Conflito na Ucrânia revive batalhas da Segunda Guerra, 80 anos depois
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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida
Site pessoal: www.pralmeida.net.Conflito na Ucrânia revive batalhas da Segunda Guerra, 80 anos depois
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Um trabalho inédito, feito em 2015, antes que o TPP fosse confirmado, e antes de muitos outros desenvolvimentos nas duas regiões:
Vidas Paralelas? Os processos de integração da América Latina comparados com os esquemas da Ásia Pacífico
Parallel lives? Regional integration processes in Latin America compared to the schemes in the Asia Pacific region.
Paulo Roberto de Almeida (2015)
Resumo: Ensaio sobre os processos de integração regional na América Latina e na região da Ásia Pacífico, em caráter comparativo e em perspectiva histórica. Examina as diferentes modalidades e esquemas de integração, em ambas as regiões, com destaque para os experimentos de áreas preferenciais de comércio – bem mais disseminados na região asiática – e de livre comércio ou de união aduaneira, sucessivamente tentados na América Latina, mas não conduzidos até sua implementação completa. Contrasta as políticas econômicas – macro e setoriais – aplicadas em cada uma das regiões, destacando o caráter mais aberto ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros no Pacífico asiático e a natureza mais introvertida, ou protecionista, com maior grau de dirigismo econômico, dos esquemas existentes na região latino-americana. Observa que, desde os anos 1960 se operou uma notável inversão de inserção econômica internacional de cada uma das duas regiões, uma vez que as perspectivas relativamente favoráveis existentes para a América Latina até os anos 1970 foram finalmente transferidas para a região asiática, que se inseriu de modo mais completo na economia mundial.
Palavras-chave: Integração regional. América Latina. Ásia Pacífico. Avaliação.
Abstract: Analytical essay dealing with the regional integration processes in Latin America and in the Asia Pacific regions, in historical perspective and with a comparative approach. Attempts an evaluation of the various modalities of the integration schemes, from more simple forms, as the preferential trade areas – more common in the Asia Pacific region – to the more complex free trade zones or customs unions, in implementation, albeit not completely, in the Latin American region. Compare and assess their differing economic policies – both macroeconomic and sectorial – and stress the more open features of the Asia experiments, integrated into the world trade and foreign investment flows, in contrast with the more introverted and protectionist nature of the Latin American experiments, characterized by various degrees of economic intervention by the States. A final observation can be made as to the clear inversion of the roles and respective places of the two regions in the world economy, from the early 1960s to our days, since the more favorable perspectives of Latin America seem to be transferred to the Asia Pacific region, where a deeper integration into the international productive networks is being operated.
Kew words: Regional integration. Latin America. Asia Pacific. Assessment.
A linguagem é suficientemente ambígua para permitir à ditadura venezuelana a continuar abusando de seu arbítrio para afastar qualquer possibilidade de eleições verdadeiramente livre no país caribenho.
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria Especial de Comunicação Social
Nota nº
18 de julho de 2023
Paralelamente à Terceira Cúpula de Líderes da União Europeia e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, o presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da República da Colômbia, Gustavo Petro, o presidente da República Argentina, Alberto Fernandez, e o alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, reuniram-se com Delcy Rodriguez, vice-presidenta do Governo da República Bolivariana da Venezuela, e Gerardo Blyde, negociador-chefe da Plataforma Unitária da oposição venezuelana. Essa iniciativa dá seguimento ao debate sobre a situação na Venezuela, organizado pelo presidente da República Francesa no Fórum pela Paz de Paris, em novembro de 2022.
Os presidentes da Argentina, Brasil, Colômbia e França, assim como o alto representante, expressaram sua solidariedade com os países que acolhem cidadãos venezuelanos que deixaram seu país. Eles saudaram a assinatura na Cidade do México de um acordo social inter-venezuelano, em 26 de novembro de 2022, e solicitaram sua implementação efetiva o mais rapidamente possível, em prol do povo venezuelano.
Os chefes de Estado e o alto representante instaram o governo venezuelano e a plataforma unitária da oposição venezuelana a retomar o diálogo e a negociação no âmbito do processo do México, com o objetivo de chegarem a um acordo, entre outros pontos da agenda, sobre as condições para as próximas eleições. Eles fizeram um apelo em prol de uma negociação política que leve à organização de eleições justas para todos, transparentes e inclusivas, que permitam a participação de todos que desejem, de acordo com a lei e os tratados internacionais em vigor, com acompanhamento internacional. Esse processo deve ser acompanhado de uma suspensão das sanções, de todos os tipos, com vistas à sua suspensão completa.
