É inacreditável: a educação brasileira é a tragédia que é por causa, justamente, do besteirol freireano, ou seja, o primarismo boçal dos ensinamentos de Paulo Freire, que continua influenciando essa pedagogia de botequim que "orienta" nossos educadores, mestres, professores e até alguns "doutores", como esse que aí pontifica.
A matéria abaixo resume e codensa tudo o que há de errado e de idiota na educação brasileira hoje, e que esse pessoal nefasto quer continuar e expandir.
Ou seja, não existe nenhuma chance de que a educação melhores nas próximas duas décadas. O Brasil vai continuar essa miséria educacional que ele é hoje em função da influência deletéria de pessoas como essas.
Paulo Roberto de Almeida
Trilhas abertas para um projeto popular de educação
InfoUnB, 13.08.2010
Desvendar toda a complexidade da educação atual no Brasil não é tarefa das mais fáceis. Porém, não menos estimulante para o educador Miguel González Arroyo, professor titular emérito da Faculdade de Educação da UFMG. Para ele, as indagações sobre o sistema educacional não podem perder como referência a trilha aberta pelo mestre Paulo Freire e deveriam estar nas universidades e nas escolas.
A importância de se pensar certezas e paradigmas da educação exige que não fiquemos na superficialidade dos debates, mas que busquemos justificativas e razões plausíveis para ponderar sobre os aspectos positivos e negativos para dar conta de toda essa complexidade. O que então considerar? Com essas preocupações é que o professor Arroyo acompanhou atentamente todos os debates e reuniões do III Encontro Nacional de Pesquisa do Campo / III Seminário sobre Educação Superior as Políticas para o Desenvolvimento do Campo Brasileiro / I Encontro Internacional de Educação do Campo, que aconteceram simultaneamente no Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília, de 4 a 6 de agosto de 2010.
Doutor em Educação, Miguel Arroyo, com o rigor acadêmico com que costuma falar para platéias atentas, não economizou nas advertências sobre tudo que ouviu durante os debates. Sua preocupação sobre as diferentes perspectivas das análises debatidas levou-o a esmiuçar detalhes repletos de reflexões. Segundo ele, não devem faltar pesquisas para dar conta da amplitude do processo educacional, principalmente aquela dedicada à Educação do Campo. “Estamos em tempo de reflexão, quase que de aniquilamento da Educação do Campo”, disse ele, para sugerir urgência em pesquisas que demonstrem o que está acontecendo na área.
Em referência ao que ouviu dos conferencistas estrangeiros e que lhe serviu como exemplo, Arroyo declara que não é preciso nada temer, pois o campo continua sendo uma das principais questões para o conhecimento e é preciso saber os processos históricos “para se contrapor ao processo hegemônico” existente hoje no campo brasileiro. Para ele, essa é uma das grandes tensões políticas e “devemos assumir que estamos nesse jogo”.
Para tanto, ele alerta sobre a forma de como é visto o papel do Estado e das instituições nesse processo, e pede cautela. “Não é o Estado que é o modo de produção, não podemos destacar tanto o Estado e inocentar os processos mais radicais de modo de produção capitalista, não se pode colocar no Estado e nas universidades toda a responsabilidade sobre o que ocorre na Educação do Campo”, ressaltou.
Não que ele estivesse inocentando o Estado. O problema, para Arroyo é de ocupação dos espaços, é preciso lutar e ocupá-los e ver até que ponto o Estado faz o papel de controlador do capital, disse. Nesse percurso, é que se destacam os movimentos sociais para revelar o Estado real e os limites do Estado. Em sua concepção, “é necessário pesquisar o quanto avançamos para que o Estado seja também controlado por nós. Os movimentos sociais têm uma visão de que o Estado é um campo de disputa – essa é uma visão ingênua do Estado”. Para ele, o que se deve fazer é ocupar as universidades, “ocupar o latifúndio do saber”.
Projeto contra-hegemônico - Para fortalecer a educação do campo, Arroyo aponta como protagonista a vinculação da Educação a um projeto contra-hegemônico. “Temos que pesquisar melhor qualquer pedagogia do projeto hegemônico que conforme os povos do campo, que vê os outros como os outros, não como nós – aqueles que estão lá. Esse projeto hegemônico é que destrói os territórios índios, quilombolas, favelados”, denuncia.
São tarefas dos movimentos sociais repensar e pesquisar como os projetos pedagógicos hegemônicos, desde a colonização, têm como objeto a conformação dos povos do campo e também o fato de que não têm território. “O modo de produção de construção desses outros tem as suas especificidades e quem tem de revelar isso são os povos do campo para tirarem consequências pedagógicas disso, e se fazerem presentes e se afirmarem”.
Arroyo recomenda questionar com que pedagogia os trabalhadores do campo foram segregados. Para ele, é a mesma com que o sistema hegemônico tenta expropriar os trabalhadores nas cidades, nas fábricas. Por isso, o trabalho deve ser a grande matriz pedagógica, em que o movimento operário não só aprende o trabalho, mas os direitos da cidadania.
Para o professor da UFMG, é preciso privilegiar um projeto de Educação do Campo para dar conta da desconstrução e avançar num projeto popular, com a perspectiva da importância da escola para os povos do campo, “que vai além do nosso imaginário iluminado. Temos que pensar na vida, pois a escola trata com vidas precarizadas”.
A urgência de se pensar um projeto contra-hegemônico, mais radical que a sala de aula para não conformar os sujeitos leva à questão: “Formar o quê no campo?”. Arroyo insiste na autonomia das comunidades, não só escolares, para formar para o trabalho coletivo; formar para a ocupação territorial, aprender para se defender, para ter autonomia política, não só de pensamento; para intervenção nas bases materiais e simbólicas; para sustentabilidade da produção.
