O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 11 de maio de 2014

Dedicado a todos os inimigos do capitalismo e do imperialismo americano: nunca e' tarde para aprender alguma coisa

Como no caso do cubano que fugiu de Cuba para os EUA numa prancha de surf (ver dois posts abaixo), este romeno também tinha um grande desejo: o de triunfar na vida.
Pessoas são diferentemente dotadas e pequenos gênios podem ser encontradas numa miserável economia socialista -- como Cuba ou Romênia -- ou numa favela carioca: elas precisam ter um potencial para explorar (o que depende basicamente de si próprio) de um ambiente que lhes permita explorar esse potencial, o que existe nos EUA, por exemplo, mas não no Brasil.
Que tal se o governo brasileiro libertasse totalmente as pessoas e os empreendimentos e apenas criasse o bom ambiente de negócios no qual elas pudesssem triunfar sozinhas, sem nenhum subsídio governamental, apenas uma boa infraestrutura?
Será que seria pedir muito aos companheiros? Será que eles entendem isso?
Ou só querem fazer caridade com os pobres com o nosso dinheiro?
Só querem um curral eleitoral, seria isso?
Como o Brasil está distante do capitalismo...
Paulo Roberto de Almeida 
Tidemark Christian Gheorghe
Christian Gheorghe's life is a rags-to-riches story worthy of a Disney movie, and no one is more surprised, or grateful, than he is.
He arrived in the U.S. from Communist Romania in the early 1990s speaking no English, with $26 in his pocket. He lived in a youth hostel and drove a limo for a living.
Today, he's working on his fourth successful startup, having sold all of his previous ones, including his third one, OutlookSoft, to SAP in 2007 for about $500 million.
The trajectory of his life — going from Communist Romania to the U.S. — is truly remarkable. In Romania, he made his living selling music records and taught himself a little bit of English by listening to English music like Pink Floyd, he told Business Insider.
When he sold enough records, he bought himself a Commodore 64 knock-off PC, which cost the equivalent of a year's wages.
"People asked me, are you crazy?" he laughs.
He taught himself to code by hacking into the video games on that machine.
He went on to get formal training before he moved to the U.S., a masters degree in Romania in mechanical engineering with a minor in computer science. But the degree wasn't recognized and accepted once he got here.
After arriving in the U.S., he stumbled into a job as a limo driver. That's how he met a man named Andrew Saxe, who would ultimately help him launch his new career. During the ride, Saxe learned about Gheorghe's interest in computers and told him to come by his office.
Saxe ran a computer software consulting company. He hired Gheorghe, and the two built a company together. That company was one of the earliest that did "big data," though they didn't call it that back then.
They sold it to Experian, and Gheorghe found himself CTO for Experian for a few years.
He launched a second startup, TIAN, and merged it with a company called OutlookSoft. Then, SAP came along and bought OutlookSoft. OutlookSoft did a form of big data known as business analytics, where companies slice, dice, report, and predict trends in their business by sifting through their financial transactions.
OutlookSoft was part of a crop of business analytics companies acquired by big enterprise software vendors around that time: Oracle bought Hyperion, IBM bought Cognos, and SAP bought OutlookSoft.
As a result, Gheorghe found himself as a CTO for SAP for a couple of years.
About four years ago, the bug to create a new startup hit again and Tidemark was born. It has all the signs of being another golden venture.
Tidemark also does business analytics/big data, but it's designed for the modern age: it works on a tablet and runs in the cloud.
More importantly, it is designed to be what Gheorghe calls a "revolution at the edge" with a "Siri-like interface." That means business folks can use it without help from their IT departments creating pre-programmed reports.
All they have to do is ask Tidemark a question, any question, about how their business is performing like ... Why isn't this product selling? What happens if we assign three more people to this project? What will our sales be next quarter?
Tidemark answers with charts and graphs. It even names the people in the company who could help with the project. It's like Google mixed withWolfram|Alpha, personalized for your job, on your tablet.
He's not the only one creating mobile, cloud-based analysis software. For instance, another hot startup, Anaplan, is doing the same and also doing well.
Still, Tidemark's approach — ask a question — is different. And it's already attracting attention. In the first 18 months since his product became available, his company is on track to hit $45 million in revenue, Gheorghe told us, growing 300% year over year. It has about 45 customers so far, with, on average, 180 business people at each customer using the product.
Tidemark has raised $93 million from Andreessen Horowitz, Greylock Partners, Redpoint Ventures, Silicon Valley Bank, and others.
SEE ALSO: Why Startup Founders Happily Give Up 90% Of Their Companies
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A Doutrina Obama e o Brasil - Marcos Troyjo

