terça-feira, 28 de maio de 2024

Parceria estratégica com a China - Rubens Barbosa (O Estado de S. Paulo)

Parceria estratégica com a China

Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo | Espaço Aberto
28 de maio de 2024


No ano em que os 50 anos do restabelecimento das relações entre o Brasil e a China são comemorados, a reunião da Comissão Mista de Alto Nível Brasil-China (Cosban), na próxima semana – quando Novo PAC, neoindustrialização, transição energética e cooperação financeira estarão na agenda –, e a visita, em novembro, do presidente Xi Jinping ao Brasil serão encontros marcantes, que deveriam ser aproveitados pelo governo para definir nossas prioridades com Pequim.

No momento em que as relações entre os EUA e a China se tornam mais conflitivas, especialmente na área tecnológica e econômico-comercial, tornase urgente a definição de uma estratégia do Brasil para enfrentar as novas realidades geopolíticas que poderão impactar os interesses do País. Nesse contexto, a questão da integração regional, as conexões com a Ásia e os investimentos para facilitar projetos nessas áreas poderiam ser prioridades estratégicas do Brasil nos entendimentos durante o corrente ano.

O transporte de produtos de exportação do Brasil deixou de refletir essa grande mudança de eixo comercial. Para alcançar a Ásia, as exportações brasileiras têm de passar pelo Canal do Panamá ou pelo sul da África, o que não é eficiente nem econômico. Torna-se cada vez mais urgente abrir corredores de exportação diretamente para os mercados asiáticos, via portos no Peru e no Chile no Pacífico, para diminuir o tempo de transporte e o frete para tornar os produtos brasileiros mais competitivos.

Não está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) um projeto estratégico que ligaria, por via ferroviária, o Atlântico ao Pacífico, de 3.755 quilômetros de extensão (1.900 quilômetros no Brasil), passando pela metade norte do território nacional e pela Bolívia e chegando aos portos peruanos, que estão sendo ampliados com recursos chineses. O corredor ferroviário que chegaria aos portos peruanos teria um sentido estratégico fundamental para o Brasil, se pudesse ser executado. Caso viável economicamente, esse corredor não só favoreceria o intercâmbio comercial com a Ásia, mas também ampliaria as comunicações via transporte ferroviário, mais barato, com os países vizinhos e permitiria o aumento do comércio bilateral. Com recursos escassos para desenvolver os projetos já incluídos no PAC, caberia um exame objetivo de eventual cooperação entre o Brasil e a China para a construção desse corredor ferroviário.

Na parte sul do território nacional, no próximo ano, deverá ficar pronto o corredor rodoviário que ligará Santos a portos chilenos, o que beneficiará a exportação de produtos da região para a China. Pequenos trechos no Paraguai e na Argentina deverão estar finalizados até o próximo ano, permitindo a utilização dessa via, construída com recursos de cada um dos países envolvidos (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile), sem qualquer interveniência chinesa.

No curso de visita oficial ao Brasil em janeiro passado, o ministro do Exterior da China, Wang Yi, propôs ao Brasil unir o PAC com investimentos na nova Rota da Seda aqui na América do Sul, da qual muitos outros países sul-americanos já participam. O convite apresenta questões delicadas do ponto de vista geopolítico e do relacionamento com os EUA. O tema não está suficientemente amadurecido no âmbito do governo brasileiro, mas deveria merecer a atenção do setor privado e uma análise pragmática do governo, de acordo com o interesse nacional. Há um esforço do governo para atrair investimento de empresas chinesas para projetos do PAC sem vinculação com a iniciativa chinesa. Caso haja recursos chineses para investimento na ferrovia, sem compromissos, inclusive quanto ao recebimento de trabalhadores chineses, a negociação do referido corredor ferroviário teria uma significação toda especial. Dado o interesse de Pequim e sua altíssima capacitação tecnológica no setor ferroviário, os entendimentos poderiam ser acelerados e a obra, respeitadas as regras ambientais, poderia ser iniciada sem mais delongas, com a participação financeira do Banco do Brics, de acordo com o interesse brasileiro.

Na década de 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente do Itamaraty, a China propôs e o Brasil aceitou uma parceria estratégica que deveria beneficiar ambos os países. Os últimos 25 anos mostraram resultados bastante favoráveis a ambos os lados.

