O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 11 de junho de 2023

Did the bombing of Hiroshima and Nagasaki end the war? - John Menadue

 DEFENCE AND SECURITY, POLITICS, TOP 5, WORLD AFFAIRS

Did the bombing of Hiroshima and Nagasaki end the war?

Jun 10, 2023
Flight map of the atomic bomb missions in Hiroshima and Nagasaki in 1945.

In 2016, President Obama visited Hiroshima. He was the first US President to do so since the bombing in 1945. He said that he would not be apologising for the dropping of the bomb and would not try and second-guess President Harry Truman’s decision.

repost from May 27, 2016

The widely accepted moral justification for the bombings of Hiroshima and Nagasaki was that they brought a quick end to the war which if continued would result in more widespread deaths and destruction.

There is an argument that what the Japanese military feared most of all was not the bombing of civilians but the threat of Soviet occupation and perhaps partition of Japan.

Murray Sayle, in the New Yorker in 1995, argued the importance of the Japanese military and its fear of the Soviet military that was decisive in ending the war. The late Murray Sayle was a widely admired Australian-born journalist. When the Times refused to publish his report on the Bloody Sunday shootings in Northern Ireland in 1972, Sayle left the paper and moved to Japan. From Japan in 1995, he wrote the following ‘Did the bomb end the war? ” John Menadue

Which was the crisis that Hirohito and his divided Cabinet believed now made the Emperor’s personal decision necessary—the atomic bombs, Soviet intervention, or the worsening situation as a whole? Certainly the new bombs added to Japan’s woes—along with the ongoing sea blockade, “conventional” firebombing, burned-out cities, total enemy control of sea and air, the shelling of ports by battleships close in-shore, mass hunger, and the promise of a meagre rice harvest. A small provincial city had been largely destroyed, by fire, and another partly destroyed. But then so had Japan’s capital, Tokyo, and the B-29s, still eliminating such “productive enterprises” as Japan “had above ground,” were doing so at least as effectively as atomic bombs could. The war had continued despite the fire raids; the new atomic weapon did not interfere with the Army chiefs’ military plans, or change their indifference to civilian casualties. The Soviet intervention, however, demanded a new consensus, because it made the existing consensus inoperative. And—a point implicit in much of the leadership’s discussion—the bombs promised only to kill more Japanese, whereas the Soviets, possibly allied with local Communists, threatened to destroy the monarchy, which almost all Japanese, and certainly those in the government, viewed as the soul of the nation. A surrender with some guarantee for the Emperor thus became the best of a gloomy range of options, and the quicker the better, because every day that passed meant more gains on the ground for the Soviets, and thus a likely bigger share of the inevitable occupation. Recognition that a surrender today will be more favourable than one tomorrow is the classic reason that wars end.

In the World Post on 24 May 2016, Gar Alperovitz wrote about this same issue under the heading ‘Obama’s Hiroshima visit is a reminder that atomic bombs weren’t what won the war’. In this article, Gar Alperovitz said ‘The vast destruction wreaked by the bombings of Hiroshima and Nagasaki and the loss of 135,000 people made little impact on the Japanese military’.

sábado, 10 de junho de 2023

A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês: Oliveira Lima - livro organizado por André Heráclio do Rêgo; resenha de Paulo Roberto de Almeida (Diário de Pernambuco)

 Meu trabalho mais recente, imediatamente publicado, mas de forma parcial. Transcrevo abaixo o texto completo da resenha, seguida pela imagem da resenha parcialmente publicada no Diário de Pernambuco


4410. “A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês”, Brasília, 6 junho 2023, 2 p. (520 palavras). Resenha sintética do livro de André Heráclio do Rego, para o Diário de Pernambuco: Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil: Essais sur l’histoire et l’identité du BrésilPrésentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687). Publicada no Diário de Pernambuco (Recife, n. 161, 10-11 de junho de 2023, p. 10). Relação de Publicados n. 1512.



A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês

 

Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil : Essais sur l’histoire et l’identité du Brésil (Paris: L’Harmattan, 2023, 297 p.). Présentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687).

 

Oliveira Lima, um pernambucano de origem portuguesa, mudou criança ainda para a terra do seu pai e fez sua formação universitária em Portugal; sempre se sentiu brasileiro de coração e pernambucano de devoção: sua primeira obra foi uma história social de Pernambuco. Era republicano na monarquia e virou monarquista na República, razão, aliás, de sua precoce aposentadoria na carreira diplomática, na qual adentrou no começo do regime republicano, pouco depois acolhido na Academia Brasileira de Letras (tendo ocupado uma cadeira que poderia ter ido para o Barão do Rio Branco, razão, talvez, de um afastamento que também não o ajudou nos anos de apogeu do Barão como chanceler). Construiu uma brilhante carreira de historiador diplomático, podendo serem destacados os clássicos sobre D. João VI no Brasil (1908) e o Movimento da Independência (1922), ademais do Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira (conferências na Sorbonne em 1911, depois publicadas em francês, português e espanhol, mais tarde aumentadas, em inglês, em 1914). 