Se doutrina existe, o que é duvidoso, pois se trata apenas de retraimento, depois da mais longa guerra em que os EUA estiveram envolvidos, ela deveria ser chamada de "minimização de riscos".
O Brasil faz beicinho para a espionagem americana, e exige desculpas formais, como se isso fizesse alguma diferença no resultado final.
Cuidasse o governo de interesses concretos do país, já teríamos muito mais negócios....
Negócios???!!!
Aquele coisa de abrir mercados, regras estáveis para investimentos, respeito aos contratos???
Que coisa chata...
Paulo Roberto de Almeida 

Notas sobre a Doutrina Obama

Marcos Troyjo
Folha de S.Paulo, 9/05/2014

A atual fase da política exterior dos EUA é um exercício de introversão. Encolhimento da presença diplomático-militar no mundo. Menor interesse em Europa, América Latina e Oriente Médio. Suposta atenção prioritária à Ásia.
A Doutrina Obama contempla, como método, negociação sobre unilateralismo. Em termos de foco regional, deslocamento para o Pacífico. A essência da doutrina, contudo, reside em os EUA estarem mais voltados a si que a dilemas globais. Tal introversão é escolha, não sinal de enfraquecimento relativo. Nenhum país rivaliza com os EUA em forças convencionais, orçamento de defesa ou dissuasão nuclear.
Com o desmantelamento da Al-Qaeda, os EUA veem-se menos confrontados pelos "nanodesafios" geopolíticos que emergiram com o 11 de Setembro. Mediante a utilização intensa de drones para ataques cirúrgicos, dão-se ao luxo de "voltar para casa".
Já na grande geopolítica, Washington voltou a aceitar um mundo organizado em esferas de influência. Evita tabuleiros de elevado risco. É o caso da Ucrânia.
Republicanos criticam a tíbia liderança de Obama. Estivessem à frente do Departamento de Estado, pouco haveria de diferente. Mesmo o velho Kissinger tem vocalizado contra intervenções nessas "esferas", como o entorno geográfico russo. A propósito de eventuais intervenções, afirmou recentemente que "a gente sabe como essas coisas começam, não como terminam".
O principal legado dos anos Obama até agora é o combate ao terror e a morte de Bin Laden. Thomas Friedman brinca que "Obama é o drone mais rápido do Oeste". Em nome desses objetivos, promoveu-se onda de espionagem mesmo junto a parceiros tradicionais. A bisbilhotagem tirou peso moral de Washington. Os EUA são vistos cada vez mais como cínicos –pouco comprometidos com transparência, democracia e livre comércio.
A influência da política interna sobre a externa tem sido um pesadelo. A colaboração Casa Branca-Congresso é nula. Obama fala mais com teleprompters do que com parlamentares. Como nos EUA há dois partidos majoritários, mas inúmeras facções, o jogo político é um balaio de gatos tão confuso quanto o nosso. Resultado: Obama arrisca-se a não obter mandatos que o autorizem a concluir acordos de comércio no Pacífico e no Atlântico.
A exemplo das relações com o Brasil, muitos intercâmbios bilaterais murcharam. Nesse quadro, o Brasil oscila entre momentos de maior ou menor interesse em Washington. Estamos num daqueles períodos de "desapontamento" com o "no profile" da política externa brasileira e a percepção de que o sobe e desce recente de nossa economia configura mais um voo de galinha.
As relações governo a governo com Brasília estão oceanos aquém das oportunidades. Isso é muito ruim. Em comércio, investimento ou defesa, hoje não há iniciativas de monta entre as duas maiores democracias do Ocidente.
Tal distanciamento representa um dos principais desperdícios de parceria do mundo contemporâneo. E, no potencial irrealizado, perde mais o Brasil.
mt2792@columbia.edu
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcostroyjo/2014/05/1451623-notas-sobre-a-doutrina-obama.shtml

Dedicado a todos os amigos brasileiros da ditadura cubana: ate onde chega a resistencia humana a falta de liberdade?

