Tendo a concordar com o articulista, o que quer dizer que discordo totalmente da atual campanha eleitoral, em que todos acham que está tudo muito bem, mas que mais pode ser feito, que o Brasil pode fazer melhor, que vamos continuar melhorando o que já é bom, etc.
Como tudo isso é falso, é hipocrisia, seria preciso alguém que dissesse: NÃO, não está bem. A educação é uma porcaria, a saúde pior ainda, os transportes horríveis, a infra-estrutura deplorável, os serviços públicos lamentáveis, a desfaçatez política além da conta.
Sou conta a maior parte das coisas que andam por aí: Bolsa-Família, ativismo estatal, extração tributária, mentiras, corrupção, roubalheiro, mandarinato extensivo, greves de burocratas estatais, enfim, esses espetáculo dantesco a que assistimos todos os dias.
Não tenho nenhuma ilusão de que um dos dois candidatos mais competitivos tenha capacidade e aquela coisa que se chama coragem por outro nome para mudar tudo isso que está errado. Infelizmente isso não vai ocorrer. E o Brasil vai continuar se arrastando penosamente em direção à modernidade, se atrasando em relação a outros países, vai continuar alimentando a corja de ladrões que vivem do dinheiro público (ou seja, do nosso dinheiro), enfim, nada vai mudar de substancial.
Por isso mesmo este blog vai continuar chamando atenção para o que está errado...
Paulo Roberto de Almeida
Presente fictício, futuro estático
CLAUDIO WEBER ABRAMO
Folha de S.Paulo, 10.08.2010
Os candidatos são reacionariamente situacionistas; tanto faz quem seja eleito
ELEIÇÕES TÊM a ver com o futuro. Plataformas eleitorais formulam-se em torno de visões sobre como a comunidade deve orientar-se na projeção do tempo. Para que alguém possa propor algo a respeito do futuro, é imprescindível que se baseie em alguma espécie de apreciação sobre o presente.
Qual é o presente que os candidatos "mainstream" à Presidência da República e aos governos estaduais têm em mente?
Seja porque acreditem, seja porque tenham receio de exprimir claramente o que pensam, para esses candidatos o Brasil seria mesmo aquele país pujante e cheio de gente otimista dos reclames publicitários oficiais e das grandes empresas.
Todos, ou quase todos, parecem entregues ao simbolismo fictício dos Brics, como se realmente fizesse algum sentido mencionar o Brasil na mesma frase em que aparecem China, Rússia ou Índia. Todos acham que sediar a Copa do Mundo de futebol em 2014 seja algo sensato. Ninguém tem alguma palavra crítica ao Bolsa Família.
É claro que deve haver quem seja capaz de apresentar argumentos em favor da Copa de 2014, do Bolsa Família e de outros temas (embora quanto às pretensas condições de desenvolvimento brasileiras isso seja missão impossível). O que espanta é inexistência de vozes discordantes.
Enquanto os candidatos jogam o jogo do contente, o país real convive com um poder Legislativo irrelevante, com partidos com escassa ou nenhuma representatividade política, com um poder Judiciário incapaz de proporcionar justiça, com agências reguladoras capturadas pelos interesses que deveriam vigiar, com um funcionalismo público que, com raras e notáveis exceções, varia de incompetente a aproveitador, com um setor privado avesso ao risco e à inventividade, com uma academia improdutiva... a lista das disfuncionalidades brasileiras é inesgotável.
No entanto, nenhuma dessas e outras ineficiências, incompetências e picaretagens aparece nas plataformas dos candidatos com alguma chance de sucesso eleitoral. Para eles, o presente está ótimo e nada há a mudar em relação ao futuro.
Na prática, portanto, e independentemente das siglas partidárias sob as quais se apresentam ou de seus eventuais apoiadores, os candidatos são todos reacionariamente situacionistas.
O que, ao fim e ao cabo, é natural e esperado. Num país que vive de ilusões, eleições representam apenas mais uma vertente ficcional. De modo que tanto faz quem venha a ser eleito. Mudarão apenas os personagens, os grupos beneficiados por privilégios e os aventureiros entre os quais o Estado será repartido.
CLAUDIO WEBER ABRAMO é diretor-executivo da Transparência Brasil
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
As bases da burguesia do capital alheio: os fundos de pensao
Desta vez, o bicho pegou! Ou: O coração do sistema
Reinaldo Azevedo, 10.08.2010
Vocês notaram o silêncio sepulcral — acompanhado, no máximo, de alguns borborigmos que se ouvem como a justificativa possível — dos petistas e no geral, e dos acusados no particular, em relação a este caso do bunker montado na Previ? Um grupo é acusado por um ex-membro da equipe de comandar uma espécie de política secreta lotada num fundo de pensão e tem uma reação verdadeiramente indignada: prefere não comentar…
A própria rede petralha ficou em silêncio. Até aqueles que recebem dinheiro público para fingir que fazem jornalismo são modestos no seu trabalho a soldo. Por que isso?
Por que os fundos de pensão são o coração do sistema? Terei de recorrer a um texto publicado no dia 3 de fevereiro do ano passado. Vocês vão ver como, modestamente, costumamos chamar as coisas pelo nome que elas têm neste blog. Havia então uma disputa entre o PT e o PMDB pelo controle do Real Grandeza, o fundo de pensão de Furnas. Tio Rei escreveu, então, o que segue em azul (em itálico, neste post):
O PT TEM DOIS PODERES: O TEMPORÁRIO E O PERMANENTE. O PRIMEIRO DEPENDE DAS URNAS; O SEGUNDO É GARANTIDO PELO CIPOAL LEGAL QUE REGULA OS FUNDOS DE PENSÃO, QUE CONFERE AOS SINDICATOS O CONTROLE DE UM PATRIMÔNIO DE QUASE R$ 300 BILHÕES. E O PT COMANDA BOA PARTE DOS SINDICATOS, ESPECIALMENTE OS DE EMPRESAS ESTATAIS, O QUE LHE FACULTA O COMANDO DOS FUNDOS DE PENSÃO INDEPENDENTEMENTE DO QUE DIGAM AS URNAS.
