O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A Georgia firmemente nos braços de Putin - Bloomberg’s Balance of Power

 Não creio que a oposição pró-Europa consiga reverter mais uma eleição fraudada em favor da Rússia na Georfia, que já sofreu intervenção armada direta em 2008.


Welcome to Balance of Power, bringing you the latest in global politics. If you haven’t yet, sign up here.

In November 2003, protests over disputed parliamentary elections in Georgia spiraled into the pro-Western Rose Revolution. Today may show whether the pendulum is swinging back.

After denouncing weekend elections won by the ruling party as rigged, Georgian President Salome Zourabichvili, whose powers are largely ceremonial, has called for protests to safeguard the country’s “European future.” She termed the election a “Russian special operation” to restore control over the country.

The Georgian Dream party, in power for 12 years, drew intense recent criticism for passing a “foreign agent” law that the US and the European Union said emulated one Russian President Vladimir Putin used to crush democratic dissent.

A demonstration against the “foreign influence” law in Tbilisi on April 16. Photographer: Vano Shlamov/AFP/Getty Images

Georgia has sought EU and NATO membership since the 2003 revolt, which was followed by pro-democracy “color revolutions” in other former Soviet republics including Ukraine. Moldova’s 2009 “Twitter” revolution was also sparked by disputed parliamentary elections.

Putin was convinced the US and its EU allies were ousting Kremlin-friendly regimes to tilt Moscow’s former satellites toward the West.

Now he’s fighting a war to subjugate Ukraine. Moldova’s pro-European President Maia Sandu faces a challenging election runoff against a Moscow-backed opponent on Sunday.

Georgian Dream has drawn closer to Moscow even as it says it’s still committed to EU integration. Hungarian Prime Minister Viktor Orban, widely seen as Russia’s closest ally in the EU, congratulated the party on winning only minutes after voting closed and may visit Georgia as soon as today.

Brussels suspended membership talks over the “foreign agent” law and Washington is reviewing relations with Georgia. After the Rose Revolution, they bet on Georgia as a vital gateway for energy and trade routes between Europe and Asia that bypass Russia.

Today’s protests will show the strength of popular will to defend Georgia’s pro-Western path — or whether Putin has successfully played the long game to restore Russia’s influence.

O BRIC e a economia mundial (2006) - Paulo Roberto de Almeida

Arquivo consolidado, segundo os materiais descritos abaixo: 

O BRIC e a economia mundial (2006)

Paulo Roberto de Almeida

Material consolidado em arquivo unificado, colocado na plataforma Academia.edu (28/10/2024; link: https://www.academia.edu/125094438/1686_O_BRIC_e_a_economia_mundial_2006_livro_de_2022_)

 

Introdução: transcrevo abaixo alguns materiais iniciais que escrevi sobre o BRIC-BRICS, antes que ele se tornasse um “sucesso de publicidade enganosa”, materiais que não foram incorporados a este meu livro:

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira

 (Brasília: Diplomatizzando, 2022; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4; disponível no link da Amazon.com: https://www.amazon.com/grande-ilus%C3%A3o-Brics-diplomacia-brasileira-ebook/dp/B0B3WC59F4/ref=sr11?keywords=A+grande+ilus%C3%A3o+do+Brics+e+o+universo+paralelo+da+diplomacia+brasileira&qid=1656513882&sr=8-1).

Apresentação no blog Diplomatizzando (11/06/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/meu-proximo-kindle-sobre-miragem-dos.html). Publicado em 12/06/2022 Brasília: Diplomatizzando, 2022; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4.

Sumário, prefácio e apresentação geral, no blog Diplomatizzando (1/02/2024; link:

https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/brics-minha-opiniao-sobre-o-grupo-em.html

Elaborei igualmente um posfácio, em função da conjuntura pós-guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia:

“O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, Brasília, 9 junho 2022, 6 p.

 

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Abaixo uma entrevista que eu dei para o jornalista Lourival Sant'Anna do jornal O Estado de São Paulo em novembro de 2006, quando ainda não se cogitava de se ter um BRIC diplomático, ou pelo menos quando ainda não existiam movimentações nesse sentido, mas quando, tanto Lavrov quanto Celso Amorim, já trabalhavam nesse sentido (e eu desconhecia esses encontros até então reservados).

O Estadão fez um editorial em cima dessa entrevista logo depois, o que deixou o chanceler Celso Amorim especialmente furioso comigo.