Falta uma visão estratégica mais pragmática do lado brasileiro. A ideia de colaboração na construção do corredor ferroviário para o Pacífico, para o Porto de Chancay, no Peru, poderia ser um dos pontos altos das comemorações dos 50 anos. No primeiro ano de governo, algumas iniciativas importantes foram tomadas para uma maior aproximação e cooperação com os países da região. Está faltando uma política de integração física na América do Sul, liderada pelo Brasil, que possa beneficiar todos os países da região.

Na véspera da reunião da Cosban, Brasil e China aprovaram entendimento comum, possivelmente de iniciativa chinesa, em defesa de uma solução política para a crise na Ucrânia e a desescalada da guerra. Na ausência de uma ideia clara sobre a parceria estratégica com a China, cabe perguntar se é oportuno desviar a atenção da agenda bilateral para uma questão global em que os dois países terão dificuldade de influir. 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Os terroristas que não são terroristas para o PT - Editorial Estadão

 O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Mais uma vítima da infâmia

O Estado de S. Paulo

Os terroristas que Lula da Silva não reconhece como terroristas assassinaram mais um brasileiro

Num sábado de outubro, Michel Nisenbaum, brasileiro que vivia em Israel desde os 12 anos, pai de duas filhas, dirigia seu carro para pegar um de seus seis netos quando foi assaltado por selvagens com balaclavas e metralhadoras. Desde então, desapareceu. Nisenbaum foi uma das 252 pessoas sequestradas pelo Hamas. Anteontem o Brasil soube, horrorizado, que Nisenbaum foi também, como outros três brasileiros, uma das mais de 1.200 pessoas massacradas pelos terroristas.

Nada disso parece ter comovido o presidente Lula da Silva, que se limitou a lamentar “a morte” – não o assassinato – de Nisenbaum, e não reservou uma só palavra de reprovação ao Hamas. A nota anódina coroa a indiferença de Lula e de seu governo para com a tragédia de Nisenbaum e sua família. O embaixador do Brasil em Israel só se encontrou com os familiares quase dois meses após o sequestro. O presidente fez uma videoconferência, depois tirou fotos num encontro presencial. Isso há cinco meses. Desde então a família tentou contato várias vezes com o governo, sem resposta. Num depoimento para um documentário, a sobrinha de Nisenbaum repetiu sete vezes: “Nada”.

Não que falte eloquência a Lula nem interesse no conflito, sobre o qual o petista fala sempre e fala muito. Quando fala de Israel, é sempre verboso e hiperbólico. Ele já acusou mais de uma vez Israel de matar “milhões”, de combater “mulheres e crianças” e não só de praticar “terrorismo” e “genocídio”, mas um novo “Holocausto”. Nunca se retratou. Já para o Hamas o tratamento é obsequioso. No 7 de Outubro, Lula lamentou os “ataques terroristas”, mas não nomeou seus autores. O PT tampouco. Só externou “preocupação” com uma abstrata “escalada de violência envolvendo palestinos e israelenses”. Logo depois, passou a torpedear Israel com acusações de “genocídio”.

Nunca se ouviu o PT nem seu chefe chamando os terroristas de terroristas. Antes da guerra, locuções como “movimento” ou “combatentes” abundavam. Depois, só mencionam as ações do Hamas como consequência das ações de Israel, em falsas e cínicas equivalências. Em 2021, um time de parlamentares petistas divulgou uma carta indignada com a classificação do Hamas como “organização terrorista”: “Resistência não é terrorismo!”, bradaram.

Ninguém precisa ser simpático a Israel. É legítimo repudiar o modo como o governo israelense conduz a questão palestina no atual conflito. Para quem tem especial amor à causa palestina, é até compreensível odiar Israel. Mas o teste de sinceridade desse amor é se essas pessoas odeiam ainda mais o Hamas.

Que o Hamas é um inimigo da humanidade e o maior inimigo dos palestinos é incontroverso para qualquer um com um mínimo de clareza moral. Mas, ante as repetidas manifestações de torpeza moral do presidente e seu partido, não custa lembrar o porquê. O Hamas é uma milícia assumidamente genocida, que oprime seu povo sob o mais brutal totalitarismo, atenta contra todas as possibilidades de negociação de um Estado palestino com a participação dos países árabes e sacrifica os palestinos como escudos humanos. Quem quer que apoie este tipo de “resistência” tem as mãos sujas de sangue, incluindo o de quatro brasileiros.

