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
O Brasil está irreconhecível. Nunca pensei que a incompetência casada com o delírio ideológico promoveria este caos. Há uma mutação histórica em andamento. Não é uma fase transitória; nos últimos 12 anos, os donos do poder estão a criar um sinistro "espírito do tempo" que talvez seja irreversível. A velha "esquerda" sempre foi um sarapatel de populismo, getulismo tardio, leninismo de galinheiro e agora um desenvolvimentismo fora de época. A velha "direita", o atraso feudal de nossos patrimonialistas, sempre loteou o Estado pelos interesses oligárquicos.
A chegada do PT ao governo reuniu em frente única os dois desvios: a aliança das oligarquias com o patrimonialismo do Estado petista. Foi o pior cenário para o retrocesso a que assistimos.
Antes dessa terrível dualidade secular, a mudança de agenda do governo FHC por sorte criou um pensamento mais "presentista", começando com o fim da inflação, com a ideia de que a administração pública é mais importante que utopias, de que as reformas do Estado eram fundamentais. Medidas simples, óbvias, indutivas, tentaram nos tirar da eterna "anestesia sem cirurgia". Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza e não este refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário.
Foi um período renegado pelo PT como "neoliberal" ou besteiras assim, mas deixou, para nossa sorte, algumas migalhas progressistas.
Tudo foi ignorado e substituído pelo pensamento voluntarista de que "sujeitos da história" fariam uma remodelagem da realidade, de modo a fazê-la caber em suas premissas ideológicas. Aí começou o desastre que me lembra a metáfora de Oswald de Andrade, de que "as locomotivas estavam prontas para partir, mas alguém torceu uma alavanca e elas partiram na direção oposta".
Isso causa não apenas o caos administrativo com a infraestrutura morta, como também está provocando uma mutação na psicologia e no comportamento das pessoas. O Brasil está sendo desfigurado dentro de nossas cabeças, o imaginário nacional está se deformando.
Há uma grande neurose no ar. E isso nos alarma como a profecia de Lévi-Strauss de "que chegaríamos à barbárie sem conhecer a civilização". Cenas como os 30 cadáveres ao sol no pátio do necrotério de Natal, onde os corpos são cortados com peixeiras, fazem nossa pele mais dura e o coração mais frio. Defeitos e doçuras do povo, que eram nossa marca, estão dando lugar a sentimentos inesperados, dores nunca antes sentidas. Quais são os sintomas mais visíveis desse trauma histórico?
Por exemplo, o conceito de solidariedade natural, quase 'instintiva', está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo.
Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, com os passageiros dentro, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. O Brasil está com ódio de si mesmo. Cria-se um desespero de autodestruição e o País começa a se atacar.
Outro nítido efeito na cabeça das pessoas é o fatalismo: "É assim mesmo, não tem jeito não". O fatalismo é a aceitação da desgraça. E vêm a desesperança e a tristeza. O Brasil está triste e envergonhado.
Outro sintoma claro é que as instituições democráticas estão sem força, se desmoralizando, já que o próprio governo as desrespeita. Essa fragilização da democracia traz de volta um desejo de autoritarismo na base do "tem de botar para quebrar!". Já vi muito chofer de táxi com saudades da ditadura.
A influência do petismo também recriou a cultura do maniqueísmo: o mal está sempre no outro. Alguém é culpado disso tudo, ou seja, a 'media conservadora' e a oposição.
A ausência de uma política contra a violência e a ligação de muitos políticos com o tráfico estimula a organização do crime, que comanda as cadeias e já demonstra uma busca explícita do horror. A crueldade é uma nova arte incorporada em nossas cabeças, por tudo que vemos no dia a dia dos jornais e TV. Ninguém mata mais sem tortura. O horror está ficando aceitável, potável.
O desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a cultura da marginalidade, a "normalização" do crime.
Uma grande surpresa foi a condenação da Copa. Logo por nós, brasileiros boleiros. Recusaram o 'pão e circo' que Dilma/Lula bolaram, gastando mais de 30 bilhões em estádios para "impressionar os imperialistas" e bajular as massas. Pelo menos isso foi um aumento da consciência política.
Artistas e intelectuais não sabem o que pensar - como refletir sem uma ponta de esperança? Temos aí a "contemporaneidade" pessimista.
Cria-se uma indiferença progressiva e vontade de fuga. Nunca vi tanta gente falando em deixar o País e ir morar fora. As mutações mentais são visíveis: nos rostos tristes nos ônibus abarrotados, na rápida cachaça às 6 da manha dos operários antes de enfrentar mais um dia de inferno, nos feios, nos obesos, no desânimo das pessoas nas ruas, no pessimismo como único assunto em mesas de bar.
Vimos em junho passado manifestações bacanas, mas sem rumo; contra o quê? Um mal-estar generalizado e sem clareza, logo escrachado pelos black blocs, a prova estúpida de nosso infantilismo político.
É difícil botar a pasta de dente para dentro do tubo. Há uma retroalimentação da esculhambação generalizada que vai destruindo as formas de combatê-la. Tecnicamente, não estamos equipados para resolver as deformações que se acumulam como enchentes, como um rio sem foz.
E o pior é que, por trás da cultura do crime e da corrupção, consolida-se a cultura da mentira, do bolivarianismo, da preguiça incompetente e da irresponsabilidade pública.
O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima e nossas cabeças também. É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os "sujeitos da história". Até que são mesmo, só que de uma história suja e calamitosa.

O STF abriga a falta de transparencia da Petrobras? Sob pretextos formais, se impede a investigacao de fundo?

