domingo, 18 de abril de 2010

2032) Gincana diplomatica: tem quem goste...

A expressão é do Estadão, neste editorial, aliás, em todos, sempre cáusticos...

Só uma gincana diplomática
Editorial
O Estado de S. Paulo, Sábado, 17 de abril de 2010

Sobraram palavras e faltou conteúdo econômico e político nos comunicados e acordos firmados em Brasília, numa gincana diplomática, pelos chefes de governo do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul). Foi preciso comprimir os dois eventos na quinta-feira, porque o presidente chinês, Hu Jintao, teve de antecipar a volta a Pequim por causa do terremoto em seu país. O presidente Lula, como se previa, foi quem mais demonstrou entusiasmo em relação aos dois encontros. A consequência prática mais importante da conferência do Ibas foi um acordo para o lançamento de dois satélites de estudo climático. A declaração dos governantes do Bric não foi além de generalidades sobre o papel do Grupo dos 20 (G-20) e a ordem global em transformação.

A papelada mais extensa foi dedicada a um Plano de Ação Conjunta de brasileiros e chineses para o período 2010-2014. O plano inclui, entre outras ideias criativas, a promoção do intercâmbio e da cooperação entre os partidos das duas partes. O intercâmbio poderá ser instrutivo, mas desequilibrado, já que na China só existe um partido.

O comunicado do Bric contém uma convocação ao G-20 para formular uma estratégia coerente para o pós-crise, reafirma a solidariedade dos quatro governos ao Haiti, defende o diálogo entre civilizações, culturas, religiões e povos e anuncia o compromisso - cobrado igualmente de todos os Estados - de resistir a todas as formas de protecionismo comercial e combater restrições disfarçadas ao comércio.

Nenhum dos quatro países deixou de recorrer a barreiras e a outras formas de intervenção, desde o agravamento da crise, em 2008, e um deles é acusado por meio mundo de competir deslealmente, mantendo sua moeda desvalorizada (o yuan), e de prática habitual de dumping. Câmbio depreciado e práticas pouco transparentes de comércio têm sido apontados como fatores importantes para a conquista chinesa de mercados na América Latina. Parte desse avanço foi realizada à custa da indústria brasileira.

Mas, de acordo com o Plano de Ação Conjunta, as duas partes verão positivamente o engajamento de cada uma na cooperação com sua própria região. Além disso, apoiarão as trocas e cooperações entre a Ásia e a América Latina e o Caribe. Quem lê esse texto e desconhece os fatos pode até pensar num quadro de relações equilibradas e de competição equitativa. Quem sabe das coisas é tentado a repetir Nelson Rodrigues: há quem goste de apanhar. Mas Nelson Rodrigues, por machismo, dizia isso das mulheres, não dos governos.

Nas áreas de investimento e de comércio, a maior parte do plano se refere a ações interessantes principalmente para a China. Quando se menciona a cooperação nas áreas de energia, mineração, desenvolvimento, financiamento, serviços de engenharia e equipamento, os interesses facilmente identificáveis são os chineses.

Se a Petrobrás descobrir e explorar petróleo ou gás na China, o produto será destinado ao uso local. Se companhias chinesas participarem da mineração no Brasil, será para abastecer seu país. Não há nenhum crime nisso. Mas falta saber como isso afetará, por exemplo, a formação de preços no comércio bilateral. A mesma dúvida é justificável quando se fala sobre possíveis investimentos chineses na produção agrícola no Brasil. Para os chineses, Brasil e África não diferem muito nesse aspecto.

O plano abre caminho para a liberação das exportações de carne para a China, mas isso ainda vai depender de procedimentos técnicos e burocráticos sem prazo definido. É um passo positivo, mas muito modesto, quando se considera o circo armado pelo governo brasileiro para a visita do presidente chinês.

Segundo o documento, os Ministérios de Relações Exteriores dos dois países fortalecerão o diálogo para intensificar a confiança política mútua e ampliar a visão estratégica comum. Pelo menos essa passagem é quase realista: por enquanto, a estratégia comum existe nos discursos do presidente Lula. Na estratégia chinesa de médio e de longo prazos, o Brasil é sobretudo um fornecedor de matérias-primas e bens intermediários e, é claro, um grande e promissor mercado. O resto são devaneios de ficção diplomática que incluem até diálogo sobre direitos humanos.

2031) Reagindo contra a manipulaçao cambial

Imaginemos, por um momento, que a manipulacao do dolar, pelos americanos, estivesse provocando perdas comerciais e perdas de empregos, no Brasil; o que faria então a nossa diplomacia?
Isto é apenas uma hipótese, claro, uma especulação intelectual...
Paulo Roberto de Almeida


Reunião dos Bric ignora câmbio chinês
Alex Ribeiro
Valor Econômico, Sexta-feira, 16 de abril de 2010

A subvalorização da moeda chinesa provoca a perda de milhares de empregos industriais no Brasil, mas esse não foi um tema relevante na pauta da reunião de cúpula dos Bric, que trouxe ontem a Brasília o presidente Hu Jintao.

Esta semana, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esteve aqui em Washington para participar de uma reunião de cúpula de segurança nuclear. Foi uma oportunidade para questionar se o Brasil pretende fazer algo a respeito da manipulação do câmbio chinês.