Estatais ainda custam caro ao contribuinte (O Globo)

 Estatais ainda custam caro ao contribuinte

O Globo, 27/05/2024

Entre 2016 e 2022, apesar de avanços nos números, Tesouro gastou mais de R$ 150 bilhões para sustentá-las

Quando se fala em estatais, pensa-se logo em PetrobrasBanco do BrasilCorreios ou Caixa. Mas o universo das empresas públicas no Brasil é mais amplo e diversificado. Ainda há estatais destinadas a fabricar chips ou hemoderivados, a aeroportos, trens urbanos ou telecomunicações, a abastecimento, pesquisa agrícola ou desenvolvimento regional. Sobretudo num momento de crise fiscal, em que o governo resiste por razões ideológicas a qualquer privatização, é importante avaliar se ao menos elas têm sido bem geridas. A conclusão é que, do final do governo Dilma Rousseff até a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve avanços.

O Ministério da Gestão e da Inovação mantém dados históricos de 88 estatais, tanto aquelas que dependem do Tesouro quanto as que, em teoria, se sustentam. Entre 2016 e 2022 — governos Michel Temer e Jair Bolsonaro —, o programa de desestatização e saneamento das finanças obteve resultados mensuráveis. Em valores correntes, atualizados pelo IPCA, o ativo total das empresas caiu 13,2%, de R$ 7,1 trilhões para R$ 6,1 trilhões. O endividamento diminuiu mais da metade, de R$ 661,7 bilhões para R$ 324,8 bilhões. E o resultado financeiro subiu de R$ 6,6 bilhões para R$ 304,4 bilhões.

Mas isso não significa que as estatais tenham deixado de custar ao contribuinte. As subvenções que o Tesouro distribui para evitar que várias quebrem somaram, de 2016 a 2022, R$ 151,5 bilhões. No período, o dispêndio anual aumentou 24,2% em termos reais.

Há casos em que o apoio do Estado pode ser justificado com base nos benefícios sociais ou econômicos. Entre eles, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), administradora de mais de 40 hospitais universitários ligados ao SUS. Ou a Embrapa, laboratório de pesquisa e desenvolvimento responsável pelo impressionante avanço da agricultura e da pecuária no país nas últimas décadas.

O mesmo não se pode dizer da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), cria da sucateada Rede Ferroviária Federal que recebe mais de R$ 1 bilhão anuais dos cofres públicos (em 2022, foi R$ 1,6 bilhão, 33% a mais que em 2021). Tal peso sobre o contribuinte é mais uma prova da necessidade de novas concessões ferroviárias.

Também é insensato manter o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), resultado de um desvario nacional-desenvolvimentista que imaginou uma estatal para competir no mercado de semicondutores. Criada em 2008, segundo governo Lula, a empresa estava para ser liquidada na gestão Bolsonaro, mas foi resgatada na volta do PT ao Planalto. Sem relevância, sobrevive de repasses milionários (foram R$ 40 milhões só em 2022, ano em que deveria ter sido vendida).

Outra prova da dificuldade de fechar estatais inúteis no Brasil é a longa sobrevida da Valec, subsidiária da já privatizada Vale mantida por subvenções. Em 2022, foram R$ 154,8 milhões, 15% acima de 2021. Outra que demonstra resistência a desaparecer é a Telebras. Privatizadas as empresas de telecomunicações nos anos 1990, ela continua a existir e, apenas de 2020 a 2022, recebeu cerca de R$ 740 milhões em auxílio do Tesouro.

No universo dessas 88 estatais, sempre vale repetir, gasta-se muito dinheiro que faz falta na saúde, na educação, na segurança pública ou na prevenção de catástrofes ambientais.

O governo quer ser governo e oposição ao mesmo tempo: taxar e isentar pequenas compras na internet - Rodolfo Borges (O Antagonista)

 

O dilema das bugigangas da filha de Lira

O recuo de um governo gastador sobre a taxação de importações de menos de US$ 50 atesta que a maré virou totalmente contra Lula. Petista recalibrou o discurso, mas seguirá como o maior prejudicado por uma possível aprovação (afinal, a ideia foi de sua equipe).

