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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Instituto Millenium: artigos Paulo Roberto de Almeida

Preparando o hangout desta quinta-feira 26/04/2018, com o economista Marcos Troyjo, sobre a "guerra comercial" EUA-China, verifiquei quais informações existiam sobre mim na página do IMil.
Parece que conseguiram recuperar bastante coisa do passado...
Precedido por uma nota curricular.
Paulo Roberto de Almeida

PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), mestre em planejamento econômico e economia internacional pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia (1976), formou-se em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1974). Defendeu tese de doutorado em temática de sociologia histórica, sobre as revoluções burguesas e a modernização capitalista do Brasil; elaborou tese de história diplomática no curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1997) sobre a diplomacia econômica do Brasil no século XIX. Desde 2004, é professor no programa de mestrado e doutorado em direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub); foi professor orientador no mestrado em diplomacia do Instituto Rio Branco do Itamaraty. Tem sido regularmente convidado para ensinar em universidades brasileiras e estrangeiras. Possui experiência nas áreas de relações internacionais e em sociologia, com ênfase em desenvolvimento comparado, atuando principalmente nos seguintes temas: relações econômicas internacionais, política externa brasileira, história diplomática, desenvolvimento econômico brasileiro, globalização e segurança internacional. Foi professor convidado no Institut de Hautes Etudes de l'Amérique Latine (Sorbonne), Paris, de janeiro a junho de 2012. Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Foi ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2003). Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Comissário Geral Adjunto do Pavilhão do Brasil na Shanghai Expo 2010. De janeiro de 2013 a outubro de 2015 serviu como Cônsul Geral Adjunto do Brasil em Hartford, CT, EUA. Desde 3/08/2016, é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty. Publicou mais de uma dezena de livros individuais, organizou diversas outras obras, participou de dezenas de livros coletivos e assinou centenas de artigos em revistas especializadas (ver trabalhos em: www.pralmeida.org; blog: diplomatizzando.blogspot.com).

ROBERTO CAMPOS: UM REBELDE COM CAUSA

Felizmente, Campos foi poupado do desgosto de assistir à enorme destruição de riqueza causada pela política econômica do governo que ascendeu ao poder em 2003 Se for...

2015, O ANO EM QUE O BRASIL DESPENCOU

O ano de 2015 não vai deixar saudades, muitos economistas dirão nestes últimos dias do ano. Ao que os astrólogos políticos acrescentarão: “Se vocês gostaram de 2...

O ESTADO FASCISTA DO BRASIL

O fascismo, reduzido à sua expressão mais simples, é quando o Estado manda em você, e você sequer tem consciência disso, uma vez que tal interação passa quase des...

A IDEIA DO INTERESSE NACIONAL

“The Idea of National Interest” é o título de um livro que o historiador americano Charles Beard publicou em 1934, em plena crise econômica dos Estados Uni...

MISÉRIA DO CAPITAL NO SÉCULO 21

Economistas são seres simplistas, por definição. Eles costumam basear suas equações sobre a criação de renda e riqueza a partir de três fatores produtivos básico...

RETORNO A UMA DIPLOMACIA NORMAL?

Os companheiros no poder praticaram o que eles mesmos designaram como sendo uma “diplomacia ativa, altiva e soberana”. Sua primeira tarefa, em 2003, foi deneg...

FRONDA EMPRESARIAL: O BRASIL PRECISA DE UMA

Fernand Braudel, o historiador conhecido por seus estudos sobre a evolução das economias de mercado e sobre a expansão do capitalismo – não confundir as duas coisas...

DESAFIOS PARA 2015

Paulo Roberto de Almeida explica as mudanças necessárias na área econômica externa

VERDADES QUE NÃO PODEM SER DEFINITIVAS

Algumas “teses” passam por verdades. Como não estou de acordo com algumas delas, permito-me fazer correções a essas “verdades inquestionáveis”...

A DEGENERAÇÃO, PARA OS NEÓFITOS

Degeneração é um outro nome para a decadência, processos que podem atingir indivíduos, empresas, instituições públicas e privadas, sociedades ou comunidades nacio...

MEUS CAROS CAPITALISTAS DE DAVOS…

Rascunho de um (possível) discurso no Fórum Econômico Mundial de 2014 Permitam-me que eu os chame desse modo: capitalistas de Davos. Afinal de contas, vocês viajam pa...

O ESTADO A QUE CHEGAMOS…

Vou ser conciso, direto e brutal: o Estado brasileiro representa, hoje, o principal obstáculo a um processo sustentável e satisfatório de desenvolvimento econômico. E...

TRATADO GERAL DA MÁFIA

1. A Máfia é uma associação entre iguais, sendo que alguns desses iguais são mais iguais que os demais. 2. Os mais iguais da Máfia são inimputáveis e, nessa condi...

AS PROMESSAS DA CANDIDATA ELEITA

As promessas da candidata eleita: breve avaliação Assim como fiz em relação ao candidato da oposição, vou examinar, ainda que brevemente, os compromissos assumidos ...

REALIDADES OU MITOS?

Admitamos desde o início e de modo incontroverso: preeminência, hegemonia, dominação, exploração são realidades concretas (com perdão pela redundância); todas es...

terça-feira, 24 de abril de 2018

Was Mises a Neoliberal? - Jeff Deist (Mises)

Was Mises a Neoliberal?