Encontrando-o no final do ano ocasionalmente, disse que estava voltando ao MRE para trabalhar sob sua gestão. Ele apenas me disse secamente:

"– É, mas a sua entrevista ao Estadão não lhe ajudou em nada."

Virou as costas e saiu. Nunca mais falei com ele.

Paulo Roberto de Almeida

 

A ficha do trabalho e dos artigos anexos:

1686. “Os BRICs e a economia mundial: Algumas questões de atualidade”, Brasília, 13 novembro 2006, 3 p. Entrevista concedida ao jornalista Lourival Sant’Ana, do jornal O Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 2006 (link no blog Diplomatizzando: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/11/o-bric-e-economia-mundial-2006-paulo.html). Publicado em outro formato n’O Estado de São Paulo em 04/12/2006, caderno Economia, pág. B7, sob o título “O Bric é só um exercício intelectual” (link na base de dados do Senado: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/323704/noticia.htm?sequence=1&isAllowed=y). Entrevista foi objeto de editorial do jornal em 5.12.06, sob o título “Atraso made in Brazil” (link na base de dados do Senado: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/324077/noticia.htm?sequence=1&isAllowed=y; link no blog Diplomatizzando: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/atraso-made-in-brazil-editorial-o.html). Entrevista republicada no site do Instituto Millenium (em 6/12/2006) e no site Defesa.NetDefesa, Estratégia e Inteligência (6/12/2006). Incorporado ao volume Via Política (2017). Postado novamente no Diplomatizzando (3/03/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/os-brics-e-economia-mundial-entrevista.html). Refeito em formato de artigo sob n. 1691. Relação de Publicados n. 725.

Ler a íntegra dos materiais neste link: 
https://www.academia.edu/125094438/1686_O_BRIC_e_a_economia_mundial_2006_livro_de_2022_

 

Atraso 'made in Brazil' - Editorial do Estadão (2006), citando entrevista minha com Lourival Sant'Anna

 

Minha oposição primordial ao BRIC, e a tudo o que lhe seguiu.
A Biblioteca do Senado Federal é imbatível para certos tipos de material noticioso. Ela preservou um editorial do Estadão de 2006, no qual eu sou referido nominalmente como contrário ao projeto então inicial (fase ministerial) de coalizão do Brasil com os outros três países do BRIC. Transcrevo o que está em sua base de dados:
Título: Atraso 'made in Brazil'
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2006, Notas e Informações, p. A3
Contrastando com a apagada e vil tristeza do noticiário político pós-eleitoral - dominado pelo ramerrame dos conchavos mofinos sobre o tal governo de coalizão e das brigas de praxe pelo controle das duas casas do Congresso, enquanto o presidente Lula confessa que não sabe como "destravar" o crescimento -, uma entrevista publicada ontem neste jornal traz para o primeiro plano os problemas que tirariam o sono das elites políticas brasileiras, não fossem elas o que são.
O entrevistado é o diplomata Paulo Roberto de Almeida, professor de Economia Política Internacional do Centro Universitário de Brasília (Ceub) e membro do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Falando a título pessoal, com cortante clareza e sem receio de chamar as coisas pelos nomes, ele traça um quadro sombrio das possibilidades do País na ordem mundial, em razão das realidades made in Brazil, como diz, para que não se culpe por elas a globalização.
[A entrevista foi por mim concedida ao jornalista Lourival Sant'Anna, do jornal O Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 2006 (disponível no blog Diplomatizzando: https://diplomatizzando.blogspot.com/.../o-bric-e...).]
 