Cubano faz travessia de 4 dias em prancha de windsurf para chegar aos EUA

Atualizado em  10 de maio, 2014 - 06:51 (Brasília) 09:51 GMT
Foto: BBC Mundo
Martínez contou a história de sua travessia à BBC Mundo em uma praia na Flórida
Jorge Armando Martínez, de 28 anos, foi encontrado por pescadores no dia 21 de fevereiro nas pequenas ilhas Marquesas Key, ao sul do Estado americano da Flórida, em uma prancha de windsurf.
Os pescadores viram Martínez quando ele agitou os braços, cansados depois de uma travessia de quatro dias que partiu da praia Jibacoa, a leste de Havana, em Cuba.
O cubano sobreviveu à viagem carregando uma garrafa de água e dez balas, atravessando as águas infestadas de tubarões do estreito que separa Cuba dos Estados Unidos.
Martínez estava desidratado, muito cansado, faminto, com bolhas nas mãos e queimaduras de sol pelo corpo. Mas finalmente tinha alcançado seu sonho de chegar aos EUA.
"Meu sonho sempre foi estar aqui; em um país desenvolvido onde existe a oportunidade de trabalhar honradamente e poder viver como uma pessoa", disse Martínez à BBC Mundo em uma praia de Miami, já recuperado de sua aventura.
O cubano passou nove meses aprendendo e se aperfeiçoando no windsurf, estudando o clima do Estreito da Flórida, vendendo tudo o que tinha para se preparar para a travessia.
"Vendi todas as minhas coisas, de onde eu vivia. Fiquei praticamente com minha cama, meu ventilador e apenas com o equipamento com o qual iria fazer a viagem", afirmou.

Decisão

Martínez trabalhava com informática e comércio de joias mas havia muito tempo tomou a decisão de sair de Cuba. Há menos de um ano, decidiu que faria isso com uma prancha de windsurf.
A escolha do incomum meio de transporte ocorreu depois que ele não conseguiu comprar um motor para uma lancha junto com dois amigos - e o fato de ter tido uma filha.
"Tenho uma bebê de um ano e sete meses e foi quando percebi que ela poderia passar fome e necessidades. Eu estava acostumado [a passar fome e necessidades]. Mas a criança não. Eu a via quase sem comida e tinha de buscar uma forma de dar a ela uma vida melhor", disse.
O cubano comprou uma prancha usada por US$ 340 (cerca de R$ 751) e começou a fazer exercícios para conseguir a resistência e a força necessárias para atravessar o mar.
"Nadava, corria para aumentar a resistência, fazia exercícios com pesos na academia e, cada vez que tinha vento, ia para a água para aperfeiçoar minha técnica. Treinei muito forte durante os nove meses, quase sem alimentação (...) Passava muitas horas no mar, desde o meio-dia, quando o vento aumentava, até quase à noite", disse.
Foto: Arquivo Pessoal
Martínez treinou durante meses antes de começar a travessia para os EUA
"Durante a preparação praticamente me desliguei do mundo. Deixei de fazer tudo o que gostava: nada de cinema, nada de namoro, nada de filmes, nada de jogos. Apenas envolvido (com o plano de) sair do país", afirmou.
Martínez treinava com o primo, Humberto - que na última hora decidiu não viajar -, e com outros dois amigos, Henry e Duarte.