Mises Institute, April 23, 2018

Does neoliberalism, the tired slogan of our time, have a precise definition? 
The short answer is no, it doesn't. At least not readily one readily at hand, if this New Republic article is any guide:
For the left, neoliberalism often connotes a form of liberal politics that has embraced market-based solutions to social problems: the exchanges of the Affordable Care Act, for instance, rather than a single-payer, universal program like Medicare. {Jonathan} Chait argues that leftists use the word to “bracket the center-left together with the right” and so present socialism as the only real alternative. But the term has its critics on the left, too: Political economist Bill Dunn finds it too insular, rarely adopted by the people it is said to describe. The historian Daniel Rodgers, meanwhile, argues that neoliberal means too many different things, and therefore not enough.
But is neoliberal a slur, as some contend, used to attack Democrats who are overly cozy with Wall Street and global corporations? Does it describe left-liberals who have given up the fight for full democratic socialism, and sold out their principles to enjoy the fruits of unjust capitalism?
English anthropologist and geographer David Harvey implies as much, though he does assign reasonably cohesive elements to the term:
An economy built on just-in-time production, the internationalization of capital, the deregulation of industry, insecure labor, and the entrepreneurial self. In the years since, these trends have only accelerated due to improvements in, and the spread of, information technologies. But few call this “post-Fordism” any longer. They mostly call it “neoliberalism.”
Harvey references Henry Ford, not Gerald Ford, in his identification of neoliberalism as the political devolution of western societies from democratic nation states into subdivisions of borderless mass production and mass consumption. And this materialism is at the core of why left-progressives view neoliberalism as a pejorative term; and perhaps not surprisingly label the New Republic itself a neoliberal outlet (notwithstanding protestations by Chait and others). To progressives, the Clintons, the Democratic National Committee, and traditional old guard liberal media outlets are merely center-right leaning mouthpieces for big business.  
As with most political (and politicized) terms, definitions vary wildly depending on who uses them. Murray Rothbard and Elizabeth Warren hardly mean the same thing when they say "capitalism," and we all suffer from the tendency to imbue words with meanings that suit our purposes. Interestingly, use of the term "neoconservative" similarly has been attacked as a slur, one designed as code for undue Zionism or overeagerness to unleash military forces. Helpfully, however, neoconservative Godfather Irving Kristol himself provided us with the broad parameters, and the expression has lost much of its bite in the post Bush 43/Cheny/Rumsfeld era.
Within the current zeitgeist we can offer a less inflammatory yet still loose definition of neoliberalism than Harvey: the basic program of late 20th century liberalism (social democracy, public education, civil rights, entitlements, welfare, feminism, and a degree of global governance), coupled with at least grudging if not open respect for the role of markets in improving human life. In other words, neoliberals are left-liberals who accept the role of markets and the need for economic development as part of the larger liberal program. Think Bono, who considers himself a progressive "citizen of the world" yet admires markets and globalism.
With this definition in mind, the New Republic article goes badly astray when it asserts that neoliberalism "emerged from the ruins of the Austro-Hungarian Empire in the early twentieth century." First and foremost, it's hard to consider any century-old framework of thought as neo anything. And it's difficult to trace meaningful connection between first and second generation Austrian economists, writing before World War II, before truly global trade, and before the triumphant ascension of central banks, with today's neoliberal political program of social democracy and political globalism. Menger, Mises, and Hayek, with their deep regard for specialization, comparative advantage, and global trade, all wrote within a basic framework of nation states.  
As is often the case, critics of markets and private property mistake means with ends, and assume a lack of concern for "human" considerations is necessarily bound up with rigorous concern for material considerations. Hence author Patrick Iber travels a winding path of cherry-picking Misesian and Hayekian thought, the effect of which is deeply misguided though not malevolent. Not much is new here; Iber simply repeats the standard progressive arguments: they favored capital over labor. They supported democracy only as a means of reducing violent people's uprisings. They supported government, but only in service to wealth and property. And so forth. Yet by New Republic standards he treats both men somewhat fairly, far better than, say, The New York Times or Washington Post would and have. There is only one out-of-context cheap shot directed at Mises ("he was pleased when an anti-fascist uprising was violently suppressed in 1927"); meanwhile the article at least recognizes Hayek's moral concerns over apartheid in South Africa and Pinochet's dictatorship in Chile.
But the author errs badly in assuring the reader that Mises (the democrat) preferred capital to labor in service of the bourgeoisie, and that Hayek thought markets took priority over "human rights and social justice." This is especially interesting given Hayek's own perspective on the latter term, and the typically vague manner in which the author employs both.
For our purposes we can neatly distinguish "real" liberalism, or classical liberalism for lack of a better historical term, from neoliberalism. Liberalism in Mises's conception is fundamentally concerned with private property. In this view the means of production — capital — are in private hands. They are not owned by the state, by society, by "the people," or collectively. Full stop. No amount of regulated semi-capitalism or semi-socialism can evade this foundation, because both individual and economic freedom hinge on the free use and control of private property. Control over one's property, meaning the ability to use, alter, alienate, encumber, or sell it, is the essence of true property ownership—albeit always subject to tort liability for harms caused to others. Any amount of taxation, regulation, or outright confiscation necessarily erodes this control, which Mises acknowledged even within his framework of utilitarian democracy as a protector of property rights.
This insistence on property rights at the core of any liberal program is scarcely to be found in today's neoliberalism, yet again it remains at the heart of left-progressive antipathy to the term. They are suspicious of any introduction, or re-introduction, of markets and property into what ought to be a worldview of economic planning by the state.
We should note that Mises also appended his program of liberalism with two important corollaries that were "neo" for the time, specifically the interwar years: freedom and peace. In contrast with what he saw as the "old" 19th century perspective, a "present-day" liberalism had "outgrown" the old version through "deeper and better insights into interrelationships." Meaningful liberalism required political freedom for the individual, especially freedom from involuntary servitude. And peace was the foundation for all true economic activity, inescapably tied to civilization. Undoubtedly New Republic readers would benefit from understanding just how progressive Mises really was when Liberalism first appeared in 1927!
Meaningful argumentation, as opposed to politics and outright war, requires words and precise definitions. This is why, unfortunately, almost all political talk devolves into what Orwell accurately described as "meaningless words." Meaningless words attempt to impugn or attack the "other," rather than convey specific information or create understanding and consensus. Politics is not a science, but we would all benefit from insisting on rigor in definitions from political pundits just as we once did from social scientists. Imprecise meanings and shifting semantics generate more heat than light, and leave us all talking past one another.