Mas ele fez muito mais, sob a forma de artigos, palestras, conferências e notas de pesquisa sobre diferentes aspectos da história do Brasil ao longo de sua atribulada carreira diplomática, sempre combinada a conexões acadêmicas, redigindo textos diretamente em inglês, em francês, ou até em espanhol. como estes textos francófonos, reunidos e apresentados pelo pernambucano, diplomata e historiador, André Heráclio do Rego, admitido em dois institutos históricos regionais, o de seu estado e o do Distrito Federal, ademais do velho IHGB nacional, do Rio de Janeiro. La construction du Brésil são ensaios que Oliveira Lima foi redigindo ao longo de suas interações acadêmicas e jornalísticas, mas a organização do livro não é cronológica serial – ou seja, não seguem a data de sua redação – e sim cronológica linear, ou seja, seguem o processo de construção da identidade nacional.

André, em sua introdução, descreveu a vida de Oliveira Lima em 5 páginas, sua obra geral em mais oito, mas dedicou trinta páginas para tratar dos treze textos que ele escreveu, entre 1908 e 1914, diretamente em francês, indo da viagem de Cabral a Machado de Assis e Joaquim Nabuco e a um denso ensaio sobre a formação da América Latina e a concepção internacional de seus fundadores (com uma única exceção, um artigo de 1896, sobre os primeiros anos da República). 

O principal mérito do intelectual diplomático pernambucano dos séculos XX e XXI está, precisamente, em reunir textos do intelectual diplomático pernambucano dos séculos XIX e XX que estavam dispersos em várias fontes, e que confirmam a excelência do “Dom Quixote Gordo”, como o caracterizou Gilberto Freyre. André não é exatamente um Quixote, e sim um diplomata intelectual, sendo tão magro quanto o cavaleiro e seu Rocinante, mas sua bagagem intelectual acumulada em livros, artigos e seminários não seriam suportáveis por uma mula como a do Sancho Pança. Sua seleção de textos e a introdução a cada um dele, confirmam solidamente tal argumento.  

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Brasília, 4410, 7/06/2023, 2 p.]






sexta-feira, 9 de junho de 2023

Por que a tal de ‘nova ordem mundial’ é uma má ideia? - Paulo Roberto de Almeida (Crusoé)

 Meu mais recente artigo publicado: 

4374. “Por que a tal de ‘nova ordem mundial’ é uma má ideia?”, Brasília, 26 abril 2023, 4 p. Artigo publicado na revista Crusoé (9/06/2023; link: https://oantagonista.uol.com.br/mundo/crusoe-por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia-2/). Relação de Publicados n. 1511.

 

Por que a tal de 'nova ordem mundial' é uma má ideia?

 

Paulo Roberto de Almeida, Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 

Qualquer sugestão, proposta, imposição ou surgimento de uma nova ordem política e econômica, a mais forte razão, uma ordem que seja global, implica, necessariamente, a ruptura com a ordem pré-existente, em curso ou vigência num determinado período ou região. Normalmente, quaisquer ordens existentes são naturalmente transformadas ao cabo ou progressivamente a partir de mudanças estruturais nos sistemas econômicos e regimes políticos sobre os quais se sustentavam durante certo tempo. Mudanças “transformacionais” sempre ocorreram ao longo de toda a história humana, mesmo naqueles impérios mais solidamente estabelecidos ao longo de séculos. As rupturas são mais raras, sobrevindo como resultados de grandes catástrofes, guerras civis ou de agressão por um império mais forte.

 

Quais foram as grandes rupturas da ordem mundial na história?

Estados-nacionais constituem um tipo de organização estatal relativamente recente na história da humanidade. Anteriormente, povos, etnias, religiões, reinos e comunidades de diversas origens e formação viviam, sobreviviam ou se transformavam em ritmos e interações relativamente erráticas, mais frequentemente sob o domínio de impérios, que sempre foram mais resilientes do que pequenas unidades políticas. O conceito de Estado nacional deriva dos acordos de Westfália, em 1648, que passaram a reconhecer certos direitos e soberanias dos poucos Estados que deles participaram no século XVII. Eles são quase contemporâneos da expansão e consolidação de um dos mais longevos impérios desde a era moderna: o império otomano, que quase conquistava Viena por essa época e que durou cerca de 600 anos até ser dissolvido ao final da Grande Guerra de 1914-18.

(...)


O Brasil precisa de uma nova ordem global? Tem algo a ganhar com isso?

