O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

O que esperar da diplomacia para o século 21? - Felipe Estre (UOL) - Paulo Roberto de Almeida

Este acadêmico, aparentemente mal informado, escreve isto ao final de seu artigo: 

Sob a estrutura vigente, opaca e autocentrada, o silêncio dos funcionários do Ministério face à destruição promovida por Ernesto Araújo não foi surpreendente: era esperado. A resistência, onde possível, partiu da sociedade civil; somente muito adiante o Senado se posicionou.

Ele parece ignorar que eu, diplomata da ativa, me pronunciei contra os novos bárbaros que tomaram o Brasil de assalto desde as eleições de 2018, e já em 2019 eu começava uma série de livros de um ciclo (infeliz, pois não deveria existir) que eu chamei de "bolsolavismo diplomático", acusando e atacando a destruição da diplomacia pelos aloprados ineptos em torno do presidente ignorante, e sobretudo pelas mãos e pés de seu capacho de estimação, o chanceler acidental. Foram dois anos e meio de intensas publicações neste meu quilombo de resistência intelectual, o Diplomatizzando, depois recolhidos em livros, vários dos quais livremente disponíveis, e que relaciono a seguir: 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5). Livremente disponível na plataforma Academia.edu e em Research Gate.

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico); disponível nos links da Editora da UFRR e aqui;  e no site do Google books. Incorporado à plataforma Academia.edu e a Research Gate.

O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 204 p.; Edição Kindle, 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7; disponível na Amazon. Apresentação no blog Diplomatizzando

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.) Anunciado no blog Diplomatizzando. Livremente disponível em Academia.edu

O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021

(Brasília, 13 maio 2021, 114 p.; ISBN: 978-65-00-22215-9; Formato Kindle, ASIN: B094V28NGD; 927 KB). Divulgado no blog Diplomatizzando, com sumário, dedicatória e prefácio (8/05/2021); disponível na Amazon.com.br (link).

 E ainda tem este que está sendo editado para publicação: 

Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Brasília, 29 março 2021, 263 p.) Apresentação geral no blog Diplomatizzando (3/06/2021). 

Sumários de todos os livros do ciclo do bolsolavismo diplomático, postado no blog Diplomatizzando (9/05/2021).

Paulo Roberto de Almeida


Opinião

O que esperar da diplomacia para o século 21?

O que esperar da diplomacia para o século 21?... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/democracia-e-diplomacia/2021/07/21/o-que-esperar-da-diplomacia-para-o-seculo-21.htm?cmpid=copiaecola
Democracia e Diplomacia, Colunista do UOL

21/07/2021 14h31 

Por Felipe Estre*

Em fins do século 19, às margens do rio Nilo, moradores locais encontraram curiosas placas de argila nas ruínas da antiga cidade egípcia de Amarna. Assim que chegaram em mercados de antiguidade, as placas chamaram a atenção de arqueólogos, que rapidamente iniciaram escavações na região.

Os mais de 300 itens então encontrados, datados entre 1350-1330 a.C., tornaram-se uma das mais importantes descobertas daquele século: condensam enorme riqueza de informações sobre as relações entre o Reino do Egito e seus vizinhos.

Esse verdadeiro "Departamento de Correspondência do Faraó" é um registro até pouco ignorado, mas inestimável para as relações internacionais: as placas condensam mais de 300 correspondências diplomáticas, que permitem conhecer com riqueza de detalhes a dinâmica política do Oriente Próximo. São o primeiro registro conhecido do que poderíamos chamar de diplomacia.

O que chamamos de diplomacia moderna, contudo, é uma invenção bem mais recente. Suas origens podem ser identificadas na Península Itálica, ao final do século 15. A enorme insegurança das cidades-estado italianas —ricas, porém pouco protegidas— tornou imperativa a constituição de uma rede ágil e contínua de comunicação. A proximidade das cidades, que compartilhavam o mesmo idioma e religião, mostrou-se o local ideal para o nascimento das primeiras embaixadas permanentes.

O próximo passo na evolução da diplomacia moderna pode ser encontrado na França do século 16. Em 1589, o Rei Henrique 3º atribuiu ao seu secretário Louis de Revol a responsabilidade por concentrar as relações da França com as demais entidades políticas. Está aí o embrião do Ministério das Relações Exteriores. Contudo, nos tempos de Richelieu, essa era uma atribuição pessoal, em nada se parecendo com uma burocracia nos moldes atuais. Será apenas no início do século 18, nos anos finais do reinado de Luís 14, que será formada uma estrutura mais especializada, responsável pela abundante correspondência diplomática entre a França, grande poder da época, e os demais estados.