Claro, mas talvez não com essas palavras, respondeu Amorim, rejeitando a expressão manipulação do câmbio, muito usada pelos industriais e sindicalistas americanos para designar a desvalorização artificial do yuan, a moeda chinesa. O Congresso dos Estados Unidos ameaça retaliar a China com tarifas mais altas, mas o Brasil prefere levar o assunto na base da negociação. Cada um tem sua maneira de agir, diz o ministro. A gente prefere mostrar como foi bom para o Brasil a experiência de câmbio flutuante, como isso ajudou também a combater a inflação.

Muito realista, o ministro acha que os chineses, por si só e para atender pressões de sua própria economia interna, terão que valorizar o câmbio mais cedo ou mais tarde. A China cresce rápido demais, e uma taxa de câmbio mais valorizada pode ajudar a conter pressões inflacionárias.

O câmbio subvalorizado da China faz com que o Brasil exporte menos produtos industrializados ao país asiático e se especialize em produtos básicos, além de sofrer a concorrência desleal de produtos chineses no mercado interno e também no comércio com outros países que compravam nossos bens manufaturados, como nossos vizinhos da América do Sul.

Também não é assim, protesta Amorim. Não dá para dizer que o Brasil virou um celeiro de commodities . Exportamos aviões, temos os investimentos da Marcopolo na China... Mas ele reconhece que é preciso avançar na diversificação da pauta de exportações para a China, já que, em sua opinião, o volume de negócios dos negócios com a China é adequado.

Nos Estados Unidos, a manipulação do câmbio pelos chineses é o mais importante tema da agenda econômica internacional. Alguns cálculos apontam que ele leva a uma perda de cerca de 2,5 milhões de empregos industriais. Há muita pressão da opinião pública para que o Departamento do Tesouro declare que a China manipula a moeda, e parlamentares apresentaram projetos de lei que permitem subir tarifas de importações de produtos chineses.

A China deu os primeiros sinais de que pode valorizar um pouco sua moeda, algo como 3% neste ano, percentual que talvez seja muito tímido para acalmar a opinião publica americana. Usando diferentes metodologias, os economistas calculam que a subvalorização do câmbio chinês em relação ao dólar esteja entre 20% e 40%.

No Brasil, surpreende que o assunto não tenha maior relevância. O Peterson Institute, um influente centro de estudos de Washington, calcula que o yuan esteja 40,7% subalorizado em relação ao dólar. Já o real brasileiro estaria valorizado em 15,7% em relação ao dólar. Tudo somado, o yuan estaria mais do que 50% subvalorizado em relação à nossa moeda.

Depois da crise financeira internacional, os Estados Unidos estão corrigindo um pouco de seu déficit externo e, porque a moeda chinesa é mantida artificialmente desvalorizada, o Brasil acaba sofrendo mais. A carga do ajuste da moeda americana, que deveria ser dividida com os chineses, está sendo carregada por países com taxas de câmbio flexível, como o Brasil. Visto de outra forma: os americanos estão consumido menos e exportando mais. Como os chineses impõem uma barreira cambial às exportações americanas, os Estados Unidos fazem seu ajuste externo despejando uma carga maior de produtos no Brasil.

Os prejuízos causados pelos chineses ao Brasil são um pouco obscurecidos pelo fato de que a nossa própria taxa de câmbio está sobrevalorizada. O real sobrevalorizado é um erro, que deveria ser corrigido com um aperto fiscal, mas um erro não justifica o outro.

Ironicamente, uma eventual apreciação do câmbio chinês significará, para o Brasil, uma taxa de câmbio ainda mais apreciada. Com uma moeda mais forte, a China ampliará a demanda por commodities exportadas pelo Brasil. Também permitirá à industria brasileira competir com os chineses com um pouco mais de igualdade tanto no nosso mercado interno como em outros mercados no exterior. A combinação desses dois fatores é o aumento dos dólares disponíveis no nosso mercado de câmbio, que levariam ao um real ainda mais forte.

Se é para ter um câmbio ainda mais apreciado, vale a pena o Brasil brigar por um câmbio chinês mais justo? Claro que sim. Hoje, a apreciação do câmbio é causada sobretudo pelo fluxo de capitais estrangeiros ao país. Mas o Brasil registra déficit em conta corrente, estimado em US$ 50 bilhões pelo mercado para este ano, e em US$ 60 bilhões no ano que vem. Se os chineses deixarem de manipular sua moeda, esse déficit tende a diminuir, deixando a nossa economia menos vulnerável a paradas súbitas no fluxo de capitais.

Com tantos interesses estratégicos em jogo em torno da moeda chinesa, é irônico que o principal assunto da agenda econômica na reunião com os Bric foram os mecanismos para substituir o dólar como moeda nas transações de países do grupo. Por enquanto, a ideia é apenas desenvolver os sistemas de pagamento em moedas locais, mas no longo prazo há a ambição de substituir o dólar como principal moeda de reserva internacional. Não há dúvida que, em algum momento, será adequado achar uma moeda mais estável e mais sólida do que o dólar para lastrear as relações econômicas internacionais. Mas é improvável que a solução vá nascer de entendimentos com um país que manipula sua própria moeda para tomar empregos de outras economias.