Guerra comercial EUA-China: Hangout do Instituto Millenium

Recebi o convite, não tinha porque recusar, a despeito que não me considero a pessoa mais qualificada para o tema, pois estou há alguns anos afastado das negociações comerciais no âmbito da OMC, ou em qualquer outro âmbito, como no Mercosul, por exemplo.
Fui informado sobre o o link para o evento no Facebook:
Paulo Roberto de Almeida

Imil promove Hangout “Incerteza global”, nesta quinta-feira

Debate sobre efeitos de uma guerra comercial entre EUA e China contará com participação de Marcos Troyjo, Paulo Roberto de Almeida e Servulo Dias

Como uma guerra comercial entre EUA e China pode afetar a economia do Brasil e do mundo?
Para esclarecer esta e outras questões a respeito dos novos traços que definem a economia global, o Instituto Millenium promove, na próxima quinta-feira, dia 26 de abril, um encontro virtual com especialistas no tema. Mediado pelo economista Servulo Dias, os diplomatas Marcos Troyjo e Paulo Roberto de Almeida debaterão o protecionismo e os efeitos da iminente guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo.
O hangout será transmitido às 15h (horário de Brasília) no canal do Instituto Millenium no YouTube, redes sociais e aqui no site do Imil. Confirme a presença na página do evento no Facebok e não perca!
Sobre os debatedores
Marcos Troyjo
É graduado em ciência política e economia pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em sociologia das relações internacionais pela USP e diplomata. É integrante do Conselho Consultivo do Fórum Econômico Mundial, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, pesquisador do Centre d´Études sur l´Actuel et le Quotidien (CEAQ) da Universidade Paris-Descartes (Sorbonne), fundador do Centro de Diplomacia Empresarial e conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). É colunista do jornal “Folha de S.Paulo”.
Paulo Roberto de Almeida
É doutor em Ciências Sociais (Université Libre de Bruxelles), mestre em Planejamento Econômico (Universidade de Antuérpia), licenciado em Ciências Sociais pela Université Libre de Bruxelles) e diplomata. Serviu em diversos postos no exterior e exerceu funções na Secretaria de Estado, geralmente nas áreas de comércio, integração, finanças e investimentos. Foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília (1986-87) e atualmente leciona no Centro Universitário de Brasília (Uniceub).
Servulo Dias (mediador)
E economista formado pela FEA/USP, administrador de empresas e especialista em marketing de serviços pela FIA. Ocupou posições executivas na área comercial e de desenvolvimento de novos negócios em empresas nacionais e multinacionais de grande porte. Atuou em projetos de inovação e redefinição de modelos de negócio na indústria química, embalagens, papel e celulose e fotografia/varejo. Atualmente ocupa a posição de diretor comercial para a América Latina na MGITECH Group.

O link acima, para o meu nome, remete a um CV um pouco mais alentado: 

Doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), mestre em planejamento econômico e economia internacional pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia (1976), formou-se em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1974). Defendeu tese de doutorado em temática de sociologia histórica, sobre as revoluções burguesas e a modernização capitalista do Brasil; elaborou tese de história diplomática no curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1997) sobre a diplomacia econômica do Brasil no século XIX. Desde 2004, é professor no programa de mestrado e doutorado em direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub); foi professor orientador no mestrado em diplomacia do Instituto Rio Branco do Itamaraty. Tem sido regularmente convidado para ensinar em universidades brasileiras e estrangeiras. Possui experiência nas áreas de relações internacionais e em sociologia, com ênfase em desenvolvimento comparado, atuando principalmente nos seguintes temas: relações econômicas internacionais, política externa brasileira, história diplomática, desenvolvimento econômico brasileiro, globalização e segurança internacional. Foi professor convidado no Institut de Hautes Etudes de l'Amérique Latine (Sorbonne), Paris, de janeiro a junho de 2012. Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Foi ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2003). Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Comissário Geral Adjunto do Pavilhão do Brasil na Shanghai Expo 2010. De janeiro de 2013 a outubro de 2015 serviu como Cônsul Geral Adjunto do Brasil em Hartford, CT, EUA. Desde 3/08/2016, é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty. Publicou mais de uma dezena de livros individuais, organizou diversas outras obras, participou de dezenas de livros coletivos e assinou centenas de artigos em revistas especializadas (ver trabalhos em: www.pralmeida.org; blog: diplomatizzando.blogspot.com).

Mini-reflexao sobre o Estado brasileiro atual e sua classe politica - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o Estado brasileiro atual e sua classe política

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: desabafo; finalidade: expor meus sentimentos] 

Uma mini-reflexão suscitada pelo espetáculo absolutamente deprimente a que assistimos todos os dias no cenário político do país.
O Estado brasileiro, em todos os níveis, da mais humilde vereança do mais pobre município da mais atrasada região do interior do Brasil, até os pináculos do poder, entre os mandarins da República que a estão transformando em republiqueta de bananas, o Estado brasileiro, volto a dizer, de antigo promotor do desenvolvimento brasileiro, transformou-se no mais poderoso inimigo de qualquer perspectiva de crescimento no Brasil. 
E sua classe política, do mais humilde vereador ao mais alto mandatário, transformou-se numa classe em si, perdulária, irresponsável, afrontosa para com a nação trabalhadora, despoupadora líquida dos recursos duramente criados pelos agentes econômicos primários, indigna de ser considerada uma classe política. 
Sei que meu anarquismo visceral pode parecer exagerado, mas não sou nem liberal, nem conservador, nem nada; sou apenas um reformista radical, e acredito que o Brasil precisa passar por uma reforma radical, em todos os níveis, para tentar ser um país normal, o que ele está longe de ser hoje em dia.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de abril de 2018

Macron's rise, Merkel's decline - Der Spiegel

Este editorial da principal revista alemã, informativa e de opinião, é cruel com a sua chefe de governo. De fato, Macron parece caminhar sobre as águas, ao passo que Merkel estacionou no pântano da política doméstica.
Sic transit...
Paulo Roberto de Almeida