POUCO IMPORTA QUEM SEJA O PRÓXIMO PRESIDENTE, JOSÉ SERRA OU DILMA ROUSSEFF, A, SEM TROCADILHO, REAL GRANDEZA DO PT SE MANTÉM PRATICAMENTE INALTERADA.
Se vocês procurarem no arquivo do blog, encontrarão centenas de textos em que sustento que o poder real do PT não está no controle das verbas do Orçamento. Sem dúvida, ali se encontra uma fonte imensa de recursos, mas o partido é obrigado a dividi-los com parceiros de igual ou maior apetite, a começar do PMDB - que é o que é, ou não estaria junto com o petismo. O dinheiro do Orçamento disponível para investimento, além de mais escasso, está sujeito a controles e a uma maior vigilância da imprensa. Já os fundos… Na prática, ninguém controla. Como boa parte da sua capitalização é feita com recursos públicos, eles representam uma apropriação do dinheiro público pela máquina sindical.
A própria história da privatização, vista pelo ângulo da participação dos fundos de pensão, nos revelaria que a economia brasileira é bem menos privada do que parece. Não! Escrevo de outro modo: os grandes beneficiários da privatização foram os sindicatos das empresas estatais - e isso quer dizer Central Única dos Trabalhadores.
Uma das maiores lambanças do governo Lula - a disputa entre o banqueiro Daniel Dantas e o petismo pelo controle da Brasil Telecom, finalmente vendida à Oi ao arrepio da lei então vigente, mudada só para possibilitar o negócio - teve os fundos como protagonistas. Os petistas mandaram, e eles romperam com Dantas, aliando-se a seus adversários. Alijado do controle da BrT, o banqueiro acabou concordando com a venda, o que acabou sendo um bom negócio pra ele: rendeu-lhe a bagatela de R$ 2 bilhões…
Volto a 10 de agosto de 2010
Os fundos de pensão financiam a farra do petismo. A rigor, eles podem impor a sua vontade, hoje, a alguns potentados da economia, que apenas aparentemente estão sob controle privado. Só a Previ, este em que Gerardo Santiago diz ter sido montada o que chamo de polícia política para perseguir adversários do governo e do PT, tem um patrimônio de 140 bilhões.
Caso Dilma Rousseff perca a eleição para José Serra, a máquina petista não ficará na chuva. Os “companheiros” continuarão a dar as cartas nos fundos; eles fizeram, assim, a acumulação primitiva do capital que financia o “estato-capitalismo” petista. São eles a melhor expressão da nova classe social que batizei de “burguesia do capital alheio”.
Reinaldo Azevedo, 10.08.2010
Vocês notaram o silêncio sepulcral — acompanhado, no máximo, de alguns borborigmos que se ouvem como a justificativa possível — dos petistas e no geral, e dos acusados no particular, em relação a este caso do bunker montado na Previ? Um grupo é acusado por um ex-membro da equipe de comandar uma espécie de política secreta lotada num fundo de pensão e tem uma reação verdadeiramente indignada: prefere não comentar…
A própria rede petralha ficou em silêncio. Até aqueles que recebem dinheiro público para fingir que fazem jornalismo são modestos no seu trabalho a soldo. Por que isso?
Por que os fundos de pensão são o coração do sistema? Terei de recorrer a um texto publicado no dia 3 de fevereiro do ano passado. Vocês vão ver como, modestamente, costumamos chamar as coisas pelo nome que elas têm neste blog. Havia então uma disputa entre o PT e o PMDB pelo controle do Real Grandeza, o fundo de pensão de Furnas. Tio Rei escreveu, então, o que segue em azul (em itálico, neste post):
O PT TEM DOIS PODERES: O TEMPORÁRIO E O PERMANENTE. O PRIMEIRO DEPENDE DAS URNAS; O SEGUNDO É GARANTIDO PELO CIPOAL LEGAL QUE REGULA OS FUNDOS DE PENSÃO, QUE CONFERE AOS SINDICATOS O CONTROLE DE UM PATRIMÔNIO DE QUASE R$ 300 BILHÕES. E O PT COMANDA BOA PARTE DOS SINDICATOS, ESPECIALMENTE OS DE EMPRESAS ESTATAIS, O QUE LHE FACULTA O COMANDO DOS FUNDOS DE PENSÃO INDEPENDENTEMENTE DO QUE DIGAM AS URNAS.
POUCO IMPORTA QUEM SEJA O PRÓXIMO PRESIDENTE, JOSÉ SERRA OU DILMA ROUSSEFF, A, SEM TROCADILHO, REAL GRANDEZA DO PT SE MANTÉM PRATICAMENTE INALTERADA.
Se vocês procurarem no arquivo do blog, encontrarão centenas de textos em que sustento que o poder real do PT não está no controle das verbas do Orçamento. Sem dúvida, ali se encontra uma fonte imensa de recursos, mas o partido é obrigado a dividi-los com parceiros de igual ou maior apetite, a começar do PMDB - que é o que é, ou não estaria junto com o petismo. O dinheiro do Orçamento disponível para investimento, além de mais escasso, está sujeito a controles e a uma maior vigilância da imprensa. Já os fundos… Na prática, ninguém controla. Como boa parte da sua capitalização é feita com recursos públicos, eles representam uma apropriação do dinheiro público pela máquina sindical.
A própria história da privatização, vista pelo ângulo da participação dos fundos de pensão, nos revelaria que a economia brasileira é bem menos privada do que parece. Não! Escrevo de outro modo: os grandes beneficiários da privatização foram os sindicatos das empresas estatais - e isso quer dizer Central Única dos Trabalhadores.