Alex Ribeiro é correspondente em Washington. A titular da coluna, Claudia Safatle, não escreve hoje excepcionalmente

E-mail: alex.ribeiro@valor.com.br

2030) Brasilia: cidada da gastanca irresponsavel

Poderosos gostam de viver em palácios, isso é conhecido desde a mais remota antiguidade. Geralmente se usavam escravos, na Antiguidade clássica, depois foi preciso recorrer a servos, e nos tempos recentes, burgueses e aristocratas tiveram de apelar ao seu próprio dinheiro para satisfazerem seus sonhos de luxo e ostentação.
O Brasil não tem escravos oficiais, apenas contribuintes amestrados, e totalmente passivos, que aceitam o tipo de ostentação nababesca que os novos magnatas impõem à sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

Sede do TSE terá 115.500 m² para sete ministros
Coluna de Claudio Humberto
Brasilia, 16.04.2010

Uma obra pública estimada em R$ 328,5 milhões provoca indignação e perplexidade até em Brasília, cidade habituada a escândalos e extravagâncias: a nova sede do Tribunal Superior Eleitoral terá 115.500 metros quadrados de luxo e conforto para que sete ministros atuem, a rigor, apenas quando há eleições.
Advogados experientes atestam: a atual sede do TSE atende perfeitamente as necessidades do serviço."
Um escândalo!!!!!
Iniciado por S. Exª o Min. Marco Aurélio, o que significa que nesta província, chamada Brasília, sorve-se dinheiro público sem que a população fique sabendo. Esta província é um museu de Palácios para alimentar a vaidade dos parasitas que neles se encastelam.

2029) Tribulacoes da nova diplomacia financeira do Brasil...

Criando problemas onde eles não existiam. A demissão pelo representante brasileiro no FMI, com laivos de humilhação (ordem de evacuar os locais em 24 horas, por exemplo), da representante colombiana no FMI (que não deve sua nomeação a ele, e sim ao governo colombiano), foi mais uma demonstração de arrogância e inabilidade de Paulo Nogueira Batista Jr.
Se a Colômbia se retirar do grupo brasileiro e aderir a um outro, o Brasil poderá perder a cadeira que exibe no Board. Mais um exemplo daquela velha lei das "consequências involuntárias", que certas pessoas não se lembram que existe...
Paulo Roberto de Almeida

O realismo mágico do PT no FMI
Veja, 21 de abril de 2010

REALISMO MÁGICO DO PT
NO FMI O economista Paulo Nogueira Batista Júnior foi nomeado, em 2007, diretor executivo e representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI). Descrente do capitalismo e alinhado à ala mais atrasada do PT, ele é um estranho no ninho em Washington. Há dois meses, abriu um conflito diplomático com a Colômbia, país que divide com o Brasil e um grupo de outras economias menores uma cadeira no diretório do Fundo. Nogueira Batista demitiu a representante colombiana, María Inés Agudelo, alegando escassez de qualificações profissionais para o posto. Rodrigo Botero, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e experiente analista da política latino-americana, revela que a demissão foi motivada pelo choque de visões a respeito de política econômica. "O fato é que Agudelo defendia políticas como as que são adotadas no Brasil com sucesso desde os anos 90", afirma Botero. "Mandar a Washington um representante que execra a própria política econômica de seu país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro." De Boston, onde vive, Botero conversou com o editor Giuliano Guandalini.

O INCIDENTE
"A destituição de María Inés Agudelo por Nogueira Batista viola o acordo de cavalheiros que existe há pelo menos quatro décadas entre o Brasil e a Colômbia. Nunca houve antes um incidente como esse. Nogueira Batista alega que ele, como diretor executivo da cadeira, teve amparo institucional ao demitir Agudelo. Foi o rompimento com uma prática saudável de convivência em que se cultiva a tolerância, com o respeito a profissionais nomeados por outros países. O Brasil adotou a atitude de tratar o incidente como uma questão exclusiva do ministro da Fazenda, Guido Mantega, responsável pela indicação de Nogueira Batista. Mas esse incidente afeta diretamente as relações bilaterais entre os países. Não estamos diante de uma questão meramente burocrática. O Planalto e o Itamaraty devem compreender que a grosseria de Nogueira Batista não colabora em nada para a boa vontade de outros países em relação à política internacional brasileira."

O CONFLITO
"Nogueira Batista não pode invocar o argumento de incompetência para destituir a colombiana. Agudelo possui mais credenciais acadêmicas que Nogueira Batista. As diferenças de Batista com Agudelo se devem a concepções incompatíveis sobre política econômica. Não é segredo para ninguém que Batista é crítico de uma política econômica que tenha um regime de metas de inflação, que empregue a flexibilidade cambial e que persiga metas de superávit fiscal primário. Esses são, em essência, os fundamentos da política econômica colombiana. São princípios que Agudelo, como representante de seu país, era obrigada a defender no FMI. Seria inconcebível que a Colômbia permitisse que um detrator de sua política econômica interviesse nas discussões do Fundo. Agora, se bem entendo, as políticas mencionadas são as mesmas que vêm sendo aplicadas com sucesso no Brasil desde os anos 90. Mandar a Washington um representante que execra a política econômica de seu próprio país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro. Mas isso é problema brasileiro, que não concerne à Colômbia."