Coloco novamente uma postagem já feita aqui no dia 5/05, com o sentido de apenas indicar que a Petrobras pretende, sim, manter a caixa preta de seus contratos, sob pretextos meramente processuais, mas impedindo de fato uma investigação de seus contratos.
O STF é cúmplice desse tipo de atitude?
Se for o caso, o STF está prestando um desserviço à Nação...
Paulo Roberto de Almeida

O sentido de todas essas ações é tão claro que me surpreende que nunca seja aventada por políticos ou jornalistas. Falta de percepção ou de inteligência?
Paulo Roberto de Almeida 
Dimmi Amora
Folha de S.Paulo, 5/05/2014

A Petrobras paralisou com liminares da Justiça 19 investigações contra supostas irregularidades em contratações da companhia que estavam em curso no TCU (Tribunal de Contas da União). Investigações sobre contratos bilionários da estatal com suspeita de desvios de recursos estão há mais de sete anos paradas porque o STF (Supremo Tribunal Federal) não julgou em definitivo nenhum desses processos. Desde 1998, a Petrobras vinha fazendo contratações de forma mais simples que a determinada pela Lei de Licitações, baseando-se em um decreto daquele ano. O TCU entendeu que era necessária uma lei específica para que a empresa contratasse dessa maneira e começou a emitir decisões que obrigavam a empresa a seguir as regras da Lei de Licitações.
Em 2006, a Petrobras, após esgotar os recursos no TCU, começou a recorrer ao Supremo para evitar cumprir essa determinação do tribunal. Até 2010, a estatal conseguiu 19 decisões favoráveis do Supremo, de sete diferentes ministros, suspendendo os efeitos das decisões tomadas pelo TCU. Em todos os casos, os ministros concederam decisões provisórias aceitando a dispensa da Lei de Licitações, que aguardam nesses 19 casos o julgamento definitivo.
Mas as liminares acabaram tendo um outro efeito: paralisaram a apuração das irregularidades específicas do processo, muitas sem relação com a forma de como o contrato foi licitado. É o caso do processo do gasoduto Urucu-Manaus, cuja investigação a Petrobras conseguiu suspender em 2008. O TCU já suspeitava ali de preços irregulares e pediu dados à companhia que nunca foram enviados em razão de o processo ter sido suspenso.
No mês passado, a viúva do engenheiro da Petrobras Gésio Rangel de Andrade afirmou à Folha que ele foi punido pela companhia por se opor ao superfaturamento da obra. O engenheiro morreu há dois anos. A área técnica estimou a obra em R$ 1,2 bilhão, mas o contrato foi fechado por R$ 2,4 bilhões, após pressão das construtoras. O processo paralisado no TCU, quando a obra já estava orçada em R$ 1,4 bilhão, aponta diferença de “inacreditáveis 57.782,29%” entre o valor do orçamento da Petrobras e o que as companhias haviam proposto em alguns itens contratados.
Em outro contrato, para manutenção e recuperação do sistema de óleo e gás (R$ 1,8 bilhão) da Região Sudeste, houve superfaturamento e alguns contratos tiveram aditivos que dobraram seu valor. O TCU chegou a multar gestores por irregularidades e cobrava a devolução de R$ 1 milhão superfaturados.


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Postado por Blogger no Diplomatizzando em 5/05/2014 06:09:00 AM

Greve de funcionarios locais do Servico Exterior brasileiro: paralisacao dos servicos 13 e 14/05/2014

COMUNICADO À IMPRENSA

Paralisação dos funcionários locais nas Missões Diplomáticas do Brasil no Exterior
13 e 14 de maio/2014


A Associação dos Funcionários Servidores Locais do Ministério das Relações Exteriores no Exterior (AFLEX) informa a paralisação de 48 horas, nos dias 13 e 14 de maio, em postos-chave do Brasil na Europa e na América do Norte.
Nossas reivindicações são:
  • Negociação imediata com a AFLEX para reajuste salarial em todos os postos com salários congelados há mais de 3 anos, revisão dos salários nos países onde estão aquém da função exercida e criação de normas que regulamentem uma política salarial.
  • Aprovação do Projeto de Lei, PLS 246/2013, em tramitação no Congresso Nacional desde julho de 2013, que visa obtenção de patamares mínimos, justos e dignos de contratação;
  • Direito à liberdade de expressão, à liberdade política, à livre representação de classe e o cessamento imediato de perseguições, assédios e ameaças de demissão aos dirigentes da AFLEX;
A crise foi anunciada e alertada nas inúmeras correspondências enviadas pela associação ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a outras instâncias governamentais. A AFLEX mostrou grande preocupação com a degradação do ambiente de trabalho, pois poderia escalar para uma crise, que acabou sendo deflagrada pelos recentes acontecimentos no Consulado-Geral de Atlanta.
Desde 2011 a AFLEX tem tentado sensibilizar o MRE sobre essa situação através de diversos canais de diálogo. Desde então, o MRE recebeu inúmeros pedidos de reajustes salariais de funcionários de diversos postos em vários países, endossados pelos próprios chefes dos Postos.
Além das solicitações de reajuste salarial não serem atendidas, ainda temos sofrido perseguições a diretores de nossa associação, e suspensões arbitrárias. No entanto, temos consciência dos nossos direitos civis. A Carta Magna brasileira, no seu Artigo 5º, nos dá direito de liberdade de expressão, e de livre associação. Estes são direitos universais de toda pessoa, consagrados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Com a paralisação, o atendimento consular aos milhares de brasileiros no exterior (emissão de passaportes e de outros documentos, assistência consular) e os contatos institucionais entre as Representações Diplomáticas brasileiras e autoridades estrangeiras sofrerão fortes prejuízos. Igualmente, também ficará sensivelmente prejudicado o processamento de pedidos de visto, especialmente para os estrangeiros que pretendem vir ao Brasil para prestigiar a Copa do Mundo. As missões brasileiras com maior demanda de atendimento consular estarão fechadas ou atendendo apenas emergências, entre elas: os Consulados-Gerais em Nova York, Los Angeles, Hartford, São Francisco, Houston, Atlanta, Toronto e Montreal na América do Norte, bem como na Europa, em importantes postos como Paris, Londres, Bruxelas, Frankfurt e Berna. Manifestações ocorrerão ainda em outros tantos postos à exemplo da Embaixada e Consulado em Roma, Consulado em Milão, Genebra e Rotterdam e a lista pode aumentar até o dia da paralisação.