Uma das maiores lambanças do governo Lula - a disputa entre o banqueiro Daniel Dantas e o petismo pelo controle da Brasil Telecom, finalmente vendida à Oi ao arrepio da lei então vigente, mudada só para possibilitar o negócio - teve os fundos como protagonistas. Os petistas mandaram, e eles romperam com Dantas, aliando-se a seus adversários. Alijado do controle da BrT, o banqueiro acabou concordando com a venda, o que acabou sendo um bom negócio pra ele: rendeu-lhe a bagatela de R$ 2 bilhões…
Volto a 10 de agosto de 2010
Os fundos de pensão financiam a farra do petismo. A rigor, eles podem impor a sua vontade, hoje, a alguns potentados da economia, que apenas aparentemente estão sob controle privado. Só a Previ, este em que Gerardo Santiago diz ter sido montada o que chamo de polícia política para perseguir adversários do governo e do PT, tem um patrimônio de 140 bilhões.
Caso Dilma Rousseff perca a eleição para José Serra, a máquina petista não ficará na chuva. Os “companheiros” continuarão a dar as cartas nos fundos; eles fizeram, assim, a acumulação primitiva do capital que financia o “estato-capitalismo” petista. São eles a melhor expressão da nova classe social que batizei de “burguesia do capital alheio”.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
E por falar em Amazonia, tem maluco para tudo
Este maluco inglês, por exemplo, Ed Stafford, caminhou todo o Amazonas, de sua nascente ao mar.
Um explorador dos tempos modernos...
Veja o relato de seu projeto Walking the Amazon eu seu blog: http://www.walkingtheamazon.com/#top
Ou em seu novo site: http://www.edstafford.org/
Um explorador dos tempos modernos...
Veja o relato de seu projeto Walking the Amazon eu seu blog: http://www.walkingtheamazon.com/#top
Ou em seu novo site: http://www.edstafford.org/
Al Capones tupiniquins: as mafias sindicais e a politica brasileira
Bem, os companheiros ainda não circulam de metralhadoras pelas ruas da Chicago do cerrado, mas tem outras armas letais, capazes de matar a democracia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
A 'fábrica de dossiês' do PT
Editorial - O Estado de S.Paulo
10 de agosto de 2010
Em editorial, nesta página, sobre a revelação de que servidores da Receita violaram o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, presumivelmente para a montagem de um dossiê que poderia ser usado por setores da campanha da candidata Dilma Rousseff contra o opositor tucano José Serra, falou-se do "exército secreto" arregimentado pelo PT na administração federal para fazer o trabalho sujo na disputa pelo Planalto. É mais do que isso. As campanhas eleitorais são apenas uma entre tantas frentes onde atuam essas tropas da treva - e assim também os seus alvos.
Disso não deixa dúvida a confissão de um ex-diretor e ex-assessor da Previ, o colossal fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Geraldo Xavier Santiago. Em entrevista publicada na edição desta semana da revista Veja, Santiago disse que a entidade é "uma fábrica de dossiês" que funciona como um "bunker" e "braço partidário" a serviço de uma ala petista - comandada pelos poderosos chefões do sindicalismo aboletados na estrutura do poder nacional. Ele citou nominalmente os ex-ministros Ricardo Berzoini e Luiz Gushiken e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, todos do setor bancário.
O gerente da fábrica, de acordo com a denúncia, era o presidente da Previ até junho, Sérgio Rosa. Santiago era próximo dele até romperem em 2007. No embalo, o então diretor deixou o fundo e saiu do PT. Ele não é um pecador arrependido. Levado a falar do dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, cuja compilação o entrevistado atribui a uma "disputa interna", fez uma especiosa distinção entre o certo e o errado nessas operações: "Uma coisa é fazer com o adversário. É uma involução do PT?"
O sindicalismo selvagem que Lula levou para dentro do governo transpôs para a política a violência característica dos embates entre as máfias sindicais. Parte da premissa de que todo adversário deve ser tratado como inimigo - e, nessa condição, deve ser aniquilado. Santiago, que começou no sindicato dos bancários do Rio, contou que sua estreia na linha de montagem de falsas acusações a terceiros data de 2002, quando as milícias petistas foram incumbidas de investir contra os então gestores da Previ e provar a interferência do governo na instituição.
A cultura da destruição se afirmou em seguida. "Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários políticos", precisa Santiago, "só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa". Foi também quando a cúpula da Previ armou uma teia de conselheiros ligados ao PT em empresas de cujo capital o fundo participava para canalizar em favor da sigla as suas doações partidárias. A central de dossiês trabalhou a todo vapor durante a CPI dos Correios, em 2005, cujo foco incidiu sobre o mensalão, antes que o esquema de compra de votos fosse objeto de um inquérito específico.
A Previ, à época, era a fonte das acusações com que a senadora petista Ideli Salvatti tentava acuar parlamentares oposicionistas. Segundo revelou Santiago, que agora diz que cumpria "ordens superiores", entre os políticos visados estavam os senadores Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes e o deputado ACM Neto, todos do DEM. O tucano José Serra também faria parte da lista. Rosa teria ordenado que se juntassem dados sigilosos com " informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem ligados a políticos da oposição".
Sintomaticamente, a primeira reação do PT à entrevista foi silenciar. Já o fundo de pensão, hoje dirigido por um ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Ricardo Flores, informou que "a atual cúpula desconhece essa prática e está muito tranquila em relação a suas recentes práticas de governança". De notar os termos "atual" e "recentes" - indicando uma dissociação com o que se tenha feito na entidade até há bem pouco tempo. De seu lado, além de assegurar que a sua campanha não tem nenhuma vinculação com a Previ, a candidata Dilma Rousseff instou a imprensa a revolver o caso dos grampos na privatização da Telebrás no governo Fernando Henrique. Como se isso eximisse de culpa os papeleiros da Previ e limpasse a ficha do PT.
Paulo Roberto de Almeida
A 'fábrica de dossiês' do PT
Editorial - O Estado de S.Paulo
10 de agosto de 2010
Em editorial, nesta página, sobre a revelação de que servidores da Receita violaram o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, presumivelmente para a montagem de um dossiê que poderia ser usado por setores da campanha da candidata Dilma Rousseff contra o opositor tucano José Serra, falou-se do "exército secreto" arregimentado pelo PT na administração federal para fazer o trabalho sujo na disputa pelo Planalto. É mais do que isso. As campanhas eleitorais são apenas uma entre tantas frentes onde atuam essas tropas da treva - e assim também os seus alvos.