O presidente Lula recalibrou na quinta-feira, 23, seu discurso sobre a taxação de importações de menos de 50 dólares. A ideia foi proposta por seu próprio governo no ano passado, entre os esforços do Ministério da Fazenda para aumentar a arrecadação federal e fazer frente às promessas de responsabilidade fiscal de um governo gastador.


Depois de a primeira-dama Janja entrar na história para confundir ainda mais um assunto que já é complexo o bastante, o governo abandonou a ideia, que voltou à baila agora por meio de um jabuti patrocinado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL, à direita na foto).


fim da isenção para remessas internacionais de até 50 dólares foi incluído em um projeto sobre outro assunto, o Programa Mover, que trata de descarbonização do setor automotivo e precisa ser votado nesta semana pelo Congresso Nacional para a medida provisória que o instituiu não caducar.

Lira defendeu publicamente o fim das isenções. Sacou uma pesquisa para dizer que são brasileiros de renda A e B os que mais compram de lojas como Shein e Shopee, e já avisou que não pretende abrir mão de votá-lo. Lula foi por outro lado. Disse que pode até vetar o projeto, que seu governo defendia abertamente até outro dia, caso ele venha a ser aprovado.


“A filha do Lira compra”.


“Como você vai proibir as pessoas pobres que querem comprar uma bugiganga? Quando discuti, eu falei pro [vice-presidente Geraldo] Alckmin: ‘tua mulher compra, minha mulher compra, tua filha compra’. Todo mundo compra. A filha do Lira compra”, comentou Lula ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas.


O governo segue precisando de dinheiro para manter suas promessas, apesar de ninguém mais acreditar em déficit zero, principalmente porque não demonstra qualquer intenção de gastar menos. Mas a popularidade de Lula despencou, e elevar impostos — ainda que no caso se trate de derrubar uma isenção — no país de pior posição no índice de retorno de bem-estar não vai ajudar em nada a melhorar sua aprovação.


“Não pode o governo querer ser governo e querer ser oposição. O governo quer usufruir da receita e, ao mesmo tempo, dizer que é contra a taxação”, reclamou o deputado Danilo Forte (União-CE), relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 em entrevista ao Estadão. O deputado completou:


“Setores da área econômica apoiaram a taxação. Aí vem a orientação da liderança do governo para votar contra porque quer ficar bem com a opinião pública. O governo não pode ser o beneficiário disso e algoz do plenário. Se não quer que o Parlamento faça bomba fiscal, não pode ele próprio criar essa bomba. E justiça seja feita: eu vejo no ministro Haddad espírito público, mas ele não pode ficar com a bola nas costas.”


Sem tolerância para impostos


Pesquisa do Instituto Paraná encomendada pelo PL e divulgada na sexta-feira, 24, apontou que o aumento ou reajuste de impostos foi o item apontado espontaneamente por mais eleitores quando questionados sobre “falhas ou erros que o governo do presidente Lula cometeu ou está cometendo até o momento”.


Foram 6,2% os consultados que disseram isso — o segundo item mais mencionado, por 4,4%, foi “não está controlando a inflação”. São números baixos, mas relevantes por se tratarem do resultado de questionamentos feitos sem apresentar opções. Para se ter uma ideia, o aumento de impostos aparece como falha de lula à frente do item “Está envolvido em boatos de corrupção/ não está combatendo a corrupção”, um tema bem mais popular, destacado por 4,3% dos ouvidos.


O Instituto Paraná aponta também um aumento na proporção de eleitores que apontaram falhas do governo: eram 41,1% em janeiro; agora, são 46,6%.

Empresários


O fim da isenção para as compras de empresas estrangeiras é uma pauta dos empresários brasileiros, que enfrentam dificuldades para competir com mercados menos regulados, como o chinês. Lira mostra disposição para encampar a batalha, mas está claro que Lula já sentiu que a elevação no preço das blusinhas vai cair nas suas costas.


A Câmara promete enfrentar a questão nesta semana. Lira convocou sessão presencial para a segunda-feira, 27, para não perder a semana para o feriado de Corpus Christi, celebrado na quinta-feira, 30. O governo Lula precisa da aprovação do Programa Mover pelo Congresso até sexta-feira, quando vence o prazo da Medida Provisória que o criou — e ele ainda precisa passar pelo Senado.