RELAÇÕES ESTREMECIDAS "As relações entre Colômbia e Brasil, no FMI, foram tradicionalmente cordiais, baseadas no respeito mútuo. A afronta de Nogueira Batista constitui um desrespeito, um insulto. O governo colombiano notificou o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, de que Nogueira Batista não está autorizado a interferir em assuntos relacionados à Colômbia. A manutenção da harmonia nas relações requer que o Brasil reconheça a validade do acordo de cavalheiros que acaba de ser violentado e ofereça garantias de que aceita restabelecer a situação que imperava antes da chegada de Nogueira Batista ao FMI."

DIPLOMACIA BRASILEIRA
"Existem aspectos desconcertantes na diplomacia brasileira na América Latina. Dou três exemplos recentes. Primeiro, ter declarado que Hugo Chávez é o melhor presidente que a Venezuela teve em 100 anos. Segundo, ter equiparado o preso político e mártir da ditadura cubana Orlando Zapata, falecido na prisão depois de uma greve de fome, a um delinquente comum. Isso é uma indecência, uma obscenidade. O terceiro foi permitir que a Embaixada do Brasil em Honduras servisse de palco para a ópera-bufa encenada por Manuel Zelaya. Além de revelarem falta de profissionalismo diplomático, esses episódios contribuem para a percepção de que a política regional tem um viés a favor do chavismo. Minha impressão é que essa aparente esquizofrenia tem uma explicação em função das tensões no interior do PT. Lula teve de repudiar a plataforma de seu partido e adotar uma política econômica ortodoxa. Esse alinhamento exigiu que Lula apaziguasse o descontentamento da extrema esquerda do PT. Como prêmio de consolação, delegou a gestão das relações latino-americanas a personagens como Marco Aurélio Garcia e seus seguidores."

2028) Paulo Freire - um pessimo pedagogo e a insistencia no atraso...

Dois comentaristas se deram ao trabalho de comentar um post meu sobre o arremedo de pedagogo e uma das muitas (estúpidas) unanimidades nacionais, que responde pelo nome do post:

quinta-feira, 8 de abril de 2010
2054) Celebrando o atraso - Paulo Freire nos EUA
Idiotas existem em todas as partes, como comprova a informação abaixo...

Universidade americana comemora 40 anos da tradução de Paulo Freire para o inglês

Um, o José Marcos veio em socorro do Paulo Freire, dizendo que teve, uma vez, a "oportunidade de assistir a uma palestra de Paulo Freire um pouco depois de seu retorno ao Brasil. Com sua voz mansa e pausada, Paulo Freire brindou a assistência com um convite para olharmos o mundo com uma visão mais crítica. Sugeriu que nos conscientizássemos mais da realidade em que estávamos inseridos."

Ela está contente que Paulo Freire faça sucesso nos EUA, afirmando a propósito dos americanos que: "Seduzidos pela magia mefistofélica da ciência, não percebem que, muitas vezes, causam sofrimento desnecessário aos povos que não comungam com os seus ideais."

Pois é, os americanos foram seduzidos por essa magia mefistofélica, menos aqueles, claro, que puderam ler Paulo Freire, e foram guiados pela luz da razão e pela promessa de libertação dos valores vis do capitalismo. Por isso que os americanos são tão atrasados, e os brasileiros, cuja educação é dominada de maneira intensiva e extensiva pelos ensinamentos de Paulo Freire, são tão avançados, progressistas, prósperos e cientificamente na vanguarda da humanidade.

Em seguida, o leitor Rubens perguntou, gentilmente, ao primeiro "se a doutrina Bush é prejudicial ao Direito Internacional, e o com certeza o é, o que dizer da Doutrina Mao Tse-Tung, que Paulo Freire tanto propagava? Não foi nem um pouco prejudicial a tudo aquilo o direito mais quer preservar?"
Rubens sabe bem as diferenças entre os EUA e a China de Mao, e por isso convida o primeiro comentarista a ser mais cauteloso:
""Visão mais crítica da realidade"? Pergunte aos morreram na China comunista se a visão crítica que eles tinham foi respeitada. E o que Paulo Freira achava da educação na China."

Voltou então o José Marcos com uma longa tergiversação formalística sobre o que tinha afirmado Rubens, colocando questões absolutamente superficiais, jamais tocando no âmago da questão.

Vou ajudá-lo na tarefa, resumindo o debate desta forma, ao risco de ser cruel com ambos, isto é, Paulo Freire e seu procurador voluntário José Marcos.

Paulo Freire, junto com outros representantes do marxismo universitário, é um dos muitos publicistas (avant la lettre, no seu caso) do "outro mundo possível". Existem, sim, muitos escritos nos quais ele celebra o sistema chinês -- provavelmente na ignorância completa do que se passava lá -- num momento em que a China era submetida, por aquele lunático econômico, a um dos maiores experimentos de engenharia social de que se tem notícia na história da humanidade.
Talvez o José Marcos não saiba, mas quando Paulo Freire escrevia suas maravilhas pedagógicas e celebrava os feitos do comunismo maoista, a China empreendia sob a liderança de Mao o "grande salto para a frente", que simplesmente resultou na morte -- por fome e outras endemias -- de aproximadamente 25 milhões de pessoas.
Pouco depois, a chamada Revolucao Cultural simplesmente destruiu o que tinha sobrado de universidade na China, mandando professores trabalhar no campo, em aldeias recuadas.