Telefonema e quedas

A viagem começou no dia 17 de fevereiro. Martínez pegou a prancha e a vela, colocou na mochila uma garrafa de água, dez balas, roupa para navegar e se proteger do sol e uma bússola de plástico, presente de um amigo. A avó costurou uma correia de couro na bússola, para que ele usasse o aparelho amarrado no pulso, como um relógio.
A família de Martínez não sabia que ele iria fugir do país.
"Disse a eles que iria acampar, iríamos navegar perto da praia de Jibacoa. A única pessoa que contei (sobre a fuga) foi minha filha, mas como é um bebê, não entendeu. (...) Fiz umas fotos e dei de presente a ela uma bonequinha", lembrou o cubano.
Já na praia de Jibacoa, prestes a começar a travessia, ele ligou para a irmã, contanto que iria fugir para os Estados Unidos.
O plano inicial era de uma viagem de cinco ou seis horas, mas acabou se transformando em uma odisseia de quatro dias e três noites no mar.
As dificuldades começaram quando um dos companheiros de viagem, Duarte, começou a ter problemas com o equipamento e caiu várias vezes, atrasando o grupo.
Na metade do caminho, os três tiveram que se separar e Martínez percebeu que não tinha mais forças para navegar.
"Estava sozinho no Estreito da Flórida e não podia me desesperar. Não podia ficar ali e não podia morrer. Tomei a decisão rápida de não perder mais tempo e abandonar a vela", contou o cubano a respeito do momento que começou a remar com o mastro da vela.
"Administrava a água, (...), sentia muita sede. O sol estava muito forte, me castigava muito, dava dores de cabeça. Na noite de quarta-feira comecei a alucinar. Era como se houvesse um bosque ao meu redor."

Tubarões ou navios

O cubano disse não ter visto tubarões, mas teve que fugir de vários navios mercantes temendo ser sugado pelos motores.
Na manhã do quarto dia, quando estava prestes a mudar de rumo por não encontrar terra, notou uma mudança na água e viu, à distância, os recifes da Flórida. "Minha alegria foi enorme", disse.
Naquele momento, o outro companheiro de viagem, Henry, já tinha chegado aos Estados Unidos. Em terra, ele avisou as autoridades sobre os dois outros companheiros de viagem no mar e a operação de buscas começou.
Duarte foi encontrado quase inconsciente, desorientado, flutuando em sua prancha, perto dos recifes. Ele foi repatriado. Martínez não queria correr o mesmo risco.
"Muitos helicópteros me procuravam, barcos. Mas, a cada vez que fica perto de uma, me deitava na prancha para que não me encontrassem. Era o momento final, se me recolhessem do mar, iriam me deportar."
Foto: Arquivo Pessoal
O cubano contou apenas para a filha que iria fugir para os Estados Unidos
Martínez conhecia a lei de Ajuste Cubano, pela qual os cidadãos de Cuba que cheguem aos Estados Unidos pelos próprios meios têm o direito de ficar.
O cubano conseguiu chegar a uma praia de Marquesas Key, onde ele foi encontrado pelos pescadores que deram água a ele e chamaram a Guarda Costeira.
Martínez foi levado então a um hospital onde ficou internado por quatro dias.
"Acho que ficarei muito bem aqui, pois gosto de trabalhar, gosto de lutar", disse Martínez.
Ele já está vivendo na casa de cubanos que viram sua história pela televisão e ofereceram ajuda.
Enquanto espera a documentação que permitirá que ele trabalhe, já começou a estudar inglês e recebeu uma oferta de emprego e uma loja de equipamentos para windsurf.
"No nível profissional, vou fazer muito. Quero trabalhar muito, juntar dinheiro e montar meus negócios para poder trazer minha filha e ajudar minha família."