Em meados do século 18, a maioria dos estados europeus já possuía estrutura semelhante. A Secretaria de Negócios Estrangeiros de Portugal foi criada em 1736; o Foreign Office Britânico foi dos últimos a surgir, em 1782; nos Estados Unidos, nasce em 1789 o Departamento de Estado; nas décadas seguintes, China, Japão, Turquia seguem o modelo. O Brasil herdou de Portugal essa estrutura. Contudo, ela em nada se parecia com o Itamaraty dos dias de hoje.

Até fins do século 19, os Ministérios das Relações Exteriores eram estruturas bastante reduzidas e pouco burocratizadas. Além disso, havia rígida separação —não apenas funcional, mas também socia— entre os funcionários do ministério no país e os diplomatas servindo no exterior. Os primeiros eram servidores públicos que lidavam essencialmente com a correspondência externa. Já os diplomatas eram membros da elite que compartilhavam de um ethos aristocrático, financiavam com recursos próprios suas moradias no exterior, e muitos passavam anos sem retornar ao país de origem.

Era também comum que os representantes no exterior fossem divididos entre o serviço diplomático e o consular. A depender do tamanho do estado, havia até mesmo um serviço comercial especializado.

Apenas no início do século 20 as instituições como as que hoje identificamos como Ministérios das Relações Exteriores de fato começam a se formar. Em 1904, a Noruega destaca-se como pioneira na modernização ao juntar na mesma estrutura os funcionários do estado e os diplomatas no exterior. Mais do que isso, começa a haver um movimento de afastamento do modelo personalista de lidar com negócios estrangeiros em direção a uma burocratização. Interessante notar que, não obstante seus méritos, o Barão do Rio Branco promove no Brasil movimento contrário a essa inovação administrativa ao imprimir ao Itamaraty sua liderança personalista e carismática. Será apenas na década de 1930 que o Brasil promoverá essa fusão.

Se a primeira metade do século 20 promove os últimos ajustes estruturais à diplomacia moderna, a criação da Organização das Nações Unidas em 1945 promove sua pluralização temática ao impulsionar decisivamente a diplomacia multilateral. Grandes conferências, grandes convenções, grandes negociações tornam-se atividade corriqueira, exigindo franca expansão da burocracia diplomática. A agenda diversifica-se: meio ambiente, direitos humanos, imigração, cooperação, cultura, comércio. Ainda que a primeira organização internacional - a União Internacional de Telecomunicações - tenha sido criada em 1865, houve aumento exponencial na quantidade desse tipo de instituição desde meados do século 20. A diplomacia não fica para trás, e os Ministérios das Relações Exteriores diversificam-se e especializam-se. A seleção torna-se mais exigente, e há constantes treinamentos ao longo da carreira. Departamentos regionais e seções temáticos são criados.

Desde o fim da Guerra Fria, o que se vê é uma intensificação das tendências identificadas. O descongelamento da política internacional pluraliza ainda mais a agenda e mais instituições são criadas, como a Organização Mundial do Comércio e o Mercosul. A isso, soma-se a intensificação da globalização e aceleração de inovações em transporte e comunicações. Cada vez mais atores participam da política internacional: governos municipais e estaduais, organizações não governamentais, empresas transnacionais. Não mais se pode pensar em diplomacia como atividade exclusiva de estados e de seus Ministérios das Relações Exteriores. A chamada "paradiplomacia", para bem e para mal, está aí para ficar.

O que se vê globalmente é um esforço de adaptação dos Ministérios das Relações Exteriores às tendências do século 21. Aos diplomatas generalistas, somam-se especialistas. Os processos de seleção permanecem rígidos, mas há esforço de ampliação e diversificação, promovendo seleção de mais mulheres e membros de minorias. Se, antigamente, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros buscavam ser "leões de chácara", preservando as fronteiras do internacional, esforços de controle dos fluxos transnacionais hoje mostram-se não apenas infrutíferos, mas contraproducentes. A tendência global é que essas instituições atuem menos como protagonistas, mas como coordenadoras e facilitadoras das relações internacionais. A diplomacia do século 21 é mais diversa, mais descentralizada e mais cooperativa.

Se, como dizia Azeredo da Silveira, "a melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se", é imperativo que o ministério do século 21 assuma papéis de facilitação, ampliando esforços de coordenação e cooperação com os demais entre federados, com outros ministérios, universidades, centros de reflexão em políticas públicas e associações civis. Para isso, será preciso maior grau de abertura, caso contrário a inércia prevalecerá. Não nos esqueçamos de que diplomatas são, antes de tudo, burocratas.