Atenciosamente,
DIRETORIA DA AFLEX
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS SERVIDORES LOCAIS DO MRE NO MUNDO

Embaixadas e consulados do Brasil no exterior vao ser paralisados dias 13 e 14 de Maio, por melhores condições de trabalho

Recolhido em agências de imprensa:

Press Release:
Major protests and 48 hours strike at Brazilian foreign missions in  17 cities on May 13th and 14th .

Worldwide strike would keep American citizens from obtaining visas and consequently entering Brazil.

Local staff of Brazilian diplomatic missions in the North America and Europe will begin a strike on May 13th. The strike would affect business and leisure travelers and major companies with close ties to Brazil.

The movement to close Brazilian missions in the United States and around the world will also impact the country’s ability to process the increasing number of visa requests from travelers looking to Brazil for the 2014 World Cup.

WHAT:   Employees of Brazilian foreign missions will protest and strike for:
  • Immediate negotiation with AFLEX (Association of local employees at Brazilian Foreign Missions) for a salary increase that can keep up with inflation for all Missions with salaries frozen from 3 to 8 years, salary review in the countries where current compensation are below the level of services rendered, and creation of clear rules and regulations governing a salary and wage policy.
  • Approval of Bill 246/2013, moving through legislative process and voting in the Brazilian National Congress since July 2013, granting levels of hiring compensation that can be fair, just and decent;
  • Right to freedom of speech, thought and expression and freedom of peaceful assembly and association, although the immediate cessation of persecutions, discrimination, retaliation, harassment and threats of lay-offs to the workforce, and to the leadership of AFLEX, in particular;

WHEN:  Protests, strike and shutdown will begin on May 13th to 14th.

WHERE:
Consulate-General of New York, San Francisco, Los Angeles, Houston, Atlanta, Hartford, London, Paris, Frankfurt, Toronto, Montreal, Brussels, Bern, Rome, Milan, Rotterdam and Geneva.

WHO:    Brazilian diplomatic agents find themselves in an unprecedented “legal limbo” due to complex labor laws pertaining to the profession.  It is unclear which labor laws should be enforced, or which framework is used by Brazilian diplomatic missions. Currently “the rule of convenience” is being followed. Whichever set of rules is most beneficial to the employer, those are the ones imposed. The lack of understanding on both sides has left room for innumerous abuses at Brazilian diplomatic offices worldwide.

Employee grievances include the lack of basic employment rights and privileges such as: workers compensation, unemployment insurance, collective bargaining rights, social security, and overtime pay. In addition, consulate agents are required to work unpaid weekends, while some are given the task of monitoring the consulate’s 24 hour emergency hotline without pay. Lately, the board of directors of AFLEX(www.aflex.org), the employees association in Brazil, has been harassed, abused, bullied and extremely exposed to an unhealthy workplace environment.

In an effort to seek protection from wrongful employment practices, hundreds of employees of Brazilian diplomatic posts in the United States and from around the world, have signed a petition addressed to Brazil’s President Dilma Rousseff asking for better working conditions and requesting that officials protect the rights of locally hired staff, but no answer after 3 years. Also, AFLEX sent numerous letters to the Ministry of Foreign Affairs, but nothing has been done.
In Brazil we are Brazilian foreigners and here, we are foreigners Brazilians, we are in a total limbo”- president of Aflex Claudia Siano Rajecki (employee of the Consulate-General of Brazil in Atlanta), said.



The beginning: May 2011

Local employees at the Brazilian Diplomatic Mission have begun a peaceful protest entitled 'Operation Wake-Up Call'. Reaching out to more than 400 personnel in 27 Brazilian Missionary Posts in 10 countries, this number keeps growing.


Operation Wake-Up Call” has been planned in phases; we’ve sent correspondence to Brazilian President Mrs. Dilma Rousseff on May 5th, 2011. Initially the letter has been signed by 204 local employees in the USA, the largest number in history. A copy of the letter can be found separately. Days passed and similar letters have been sent by Brazilian Missionary Posts in the UK and Germany, while others are being prepared.

In 1995, Decreto 1.570 (a local law) was in effect, giving labor jurisdiction to the countries where the posts were located. These labor rules are not the same as those in the Brazilian constitution. While the theory seemed fine, practice has changed a lot. Upper management at the Brazilian Diplomatic Mission puts in action what is most convenient, oscillating between the local rules and the Brazilian laws. Local personnel are left in limbo with no protection.

A good example is the mandatory contribution to an equivalent Brazilian Social Security, INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) by all employees in the US who are not American citizens. We all contribute with the maximum deduction, but are only entitled to retirement pay, nothing else. The INSS has informed everyone that the benefit can be used, but the local laws don’t guarantee it.

Another example is the complete ignorance regarding the “13th month salary,” a common practice under Brazilian law. In the USA, the local employees have no rights to such a benefit, since salaries are paid on a weekly or bi-weekly basis. The salary is calculated on a monthly basis so it is divided in 4 weeks. Since the year has 52 weeks and not 48, local employees will be missing a full month of pay. The management does not follow the local laws, nor the Brazilian ones.

There are many examples to be cited, all related to work laws and regulations. There are no clear rules or work agreements with transparent regulatory laws, indicating a foreign or Brazilian overrule. All cases are studied and solved on an individual basis; workers have no protection.

We are looking for our rights in labor laws, as we feel left out by our own country. We are under the impression that no one wants to set the rules on regulations in the Diplomatic Brazilian Missions.


We are hoping for the Brazilian government to listen to our appeal and reflect upon our situation. We also have the option to go on a 24-hour standoff, though it may not be necessary should the government respond to our request.