Sidelined: A Shrinking International Role for Angela Merkel and Germany

Emmanuel Macron's En Marche party doesn't yet have a single seat in the European Parliament, but when the French president appeared in the body's plenary hall in Strasbourg last Tuesday, it already seemed as though he was in control. Macron shook hands with Federica Mogherini, the European Union's chief diplomat, and Jean-Claude Juncker, the enthusiastic European Commission president while a number of parliamentarians gave him a standing ovation. Others, meanwhile, hid behind signs castigating the French president for participating in the missile attacks in Syria. Macron stepped up to the lectern, where his speech, laid there by an aide, was already waiting.
Macron seemed to breathe new life and courage into the Continent after Brexit and the string of strong right-wing populist election showings. And in his Tuesday speech, he left no doubt about what is at stake. "Fascination with illiberalism is growing by the day," he warned. "The answer must not be authoritarian democracy but the authority of democracy."
Macron's focus was astonishing in its breadth as he cited philosopher Alexis de Tocqueville, who wrote the grand narrative of American democracy. Meanwhile, at almost exactly the same moment, the German chancellor was having to seek approval for her vastly more modest policy proposals. 
Specifically, it was Ralph Brinkhaus and Katja Leikert, two deputy parliamentary group leaders, who were reciting their concerns on Tuesday with Macron's EU reform plans. Merkel did what she could to counter them, invoking in her comments to conservative parliamentarians gathered in Berlin everything from the 1555 Peace of Augsburg to the crises of the present, but she was unable to generate much in the way of enthusiasm. In the end, she was so accommodating to her party's parliamentary group that it appeared that it was not Merkel herself who is determining the guidelines of Germany's EU policies, but rather a handful of parliamentarians Macron has probably never heard of.
Has the 'Queen of Europe' Been Dethroned?
Not even five years have passed since the spate of essays and opinion pieces about Germany's hegemonic power over the Continent. The cold reality, the Economistwrote, is that "Germany is the power in Europe that counts the most. Top brass in Brussels, or Paris, can talk as much as they like. But until Ms. Merkel agrees, nothing happens." The danger, it added, is not that Germany will grow too strong, but that it could refuse to take on the leadership role.
And today? The world has become a dangerous place, with a leader in the Kremlin dreaming of former Soviet power and an American president who doesn't appear to be able to tell the difference between politics and a video game ("missiles, nice and smart"). The U.S. missile strike in Syria a week ago Saturday was not nearly as explosive as it could have been -- but that certainly was no thanks to Merkel, who stood on the sidelines as the major powers decided what course of action the West would take.

Jogar o PT na lata de lixo da História -Luiz Felipe Pondé

Que texto do Pondé!

O PT na lata de lixo da história - LUIZ FELIPE PONDÉ - FOLHA DE SP - 23/04

O partido apenas acrescentou à corrupção endêmica certos tons de populismo

O PT é uma praga mesmo. Ele quer fazer do Brasil um circo, já que perdeu a chance de fazer dele seu quintal para pobres coitados ansiosos por suas migalhas. Nascido das bases como o partido de esquerda que dominou o cenário ideológico pós-ditadura, provando que a inteligência americana estava certa quando suspeitava de um processo de hegemonia soviética ou cubana nos quadros intelectuais do país nos anos 1960 e 1970, comportou-se, uma vez no poder, como todo o resto canalha da política fisiológica brasileira.

Vale lembrar que a ditadura no Brasil foi a Guerra Fria no Brasil. Quando acabou a Guerra Fria, acabou a ditadura aqui. E, de lá pra cá, os EUA não têm nenhum grande interesse geopolítico no Brasil nem na América Latina como um todo (salvo imigração ilegal). Por isso, deixa ditadores como Chávez e Maduro torturarem suas populações, inclusive sob as bênçãos da diplomacia petista de então.

O PT apenas acrescentou à corrupção endêmica certo tons de populismo mesclado com a vergonha de ter um exército de intelectuais orgânicos acobertando a baixaria. Esses fiéis intelectuais, sem qualquer pudor, prestam um enorme desserviço ao país negando a óbvia relação entre as lideranças do partido e processos ilegítimos de tráfico de influência. Esse exército vergonhoso continua controlando as escolas em que seus filhos estudam, contando a história como querem, criando cursos ridículos do tipo “golpe de 2016”.

Qualquer um que conheça minimamente os “movimento revolucionários” do século 19 europeu, e que também conheça o pensamento do próprio Karl Marx (1818-1883), sabe que mentir, inventar fatos que não existem ou contá-los como bem entender fazia parte de qualquer cartilha revolucionária.

Acompanhei de fora do Brasil o “circo do Lula” montado pelo PT e por alguns sacerdotes religiosos orgânicos,na falsa missa. Esses sacerdotes orgânicos do PT envergonharam a população religiosa brasileira, fazendo Deus parecer um idiota. Estando fora do país, pude ver a vergonhosa cobertura que muitos veículos internacionais deram do circo do Lula, fazendo ele parecer um Messias traído por um país cheio de Judas.

Eis um dos piores papéis que jornalistas orgânicos fazem: mentem sobre um fato, difamando um país inteiro. Esculhambam as instituições como se fôssemos uma “república fascista das bananas”. Nossa mídia é muito superior àquela dita do “primeiro mundo”.

A intenção de fazer do Lula um Jesus, um Mandela, um Santo Padim Pade Ciço é evidente. Para isso, a falsa missa, com sacerdotes orgânicos rezando para um deus que pensa que somos todos nós cegos, surdos, estúpidos e incapazes de enxergar a palhaçada armada pelo PT foi instrumento essencial para o circo montado.

A própria afirmação de que Lula não seria mais um mero humano, mas uma ideia, é prova do delírio de uma seita desesperada. Um desinformado pensaria estar diante de um Concílio de Niceia (325) perdido no ABC paulista. Se nesses concílios tentava-se decidir a natureza divina e humana de Jesus, cá no ABC tentava-se criar a natureza divina de Lula. Lula, humano e divino, o redentor. Essa tentativa, sim, é típica de uma república das bananas.

Penso que em 2018 o país tem a chance de mostrar de uma vez por todas que não vai compactuar com políticos que querem fazer do Brasil um circo para suas “igrejas”. A praga em que se constituiu o PT pode ser jogada na lata de lixo da história neste ano.

Ninguém aqui é ingênuo de pensar que apenas o PT praticou formas distintas e caras de tráfico de influência. Todas elas são danosas e devem ser recusadas em bloco nas eleições deste ano. Mas há um detalhe muito importante no que se refere ao PT como um tipo específico de agente único de tráfico de influência sistemático no Brasil. Você não sabe qual é? Vou te dizer.

O PT é o único partido que é objeto de investigação por corrupção a contar com um exército de intelectuais, artistas, professores, diretores de audiovisual, jornalistas, sacerdotes religiosos, instituições internacionais, apoiando-o na sua cruzada de continuar nos fazendo escravos de seus esquemas de corrupção. Esse exército nega frontalmente a corrupção praticada pelo PT e destruirá toda forma de resistência a ele caso venha, de novo, a tomar o poder.

