O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

5G: uma opinião bem informada e negativa - Hamilton Carvalho

Não dá para caracterizar a opinião deste articulista como luddita ou malthusiana, pois ele fornece os dados técnicos quanto à sua percepção negativa, em termos de energia, cabeamento, equipamentos em excesso e outros inconvenientes.
Mas o fato é que essa tecnologia virá, para o bem e para o mal.
Acredito que a tecnologia vai evoluir para minimizar ou eliminar certos efeitos negativos.
Mas eu não sou um expert.
Paulo Roberto de Almeida

5G é insanidade, escreve Hamilton Carvalho

5G é a promessa do momento
Aumentará emissões de gases
Gerará demanda por energia elétrica
Segundo a Anatel, a oferta do 5G deve ter início poucos meses após a assinatura dos contratos Anatel

O avanço da tecnologia vai fazer você trabalhar menos e ter mais tempo livre para o que importa na vida. Quantas vezes você já não ouviu isso?

A ideia de que as máquinas trabalhariam no lugar do ser humano é antiga, mas começou a decolar especialmente depois da Revolução Industrial.
Já no final do século 19, o pioneiro da geração e transmissão de energia elétrica Lucien Nunn aplaudiria os benefícios da então revolucionária tecnologia, que passou a ser aplicada em suas minas de carvão nos EUA. Finalmente, disse ele, os trabalhadores teriam tempo e recursos para cuidar de suas famílias, de seu país e de si.

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Outro exemplo conhecido é o do influente economista John Maynard Keynes, que vislumbrava um futuro com semanas de trabalho de apenas 15 horas. Para ele, o aumento na produtividade proporcionado por novas tecnologias seria capaz de dar conta de todas as necessidades humanas. O tempo livre seria usado para o lazer.
É óbvio que nada disso aconteceu. Continuamos trabalhando pelo menos 40 horas por semana e assim continuaremos, pelo menos os que ainda têm emprego. Na média, a vida melhorou bem, mas os ganhos privados com o aumento de produtividade fluíram para o bolso de poucos.
A promessa do momento é a tecnologia 5G de telefonia celular. Já não se fala mais na perspectiva de menos trabalho e mais lazer. O discurso agora é outro: teremos cidades inteligentes, carros autônomos, fábricas com robôs que conversam entre si, geladeiras que encomendam comida diretamente ao supermercado. Alguns até falam que você vai trabalhar mais comprometido, direto da sua casa. Glorioso.
O discurso mudou e, sem dúvida, tem muita coisa boa que dá para ser feita com o 5G. O problema é que a tecnologia tem um inconveniente que não dá pra esconder em um mundo que já vive em emergência climática: ela vai aumentar bastante as emissões de gases do efeito-estufa.
Não existe almoço grátis. O 5G vai gerar uma forte demanda adicional por energia elétrica. E por mais que se espere rápida disseminação das fontes renováveis nas próximas décadas, as tomadas do mundo ainda vão continuar dependendo dos combustíveis fósseis por um longo tempo.
O pessoal da indústria certamente vai argumentar que estamos indo na direção correta. Dirão eles que essa tecnologia está associada com estações de transmissão mais eficientes em termos de consumo de energia e que o 5G pode diminuir as emissões de CO2 em cidades “inteligentes”.
Mas há duas verdades inconvenientes fora dessa narrativa. A primeira tem relação com aquelas bases com antenas de celular que costumam ficar no topo de edifícios. A questão é que o 5G, na sua versão mais poderosa (de frequência mais alta), requer muito mais antenas por mastro –de 10 a 30 vezes mais. E requer muito mais dessas estruturas– um mastro a cada 100 ou 200 metros. O conjunto da obra vai consumir mais eletricidade do que o sistema atual.
A segunda verdade inconveniente –e a mais importante– é o tsunami de dados que estamos encomendando com o 5G. Na medida em que bilhões de equipamentos e quinquilharias (como fraldas e escovas de dentes) passarem a embutir chips que conversam entre si, essa tagarelice precisará ser transmitida e processada à custa de muita energia elétrica adicional (fala-se em aumento de 1.000%).
Tem ainda um outro ponto de interrogação, menos relevante para o argumento aqui apresentado. Cientistas sérios têm alertado para o salto no escuro que estamos dando com o banho adicional de radiação trazido pelo 5G. Há muita pressa para movimentar os negócios e pouca precaução.