E Lira já deixou claro que não pretende tirar o jabuti que derruba a isenção de dentro do projeto apoiado pelo Palácio do Planalto, mesmo contra a indicação de petistas e até de deputados da oposição, que não pretendem encampar uma batalha que o próprio governo não está disposto a travar. A semana de feriado será curta em Brasília, mas animada.


Rodolfo Borges - colunista

O Antagonista - Jornalismo vigilante

Lista dos trabalhos mais acessados em Academia.edu no mês de maio - Paulo Roberto de Almeida

 Lista dos trabalhos mais acessados em Academia.edu no mês de maio - Paulo Roberto de Almeida

 

4592) A Rússia de Putin, a guerra contra a Ucrânia e o Direito Internacional (2024)

Jose Guilherme Merquior: um Intelectual Brasileiro (2021)

4656) A revolução que o PT nunca fez: sua modernização como partido socialdemocrata (2005-2024)

4652) 200 anos de constituições e regimes políticos no Brasil, 1824-2024

4655) Lista de trabalhos sobre Mercosul, integracao e processos correlatos (2024)

4567) Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido (2024)

4647) Relacao de trabalhos vinculados a tematica do Direito Internacional e do Direito Constitucional Brasileiro (2024)

1844) Integracao regional e insercao internacional dos paises da America do Sul: evolucao historica, dilemas atuais e perspectivas futuras (2008)

1455) A ordem internacional assimétrica e a reforma da ONU: uma perspectiva histórica (2005)

Paulo R. Almeida: O Mercosul no Contexto Regional e Internacional (1993)

1326) A economia (in)constitucional brasileira: resenha do livro de Jorge Vianna Monteiro (2004)

1326) George Minois, História do porvir: uma aposta contra o passado, Book Review (2004)

O Itamaraty na Cultura Brasileira (2001)

1786) Tendencias do regionalismo comercial evolução histórica e perspectivas atuais (2007)

2116) A coruja de Tocqueville: fatos e opinioes sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporaneo (2010)

A Constituicao Contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos

16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)

2258) O desenvolvimento do Mercosul: progressos e limitações (2011)

4668) O lento processo do desenvolvimento latino-americano: avanços e retrocessos na democracia e na economia de mercado (2024)

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

4100) Brasil, um pais de ponta-cabeca? Uma reflexao a partir das propostas constitucionais de Modesto Carvalhosa (2022)

3948) O Brasil e a pandemia da covid-19: aspectos internacionais (2021)

19) Integração Regional: uma introdução (2013)

2247) Seria o Mercosul reversível?: Especulações teóricas sobre trajetórias alternativas concretas (2011)

039) Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX (2004)

A arte da diplomacia e da negociacao como fundamentos das relacoes internacionais (2020)

3358) O direito comercial: um percurso a caminho de novas turbulências (2018)

4597) O Brasil e o G20 (2024)

Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) Fundação Alexandre de Gusmão, Ministério das Relações Exteriores Relatório de Atividades no ano de 2017 sob a responsabilidade de seu Diretor: Paulo Roberto de Almeida

043) A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo (2004)

 

The Global Economy Is More Vulnerable Than It Seems Bertrand Badré and Yves Tiberghien Project Syndicate

The Global Economy Is More Vulnerable Than It Seems

World leaders are so preoccupied with wars, power struggles, social tensions, and political polarization that they appear largely unwilling to invest in preserving global economic integration. History, economic theory, and current empirical trends indicate that this is a mistake.

PARIS/VANCOUVER – Today’s economic outlook is strangely contradictory. While global markets, led by technology and energy, have been ebullient over high short-term profits, the mood at the Spring Meetings of the World Bank and the International Monetary Fund last month was decidedly somber. Two global institutions that normally speak in banalities issued strong warnings about the growing risks of economic fragmentation.  

The idea that an interdependent global economy can work within a geopolitical system based on the national sovereignty of nearly 200 states has always reflected a certain amount of idealism. Or perhaps it was more like hubris. This strange marriage did, after all, collapse in the 1930s, with the division lasting through the end of World War II.