O professor Miguel Arroyo deixou registrado seu compromisso com uma Educação formadora de sujeitos com direitos e dignidades. Uma lição de princípios da Educação como direito social. Uma lição para o exercício da cidadania.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Industria das indenizacoes: com o meu, com o seu, com o nosso dinheiro...
O comentário abaixo lista apenas alguns, poucos, pouquissimos exemplos das falcatruas que vem sendo feitas com o dinheiro de todos os brasileiros, para beneficiar alguns espertinhos, que alegaram "resistência contra a ditadura" para enriquecer -- ou pelo menos viver da poupança alheia -- à custa de todos os brasileiros...
A desfaçatez é tão grande que nem tenho palavras para classificar esse tipo de imoralidade.
Paulo Roberto de Almeida
A empulhação da bolsa-ditadura
Reinaldo Azevedo, 12.08.2010
Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, considerou um “retrocesso” a revisão do valor de algumas indenizações pagas a “perseguidos políticos” ou a seus familiares.
É mesmo?
A indenização virou a farra do boi. Há alguns casos realmente fabulosos. O cartunista Ziraldo, que ficou rico com o jornal Pasquim, recebeu R$ 1 milhão a título de pagamento retroativo e tem pensão mensal de R$ 4.375. Por quê? Jaguar, seu amigo e sócio, não ficou tão rico porque, confessadamente, diz ter bebido tudo o que ganhou. A ditadura proibia as pessoas de dizer certas coisas, é verdade. Mas não impunha a ninguém que bebesse a própria fortuna. Millôr Fernandes, que também foi do Pasquim, não pediu indenização e afirma que luta contra a ditadura não era poupança. Na mosca.
A viúva de Carlos Lamarca foi indenizada e recebe uma gorda pensão. O homem era militar, desertou, matou seus pares. A comissão decidiu promovê-lo postumamente — como se tivesse competência pra isso —,antes de decidir o valor da prebenda. Promoção? Para Lamarca? Por que mesmo? Por serviços prestados ao Exército ou à causa comunista? A coisa toda é de um ridículo atroz.
Carlos Heitor Cony, que chegou a redigir um dos editoriais do Correio da Manhã em favor do golpe militar — isso é história — se disse perseguido porque demitido mais tarde. Recebeu pouco mais de R$ 1,4 milhão! E sua pensão mensal era de mais de de R$ 23 mil até outro dia. A quantas anda hoje, não sei. Terá ele aberto mão de tamanha generosidade? Seria o moral. Afinal, pouco depois da demissão, virou uma estrela do Grupo Manchete, com sala decorada com mármore rosa importando sei lá de onde — mas era podre de chique! —, numa revista que não dizia um “a” contra o regime, muito pelo contrário. Sua única veia de contestação, se assim se pode chamar, era uma fotinho de Adolfo Bloch abraçado a Juscelino, que tinha sido importante para a consolidação do grupo. Que eu saiba, Cony foi o mais premiado de todos. Justiça?
Indenização a quem realmente padeceu agruras quando já rendido por agentes do Estado? Compreendo, defendo e sou favorável. Indenização a quem refez plenamente a sua carreira e, em alguns casos, até ficou rico, ainda que por vias oblíquas, com a ditadura? É oportunismo da pior espécie. Indenização a quem pegou em armas (ou seus descendentes) para derrubar o regime, consciente dos riscos que corria, para matar ou morrer — e muitos mataram em vez de morrer? É uma indignidade.
Esse descalabro tem de ser revisto. Entre as indenizações pagas e as já aprovadas, o espeto passa de R$ 4 bilhões. E quem paga não é a ditadura. Quem paga é o povo brasileiro.
PS - Só para lembrar. Lula também recebe a prebenda. A grana passa de R$ 6 mil por mês. Por quê? Porque ficou 30 dias preso no começo dos anos 80 — aquela prisão junto com o “Menino do MEP”… Felizmente, não lhe tocaram num fio de cabelo. No de Lula, quero dizer. Estava construindo o PT, por meio do qual chegaria à Presidência da República, e jamais deixou de receber um mês de salário, pago primeiro pelo sindicato e depois pelo partido. Usou aquele evento para se fazer de mártir, grande militante, representante do povo e, finalmente, presidente.
Agora todo-poderoso, defende os regimes iraniano e cubano, entre outras tiranias, notórios por torturar e matar prisioneiros.
Memória é importante em jornalismo.
A desfaçatez é tão grande que nem tenho palavras para classificar esse tipo de imoralidade.
Paulo Roberto de Almeida
A empulhação da bolsa-ditadura
Reinaldo Azevedo, 12.08.2010
Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, considerou um “retrocesso” a revisão do valor de algumas indenizações pagas a “perseguidos políticos” ou a seus familiares.
É mesmo?
A indenização virou a farra do boi. Há alguns casos realmente fabulosos. O cartunista Ziraldo, que ficou rico com o jornal Pasquim, recebeu R$ 1 milhão a título de pagamento retroativo e tem pensão mensal de R$ 4.375. Por quê? Jaguar, seu amigo e sócio, não ficou tão rico porque, confessadamente, diz ter bebido tudo o que ganhou. A ditadura proibia as pessoas de dizer certas coisas, é verdade. Mas não impunha a ninguém que bebesse a própria fortuna. Millôr Fernandes, que também foi do Pasquim, não pediu indenização e afirma que luta contra a ditadura não era poupança. Na mosca.
A viúva de Carlos Lamarca foi indenizada e recebe uma gorda pensão. O homem era militar, desertou, matou seus pares. A comissão decidiu promovê-lo postumamente — como se tivesse competência pra isso —,antes de decidir o valor da prebenda. Promoção? Para Lamarca? Por que mesmo? Por serviços prestados ao Exército ou à causa comunista? A coisa toda é de um ridículo atroz.