O jogo mudou 

Devemos muito à tecnologia, que transformou a experiência humana na Terra. Na longa escala de tempo planetário, foi em um piscar de olhos que passamos a viver em pequenas cidades, inventamos a agricultura, a imprensa, chegamos à Revolução Industrial, ao telefone, aos mainframes, aos computadores pessoais, aos smartphones. E agora desembocamos no que parece ser um novo paradigma, que inclui, além do 5G, a inteligência artificial.
Essas mudanças ficaram mais aceleradas, isto é, na nossa história os paradigmas foram sendo quebrados em intervalos de tempo cada vez mais curtos. Isso é consistente com o fenômeno que a literatura chama de crescimento superexponencial.
Infelizmente, uma consequência inevitável desse fenômeno é o colapso –no caso, dos nossos sistemas socioeconômicos. É como correr em uma esteira que fica cada vez mais rápida.
Outra consequência desse aumento de velocidade é a dificuldade de perceber que as regras do jogo estão mudando. A humanidade continua jogando damas em um mundo que virou um tabuleiro de xadrez pegando fogo.
Mas nesse ponto sou otimista: acho que esta década vai marcar uma reviravolta na percepção coletiva, refletindo os efeitos cada vez mais dramáticos das mudanças climáticas. Com sorte, vamos perceber que virtualmente toda política pública ou privada, como o 5G, tem efeitos diretos no estrago que estamos fazendo no planeta.
E que nem sempre dá para acreditar em promessas utópicas.


As excelentes relações da Bolsodiplomacia com Trump facilitam deportações de brasileiros

Deportados: Brasileiros desembarcam em MG sem saber como voltar

A irmã de Fiama Inácio, 27, de Goiânia, conseguiu entrar e ficar nos EUA assim, mesmo depois de ser pega irregularmente na fronteira