O Brasil foi um dos países “periféricos” e “subdesenvolvidos” que mais se beneficiou com a nova ordem surgida nos estertores da Segunda Guerra, em Bretton Woods, para sua estrutura econômica, San Francisco para seu sistema (precário) de preservação da paz e da segurança internacionais, além de mecanismos próprios para a cooperação entre Estados. Mesmo sem ser um grande comerciante global, soube aproveitar as possibilidades de explorar suas vantagens comparativas para se tornar, atualmente, um dos grandes celeiros globais. Também acolheu enormes volumes de investimentos diretos estrangeiros para dinamizar sua pobre indústria do início do século XX. E também completou a “substituição de importações” no campo científico ao importar muitos cérebros para suas universidades e mandar milhares de estudantes graduados completarem especializações no exterior. 

Que razões teria para o projeto de substituir a ordem que garantiu razoavelmente sua gradual ascensão a uma das mais importantes economias do mundo por uma outra ordem global que resultasse de um novo conflito geopolítico de resultados imprevisíveis? Algum interesse maior de natureza tão fundamental que não permitisse acomodar suas aspirações nos quadros existentes da ordem de Bretton Woods e da ONU? Estruturas orgânicas à parte, essa nova ordem, tal como vem sendo proposta por duas grandes autocracias não ocidentais, teria condições de preservar seus outros vetores no terreno dos valores e princípios que fundamentam sua adesão a um regime democrático, a um Estado de Direito garantidor das liberdades e de adequada defesa dos direitos humanos, numa sociedade aberta às diferenças e ao respeito das individualidades? Trata-se de uma aposta arriscada, que não deveria ser sequer considerada por um governo representativo de nossas aspirações democráticas.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4374: 26 abril 2023, 4 p.


 Ler a íntegra no site do revista, ou espere duas semanas: 

 linkhttps://oantagonista.uol.com.br/mundo/crusoe-por-que-a-tal-de-nova-ordem-mundial-e-uma-ma-ideia-2/


Viagem de Dom Pedro II à Terra Santa (1876); documentário - Embaixador Alessandro Candeas, Representante brasileiro na Palestina

 

Sobre a atual diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

 Nunca deixei o cérebro em casa quando ia trabalhar, nem o depositava na portaria ao adentrar no trabalho, no Itamaraty ou nos postos. Sempre expressei minha opinião, como continuo fazendo agora. Esta é uma postagem corrigida ligeiramente de postagem anterior, que julgo importante fazer, por pura honestidade intelectual.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 9/06/2023


Vamos ser claros, quanto aos rumos da atual diplomacia e da política externa

Paulo Roberto de Almeida

Como diplomata, lamento sinceramente a atual situação angustiante de meus colegas da ativa, impedidos de defender, como poderiam e deveriam, os principios e valores tradicionais da diplomacia brasileira, de respeito ao Direito internacional, que são os da CF-1988, tendo de aderir, e apoiar, (a)os aliados ideológicos dos atuais dirigentes, mesmo aqueles engajados na violação sistemática das principais e relevantes cláusulas e artigos da Carta da ONU, aqueles que sabemos extamente quais e quem são, mas que são os amigos do atual governo.

Depois de quatro anos de condução demencial da diplomacia profissional, pelos novos bárbaros da bolsodiplomacia, voltamos a uma diplomacia altamente enviesada, inclinada a aliar-se a teses miseráveis, supostamente comprometidas com a criação de uma “nova ordem mundial”, como se esta, claramente ocidental, fosse prejudicial ao Brasil. 

O Brasil se desqualifica no plano de sua credibilidade diplomática pela obsessão antiamericana dos seus atuais dirigentes, com essa aliança informal a criminosos de guerra e violadores sistemáticos do Direito Internacional. 

Minha solidariedade aos diplomatas profissionais, esperando que eles mantenham a dignidade da carreira, mesmo em situações adversas como a da presente deriva sectária do lulopetismo diplomático.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasilia, 7/06/3023

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Nota do Itamaraty em7/06/2023 sobre a destruição da barragem de Kakhovka, na Ucrânia

Nota PRA: a destruição da barragem ocorreu no dia 6 pela madrugada. A embaixada da Ucrânia em Brasilia alertou imediatamente o governo brasileiro, e até cobrou uma reação. Ainda assim, o MRE tardou um dia inteiro para emitir esta nota, sem qualquer ênfase especial, em face da nagnitude da tragédia.

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governo brasileiro recebeu, com consternação, a notícia do rompimento da barragem de Kakhovka, na Ucrânia. O rompimento da barragem demonstra, uma vez mais, o trágico e duradouro impacto da guerra para as populações civis, e também a urgência da busca do entendimento entre as partes com vistas à cessação das hostilidades.