Sob a estrutura vigente, opaca e autocentrada, o silêncio dos funcionários do Ministério face à destruição promovida por Ernesto Araújo não foi surpreendente: era esperado. A resistência, onde possível, partiu da sociedade civil; somente muito adiante o Senado se posicionou. Parece seguro dizer que, tornando mais porosa e democrática a diplomacia brasileira, melhor protegeremos seu acumulado histórico e mais equipada estará para contribuir com os novos e diferenciados atores e desafios das relações internacionais contemporâneas.

* Felipe Estre é doutorando em relações internacionais pela USP e King's College London e pesquisador da Rede de Segurança e Defesa da América Latina (Resdal)


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Pierre Salama, brasilianista francês, publica novo livro, sobre a pandemia na América Latina

 Caras amigas, caros amigos


Gostaria de anunciar que a tradução do meu livro sobre a pandemia na América Latina será publicada nos próximos dias pela editora Contracorrente.Escrevi-o há apenas um ano e acrescentei um posfacio bastante longa sobre o que a gestão da pandemia no Brasil nos pode ensinar.
Coloco abaixo o “flyer” para obter o livro.

pré-venda do livro no site da Contracorrente: https://loja-editoracontracorrente.com.br/produto/contagio-viral-contagio-economico-e-riscos-politicos-na-america-latina/

Gostaria de lhe o ter oferecido mas, infelizmente, é impossível. 
Este correio é colectivo. Lamento, mas prometo escrever-lhe pessoalmente se fizer algum comentário sobre o conteúdo deste livro, que é muito importante para mim e que estou feliz por ter publicado em espanhol e hoje em português.
Se estiver interessado no livro, que espero que esteja, não hesite em contar aos seus amigos sobre ele.
Obrigado.
Seu amigo Pierre

Apresentação:

A pandemia está em curso na América Latina. No Brasil, o número oficial de mortos está próximo dos 500.000 no final de Maio.

No momento de escrever este livro, entre março e junho de 2020, ela ainda parecia distante, e seu pico ainda não parecia ter sido alcançado no Peru, México e Brasil, já fortemente impactados. Você pode se perguntar por que não esperar para escrever este livro, e alguns de meus amigos me fizeram essa pergunta. É um pouco perigoso embarcar nesta análise quando a história ainda não foi escrita. É sempre mais fácil contar quando você a conhece. No que me diz respeito, sou daqueles que não pensam que a História segue um caminho inevitável, sempre há bifurcações possíveis de ordem econômica e ou política e, por isso, prefiro me antecipar, sob pena de errar, em vez de me situar depois. Parafraseando Marx: “Os homens fazem livremente a sua História, mas sob condições que não são livremente decididas por eles”. Em outras palavras, existe uma margem entre idealismo e determinismo. A História que está sendo feita é fruto deste idealismo dos Homens, da sua vontade e do determinismo das leis econômicas. Nenhum desses pode ser ignorado, a menos que mergulhemos no idealismo puro ou no determinismo vulgar. É esta margem que me interessa e que é fascinante e, acima de tudo, que pode ser útil para quem pensa que a partir de uma análise aprofundada podemos tanto atuar sobre o curso dos acontecimentos, quanto nos preparar para enfrentar uma repetição da pandemia ou o aparecimento de um novo vírus.

A pandemia atuou como um indicador das fraquezas de um sistema. Todas as fraquezas e novas dependências foram pontilhadas com a hiperglobalização. Não foi a globalização que produziu a pandemia, embora tenha contribuído para ela com o sofrimento causado à Natureza e o surgimento de novos vírus. O vírus SARS-CoV-2 agiu sobre um “corpo já doente” na América Latina. Ele já estava doente? A resposta infelizmente é positiva. Desde o final dos anos 1980, a famosa "década perdida" para a América Latina, a taxa de crescimento do PIB per capita em média tem sido mais do que modesta, na maioria das vezes inferior a 1%. Em contraste com muitas economias asiáticas, que experimentaram seu “milagre” econômico com a ajuda de um estado desenvolvimentista nos últimos quarenta anos, uma tendência de estagnação econômica se enraizou na América Latina, em contraste com o boom observado nessa região no período que foi do pós-guerra até os anos 1970.

Com a pandemia, um novo período está se abrindo. Não será mais possível reatar com o passado como se nada tivesse acontecido. Porém, no futuro imediato, existe um grande risco de retorno às velhas políticas econômicas, com exceção, no entanto, de algumas medidas destinadas à realocação industrial estratégica. A pandemia derrubou dogmas econômicos. É provável, todavia, que eles voltarão à vida após esse parêntese intervencionista ultra-keynesiano. É também possível que, com uma mudança de presidência e a chegada de Lula ao jogo político, tanto as perspectivas sociais como econômicas sejam diferentes. Do ponto de vista social e do ponto de vista econômico, o futuro pode ser diferente com uma nova presidência, desde que o governo tenha aprendido com os erros do passado, e procure estimular tanto uma reindustrialização como um esforço substancial na investigação.