But idealism was not dead, and the global system was subsequently rebuilt on a foundation of agreed rules, shared international institutions, a degree of mutual forbearance, and crisis management. From the start, security considerations were kept as separate as possible from the economy, but this became especially important in the 1990s, when countries with radically different regimes began integrating into the global economy. Today, however, the foundations of this system are eroding fast, and global economic integration has seemingly gone into reverse. As Gita Gopinath, the IMF’s first deputy managing director, recently explained, economic fragmentation could have far-reaching implications for trade, such as reduced efficiency gains, and increase the risk of macro-financial volatility. Fragmentation could also reduce capital flows to the Global South and undermine the provision of global public goods, including climate action.

Five key factors are driving this trend toward fragmentation. First, rising geopolitical risks have fueled mistrust and reduced systemically important countries’ will to cooperate. Though policymakers rarely acknowledge it, a crisis over Taiwan – a flashpoint in the Sino-American rivalry – could well bring down the global economic system. 

Second, key countries are increasingly allowing security considerations to shape economic policy, with some taking expansive action to secure access to inputs, infrastructure, and technologies. While this is understandable, countries must exercise restraint. Whereas globalization happened gradually, a deglobalization process driven by security-motivated measures (which are almost guaranteed to trigger escalation by rivals and partners) would probably be fast and unwieldy, posing severe systemic risks.

The third factor underlying economic fragmentation is a deepening rift between the Global North and Global South. Public and private support for developing economies has collapsed at a time when many are wrestling with the legacy of the COVID-19 pandemic and confronting climate change. The decades-long trend toward convergence with developed economies has seemingly been interrupted, and resentment is building in the Global South. Net financial flows to developing countries have turned negative in 2023, and the trend is worsening in 2024. 

This partly explains the reluctance or refusal of many Global South countries to back the West on key geopolitical issues, such as sanctions against Russia in response to its war of aggression in Ukraine. Fragmentation also reflects the rapid escalation of climate risks and disasters. With “once-a-lifetime” floods, mega-fires, and droughts proliferating, many countries are at risk of destabilization within the next few years, and there is no global “safety net” in place. Meanwhile, as Harvard’s Dani Rodrik has pointed out, countries are competing for dominance in green technologies, rather than working together to accelerate progress. 

Lastly, the exponential growth of artificial intelligence is fueling national competition, rather than the global cooperation that is required. As MIT’s Daron Acemoglu and Simon Johnson have noted, regulations, policies, and institutions will be essential to ensure that AI creates jobs, rather than only destroying them. Global South countries need a voice in AI regulatory efforts. 

To be sure, the global economic system still has many sources of resilience. As the recent Indonesian, Indian, and Brazilian G20 presidencies have shown, most of the Global South remains committed to both interdependence and global governance. Furthermore, the private sector is still characterized by interdependence. We still have dedicated international organizations, global education networks, and a global civil society. 

But we must not underestimate the dangers ahead. There is good reason to think that the coming months and years will bring a series of shocks and crises. If leaders respond with tit-for-tat policies aimed at securing advantages over rivals, the integrated global economy could unravel. The speed of that process could overwhelm policymakers, and the path from economic pain to social upheaval to the abandonment of shared global rules may well prove to be short. 

As it stands, leaders are so preoccupied with wars, power struggles, social tensions, and political polarization that they appear largely unwilling to invest in saving the integrated global economy, let alone strengthening its capacity to deal with the existential risks we face. But history, economic theory, and current empirical trends indicate that this is a mistake. Even a partial collapse of our interdependent global economic and financial systems would be catastrophic, not least because it would undermine investment in global public goods. 

For politicians worried about migration’s effect on their countries, it is worth noting that, without massive investments in combating climate change, reversing desertification, and reducing poverty, millions could be attempting to cross the Mediterranean by 2050. National security must be a priority for policymakers. But measures to “secure” the economy must be combined with efforts to improve communication with rivals and invest in global public goods. 

To this end, world leaders should use the G20 and other plurilateral bodies to elevate working groups and institutions that support collective governance, with a focus on managing AI risks, addressing climate change, and averting the collapse of the global economic system on which we depend. 

Bertrand Badré

Writing for PS since 2014 
31 Commentaries

Bertrand Badré, a former managing director of the World Bank, is CEO and Founder of Blue like an Orange Sustainable Capital and the author of Can Finance Save the World? (Berrett-Koehler, 2018).