O governo brasileiro está disposto a colaborar, inclusive com as organizações internacionais competentes, para a mitigação das consequências do incidente. Além disso, considera indispensável a apuração de responsabilidades no episódio por entidade internacional isenta e independente.

O Ministro Mauro Vieira manteve, em 7 de junho, chamada telefônica com o Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, com quem discutiu a preservação da segurança nuclear da usina de Zaporizhia. O governo brasileiro reitera seu firme apoio ao trabalho técnico desenvolvido pela AIEA.

Has China’s power peaked? - Ian Bremmer (GZero Signal)

 Has China’s power peaked?

Artwork showing Xi Jinping with the Chinese flag, a mountain range, a drone, a tank, and an apartment building
 Jess Frampton

I had a fascinating debate on this question a few months ago with political scientist Michael Beckley, who wrote a thoughtful and compelling book arguing that China’s relative rise is over and, therefore, that the United States will remain the world’s sole superpower for the foreseeable future.

This isn’t a new claim. In fact, every few years going back decades we get a new big article or booksaying China’s power is peaking and its decline (or even collapse) is imminent. So far, they’ve always been wrong. But could it be true this time?

Let’s break down the strongest arguments on both sides and decide (spoiler: I say “not so fast”).

Why China has peaked already

The exceptional rise of China over the past 40 years was just that – exceptional. It relied on a lucky combination of unique and irreplicable tailwinds that are rapidly turning into headwinds. By almost every metric, things have already stopped getting better and are starting to get worse for China.

China’s economic slowdown is structural. As China has grown wealthier, its labor force has become more expensive, diminishing the country’s attractiveness as the “factory of the world.” Official GDP growth had already dropped to 6% before 2019, despite government stimulus masking even weaker underlying growth, and three years of COVID-19 lockdowns only made it worse.

Not only has growth slowed every year for a decade, but most importantly, the quality of China’s growth has deteriorated. Infrastructure has been overbuilt to juice up growth, with dozens of “ghost cities” outfitted with new apartment buildings, roads, and bridges … and no people – the definition of growth without productivity. All this stimulus has been financed by an explosive debt bubble that Beijing has shown little willingness or ability to deflate.

Meanwhile, China’s closed political system and Xi’s statist economic preferences hinder technological innovation, the most reliable engine of long-term growth. While China’s research and development spending has increased massively, the Chinese Communist Party’s increasingly heavy-handed interventions in the tech sector are chilling entrepreneurship and technological experimentation. Many of China’s best and brightest have already left the mainland for more welcoming environments, taking their talent and capital with them. Add to that Western export controls on semiconductors and other dual-use advanced technologies, and China’s tech capabilities will face major binding constraints soon.

China faces the worst demographic trajectory of any country we’ve seen in peacetime. Its 1.4 billion population peaked last year and is now starting to shrink, owing to aging and plummeting birth rates. By 2035, China is estimated to lose roughly 70 million working-age adults and add 130 million seniors. Studies put its total population in 2100 anywhere between 700 million and 475 million (!), at which point one in three Chinese citizens will be over the age of 65. President Xi Jinping’s decisions to end China’s one- and then two-child policies have failed to reverse these trends, and in all likelihood, so will any new policies to boost birth rates short of liberalizing immigration (something Beijing is loath to do). The fact that the demographic implosion has hit China before it’s had a chance to grow wealthy makes its economic and political implications all the more dire.

China faces an increasingly hostile external environment. This is embodied by the United States’ explicit policy of containment of China’s tech sector as well as China’s growing strategic encirclement in its own backyard – where Japan and South Korea are increasing their defense spending, Taiwan grows more defiant by the day, and new anti-China alliances like the Quad and AUKUS are blooming like algae. Relations with India, meanwhile, have become more competitive on the back of military clashes on the shared border, causing Delhi to draw closer to Washington. Anti-China sentiment more broadly has increased as China’s global footprint has expanded, with more than 10 countries having suspended or canceled high-profile projects funded by the Belt and Road Initiative. Meanwhile, China’s closest allies are imploding, with Russia now a pariah in the West, Pakistan’s economy in tatters, and North Korea having gone fully rogue.

China is ruled by an error-prone and capricious dictator who’s unfettered in his ability to pursue his statist and nationalist policy agenda. Much like Russia under Vladimir Putin, the unprecedentedconsolidation of power under Xi means less transparency and debate, less feedback flowing to the top, more arbitrary decisions, and more policy volatility. Dramatic shifts like the haphazard exit from “zero COVID” are inevitable in an environment of poor information and blind loyalty, radically increasing the risk of miscalculation and accidents and further undermining China’s growth and stability.

Why China hasn’t peaked yet

It’s true that unprecedented headwinds make China’s continued growth more challenging. It’s therefore possible that China will never surpass the United States economically or become a global superpower. But the question is whether China’s power has already peaked, and that’s just not the case.