No ano de 2018 o país pode, de uma vez por todas, lançar o PT à lata de lixo da história e amadurecer politicamente, à esquerda e à direita.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Eugenio Gudin: sintese de uma vida - O Globo

Gudin, engenheiro, pai dos economistas brasileiros e floricultor em Petrópolis
Fonte: Acervo O Globo, 24/10/2016
Criador da primeira faculdade de Economia no país, na atual UFRJ, e enviado do Brasil a Bretton Woods, o carioca, que morreu há 30 anos, inspirou políticos e ministros. 
O homem que recebe a alcunha de “pai da economia brasileira” começou a vida como engenheiro, foi economista autodidata, ministro, professor, literato, jornalista, cantor de óperas amador e morreu, no dia 24 de outubro de 1986, como floricultor de Petrópolis. Em seus 100 anos, Eugênio Gudin, oráculo do pensamento liberal, atravessou dois séculos e viveu como poucos a História do seu tempo. Ajudou a criar o primeiro curso universitário de Economia no Brasil, esteve na delegação brasileira que participou da Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos, em 1944, quando foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird), e participou ativamente da política do país como ministro da Fazenda no governo Café Filho e como inspirador de políticos, ministros e economistas brasileiros e estrangeiros, que o procuravam em seu apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio, para ouvir opiniões e conselhos.

Colunista do GLOBO desde 1958 até o ano de sua morte, em 1986, Eugênio Gudin era ferrenho defensor do liberalismo econômico, sendo respeitado por economistas de diferentes correntes de pensamento. Apesar de ter como endereço durante décadas um prédio da Avenida Atlântica — com entrada pela Rua Miguel Lemos, para pagar IPTU menor —, em que recebia visitas de políticos e ministros, Gudin nasceu em outro bairro da Zona Sul, o Cosme Velho, no dia 12 de julho de 1886. Ao fazer cem anos, ganhou uma placa em sua homenagem, afixada na casa onde passou o início da vida, na Rua Cosme Velho 829. Nos dias que antecederam o aniversário, Gudin recebeu centenas de telegramas, entre eles o do diretor-gerente do FMI, Jacques de Larosière.

— Quando ele era criança, adorava esperar o carro de moer cana, puxado por burros, e que tinha um realejo. A garotada da rua corria atrás do carro. Era uma festa todo o dia. Mas pelo que sei, o professor nunca teve muito tempo para ser criança. Foi uma pessoa seriíssima, tanto que se formou engenheiro aos 19 anos de idade — disse ao GLOBO, em 14 de julho de 1986, o historiador e ex-goleiro da seleção brasileira e do Fluminense Marcos Carneiro de Mendonça, vizinho do economista, ao inaugurar a placa.

A formação precoce, em 1905, na Escola Politécnica, hoje pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dava uma pista da capacidade de Gudin. Ele trabalhou em grandes empresas, entre elas a Great Western of Brazil Railway, que construía ferrovias no Nordeste, da qual foi diretor-geral por quase 30 anos. Ele também construiu represas em Pernambuco e Ceará. Ajudou ainda a erguer a Represa de Ribeirão das Lajes, destinada a fornecer luz elétrica para o Rio de Janeiro. Porém, foi nas ciências econômicas que deixou seu maior legado, ao ser um dos responsáveis por idealizar o primeiro curso de Economia do Brasil, na opinião do professor Luiz Roberto Cunha, decano da PUC-Rio e neto de Gudin.

— Ele era um pessoa séria, mas também muito alegre, que gostava muito de conversar, especialmente com pessoas mais jovens. Ele dizia que os jovens são muito importantes para os mais velhos, e que eles ajudam a gente a viver mais. Ele também não gostava de beber água, só vinho. E brincava que todas as pessoas que morreram tinham uma coisa em comum: tomavam água — contou Cunha ao Acervo O GLOBO na última quinta-feira, acrescentando que passou a conviver com Gudin a partir dos 14 anos, depois que o economista casou-se com sua avó, Violeta. Sem filhos naturais, Gudin teve três casamentos, o último com Violeta, que lhe deu o prazer da vida em família e até bisnetos.

Gudin marcou gerações de economistas com o livro “Princípios de economia monetária”, de 1943 e hoje um clássico. Um dos seus discípulos, que bebeu na fonte da obra, foi o ex-ministro Mário Henrique Simonsen, que comandou o Ministério da Fazenda do governo Geisel, de 1974 a 1979. Gudin, cinco anos antes de escrever o livro, com Gustavo Capanema no Ministério da Educação de Getúlio Vargas, tornou-se um dos criadores da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Rio de Janeiro (FCEARJ), em 19 de dezembro de 1938. Incorporada à antiga Universidade do Brasil (hoje UFRJ) a partir de 1946, foi a primeira a oferecer um curso de Economia no Brasil. Gudin deu aula na instituição até 1957, quando se aposentou. A vida e obra de Gudin são contadas no documentário “Eugênio Gudin - o homem de dois séculos”, de 1986, dirigido por Silvio Lanna, Hillton Kauffman e Júlio Wolgemuth. Em 2012, sua vida ganhou as páginas do livro “Eugênio Gudin, inventário de flores e espinhos”, de autoria do historiador Márcio Scalercio (PUC-Rio) e do jornalista Rodrigo de Almeida (editado pela Insight Comunicação).

Ferino polemista, Gudin criticou a criação da Petrobras, em 1953, que na época não produzia uma gota de óleo, e condenou qualquer tipo de dirigismo estatal em um debate histórico com Roberto Simonsen, então presidente da Fiesp, nos anos 40. Na ocasião, um ano antes de embarcar para a Conferência de Bretton Woods, convocada pelo presidente americano Franklin Roosevelt para discutir a nova ordem econômica mundial após a Segunda Guerra, o economista participou do primeiro Congresso Brasileiro de Economia, em 1943.