Mesmo quando se refere a problemas que já freqüentam o limitado debate público sobre os verdadeiros obstáculos ao desenvolvimento nacional - no sentido pleno do termo -, o estudioso vai mais longe do que a maioria dos seus pares na identificação de suas conexões e conseqüências. Retomando o enfoque de sua palestra no recente Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, no Rio, ele dissocia o Brasil da China e da Índia, os quais, além da Rússia, formariam o que ficou moda chamar Bric.
O acrônimo designa o bloco dos principais países emergentes. Mas, para Almeida, isso não existe. "Eles não interagem, não atuam de forma coordenada. Cada um tem uma forma específica de inserção na economia mundial", esclarece. E, pelo que caracteriza essa forma no caso do Brasil, o professor tirou o B do Bric. Numa visão superficial, o País se distingue da China e da Índia por ser o único dos três que exporta commodities em larga escala, "o que é bom", e como grande fornecedor de energias renováveis, "o que é excelente".
Numa visão aprofundada, porém, o que em última análise afasta o Brasil dessas duas nações, pelo critério crucial do modo de participação na economia globalizada, é a dificuldade aparentemente insuperável de o País viver no tempo presente. A China se inseriu na divisão internacional do trabalho, descartando com uma velocidade espantosa o passado autárquico, e a Índia alimenta a nova economia do conhecimento - a primeira é "um laboratório, um ateliê ou uma fábrica", a segunda, "um escritório de concepção e desenho", sintetiza o pesquisador.
Já o Brasil "é um pouco avestruz, introvertido, recusa a competição, recusa acordo comercial". O resultado inexorável é o crescimento lento. O pior é que não se divisa a proverbial luz no fim do túnel. Exatamente devido ao predomínio dessa arcaica mentalidade de avestruz, o problema nem sequer é a falta de consenso entre a elite sobre a agenda de reformas modernizadoras. Na lúcida avaliação do diplomata, "não há consciência de que a reforma é necessária" - sobretudo na educação.
Já era tempo de alguém familiarizado com o tema dizer em público o que Almeida diz da educação nacional, sem medir palavras. ¿É pior do que possamos imaginar, muito pior do que as estatísticas revelam. Não é só do ponto de vista organizacional e de investimentos, mas no plano mental, de preparação de professores¿, aponta, com precisão cirúrgica. "A situação educacional é pavorosa." Não surpreende, portanto, o despreparo brasileiro, seja para capacitar a mão-de-obra, no plano puramente industrial, seja para enfrentar as exigências da modernidade.
Esse segundo aspecto é o mais assustador. Fala-se muito da má qualidade do ensino, mas não se fala tudo que se deveria. Sabe-se que cada nível do sistema exporta para o seguinte as suas deficiências. Não se ressalta, porém, que, acumuladas, elas limitam dramaticamente a capacidade de adquirir novos conhecimentos da minoria que já não desistiu no começo do percurso. A deseducação, em suma, contamina por inteiro a esfera produtiva e permeia o cotidiano dos brasileiros.
Por isso, para o diplomata Paulo Roberto de Almeida, o Brasil continuará tendo desenvolvimento lento e inserção na economia mundial limitada ao fornecimento de commodities e fontes renováveis de energia.

Belarus: A Mirror for the Anti-Maduro Cause - Caracas Chronicles

 

Belarus: A Mirror for the Anti-Maduro Cause

Belarusians couldn’t trigger a transition by calling out Lukashenko’s 2020 election fraud with protests and solidarity. What lessons are useful to Venezuelans?

Drawing a parallel between Svetlana Tsikhanouskaya’s bid for the presidency in Belarus in 2020 and Edmundo González in Venezuela in 2024 is a sobering exercise. Venezuela’s president-elect wasn’t prepared for the blackmail and threats he faced after July 28, or for his forced exile—just as Tikhanovskaya hadn’t been four years ago in Minsk. This Belarusian teacher and mother of two found herself swept into the currents of history by sheer chance.

Like González Urrutia, Tsikhanouskaya never aspired to lead a mass movement. Yet, she became the face of an electoral surge in Europe’s most closed-off regime. She was tasked with leading a victory, and when it was stolen, a popular uprising—the likes of which Belarus had never seen. Tikhanovskaya was arrested the night the official results came out. Two days later, a video surfaced in which she reluctantly acknowledged Lukashenko’s “victory,” credited with 80% of the vote. Hours later, she was forced into exile in Lithuania, leaving behind her husband,Sergey Tsikhanouski, a digital activist and would-be presidential candidate who was imprisoned by Lukashenko. He remains behind bars.

The post-Soviet space—riddled with captured states, unfulfilled revolutions, great powerbalancing, ethnic conflicts, and destruction—offers lessons for Venezuela. One is the challenge of transforming institutions that have served kleptocratic rulers and dismantling the tools they’ve used to concentrate power and crush dissent.

The deadlock and the children of backsliding

Aleksandr Lukashenko, Belarus’s dictator, along with Nicolás Maduro and Hugo Chávez, are part of a vanguard of leaders who froze their countries’ development, hijacked entire societies, and justified state terrorism as a necessity whenever change was on the horizon. Being outcasts from the international community doesn’t seem to faze them—it’s a reality they’ve embraced.