Carlos Heitor Cony, que chegou a redigir um dos editoriais do Correio da Manhã em favor do golpe militar — isso é história — se disse perseguido porque demitido mais tarde. Recebeu pouco mais de R$ 1,4 milhão! E sua pensão mensal era de mais de de R$ 23 mil até outro dia. A quantas anda hoje, não sei. Terá ele aberto mão de tamanha generosidade? Seria o moral. Afinal, pouco depois da demissão, virou uma estrela do Grupo Manchete, com sala decorada com mármore rosa importando sei lá de onde — mas era podre de chique! —, numa revista que não dizia um “a” contra o regime, muito pelo contrário. Sua única veia de contestação, se assim se pode chamar, era uma fotinho de Adolfo Bloch abraçado a Juscelino, que tinha sido importante para a consolidação do grupo. Que eu saiba, Cony foi o mais premiado de todos. Justiça?
Indenização a quem realmente padeceu agruras quando já rendido por agentes do Estado? Compreendo, defendo e sou favorável. Indenização a quem refez plenamente a sua carreira e, em alguns casos, até ficou rico, ainda que por vias oblíquas, com a ditadura? É oportunismo da pior espécie. Indenização a quem pegou em armas (ou seus descendentes) para derrubar o regime, consciente dos riscos que corria, para matar ou morrer — e muitos mataram em vez de morrer? É uma indignidade.
Esse descalabro tem de ser revisto. Entre as indenizações pagas e as já aprovadas, o espeto passa de R$ 4 bilhões. E quem paga não é a ditadura. Quem paga é o povo brasileiro.
PS - Só para lembrar. Lula também recebe a prebenda. A grana passa de R$ 6 mil por mês. Por quê? Porque ficou 30 dias preso no começo dos anos 80 — aquela prisão junto com o “Menino do MEP”… Felizmente, não lhe tocaram num fio de cabelo. No de Lula, quero dizer. Estava construindo o PT, por meio do qual chegaria à Presidência da República, e jamais deixou de receber um mês de salário, pago primeiro pelo sindicato e depois pelo partido. Usou aquele evento para se fazer de mártir, grande militante, representante do povo e, finalmente, presidente.
Agora todo-poderoso, defende os regimes iraniano e cubano, entre outras tiranias, notórios por torturar e matar prisioneiros.
Memória é importante em jornalismo.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Amazonia subtraida: uma lenda renitente (e idiota)
Fazem mais de dez anos que circulam boatos em torno de uma suposta internacionalização da Amazônia (o que aliás seria bom, pois a Amazônia só foi "desenvolvida", de verdade, quando ela era internacionalizada, no ciclo da borracha. Depois voltou à sua modorra habitual).
Uma matéria do G1, pelo repórter Daniel Buarque, retoma a história dessa fraude monumental, que reproduzo logo abaixo.
Em meu site, pode ser encontrado um dossiê dessa lenda da internet.
Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida
Mapa da Amazônia dividida é mentira deliberada, diz diplomata brasileiro
Daniel Buarque
G1, em São Paulo, 12/08/2010

Mapa adulterado da floresta circula na rede há uma década.
Governos dos EUA e do Brasil já investigaram e detectaram a montagem.
O falso mapa de livro didático que circula desde o ano 2000 com boato sobre a internacionalização da Amazônia
Na origem de um longo debate em que os brasileiros acham que os Estados Unidos querem invadir a Amazônia, e os americanos acham que o Brasil é paranoico está uma lenda urbana de mais de uma década, espalhada pela internet e reciclada periodicamente com popularidade surpreendente. Trata-se da história de que escolas dos EUA usam livros didáticos de geografia com um mapa da América do Sul adulterado, em que a região a amazônica aparece como “território internacional”. Por mais que a história já tenha sido desmentida oficialmente uma dúzia de vezes, muitos brasileiros ainda mencionam este caso sem saber exatamente se era verdade ou não, e até políticos brasileiros volta e meia pedem explicações oficiais do Ministério das Relações Exteriores sobre o assunto.
Desde as primeiras menções ao caso, ainda no ano 2000, representantes diplomáticos brasileiros nos Estados Unidos começaram a investigar as origens do que aparecia como mais um boato, uma lenda da internet. O diplomata Paulo Roberto de Almeida, que então trabalhava como ministro conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington, averiguou rapidamente que a história circulava em listas universitárias de discussão, mas que suas bases factuais eram frágeis, praticamente inexistentes. Logo em seguida, ao pesquisar em bases de dados e examinar os materiais disponíveis, concluiu por uma montagem feita no próprio Brasil.”"Esta 'notícia' aparentemente tão alarmante não tem base", diz, em um longo dossiê que publicou sobre os boatos. "Posso, sem hesitar, afirmar que os Estados Unidos não querem amputar um pedaço da nossa geografia nas escolas do país e que os supostos mapas simplesmente não existem."
Em entrevista concedida nesta semana ao G1, direto de Shangai, na China, Almeida confirma o que já tinha constatado anos atrás: reiterou que os boatos lançados a esse respeito sempre foram nacionais, criados inteiramente no Brasil. Segundo ele, os americanos nunca tiveram nada a ver com o caso e, de certa forma, foram vítimas dele, tanto quanto os milhares de brasileiros enganados. “É preciso deixar claro que o mapa não é uma questão estrangeira. Ele foi feito por brasileiros e para brasileiros”, disse. “É uma construção, uma mentira deliberada”, completou. Segundo ele, que investigou o caso enquanto viveu nos Estados Unidos, é possível traçar a origem desses rumores a grupos de extrema direita militar no Brasil, interessados em preservar a soberania brasileira sobre a Amazônia, "supostamente ameaçada por alguma invasão estrangeira. Neste caso, recorreram à fraude deliberada para reforçar seu intento", explicou. Curiosamente, disse, a causa acabou abraçada pela extrema esquerda antiamericana, e a histórica cresceu com a ajuda da internet.