Disso não deixa dúvida a confissão de um ex-diretor e ex-assessor da Previ, o colossal fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Geraldo Xavier Santiago. Em entrevista publicada na edição desta semana da revista Veja, Santiago disse que a entidade é "uma fábrica de dossiês" que funciona como um "bunker" e "braço partidário" a serviço de uma ala petista - comandada pelos poderosos chefões do sindicalismo aboletados na estrutura do poder nacional. Ele citou nominalmente os ex-ministros Ricardo Berzoini e Luiz Gushiken e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, todos do setor bancário.
O gerente da fábrica, de acordo com a denúncia, era o presidente da Previ até junho, Sérgio Rosa. Santiago era próximo dele até romperem em 2007. No embalo, o então diretor deixou o fundo e saiu do PT. Ele não é um pecador arrependido. Levado a falar do dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, cuja compilação o entrevistado atribui a uma "disputa interna", fez uma especiosa distinção entre o certo e o errado nessas operações: "Uma coisa é fazer com o adversário. É uma involução do PT?"
O sindicalismo selvagem que Lula levou para dentro do governo transpôs para a política a violência característica dos embates entre as máfias sindicais. Parte da premissa de que todo adversário deve ser tratado como inimigo - e, nessa condição, deve ser aniquilado. Santiago, que começou no sindicato dos bancários do Rio, contou que sua estreia na linha de montagem de falsas acusações a terceiros data de 2002, quando as milícias petistas foram incumbidas de investir contra os então gestores da Previ e provar a interferência do governo na instituição.
A cultura da destruição se afirmou em seguida. "Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários políticos", precisa Santiago, "só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa". Foi também quando a cúpula da Previ armou uma teia de conselheiros ligados ao PT em empresas de cujo capital o fundo participava para canalizar em favor da sigla as suas doações partidárias. A central de dossiês trabalhou a todo vapor durante a CPI dos Correios, em 2005, cujo foco incidiu sobre o mensalão, antes que o esquema de compra de votos fosse objeto de um inquérito específico.
A Previ, à época, era a fonte das acusações com que a senadora petista Ideli Salvatti tentava acuar parlamentares oposicionistas. Segundo revelou Santiago, que agora diz que cumpria "ordens superiores", entre os políticos visados estavam os senadores Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes e o deputado ACM Neto, todos do DEM. O tucano José Serra também faria parte da lista. Rosa teria ordenado que se juntassem dados sigilosos com " informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem ligados a políticos da oposição".
Sintomaticamente, a primeira reação do PT à entrevista foi silenciar. Já o fundo de pensão, hoje dirigido por um ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Ricardo Flores, informou que "a atual cúpula desconhece essa prática e está muito tranquila em relação a suas recentes práticas de governança". De notar os termos "atual" e "recentes" - indicando uma dissociação com o que se tenha feito na entidade até há bem pouco tempo. De seu lado, além de assegurar que a sua campanha não tem nenhuma vinculação com a Previ, a candidata Dilma Rousseff instou a imprensa a revolver o caso dos grampos na privatização da Telebrás no governo Fernando Henrique. Como se isso eximisse de culpa os papeleiros da Previ e limpasse a ficha do PT.
Mitos amazonicos, paranoias brasileiras...
Antes de Henry Ford, se acreditava que os EUA queriam conquistar a Amazônia para "exportar" os negros americanos. Depois dele vieram outros iludidos com as "fabulosas riquezas" da selva, apenas para enterrar dinheiro no mato, como fizeram o próprio Ford e Keith Daniel Ludwig nos anos 1970.
Bem depois surgiram os boatos em torno da "internacionalização" da Amazônia, uma fraude que contou com a ativa colaboração de militares de extrema direita e militantes bocós de extrema esquerda, numa pouco santa aliança em torno de montagens deliberadas de mapas e supostos livros americanos (tenho um dossiê sobre isso no meu site).
O livro abaixo é sério e demonstra como os homens mais bem assessorados do planeta podem cometer as piores bobagens com base em informações erradas, mas animados por uma vontade irracional de crer em alguns mitos sem fundamento.
Paulo Roberto de Almeida
Um sonho de sociedade perdido no meio da floresta
Por Anamarcia Vaisencher
Valor Econômico, 10/08/2010 – p. D12
Amazônia: Henry Ford não conseguiu levar para a selva seu ideal do "american way of life"
Fordlândia - Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva
Greg Grandin. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. Rocco. 397 págs., R$ 56,00
Henry Ford pretendia harmonizar agricultura e indústria num projeto que garantiria a segurança americana
A Amazônia ainda carrega a herança deixada por Henry Ford como desdobramento de sua tentativa de implantar na selva um espaço de racionalidade econômica chamado Fordlândia. E com a inestimável colaboração local de governantes, políticos, lobistas e gente que atuava na sombra, como Jorge Dumont Villares (sobrinho de Alberto Santos Dumont), articulador do plano que induziu Ford a pagar por terras que provavelmente teria recebido de graça do governo para implantar seu ambicioso projeto.
Muito se disse e escreveu sobre a tentativa de Ford de levar para a Amazônia, ali no vale do Tapajós, um "american way of life" que ele próprio idealizara. Mas "Fordlândia", de Greg Grandin, professor de história da Universidade de Nova York, não é um relato comum. Apoiado em farta documentação e pesquisa, o encadeamento de fatos proporciona uma leitura de reveladora substância.