Maduro and “Luka” may not share ideologies or worldviews, but they do share an unwavering desire to cling to power at all costs and a visceral disdain for the West.

Like Chávez, Lukashenko moved swiftly to control institutions, the economy, and the police. After taking office in 1994, he purged military leaders, set up a Security Council packed with loyalists, and doubled the security budget. By 1996, he held nearly absolute power, altering the constitution and filling parliament with his allies. By 1999, any trace of pluralism was extinguished: the opposition leader died under mysterious circumstances, and a month later, a dissident former military leader disappeared. Lukashenko entered the new millennium with total control.

Despite decades of varying degrees of authoritarianism, both Venezuela and Belarus managed to build a network of grassroots activists and leaders, prepared for potential electoral openings—like those who rallied around the July 28 elections, many of them young, torn between hopes of democratic transition or forced migration. These Venezuelans, following María Corina Machado and González Urrutia, seek and need political space urgently. Without real change by 2025, these spaces could disappear entirely.

Meanwhile, in Belarus, young figures like Pavel Liber (head of the Golos initiative) and activist Lena Zhivoglod (of Honest People) played a key role in exposing the fraud Tsikhanouskaya denounced, using citizen organization and digital platforms to process photos of voting records. Sound familiar?

People like Liber and Zhivoglod had to flee after the fraud. Overthrowing Lukashenko in a militarized Belarus seems impossible. Efforts are now focused on protecting the exiled community and supporting organizations still operating within the country. As the persecution of leadership continues and political parties weaken, the question looms: will the Venezuelan counterparts of Liber and Zhivoglod face the same fate in the coming years?

Rebellion and the elites

Belarus may offer answers through another lens: Lukashenko’s relationship with his country’s economic elites, which he consolidated as soon as Belarus became independent.

Unlike other post-Soviet states like Ukraine, Lukashenko halted the privatization of Belarus’s industrial sector, preventing the rise of oligarchs independent of the state. In fact, up until 2013, state-owned companies represented 60% of Belarus’s GDP. Lacking institutional support for the opposition, Lukashenko had no trouble projecting himself as a strong leader and winning uncompetitive elections. Centralizing economic power may have been his greatest source of control.

In Ukraine—and in Russia until Vladimir Putin’s consolidation—economic power was divided among multiple elites and oligarchs born of the perestroika era. Some backed the ruling elite, while others eventually created their own political platforms to protect their interests, giving rise to figures like Poroshenko, Yushchenko, and Tymoshenko. That’s why liberal revolutions, mass protests, and electoral mobilization succeeded in removing presidents eight times in Ukraine’s modern history. Ukrainian opposition movements have been bolstered by economic elites, as seen in the 2014 Euromaidan protests that seized the heart of Kyiv for months, forcing pro-Russian president Viktor Yanukovych to flee.

Belarus’s dissidents took to the streets fearlessly between August and September 2020. There was no shortage of heroism, despite mass arrests and torture. Around 200,000 people participated in the “March for New Belarus” on August 23; factory workers went on strike in solidarity and booed Lukashenko during a visit. Two weeks later, Lukashenko was seen flying over the protests in Minsk, brandishing an assault rifle from his helicopter.

Yet, despite the massive movement denouncing Lukashenko’s fraud, it was crushed by brutal repression and a lack offunding and logistical support for the resistance—key factors that had been decisive in Ukraine.

In Venezuela, the economic elite once represented a significant anti-Chávez force between 2001 and 2003. But Chávez swiftly set about dismantling private enterprise, much like Lukashenko. Today, those businesses that survived hyperinflation, price controls, and expropriations are careful not to project any discontent or desire for change, at least not since 2019-2020.

While these groups have sought to adapt to the bleak prospects for change and ensure their survival, questions remain about the long-term expectations for non-chavista oligarchs in the status quo. Without legal security, access to credit, or foreign investment on the horizon, can they thrive under an authoritarian peace, or can they aim for an actually prosperous and developed Venezuela?