É preciso deixar claro que o mapa não é uma questão estrangeira. Ele foi feito por brasileiros e para brasileiros. É uma construção, uma mentira deliberada"
Paulo R. de Almeida, diplomata brasileiro
Almeida é doutor em Ciências Sociais, mestre em Planejamento Econômico e diplomata, autor de mais de uma dúzia de livros sobre o Brasil e relações internacionais, como "Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas". Em sua página pessoal na internet, ele reproduz seu dossiê sobre o caso, trazendo inclusive trechos da comunicação formal do então embaixador Rubens Antonio Barbosa negando a existência do mapa, que havia sido publicada no boletim da "Ciência Hoje" em maio do mesmo ano. A carta do embaixador, de junho de 2000, acusa um site brasileiro de criar a história. "Tudo parece ter originado, não de uma suposta 'conspiração americana' de desmembrar a floresta tropical amazônica, mas de desinformação 'made in Brazil' por setores ainda não identificados."
Repercussão
A negativa oficial não foi suficiente, e o caso continuou crescendo e chegou até mesmo ao Congresso Brasileiro. Primeiro foi a Câmara de Deputados, que em junho de 2000 fez um requerimento formal pedindo ao ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, informações a respeito da "matéria veiculada na internet na qual o Brasil aparece em mapas dividido." Depois disso, em 2001, foi no Senado. A página na internet do Senado traz um pronunciamento do senador Mozarildo Cavalcanti, do PFL de Roraima, de 29 de novembro de 2001, em que chama a internacionalização da Amazônia de "processo inteligentemente armado para anestesiar as camadas formadoras de opinião e evitar reação". Depois de ler todo o texto da denúncia que circulava pela internet, o senador apelou ao ministro das Relações Exteriores para que investigasse a fundo o assunto o "atentado à soberania do país".
A ideia é tão hilária que me sinto bobo de falar sobre ela."
Anthony Harrington, ex-embaixador dos EUA no Brasil
Segundo o diplomata brasileiro ouvido pelo G1, o mapa se transformou em um refúgio para quem busca teorias da conspiração. "Quem quer acreditar, acredita em qualquer coisa", disse Paulo R. Almeida, explicando o porquê de o caso continuar tão popular mesmo depois de ser rebatido com fatos. "Os americanos nem deram atenção ao caso, foram pegos de surpresa e de forma involuntária. Só o Brasil dá importância a esta invenção."
Resposta americana
Logo que o caso surgiu, no ano 2000, Anthony Harrington, então novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, tentou dar uma resposta oficial e final ao assunto. "Existem aqueles no Brasil que acreditam que os Estados Unidos querem dominar o mundo. Eles vêm o Tio Sam como o grande abusador. Típico desta forma de pensar é a crença de que os Estados Unidos têm um plano secreto de invadir a Amazônia em nome de salvar a Floresta Tropical. A ideia é tão hilária que me sinto bobo de falar sobre ela. Mas em nome de seguir adiante, de permitir que americanos e brasileiros possam passar aos assuntos sérios que enfrentamos juntos, deixe-me deixar isso claro: A Amazônia pertence ao Brasil. Sempre vai pertencer. E o mito de que os Estados Unidos invadiria é simplesmente ridículo. Ponto Final."
Segundo o embaixador, os americanos são fascinados pela floresta, tanto quanto a maioria das pessoas em todo o mundo, mas o interesse do país é apenas em colaboração com o Brasil, ajudando a desenvolver a região de uma maneira que seja inócua para o meio ambiente e faça justiça aos formidáveis recursos naturais que os brasileiros possuem. "A idéia de que tropas americanas possam intervir na Amazônia é ridícula. Sinceramente, não merece comentários."
Mesmo assim foi preciso voltar a tocar oficialmente no assunto, e a própria Embaixada Americana no Brasil manteve por algum tempo uma página de desmentido da história do mapa no ar. A página não existe mais no mesmo endereço. Entretanto, o site America.gov, que traz informações sobre política externa dos Estados Unidos e é produzido pelo Departamento de Estado, mantém no ar o texto do desmentido e os argumentos. A data da divulgação é de 2005, cinco anos depois do início da propagação do mito e três após a reportagem no principal jornal dos Estados Unidos.
Rebatendo o mito
A resposta oficial diz que o e-mail forjado surgiu em 2000. "Não há indicação de que tal livro exista. A Biblioteca do Congresso dos EUA, com mais de 29 milhões de livros e outros materiais impressos, não tem registro dele. O banco de dados online do centro de estudo WorldCat, o maior banco de dados de informação bibliográfica, com mais de 47 milhões de livros, não tem registro do livro. Tal livro também não é encontrado em buscas na internet na Amazon e no Google" .
O primeiro argumento usado para refutar a veracidade do livro é gramatical: "Muitos erros de grafia, gramática, tom inapropriado e linguagem" que são evidentes para um falante nativo de inglês. A resposta oficial do governo americano, apesar de ter demorado quase meia década, parte na mesma direção do embaixador brasileiro Rubens Antonio Barbosa, indicando que o trabalho aparenta ser uma invenção "made in Brazil" para criar "desinformação". O Birô Internacional de Programas de Informação continua seu texto apontando que "alguns dos erros de grafia nesta falsificação indicam que o falsificador era um falante nativo de português", diz, citando exemplo como a palavra "vegetal", que aparecia na mensagem original no lugar de "vegetable".
A criação da 'Prinfa' foi um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos"
Texto falso divulgado junto com lenda urbana sobre livro didático
O mapa
Esta duradoura mentira circula há anos pela rede trazendo a imagem de um suposto mapa de livro de geografia usado nas escolas dos Estados Unidos em que aparece um pedaço da Amazônia como sendo um território sob “responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas”. Esta área, que inclui partes do Brasil e de outros países da região, teria sido renomeada, ainda nos anos 1980, para Finraf (Former International Reserve of Amazon Forest), traduzida, na mensagem de alerta que dizia se tratar de uma história real, para Prinfa (Primeira Reserva Internacional da Floresta Amazônica).