Mas, deixemos a tragédia maoista de lado, pois isso não nos concerne diretamente (embora os acadêmicos brasileiros escolham deliberadamente ignorar essas realidades) e voltemos para Paulo Freire.
Ele certamente foi uma pessoa bem intencionada, ainda que completamente equivocada. Ele queria o bem do povo, apenas que, como muitos outros marxistas vulgares, ele tinha uma visão deformada da realidade, que ele via sempre em preto e branco, conforme os ditames da luta de classes. Se era aristocrata, burguês, classe dominante, capitalismo, tudo isso era intrinsecamente perverso, maléfico para o povo. Se fosse do povo, das chamadas classes subalternas, dos oprimidos, então era literalmente bom, e deveria ser promovido.
O que faltava, ao povo, era uma consciência de classe, que era preciso promover, pela educação, para ele lutar pela sua libertação da opressão (capitalista, obviamente).
O mundo do socialismo -- chinês, ou outro -- era infinitamente superior ao mundo capitalista, odiado por qualquer marxista que se preze.
A educacao do povo deveria ser feita menos do be-a-bá tradicional, do tipo "Ivo viu a uva", e mais com as realidades simples do dia a dia: enxada, foice, martelo, sandálias, cabanas, em contraste com a opulência das elites. Tudo isso seria mudado um dia, se as pessoas do povo tomassem consciência de que eles eram pobres apenas porque os ricos os tinham explorado e roubado.

Estou simplificando um pouco, mas essa era a mensagem de Paulo Freira, um marxismo de botequim extremamente vulgar, para não dizer idiota, assim como são idiotas, ingênuos ou ignorantes aqueles que acham que sua mensagem tenha algo a ver com a atualidade e as necessidades de paises, ricos ou pobres.

O que essas pessoas não percebem é que o "paulofreirismo", dominante nos cursos de pedagogia do Brasil desde o final dos anos 1960 pelo menos, vem sendo praticado nos estabelecimentos de ensino de uma forma ou de outra, com os resultados que se conhecem: o Brasil é um dos últimos lugares em TODOS os exames comparativos de avaliação escolar que se possa fazer pelo mundo afora.

Se os leitores, especialmente o José Marcos, não conhece essa realidade, eu o convido a entrar na pagina da OCDE (www.oecd.org) e buscar por PISA: Program of International Student Assessment, e ver ali o lugar do Brasil nas três áreas selecionadas para avaliação: língua nacional, ciências básicas, matemáticas elementares. O Brasil consegue concentrar seus alunos nas seções inferiores, no que constitui uma tragédia nacional.

Não tenho nenhuma hesitação em atribuir a Paulo Freire uma grande, uma ENORME responsabilidade por essa tragédia.

Paulo Roberto de Almeida
(Dunhuang, China, 18.04.2010)

sábado, 17 de abril de 2010

2027) O economista presidente do Corecon-RJ deveria voltar para a Faculdade de Economia

Leiam primeiro a matéria abaixo e depois voltem para o meu comentário inicial:

Acredito que o presidente do Corecon-RJ precise estudar um pouco mais de economia, e também se informar melhor sobre a história da divida externa do Brasil, e sobretudo das condicoes macroeconomicas de sua divida interna, antes de escrever uma peça mal informada, mal refletida, mal argumentada.
Os tres elementos de politica economica que caracterizam o Brasil atualmente -- flexibilidade cambial, metas de inflacao, superavit primario, o que é falacioso, diga-se de passagem -- NUNCA foram exigencia do FMI e sim decisao nacional adotada em acordo com o FMI, desde o segundo acordo feito com o organismo, e que nao constava do primeiro em 1998.
No primeiro, o FMI tentou exigir, sim, é bom que se diga, desvalorização cambial, algo que suponho o articulista também recomende, como metade da burguesia brasileira, o que o Brasil se recusou a fazer. O FMI sempre recomenda desvalorizacao em caso de desequilibrios externos, talvez o presidente do Corecon-RJ não saiba.
O Brasil adotou o regime de metas inflacionarias quando decidiu, por realismo economico, deixar o regime de bandas cambiais pelo de flutuacao, esta é a simples verdade. Se substitui uma ancora pela outra, o que é demonstracao de simples racionalidade, e não de submissao ao FMI.
O que o FMI sempre exigiu, diga-se de passagem como qualquer mãe administrando um orçamento doméstico exigiria, foi equilibrio nas contas públicas, ou seja, não gastar mais do que se arrecada, ou se ganha, no caso familiar.
Isso o Brasil deveria fazer por interesse próprio, não por exigência de qualquer orgao externo, por simples medida de economia doméstica. Ele o fez de modo canhestro, primário, mistificador, com o tal de superavit primário, que só cobre uma parte do serviço da dívida total.
Diga-se de passagem também que a dívida externa não constitui problema, pois ela é pequena em relação ao PIB, e seus juros são menores.
A dívida interna é sim um ENORME problema e isso não tem nada a ver com o FIM, e sim com a capacidade do Estado de gastar mais do que arrecada.
A solução do calote, que o articulista preconiza, seria usada apenas uma vez, pois se supõe que, continuando a haer déficits, não haveria mais emprestadores de dinheiro para o Estado, que assim mergulharia o país na recessão.
O articulista é um irresponsável, ou um ignorante, por propor esta solução.
Sugiro que ele volte para a Faculdade, para estudar um pouco mais de economia...
Paulo Roberto de Almeida
(Dunhuang, 18.04.2010)