Os chefes de Estado e o alto representante concordaram que o relançamento das relações entre a UE e a CELAC representa uma oportunidade de trabalhar em conjunto em prol da resolução da situação venezuelana. Eles propuseram que os participantes da reunião continuem a dialogar, no marco das iniciativas estabelecidas, de forma a fazer um novo balanço no Fórum de Paz de Paris em 11 de novembro de 2023.
[Nota publicada em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/resultado-do-primeiro-turno-das-eleicoes-na-guatemala]
Acabo de colocar um ponto final no meu prefácio a este livro de meu colega e amigo, historiador pernambucano André Heráclio do Rego, do qual transcrevo apenas os primeiros parágrafos. O restante virá quando o livro for publicado...
Paulo Roberto de Almeida
ENTRE O IMPÉRIO E A REPÚBLICA
O SÉCULO XIX NA OBRA DE GILBERTO FREYRE
André Heráclio do Rêgo
(Edição de Autor)
ÍNDICE
Prefácio: Gilberto Freyre, um intelectual na longa duração, 5
Paulo Roberto de Almeida
Introdução, 11
Capítulo 1 – O Movimento da Independência, 33
Capítulo 2 – O processo revolucionário, 51
Capítulo 3 – As singularidades da Monarquia, 83
Capítulo 4 - Monarquia e República: continuidade e ruptura, 97
Capítulo 5 – O Império e a unidade nacional, 117
Capítulo 6 – O Oriente no Novo Mundo. Os três primeiros séculos da formação brasileira, 129
Capítulo 7 – Oriente X Ocidente: a Monarquia e a reeuropeização do Brasil no século XIX, 139
Considerações e sugestões, 149
Obras de Gilberto Freyre utilizadas, 163
Referências bibliográficas, 167
Prefácio
Gilberto Freyre, um intelectual na longa duração
O presente livro de André Heráclio do Rêgo constitui um notável esforço de síntese interpretativa sobre um dos autores mais fecundos do pensamento social brasileiro. Junto com Manoel de Oliveira Lima e Manoel Bomfim, Gilberto Freyre foi um dos primeiros historiadores sociais do Brasil. Na verdade, ele foi bem mais do que isso: antropólogo de formação, tendo estudado com Franz Boas, na Universidade de Columbia (NY), ele veio a empreender um levantamento da cultura material e humana do Brasil colonial e imperial, compreendendo não apenas a sua análise da Casa Grande e [da] Senzala, o título de sua primeira grande obra (1933), como também tratou amplamente da miscigenação geral do povo brasileiro a partir de suas fontes étnicas, dos aportes estrangeiros à cultura material e espiritual, assim como da lenta emergência, a partir da sociedade patriarcal, de formações urbanas ao longo da costa atlântica e no interior próximo, tal como refletida em Sobrados e Mucambos (1936) e no seu outro clássico, Ordem e Progresso (1959). O extenso subtítulo dessa terceira grande obra, em 2 volumes, revela, aliás, a extensão de seu trabalho analítico: “Processo de desintegração da sociedade patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o regime de trabalho livre: aspectos de um quase meio século de transição do trabalho escravo para o trabalho livre; e da Monarquia para a República”.
Gilberto Freyre antecipou, de certa forma, a famosa escola francesa dos Annales, com sua forte ênfase no cotidiano das famílias, nos costumes do povinho miúdo, na alimentação e nas técnicas do trabalho humano. Mais de um acadêmico francês em estágio universitário no Brasil dos anos 1930 e 40, na recém fundada Universidade de São Paulo por exemplo, se declarou pronto a reconhecer certa dívida interpretativa em relação ao “mestre de Apipucos”, sua residência e escritório de trabalho no Recife senhorial. Os métodos e os grandes temas da nova historiografia francesa, em pleno florescimento nos anos seguintes à Segunda Guerra, já estavam presentes na obra de Freyre desde duas décadas antes, como facilmente constatável.
(...)
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Vamos ser claros: o Brasil, como principal país, mas também os autoritários conhecidos (Cuba, Venezuela, Nicarágua), não querem de nenhuma forma descontentar o criminoso de guerra Putin. Sabemos os motivos, por parte das três ditaduras. Mas a oposição do Brasil é mais escandalosa, pois que partindo de um país supostamente democrático, mas com um governo atualmente amigo de ditaduras, especialmente das duas do Brics.