Brasil Ao Minuto, Folha Press, 8/02/2020
Deportados: Brasileiros desembarcam em MG sem saber como voltar
CONFINS, MG (FOLHAPRESS) - O avião que trouxe mais uma leva de brasileiros deportados dos Estados Unidos pousou no Aeroporto Internacional de Confins (a 37 quilômetros de Belo Horizonte) às 23h40 desta sexta-feira (7).
A chegada ocorreu após quase um dia de viagem desde que Cleony Dias Lagasso, 25, deixou o local onde ficou detido com a mulher e a filha de três anos por 18 dias, no estado do Texas, na fronteira com o México.
A família desembarcou no Brasil a 3.223 quilômetros de distância de sua casa, que fica em União Bandeirantes, um distrito de Porto Velho (RO) sem dinheiro e sem nenhuma assistência à espera.
"A gente não sabe [o que vai fazer agora]. Estamos tentando entrar em contato com a família. Pensamos que, chegando aqui, o governo tomaria uma atitude", diz ele.
Inicialmente, o Itamaraty havia informado que 130 brasileiros estariam no voo que chegou a Confins. No aeroporto, porém, o número de pessoas que deixou a área de desembarque parecia menor. Até a publicação desta reportagem, nem a Polícia Federal nem o Itamaraty responderam qual seria o número final.
Depois do desembarque de um grupo de americanos, com bagagens -seguranças, segundo um funcionário do aeroporto que não quis se identificar- os brasileiros vieram, carregando apenas sacos plásticos onde se viam passaportes, celulares, fones de ouvido.
Os brasileiros ouvidos pela reportagem disseram que não foram algemados em nenhum momento. Segundo eles, as únicas pessoas com algemas no voo desceram em uma parada no Equador. Em janeiro, outro voo vindo dos EUA chegou a Minas Gerais com brasileiros deportados que relataram terem sido algemados pelos pés e pelas mãos.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o uso das algemas, mas depois recuou, dizendo que não pediria a Trump para mudar o tratamento dado aos imigrantes.
Não havia representantes do governo a bordo. Alguns deportados contam que foram levados ao consulado brasileiro enquanto estavam detidos. Outros, que ouviram falar na detenção que havia representantes do governo brasileiro no local.
O voo fretado desta sexta é o terceiro a trazer deportados da fronteira norte-americana desde outubro do ano passado. Pagos pelo governo dos EUA, eles precisam ser autorizados pelo governo brasileiro.
Deportada com a filha de 14 anos e o marido, o plano de Edja Jesus, 48, era comprar passagens em um voo para Salvador o mais breve possível -a família vive em Lauro de Freitas (a 28 km da capital baiana)."Oito dias sem tomar banho, oito dias sem escovar os dentes. Meu marido desmaiou de fome e eles não ajudaram. Quem ajudou fomos nós mesmos", conta ela. "Fomos muito maltratados."
Erivaldo Gomes, 62, marido dela, diz que teve queda de pressão pela alimentação fraca, quase sempre fria e que muitas vezes vinha azeda. A descrição do burrito servido, prato típico mexicano, é a mesma que a reportagem ouviu de outros brasileiros deportados em outubro.
"Só a forma como eles tratam as pessoas já é uma agressividade descompensada. Eu não sofri agressão física, mas sei de pessoas que sofreram. Ser puxado pelo cabelo, ser jogado em cela", diz.
Grávida de cinco meses, Emily da Silva, 20, que tentou entrar nos EUA com o marido e a filha de um ano, conta que um dia passou tanta fome que o bebê parou de se mexer na barriga.
O número de brasileiros detidos na fronteira EUA-México aumentou dez vezes entre outubro de 2018 e setembro de 2019, segundo o Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).A política austera da gestão de Donald Trump contra imigrantes em situação irregular e a dificuldade de emitir vistos a pessoas nascidas no Brasil podem ter ajudado na escalada, de acordo com integrantes do Itamaraty ouvidos em dezembro.
O governo Trump solicitou formalmente ao de Jair Bolsonaro (sem partido) a autorização para fretar mais voos com o objetivo de deportar brasileiros em situação irregular de imigração. A prática não era comum entre os países. O Itamaraty diz que havia registro de outro voo em 2017.
Segundo a Policia Federal em Minas Gerais, voos com deportados podem se tornar mais frequentes. A polícia disse ainda que segue investigando casos suspeitos, mas sem falar em detalhes.Apesar de haver moradores de outros estados, a maioria do grupo que chegou a Confins nesta sexta era de Minas Gerais.
Pâmela Cristina, 21, de Governador Valadares, conta que viu um guarda empurrando uma mulher com uma criança de colo e que era comum policiais da fronteira ficarem com o dinheiro das pessoas detidas."Tem muita gente que está aqui que não tem um centavo no bolso. A gente não imagina o quanto é sofrido. A gente entra com a mente sadia e sai com a mente doente", afirma ela.
Muitos chegaram ao Brasil usando as calças de moletom cinzas e camisetas azuis que eram distribuídas como uniforme. Outros ainda tinham no pulso as pulseiras colocadas na detenção para controle -uma com um número de identificação, outra com a temperatura da pessoa.Quem estava de tênis e botas chegou sem os cadarços, tirados pelos agentes da imigração. Algumas pessoas ainda calçavam o sapato de borracha laranja neon e outros as sapatilhas distribuídas na detenção.
Os brasileiros contaram que foram oferecidas duas opções: assinar a deportação e voltar ao país ou encontrar um advogado e tentar falar com um juiz para explicar o porquê de quererem ficar no país.Era comum que brasileiros tentassem ficar assim nos EUA, entrando irregularmente e respondendo ao processo em liberdade, no que é conhecido como cai-cai, enquanto trabalhavam."Mas você não consegue advogado e o caso segue correndo. A polícia de lá não deixa fazer ligações, mesmo que seja um direito. Então, nem quis tentar", conta Cleony.
A irmã de Fiama Inácio, 27, de Goiânia, conseguiu entrar e ficar nos EUA assim, mesmo depois de ser pega irregularmente na fronteira, na metade do ano passado. Por isso, Fiama resolveu arriscar, com o marido e o filho de seis anos. "Eles tratam a gente como se a gente fosse delinquente. Sei que a gente é ilegal, mas a gente tenta visto e não dão."

domingo, 9 de fevereiro de 2020

1804: manifesto da independência do Haiti por Dessalines

[Grato a meu amigo Ricardo Seitenfus pelo envio do texto]

Proclamation

Le général en Chef,

Au Peuple d'Hayti.