Desigualdade distributiva no Brasil: qual é o panorama?

Desigualdad de los ingresos en el Brasil. ¿Qué ha cambiado en los últimos años? (1999-2008)
Helder Ferreira de Mendonça y Diogo Martins Esteves
Revista de la Cepal, n. 112, Abril 2014


En este estudio se presentan datos empíricos que permiten evaluar la repercusión de diversas variables socioeconómicas y políticas en distintas formas de medir la desigualdad de los ingresos en las 27 unidades de la República Federativa del Brasil entre 1999 y 2008. La experiencia brasileña resulta útil para entender las políticas relativas a la desigualdad de los ingresos en los países en desarrollo. Los resultados indican que el progreso observado durante el período analizado se debe a la combinación de una mayor apertura comercial, el desarrollo tecnológico y financiero, la reducción de la tasa de desempleo, la puesta en práctica de políticas sociales con efecto directo en las familias más pobres y la implementación de mecanismos contra la corrupción.


Meu comentário (PRA):

Tudo isso junto se presta a muita confusão. Vamos separar por partes.

1)  Maior abertura comercial só teve sob Collor, muito tempo atras, portanto.
Nos últimos anos só houve maior fechamento comercial.
E o aumento das importações não foi política do governo, ao contrário, foi o efeito não desejado da valorização do real, que tampouco tem a ver com políticas do governo, e sim com o sucesso do agronegocio, com a demanda chinesa, com o aumento do valor, mais do que do volume, das exportações.
2)  Desenvolvimento tecnológico e financeiro tende mais a concentrar do que a redistribuir renda, pelo menos num primeiro momento.
O que houve sim, foi um aumento do volume de crédito na economia, o que certamente está na origem da inflação persistente, pois ao aumento da demanda não correspondeu um similar aumento da oferta, ao contrário, a indústria brasileira está pressionada por altos custos (aumento real dos salários muito acima da inflação e da produtividade), por altos impostos, e a oferta tem sido buscada nas importações justamente.
3) Ocorreu maior formalização da mão-de-obra, certamente, mas o Brasil é provavelmente um caso raro no mundo em que a baixa do desemprego coincide com uma inédita e estranha subida para o alto, num movimento totalmente contraditório, da curva de seguro desemprego? Como pode o desemprego diminuir e os gastos com seguro desemprego aumentarem?
Deve ter fraude no mercado de trabalho, ou seja, rotatividade forçada para justamente arrancar mais dinheiro do governo e conseguir o mesmo tipo de emprego em seguida, eventualmente pagando um pouco menos (mas o trabalhador ganha três ou seis meses de salário sem precisar trabalhar).
4) Políticas sociais de distribuição de subsídios ao consumo certamente ocorreram, mas que não se chame isso de redução ou eliminação da pobreza. Pode ser tudo menos isso. Redução da pobreza se obtem com a qualificação da mão-de-obra e criação de renda e riqueza pelo mercado, não por esmolas oficiais, que apenas subsidiam o consumo dos mais pobres com dinheiro retirado da classe média.
Basta considerar, por exemplo, que o aumento da carga tributária, nos anos petralhas, foi de 3 ou 4 pontos acima dos dispêndios sociais. Ou seja, a esmola pública ficou baratinho e o resto do dinheiro deve ter ido para o bolsa-empresário (via BNDES), bolsa-banqueiro (via dívida pública), quando não para os próprios mandarins do Estado (Judiciario, e Legislativo, sobretudo) e para os companheiros no poder.
5)  Finalmente, combate à corrupção?
Não quero rir, mas não dá para encarar seriamente isso, ou será que dá?
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Paulo Roberto de Almeida 

Economia mundial: distribuicao anda melhor do que dizem os estagnacionistas e concentracionistas - Bryan Caplan

"Hollowing Out": A Global Perspective

Library of Liberty and Economics
Friday Night Video: Henderson ...
Stagnationists often complain about the "hollowing out" of the economy: Well-paid middle-income jobs are disappearing.  Normally, they only look at the United States and other developed countries.  As a cosmopolitan, however, I'd rather discover what's been happening to incomes at the global level.  Branko Milanovic's "Global Income Inequality by the Numbers: in History and Now" (Global Policy, 2013)has fascinating answers.

The key graph:

milanovic.jpg

Discussion:

What parts of the global income distribution registered the largest gains between 1988 and 2008? As the figure shows, it is indeed among the very top of the global income distribution and among the 'emerging global middle class', which includes more than a third of the world's population, that we find most significant increases in per-capita income. The top 1 per cent has seen its real income rise by more than 60 per cent over those two  decades. However, the largest increases were registered around the median: 80 per cent real increase at the median itself and some 70 per cent around it. It is between the 50th and 60th percentiles of global income distribution that we find some 200 million Chinese, 90 million Indians and about 30 million people each from Indonesia, Brazil and Egypt. These two groups - the global top 1 per cent and the middle classes of the emerging market economies - are indeed the main winners of globalization.

The surprise is that those in the bottom third of global income distribution have also made significant gains, with real incomes rising between over 40 per cent and almost 70 per cent. The only exception is the poorest 5 per cent of the population, whose real incomes have remained the same. This income increase at the bottom of the global pyramid has allowed the proportion of what the World Bank calls the absolute poor (people whose per-capita income is less than 1.25 PPP dollars per day) to go down from 44 per cent to 23 per cent over approximately the same 20 years.

But the biggest losers (other than the very poorest 5 per cent), or at least the 'nonwinners', of globalization were those between the 75th and 90th percentiles of global income distribution, whose real income gains were essentially nil. These people, who may be called a global upper middle class, include many from former communist countries and Latin America, as well as those citizens of rich countries whose incomes stagnated.
So has the global economy "hollowed out"?  A pessimist would say so.  Yet a more balanced view is that 80% of the global population has done great over the last two decades - and the remaining 20% are not so much "losers" as "nonwinners" or "marginal winners".