Muitas vezes em sua vida levantou a voz contra o desperdício de dinheiro público e defendeu a importância da educação para o desenvolvimento nacional. Gudin fez sua estreia como colunista do GLOBO em 23 de maio de 1958, escrevendo artigos até o ano de sua morte, em 1986. Dublê de economista e jornalista defendia teses que só décadas depois vingaram no Brasil, entre elas o controle da inflação, o equilíbrio fiscal e o câmbio flutuante. Alertou, em seu primeiro artigo para o jornal, sobre riscos da política de investimentos, conhecida sob o slogan de "50 anos em cinco" do então presidente Juscelino Kubitschek. Certa vez, afirmou sobre JK: "O Juscelino era um bom rapaz, bem intencionado, mas muito playboy. Ele criou uma capital que não produz nada".

As medidas da era JK eram opostas às de estabilização econômica — baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito — que Gudin havia adotado, em meio a uma crise financeira, quando foi ministro da Fazenda do governo Café Filho, pouco antes, entre agosto de 1954 e abril de 1955. Durante sua passagem pelo ministério também foi decretada a Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país e acabou sendo muito utilizada no governo JK, segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi ele também quem determinou que o Imposto de Renda passasse a ser descontado na fonte.

Em suas colunas publicadas no GLOBO, Gudin criticou também o então presidente João Goulart e apoiou o golpe militar de 1964, por acreditar que colocaria o país nos eixos. No final da década seguinte, porém, alfinetou o “milagre econômico” do regime militar comandado por Delfim Netto, que fez o Produto Interno Bruto brasileiro (PIB, conjunto de bens e produtos produzidos no país) passar dos dois dígitos, entre os anos de 1968 e 1973.

No final da década de 70, O GLOBO publicou uma série de 13 entrevistas com o economista, em que revisitava a História do Brasil desde a República Velha até o governo Geisel. A primeira delas saiu na edição do jornal em 14 de outubro de 1979, alinhando também memórias do ex-ministro e passagens de sua vida. Gudin foi ainda vice-presidente da FGV, entre 1960 e 1976, instituição com a qual mantinha vínculos desde a década de 40. Na Fundação, ele foi um dos responsáveis pela implantação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), das quais se tornou diretor.

Na última vez em que escreveu no GLOBO, em 19 de março de 1986, elogiava o Plano Cruzado e o “sucesso do combate à inflação” naquela altura, atribuída por ele à “obra do povo brasileiro, que respondeu ao apelo” do então presidente José Sarney. A inflação mensal em março daquele ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, era de -1,31%, após cinco meses seguidos atingindo a faixa dos dois dígitos. No ano seguinte, entretanto, os preços voltaram a ficar fora de controle e chegaram aos mesmos patamares vistos antes das políticas de controle implementadas por Sarney.

Apreciador de bons vinhos, bons pratos e da música clássica, Gudin costumava almoçar com a família fora de casa aos domingos. Um dos restaurantes que frequentava era o Alpino, no Leblon, na Zona Sul carioca. Entre os seus prazeres, conta o neto e economista Luiz Roberto Cunha, estavam as flores e o sítio em Petrópolis. Com frequência, Gudin se refugiava na sua casa de dois pavimentos plantada na Serra Fluminense, com vista para a catedral da cidade, cercada por quaresmeiras, lírios e begônias.

— Antes de tudo, sou um floricultor em Petrópolis — afirmou em entrevista ao GLOBO, publicada em 12 de julho de 1981, quando completou 95 anos.

Pela transcrição: 
Ricardo Bergamini

Autógrafo de Souza Dantas: documento negociado

Negociado no mercado de autógrafos por quase 10 mil reais, apenas por causa do recente filme de Luiz Fernando Goulart. A tradução da nota está errada: ele não disse que todas as guerras são ruins, e sim que elas são más. O texto abaixo, para vender o documento, é do leiloeiro.
Paulo Roberto de Almeida

Pensamento emocionante do "Schindler brasileiro", Luís Martins de Souza Dantas, que salvou centenas de judeus da perseguição nazista.

Dedicatória original de Luís Martins De Souza Dantas para o livro "Pax Mundi, livro de ouro da paz". Uma folha. Em francês. Paris, março de 1928. Escrito nitidamente e em excelentes condições. Peça única.
Não podemos tolerar o crime que representa a guerra. Não existe guerra boa. Todas as guerras são ruins.
L. M. De Souza Dantas.
Paris, março de 1928.
Luis Martins De Souza Dantas (1876 - 1954) atuou como embaixador brasileiro na França antes e durante a Segunda Guerra Mundial. A ocupação nazista impunha a execução de ordens contra os judeus, incluindo o registro obrigatório, a segregação, o toque de recolher e a deportação para os campos de concentração.  Agindo contra o processo, Dantas emitiu vistos brasileiros para salvar cerca de 800 judeus, comunistas e outros perseguidos, incluindo o influente banqueiro de investimento e consultor financeiro Felix G. Rohatyn e, ainda com 12 anos de idade, o lendário negociador de arte, Leo Castelli. Dantas tornou-se o equivalente brasileiro do industrial alemão Oskar Schindler.
Posteriormente, Luís Martins De Souza Dantas foi investigado pelas autoridades brasileiras e mandaram-no de volta à sua casa para responder acusações de violação à política de imigração do país. Ele foi salvo da acusação por um mecanismo legal. Após o término da Guerra, Dantas retornou à França, onde passou o resto de sua vida e, em 2003, Israel o homenageou com o prêmio "Justos entre as Nações".
Após a devastação da Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações surgiu com o discurso do presidente americano Wilson.  Sob a liderança de George Dejean, a organização elaborou uma antologia que incluía comentários escritos sobre a paz por pessoas notáveis de todo o mundo. Entre 1925 e 1932, inscrições foram recebidas pela realeza, políticos, artistas, músicos e escritores, incluindo Dantas, a Rainha Elizabeth da Bélgica, Marie Curie, Einstein, Baden-Powell, King Faisal, Maginot, Colette, Sir Arthur Conan Doyle, Pirandello, Unamuno, Le Corbusier, Foujita, etc. A colaboração resultou em uma publicação de edição limitada denominada "Pax Mundi : livro de ouvro da paz". 

Por que esse documento é raro ?

O pensamento de Dantas, uma década antes de arriscar a vida por seus princípios durante o Holocausto, constitui por consequência um documento único e excepcional.