Citoyens,

Ce n'est pas assez d'avoir expulsé de votre pays les barbares qui l'ont ensanglanté depuis deux siècles ; ce n'est pas assez d'avoir mis un frein aux factions toujours renaissantes qui se jouaient tour à tour du fantôme de liberté que la France exposait à vos yeux ; il faut, par un dernier acte d'autorité nationale, assurer à jamais l'empire de la liberté dans le pays qui nous a vu naître ; il faut ravir au gouvernement inhumain, qui tient depuis longtemps nos esprits dans la torpeur la plus humiliante, tout espoir de nous réasservir ; il faut enfin vivre indépendans ou mourir.

Indépendance ou la mort... Que ces mots sacrés nous rallient, et qu'ils soient le signal des combats et de notre réunion.

Citoyens, mes compatriotes, j'ai rassemblé en ce jour solennel ces militaires courageux, qui, à la veille de recueillir les derniers soupirs de la liberté, ont prodigué leur sang pour la sauver ; ces généraux qui ont guidé vos efforts contre la tyrannie, n'ont point encore assez fait pour votre bonheur... Le nom français lugubre encore nos contrées.

Tout y retrace le souvenir des cruautés de ce peuple barbare ; nos lois, nos mœurs, nos villes, tout porte encore l'empreinte française ; que dis-je, il existe des Français dans notre île, et vous vous croyez libres et indépendans de cette république qui a combattu toutes les nations, il est vrai, mais qui n'a jamais vaincu celles qui ont voulu être libres.

Eh quoi ! victimes pendant quatorze ans de notre crédulité et de notre indulgence ; vaincus, non par des armées françaises, mais par la piteuse éloquence des proclamations de leurs agens ; quand nous lasserons-nous de respirer le même air qu'eux ? Qu'avons-nous de commun avec ce peuple bourreau ? Sa cruauté comparée a notre patiente modération ; sa couleur à la nôtre ; l'étendue des mers qui nous séparent, notre climat vengeur, nous disent assez qu'ils ne sont pas nos frères, qu'ils ne le deviendront jamais et que, s'ils trouvent un asile parmi nous, ils seront encore les machinateurs de nos troubles et de nos divisions.

Citoyens indigènes, hommes, femmes, filles et enfans, portez les regards sur toutes les parties de cette île ; cherchez-y, vous vos épouses, vous vos maris, vous vos frères, vous vos sœurs ; que dis-je, cherchez-y vos enfans, vos enfants à la mamelle ! Que sont-ils devenus... Je frémis de le dire... la proie de ces vautours. Au lieu de ces victimes intéressantes, votre œil consterné n'aperçoit que leurs assassins ; que les tigres dégouttant encore de leur sang, et dont l'affreuse présence vous reproche votre insensibilité et votre lenteur à les venger. Qu'attendez-vous pour apaiser leurs mânes, songez que vous avez voulu que vos restes reposassent auprès de ceux de vos pères, quand vous avez chassé la tyrannie ; descendrez-vous dans leurs tombes sans les avoir vengés ? Non, leurs ossements repousseraient les vôtres.

Et vous, hommes précieux, généraux intrépides, qui insensibles à vos propres malheurs, avez ressuscité la liberté en lui prodiguant tout votre sang ; sachez que vous n'avez rien fait, si vous ne donnez aux nations un exemple terrible, mais juste, de la vengeance que doit exercer un peuple fier d'avoir recouvré sa liberté, et jaloux de la maintenir ; effrayons tous ceux qui oseraient tenter de nous la ravir encore : commençons par les Français... Qu'ils frémissent en abordant nos côtes, sinon par le souvenir des cruautés qu'ils y ont exercées, au moins par la résolution terrible que nous allons prendre de dévouer à la mort quiconque, né français, souillerait de son pied sacrilège le territoire de la liberté.

Nous avons osé être libres, osons l'être par nous-mêmes et pour nous-mêmes ; imitons l'enfant qui grandit : son propre poids brise la lisière qui lui devient inutile et l'entrave dans sa marche. Quel peuple a combattu pour nous ! Quel peuple voudrait recueillir les fruits de nos travaux ? Et quelle déshonorante absurdité que de vaincre pour être esclaves. Esclaves !... Laissons aux Français cette épithète qualificative ; ils ont vaincu pour cesser d'être libres.