Milanovic then insightfully breaks down the distribution by country:

Who are the people in the global top 1 per cent? Despite its name, it is a less 'exclusive' club than the US top 1 per cent: the global top 1 per cent consists of more than 60 million people, the US top 1 per cent only 3 million. Thus, among the global top 1 per cent, we find the richest 12 per cent of Americans (more than 30 million people) and between 3 and 6 per cent of the richest Britons, Japanese, Germans and French. It is a 'club' that is still overwhelmingly composed of the 'old rich' world of Western Europe, Northern America and Japan. The richest 1 per cent of the embattled euro countries of Italy, Spain, Portugal and Greece are all part of the global top 1 percentile. The richest 1 per cent of Brazilians, Russians and South Africans belong there too.

To which countries and income groups do the winners and losers belong? Consider the people in the median of their national income distributions in 1988 and 2008. In 1988, a person with a median income in China was richer than only 10 per cent of the world's population. Twenty years later, a person at that same position within Chinese income distribution was richer than more than half of the world's population. Thus, he or she leapfrogged over more than 40 per cent of people in the world.

For India the improvement was more modest, but still remarkable. A person with a median income went from being at the 10th percentile globally to the 27th. A person at the same income position in Indonesia went from the 25th to 39th global percentile. A person with the median income in Brazil gained as well. He or she went from being around the 40th percentile of the global income distribution to about the 66th percentile. Meanwhile, the position of large European countries and the US remained about the same, with median income recipients there in the 80s and 90s of global percentiles...

Who lost between 1988 and 2008? Mostly people in Africa, some in Latin America and post-communist countries. The average Kenyan went down from the 22nd to the 12th percentile globally, the average Nigerian from the 16th to 13th percentile.
Fascinating stuff.  My main thought: Milanovic's results are a Rorschach test for sheer misanthropy.  If you like human beings - as I do now - you'll look at Figure 4 and say, "Wow, living standards are swiftly growing for most of mankind - especially the poor."  If you dislike human beings - as I did in high school - you'll look at Figure 4 and say, "Horrors, living standards are stagnant for the 80th percentile, but the <scorn>super-rich</scorn> are making out like bandits."

20/20 hindsight: No one should be like I was in high school.

Comments and Sharing






COMMENTS (3 to date)
johnleemk writes:
I'm surprised you haven't mentioned Milanovic's work on estimating "citizenship rent" -- somewhat similar to the Clemens, et al. "place premium". This paperhttp://heymancenter.org/files/events/milanovic.pdf is quite interesting -- here are some select quotations with the occasional added emphasis:
Around 1870, class explained more than 2/3 of global inequality. And now? The proportions have exactly flipped: more than 2/3 of total inequality is due to location. This is a remarkable achievement for a single explanatory variable. Differently put, more than fifty percent of one’s income depends on the average income of the country where a person lives or was born (the two 19 things being, for 97% of world population, the same). There are of course other factors that matter for one’s income, from gender and parental education which are, from an individual point of view externally given circumstances, to factors like own education, effort and luck that are not. They all influence our income level. But the remarkable thing is that a very large chunk of our income will be determined by only one variable, citizenship, that we, generally, acquire at birth. It is almost the same as saying, that if I know nothing about any given individual in the world, I can, with a reasonably good confidence, predict her income just from the knowledge of her citizenship.
If most of global inequality is due to differences in location, can we treat location, and thus citizenship, as a rent? Is citizenship—belonging to a given country, most often through birth—something that gives us by itself the right to greater income? Is there a difference in our view of the matter if we take a global, as opposed to national perspective? Is there a contradiction between the two?
If citizenship explains 50 percent or more of variability in global incomes, then there are three ways in which global inequality can be reduced. Global inequality may be reduced by high growth rates of poor countries. This requires an acceleration of income growth of poor countries, and of course continued high rates of growth of India, China, Indonesia etc.
The second way is to introduce global redistributive schemes although it is very difficult to see how that could happen. Currently, development assistance is a little over 100 billion a year. This is just five times more than the bonus Goldman Sachs paid itself during one crisis year. So we are not really talking about very much money that the rich countries are willing to spend to help poor countries. But the willingness to help poor countries is now, with the ongoing economic crisis in the West, probably reaching its nadir.
The third way in which global inequality and poverty can be reduced is through migration. Migration is likely to become one of the key problems—or solutions, depending on one’s viewpoint— of the 21st century. To give just one stark example: if you classify countries, by their GDP per capita level, into four “worlds”, going from the rich world of advanced nations, with GDPs per capita of over $20,000 per year, to the poorest, fourth, world with incomes under $1,000 per year, there are 7 points in the world where rich and poor countries are geographically closest to each other, whether it is because they share a border, or because the sea distance between them is minimal. You would not be surprised to find out that all these 7 points have mines, boat patrols, walls and fences to prevent free movement of people. The rich world is fencing itself in, or fencing others out. But the pressures of migration are remaining strong, despite the current crisis, simply because the differences in income levels are so huge.
I conclude with something that resembles a slogan: either poor countries will become richer, or poor people will move to rich countries. Actually, these two developments can be seen as equivalent. Development is about people: either poor people have ways to become richer where they are now, or they can become rich by moving somewhere else.
orthonormal writes:
I can't help feeling that the graph would have been still more informative if they'd kept on breaking down the top of the distribution (top 0.2%, top 0.04%) as far as statistically reasonable; I expect there's more variation within the top 1% than within any other part of the graph.
That being said, I agree that the shape of global economic expansion has been really great so far from a utilitarian point of view. Inequality is a perfectly acceptable price to pay for that, as long as the political process is healthy enough to prevent cartels, collusion, and monopolies that might reverse the positive trend.
Mike W writes:
"But the biggest losers (other than the very poorest 5 per cent), or at least the 'nonwinners', of globalization were those between the 75th and 90th percentiles..."
I was confused because the graph doesn't really show any "losers". But in Milanovic's Figure 4 the vertical axis actually goes below zero and the 5th, 80th and 85th percentiles are negative.