Yes, China’s economy is growing slower than it used to … but it is still growing faster than America’s.You’d expect growth to slow in any low-income country that has become middle-income in the span of a generation. Still, the IMF projects that China will continue to narrow the gap with the US in the coming decade – growing from 73% of US GDP today to roughly 87% by 2027 and achieving parity around 2030. Chinese labor costs remain dramatically lower than in advanced industrial economies, and China’s already deep integration into global value chains means any decoupling will be slow and incremental rather than sudden and absolute.

As for quality, China’s growth hasn’t been primarily stimulus-driven since shortly after the global financial crisis (except for the COVID reopening period). And while infrastructure spending used to be unproductive, eventually that led to fiscal reforms imposing stricter profitability conditions. Indebtedness is admittedly a huge issue that Beijing has delayed dealing with through the pandemic, but the government remains committed (at least in principle) to getting it under control.

Xi is ideologically committed to a statist economic agenda that will drag on Chinese growth, but he also understands that he shouldn’t kill the goose that lays the golden eggs (the private sector in general, the tech sector in particular). China continues to invest massive state resources in advanced technologies, and it has already achieved parity or surpassed the US in many fields (e.g., voice/facial recognition, smart infrastructure, telecommunications, and electric vehicles). If AI ends up becoming the new commanding height of the global economy (as I think it will), China’s data advantage and strong AI talent pipeline will make it competitive if not dominant.

Demographics are an undeniably real and massive challenge for China … but not a near-term one. And there are plenty of things Beijing can do to kick this can down the road. For example, China’s retirement age is low by international standards (60 for men, 50-55 for women) and hasn’t changed in decades despite big jumps in life expectancy. China can halve its demographic tax by 2035 by bringing 40 million more people into the workforce – a reform Xi flagged in his recent Party Congress report. 

Moreover, China’s educational system has only recently seen dramatic increases in funding, with the associated improvements in labor force quality still to come (especially in rural areas). China can further boost productivity by increasing urbanization (now at 65%, compared to an average of 80% in developed countries) and, in particular, moving workers out of low-productivity agriculture (still 25% of the workforce, compared to 3% in most industrialized countries). All this room to grow its labor force participation and productivity gives China a minimum of 10-15 years of runway to address the more stubborn challenge posed by low birth rates.

China’s external environment has become hostile … but no one really wants a “cold war” with Beijing. While the US-China relationship is tilting more antagonistic, Biden (and Xi for that matter) wants to put a floor under it. His containment policy seems to be limited only to narrow sectors deemed critical to national security. And while most US allies want a stronger security relationship with Washington and they’ll abide by any potential US sanctions, none are prepared to decouple economically from China as they have from Russia. China continues to be by far the most important trade partner for nearly all the world’s developing countries – most of whom are sympathetic to Beijing’s prioritization of economic development over ideological alignment.

China has the largest diplomatic network in the world, and its global soft power projection is just getting started. Increased hostility toward Beijing among most wealthy countries doesn’t change the reality that for much of the world, there simply are no feasible economic alternatives at scale. Despite all the talk about decoupling, even the US remains happy to continue selling record levels of agricultural exports to China.

Xi isn’t Putin. His decision to shift away from his zero-COVID policy in response to public demonstrations was clunky and poorly executed, but it was a better choice than cracking down on demonstrators or doubling down on a failed policy – which is what the Russian dictator would have done. Xi remains considerably more risk-averse than him.

My take

This is a dramatically more challenging domestic and global environment than China has experienced in decades … and it’s only going to get worse. But while China faces “stormy seas,” I think on balance it still has substantial upside. That’s why things like AUKUS and the Quad keep popping up: not because the US and its allies think China’s power has peaked, but because they know that it will continue to increase.

“Chinese century” may not be in the cards, but another decade of reasonably robust economic growth and increased international influence is very likely.

Readers, tell me what you think: Has China’s power peaked already or does it still have room to grow?

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Que Brasil Lula projetará nas próximas viagens? - Paulo Sotero (OESP)

 Paulo Sotero, um experiente jornalista, indica que o crédito diplomático concedido a Lula e ao Brasil no momento eleitoral e no início deste governo está se esvaindo, pelo fato do presidente estar fazendo as escolhas erradas, não só com respeito à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, mas também na própria região, ao preferir elogiar ditaduras e esquecer suas vítimas. A Venezuela, sem guerra nenhuma, “exportou” tantos cidadãos quanto a Síria, em guerra civil há 12 anos. PRA

O Estado de S. Paulo.

ESPAÇO ABERTO

Paulo Sotero

Jornalista, É Pesquisador Sênior Do Brazil Institute Do Wilson Center, em Washington

Que Brasil Lula projetará nas próximas viagens?