Paulo Roberto de Almeida
Prospects for the EU–Latin America strategic partnership

A extrema-direita ascendeu, desde 2013, teve seu momento de "glória" no desgoverno Bolsonaro, e aparentemente vai declinar novamente, deixando poucos representantes ativos e uma possível reorganização da direita "normal". Não sei se minhas observações, feitas no final do ano passado, ainda se mantêm. Em todo caso, aqui está a ficha completa do trabalho:
4265. “A caixa de Pandora da política brasileira: ocorreu um esmagamento da direita tradicional e uma ascensão da extrema-direita?”, Brasília, 11 novembro 2022, 16 p. Artigo para a revista Insight Inteligência, a pedido de seu editor, Christian Lynch. Publicado sob o título: “O esmagamento da direita civilizada e a ascensão desinibida da extrema direita”, revista Insight Inteligência (ano. xxv, n. 99, janeiro de2023, p. 34-48; ISSN: 1517-6940; disponível no link: https://inteligencia.insightnet.com.br/o-esmagamento-da-direita-civilizada-e-a-ascensao-desinibida-da-extrema-direita/); divulgado na plataforma Academia.edu (https://www.academia.edu/104637827/A_caixa_de_Pandora_da_pol%C3%ADtica_brasileira_ocorreu_um_esmagamento_da_direita_tradicional_e_uma_ascens%C3%A3o_da_extrema_direita_2023_). Relação de Publicados n. 1489.
A caixa de Pandora da política brasileira: ocorreu um esmagamento da direita tradicional e uma ascensão da extrema-direita?
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Artigo para a revista Insight Inteligência; publicado sob o título “O esmagamento da direita civilizada e a ascensão desinibida da extrema direita”, revista Insight Inteligência (ano. xxv, n. 99, janeiro de 2023, p. 34-48; ISSN: 1517-6940; disponível no link: https://inteligencia.insightnet.com.br/o-esmagamento-da-direita-civilizada-e-a-ascensao-desinibida-da-extrema-direita/). Relação de Originais n. 4265.
Da hegemonia da esquerda à discutível hegemonia da extrema-direita
A ditadura militar durou quase 21 anos completos, de abril de 1964 a março de 1985. Na literatura brasileira a seu respeito, ela é geralmente considerada como sendo de direita, ou mesmo de extrema-direita. Sim, ela continha sua cota de fascistas, direitistas extremados e até alguns sobreviventes reais e virtuais das ditaduras do entre guerras. Muitos brasilianistas, no entanto, acreditam que se tratou de um regime autoritário modernizador, tecnocrático, nacionalista e oficialmente anticomunista, ainda que parte dos militares não partilhava do entusiasmo e da admiração de muitos dos seus colegas pela grande potência americana. O fato é que muitos comunistas estavam integrados aos seus aparelhos do Estado, em funções políticas, culturais, inclusive nas de planejamento econômico. O que os militares e seus tecnocratas fizeram, em termos de intervenção na economia e de promoção do crescimento, pode ser equiparado a uma espécie de “stalinismo industrial”, isto é, a industrialização num só país, dada a sua pretensão, basicamente nacionalista e introvertida, de consolidar um grande mercado interno, a despeito da orientação exportadora e da boa recepção ao investimento estrangeiro.
Ao final do regime, um terço da economia brasileira se encontrava, de uma forma ou de outra, sob o comando ou sob a influência do Estado, direta ou indiretamente, com centenas de empresas estatais dominando o volume de investimentos produtivos; praticamente 95% da oferta interna era inteiramente “made in Brasil”, e o coeficiente de abertura externa era um dos mais baixos na média mundial das economias de mercado. Esse foi o regime militar “de direita”, que, a despeito da doutrina oficial, mantinha diversas divergências com o principal líder do bloco mundial anticomunista, e não apenas no plano da política externa, dado o alegado terceiro-mundismo da sua diplomacia. No plano interno, a alegada influência de “esquerdistas” no quarto mandato dos generais desse regime “de direita” motivou, em 1977, uma tentativa de golpe de Estado dentro do golpe militar: a do general Sylvio Frota, ministro do Exército, contra o seu chefe, o presidente “prussiano” Ernesto Geisel.