The collapse of all mediation and the imposition of that authoritarian peace may be a prelude to what Belarus is today—atotalitarian experiment with no tolerance for dissent (or disagreements with Russia), democracy ghettos, or semi-competitive elections. Lukashenko now rules through a constituent assembly, much like Maduro’s 2017 version, and in February 2021 held parliamentary elections contested by four pro-government parties. By 2021, the aftermath of repression was comparable only to Stalin’s purges 90 years ago: 35,000 arrests, 4,690 indictments, and the exodus of about 400,000 people—roughly 4.5% of the population.

Venezuelans will need a great deal of creativity and courage to avoid a similar fate, one that increasingly mirrors our own.


domingo, 27 de outubro de 2024

A irrealista política externa do governo de Lula é movida a ideologia - Irapuan Costa Junior (Jornal Opção)

A irrealista política externa do governo de Lula é movida a ideologia

Contrariando o bom senso, o governo petista vetou a compra de carros de combate de Israel por causa da guerra entre o país e o Hamas

 https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/a-irrealista-politica-externa-do-governo-de-lula-e-movida-a-ideologia-650122/

“A política externa se tornou uma agressão maciça aos interesses brasileiros.” — J. R. Guzzo, em “O Estado de S. Paulo”, no dia 13 de outubro.

A esquerda brasileira, a nossa sinistra, como toda a esquerda latino-americana, nada esquece e nada aprende, com o correr dos anos. É o segmento social do samba de uma nota só: opressores x oprimidos.

Recentemente, o Exército Brasileiro abriu concorrência pública internacional para aquisição de carros de combate de última geração. Foram vencedores os israelenses, o que não é surpresa, dado o avanço tecnológico de Israel.

Porém, no momento de assinar os contratos, o presidente, aconselhado por seu chanceler de fato, Celso Amorim, resolveu suspender a compra.

O que motivou esse rompimento comercial? O argumento brandido pela dupla Lula-Amorim foi o de que Israel oprime os palestinos.

Sem esquecermos que Israel trava uma guerra com o grupo terrorista Hamas por ter sofrido um sangrento ataque-surpresa, com mortes e sequestros, lembremo-nos de que a diplomacia brasileira é movida, depois que os petistas se aboletaram no governo, não pelo interesse nacional, mas pela ideologia.

Postergaram agora a importância de nossa soberania, do equipamento de nossas Forças Armadas, para agradar a pior esquerda dos dias atuais, a esquerda terrorista. Não digo coisa nova. Reproduzo trechos de um artigo publicado nessa coluna em junho de 2008, década e meia atrás:

“Ao dividir o comando da diplomacia brasileira em três fatias, o Presidente Lula só poderia colher, no “front” externo, o que vem colhendo: seguidos insucessos. De fato, comandam o relacionamento externo nacional, três figuras, das quais apenas duas são profissionais, e mesmo essas não são as mais brilhantes dentro dos quadros do Itamaraty. A primeira, mas não a mais influente, é o Chanceler Celso Amorim.  A segunda é o Secretário Geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães Neto. A terceira, a única não profissional e a mais bizarra nesse contexto, é a do Assessor Especial Marco Aurélio Garcia, que, por ser a mais próxima do Presidente, pode ser a mais influente. Celso Amorim não é propriamente um homem de esquerda, tendo sido, quando embaixador na ONU, até bastante subalterno no trato com os americanos, principalmente pressionando para que o Brasil assinasse o famigerado Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.  Sua função hoje é pouco mais que a de mordomo do Presidente em suas viagens internacionais. E de negociador nos organismos internacionais de comércio. Apesar de sua vontade de agradar a Lula, a ponto de tê-lo designado como “nosso guia”, não se projeta como primeira figura de nossa representação internacional. Já Samuel Pinheiro Guimarães é da tradicional esquerda do Itamaraty e hoje sua proeminência…  Marco Aurélio Garcia não só é de esquerda, mas da esquerda revolucionária, o que ele não faz questão de esconder. Fundador do Foro de São Paulo, que abriga o que há de mais atrasado em crenças ditatoriais, suspeito de ligações bastante próximas com as FARC, sem preparo diplomático, (dizem alguns que sem preparo nenhum) contudo é, dos três, como foi dito, o mais próximo do Presidente, logo o que mais capacidade de influir tem… Essa a política externa de Lula: agradar ditadores africanos para tentar liderar, agradar neomarxistas sul-americanos para tentar liderar, agradar à China para tentar mostrar importância e nada disso conseguir… (junho de 2008).