Marchons sur d'autres traces ; imitons ces peuples qui, portant leur sollicitude jusques sur l'avenir, et appréhendant de laisser à la postérité l'exemple de la lâcheté, ont préféré être exterminés que rayés du nombre des peuples libres.

Gardons-nous cependant que l'esprit de prosélytisme ne détruise notre ouvrage; laissons en paix respirer nos voisins, qu'ils vivent paisiblement sous l'empire des lois qu'ils se sont faites, et n'allons pas, boutes-feu révolutionnaires, nous érigeant en législateurs des Antilles, faire consister notre gloire à troubler le repos des Isles qui nous avoisinent ; elles n'ont point, comme celles que nous habitons, été arrosées du sang innocent de leurs habitans ; elles n'ont point de vengeance à exercer contre l'autorité qui les protège.

Heureuses de n'avoir jamais connu les fléaux qui nous ont détruit, elles ne peuvent que faire des vœux pour notre prospérité.
Paix à nos voisins ! mais anathème au nom français ! haine éternelle à la France ! voilà notre cri.
Indigènes d'Haïti ! mon heureuse destinée me réservait à être un jour la sentinelle qui dût veiller à la garde de l'idole à laquelle vous sacrifiez : j'ai veillé, combattu, quelquefois seul ; et, si j'ai été assez heureux pour remettre en vos mains le dépôt sacré que vous m'avez confié, songez que c'est à vous maintenant à le conserver. En combattant pour votre liberté, j'ai travaillé à mon propre bonheur. Avant de la consolider par des lois qui assurent votre libre individualité, vos chefs, que j'assemble ici, et moi-même, nous vous devons la dernière preuve de notre dévouement.

Généraux, et vous chefs, réunis ici près de moi pour le bonheur de notre pays, le jour est arrivé, ce jour qui doit éterniser notre gloire, notre indépendance.

S'il pouvait exister parmi vous un cœur tiède, qu'il s'éloigne et tremble de prononcer le serment qui doit nous unir.

Jurons à l'univers entier, à la postérité, à nous-mêmes, de renoncer à jamais à la France, et de mourir plutôt que de vivre sous sa domination.
De combattre jusqu'au dernier soupir pour l'indépendance de notre pays !
Et toi, peuple trop long-tems infortuné, témoin du serment que nous prononçons, souviens-toi que c'est sur ta constance et ton courage que j'ai compté quand je me suis lancé dans la carrière de la liberté pour y combattre le despotisme et la tyrannie contre lesquels tu luttais depuis quatorze ans. Rappelle-toi que j'ai tout sacrifié pour voler à ta défense, parens, enfans, fortune, et que maintenant je ne suis riche que de ta liberté ; que mon nom est devenu en horreur à tous les peuples qui veulent l'esclavage, et que les despotes et les tyrans ne le prononcent qu'en maudissant le jour qui m'a vu naître ; et si jamais tu refusais ou recevais en murmurant les lois que le génie qui veille a tes destinées me dictera pour ton bonheur, tu mériterais le sort des peuples ingrats.

Mais loin de moi cette affreuse idée. Tu seras le soutien de la liberté que tu chéris, l'appui du chef qui te commande.

Prête donc entre ses mains le serment de vivre libre et indépendant, et de préférer la mort à tout ce qui tendrait à te remettre sous le joug. Jure enfin de poursuivre à jamais les traîtres et les ennemis de ton indépendance.

Fait au quartier général des Gonaïves, le 1er janvier mil huit cent quatre, l'An premier de l'indépendance.

Signé : J. J. Dessalines

New Book: "Why Liberalism Works: How True Liberal Values Produce a Freer, More Equal, Prosperous World for All" by Deirdre Nansen McCloskey

Why Liberalism Works: How True Liberal Values Produce a Freer, More Equal, Prosperous World for All 
Deirdre Nansen McCloskey


Copyright © 2019 by Deirdre Nansen McCloskey. 
Yale University Press 
For information, please e-mail sales.press@ yale.edu (U.S. office) or sales@ yaleup.co.uk (U.K. office). 
ISBN 978-0-300-23508-1