A dívida e as contas externas
Paulo Passarinho
Socialismo e Liberdade, Sexta, 16 de abril de 2010

Na última quarta-feira, 14 de abril, Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Henrique Meireles, presidente do Banco Central com status de ministro - "beneficiado" por Lula, em decorrência de acusações que lhe pesam de evasão de divisas, sonegação fiscal e falsidade ideológica - estiveram presentes na Câmara dos Deputados, em depoimento à CPI da Dívida Pública.

Conforme era de se esperar, destilaram otimismo. O endividamento não é preocupante. Para o ministro da Fazenda, a dívida líquida do setor público apresenta uma queda nos últimos anos, as taxas de juros foram reduzidas e o prazo dos títulos da dívida ampliados. A própria dívida externa também seria um problema superado, pois o acúmulo de reservas cambiais nos dá garantias, segurança e capacidade de pagamento. Sobraram elogios até mesmo para a política monetária e as suas metas de inflação, com Mantega enfatizando que não sofremos mais a ingerência do FMI e de bancos internacionais na gestão macroeconômica.

O ministro, que já teve um passado acadêmico com tinturas marxistas, desprezou fatos históricos banais. A adoção da política monetária baseada no modelo de metas inflacionárias, a política fiscal com o objetivo de se alcançar pesadas metas de superávit primário e o regime de câmbio flutuante - características da atual política macroeconômica - foram exigências do último acordo celebrado com o FMI, ainda no tempo de FHC. É verdade que o acordo não mais existe formalmente, mas as políticas recomendadas pelo Fundo deitaram raízes profundas nas cabeças dos nossos dirigentes, a ponto de fazê-los esquecer do passado recente. Com relação à ingerência dos bancos internacionais, talvez o ministro da Fazenda tenha razão: o comando do Banco Central do Brasil por um executivo, ex-presidente mundial do Bank of Boston, como é o caso de Meireles, talvez não se configure propriamente em uma ingerência, mas sim numa intervenção direta de um credor internacional.

Seria tudo apenas patético, não fora a tragédia que essa mesma política representa para milhões de brasileiros que continuam carentes de políticas públicas de qualidade e eficiência, em áreas básicas como a educação, a saúde, a habitação popular, os transportes públicos ou o saneamento.

Conforme tenho constantemente enfatizado, todas essas políticas têm se degradado a olhos vistos nos últimos anos. E dificilmente qualquer análise séria sobre as razões desse processo poderá deixar de lembrar que os recursos públicos para investimentos nessas áreas ficam extremamente prejudicados com as despesas crescentes que as políticas monetária e cambial em vigor acarretam para as contas públicas.

A carga de juros paga anualmente aos credores da dívida pública é gigantesca, nunca inferior a R$ 150 bilhões. No ano passado, por exemplo, chegou ao montante de R$ 169 bilhões, incluindo as despesas da União, de estados, e de municípios, de acordo com o próprio ministro.

Conforme o importante trabalho realizado pela Campanha pela Auditoria Cidadã da Dívida, no ano de 2009, 36% das despesas realizadas no âmbito do Orçamento Geral da União - equivalentes a R$ 380 bilhões!! - foram usadas no pagamento de juros e amortizações. Guido Mantega contestou esse dado, pois ele não considera adequada a inclusão das despesas com o pagamento das amortizações, nesse cálculo.

O deputado Ivan Valente, do PSOL de S.Paulo e proponente original da CPI, lembrou ao ministro que a própria MP 435/2008 permitiu que o Executivo desviasse bilhões de reais de diversas áreas sociais - incluindo recursos da União, arrecadados pela receita dos royalties do petróleo, objeto de recente e ferrenha disputa entre os estados, justamente para o pagamento de amortizações.

Mas nada disso parece abalar as convicções otimistas dos ministros.

A dívida interna em títulos do governo federal ultrapassa hoje a R$ 2 trilhões. Quando Lula assumiu o governo, em janeiro de 2003, a dívida era de R$ 687 bilhões. Se lembrarmos que em janeiro de 1995, quando do início dos governos de FHC, essa dívida era de apenas R$ 59,4 bilhões, dá para se ter uma idéia do que estamos falando em termos de comprometimento das finanças públicas. Com esse tipo de política, baseada em altíssimas taxas de juros, abertura financeira e todo tipo de incentivo à especulação, especialmente por parte de quem têm acesso aos mercados internacionais, não há condição de muita margem de manobra para que políticas voltadas para a maioria da população sejam contempladas com recursos financeiros suficientes.

Nossos atuais dirigentes não se importam com esse tipo de dado. Talvez lhes interessem mais os elogios que a banca internacional, e a tupiniquim, vivem a fazer ao atual governo brasileiro.