Seria uma lástima se Lula e Biden desperdiçassem a oportunidade de serem sal da terra e luz do mundo, com a bênção do papa e o aplauso da comunidade mundial

Por Paulo Sotero

07/06/2023 


Visto de Washington, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez amigos nem influenciou países no acanhado começo de seu inusitado terceiro mandato no Palácio do Planalto. Ao contrário, desapontou aliados tradicionais na Europa e nas Américas ao persistir na conhecida trilha das oportunidades perdidas, que vai no sentido oposto do objetivo declarado de promover o interesse nacional e fazê-lo projetando a liderança do Brasil em temas centrais para nós e nossos vizinhos. Quem sabe as bênçãos de Santo Antônio, São João e São Pedro iluminarão o caminho do presidente e o ajudarão a colher bons frutos em sua próxima viagem internacional, este mês, durante as festas juninas.

Em Paris, Lula tratará com seu colega francês, Emmanuel Macron, de dois assuntos que estão no topo na agenda internacional: a guerra deflagrada pela injustificável invasão da Ucrânia pela Rússia, a primeira entre duas nações europeias desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945; e o urgente desafio de conter as mudanças climáticas e preservar o meio ambiente – este tema da primeira encíclica do papa Francisco, que pede um envolvimento substantivo do Brasil. Ambas as discussões continuarão no Vaticano, com votos de sucesso dos amigos do País ao redor do mundo.

O que fará Lula? Adiará a escolha e correrá o risco de perder o bonde da História, calculando que o País será chamado à mesa de negociações quando a realidade as impuser? Se esse cálculo se comprovar correto, o que o Brasil aportará, além de boas intenções e capacidade diplomática? Mas, se o cálculo se mostrar equivocado e o País for alijado das conversas, por irrelevante ou não confiável, hoje um cenário plausível, o que fará o presidente?

Não há respostas prontas para essas perguntas, até porque elas só terão credibilidade se resultarem de um debate interno que o País até hoje não teve fora dos rarefeitos círculos acadêmicos e intelectuais. Fazê-lo agora, para começar, impõe o difícil reconhecimento de que o Brasil diminuiu de tamanho relativo na última década, especialmente durante o abjeto governo de Jair Bolsonaro, e terá de encontrar seu caminho num ambiente internacional muito diferente daquele no qual Lula ascendeu ao poder na primeira década do século.

As escolhas que Lula fez até agora, com a ajuda de seu assessor internacional, o ex-chanceler Celso Amorim, claramente não foram satisfatórias para uma parcela importante dos eleitores que o levaram ao poder num país dividido e polarizado. A demora em condenar a criminosa invasão russa da Ucrânia e o desejo de ficar em cima do muro em nome de uma suposta neutralidade expuseram a pusilanimidade nacional ao mundo, que esperava mais da maior democracia do Hemisfério Sul. Nos EUA, onde os funcionários mais e melhor conhecem o Brasil, a decepção veio à tona em declarações públicas hostis de ex-diplomatas e comentários de gente influente no Executivo e no Congresso. Resumindo, o Brasil deixou de reconquistar o espaço que perdeu durante o calamitoso governo de Bolsonaro e terá a missão de Sísifo para reparar o mal feito.

Some-se a isso uma pronunciada queda de interesse pelo País em Washington, o que dificulta a construção de agendas positivas de cooperação e investimentos. Este panorama desolador pode ser revertido por Lula, se ele tiver interesse e disposição política para tomar um rumo mais produtivo nas relações com aliados tradicionais como os EUA, sem prejudicar os laços com a China, hoje o maior parceiro comercial do Brasil.

Para tanto, o líder brasileiro terá de superar ressentimentos e preconceitos ideológicos e retomar o caminho virtuoso das escolhas corajosas que fizeram dele e do Brasil na década de 1980 exemplos a serem seguidos. Terá Lula a energia e a ousadia necessárias para reinventar-se aos 77 anos? Uma visita bem preparada à Casa Branca e um fim de semana com o presidente Joe Biden em Camp David certamente ajudariam, e por isso merecem consideração em Brasília e em Washington. Tais eventos seriam recebidos como golaços diplomáticos nos dois países e alterariam o panorama internacional de forma significativa. Abririam perspectivas de cooperação econômica, política e cultural entre as duas maiores democracias multirraciais e multiculturais das Américas, para benefício de ambas e de seus vizinhos.