A mensagem, que circulou por e-mails e blogs, é sempre a mesma. Um “alerta”, algo “para ficar indignado”, incluindo uma página copiada do suposto livro “An Introduction to Geography”, onde aparece o referido mapa do Brasil “amputado” e um texto sobre a “reserva internacional”.
O texto do livro é preconceituoso e ofensivo, e foi traduzido de um inglês pobre para um português cheio de erros de grafia e gramática: “Desde meados dos anos 80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. (...) Sua fundação [da reserva] se deu pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e estranhos, os quais, em sua maioria, são reinos da violência, do tráfego de drogas [sic], da ignorância, e de um povo sem inteligência e primitivo. A criação da Prinfa foi apoiada por todas as nações do G-23 e foi realmente uma missão especial para nosso país e um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos” .
Para dar credibilidade à história, a mensagem alega que a fonte da informação foi um jornal, sem muitos detalhes sobre a publicação do caso. Mesmo sem uma base de informação mais forte, a história se espalhou pelo Brasil e ganhou atenção até nos próprios Estados Unidos, onde foi rechaçada repetidas vezes, como em 2002, quando foi ironizada pelo "New York Times" como "claro, pura imaginação. A imaginação brasileira" . O título da matéria era algo como "No fundo do Brasil, uma viagem de paranoia".
Ainda em 2010, o Google tem mais de 1.200 retornos para a busca internacional pela sigla Finraf. Traduzindo a sigla para Prinfa, são mais de 3.000 páginas registrando alguma informação a respeito dessa história. São dezenas de blogs pessoais, páginas de jornais de diferentes lugares do Brasil, perguntas em fóruns. Muitos já tratam o assunto como mito, lenda urbana, e dizem que o mapa se tornou apenas uma curiosidade na internet. Não faltam, entretanto, as páginas que ainda reproduzem o assunto (algumas com datas tão recentes quanto 2009) com tom indignado e alegando se tratar de uma denúncia real.
Saiba mais:
* Medo de intervenção na Amazônia é 'paranoia', dizem americanos
* Americanos cogitaram ‘tomar a Amazônia’ no século XIX, revela livro
* Detetive virtual: Textos na internet sobre a Amazônia são falsos
Uma matéria do G1, pelo repórter Daniel Buarque, retoma a história dessa fraude monumental, que reproduzo logo abaixo.
Em meu site, pode ser encontrado um dossiê dessa lenda da internet.
Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida
Mapa da Amazônia dividida é mentira deliberada, diz diplomata brasileiro
Daniel Buarque
G1, em São Paulo, 12/08/2010

Mapa adulterado da floresta circula na rede há uma década.
Governos dos EUA e do Brasil já investigaram e detectaram a montagem.
O falso mapa de livro didático que circula desde o ano 2000 com boato sobre a internacionalização da Amazônia
Na origem de um longo debate em que os brasileiros acham que os Estados Unidos querem invadir a Amazônia, e os americanos acham que o Brasil é paranoico está uma lenda urbana de mais de uma década, espalhada pela internet e reciclada periodicamente com popularidade surpreendente. Trata-se da história de que escolas dos EUA usam livros didáticos de geografia com um mapa da América do Sul adulterado, em que a região a amazônica aparece como “território internacional”. Por mais que a história já tenha sido desmentida oficialmente uma dúzia de vezes, muitos brasileiros ainda mencionam este caso sem saber exatamente se era verdade ou não, e até políticos brasileiros volta e meia pedem explicações oficiais do Ministério das Relações Exteriores sobre o assunto.
Desde as primeiras menções ao caso, ainda no ano 2000, representantes diplomáticos brasileiros nos Estados Unidos começaram a investigar as origens do que aparecia como mais um boato, uma lenda da internet. O diplomata Paulo Roberto de Almeida, que então trabalhava como ministro conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington, averiguou rapidamente que a história circulava em listas universitárias de discussão, mas que suas bases factuais eram frágeis, praticamente inexistentes. Logo em seguida, ao pesquisar em bases de dados e examinar os materiais disponíveis, concluiu por uma montagem feita no próprio Brasil.”"Esta 'notícia' aparentemente tão alarmante não tem base", diz, em um longo dossiê que publicou sobre os boatos. "Posso, sem hesitar, afirmar que os Estados Unidos não querem amputar um pedaço da nossa geografia nas escolas do país e que os supostos mapas simplesmente não existem."
Em entrevista concedida nesta semana ao G1, direto de Shangai, na China, Almeida confirma o que já tinha constatado anos atrás: reiterou que os boatos lançados a esse respeito sempre foram nacionais, criados inteiramente no Brasil. Segundo ele, os americanos nunca tiveram nada a ver com o caso e, de certa forma, foram vítimas dele, tanto quanto os milhares de brasileiros enganados. “É preciso deixar claro que o mapa não é uma questão estrangeira. Ele foi feito por brasileiros e para brasileiros”, disse. “É uma construção, uma mentira deliberada”, completou. Segundo ele, que investigou o caso enquanto viveu nos Estados Unidos, é possível traçar a origem desses rumores a grupos de extrema direita militar no Brasil, interessados em preservar a soberania brasileira sobre a Amazônia, "supostamente ameaçada por alguma invasão estrangeira. Neste caso, recorreram à fraude deliberada para reforçar seu intento", explicou. Curiosamente, disse, a causa acabou abraçada pela extrema esquerda antiamericana, e a histórica cresceu com a ajuda da internet.