Se fosse possível simplificar a aventura fordiana, ela teve menos a ver com a necessidade de assegurar o fornecimento de borracha para a fabricação de pneus e uso em outras partes de automóveis, no imenso complexo industrial de River Rouge, nos Estados Unidos, do que com aquilo que o autor chama de "pastoralismo americano" de Ford - uma concepção de sociedade em que as atividades agrícola e industrial estariam em salutar equilíbrio, sem predomínio de uma sobre a outra, numa espécie de simbiose entre terra, mão de obra, recursos, fabricação, finanças e consumo. "Com um pé na indústria e outro na agricultura, a América estará segura", sentenciava Ford. Fordlândia seria um lugar que permitiria antecipar essa convergência. Ele preservava, porém, uma visão quase onírica da realidade corrente em seu país, pois em 1928 se declarava "otimista" em relação ao ano seguinte, "certo de que a nova fábrica de River Rouge, localizada em Dearborn, sua cidade natal, perto de Detroit, seria capaz de atender à demanda" (por seu novo modelo de carro, agora da série A, depois do T).
Em janeiro daquele ano, Ford aproveitou a inauguração do imenso complexo de River Rouge - que integrava praticamente todo o processo de fabricação do automóvel, desde a produção de aço - para anunciar que logo voaria até a Amazônia para inspecionar sua plantação de seringueiras, no vale do Tapajós. O látex era o único recurso natural que Ford não controlava. Grandin não deixa em branco o paradoxo que seria a semente da falência do megalomaníaco projeto no qual Ford despejou vários milhões de dólares. De um lado, o pioneiro que havia aperfeiçoado a linha de montagem e dividira o processo de fabricação em componentes cada vez mais simples, concebendo-o para tornar um produto reproduzível infinitamente, com o primeiro indistinguível do milionésimo. Do outro, a Amazônia, dona de si mesma, reino da natureza avassaladora.
Ford tinha mais de 60 anos quando fundou Fordlândia (hoje Belterra, e esquecida durante 39 anos após a derrocada do projeto), localizada a leste de Santarém e a 726 quilômetros de Manaus. O lugar era definido por alguns visitantes como um "oásis", um verdadeiro "sonho do Meio-Oeste", nas palavras do major Lester Baker, adido militar dos Estados Unidos, com luz elétrica, telefone, máquinas de lavar, vitrolas, refrigeradores, piscinas e até campo de golfe.
Grandin lembra que hoje, como há 80 anos, ainda são necessárias cerca de 18 horas em um lento barco fluvial para chegar a Fordlândia, a partir da cidade importante mais próxima. Não bastasse isso, "os primeiros anos do local foram marcados por desperdício, violência e vícios" - em suma, tudo que o antissemita, admirador do nazismo e antissindicalista ferrenho mais abominava. Entre as incongruências do projeto, o fato de que não batia com a realidade porque, em 1925, quando Ford e o amigo Harvey Firestone pensavam em entrar no ramo da borracha, a prosperidade da hevea brasiliensis já chegara ao fim. Graças, inclusive, à ação de Henry Wickam, que passara pela Amazônia mais de meio século antes para piratear sementes de seringueira que levaria para Londres e que constituiriam a base genética das plantações britânicas em suas colônias.
Justiça seja feita: já nas primeiras décadas do século XX, Ford falava em reciclagem de resíduos para evitar desperdícios e em uma futura carroceria de automóveis inteiramente feita de plástico à base de soja.
A aventura fordiana não teve (não tem ainda) um final feliz. Mais de meio século depois de a Ford Motor Company abandonar sua propriedade de um milhão de hectares na Amazônia (novembro de 1945), por lá - mesmo a título de isca turística - ainda se espera por Henry Ford. Os "barões da borracha" retomariam o poder, mas perderam uma guerra maior para a importação de látex de Cingapura. Quanto a Ford, que "ajudou a liberar o poder da industrialização para revolucionar as relações humanas, passou a maior parte do resto da vida tentando colocar o gênio de volta na garrafa, conter o rompimento que ele mesmo provocara (...)". Ou seja, segurar as forças do capitalismo.
Manaus foi o retrato em branco e preto das "desenfreadas" forças do capitalismo. A cidade só se recuperou no fim dos anos 1960, quando o regime militar transformou-a numa zona de livre comércio. E, também graças à isenção de impostos, Manaus "tornou-se o empório nacional do Brasil", e uma zona de montagem (semelhantes à das maquiladoras mexicanas), descreve o autor. Uma cidade da Belíndia onde, ao lado de luxuosos condomínios, proliferam palafitas. "Uma paisagem dramática de desigualdade em um dos países mais desiguais do mundo. Em comparação, ela torna desprezível a distância que separava os lares dos gerentes americanos daqueles dos brasileiros", como reportava a imprensa. Citando artigo publicado no "Los Angeles Times" em março de 1993, Grandin sintetiza: "A tentativa de reproduzir a América na Amazônia levou à terceirização da Amazônia pela América".
De algum modo, Manaus se recuperou. Fordlândia também. "(...) Mas a ironia mais profunda está atualmente em exibição no local da tentativa mais ambiciosa dele [Henry Ford] de realizar sua visão pastoralista. No vale do Tapajós, três elementos importantes da visão de Ford - madeira, com a qual esperava lucrar, encontrando ao mesmo tempo maneiras de conservar a natureza; estradas que, para ele, uniriam as pequenas cidades e criariam mercados sustentáveis; e a soja, na qual investiu milhões, esperando que a produção industrial pudesse reviver a vida rural - tornaram-se os principais agentes da ruína da Amazônia, não só de sua flora e fauna, mas também de muitas de suas comunidades."
Bem depois surgiram os boatos em torno da "internacionalização" da Amazônia, uma fraude que contou com a ativa colaboração de militares de extrema direita e militantes bocós de extrema esquerda, numa pouco santa aliança em torno de montagens deliberadas de mapas e supostos livros americanos (tenho um dossiê sobre isso no meu site).
O livro abaixo é sério e demonstra como os homens mais bem assessorados do planeta podem cometer as piores bobagens com base em informações erradas, mas animados por uma vontade irracional de crer em alguns mitos sem fundamento.