Yves Tiberghien

Yves Tiberghien

Writing for PS since 2019 
4 Commentaries

Yves Tiberghien, Professor of Political Science and Director Emeritus of the Institute of Asian Research at the University of British Columbia, is a visiting scholar at the Taipei School of Economics and Political Science.


Sendo claro: Lula é um grande amigo de Putin - Paulo Roberto de Almeida

Sendo claro: Lula é um grande amigo de Putin

Paulo Roberto de Almeida

Para muitos países, a Rússia é um Estado pária por seu ataque criminoso contra a Ucrânia, em violação flagrante da Carta da ONU, mas não para o Brasil e a China. Ambos acabam de ajudar Putin a sabotar a conferência pela paz organizada pela Suíça, um país neutro, como deveria ser o Brasil. 

Lula é ativamente pró-Putin! E quer muito trazê-lo para o G20 em novembro. Não vai conseguir, mas fica a imagem de conivente com o agressor aos olhos do mundo. 

Diplomacia personalista da pior espécie! Ela se sobrepõe à diplomacia partidária, que já é muito prejudicial ao país. Somos governados por um partido anacrônico que mantém a mesma visão econômica e diplomática dos anos 1950 e 60, aquela coisa antiamericana ranheta e ridícula que acaba unindo o país a qualquer ditadura execrável, de direita ou de esquerda, desde que seja antiocidental.

Imagino que muitos diplomatas profissionais devam se sentir constrangidos por essa amizade vergonhosa do chefe de Estado por ditadores pouco ou nada frequentáveis. Mas só imagino. Não sei, na verdade, o que pensam e sentem os jovens diplomatas, que sonhavam em servir uma política externa alinhada com diretrizes beneficiando democracias, direitos humanos e amplas liberdades, e acabam contemplando esses gestos de alinhamento com regimes deploráveis como os da Rússia, da Venezuela e do Irã.

É essa a “altiva e ativa”?

Para mim é ativamente pró-ditaduras que só se distinguem pela repressão interna — inclusive contra gays e mulheres — e pelas ameaças à paz e à segurança internacionais. 

Deve ser duro trabalhar para uma diplomacia partidária e personalista!

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 27/05/2024


Crises climáticas cada vez mais frequentes e prováveis: o Brasil já tem milhares de "refugiados climáticos"

 

PERGUNTE A UM PESQUISADOR

Maria Carmen Lemos: conhecimento científico acionável e a crise climática

Brazil LAB-Princeton

Neste vídeo, a professora de recursos naturais e meio ambiente na Universidade de Michigan, Maria Carmen Lemos explica o que é conhecimento científico acionável e como ele pode ajudar o enfrentamento da crise climática. “O conhecimento acionável é na verdade um conhecimento usável. E para ele ser usável, ele precisa passar por alguns processos que são, às vezes, complicados para acadêmicos. Ele tem que ser bem comunicado, tem que estar disponível na hora e no lugar onde os potenciais usuários usariam esse conhecimento; e na confecção ou na criação, na produção desse conhecimento, existem algumas estratégias que têm um nível de evidência científica que ajudam o conhecimento ficar mais usável. Entre essas estratégias está a mais importante que é entender o contexto da decisão do potencial usuário para chegar o mais próximo possível de um conhecimento que se encaixe naquele processo decisório” disse. >>

 

PERGUNTAS QUE A CIÊNCIA JÁ RESPONDEU

Os impactos da mudança do clima no sistema energético brasileiro, em 7 pontos

CENERGIA/COPPE/UFRJ

À medida que a mudança do clima progride, a alteração dos padrões de variáveis como precipitação e temperatura não apenas afeta diretamente o bem-estar humano, como também redesenha parte das condições de operação e planejamento do sistema energético. De relevância global, essa questão se torna ainda mais importante no caso brasileiro, repleto de especificidades. >>

 

TÓPICO

Eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e perigosos

Mudanças Climáticas FAPESP

O aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos já estava previsto pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) desde o seu primeiro relatório de avaliação, publicado em 1990. O Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças do Clima, publicado em 2015, já mostrava a possibilidade de chuvas muito intensas no Rio Grande do Sul.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...