Entao, agora, desfrute da sua leitura; pré-venda do livro no site da Contracorrente: 

 https://loja-editoracontracorrente.com.br/produto/contagio-viral-contagio-economico-e-riscos-politicos-na-america-latina/

Derniers livres parus en 2020: *

Contagion virale, contagion économique, risques politiques en Amérique latine, aux éditions du Croquant, publié en espagnol, édition ALAS-CLACSO (disponible gratuitement sur le site de Clacso), publié en portugais par Contracorrente

L’économie de l’Amérique latine, avec Mylène Gaulard aux éditions Breal

MA PAGE (ancienne) : htpp://perso.wanadoo.fr/pierre.salama/ mes articles en français, espagnol, portugais, quelques uns en anglais sont gratuitement disponibles ainsi que certains de mes livres


Celso Lafer na ABL faz discurso crítico ao presidente da República - Lauro Jardim (O Globo)

Recebido de um amigo: 

"Celso Lafer hoje na venerável Academia Brasileira de Letras (ABL) colocou o dedo na ferida: chega de tanta ignorância. Ninguém nem com um mínimo de neurônios é capaz de aguentar tanto obscurantismo e narrativa imbecil por tanto tempo. O País precisa sair dessa era das trevas e do negacionismo tacanho que deitou raizes por aqui com os arrivistas desse bolsonarismo sem eira nem beira."

Eis o artigo de Lauro Jardim, no Globo desta quarta-feira, 21/07/2021


Orador da solenidade (virtual) que comemorou os 124 anos da Academia Brasileira de Letras, terminada há pouco, Celso Lafer fez um discurso de tom político inédito da história da entidade.
O chanceler dos governos Collor e FHC fez críticas acerbas a Jair Bolsonaro, "sua postura negacionista" e suas "omissões". Ressaltou a falta de decoro do presidente e afirmou que as palavras de Bolsonaro dividem o país.
Eis alguns trechos da fala de Lafer:
* (...)Daí a inconformidade com este estado lamentável das coisas em nosso país provenientes da postura negacionista do Presidente e de seu governo quanto ao papel da ciência e do conhecimento no enfrentamento da crise do coronavírus, que aprofunda um “mundo às avessas”.
*"O negacionismo se expressa por ações e omissões. São agravados pelas palavras do Presidente. Estas ignoram o proceder com a dignidade e o decoro do cargo, que é o “standard” de conduta presidencial lícita, prevista na lei 1.079 de 10 de abril de 1950. (...). Decoro, que como dignidade, provém do latim decet, o que convém, o que é apropriado, manifesta-se pela compostura no exercício da função pública.
Nem uma nem outra encontram-se nas palavras de ruptura e de improvisações mal concebidas do Presidente, que alimentam a insegurança, correm a confiança e dividem o país.
*"Não atendem ao papel que se espera de liderança que é o de definir construtivamente rumos para a sociedade. É incompatível com o zelo que deve presidir as políticas públicas de saúde numa situação-limite como a da pandemia".
*"Ensina o Pe. Antonio Vieira: “O verdadeiro zelo teme o perigo e trata dos remédios”, advertindo que “O maior perigo não é quando se teme o perigo, é quando se teme o remédio”. Os remédios são aqueles que o estágio atual do conhecimento e da ciência, validados pelos pesquisadores nacionais e internacionais indicam em matéria de contenção e mitigação dos riscos da pandemia. Entre eles, vacinas e o seu papel imunizador, máscaras, isolamento social, administração da sobrecarga dos cuidados hospitalares a serem implantados sem atropelos e desvios de qualquer natureza e sem o ímpeto desagregador das competências concorrentes da União, dos Estados e dos Municípios".

“É mais urgente que o impeachment” - Leandro Demori (The Intercept)

 É mais urgente que o impeachment

Leandro Demori

The Intercept, 21/07/2021

Olá,

O texto abaixo pode soar alarmista ou revelador, a depender do interlocutor. Como meu objetivo não é causar polêmica, ele será enviado apenas para os assinantes da nossa newsletter e não irá para o site. Minha intenção é: 
 

  1. Partilhar algumas ideias que estão pairando por aqui a partir da grande quantidade de informação que temos apurado nas últimas semanas;
  2. Mostrar para onde vai o trabalho do Intercept no futuro próximo, justamente guiado por essas informações.

Não vou enrolar para dizer o que motiva este texto, mais adiante explico com calma, mas já queria que partíssemos de uma ideia comum. Diante das condições estabelecidas hoje, no atual patamar de pressão e alta temperatura em Brasília, o impeachment de Jair Bolsonaro é insuficiente para tirar o Brasil da crise sanitária, econômica e política. 