Morreram Marco Aurélio Garcia e Samuel Pinheiro Guimarães, mas Celso Amorim continua firme e forte, e herdou a tarefa de apontar os rumos errados da diplomacia brasileira, o que faz alegre e constantemente, e que Lula aceita, pois esses rumos condizem com sua visão esquerdista de mundo. Amorim age como chanceler de fato e deixa constrangido o chanceler de direito, Mauro Vieira. Mas o pior é que a política externa de Lula e de Amorim desfalca os recursos de nossa sociedade e constrange o Brasil perante o mundo civilizado. Nos outros mandatos petistas, a Bolívia esquerdista de Evo Morales se apossou das instalações da Petrobrás naquele país, com o consentimento de Lula. Dilma deu de graça e ao arrepio do tratado de Itaipú aumento na tarifa de energia para beneficiar o bispo comunista Fernando Lugo que governava o Paraguai. As obras da Odebrecht em países africanos de esquerda e em Cuba contrariavam todas as normas da boa economia, mas agradavam dirigentes marxistas. Hoje não é diferente, como mostram alguns exemplos:

1      

Atuação brasileira na questão venezuelana: ao contrário da maioria das nações civilizadas, que condenaram o tiranete Maduro pela fraude até grosseira nas eleições venezuelanas e pela repressão impiedosa à oposição, o Brasil não condenou a ditadura vizinha. Lula já havia, no ano passado, recebido em Brasília, com todas as honras, o ditador Maduro, que é investigado por narcotráfico nos EUA, é censurado na ONU por violação de direitos humanos e tem prisão decretada na Argentina.

2

O Governo brasileiro trata com hostilidade Israel, que é o único país democrático de sua região, sofre ataques terroristas e convive com a ameaça constante de aniquilação, desejada pelos antissemitas de todo o Globo. Lula chegou ao extremo de comparar o regime de Benjamim Netanyahu ao regime nazista, ofensa máxima que se pode dirigir a um israelense.

3

É constrangedora a atuação brasileira na guerra Rússia-Ucrânia: Além de não condenar a invasão russa, Lula propôs um acordo de paz em que a Ucrania entregasse ao invasor os territórios invadidos, algo totalmente desarrazoado. E impediu a venda de mísseis brasileiros à Alemanha, temendo que fossem cedidos à Ucrânia.

4      

O Brasil prodigaliza afagos ao Irã, uma das mais rígidas ditaduras hoje existentes no Mundo. O país financia o terrorismo do Hamas, do Hezbollah e compartilha da ideia de riscar Israel do mapa. Ele sim, oprime as mulheres. Na posse do presidente-ditador Iraniano, lá estava o vice Geraldo Alckmin, enviado por Lula e Celso Amorim.

5

São muitas as cortesias com Cuba, exemplo vivo de ditadura. Sem falar no Porto de Mariel, que levou um bilhão de dólares do trabalhador brasileiro, e o programa Mais Médicos, feito para repassar dinheiro nosso à ditadura da ilha, doações de alimentos foram feitas e declarações enfáticas de apoio ao governo de Cuba são frequentes na fala de Lula.

E Lula e Celso Amorim sequer se ruborizam.

 

 

 

A esquerda brasileira enfrenta um desafio crucial : entrevista com Jairo Nicolau - Hugo Henud (Estadão)

 Dica de leitura : "A esquerda brasileira enfrenta um desafio crucial"( Jairo Nicolau, FGV/Rio)

Entrevista | Jairo Nicolau, cientista político: ‘Faltam à esquerda líderes para dialogar com o Brasil atual’

Por Hugo Henud 

 O Estado de S. Paulo, domingo, 27 de outubro de 2024


Para Jairo Nicolau, professor da FGV, a ausência de novas lideranças na esquerda capazes de se conectar com o novo perfil do eleitorado explica o desempenho eleitoral aquém do esperado desse campo político: ‘Eleitor vota em líderes, não em partidos’

 

A esquerda brasileira enfrenta um desafio crucial: a falta de renovação de lideranças capazes de dialogar com o novo perfil do eleitorado, especialmente em um País onde as personalidades políticas têm mais peso que os programas partidários. A avaliação é do cientista político e professor da FGV, Jairo Nicolau, que aponta que o eleitor se conecta mais com figuras carismáticas capazes de traduzir seus anseios do que com ideias ou plataformas de governo. ‘O brasileiro escolhe candidatos por afinidade pessoal, não por propostas’, afirma Nicolau, destacando que, enquanto nomes à direita ocupam esse espaço, partidos como PT e PSOL vêm perdendo terreno em segmentos nos quais antes tinham força, como periferias, jovens e evangélicos — o que explica o desempenho eleitoral aquém do esperado dessas siglas nas eleições municipais.