É preciso deixar claro que o mapa não é uma questão estrangeira. Ele foi feito por brasileiros e para brasileiros. É uma construção, uma mentira deliberada"
Paulo R. de Almeida, diplomata brasileiro
Almeida é doutor em Ciências Sociais, mestre em Planejamento Econômico e diplomata, autor de mais de uma dúzia de livros sobre o Brasil e relações internacionais, como "Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas". Em sua página pessoal na internet, ele reproduz seu dossiê sobre o caso, trazendo inclusive trechos da comunicação formal do então embaixador Rubens Antonio Barbosa negando a existência do mapa, que havia sido publicada no boletim da "Ciência Hoje" em maio do mesmo ano. A carta do embaixador, de junho de 2000, acusa um site brasileiro de criar a história. "Tudo parece ter originado, não de uma suposta 'conspiração americana' de desmembrar a floresta tropical amazônica, mas de desinformação 'made in Brazil' por setores ainda não identificados."
Repercussão
A negativa oficial não foi suficiente, e o caso continuou crescendo e chegou até mesmo ao Congresso Brasileiro. Primeiro foi a Câmara de Deputados, que em junho de 2000 fez um requerimento formal pedindo ao ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, informações a respeito da "matéria veiculada na internet na qual o Brasil aparece em mapas dividido." Depois disso, em 2001, foi no Senado. A página na internet do Senado traz um pronunciamento do senador Mozarildo Cavalcanti, do PFL de Roraima, de 29 de novembro de 2001, em que chama a internacionalização da Amazônia de "processo inteligentemente armado para anestesiar as camadas formadoras de opinião e evitar reação". Depois de ler todo o texto da denúncia que circulava pela internet, o senador apelou ao ministro das Relações Exteriores para que investigasse a fundo o assunto o "atentado à soberania do país".
A ideia é tão hilária que me sinto bobo de falar sobre ela."
Anthony Harrington, ex-embaixador dos EUA no Brasil
Segundo o diplomata brasileiro ouvido pelo G1, o mapa se transformou em um refúgio para quem busca teorias da conspiração. "Quem quer acreditar, acredita em qualquer coisa", disse Paulo R. Almeida, explicando o porquê de o caso continuar tão popular mesmo depois de ser rebatido com fatos. "Os americanos nem deram atenção ao caso, foram pegos de surpresa e de forma involuntária. Só o Brasil dá importância a esta invenção."
Resposta americana
Logo que o caso surgiu, no ano 2000, Anthony Harrington, então novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, tentou dar uma resposta oficial e final ao assunto. "Existem aqueles no Brasil que acreditam que os Estados Unidos querem dominar o mundo. Eles vêm o Tio Sam como o grande abusador. Típico desta forma de pensar é a crença de que os Estados Unidos têm um plano secreto de invadir a Amazônia em nome de salvar a Floresta Tropical. A ideia é tão hilária que me sinto bobo de falar sobre ela. Mas em nome de seguir adiante, de permitir que americanos e brasileiros possam passar aos assuntos sérios que enfrentamos juntos, deixe-me deixar isso claro: A Amazônia pertence ao Brasil. Sempre vai pertencer. E o mito de que os Estados Unidos invadiria é simplesmente ridículo. Ponto Final."
Segundo o embaixador, os americanos são fascinados pela floresta, tanto quanto a maioria das pessoas em todo o mundo, mas o interesse do país é apenas em colaboração com o Brasil, ajudando a desenvolver a região de uma maneira que seja inócua para o meio ambiente e faça justiça aos formidáveis recursos naturais que os brasileiros possuem. "A idéia de que tropas americanas possam intervir na Amazônia é ridícula. Sinceramente, não merece comentários."
Mesmo assim foi preciso voltar a tocar oficialmente no assunto, e a própria Embaixada Americana no Brasil manteve por algum tempo uma página de desmentido da história do mapa no ar. A página não existe mais no mesmo endereço. Entretanto, o site America.gov, que traz informações sobre política externa dos Estados Unidos e é produzido pelo Departamento de Estado, mantém no ar o texto do desmentido e os argumentos. A data da divulgação é de 2005, cinco anos depois do início da propagação do mito e três após a reportagem no principal jornal dos Estados Unidos.
Rebatendo o mito
A resposta oficial diz que o e-mail forjado surgiu em 2000. "Não há indicação de que tal livro exista. A Biblioteca do Congresso dos EUA, com mais de 29 milhões de livros e outros materiais impressos, não tem registro dele. O banco de dados online do centro de estudo WorldCat, o maior banco de dados de informação bibliográfica, com mais de 47 milhões de livros, não tem registro do livro. Tal livro também não é encontrado em buscas na internet na Amazon e no Google" .
O primeiro argumento usado para refutar a veracidade do livro é gramatical: "Muitos erros de grafia, gramática, tom inapropriado e linguagem" que são evidentes para um falante nativo de inglês. A resposta oficial do governo americano, apesar de ter demorado quase meia década, parte na mesma direção do embaixador brasileiro Rubens Antonio Barbosa, indicando que o trabalho aparenta ser uma invenção "made in Brazil" para criar "desinformação". O Birô Internacional de Programas de Informação continua seu texto apontando que "alguns dos erros de grafia nesta falsificação indicam que o falsificador era um falante nativo de português", diz, citando exemplo como a palavra "vegetal", que aparecia na mensagem original no lugar de "vegetable".
A criação da 'Prinfa' foi um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos"
Texto falso divulgado junto com lenda urbana sobre livro didático
O mapa
Esta duradoura mentira circula há anos pela rede trazendo a imagem de um suposto mapa de livro de geografia usado nas escolas dos Estados Unidos em que aparece um pedaço da Amazônia como sendo um território sob “responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas”. Esta área, que inclui partes do Brasil e de outros países da região, teria sido renomeada, ainda nos anos 1980, para Finraf (Former International Reserve of Amazon Forest), traduzida, na mensagem de alerta que dizia se tratar de uma história real, para Prinfa (Primeira Reserva Internacional da Floresta Amazônica).