"Nova Matriz Economica": quatro anos perdidos e mais heranca maldita da politica economica companheira - Gustavo Loyola

Gustavo Loyola
O Estado de S.Paulo, 11/05/2014

Configura-se no horizonte o cenário de um quadriênio perdido para o Brasil. Relatório divulgado pela OCDE na semana passada trouxe uma revisão para pior das projeções da entidade para a economia brasileira no corrente ano, juntando-se às previsões igualmente pessimistas do FMI e dos analistas participantes da pesquisa Focus do Banco Central (BC). A expectativa da maioria é a de que o PIB cresça abaixo de 2% neste ano, com a inflação beirando o teto da banda de tolerância estabelecido no regime de metas (6,5%). Se tais prognósticos se confirmarem, o Brasil apresentará crescimento médio em torno de 2% e inflação ao redor de 6% ao ano, entre 2011 e 2014.

O quadriênio perdido é filho bastardo da "Nova Matriz Econômica" que pretendia impunemente combinar juros baixos, câmbio competitivo e afrouxamento fiscal. O tiro saiu pela culatra. O País cresce menos, sua indústria continua pouco competitiva, apesar da depreciação da moeda, e a inflação se mantém teimosamente elevada. A "Nova Matriz" gerou também perda de credibilidade na política econômica e prejuízos à imagem do País perante os investidores internacionais.

É verdade que, nos últimos meses, o governo deu sinais de recuo em relação ao seu projeto da "Nova Matriz". Não se veem mais discursos presidenciais sobre "juros baixos" e o Banco Central conseguiu promover uma elevação da taxa básica de 7,25% para 11% nos últimos 12 meses. As restrições cambiais fruto da veleidade do "câmbio competitivo" foram desmontadas e o BC luta agora para evitar que a depreciação excessiva do real jogue mais combustível na inflação. Todavia a gestão fiscal continua frouxa e dependente de receitas extraordinárias ou de jogadas contábeis.

Além dos problemas na esfera macroeconômica, a gestão microeconômica também deixa muito a desejar e igualmente dificulta o desempenho da economia. Numa situação de baixo desemprego como ora existente, o crescimento maior do PIB depende do aumento do investimento e da aceleração do crescimento da produtividade. Porém, a intervenção do governo na economia vem produzindo o resultado oposto. As regras do jogo ficaram opacas para os empresários e cada vez mais as decisões de investimento tornam-se dependentes de alguma prebenda do Estado. Ora são as linhas de crédito subsidiadas do BNDES, ora é um regime especial de tributação, ora é a proteção contra a importação do exterior. Tais vantagens, porém, não estão disponíveis para todos os empreendedores e mesmo seus beneficiários têm dúvidas sobre a sustentabilidade dessa política ao longo do tempo.

Por outro lado, acumularam ineficiências e distorções na economia. O regime tributário é cada vez mais disfuncional e custoso para os contribuintes. As exigências burocráticas se multiplicaram pela necessidade de "enquadramento" do contribuinte a cada um dos regimes especiais.

Além disso, a má gestão setorial trouxe à baila o risco de falta de energia elétrica. Obviamente, existe uma séria questão hidrológica, mas o melhor gerenciamento do modelo em vigor poderia ter minimizado o risco de apagão. A redução voluntariosa de 20% nas tarifas de energia no ano passado está custando caro, principalmente por causa do aumento das incertezas para os operadores atuais e potenciais do setor elétrico e pela ampliação da necessidade de subsídios fiscais. Vale lembrar que a miopia nessa questão não foi monopólio do governo, já que entidades empresariais como a Fiesp apoiaram demagogicamente a medida.

O setor de combustíveis também sofre com os equívocos acumulados. A Petrobrás vem arcando com os custos do artificialismo de preços no mercado doméstico, além de estar sobrecarregada pela necessidade de investir no pré-sal em razão do modelo de exploração adotado pelo governo.

Por tudo isso, não será boa a herança que Dilma deixará para o próximo governo. Ajustes fortes e dolorosos serão necessários para evitar mais quatro anos perdidos de baixo crescimento e alta inflação. O retorno pleno às políticas macroeconômicas responsáveis e ao realismo dos preços administrados afetará o crescimento em 2015. Porém, seria um primeiro e necessário passo para a retomada sustentável do crescimento a partir do ano seguinte.