Vinte e um anos após o final do regime militar, ou seja, em 2006, a hegemonia da esquerda parecia completa, com a reeleição praticamente tranquila do seu principal líder, o presidente do país e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores. Os companheiros, que partilhavam com os militares a orientação intervencionista e introvertida na economia, se instalaram em praticamente todos os “aparelhos do Estado”, e assim ficaram pelos dez anos seguintes, a despeito de turbulências já no início do quarto mandato do partido, com manifestações de rua a propósito da imensa corrupção revelada pela Operação Lava Jato, também açuladas pela maior recessão da história econômica nacional, com desemprego nas alturas e um déficit excepcional no orçamento público. Um impeachment foi aprovado, não exatamente pelos crimes orçamentários e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal praticados pela mandatária, e mais pelos seus desentendimentos com o corpo congressual, o que motivou um imenso clamor da esquerda, inclusive em nível internacional, a propósito do “golpe” da “direita” praticado contra o regime do PT.
O termo “regime” não é despropositado nesse contexto, pois que os três mandatos e meio do partido, entre 2003 e meados de 2016, estiveram efetivamente sob a hegemonia do PT, ainda que este tenha recorrido aos aliados eventuais na direita para garantir a sua base congressual. Tal se deu em meio à promiscuidade que seus principais líderes mantinham com políticos supostamente de direita – o famoso Centrão, um amálgama parlamentar de contornos indefinidos –, como forma de preservar em bases relativamente equilibradas a chantagem recíproca que sempre exerceram um contra o outro o Executivo e o Legislativo. O Judiciário intervinha pouco na política, nesses tempos de hegemonia da esquerda, ainda que tenha facilitado a fragmentação extrema do sistema político-partidário e induzido o Congresso a aumentar exageradamente a extração predatória dos recursos públicos ao restringir o financiamento privado de campanhas eleitorais. A resposta dos políticos foi a criação do Fundo Eleitoral, ao lado do já lamentável Fundo Partidário, o principal instrumento de criação de partidos de aluguel, uma pletora de legendas sem qualquer base social ou eleitoral, sobrevivendo apenas graças ao cartorialismo da legislação.
Vinte anos depois da ascensão ao poder das forças de esquerda e seis anos após sua derrocada pelo “golpe parlamentar” do impeachment, a hegemonia política parece ter retornado a estas últimas, pelo menos no plano presidencial. Mas, as eleições para o corpo congressual parecem ter assegurado um predomínio da direita e mesmo da extrema-direita. Esta é a suposição contida no subtítulo deste ensaio, sugerida pelo editor desta revista, ainda que seu autor não partilhe inteiramente dos fundamentos de tal argumento, o que é revelado pelo seu título, alusivo a um famoso mito sobre a abertura de uma caixa misteriosa contendo todo tipo de boas e, sobretudo, más surpresas.
Dentre os motivos desta discordância podem ser citadas evidências quanto à diversidade das direitas no Brasil – assim como como das esquerdas –, assim como a necessidade de se distinguir, numa análise de corte histórico-analítico, elementos estruturais e históricos respondendo pelo conservadorismo quase genético da política brasileira de elementos conjunturais e episódicos que podem explicar inclinações tímidas à social democracia e à esquerda em determinadas fases da vida nacional; caberia considerar, igualmente, a influência de fatores externos sobre a evolução recente da política nacional, notadamente por meio de impulsos conservadores, e até reacionários, vindos de alas nacionalistas e populistas presentes em diversos países, em especial nos Estados Unidos, de onde surgiu a proposta de uma Internacional Conservadora, com representantes designados no Brasil, justamente no próprio núcleo familiar do poder.
O relativo sucesso dessa corrente, mais superficial do que real, foi reforçado pelo surpreendente grau de adesão popular logrado por um político medíocre, sem qualquer capacidade de liderança efetiva sobre as principais forças políticas da nação; ele foi alçado ao pináculo do poder por uma conjunção específica de fatores, não necessariamente de base estrutural ou sistêmica, mas respondendo, provavelmente, à hegemonia anterior das esquerdas e ao seu impacto sobre as forças profundas das sociedade brasileira. Tal conjunção envolveu protagonistas militares e lideranças religiosas e civis (empresariais e políticas) e uma inédita aceitação pelas camadas médias do eleitorado de consignas ideológicas anteriormente marginais no espectro político nacional, talvez em reação aos exageros retóricos e materiais praticados nos três lustros de discursos e práticas esquerdistas no plano da política nacional.