Paulo Roberto de Almeida
Um sonho de sociedade perdido no meio da floresta
Por Anamarcia Vaisencher
Valor Econômico, 10/08/2010 – p. D12
Amazônia: Henry Ford não conseguiu levar para a selva seu ideal do "american way of life"
Fordlândia - Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva
Greg Grandin. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. Rocco. 397 págs., R$ 56,00
Henry Ford pretendia harmonizar agricultura e indústria num projeto que garantiria a segurança americana
A Amazônia ainda carrega a herança deixada por Henry Ford como desdobramento de sua tentativa de implantar na selva um espaço de racionalidade econômica chamado Fordlândia. E com a inestimável colaboração local de governantes, políticos, lobistas e gente que atuava na sombra, como Jorge Dumont Villares (sobrinho de Alberto Santos Dumont), articulador do plano que induziu Ford a pagar por terras que provavelmente teria recebido de graça do governo para implantar seu ambicioso projeto.
Muito se disse e escreveu sobre a tentativa de Ford de levar para a Amazônia, ali no vale do Tapajós, um "american way of life" que ele próprio idealizara. Mas "Fordlândia", de Greg Grandin, professor de história da Universidade de Nova York, não é um relato comum. Apoiado em farta documentação e pesquisa, o encadeamento de fatos proporciona uma leitura de reveladora substância.
Se fosse possível simplificar a aventura fordiana, ela teve menos a ver com a necessidade de assegurar o fornecimento de borracha para a fabricação de pneus e uso em outras partes de automóveis, no imenso complexo industrial de River Rouge, nos Estados Unidos, do que com aquilo que o autor chama de "pastoralismo americano" de Ford - uma concepção de sociedade em que as atividades agrícola e industrial estariam em salutar equilíbrio, sem predomínio de uma sobre a outra, numa espécie de simbiose entre terra, mão de obra, recursos, fabricação, finanças e consumo. "Com um pé na indústria e outro na agricultura, a América estará segura", sentenciava Ford. Fordlândia seria um lugar que permitiria antecipar essa convergência. Ele preservava, porém, uma visão quase onírica da realidade corrente em seu país, pois em 1928 se declarava "otimista" em relação ao ano seguinte, "certo de que a nova fábrica de River Rouge, localizada em Dearborn, sua cidade natal, perto de Detroit, seria capaz de atender à demanda" (por seu novo modelo de carro, agora da série A, depois do T).
Em janeiro daquele ano, Ford aproveitou a inauguração do imenso complexo de River Rouge - que integrava praticamente todo o processo de fabricação do automóvel, desde a produção de aço - para anunciar que logo voaria até a Amazônia para inspecionar sua plantação de seringueiras, no vale do Tapajós. O látex era o único recurso natural que Ford não controlava. Grandin não deixa em branco o paradoxo que seria a semente da falência do megalomaníaco projeto no qual Ford despejou vários milhões de dólares. De um lado, o pioneiro que havia aperfeiçoado a linha de montagem e dividira o processo de fabricação em componentes cada vez mais simples, concebendo-o para tornar um produto reproduzível infinitamente, com o primeiro indistinguível do milionésimo. Do outro, a Amazônia, dona de si mesma, reino da natureza avassaladora.
Ford tinha mais de 60 anos quando fundou Fordlândia (hoje Belterra, e esquecida durante 39 anos após a derrocada do projeto), localizada a leste de Santarém e a 726 quilômetros de Manaus. O lugar era definido por alguns visitantes como um "oásis", um verdadeiro "sonho do Meio-Oeste", nas palavras do major Lester Baker, adido militar dos Estados Unidos, com luz elétrica, telefone, máquinas de lavar, vitrolas, refrigeradores, piscinas e até campo de golfe.
Grandin lembra que hoje, como há 80 anos, ainda são necessárias cerca de 18 horas em um lento barco fluvial para chegar a Fordlândia, a partir da cidade importante mais próxima. Não bastasse isso, "os primeiros anos do local foram marcados por desperdício, violência e vícios" - em suma, tudo que o antissemita, admirador do nazismo e antissindicalista ferrenho mais abominava. Entre as incongruências do projeto, o fato de que não batia com a realidade porque, em 1925, quando Ford e o amigo Harvey Firestone pensavam em entrar no ramo da borracha, a prosperidade da hevea brasiliensis já chegara ao fim. Graças, inclusive, à ação de Henry Wickam, que passara pela Amazônia mais de meio século antes para piratear sementes de seringueira que levaria para Londres e que constituiriam a base genética das plantações britânicas em suas colônias.
Justiça seja feita: já nas primeiras décadas do século XX, Ford falava em reciclagem de resíduos para evitar desperdícios e em uma futura carroceria de automóveis inteiramente feita de plástico à base de soja.
A aventura fordiana não teve (não tem ainda) um final feliz. Mais de meio século depois de a Ford Motor Company abandonar sua propriedade de um milhão de hectares na Amazônia (novembro de 1945), por lá - mesmo a título de isca turística - ainda se espera por Henry Ford. Os "barões da borracha" retomariam o poder, mas perderam uma guerra maior para a importação de látex de Cingapura. Quanto a Ford, que "ajudou a liberar o poder da industrialização para revolucionar as relações humanas, passou a maior parte do resto da vida tentando colocar o gênio de volta na garrafa, conter o rompimento que ele mesmo provocara (...)". Ou seja, segurar as forças do capitalismo.
Manaus foi o retrato em branco e preto das "desenfreadas" forças do capitalismo. A cidade só se recuperou no fim dos anos 1960, quando o regime militar transformou-a numa zona de livre comércio. E, também graças à isenção de impostos, Manaus "tornou-se o empório nacional do Brasil", e uma zona de montagem (semelhantes à das maquiladoras mexicanas), descreve o autor. Uma cidade da Belíndia onde, ao lado de luxuosos condomínios, proliferam palafitas. "Uma paisagem dramática de desigualdade em um dos países mais desiguais do mundo. Em comparação, ela torna desprezível a distância que separava os lares dos gerentes americanos daqueles dos brasileiros", como reportava a imprensa. Citando artigo publicado no "Los Angeles Times" em março de 1993, Grandin sintetiza: "A tentativa de reproduzir a América na Amazônia levou à terceirização da Amazônia pela América".