Brasil recua no acesso a tecnologia - World Economic Forum

Noticia já passada, mas extremamente relevante para ser aqui registrada.
Não me preocupa tanto o atraso material em si, pois isso pode ser recuperado em questão de meses, desde que as políticas corretas sejam aplicadas, ou as medidas certas (de infraestrutura, por exemplo) sejam tomadas.
O que me preocupa é o atraso mental dos dirigentes e das elites, que nos levou a esse atraso.
Isso sim é terrivelmente preocupante.
Paulo Roberto de Almeida 

País cai para 69º em ranking de acesso à tecnologia

Brasil perde nove posições em lista com 148 nações, segundo relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial
O Brasil caiu para 69º — nove posições abaixo do resultado de 2013 — num ranking global de 148 países, que mede a capacidade de uma nação usar a tecnologia da informação para estimular a competitividade e o bem-estar. O dado consta do Relatório Global sobre Tecnologia da Informação 2014, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a escola de negócios Insead, e divulgado ontem.
No topo do ranking estão Finlândia, Cingapura, Suécia, Holanda, Noruega e Suíça. Entre os dez primeiros, Estados Unidos (7º), Hong Kong (8º) e Coreia do Sul (10º) avançaram. Já o Reino Unido (9º) caiu.
Se a leitura tiver como foco a América Latina, o Chile é o país mais bem colocado, em 35º lugar, apesar de ter perdido uma posição na comparação com 2013. Antes do Brasil, vêm ainda Porto Rico (41º), Panamá (43º), Costa Rica (53º) e Colômbia (63º). Entre os Brics, a Rússia (50ª) tem o melhor desempenho. A China vem na 62ª posição; a Índia, na 83ª.
O relatório mostra que há pouco progresso no esforço para superar a distância digital entre as nações mais conectadas e o resto do mundo. Essa estagnação é preocupante sobretudo em países emergentes. Essas nações, diz o estudo, correm o risco de não conseguirem se beneficiar do impacto positivo que as tecnologias da informação podem trazer. Avanços em inovação, competitividade econômica e inclusão social estão entre eles.
Na América Latina, avalia o relatório, o desafio continua sendo melhorar a conexão digital. Uma das conclusões é que o sistema de apoio ao empreendedorismo e à inovação impede que os países da região consigam capitalizar investimentos em TI. E isso resulta em nova exclusão digital entre as nações que evoluem nos planos social e econômico e as demais.
O cálculo do índice que compõe o ranking leva em conta uma série de fatores ligados ao uso de TI, como custo de acesso; uso por governos, empresas e pessoas; ambiente de negócios e inovação; cenário político, impactos econômicos e sociais. Há resultados que pesam na posição do Brasil no ranking geral. O número de dias necessários para abrir um negócio, por exemplo, chega a 108, contra 19 no Chile ou 22 em México, Panamá e Porto Rico.
O estudo mostra que o aporte em tecnologia de informação, sozinho, não basta para garantir competitividade aos países. Para chegar lá, o caminho é investir ao mesmo tempo em inovação, empreendedorismo e infraestrutura.
Fonte: O Globo

Yankee, DO NOT Go Home, Please - Tom Friedman, de Kiev a Hanoi

Parece que a Doutrina Obama é a do retraimento, a de se desvencilhar dos problemas do mundo.
Mas o mundo não quer.  O mundo quer a presença americana.
Menos os companheiros, claro.
Esses preferem a companhia de russos, chineses, cubanos, essas maravilhas da democracia e dos direitos humanos.
Paulo Roberto de Almeida 