Talvez prefiram mesmo observar o crescimento econômico sustentado por uma economia de endividamento das famílias, a partir de mecanismos de crédito em expansão e a um custo financeiro extremamente elevado, com as maiores taxas de juros do mundo. Afinal, a política de valorização do salário mínimo, os programas de transferência de renda aos miseráveis e a geração de empregos de baixa remuneração e qualidade, atende aos mais pobres. Com uma enorme demanda reprimida por bens e serviços, esses setores impulsionam o mercado interno e ao menos até o momento permitem que os dirigentes da economia e da política possam capitalizar o relativo desempenho observado, em particular na comparação com FHC.

Contudo, nem tudo são flores.

O que permitiu essa aparente transformação dos efeitos do mesmo modelo, na comparação entre os governos FHC e Lula, foi a conjuntura econômica internacional e especialmente os resultados das contas externas do país.

Desde 2003, o furor exportador brasileiro de commodities agrícolas e minerais foi contemplado pela demanda asiática, puxada pela economia chinesa, e permitiu que o Brasil passasse a ter saldos positivo nas nossas transações correntes com o exterior, algo inédito na história recente do Brasil.

Porém, essa primavera se encerrou em 2008, quando voltamos a contrair resultados negativos em nossa conta corrente. De um saldo recorde, em 2005, de US$ 14 bilhões, passamos a um déficit de US$ 28,3 bilhões, em 2008, e um resultado novamente negativo, em 2009, de US$ 24,3 bilhões. Para esse ano, o próprio Banco Central projeta um déficit em conta corrente de US$ 49 bilhões, resultado de um saldo comercial que despenca - em 2006, chegamos a um resultado recorde de US$ 46,5 bilhões, e para 2010 a projeção é que tenhamos um saldo de apenas US$ 10 bilhões. Como a nossa conta de serviços é estruturalmente deficitária, e estimada em US$ 59 bilhões para esse ano, o Banco Central chegou a essa estimativa de déficit de nossas transações correntes, resultado da combinação das projeções feitas para os resultados da conta comercial e de serviços.

É interessante notar que, nessa projeção do déficit da conta de serviços, a estimativa do Banco Central é de uma despesa, somente com remessa de lucros e dividendos, em 2010, da ordem de US$ 32 bilhões, e, com o pagamento de juros da dívida externa - que para Lula acabou, e que para Mantega não é mais um problema - a conta fique em US$ 8,3 bilhões.

Seria talvez importante que ambos conversassem, com mais cuidado, com o banqueiro Henrique Meireles.

15/04/2010

Paulo Passarinho é economista e presidente do CORECON-RJ

2026) O Imperio em busca de uma estrategia - um problema filosofico ou pratico?

Leiam primeiro, se desejarem, a matéria abaixo, do Washington Post, que alerta que o Secretário da Defesa dos EUA, com toda a sua candura (e estupidez) de politico profissional, diz abertamente o que nenhum estrategista verdadeiro, desde Sun Tzu pelo menos, diria em publico e nesses termos.
Se trata de alguem notoriamente despreparado para o cargo, de qualquer republiqueta que se pense, quanto mais do Imperio mais poderoso do planeta.
Se nao tem uma estrategia de longo prazo (ou de qualquer prazo), deveria mandar fazer uma, em lugar de ficar com devaneios filosoficos (que nao sei ainda quais sao, pois ainda nao li o documento original, so reagindo ao alerta do jornal).
Os israelenses tem sim uma estrategia, mas ela corre o risco de incendiar a regiao, e precipitar muito mais mortes e destruicao do que qualquer outra solucao diplomatica (que sera sempre de acomodacao, é bom que se diga de imediato).
Se os americanos nao tem estrategia, poderiam comecar discutindo a estrategia de quem tem: seja aos israelenses, seja ao G6 que discute o problema, até ao Brasil e sua diplomacia do olho-no-olho (quem sabe dá certo e o Lula consegue ser Premio Nobel da Paz, como tanto almeja?).
O que nao se pode é ficar fazendo documentos filosoficos. Secretario da Defesa não é para fazer filosofia, é para defender o seu pais, qualquer que seja a concepcao de defesa que este tenha democraticamente aprovado.
Neste caso, é tambem bom que se diga, os EUA estão prestando um servico de utilidade publica mundial.
Ou alguem acredita que o mundo estará melhor quando os iranianos possuirem a bomba atomica?
Bem, pode ser que alguem acredite nisso, aqui mesmo no Brasil.
Mas eu estou falando de pessoas sensatas...
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Paulo Roberto Almeida

Gates Says U.S. Lacks Strategy to Curb Iran’s Nuclear Drive
By DAVID E. SANGER and THOM SHANKER
The Washington Post, April 17, 2010

WASHINGTON — Defense Secretary Robert M. Gates has warned in a secret three-page memorandum to top White House officials that the United States does not have an effective long-range policy for dealing with Iran’s steady progress toward nuclear capability, according to government officials familiar with the document.

Several officials said the highly classified analysis, written in January to President Obama’s national security adviser, Gen. James L. Jones, touched off an intense effort inside the Pentagon, the White House and the intelligence agencies to develop new options for Mr. Obama. They include a revised set of military alternatives, still under development, to be considered should diplomacy and sanctions fail to force Iran to change course.

Officials familiar with the memo’s contents would describe only portions dealing with strategy and policy, and not sections that apparently dealt with secret operations against Iran, or how to deal with Persian Gulf allies.