Plano Marshall e reconstrução da Austria: Günter Bischof, Hans Petschar - book review

Aos 70 anos da criação da OECE, que administrou o Plano Marshall na Europa, este livro constitui uma grande adição (estrito e lato sensos) à bibliografia.
Paulo Roberto de Almeida

Buchanan on Bischof and Petschar, 'The Marshall Plan: Saving Europe, Rebuilding Austria' [review]

by System Administrator

Günter Bischof, Hans Petschar. The Marshall Plan: Saving Europe, Rebuilding Austria. New Orleans: University of New Orleans Publishing, 2017. 336 pp. $49.95 (cloth), ISBN 978-1-60801-147-6.
Reviewed by Andrew N. Buchanan (University of Vermont)
Published on H-Diplo (April, 2018)
Commissioned by Seth Offenbach (Bronx Community College, The City University of New York)

The bibliographic details of this book should probably include its size (9.5” by 12”) and its weight (five pounds). This is a physically impressive book, and its sheer size, beautiful design, and lavish illustration suggest a work intended for display on coffee tables rather than use in academic studies. Yet the authors are both senior scholars of Austrian history and of the Marshall Plan in particular. Günter Bischof is the Marshall Plan Professor of History at the University of New Orleans and Hans Petschar is a historian and librarian at the Austrian National Library and the holder of the 2016-17 visiting Marshall Plan Chair at the University of New Orleans. Their credentials suggest that the authors have something more than a coffee table book in mind, and as it weaves its way through the pages of photographs their text offers a serious scholarly appreciation of the working of the Marshall Plan in Austria.
Austria found itself in an ambiguous—not to say dangerous—position at the end of World War II. The occupation of the western part of the country by Allied armies and of the eastern part by the Soviet Red Army ensured that, like Germany, Austria would be subject to a four-way partition and military occupation. The strictures of Austrian geography left both the capital, Vienna, and the country’s traditional industrial heartland in Soviet hands. Austria also shared long borders with Czechoslovakia, Hungary, and Yugoslavia, all of which emerged from the war in the Soviet sphere, into which they were ever more firmly integrated in the late 1940s and early 1950s. Much of Austria’s prewar trade was with these countries, and ties between them remained strong; in the south, Josip Tito’s Yugoslavia laid claim to the southern Austrian province of Carinthia. As Bischof and Petschar show, these considerations forced Austria’s postwar government, formed in November 1945 as a “grand coalition” between the conservative People’s Party and the moderate Social Democratic Party, to walk a fine line. Austrian leaders wanted to avoid provoking Moscow into imposing a German-style partition, but at the same time they clearly recognized the economic and political benefits of pursuing integration into the American-dominated Western European bloc.
Bischof and Petschar discuss the evolution of American postwar aid to Austria in some detail, beginning with the emergency supplies of food delivered by the US Army, by the United Nations Relief and Recovery Administration (UNRRA), and by the privately organized Cooperative for American Remittances to Europe (CARE) that helped to stave off starvation during the desperate winter of 1945-46. After UNRRA operations were wound up, Washington stepped in directly, assuming responsibility for the Austrian trade deficit in January 1947. From there, American aid developed through the well-known steps, marked by Secretary of State George C. Marshall’s speech at Harvard University in June 1947 sketching out the main outlines of what would become the Marshall Plan; by the July 1947 meeting in Paris to discuss that plan, at which the continent clearly split into two hostile blocs; and by congressional approval of the Foreign Assistance Act that set up the European Recovery Program (ERP) the following summer.
As Bischof and Petschar show, Austrian leaders were adept at leveraging the difficult and complex situation in which they found themselves to maneuver between the emerging US and Soviet blocs in ways that maximized inflows of American aid while giving Austrian politicians a great deal of control over how that aid was deployed. In Austria the Marshall Plan produced “strange bedfellows,” with US “capitalist Marshall Planners cozying up to Socialist state planners” to secure American funding for heavy industry and large-scale power generation projects (pp. 128-29). At the same time, the Austrian government nationalized Nazi-funded plants like the steel mill at Linz in order to shield them from Soviet demands for reparations in the form of “German assets” (p. 128). To some extent, American support for these statist projects reflected a globalization of New Dear corporatism, but despite its short-term utility it was an approach that contradicted Washington’s increasingly forceful commitment to free trade and unregulated markets.
Tensions between American policymakers and Austrian politicians mounted as American policy shifted towards a new emphasis on rearmament and increased productivity in the light of the intensification of the Cold War and the outbreak of hot war in the Korean peninsula. American policymakers railed against what they viewed as Austria’s archaic corporatist “chamber state” and its semi-socialist business practices, and they did not shrink from threatening to withdraw aid in order to push through reforms (p. 167). Nevertheless, actual reforms were slow to materialize, and Austria continued to receive a disproportionate share of ERP funding. In 1951-52 American pressure to “stabilize” the Austrian economy finally provoked a severe political crisis that culminated in 1953 in new elections (p. 130). While the postwar Socialist Party/People’s Party coalition continued to govern, Julius Raab’s leadership signified a more market-friendly orientation, and by 1954 an Austrian economic miracle “of sorts” was underway (p. 230). Self-sustaining economic growth, boosted by the dramatic expansion of a tourist industry funded by the ERP, allowed the “American aid drip to end,” and American policymakers proudly “claimed victory” in their nine-year struggle to modernize the Austrian economy (p. 239). The following year, and based on a pledge of permanent neutrality, negotiations for the State Treaty that formally reestablished Austrian sovereignty were finally concluded, and the postwar military occupation ended. Satisfied that Austria would not become a forward bastion of NATO, Moscow supported the treaty. Faced with a deepening split with Yugoslavia, Soviet leaders had already quietly shelved their support for Tito’s claims on Carinthia.
For all its undoubted strengths as a blow-by-blow history of the operation of the Marshall Plan in Austria, however, Bischof and Petschar’s account remains locked in historiographical tropes that are—to say the least—a little dated. Throughout the book, the Marshall Plan/ERP is presented as an act of unalloyed and unambiguous American generosity, an approach summarized in the book’s subtitle (“Saving Europe, Rebuilding Austria”) and in its dedication to the “generous American taxpayers” who “unselfishly”—and no doubt largely unknowingly— funded Austria’s postwar recovery. The authors do acknowledge that “revisionist” historians mounted a “searing critique of American ‘penetration’ of the Austrian economy” that gained a “foothold in Austria” in the 1990s (p. 15). The implication is that it no longer needs to be taken too seriously. Beyond a few cursory references, critical analysis of the construction of America’s postwar hegemony has little salience here. Instead, US involvement Austria’s early postwar history is presented simply as a positive memory that needs to be “cultivated and kept alive” in ways that pay due homage to “American aid and postwar generosity” (p. 15).[1]
If this silence on the complexities and ambiguities of America’s postwar policy is troubling, so too is the absence of any discussion of the complexities and ambiguities of Austria’s own prewar and wartime history. Austrian politics during the decade of the Great Depression were marked first by the establishment of a homegrown rightist—or “Austrofascist”—government in 1934, and then by the widely supported Anschluss, or “joining,” of Austria and Nazi Germany in 1938From 1938 until the end of the war, the former state of Austria was known as Ostmark and integrated directly into the greater German Reich. As Bischof and Petschar explain, Berlin invested heavily in the industrial development of the western Ostmark—a region considered relatively safe from Allied bombing—and much of this new plant and equipment survived the war (p. 24). Wartime industrialization, later augmented by American investment, shifted the country’s economic center of gravity away from Vienna. As German investment poured in, 1.3 million men from the Ostmark were conscripted into the German military, serving on the same basis as those from elsewhere in the Reich. Nearly 250,000 of them were killed.[2]
The ongoing discussion over the degree to which Ostmark/Austria was willingly integrated into the Nazi Reich has important implications for understanding the development of Washington’s postwar relations with Austria, and hence for the Marshall Plan. Yet, while as John Boyer notes there is now “general skepticism” among scholars regarding the “ambivalent motives of the founders of the Second Republic,” none of this finds expression here.[3] This is an important omission. A degree of shared amnesia with regards to Austria’s immediate past was common to both Austrian and American leaders, and it played a critical role in setting the ideological framework for Austria’s incorporation in the postwar order in Western Europe. Beginning with the declaration of the Allied foreign ministers issued in Moscow in October 1943, the “polite fiction” that Austria was an unwilling “first victim” of Nazi expansionism was a key foundational element of both the new postwar sense of Austrian identity and of the development of American policy towards Austria.[4] In the context of rapidly deepening tensions between the United States and the Soviet Union, Austria’s postwar leaders were able to use the political space created by this shared fiction to secure disproportionately large amounts of US aid and, more importantly, inclusion into the postwar economic order taking shape in Western Europe. This shared fiction thus paved the way for the success of Washington’s effort to, as David Ellwood puts it, “remake” Austria and to secure its “anchorage in the West.”[5] Moscow had no answer to Washington’s economic power or to its pervasive and carefully cultivated cultural influence, and the Soviets’ “depredations” (as Bischof and Petschar unfailingly call them) of the Austrian economy through the seizure of (allegedly) German assets in its occupation zone only reinforced elite allegiance to the West (pp. 52, 58, 101). Of course, not everyone agreed, but in this account communist-led working-class protests are safely marginalized as mere “riots” (pp. 35, 52, 90).
I do not raise this question to prettify Soviet policy, but simply to suggest that the motives of the US policymakers who spent the money coughed up by “generous” American taxpayers and of the Austrian politicians who drew a convenient veil over their country’s recent past, must also be weighed a little more critically. The notion of remaking a foreign country through the twin levers of military occupation and economic aid should necessarily raise some fundamental questions of hegemony, sovereignty, and national self-determination, but none of these complexities register here.
Whatever the limitations of the text, the numerous pages of photographs offer a unique pictorial insight into postwar Austria. They include some arresting images: a picture of families returning to Vienna carrying huge bundles of firewood collected in the surrounding countryside is particularly striking. The illustrations are well integrated into the text, particularly in a compelling section on the work of Yoichi R. Okamoto, head of the United States Information Services (USIS) Pictorial Section in Vienna. In this section Bischof and Petschar reflect upon America’s growing cultural influence in Austria by highlighting Okamoto’s “highly imaginative” work and how it inspired a “cohort” of young Austrian photo artists (p. 201). Okamoto’s photos, supported by colorful graphic depictions of the impact of various ERP projects, helped to sell the Marshall Plan to the Austrian people. Over four hundred photos, many of them reproduced here, documented the Train of Europe’s forty-day tour of Austria. During the tour, over four hundred thousand Austrians visited the exhibitions housed on the train, where they were presented with a vision—as Bischof and Petschar describe it—of “a free Europe in a free world, based on democratic principles and supported and guided by the US economy” (p. 207). That vision is on full and sumptuous display here, and its graphic content alone makes this a book that your library should acquire. It is, however, a vision that the authors do not examine critically.