De algum modo, Manaus se recuperou. Fordlândia também. "(...) Mas a ironia mais profunda está atualmente em exibição no local da tentativa mais ambiciosa dele [Henry Ford] de realizar sua visão pastoralista. No vale do Tapajós, três elementos importantes da visão de Ford - madeira, com a qual esperava lucrar, encontrando ao mesmo tempo maneiras de conservar a natureza; estradas que, para ele, uniriam as pequenas cidades e criariam mercados sustentáveis; e a soja, na qual investiu milhões, esperando que a produção industrial pudesse reviver a vida rural - tornaram-se os principais agentes da ruína da Amazônia, não só de sua flora e fauna, mas também de muitas de suas comunidades."
Chávez tenta dar a volta por cima...
Ainda tenho que escrever uma carta de agradecimento a El Profesor al revés.
Ele alimenta este blog com suas, como direi?, histrionices...
Sempre presente, geralmente não pelas boas razões...
Paulo Roberto de Almeida
FARSA CHAVISTA!
Cesar Maia, 10.08.2010
1. Hoje, Chávez vai a Bogotá se encontrar com o presidente Santos, que assumiu semana passada. De um lado, em seu estilo burlesco, escolheu o dia 10 de agosto. Em 10 de agosto de 1819, Bolívar entrou triunfante em Bogotá após triunfar na Batalha de Boyacá, em 7 de agosto de 1819.
2. Essa visita-fraude tem o objetivo de desviar a atenção para o flagrante dado pelo exército colombiano nos acampamentos da narcoguerrilha FARC em território venezuelano sob a cobertura de Chávez. Chávez desmentiu, rompeu as relações com a Colômbia. Mas as provas são tão irrefutáveis, com vídeos e fotos, que o histriônico Chávez mudou de tática. Condenou os sequestros das FARCs, propôs acordo de paz e agora vai à Bogotá tentar demonstrar que é bonzinho.
3. Escolheu o dia 10 de agosto para retornar à Caracas e fazer uma visita ao esqueleto de Bolívar, que exumou. E continuar a farsa. Só os distraídos entram nessa.
Ele alimenta este blog com suas, como direi?, histrionices...
Sempre presente, geralmente não pelas boas razões...
Paulo Roberto de Almeida
FARSA CHAVISTA!
Cesar Maia, 10.08.2010
1. Hoje, Chávez vai a Bogotá se encontrar com o presidente Santos, que assumiu semana passada. De um lado, em seu estilo burlesco, escolheu o dia 10 de agosto. Em 10 de agosto de 1819, Bolívar entrou triunfante em Bogotá após triunfar na Batalha de Boyacá, em 7 de agosto de 1819.
2. Essa visita-fraude tem o objetivo de desviar a atenção para o flagrante dado pelo exército colombiano nos acampamentos da narcoguerrilha FARC em território venezuelano sob a cobertura de Chávez. Chávez desmentiu, rompeu as relações com a Colômbia. Mas as provas são tão irrefutáveis, com vídeos e fotos, que o histriônico Chávez mudou de tática. Condenou os sequestros das FARCs, propôs acordo de paz e agora vai à Bogotá tentar demonstrar que é bonzinho.
3. Escolheu o dia 10 de agosto para retornar à Caracas e fazer uma visita ao esqueleto de Bolívar, que exumou. E continuar a farsa. Só os distraídos entram nessa.
Livros digitais em alta: aceitam-se doacoes...
Bem, agora parece que é irreversível: o livro digital vai definitivamente ocupar um lugar de destaque no mercado editorial. Não que o livro impresso venha a desaparecer ou diminuir rapidamente, mas os lançamentos vão começar a ser feitos, prioritariamente, em formato digital, sendo o formato papel uma espécie de prêmio de consolação para os leitores mais tradicionais...
Eu ainda não me decidi entre o Kindle e o iPad, mas ficaria tranquilamente com os dois, se ganhasse de presente...
Não estou sugerindo nada, apenas divulgando um sonho...
Mídia:
Editora decide publicar só livro digital
Jeffrey A. Trachtenberg, The Wall Street Journal
Valor Econômico, 10/08/2010 – p. B3
Num momento em que os livros digitais continuam a ganhar mercado, uma das mais antigas editoras americanas de livros de bolso decidiu abandonar a publicação impressa tradicional e colocar à venda seus títulos somente no formato digital ou via impressão sob encomenda.
A Dorchester Publishing, uma editora de livros e revistas de capital fechado, informou que está fazendo a mudança depois que as vendas unitárias de livros caíram 25% no ano passado, em parte devido ao declínio das encomendas de algumas de suas contas de varejo mais importantes, entre as quais Walmart Stores . Uma porta-voz do Walmart não quis comentar.
"Não foi uma decisão demorada, porque vínhamos realizando o esforço, mas sem obter os resultados", disse o diretor-presidente da Dorchester, John Prebich.
Os livros eletrônicos estão ganhando popularidade entre os leitores. Mike Shatzkin, diretor-presidente da Idea Logical Co., uma consultoria editorial, prevê que os livros digitais serão 20% a 25% das vendas unitárias até o fim de 2012. A Amazon.com estima que suas vendas de e-livros para o Kindle possam superar as vendas dos livros impressos no formato brochura tradicional em 9 a 12 meses.
A decisão de partir para o digital pode ser um sinal do que está por vir para outras editoras pequenas que enfrentam queda nas vendas na área impressa tradicional. A decisão da Dorchester vai provavelmente resultar em economias significativas num momento em que a empresa espera que suas vendas digitais dobrem em 2011.
A Dorchester, que publica livros de bolso desde 1971, lança de 25 a 30 novos títulos por mês, aproximadamente 65% dos quais são obras românticas.
Os fãs de obras românticas em particular já abraçaram os e-books, em parte porque os leitores podem ler as obras em público sem ter de revelar a capa. Além disso, o tamanho da letra é facilmente ajustável nos e-readers, o que torna os títulos publicados no formato de bolso mais fáceis de ler para clientes mais velhos.