Balanca comercial no vermelho: as transacoes correntes acendem alerta de crise - Miriam Leitao

COLUNA NO GLOBO, 10/05/2014

Balança vermelha

Miriam Leitao
A balança comercial deve terminar o ano com US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões de déficit comercial, segundo o economista Fábio Silveira. Se acontecer, será uma mudança total em relação ao forte superávit de alguns anos atrás. O empresário de comércio exterior Joseph Tutundjian acha que tudo vai depender da conta petróleo, que ficou negativa nos últimos anos.
A balança comercial está no vermelho em US$ 5,5 bilhões. Em entrevistas concedidas a mim na Globonews, os dois especialistas mostram que os problemas se acumulam no setor. E o menor deles é o déficit que pode acontecer este ano.
— Estamos caindo na realidade no comércio externo. Tínhamos um patamar bastante elevado de preços de commodities agrícolas e metálicas. Esses preços começaram a baixar — explicou Fábio Silveira, do GO Associados.
Se a queda continuar, na opinião de Silveira, volta-se ao quadro de superávits pequenos que havia antes do boom das commodities.
Joseph Tutundjan, da Winner Desenvolvimento Industrial, diz que está menos preocupado com a balança e mais com o perfil do comércio:
— No passado, era importante ter um dado positivo na balança, por causa da dívida externa. Agora, é menos importante. Temos outros desafios. A qualidade do nosso comércio exterior deteriorou drasticamente. Nesse cenário, há uma joia lapidada que é o agronegócio. O Brasil deu certo como exportador no agronegócio e está dando errado na indústria, em termos globais. Os preços das commodities quadruplicaram nos últimos 10 anos. É verdade. Mas a produtividade por hectare também aumentou quatro vezes e isso mostra a importância do setor.
Ele disse que perde-se muito mais competitividade com a má qualidade da logística, quando se está movimentando milhões de toneladas de grãos, do que quando a exportação é de produtos industriais. Mesmo assim, a indústria não tem bom desempenho porque não está integrada às cadeias globais de suprimento:
— A indústria se acostumou com a proteção. No começo da política de substituição de importações, a ideia era que a indústria era um bebezinho nos braços da mãe, mimado, protegido, contra o lobo mau. No começo, fazia sentido. O problema é que o bebê cresceu, mas se acostumou a ficar mamando e não aprendeu a caçar sozinho. Quando o Collor abriu, foi um Deus nos acuda. Algumas empresas morreram, outras ficaram mais eficientes. No governo Lula, a tendência à proteção voltou. O empresário brasileiro precisa se integrar à cadeia global.
Fábio Silveira disse que o agronegócio representa de 35% a 40% das exportações, com soja, açúcar, carnes. Se for agrupado os produtos petroquímicos, minerais e siderúrgicos, sobe para 80% da exportação.
— No curto prazo, temos uma situação satisfatória. Mas, no longo prazo, os preços podem cair, não só os minérios, mas também os alimentos. Um dos fatores de alta é uma liquidez grande no mercado internacional. Ela tende a ser reduzida nos próximos anos, à medida que os EUA voltem a crescer e atraiam capitais. Isso derruba os preços das commodities. Eles subiram pela liquidez e pelas compras chinesas. Esse quadro está perdendo fôlego, e o Brasil não está preparado para lidar com déficits na balança.
O rombo em petróleo e derivados cresceu muito nos últimos anos. Foi de US$ 13,7 bilhões em 2012, US$ 24,3 bilhões no ano passado, e a projeção é de US$ 20 bilhões este ano. Os dois explicaram que o Brasil chegou a US$ 40 bilhões de superávit quando a conta petróleo estava baixa e as cotações das commodities agrícolas e metálicas estavam no auge. O aumento da dependência de petróleo e derivados e uma pequena queda nas commodities agrícolas e do minério de ferro alteraram toda a situação.

Comissao de (Anti)Etica do PT tem membro que ameacou Presidente do Supremo

Transcrevendo, apenas:
1)
Reinaldo Azevedo, 10/05/2014

Por Robson Bonin, na edição impressa da VEJA desta semana:

Desde que o julgamento do mensalão foi concluído, em novembro do ano passado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, tornou-se alvo de uma série de constrangimentos orquestrados por seguidores dos petistas condenados por envolvimento no maior escândalo de corrupção da história. A chamada “militância virtual” do PT, treinada pela falconaria do partido para perseguir e difamar desafetos políticos do petismo na internet, caçou Barbosa de forma implacável. O presidente do Supremo sofreu toda sorte de canalhice virtual e foi até perseguido e hostilizado por patetas fantasiados de revolucionários nas ruas de Brasília. Os ataques anônimos da patrulha virtual petista, porém, não chegavam a preocupar Barbosa até que atingiram um nível inaceitável. Da hostilidade recorrente, o jogo sujo evoluiu para uma onda de atos criminosos, incluindo ameaças de morte e virulentos ataques racistas.
Os mais graves surgiram quando Joaquim Barbosa decretou a prisão dos mensaleiros José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. Disparadas por perfis apócrifos de simpatizantes petistas, as mensagens foram encaminhadas ao Supremo. Em uma delas, um sujeito que usava a foto de José Dirceu em seu perfil no Facebook escreve que o ministro “morreria de câncer ou com um tiro na cabeça” e que seus algozes seriam “seus senhores do novo engenho, seu capitão do mato”. Por fim, chama Joaquim de “traidor” e vocifera: “Tirem as patas dos nossos heróis!”. Em uma segunda mensagem, de dezembro de 2013, o recado foi ainda mais ameaçador: “Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma aberração moral das mais pavorosas (…). Joaquim Barbosa deve ser morto”. Temendo pela integridade do presidente da mais alta corte do país, a direção do STF acionou a Polícia Federal para que apurasse a origem das ameaças. Dividida em dois inquéritos, a averiguação está em curso na polícia, mas os resultados já colhidos pelos investigadores começam a revelar o que parecia evidente.

Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas.
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2) 
Orlando Tambosi, 10/05/2014

Cada vez mais o PT se consolida como partido das aberrações, além de totalitário. Com a cúpula na cadeia, não faltam militantes para exercerem o banditismo, talvez escondidos em nomes falsos. Pode ser o caso desse tal Antonio Granado, que ameaçou de morte o presidente do STF, Joaquim Barbosa. O Coronel dá mais uma dica sobre o bandido:

Desde que o julgamento do mensalão foi concluído, em novembro do ano passado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, tornou-se alvo de uma série de constrangimentos orquestrados por seguidores dos petistas condenados por envolvimento no maior escândalo de corrupção da história. A chamada “militância virtual” do PT, treinada pela falconaria do partido para perseguir e difamar desafetos políticos do petismo na internet, caçou Barbosa de forma implacável. O presidente do Supremo sofreu toda sorte de canalhice virtual e foi até perseguido e hostilizado por patetas fantasiados de revolucionários nas ruas de Brasília. Os ataques anônimos da patrulha virtual petista, porém, não chegavam a preocupar Barbosa até que atingiram um nível inaceitável. Da hostilidade recorrente, o jogo sujo evoluiu para uma onda de atos criminosos, incluindo ameaças de morte e virulentos ataques racistas.

Os mais graves surgiram quando Joaquim Barbosa decretou a prisão dos mensaleiros José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. Disparadas por perfis apócrifos de simpatizantes petistas, as mensagens foram encaminhadas ao Supremo. Em uma delas, um sujeito que usava a foto de José Dirceu em seu perfil no Facebook escreve que o ministro “morreria de câncer ou com um tiro na cabeça” e que seus algozes seriam “seus senhores do novo engenho, seu capitão do mato”. Por fim, chama Joaquim de “traidor” e vocifera: “Tirem as patas dos nossos heróis!”. Em uma segunda mensagem, de dezembro de 2013, o recado foi ainda mais ameaçador: “Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma aberração moral das mais pavorosas (...). Joaquim Barbosa deve ser morto”. Temendo pela integridade do presidente da mais alta corte do país, a direção do STF acionou a Polícia Federal para que apurasse a origem das ameaças. Dividida em dois inquéritos, a averiguação está em curso na polícia, mas os resultados já colhidos pelos investigadores começam a revelar o que parecia evidente. (Veja).

Instituto Liberal do Centro-Oeste: criacao e seminario sobre a vinda de Hayek ao Brasil, 12 e 13 de maio de 2014

Transcrevo da página do Instituto Mises Brasil, esta notícia, e convido a ouvir o podcast com o primeiro presidente do Instituto Liberal do Centro-Oeste, com o qual colaborarei na medida de minhas possibilidades, uma vez que acredito nas suas causas, muito diferentes das que estão sendo patrocinadas atualmente no Brasil.
O evento programado será filmado e depois disseminado pela internet, o que registrarei aqui.
Paulo Roberto de Almeida

INSTITUTO LIBERAL DO CENTRO-OESTE
PODCAST 123 – FÁBIO GOMES FILHO


Na segunda e terça-feira da próxima semana (dias 12 e 13 de maio), o Grupo de Estudos Lobos da Capital vai realizar um simpósio para celebrar os 33 anos da visita e palestra de F. A. Hayek na Universidade de Brasília (UnB), em maio de 1981. Estão programadas palestras do embaixador Carlos Henrique Cardim, um dos idealizadores da ida do economista Austríaco, de Helio Beltrão (presidente do Instituto Mises Brasil), e de Rodrigo Saraiva Marinho (presidente do Instituto Liberal do Nordeste).

E o evento também será marcante por outra razão: será anunciada a fundação e início dos trabalhos do Instituto Liberal do Centro-Oeste (IL-CO). Para falar sobre o seminário e sobre a nova instituição, o Podcast do IMB entrevistou Fábio Gomes Filho, membro do Grupo Lobos da Capital e que será o primeiro presidente do IL-CO. Engenheiro elétrico de formação, Fábio falou sobre o seminário, acerca das atividades do Lobos da Capital e sobre o trabalho que será desenvolvido pelo IL-CO junto com os outros grupos liberais/libertários da região.





A propósito do simpósio sobre a vinda de Hayek ao Brasil, transcrevo um texto de Roberto Ellery no Liberzone: 


ECONOMIZANDO
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5 Razões para um Economista Neoclássico apreciar Hayek


Fui surpreendido com o convite da página para escrever a respeito de Hayek por ocasião de seu aniversário. Conhecendo o Liberzone e apreciador do trabalho deles não tive como recusar, porém aceitar não foi uma decisão simples. Existem excelentes economistas brasileiros que seguem a Escola Austríaca e poderiam falar de Hayek com bem mais propriedade do que eu, afinal sou um economista neoclássico. Desconfiado, é verdade, mas definitivamente neoclássico. Sou desconfiado por duas razões: desconfio dos modelos que uso e desconfio das intenções de quem diz que vai aplicar os modelos para trazer mais bem-estar à sociedade. Talvez por ser desconfiado eu tenha recebido a confiança do Liberzone.
Como sempre ocorre de ser, o convite ainda era mais complicado do que parecia. Não bastava escrever sobre Hayek, o pedido incluía listar razões que fizeram de Hayek um símbolo do liberalismo. É complicado, vejo o liberalismo como uma doutrina essencialmente individualista, no sentido que é uma doutrina que supõe cada indivíduo como muito complexo para ser enquadrado em um grupo específico. Como então listar razões para alguém ser símbolo do liberalismo se eu tenho dificuldades para definir quem são os liberais. Ao escrever esse texto me propus a superar o desafio de homenagear Hayek sem ser um seguidor da Escola Austríaca, o desafio de escrever a respeito de um grupo que não sei definir eu não vou tentar superar. Desta forma em vez de escrever as razões para Hayek ser um símbolo do liberalismo escreverei as razões que me levaram a apreciar Hayek. Fazendo isto facilito minha tarefa e de saída me mantenho fiel a uma das razões que me levaram a apreciar Hayek.
Seguem as razões:

1. Não existe liberdade política sem liberdade econômica

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Hayek sabia que a liberdade é indivisível. Não existe liberdade política sem liberdade econômica e vice-versa. Essa é uma lição fundamental para economistas que vivem na América Latina e que são constantemente confrontados com a necessidade de avaliar políticas econômicas de ditadores que periodicamente assombram o continente. Isto quando não são convidados a participar de governos autoritários. Se um dia receberem tal convite lembrem a lição de Hayek e saibam que não vão criar um livre mercado a partir de um governo autoritário. Antes que perguntem, eu aviso que recomendação é válida mesmo se Pinochet o convidar para um certo “Centro de Estudios Públicos”.

2. O Uso do Conhecimento na Sociedade

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Hayek sabia que é impossível substituir o mercado por um planejador central. Não por acaso “The Use of Knowledge in Society”, artigo publicado por Hayek em 1945 na American Economic Review, foi listado em 2011 entre os vinte melhores artigos publicados quando das comemorações dos cem anos da revista. No artigo, Hayek argumenta que um planejamento centralizado nunca poderá substituir o mercado porque cada indivíduo detém apenas uma pequena fração do conhecimento existente na sociedade.

3.  A ordem econômica não é resultado de um desenho consciente

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Hayek sabia que o sistema de preços, melhor dizendo, a ordem econômica não é resultado de um desenho consciente. Pelo contrário, é uma ordem espontânea resultante da ação humana, mas não de planos humanos. Willian Eaterly, no excelente livro “The Tyranny of Experts: Economists, Dictators, and the Forgotten Rights of the Poor” recupera o tema da ordem espontânea e questiona as razões e as consequências de especialistas em desenvolvimento econômico dentro e fora da academia terem abraçado a tese oposta que suponha a ordem econômica como decorrente de um desenho consciente e, portanto, passível de substituição por outro desenho consciente, talvez melhor desenhado.

4. Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital

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Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital. Até hoje capital é um tema difícil de inserir na análise econômica, basta dizer que a maioria das estimativas do estoque de capital toma o custo do investimento como a medida de capital. Hayek sabia mais do que isto, sabia que o valor do capital é o valor presente esperado do fluxo de bens ou serviços produzidos pelo capital. Não é pouca coisa. Hayek tentou construir uma teoria do capital integrada à análise macroeconômica, queria uma teoria do capital que fosse útil para analisar economias monetárias. Tenho minhas dúvidas a respeito da relação entre capital, investimento e moeda, mas a despeito destas dúvidas aprecio a teoria do capital de Hayek.

5. Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir

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Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir. Que me desculpem os que sonham viver em um mundo sem governo, mas eu aprecio Hayek por saber e dizer que o governo tem funções na economia. O autor de “The Road to Serfdom”, livro que apontou os perigos da intervenção, apontou a importância de existir regulações que restrinjam métodos de produção, desde que não desenhadas para favorecer alguns grupos, a prevenção de fraudes e, fundamental para o Brasil de hoje, a existência de uma rede de seguridade social não é incompatível com o sistema de competição. O perigo não está no governo ajudar os pobres, o perigo está no governo decidir quem serão os ricos.
Os seguidores da Escola Austríaca devem ter notado pelo menos duas ausências em minha lista: a teoria dos ciclos econômicos e a teoria do investimento. A primeira talvez seja a que mais incomode. Entendo a relevância da teoria austríaca dos ciclos, mas como disse sou um economista neoclássico, mais precisamente: estou entre os que acreditam no ciclo econômico como advindo de respostas ótimas de famílias e empresas a choques reais na economia. Não nego que a moeda e crédito tenham algum papel na explicação do ciclo econômico, mas não os coloco como principal razão da existência do ciclo econômico. Desta forma não sigo a teoria de Hayek que o ciclo é devido a expansões da moeda e o crédito decorrentes de ações do Banco Central.
O investimento entrou na lista de ausências para marcar posição. Quando falei da teoria do capital fiz a ressalva da relação entre capital, investimento e política monetária. Marquei o investimento como ausência para ressaltar esta ressalva. Não discordo que diferentes bens de investimento mereçam tratamentos diferentes e reconheço que a teoria neoclássica é pobre neste quesito, porém a relação entre política monetária e investimento proposta por Hayek me parece superestimar o papel da política monetária. A ideia de que juros baixos e crédito fácil levam a um excesso de investimento de longo prazo e isto é a razão dos ciclos de expansão e recessão me parece difícil de conciliar com um investidor racional que maximiza lucro esperado mesmo com informação imperfeita. Sei que para Escola Austríaca isto não é um problema, mas para mim é um problema. No fundo as duas ausências são uma só.
O leitor atento deve ter reparado que antes de fazer a lista fiz referência a uma razão para apreciar Hayek e não toquei mais no assunto, não foi esquecimento, pelo contrário, queria encerrar o texto com este tema. Hayek sabia dos perigos de dar muita autoridade a um economista, disse isto quando recebeu o prêmio Nobel e alertou a respeito de um economista com tanto reconhecimento. Só isto seria motivo para colocar Hayek na minha galeria de heróis, só isto já é suficiente para justificar minha hesitação em listar razões para colocar Hayek como símbolo do liberalismo e optar por listar apenas minhas razões para aprecia-lo.