Mais do que isso: o impeachment, apenas ele, pode aprofundar essa crise. 

Você me perguntará: "Leandro, você está dizendo que é contra o impeachment?". De maneira nenhuma. Também não estou fazendo exercício de futurologia, não pretendo "prever" para onde nos levaria o impeachment. Não é esse meu trabalho. O que eu quero e tenho condições de fazer é trazer informação e refletir a partir dela. 

É possível que você seja uma das centenas de milhares de pessoas que conheceram o Intercept depois da Vaza Jato. Ou talvez você tenha passado a assinar nossa newsletter no último mês — tivemos um boom de assinaturas em junho e julho. Talvez você conheça bem o TIB ou seja uma das pessoas que apenas leu alguns dos nossos furos mais importantes. Eu não sei. Mas independentemente de como você chegou aqui, quero te lembrar que o Intercept existe pra fazer jornalismo de impacto. Isso não é muito comum no Brasil, então vou tomar a liberdade de explicar rapidamente.

Toda e qualquer pauta que chega para a gente aqui é debatida coletivamente a partir de um princípio: essa apuração causa alguma mudança importante para a sociedade?Atenção: uma mudança pode acontecer de várias formas. Às vezes uma pauta não derruba um ministro, mas ela escancara pra sociedade negócios escusos e revira o tabuleiro enfraquecendo um nome poderoso. Em outras situações ela é mais efetiva: reverte uma injustiça, muda uma lei, liberta pessoas presas injustamente. 

Tenho muito orgulho quando lembro que uma apuração da jornalista Amanda Audi resultou na proteção das terras dos Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia. A área é o lar de 4,6 mil indígenas, além de marisqueiros e pescadores artesanais. Esse pessoal ia perder tudo porque o governo Bolsonaro pretendia repassar as terras para uma rede hoteleira. Demos a matéria, a pressão em cima do governo aumentou e no fim os indígenas encontraram Amanda em Brasília para agradecer.

Conto com orgulho também que, depois de uma reportagem da Nayara Felizardo, 30 casos de adoções irregulares no Amapá estão sendo investigados, porque provavelmente aquelas crianças foram tiradas de suas famílias pobres por conta do poder financeiro de outras famílias. Estampo um tremendo sorriso no rosto todas as vezes que lembro do que fizemos na Vaza Jato e olho para o que aconteceu com Sergio Moro. Há quanto tempo não ouvimos falar em Deltan Dallagnol, o procurador que vivia metendo o bedelho em todos os assuntos nacionais e articulando politicamente através do seu cargo e segundo seus interesses pessoais? O destino de Deltan era a PGR…

Prometi explicar resumidamente, mas me empolguei. Peço desculpas. Antes de falar propriamente do impeachment e do atual cenário político, citei esses exemplos mais contundentes para explicar o trabalho do Intercept e te alertar que o que vamos abordar aqui é fruto desse trabalho. 

Cheguei ao Intercept em 2018 e muito rapidamente vi essa redação se transformar em uma das mais relevantes do país. Somos uma equipe pequena para o tamanho do barulho que provocamos e isso não é casual. Isso acontece por três fatores: somos focados em impacto, temos os recursos para correr atrás dele e temos independência como nenhuma outra redação para enfrentar as consequências disso.

É a partir desse lugar e com essa autonomia que trabalho. E tenho trabalhado cada vez mais nas últimas semanas. 

Estamos em um momento singular da nossa história republicana. Somos comandados por um governo militar que chegou ao poder através do voto. Tinha tudo para ser a chance de ouro dos milicos. Eles não precisaram de golpe para chegar lá e tinham apoio de parcela expressiva da população. O Brasil estava atolado em uma crise profunda e, caso as coisas melhorassem, todos os méritos seriam deles, os militares, os brasileiros "mais preparados para enfrentar qualquer problema". Você sabe, para eles, nós, civis, somos um bando de idiotas e de ladrões. 

Mas no meio do caminho tinha uma pandemia. Com ela, a crise não só piorou como ganhou aspectos de terror. O governo militar é responsável por 540 mil mortes e 20 milhões de famintos. O fracasso é retumbante e para onde se olhe só vemos desgraças, equívocos, corrupção e coronéis, capitães, generais. É muita corrupção.  

Os militares passaram os primeiros dois anos do governo se vendendo como algo diferente de Jair Bolsonaro. Também tentam mostrar que têm conflitos com outros grupos que apoiam o presidente, como os lunáticos olavistas. E os militares são muito bem-sucedidos nessa operação de autopromoção. Eles têm, provavelmente, a assessoria de imprensa mais eficiente do país. É impressionante como conseguem falar em off com jornalistas e serem pintados como bom moços por uma enorme gama de colunistas. 