Notes
[1]. Works including Reinhold Wagnleitner’s Coca-Colonization and the Cold War: The Cultural Mission of the United States in Austria after the Second World War, trans. Diana M. Wolf (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1994); Gene R. Sensenig’s Österreichisch-amerikanishe Gerwerkschafts-beziehungen (Cologne: Pahl-Rugenstein Verlag, 1987); Hannes Hofbauer’s Westwärts: Österreichs Wirtschaft im Wiederaufbau (Vienna: Vlg f Gesellschaftskritik, 1992); and Arno Einwitschläger’s Amerikanische Wirtschaftpolitik in Österreich 1945-1949 (Vienna: Boehlau Verlag, 1998) appear in a footnote and in the bibliography but have no apparent salience in the text.
[2]. Richard Germann, “Austrian Soldiers and Generals in World War II,” Contemporary Austrian Studies 17 (2009): 29.
[3]. John W. Boyer, “Power, Partisanship, and the Grid of Democratic Politics: 1907 as the Pivot Point of Modern Austrian History,” Austrian History Yearbook 44 (2013): 168.
[4]. Tom Buchanan, Europe’s Troubled Peace, 1945-2000 (Malden, MA: Blackwell, 2006), 88.
[5]. David W. Ellwood, The Shock of America: Europe and the Challenge of the Century (New York: Oxford University Press, 2012), 337, 384.

Citation: Andrew N. Buchanan. Review of Bischof, Günter; Petschar, Hans, The Marshall Plan: Saving Europe, Rebuilding Austria. H-Diplo, H-Net Reviews. April, 2018.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=50939
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