Contents 

Preface 

PART ONE
YOU SHOULD BECOME A HUMANE TRUE LIBERAL 
1. Modern Liberals Recommend Both Golden Rules, That Is, Adam Smith’s Equality of Opportunity 
2. Liberalism Had a Hard Coming 
3. Modern Liberals Are Not Conservatives, Nor Statists 
4. Liberals Are Democrats, and Markets Are Democratic 
5. Liberals Detest Coercion 
6. Liberalism Had Good Outcomes, 1776 to the Present 
7. Yet After 1848 Liberalism Was Weakened 
8. The “New Liberalism” Was Illiberal 
9. The Result of the New Illiberalism Was Very Big Governments 
10. Honest and Competent Governments Are Rare 
11. Deirdre Became a Modern Liberal Slowly, Slowly 
12. The Arguments Against Becoming a Liberal Are Weak 
13. We Can and Should Liberalize 
14. For Example, Stop “Protection” 
15. And Stop Digging in Statism 
16. Poverty Out of Tyranny, Not “Capitalist” Inequality, Is the Real Problem 
17. Humane Liberalism Is Ethical 

PART TWO
HUMANE LIBERALISM ENRICHES PEOPLE 
18. Liberty and Dignity Explain the Modern World 
19. China Shows What Economic Liberalism Can Do 
20. Commercially Tested Betterment Saves the Poor 
21. Producing and Consuming a Lot Is Not by Itself Unethical 
22. Trickle Up or Trickle Down Is Not How the Economy Works 
23. The Liberal Idea, in Short, Made the Modern World 

PART THREE 
THE NEW WORRY ABOUT INEQUALITY IS MISTAKEN 
24. Forced Equality of Outcome Is Unjust and Inhumane 25. Piketty Is Mistaken 
26. Europe Should Resist Egalitarian Policies
27. Piketty Deserves Some Praise 
28. But Pessimism About Market Societies Is Not Scientifically Justified 
29. The Rich Do Not in a Liberal Society Get Rich at the Expense of the Rest 
30. Piketty’s Book Has Serious Technical Errors 
31. The Ethical Accounting of Inequality Is Mistaken 
32. Inequality Is Not Unethical If It Happens in a Free Society 
33. Redistribution Doesn’t Work 

PART FOUR 
AND THE OTHER ILLIBERAL IDEAS ARE MISTAKEN, TOO 
34. The Clerisy Had Three Big Ideas, 1755–1848, One Good and Two Terrible 
35. The Economic Sky Is Not Falling 
36. The West Is Not Declining 
37. Failure Rhetoric Is Dangerous 
38. The Word “Capitalism” Is a Scientific Mistake 
39. Marxism Is Not the Way Forward 
40. Some on the Left Listen 
41. But They Have Not Noticed the Actual Results of Liberalism 
42. And Are Unwilling to Imagine Liberal Alternatives 
43. A Post-Modern Liberal Feminism Is Possible and Desirable 
44. Imperialism Was Not How the West Was Enriched 
45. Liberalism Is Good for Queers 
46. The Minimum Wage Was Designed to Damage Poor People and Women 47. Technological Unemployment Is Not Scary 
48. Youth Unemployment Is Scary, and Comes from Regulation 
49. Do Worry About the Environment, but Prudently 
50. Illiberalism, in Short, Is Fact Free, and Mostly Unethical 

Notes 
Bibliography 
Acknowledgments 
Index

Chapter 25 was first published by the Institute of Economic Affairs, London, 2016. Chapter 35 was first published by Prospect magazine, March 2016. 

Por que suprimir livros? Paulo Roberto de Almeida


A batalha contra os livros e o legado do capitão

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: discussão sobre a governança no Brasil; finalidade: debate público]
  