A história do Brasil, no Império e na República, revela uma dominação quase eterna da política nacional por forças de direita, com alguns poucos sobressaltos progressistas, mas bastante espaçados. Nesse sentido, não seria inédita essa nova concentração de votos em candidatos conservadores, numa das eleições mais polarizadas em todo o itinerário da República. Parece duvidoso, porém, que o essencial da representação parlamentar e executiva (no caso dos governadores) eleita em outubro de 2022 seja identificada com uma extrema-direita estruturada e organizada organicamente, ainda que muitos se dediquem a divulgar esse mito. O presente ensaio pretende desmentir esse argumento, com base num retrospecto da história política nacional, e num exame circunspecto da conjuntura atual.
O mito e o Mito
Caixa de Pandora é um mito grego, dentre dezenas de outros, que pretende sinalizar a ocorrência de desgraças naturais ou de desastres derivados dos comportamentos humanos. De forma inesperada, uma novidade misteriosa, inopinadamente liberta do receptáculo original, espalha todas as desgraças que podem acometer a humanidade: doenças, guerras, mentiras, ódio, etc. Também havia uma única bondade, a esperança, que acabou ficando encerrada na caixa quando Pandora tentou conter os malefícios que acabara de liberar.
(...)
Ler o texto completo do artigo nestes links:
Revista Insight Inteligência:
Desafios atuais, passados e futuros, da humanidade, e do Brasil
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre os principais problemas do mundo, e do Brasil e sobre os caminhos para sua solução.
Desafios atuais, passados e futuros, da humanidade, e do Brasil:
1) Desenvolvimento econômico e social equilibrado;
2) Justiça social e redução das desigualdades inaceitáveis, sobretudo as de oportunidade;
3) Sustentabilidade ambiental (este é relativamente novo, mas já entrou na agenda comum de praticamente todos os povos);
4) Paz e segurança, nacional e internacional.
Como enfrentar esses desafios?
Depois de muitas tentativas frustradas, algumas poucas bem-sucedidas, e ainda muita pobreza, injustiça, desigualdades, destruição do meio ambiente e extinções de espécies, assim como conflitos intra e entre Estados, guerras civis, opressão por motivos étnicos, religiosos ou políticos, a humanidade descobre que tem basicamente dois caminhos gerais a serem percorridos:
1) Liberdade de iniciativa, propriedade privada, garantia de segurança e justiça por um Estado apenas organizador das relações sociais, no quadro de regimes políticos baseados em amplas liberdades individuais, representação política igualitária e proteção garantida dos direitos humanos, assim como respeito à autonomia dos povos e não intervenção nos assuntos internos de outros Estados;
2) Sistemas centralizadores, estatizantes, geralmente autoritários, pois que baseados no controle dos cidadãos pelos que detêm o poder (isto é, o monopólio da força física), teoricamente baseados em princípios igualitários, mas na prática fundados na dominação de um grupo, partido ou movimento sobre toda a sociedade.
Conclusão tentativa:
Com base nos argumentos acima, e olhando por alto sobre como se organizam os diversos povos e Estados existentes ao longo da História, pode-se extrair algumas conclusões sobre quais seriam os caminhos preferíveis para responder aos desafios enumerados no primeiro parágrafo.
Não é apenas uma questão de sorte, mas é claro e visível que, olhando o mapa do mundo, pode-se concluir que alguns povos tiveram mais "sorte" do que outros, ao viverem em democracias de mercado, baseados no respeito pleno a todas as liberdades e aos direitos humanos, assim como na preservação de um ambiente sustentável para o pleno florescimento da cultura e da civilidade.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4437, 16 julho 2023, 2 p.
Nota do Itamaraty nº
14 de julho de 2023
de Supridores Nucleares
O governo brasileiro acolheu, com grande satisfação, a eleição hoje, 14 de julho, em Buenos Aires, por unanimidade, da Embaixadora brasileira Claudia Vieira Santos para presidir o Grupo de Supridores Nucleares (NSG, em inglês), no período 2023-24.
O NSG é um regime informal de controle de exportações constituído para promover a coordenação de políticas nacionais de seus 48 governos participantes no controle de transferência de bens e tecnologias sensíveis na área nuclear, com o objetivo de garantir que sejam usadas para fins exclusivamente pacíficos.
Será a segunda vez que o Brasil presidirá o NSG. Ao final do atual mandato, em julho de 2024, será realizada, no Brasil, a 33ª Reunião Plenária do NSG.
A eleição do Brasil para presidir o NSG confirma suas credenciais no controle de exportações de bens sensíveis e de uso dual, que, se desviados dos fins exclusivamente pacíficos, podem contribuir para a proliferação de armas de destruição em massa.
[Nota publicada em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/eleicao-do-brasil-para-a-presidencia-do-nsg]