Em entrevista ao Estadão, Nicolau avalia que, embora o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), saia fortalecido destas eleições, esse desempenho não garante, necessariamente, sucesso nas eleições majoritárias de 2026. Como exemplo, o cientista político cita João Doria, que governou São Paulo de 2019 a 2022 e chegou a lançar sua pré-candidatura à Presidência naquele ano, mas não conseguiu viabilizar-se na disputa. “Prefiro relativizar a ideia de que vitórias ou nomes fortes com articulações — como é o caso de Tarcísio — nas eleições municipais sejam preditores de sucesso nas eleições seguintes”, pontua.

Quanto à projeção para 2026 e aos “recados” das urnas nestas eleições, Nicolau ressalta que o alto volume de recursos destinados por meio de emendas parlamentares, direcionadas por deputados federais e senadores a seus redutos eleitorais, representa um obstáculo à renovação política, ao colocar esses políticos em vantagem competitiva para a reeleição daqui a dois anos. “Nunca tivemos uma legislatura como esta, em que deputados e senadores distribuem tanto recurso para suas bases”, completa.

Confira a seguir a íntegra da entrevista concedida ao Estadão:

 

A esquerda enfrentou dificuldades em várias capitais e grandes centros urbanos. Na sua avaliação, o que explica essa perda de terreno, especialmente em regiões que antes eram redutos tradicionais desse campo político?

Vou trazer um elemento que me parece crucial para a esquerda hoje: a ausência de lideranças. O que está faltando à esquerda são justamente novas lideranças, mais do que ideias, porque o Brasil não é um país onde as pessoas votam em partidos pelas ideias. Um exemplo disso são as novas lideranças da direita, como Nikolas Ferreira. São muitas lideranças de direita que estão surgindo nos últimos anos. Por outro lado, quantos jovens com menos de 40 anos existem entre as lideranças de esquerda? Quase nenhum. Veja as eleições em São Paulo: a discussão na capital paulista gira em torno de três personagens – NunesBoulos Marçal. Quer dizer, quem falou em partido, quem falou em doutrina em São Paulo? Ninguém. No caso de Marçal, não é sobre suas ideias, mas sim sobre ele como figura, como pessoa física, que atraiu o eleitorado. Quem fala em partido? Quem fala em programa? São os nomes que se destacam: LulaJair Bolsonaro, Pablo Marçal, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Nikolas. Faltam à esquerda líderes para dialogar com o Brasil atual.

E quanto ao desempenho do PT nessas eleições? Há uma percepção de que políticas públicas assistencialistas, por exemplo, já não são suficientes para assegurar a adesão eleitoral.

Os partidos de esquerda, diante do insucesso em algumas cidades e de certo cansaço com políticas públicas do governo Lula, precisam fazer um balanço. Mas, se me perguntassem o que eu sugeriria para um partido de esquerda formar novos quadros ou discutir propostas para o Brasil, eu diria: formar novas lideranças. O eleitor vota em líderes, não em partidos.

Quem são, hoje, os nomes do PT? Faltam às siglas de esquerda lideranças emergentes que possam se comunicar, nas cidades e nas câmaras, com um Brasil que mudou. Um país onde as pessoas são mais escolarizadas, mais religiosas; onde a elite é menos homogênea racialmente — ainda majoritariamente branca, mas em transformação. Um Brasil em que as pessoas se conectam pelas redes sociais e por novos meios. Esse novo Brasil demanda novas lideranças. Aqui, os partidos dependem de líderes mais do que em outros países, e o que falta à esquerda, mais que programas, são lideranças capazes de se conectar com o novo perfil do eleitorado. O brasileiro escolhe candidatos por afinidade pessoal, não por propostas.

Qual partido conseguiu, de fato, dialogar melhor com os eleitores evangélicos nessas eleições? Os resultados mostram que partidos de centro e direita tiveram mais sucesso nesse público. Quais fatores ajudam a explicar esse desempenho?