O que terá levado dirigentes políticos e responsáveis setoriais da educação em Roraima a ordenar o recolhimento de “livros inadequados” Machado de Assis, Mario de Andrade, Euclides da Cunha à juventude estudantil do estado?
Seria apenas um simples caso de burrice estúpida (com perdão pela redundância), ou algo bem mais grave, estupidez conjugada ao fundamentalismo sectário (novas desculpas pelo sic), de gente que acha que todas essas leituras aparentadas a um vago progressismo à la Paulo Freire são nocivas à formação ideológica dos jovens?
Se for por qualquer uma dessas razões, sempre conjugadas à estupidez, seria bem mais grave, pois sabemos quem anda reclamando dessa literatura didática que “tem muita coisa escrita” e nem tem a bandeira e o hino nacional. Mas mesmo Machado, que vem do Império?
Por que o Brasil retrocede?
A promessa de certo dirigente, por uma “educação sem ideologia”, teria algo a ver com o zelo pedagógico de fiéis militantes da causa?
Esse zelo vai se manifestar na confecção dos próximos livros didáticos?
A educação brasileira vai finalmente se ver livre de todas as influências indevidas?
O capitão pensa que está empenhado na construção de um novo Brasil?
Sem dúvida: um Brasil mais estúpido, piegas, simplório, anacrônico.
O chefe do Executivo age motivado não por considerações institucionais, de respeito à Constituição, mas por preconceitos pessoais e motivações irracionais – vide essa briga insana com os governadores por causa do ICMS sobre a gasolina – que redundam em MPs INCONSTITUCIONAIS e diversas outras medidas que diminuem o grau de segurança no país e aumentam o número de mortos (cinto, controles nas estradas, carteira de habilitação, exames de toxicologia), agridem o meio ambiente (e prejudicam o agronegócio e o próprio Brasil), reincidem no protecionismo comercial (antidumping do leite em pó, bananas do Equador, subsídios a setores industriais, perdão de dívidas, etc.) e muitas outras medidas que revelam o alto grau de IRRACIONALIDADE e de inconsistência econômica e jurídica de seu governo.
Sinceramente, eu sou pela boa governança, e não creio que o capitão seja um bom exemplo nessa matéria. Assusta-me a adesão de vários militares graduados a um capitão francamente despreparado para o cargo que ocupa, e que está retrocedendo o Brasil, sobretudo na esfera diplomática e educacional.
Esse será o legado do capitão, e tem muita gente (especialmente em certas seitas religiosas) que acha que assim está bem e que assim deve continuar, inclusive um famoso ex-juiz, um economista “liberal”, militares e outros técnicos saídos das melhores universidades. Tem até um diplomata que finge concordar com o besteirol de certos gurus quanto a que o tal de globalismo — uma legítima e fantasmagórica conspiração de ricaços esquerdistas — seria um atraso monumental para o Brasil.
Será que o Brasil degringolou?
Eu sempre achei que, muito pior que o atraso material e social do Brasil, é o atraso mental de nossas elites.
Só posso reafirmar minha tristeza...

 Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de fevereiro de 2020

O "samba do crioulo doido" do Ministério da Defesa - Paulo Roberto de Almeida

O "samba do crioulo doido" do Ministério da Defesa

Paulo Roberto de Almeida

Confesso que desisti de analisar o documento do MD, "Cenários de Defesa 2040". Levar a sério aquela assemblagem de loucuras subjetivas, de 500 participantes "ouvidos", seria uma enorme perda de tempo para quem, como eu, tem coisas mais importantes para fazer.
A impressão que se tem é que os "sábios" do MD recolheram os cenários mais improváveis, meio fruto da paranoia e meio da livre imaginação dos colaboradores, jogaram tudo em quatro liquidificadores, e dali extraíram quatro sucos descoloridos, sem qualquer gosto e sem qualquer serventia.
Os quatro "sucos", todos altamente improváveis em sua feição individual, são:
(1) Alinhamento com os EUA com recursos orçamentários;
(2) Alinhamento com os EUA com restrição orçamentária;
(3) Relacionamento global com recursos orçamentários;
(4) Relacionamento global com restrição orçamentária.

Não sei porque os militares precisam agitar tantos perigos à frente do Brasil, só para encaixar tudo, forçosamente, num dos quatro cenários arbitrários, implausíveis e IMPOSSÍVEIS.
Deve ser brincadeira, mas a palavra chave, em cada um deles é a mesma: ORÇAMENTO.
Ou seja, os militares querem ter orçamento, do contrário a pátria estará em perigo, e um deles é o velho fantasma da internacionalização da Amazônia.
Perder o meu tempo com essa brincadeira paranoica para apenas conseguir maiores nacos dos recursos nacionais me parece algo indevido, do ponto de vista do meu precioso tempo.
Não darei a ninguém o gostinho de comentar, positivamente ou negativamente. Apenas direi o seguinte: esse documento, que deve ter levado meses e meses, e custado alguns percentuais do orçamento do MD, é RIGOROSAMENTE INÚTIL.
Bye, bye...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de fevereiro de 2020