More Chopsticks, Please
The New York Times, May 10, 2014

HANOI, Vietnam — BY an accident of scheduling, I’ve visited Kiev and Hanoi in the last couple weeks, and it’s been accidentally extremely revealing. Ukraine is a middle power living next to a giant bear, and Vietnam is a middle power living next to a giant tiger. Ukraine is struggling with how to deal with a declining Russia that is looking for dignity in all the wrong places — like in Crimea — and Vietnam is struggling with how to deal with a rising China that is looking for oil in all the wrong places — like in Vietnam’s territorial waters. Russia’s attitude toward Ukraine has been: “Marry me, or I’ll kill you.” And China’s toward Vietnam has been a variation of that line from “There Will Be Blood”: “I have a long straw, so I think I’ll drink my milkshake and yours.”
Meanwhile, America is trying to figure out how to buttress both Vietnam and Ukraine in their struggles with their giant neighbors without getting entangled in either dispute. And in my jet-lagged torpor, all I’ve been trying to do is make sure I don’t order Chicken Kiev in Hanoi and Chicken Spring Rolls in Kiev.
Both conflicts tell us a lot about the post-post-Cold War world. Neither Russia’s intervention in Ukraine nor China’s in Vietnam’s territorial waters is based on grand ideology or global aspiration. Both are about regional control, spurred by nationalism and resource competition.
Another similarity is that both Russia and China have not engaged in traditional crossborder aggression with their neighbors, choosing instead to operate behind cutouts. Russia used “little green men” in Ukraine — camouflaged pro-Russia gunmen whose identities are unclear — and China deployed a flotilla of 70 civilian vessels and just a few navy ships to the South China Sea. They towed a giant deep-sea drilling rig 130 nautical miles off the coast of Vietnam — well within Vietnam’s continental shelf but also in range of the disputed Paracel Islands that China claims are its own and therefore entitle Beijing to control a wide arc of surrounding waters.
Vietnamese TV has been airing an animated re-enactment of the confrontation: When a Vietnamese navy patrol boat challenged a larger Chinese vessel, it rammed the Vietnamese ship, wounding six sailors. Then another Chinese ship used a giant water cannon to shoo away the Vietnamese boats. It’s a huge story here in Hanoi.
In both cases, Russia and China used tactics firm enough to get their way but calibrated not to galvanize the international community to react much. China’s timing, though, right after President Obama’s visit to the region — when he criticized China’s expansive maritime claims — seemed to be a squirt gun in his face.
“It has been a real shock for the whole region,” Ha Huy Thong, the vice chairman of the foreign affairs committee of the Vietnamese Parliament told me. “They use civilian vessels, and then if you attack them they say, ‘Why did you attack our civilians?’ ”
But Vietnam has limited options. China “is a rising power. The question is how can we deal with it?” said Thong. “It is not only a violation of our territory but of international law.”
The only way to deter such regional powers when they bully one neighbor is with a coalition of all the neighbors. But such coalitions are hard to build when the threat is to just one country, is relatively low level and when the threatening country (China or Russia) controls so much trade to the rest of Asia in the case of China and so much gas to Ukraine and Europe in the case of Russia.
 “We have a saying in Vietnamese,” added Thong: “It’s easy to break two chopsticks, but it’s very hard to break a bundle of them.” Until such a coalition gets built, Vietnam — in an irony of history — finds itself now looking to America for more protection from its historical predator, China.
Le Duy Anh, 24, a lecturer at Hanoi’s FPT School of Business (FSB), remarked to me when I visited his campus that whenever China does something to Vietnam these days people go to the American Embassy in Hanoi and demonstrate. For so many years, Vietnamese fought a war with Americans “trying to get you out,” he said, “and now we are demonstrating to get you to intervene. We don’t want bloodshed, so we need someone to tell someone else to calm down.”
So Americans may think we’ve lost influence in the world, but, the truth is, many people out here want our “presence” more than ever. This is especially true of those living on the borders of Russia and China, who are each sort of half in and half out of today’s globalization system — beneficiaries of its trading and investment regimes but revisionists when it comes to playing by all the rules in their own neighborhoods. We may not be so interested in the world, but a lot of the world is still interested in us — and saying: “Yankee come hither” more than “Yankee go home.”

We’re not going to go to war on either front. And Russia and China also have claims and interests that bear consideration. But if we are to persuade Moscow and Beijing to resolve these border disputes peacefully, not unilaterally, we’ll clearly need a few more chopsticks in our bundle. Which is why America’s ability to build coalitions is as vital today as the exercise of its own power.