Esse é um fenômeno recente. Nem sempre a esquerda teve dificuldades. Lula já foi eleito presidente com o apoio das principais denominações evangélicas, em 2002 e 2006. O que aconteceu é que parte da agenda comportamental, antes pouco politizada, foi politizada e atraiu os evangélicos para a direita. E isso ocorreu porque a direita apresentou líderes que dialogam diretamente com esse segmento, enquanto a esquerda não apresentou quase nenhum representante no segmento. Sabe como os partidos de esquerda vão se aproximar dos evangélicos? Quando tiverem um dirigente do PT, por exemplo, que seja evangélico, carismático e que as pessoas realmente gostem. Assim, eles chegam aos evangélicos. O Brasil funciona em função de nomes.

Como o senhor avalia a atuação do governador Tarcísio de Freitas nestas eleições? Ele sai politicamente fortalecido para 2026?

O Republicanos, partido de Tarcísio, teve um bom desempenho, o que, sem dúvida, o fortalece como uma liderança importante no Estado. No entanto, prefiro relativizar a ideia de que vitórias ou nomes fortes com articulações — como é o caso de Tarcísio — nas eleições municipais sejam, necessariamente, preditores de sucesso nas eleições seguintes. Veja o caso de Doria: enquanto prefeito e, depois, governador, muitos analistas o apontavam como um dos principais nomes para a eleição presidencial de 2022, mas isso não se concretizou. O mesmo vale para Serra, Cabral, Alckmin... Portanto, não é tão simples assim.

Olhando para o cenário nacional, os resultados municipais podem influenciar as eleições de 2026?

Os resultados municipais nunca influenciaram resultados nacionais. Resultados municipais servem para uma reconfiguração da distribuição dos partidos como as câmaras municipais, prefeitura, e essa mudança acontece de maneira tênue. Mas mostra padrões, tendências...

Existe um “recado” das urnas que já sinaliza tendências?

Com esses resultados, acho que dificilmente a direita deixará de dominar a Câmara dos Deputados, com cerca de 60% a 70% dos assentos. Posso dizer isso com certa segurança. A direita, provavelmente, será majoritária no Senado e elegerá muitos nomes. Também está ocorrendo uma clara compactação do sistema partidário brasileiro e uma redução da dispersão, tornando a vida muito difícil para os pequenos partidos devido à reforma política e à cláusula de desempenho [medida que limita o acesso de partidos com pouca votação ao fundo partidário e tempo de propaganda em rádio e TV]. Outro ponto: um partido central da política brasileira até 2016 está em um processo contínuo de declínio preocupante, que é o PSDB. Eu diria que, se o PSDB não tivesse dois governos de Estado, hoje três, estaria uma situação ainda mais complicada. Já os partidos da esquerda precisam se movimentar.

O senhor avalia que as emendas parlamentares tiveram um papel decisivo no apoio de lideranças locais nas campanhas municipais? Até que ponto essas emendas podem influenciar os resultados das eleições e o processo de renovação política?

O que vai começar a atrapalhar a renovação é a combinação dos recursos de financiamento público com as emendas parlamentares, que subiram a valores astronômicos. Nunca tivemos uma legislatura como esta, em que deputados e senadores distribuem tanto recurso para suas bases. Quando chegarmos a 2026, com as redes que esses políticos montaram — que já apareceram nas eleições municipais em algumas cidades — será muito difícil que um deputado ou senador não seja reeleito. Hoje, um deputado está em uma posição muito melhor do que seus colegas de 10 ou 20 anos atrás, quando as emendas ainda não eram obrigatórias. Agora, são valores de milhões, que superam até o orçamento de pequenas cidades no Brasil. Esses recursos são distribuídos a cidades, organizações da sociedade civil e entidades estatais; ou seja, todos os aliados do político. Em 2026, provavelmente veremos uma redução na renovação, porque os políticos que já ocupam cargos estão em uma situação muito mais favorável do que seus desafiadores.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito mais que a renovação de líder à esquerda se afastou do eleitor pela sua origem marxista que separa O capital e o trabalho sendo os dois um dependente do outro e inerente da vida
Acrescentando isso ao valor e a importância que a esquerda dá asfalta dente áreas completamente fora da média do eleitor brasileiro que é conservador cristão e preza pela família
Para acabar com o prestígio que ainda tinha , ao assumir esse viés autoritário do. PT apoio do STF censurando, perseguindo e prendendo a oposição está afastando mais ainda o eleitor

27/10/24 11:00