Não menos importante, Biden e Lula, de 80 e 77 anos respectivamente, projetariam a vitalidade das sociedades que lideram e reacenderiam a chama da esperança num mundo melhor em dois países que ainda enfrentam as consequências de séculos da escravidão de africanos que, libertados, deram a ambos e ao mundo culturas densas e ricas nas artes, na música e na literatura. Seria uma lástima se Lula e Biden, dois homens de origens humildes, desperdiçassem a oportunidade única que a História lhes oferece de serem sal da terra e luz do mundo, com a bênção do papa Francisco e o aplauso da comunidade mundial. Não é pouco. E, quem sabe, talvez seja suficiente para o Nobel da Paz.


Ucrânia se queixa de silêncio do Brasil sobre explosão de barragem de hidrelétrica - Felipe Frazão (O Estado de S. Paulo)

 Ucrânia ainda aguarda uma nota do Itamaraty, alguma manifestação do governo brasileiro sobre a destruição da barragem e a inundação por ela provocada. (PRA)


Ucrânia se queixa de silêncio do Brasil sobre explosão de barragem de hidrelétrica

Por Felipe Frazão

O Estado de S. Paulo, 06/06/2023 | 22h27


BRASÍLIA - O governo da Ucrânia esperava mais “apoio” do Brasil e gostaria que o governo Luiz Inácio Lula da Silva levantasse a voz contra a explosão da barragem de Kakhovka, disse nesta terça-feira, dia 6, a embaixada do país em Brasília. A detonação da barragem da usina hidrelétrica é considerada por Kiev um ato de terrorismo provocado pela Rússia.

O encarregado de negócios ucraniano, Anatoliy Tkach, atualmente chefe da missão diplomática no País, disse ter informado o Itamaraty sobre o incidente na represa e a situação de emergência, mas afirmou que não recebeu nenhuma resposta.

“Evidentemente gostaríamos de contar com a condenação do governo brasileiro contra atos de terrorismo em massa”, afirmou Tkach. “A embaixada informou ao governo sobre a explosão na usina de Kakhovka. Até o momento não temos um comunicado do governo brasileiro. Gostaríamos de ter um maior apoio nas situações críticas, em particular como nessa da usina.”

Até a noite desta terça-feira, a diplomacia brasileira não havia publicado nenhuma nota sobre o caso, o que contrasta com reações de conflitos em outras partes do mundo, como na África e no Oriente Médio. O presidente Lula também não falou sobre o assunto.

Segundo Tkach, os russos tinham como objetivo atrapalhar a contraofensiva militar ucraniana, na tentativa de recuperar terreno na região e fazer as forças russas recuarem. Segundo ele, os danos causados pelos russos pretendiam ainda provocar mortes, seja de civis ou militares. O diplomata afirmou que Kiev ainda não contabilizou as vítimas.

“Isso é um crime de guerra, cometido intencionalmente, e foi planejado. As Forças Armadas russas discutiram essa possibilidade, assim como propagandistas russos na TV”, disse o encarregado de negócios a jornalistas. “A Rússia é totalmente responsável. A explosão da barragem é o maior desastre causado pelo homem na Europa nas últimas décadas. Não há dúvida de que a destruição proposital da barragem foi realizada pelos invasores russos para criar um desastre ecológico e complicar a desocupação dos territórios ucranianos. É mais um crime inédito que terá consequências ecológicas, econômicas e que ameaça a radiação e a segurança alimentar. Os efeitos serão sentidos não só pela população do Sul da Ucrânia, mas também dos outros países.”

O governo de Volodimir Zelenski considera que os russos planejaram um ato de sabotagem. Eles falam em “terrorismo” contra a infraestrutura crítica da Ucrânia. Segundo o diplomata, autoridades ucranianas já sabiam que os militares russos haviam instalado, há cerca de um ano, explosivos na barragem da usina hidrelétrica, que fica em uma região ocupada por Moscou. Ele diz que um míssil não causaria danos comparáveis em extensão.

A explosão vai alagar cerca de 80 assentamentos civis e pode afetar a produção agrícola na área. A barragem, localizada na cidade de Nova Kakhovka, sustentava um volume de 18 milhões de metros cúbicos de água. Ao menos 42 mil pessoas deveriam ser removidas, sendo 17.130 no território controlado por forças ucranianas, na marquem esquerda do rio Dnipro, e cerca de 25 mil em terreno sob comando russo, na margem direita. As estimativas são do governo ucraniano.

A expectativa de Kiev é que a água continue a subir nas cidades por ao menos cinco dias e que o nível caia ao longo do tempo. A altura máxima ainda não foi atingida. Haverá problemas para abastecimento de água potável nas regiões de Kherson, Dnipro, na península da Crimeia e Zaporizhzia.

A usina nuclear em Zaporizhzhia é abastecida com água da mesma represa, cujo nível caiu, mas segundo a embaixada da Ucrânia ainda não há risco maior apresentado ao funcionamento até o momento.