A essa altura, com quase três anos de governo, com tudo o que foi escancarado pela CPI da Covid-19, com o show de horrores protagonizado por figuras como Pazuello, Élcio Franco e, por que não?, Braga Neto, não dá mais para separar as Forças Armadas de Bolsonaro. Eles são uma coisa só, pelo menos enquanto for conveniente para os militares. 

Houve um momento em que se acreditava que havia uma disputa entre militares e civis no comando dos esquemas de compra de vacina. Hoje essa versão não pára em pé. Não tinha disputa alguma. Os militares e os civis do ministério da Saúde estavam todos muito bem acomodados e cada um na sua com a parte que lhe cabia. Um mandava dinheiro para paraíso fiscal ali com a Covaxin, outro comprava Sputnik com o Centrão aqui, outro adquiria Coronovac superfaturada acolá. E, claro, todos ignoravam a Pfizer porque aparentemente ali não deu para fazer nenhuma tramoia.

Ou seja, os militares até podem tentar empurrar tudo pra cima de deputados e outros funcionários civis do ministério. Podem entregar uma cabeça como a de Élcio Franco. Não importa. 

A CPI já foi longe demais e está claríssimo: havia militares em toda a cadeia de comando e tomada de decisão da compra da vacina. 

Não é mais questão de um militar chegar ao poder caso Bolsonaro caia: hoje sabemos que os militares já estão no poder. Não dá para termos a medida exata, mas estamos falando de dezenas de pessoas. Tem general, tem coronel, tem tenente. E tem, como o presidente da CPI, Omar Aziz, já deixou claro, Braga Neto — o ministro todo-poderoso que era chefe da Casa Civil e, lembre-se, o cabeça do comitê gestor da Covid-19. Omar Aziz foi categórico no depoimento de Roberto Dias, ex-funcionário do ministério: "o senhor recebia ordens através de um e-mail da Casa Civil".

Bolsonaro pode se esforçar para mudar o rumo do debate público dando todo dia uma entrevista mais absurda que a outra. Os milicos podem tentar subir o tom para ver se amedrontam aqueles que estão liderando as investigações. Tudo isso é perfumaria, porque os fatos estão dados: a pandemia foi uma grande oportunidade de negócio para o governo militar. Muita gente faturou e ia faturar muito mais enquanto centenas de milhares de famílias perdem seus entes queridos. 

É por isso que o governo militar está em pânico. E é por isso que vivemos um momento tão delicado. 

Vou repetir algo que disse ali em cima: a CPI já foi longe demais. Há uma enorme quantidade de contratos, sigilos quebrados, registros de conversas e áudios, documentação de embaixadas, enfim: muita informação acumulada e que indica vários caminhos de investigação. 

Apenas um exemplo: o caso Covaxin. Esse era um negócio de R$ 1,6 bilhão que iria evaporar. O governo pagaria a uma empresa de fachada num paraíso fiscal. Esse é o maior golpe que eu já vi. Notem: a Lava Jato diz que a Petrobras recuperou R$ 5,3 bilhões por causa de anos de corrupção. Apenas a canetada da Covaxin seria quase um terço disso. 

É diante desses fatos que eu te pergunto: o que aconteceria no dia seguinte ao impeachment de Jair Bolsonaro? Quem assume a cadeira? Qual o indicativo que temos de que os militares respeitarão as investigações, a Polícia Federal, o Congresso Nacional, o STF? A lama já chegou até os coturnos de muita gente poderosa, mas o que vai acontecer quando começarmos a ver ordens de prisão para os fardados?

Não tenho resposta para essas perguntas, claro. O que eu sei, a partir do que vi nas nossas apurações recentes e de conversas que realizei nos últimos dias, é que estamos diante de um megaescândalo de corrupção

Se não é o maior escândalo de corrupção da nossa história, seguramente é o mais letal.

É por tudo isso que acredito que o impeachment de Bolsonaro é insuficiente para sairmos desse buraco no qual ele e os generais nos meteram. 

As Forças Armadas passaram duas décadas se promovendo como reserva moral e técnica do país. Balela. São tecnicamente medíocres, moralmente execráveis. Pazuello foi incapaz de erguer uma logística eficiente para distribuir vacinas para os estados. Hoje, para tentar fugir das investigações, é defendido por um advogado que tem no currículo a defesa de vários milicianos notáveis, entre eles Cristiano Girão e Ricardo Teixeira Cruz, o Batman. Que coincidência, não? 