One senior official, who like others spoke on the condition of anonymity because of the sensitive nature of the memo, described the document as “a wake-up call.” But White House officials dispute that view, insisting that for 15 months they had been conducting detailed planning for many possible outcomes regarding Iran’s nuclear program.

In an interview on Friday, General Jones declined to speak about the memorandum. But he said: “On Iran, we are doing what we said we were going to do. The fact that we don’t announce publicly our entire strategy for the world to see doesn’t mean we don’t have a strategy that anticipates the full range of contingencies — we do.”

But in his memo, Mr. Gates wrote of a variety of concerns, including the absence of an effective strategy should Iran choose the course that many government and outside analysts consider likely: Iran could assemble all the major parts it needs for a nuclear weapon — fuel, designs and detonators — but stop just short of assembling a fully operational weapon.

In that case, Iran could remain a signatory of the Nuclear Nonproliferation Treaty while becoming what strategists call a “virtual” nuclear weapons state.

According to several officials, the memorandum also calls for new thinking about how the United States might contain Iran’s power if it decided to produce a weapon, and how to deal with the possibility that fuel or weapons could be obtained by one of the terrorist groups Iran has supported, which officials said they considered to be a less-likely possibility.

Mr. Gates has never mentioned the memo in public. His spokesman, Geoff Morrell, declined comment on specifics in the document, but issued a statement on Saturday saying, “The secretary believes the president and his national security team have spent an extraordinary amount of time and effort considering and preparing for the full range of contingencies with respect to Iran.”

Pressed on the administration’s ambiguous phrases until now about how close the United States was willing to allow Iran’s program to proceed, a senior administration official described last week in somewhat clearer terms that there was a line Iran would not be permitted to cross.

The official said that the United States would ensure that Iran would not “acquire a nuclear capability,” a step Tehran could get to well before it developed a sophisticated weapon. “That includes the ability to have a breakout,” he said, using the term nuclear specialists apply to a country that suddenly renounces the nonproliferation treaty and uses its technology to build a small arsenal.

Nearly two weeks ago, Mr. Obama, in an interview with The New York Times, was asked about whether he saw a difference between a nuclear-capable Iran and one that had a fully developed weapon. “I’m not going to parse that right now,” he said. But he noted that North Korea was considered a nuclear-capable state until it threw out inspectors and, as he said, “became a self-professed nuclear state.”

Mr. Gates has alluded to his concern that intelligence agencies might miss signals that Iran was taking the final steps toward producing a weapon. Last Sunday on the NBC News program “Meet the Press,” he said: “If their policy is to go to the threshold but not assemble a nuclear weapon, how do you tell that they have not assembled? I don’t actually know how you would verify that.” But he cautioned that Iran had run into production difficulties, and he said, “It’s going slow — slower than they anticipated, but they are moving in that direction.”

Mr. Gates has taken a crucial role in formulating the administration’s strategy, and he has been known over his career to issue stark warnings against the possibility of strategic surprise.

Some officials said his memo should be viewed in that light: as a warning to a relatively new president that the United States was not adequately prepared.

He wrote the memo after Iran had let pass a 2009 deadline set by Mr. Obama to respond to his offers of diplomatic engagement.

Both that process and efforts to bring new sanctions against Iran have struggled. Administration officials had hoped that the revelation by Mr. Obama in September that Iran was building a new uranium enrichment plant inside a mountain near Qum would galvanize other nations against Iran, but the reaction was muted. The next three months were spent in what proved to be fruitless diplomatic talks with Iran over a plan to swap much of its low-enriched uranium for fuel for a medical reactor in Tehran. By the time Mr. Gates wrote his memo, those negotiations had collapsed.

Mr. Gates’s memo appears to reflect concerns in the upper echelons of the Pentagon and the military that the White House did not have a well-prepared series of alternatives in place in case all the diplomatic steps finally failed. In fact, just before Mr. Gates issued his warning, the chairman of the Joint Chiefs of Staff, Adm. Mike Mullen, wrote an official “chairman’s guidance” to his staff saying that while any military option would have “limited results” against Iran’s nuclear facilities, preparations needed to be stepped up.

“Should the president call for military options, we must have them ready,” the admiral wrote.

Administration officials testifying before a Senate committee last week made it clear that those preparations were under way. So did General Jones. “The president has made it clear from the beginning of this administration that we need to be prepared for every possible contingency,” he said in the interview. “That is what we have done from day one, while successfully building a coalition of nations to isolate Iran and pressure it to live up to its obligations.”

At the same hearing before the Senate Armed Services Committee, Lt. Gen. Ronald L. Burgess Jr., director of the Defense Intelligence Agency, and Gen. James E. Cartwright, the vice chairman of the Joint Chiefs of Staff and one of the military’s most experienced officers on nuclear matters, said that Iran could produce bomb-grade fuel for at least one nuclear weapon within a year, but that it would probably need two to five years to manufacture a workable atomic bomb.

The administration has been stepping up efforts to contain the influence of Iran and counter its missiles, including placing Patriot anti-missile batteries, mostly operated by Americans, in several states around the Persian Gulf.

The Pentagon also is moving ahead with a plan for regional missile defense that reconfigures architecture inherited from the Bush administration to more rapidly field interceptors on land and at sea.

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