Prebich estimou que 83% dos livros publicados pela Dorchester são vendidos nos Estados Unidos a um preço de tabela de US$ 7,99. Um livro brochura no formato convencional geralmente tem o preço em torno de US$ 14,95.
A troca da Dorchester pelo e-book entra em vigor hoje. A editora planeja colocar à venda novos títulos no sistema de impressão sob encomenda por meio de varejistas ainda este ano. A Ingram Publisher Services, uma divisão da empresa de capital fechado Ingram Industries, informou que vai enviar as encomendas aos varejistas conforme necessário. A notícia da decisão da Dorchester foi revelada primeiro pela "Publishers Weekly", uma publicação do setor editorial.
Prebich admitiu que alguns autores podem ficar tristes por ver seus títulos somente para venda como e-book ou via impressão sob encomenda, mas disse que até agora a resposta tem "sido receptiva ao que estamos fazendo."
A Hard Case Crime, um selo da empresa de capital fechado Winterfall LLC, disse que poderá buscar uma maneira de transferir seus livros de mistério da Dorchester para outra editora.
"Tem sido uma boa parceria, mas se eles não vão mais publicar livros de bolso, teremos que decidir o que fazer", disse Charles Ardai, dono da Hard Case Crime. "Acredito no formato de bolso, mas compreendo o mercado."
A Randon House, subsidiária da alemã Bertelsmann e a maior editora americana de livros, disse que continua a apostar no mercado de livros de bolso. Um dos escritores americanos de mistério de maior sucesso, o falecido John D. MacDonald, é vendido pela Random House só no formato de bolso.
"Ainda é uma alternativa viável, popular e mais barata do que os outros formatos de leitura", disse Stuart Applebaum, porta-voz da Random House. "E também tem um público fiel. Será que essa fidelidade será para sempre num mercado em transformação?"
Eu ainda não me decidi entre o Kindle e o iPad, mas ficaria tranquilamente com os dois, se ganhasse de presente...
Não estou sugerindo nada, apenas divulgando um sonho...
Mídia:
Editora decide publicar só livro digital
Jeffrey A. Trachtenberg, The Wall Street Journal
Valor Econômico, 10/08/2010 – p. B3
Num momento em que os livros digitais continuam a ganhar mercado, uma das mais antigas editoras americanas de livros de bolso decidiu abandonar a publicação impressa tradicional e colocar à venda seus títulos somente no formato digital ou via impressão sob encomenda.
A Dorchester Publishing, uma editora de livros e revistas de capital fechado, informou que está fazendo a mudança depois que as vendas unitárias de livros caíram 25% no ano passado, em parte devido ao declínio das encomendas de algumas de suas contas de varejo mais importantes, entre as quais Walmart Stores . Uma porta-voz do Walmart não quis comentar.
"Não foi uma decisão demorada, porque vínhamos realizando o esforço, mas sem obter os resultados", disse o diretor-presidente da Dorchester, John Prebich.
Os livros eletrônicos estão ganhando popularidade entre os leitores. Mike Shatzkin, diretor-presidente da Idea Logical Co., uma consultoria editorial, prevê que os livros digitais serão 20% a 25% das vendas unitárias até o fim de 2012. A Amazon.com estima que suas vendas de e-livros para o Kindle possam superar as vendas dos livros impressos no formato brochura tradicional em 9 a 12 meses.
A decisão de partir para o digital pode ser um sinal do que está por vir para outras editoras pequenas que enfrentam queda nas vendas na área impressa tradicional. A decisão da Dorchester vai provavelmente resultar em economias significativas num momento em que a empresa espera que suas vendas digitais dobrem em 2011.
A Dorchester, que publica livros de bolso desde 1971, lança de 25 a 30 novos títulos por mês, aproximadamente 65% dos quais são obras românticas.
Os fãs de obras românticas em particular já abraçaram os e-books, em parte porque os leitores podem ler as obras em público sem ter de revelar a capa. Além disso, o tamanho da letra é facilmente ajustável nos e-readers, o que torna os títulos publicados no formato de bolso mais fáceis de ler para clientes mais velhos.
Prebich estimou que 83% dos livros publicados pela Dorchester são vendidos nos Estados Unidos a um preço de tabela de US$ 7,99. Um livro brochura no formato convencional geralmente tem o preço em torno de US$ 14,95.
A troca da Dorchester pelo e-book entra em vigor hoje. A editora planeja colocar à venda novos títulos no sistema de impressão sob encomenda por meio de varejistas ainda este ano. A Ingram Publisher Services, uma divisão da empresa de capital fechado Ingram Industries, informou que vai enviar as encomendas aos varejistas conforme necessário. A notícia da decisão da Dorchester foi revelada primeiro pela "Publishers Weekly", uma publicação do setor editorial.
Prebich admitiu que alguns autores podem ficar tristes por ver seus títulos somente para venda como e-book ou via impressão sob encomenda, mas disse que até agora a resposta tem "sido receptiva ao que estamos fazendo."
A Hard Case Crime, um selo da empresa de capital fechado Winterfall LLC, disse que poderá buscar uma maneira de transferir seus livros de mistério da Dorchester para outra editora.
"Tem sido uma boa parceria, mas se eles não vão mais publicar livros de bolso, teremos que decidir o que fazer", disse Charles Ardai, dono da Hard Case Crime. "Acredito no formato de bolso, mas compreendo o mercado."
A Randon House, subsidiária da alemã Bertelsmann e a maior editora americana de livros, disse que continua a apostar no mercado de livros de bolso. Um dos escritores americanos de mistério de maior sucesso, o falecido John D. MacDonald, é vendido pela Random House só no formato de bolso.
"Ainda é uma alternativa viável, popular e mais barata do que os outros formatos de leitura", disse Stuart Applebaum, porta-voz da Random House. "E também tem um público fiel. Será que essa fidelidade será para sempre num mercado em transformação?"
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