A mensagem, que circulou por e-mails e blogs, é sempre a mesma. Um “alerta”, algo “para ficar indignado”, incluindo uma página copiada do suposto livro “An Introduction to Geography”, onde aparece o referido mapa do Brasil “amputado” e um texto sobre a “reserva internacional”.
O texto do livro é preconceituoso e ofensivo, e foi traduzido de um inglês pobre para um português cheio de erros de grafia e gramática: “Desde meados dos anos 80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. (...) Sua fundação [da reserva] se deu pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e estranhos, os quais, em sua maioria, são reinos da violência, do tráfego de drogas [sic], da ignorância, e de um povo sem inteligência e primitivo. A criação da Prinfa foi apoiada por todas as nações do G-23 e foi realmente uma missão especial para nosso país e um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos” .
Para dar credibilidade à história, a mensagem alega que a fonte da informação foi um jornal, sem muitos detalhes sobre a publicação do caso. Mesmo sem uma base de informação mais forte, a história se espalhou pelo Brasil e ganhou atenção até nos próprios Estados Unidos, onde foi rechaçada repetidas vezes, como em 2002, quando foi ironizada pelo "New York Times" como "claro, pura imaginação. A imaginação brasileira" . O título da matéria era algo como "No fundo do Brasil, uma viagem de paranoia".
Ainda em 2010, o Google tem mais de 1.200 retornos para a busca internacional pela sigla Finraf. Traduzindo a sigla para Prinfa, são mais de 3.000 páginas registrando alguma informação a respeito dessa história. São dezenas de blogs pessoais, páginas de jornais de diferentes lugares do Brasil, perguntas em fóruns. Muitos já tratam o assunto como mito, lenda urbana, e dizem que o mapa se tornou apenas uma curiosidade na internet. Não faltam, entretanto, as páginas que ainda reproduzem o assunto (algumas com datas tão recentes quanto 2009) com tom indignado e alegando se tratar de uma denúncia real.
Saiba mais:
* Medo de intervenção na Amazônia é 'paranoia', dizem americanos
* Americanos cogitaram ‘tomar a Amazônia’ no século XIX, revela livro
* Detetive virtual: Textos na internet sobre a Amazônia são falsos
Balanco energetico da America do Sul - O Estado de S.Paulo
A situação energética na América do Sul
Bia Rodrigues e João Paulo Charleaux
O Estado de S.Paulo, Terça-feira, 25 de Maio 2010
Tensões fronteiriças e legislações nebulosas atrasam avanço energético numa das regiões mais ricas em fontes de gás e petróleo. Conheça a situação dos países.
Brasil
Atualmente, a balança comercial de energia brasileira está negativa, mas o País caminha para ter excedente energético. Isso porque o potencial para produção de petróleo e gás natural aumentou com as novas descobertas, principalmente na camada de pré-sal, que podem levar o País a alcançar a posição de 5º maior produtor de petróleo nos próximos 10 anos. O Brasil destaca-se ainda como o maior exportador e segundo maior produtor de etanol do mundo. Além disso, pode aumentar a produção de energia hidrelétrica e tem reservas de urânio e tecnologia para a produção de combustível nuclear.
Ver toda a matéria no link acima.
Bia Rodrigues e João Paulo Charleaux
O Estado de S.Paulo, Terça-feira, 25 de Maio 2010
Tensões fronteiriças e legislações nebulosas atrasam avanço energético numa das regiões mais ricas em fontes de gás e petróleo. Conheça a situação dos países.
Brasil
Atualmente, a balança comercial de energia brasileira está negativa, mas o País caminha para ter excedente energético. Isso porque o potencial para produção de petróleo e gás natural aumentou com as novas descobertas, principalmente na camada de pré-sal, que podem levar o País a alcançar a posição de 5º maior produtor de petróleo nos próximos 10 anos. O Brasil destaca-se ainda como o maior exportador e segundo maior produtor de etanol do mundo. Além disso, pode aumentar a produção de energia hidrelétrica e tem reservas de urânio e tecnologia para a produção de combustível nuclear.
Ver toda a matéria no link acima.
A nova era democratica (talvez no futuro...)
Poucas semanas atrás assisti a um debate sobre as eleições, no qual um dos grão-petistas presentes dizia, com aquela certeza dos ingênuos, que a era Lula (assim mesmo, já catalogada para a História) tinha aberto um ciclo de longo prazo de conquistas democráticas no Brasil, equivalente à era Roosevelt nos EUA.
As evidências seriam dadas pelas políticas de inclusão social (Bolsa Família, valorização do salário mínimo, programas diversos de inclusão social, nas universidades, cotas raciais, etc.) o que garantiria a permanência do projeto lulista, quaisquer que fossem os resultados eleitorais (mas, claro, se esperava vitória fácil em outubro).
Com poucas exceções, os demais participantes tenderam a concordar com esse tipo de análise, numa avaliação puramente política do processo, sem qualquer abordagem de seus aspectos econômicos ou orçamentários.
Quase tomo da palavra para lembrar que haveria um preço a pagar pela economia nos anos à frente, mas considerei que não seria compreendido, pois todos ali pareciam achar que o dinheiro que permitia ao governo fazer todas essas bondades fluia de uma cornucópia inesgotável, nascia nas árvores, ou era retirado do ar...
Quanto aos aspectos puramente políticos da "nova era democrática", remeto a este texto de um jornalista conhecido...
Paulo Roberto de Almeida
Um texto de formação: Nova era democrática? Se não querem estudar, respeitem aos menos os fatos!
Reinaldo Azevedo, 12.08.2010
Vamos a um texto longo e, creio, necessário. Depois vocês me dizem o que acharam.