Estou usando Pazuello de exemplo, mas você sabe que eles são abundantes. As maracutaias no orçamento são infinitas: generais no governo agora ganham acima do teto, mais de R$ 60 mil por mês vão para o bolso de Mourão, Ramos e Braga Neto. Conseguiram um monte de penduricalhos e foram os únicos que saíram da reforma da previdência ganhando dinheiro — e não perdendo. Eles exaltam torturadores, ameaçam a democracia sem nenhum constrangimento, abominam a liberdade de expressão. 

Como eles vão reagir ao perceberem que o consenso que conseguiram criar nos últimos 20 anos está se rompendo ainda não sabemos. Mas essa é a grande história desse momento: é preciso investigar o governo militar, responsabilizar culpados e colocá-los de volta nos quartéis de onde não deveriam ter saído. Esse momento é chave para enfraquecê-los e isso não se resolve com o impeachment. 

Mostramos no último sábado, aqui na newsletter, como eles já estão se articulando para a eleição do ano que vem. Não tenho dúvida de que Jair Bolsonaro é uma enorme ameaça para a democracia brasileira, mas os militares são ainda piores. Se fraquejarmos agora, se abaixamos a cabeça para as notinhas desaforadas que eles gostam de soltar, onde eles vão parar? Vão aceitar as investigações? E o resultado das eleições do ano que vem, vão respeitar?

A história brasileira é cheia de momentos como esse, em que a pressão sobe e os militares assumem o comando nos jogando em uma temporada obscura. Dessa vez não pode ser assim. É preciso acertar as contas com eles e mostrar sua real face para a população brasileira. 

É por tudo isso que estamos mergulhados na cobertura de um grande volume de documentação da CPI. É também por isso que estamos focados em apurar tudo que é relacionado aos militares. Esse foi o tema do nosso programa no YouTube na última quarta-feira, o Cama de Gato, e da newsletter de sábado, apenas para citar dois exemplos. 

É esse jornalismo que o Intercept pretende te entregar nos próximos meses. Jornalismo de impacto e de interesse público. Tudo, como sempre, gratuito, aberto, sem paywall, feito de maneira profissional e absolutamente autônoma. Aqui no Intercept, general não fala em off para lustrar a imagem do Exército. Aqui eles são investigados. 

Acredito que você compreendeu que esse é um momento crucial. Mas para de fato conseguir entregar tudo que desejamos precisamos de mais ajuda do que em qualquer outro momento. 

Estamos em campanha com o objetivo de reunir 5 mil novos assinantes até agosto e está bem difícil chegar lá. Eu realmente estou com medo de não conseguirmos. Estou ciente de todas as dificuldades que enfrentamos no momento, mas eu não tenho outra alternativa que não pedir. Precisamos de muitos novos doadores mensais, com qualquer valor. Porque se conseguirmos reunir mais 2 mil novos apoiadores, com cada um doando 25 reais, sei que teremos força para tocar nosso trabalho com todos os recursos que precisamos.

Por que tão pouco? 

Simples: porque para continuarmos verdadeiramente independentes não temos interesse em trabalhar com um único financiador ou com anunciantes. Nosso foco não é atrair milionários. O que nós queremos é criar uma comunidade grande o suficiente que sustente não os salários de quem trabalha aqui apenas, mas o jornalismo de que o país precisa. 

Quero te pedir para ponderar o que pode significar para você e para o país uma doação hoje de 25 ou 50 reais para o Intercept. E a partir disso espero que você considere nos ajudar. Sendo muito sincero, tenho convicção de que esta é uma das melhores atitudes políticas que você pode tomar atualmente. Basta clicar aqui.

Se você leu isso tudo, muito obrigado! Eu ainda fico impressionado com o alcance do trabalho do Intercept e às vezes até me assusto como isso aqui cresceu. 

Antes de me despedir, uma curta nota pessoal.

Eu já fui auxiliar de serralheiro, montador de box de banheiro, instalador de alarme residencial. Eu nem sabia que existia faculdade de jornalismo. Hoje, não é raro que um texto meu seja lido por uma audiência que equivale a 10 vezes a população da minha cidade no interior de Santa Catarina. Assusta um pouco, mas ao mesmo tempo me anima demais. 

Temos uma chance única aqui no Intercept de fazer jornalismo com liberdade, impacto e coragem. É o que eu quero te entregar nos próximos meses e é do que o país precisa. Isso se tornará muito mais fácil se você nos ajudar hoje. Topa?

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Leandro Demori
Editor-executivo
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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Resistance and Repression in Cuba - Mary Anastasia O’Grady (WSJ)

 Segundo antigo dirigente do KGB, a máquina de repressão do comunismo cubano é muito mais eficiente do que jamais o foi o KGB na finada União Soviética. O número de pessoas envolvidas no trabalho de vigilância é muito maior do que tinha a Stasi na RDA. 