A cobrança da Ucrânia ocorre depois do desencontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Volodimir Zelenski, em Hiroshima, no Japão, por ocasião da cúpula do G-7. Questionado sobre o episódio, o chefe da missão ucraniana disse que continua em contatos com o governo brasileiro e que há intenção de um diálogo de alto nível. Ele repetiu a versão oficial de que houve uma incompatibilidade de agendas durante o G-7. Antes, Lula dissera que Zelenski não apareceu para a conversa, enquanto o presidente da Ucrânia afirmou que não foi o culpado pelo desencontro.

O diplomata apelou que os “parceiros internacionais” apoiem a “fórmula da paz” proposta por Zelenski. O plano com as condições de Kiev para o fim do conflito inclui dez pontos, como segurança nuclear, ambiental, energética, punição pelos crimes, devolução total das áreas tomadas e libertação de presos. A proposta difere dos termos que Lula considera factíveis - o presidente já disse que tanto Zelenski quando Vladimir Putin tenham que ceder um pouco.

https://www.estadao.com.br/internacional/ucrania-se-queixa-de-silencio-do-brasil-sobre-explosao-de-barragem-de-hidreletrica/


terça-feira, 6 de junho de 2023

Plano da China de expandir Brics é freado por Brasil e Índia - UOL Notícias

 Plano da China de expandir Brics é freado por Brasil e Índia

UOL Notícias
06 de junho de 2023

Os governos do Brasil e da Índia querem estabelecer critérios e condições para a adesão de novos membros ao grupo dos Brics, antes da entrada de países ao bloco dos emergentes. Fontes diplomáticas revelaram que o tema fez parte das reuniões dos últimos dias entre os chanceleres do bloco, reunidos na África do Sul. Mas, sem um acordo, tudo indica que a decisão cairá sobre o colo dos presidentes do grupo, quando eles se reunirem em agosto.

O Brasil não é contra a expansão. Mas quer examinar com cuidado o que isso significaria, como seria o processo de adesão e até que ponto novos membros não representariam um desequilíbrio de poder dentro do bloco.

Já os chineses vem defendendo uma expansão do grupo, na esperança de ampliar sua própria influência dentro e fora da aliança. A esperança de Pequim, porém, era de que o processo poderia ser acelerado.

Para Brasil e Índia, porém, o "trator chinês" não poderia ocorrer sem que, antes, critérios e condições sejam estabelecidos.

No governo brasileiro, o caso não está sendo tratado como "crise" e muito menos um enfraquecimento da aliança. Mas, ao contrário dos comunicados finais emitidos em 2022 quando o bloco era liderado pela China, os documentos desta semana não trazem qualquer referência à expansão.

Até agosto, quando a cúpula do bloco será realizada, diplomatas dos cinco países membros - Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia - vão tentar estabelecer parâmetros para essa expansão.

Outro argumento usado pelo Brasil é de que a expansão pode, no fundo, criar dificuldades para a aliança. Um exemplo usado dentro do Itamaraty é o fato de que o G7 não passa por expansões.

Há ainda outra preocupação: a de reforçar um processo internacional de criação de blocos antagônicos.

Durante sua participação no G7, como convidado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse:

Dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo. É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações.

No mesmo evento, ele completaria:

Coalizões não são um fim em si, e servem para alavancar iniciativas em espaços plurais como o sistema ONU e suas organizações parceiras

Falando na África do Sul sobre o tema, o chanceler brasileiro Mauro Vieira deixou claro que o processo de expansão dos Brics precisa ser examinado com cautela.

"O Brics é uma marca e um ativo, por isso temos que cuidar dele, pois significa e representa muito", disse Vieira, que destacou que o bloco representa 40% da população mundial. "Estamos trabalhando e talvez (seja) por causa desse grande sucesso que atraiu a atenção de muitos outros países nos 15 anos (desde a criação do BRICS)", disse o chanceler.

Mas a China insiste que o momento é de expansão. Para o vice-ministro chinês, Ma Zhaoxu, o modelo do BRICS+ proposto por seu governo quando o país presidiu o bloco em 2022 estava se desenvolvendo "muito rapidamente".

Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, também confirmou na semana passada que a ideia de uma expansão acelerada faz parte dos planos de Pequim. Questionado sobre o interesse da Venezuela pelo bloco, ele respondeu:

Damos as boas-vindas a mais parceiros com ideias semelhantes para se juntarem à família BRICS em uma data próxima.

Durante a reunião na África do Sul, governos de todo o mundo desfilaram entre os candidatos que querem um lugar.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse em uma declaração que desejava se juntar ao bloco e esperava que o mecanismo para a nova associação fosse decidido "o mais rápido possível".

Mas a lista incluiu ainda:

Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba, República Democrática do Congo, Comores, Gabão e Cazaquistão, além de Egito, Argentina, Bangladesh, Guiné-Bissau e Indonésia.