Trecho: "The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice."

Paulo Roberto de Almeida


Resistance and Repression in Cuba

Protesters knew they would meet brutality. They went out anyway, demanding liberty.

By Mary Anastasia O’Grady
The Wall Street Journal, July 18, 2021 7:12 pm ET

During a visit to Moscow in 1991, members of the Cuban-American National Foundation had a quiet meeting with a top KGB official. Diego Suarez, who was at that meeting, told me last week by phone from Miami that, in the KGB man’s opinion, Havana’s internal-security apparatus was more sophisticated than the Kremlin’s.

A former senior U.S. official told me on Wednesday that when he and others met with the same KGB general— Oleg Kalugin —in Washington in 2001, he told them that the machine controlling the Cuban police state was more “effective” than the Soviet system had been.

This testimony is worth contemplating in the wake of unprecedented antigovernment demonstrations across Cuba last week. The island’s rich ruling elite have spent decades cultivating a monstrous, merciless state-security structure for occasions such as this. Now it has unleashed a wave of terror on the island that would make Stalin blush.

Watching the Interior Ministry and the military do their dirty work, it’s hard to believe regime collapse is imminent. Yet last week’s protests overwhelmed a network that is supposed to be airtight. The breadth of the uprising reveals a nation at the breaking point. Any lingering pretense of regime legitimacy has been shredded—at home and abroad.

On July 11 in the municipality of San Antonio de los Baños, some 22 miles from Havana, a group of pro-democracy activists launched a protest. It was far from the first of its kind. This column has been documenting the work of Cuban dissidents for more than two decades. But on that Sunday something new happened.

Cuba’s internal security is constructed in concentric circles. Closest to home, there is the “committee to defend the revolution,” which has spies in every nook of life and rewards them for ratting out “counter-revolutionaries.” Next there are regime-controlled activists and “rapid response brigades” to meet and punish anyone who ventures outside to protest.

According to Maria Werlau, executive director of Cuba Archives, the ratio of secret police to the population is higher than it was under the Stasi in East Germany. National police, shock troops and elite-trained military squads are another layer of defense.

With Big Brother everywhere, Cubans are taught to tremble before authority and to keep nonconforming thoughts to themselves. Yet in a flash on that day, large numbers of ordinary Cubans made the decision to raise their voices against their oppressors. The outcry spread as if a fuse had been lit. The fear factor failed.

The regime was caught off guard. It shouldn’t have been. The island was simmering with discontent before 2020, but Covid-19 has put regular privation on steroids and exposed the injustice of a system in which the Communist Party enjoys lavish privileges and everyone else grovels for crumbs.

A further unprecedented development: What was happening in San Antonio de los Baños didn’t stay there. Images of Cubans chanting “liberty” and “down with communism” went viral. Within hours, thousands were marching in more than 30 cities. Some reports say that the protests extended to 60 towns and municipalities.

Dictator Miguel Díaz-Canel loaded up buses with trained military hit men and sent them, dressed in civilian clothing and carrying metal bars and sticks, to attack the demonstrators. They chased, beat and dragged citizens in the streets. Uniformed enforcers, some dressed in riot gear, were also used. Some fired weapons. One man was killed.

In the aftermath of the marches there were home-to-home searches for enemies of the revolution. Democracy advocates on the island say some 5,000 people have been arrested and the whereabouts of nearly 200 are unknown. Arrests include important dissident leaders like José Daniel Ferrer and Luis Manuel Otero Alcántara and the journalist Henry Constantin.

Many protesters were young. They knew their demands would be answered with brutality. They went out anyway, out of desperation, hoping that someone in power would hear their pleas.

Some have. The nephew of Gen. Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, who sits atop the military’s tourism conglomerate, uploaded a video last week condemning repression and calling for change. Some intellectuals and artists quit their associations with the regime, including film director Carlos Lechuga, who on Facebook called the president a murderer. Speculation is rampant that family members of the ruling elite are heading out of the country.

The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice.

More blood will be shed. But the financially and morally bankrupt authorities won’t be able to feed their security apparatus indefinitely.

The six-decade lie that the revolution produced well-being and equity has been laid bare. What Cubans—and the world—have seen cannot be unseen.

https://www.google.com.br/amp/s/www.wsj.com/amp/articles/resistance-cuba-protests-coronavirus-san-antonio-de-los-banos-diaz-canel-11626638849


Plagues and empires - John Rapley (Aeon)

 

Plagues and empires

What can the decline of the Roman Empire and the end of European feudalism tell us about COVID-19 and the future of the West?