Nada pode ser mais deprimente e, na verdade, ridículo do que supostos estudiosos se apresentando para ser “intelectuais do regime”. Não raro, fizeram “carreira” acadêmica de segunda linha, orgulham-se de seu pragmatismo — e de sua pouca teoria — e transformam duas ou três pesquisas de opinião numa categoria de pensamento e numa espécie de emplastro para curar os males do mundo. O de Brás Cubas (o de Machado de Assis), ao menos, era contra a melancolia. Estes só estão atrás de um carguinho público ou de uma sinecura em alguma instituição federal no caso de o petismo ganhar o direito a mais quatro anos de poder.
Dia desses me deparo com alguns desses anunciando que o Brasil, com Lula, vive uma espécie de “nova era democrática”. Não! Não vou contestá-los porque, muito provavelmente, votaremos em candidatos distintos ou porque algum valor ideológico nos divida. Ainda que muitos não acreditem, gosto quando encontro algo que considero consistente e que vai na contramão do que eu penso. Não saio batendo em tudo de que discordo, não! Ao contrário: aprendo com aquilo que me surpreende e que não condiz com o meu pensamento. “Nova era democrática”? Por quê? Antes que entre no mérito da questão e demonstre por que o que há de novo não é bom e o que há de bom não é exatamente novo, algumas considerações de princípio.
Questões de princípio
Não se deve confundir a satisfação da maioria — na suposição de que ela exista — no Brasil ou em qualquer país com qualidade ou avanço da democracia. São coisas distintas. O exemplo óbvio a mais não poder foi o regime militar no Brasil. O auge da repressão — e só os muito burros e os de má fé supõem que eu pudesse concordar com aquilo se tivesse idade para tanto — coincidiu com o auge da satisfação com o governo. É fato! Podemos avançar no tempo, aos dias atuais, e viajar lá para as paragens chinesas. Nos últimos 20 anos, o país não tirou 12 milhões da pobreza, mas, ATENÇÃO!, meio bilhão de pessoas!
É uma falácia confundir elevação do bem-estar econômico e social com aperfeiçoamento da democracia política. Ou, sem dúvida, a China seria hoje uma das maiores referências democráticas do mundo. E, no entanto, trata-se de uma tirania. Talvez alguns gostassem de debater se um país com aquelas características tem alternativa à ditadura e se não é melhor mantê-lo debaixo do porrete. Não me chamem para tal debate. O que sei, e com certeza absoluta, é que democracia não é.
Também é uma estupidez, manifestação de ignorância, misto de populismo com falta de leitura, classificar de avanço da democracia uma maior participação política do que chamam “massas”. Por si, não é, não. Pode até ser o oposto disso, como provam o bolchevismo e o fascismo no século passado — ou o regime bandoleiro-fascistóide de Hugo Chávez, na Venezuela. Assim, a saída de milhões ou de meio bilhão da pobreza ou a “emergência das massas” no processo político nada dizem, sozinhos, da qualidade da democracia. Mais do que isso: tais elementos podem servir para ocultar o enrijecimento e a esclerose do padrão democrático.
Ainda uma outra observação antes que volte àqueles especialistas de si mesmos alçados à condição de pensadores do futuro. A democracia que não se encarrega de promover o bem-estar da população acaba encontrando, cedo ou tarde, um candidato a tirano que se propõe a resolver, pela via não-institucional, o que chamará de “desigualdades”. Não serve de exemplo para ninguém. Um governo que se diz dedicado à correção de desigualdades atropelando as leis democraticamente instituídas está se candidatando a ser o coveiro da democracia. E também não serve. Pronto! Esclareci alguns princípios que orientam a minha questão.
Que diabo de nova era é essa?
Nova era democrática com o governo Lula? Por quê? Começo reconhecendo, sim, aquela que foi a grande conquista do… governo FHC: não há mais força política relevante no Brasil que se proponha a virar a mesa. Um Plínio de Arruda Sampaio no debate entra quase como uma ilustração antiga. Eu o vi, ontem, a propósito, a lembrar os “bons tempos” em que os alunos da escola pública eram do “Caetano Campos” — e citou outros colégios outrora tradicionais de São Paulo. O “socialista com liberdade” (risos) tem saudade de quando a escola pública era para os filhos da elite… Mas deixemos a criatura de lado para voltar ao essencial.
FHC devolveu o Brasil ao mundo moderno ao estabilizar a economia. Imaginem: em 1993, a inflação havia chegado a mais de 2.700% aos ano — e tinha sido muito maior no governo Sarney,com correção diária de preços e mensal de salários. No primeiro ano do Plano Real, a que o PT se opôs, foi de 1,8%. O Real, sim, foi o grande golpe dado na pobreza no Brasil — coisa que os vigaristas e mistificadores de agora não reconhecem. E só isso seria o bastante para desqualificar a tal “nova era lulista”. Mas há mais, muito mais.
Direitos individuais
Os oito anos de governo Lula foram caracterizados pela violação sistemática de direitos individuais protegidos pela Constituição. Não há mais sigilo bancário, fiscal, telefônico ou de correspondência. Do caseiro ao banqueiro, passando por dirigentes da oposição, qualquer um está exposto a uma espécie de polícia política. Um ex-funcionário de um bunker contou à revista VEJA como funcionava o esquema — ou funciona ainda. Nova era democrática?
Estado de direito
Nestes anos, setores da Polícia Federal, sem dúvida, cumpriram a sua função e honraram os princípios do departamento. Mas outros, partidarizados, ideologizados, comportaram-se como uma tropa de assalto do regime, intimidando, violando sistematicamente princípios do Estado de direito. Esbirros do poder foram mobilizados no subjornalismo, financiados com dinheiro público, para fazer a guerrilha de desqualificação dos adversários. Nova era democrática?
Assédio à imprensa
A imprensa também está sendo assediada. Não fossem as tentativas de criar embaraços legais para o livre exercício do jornalismo, a Presidência da República — Lula — estimulou a realização de conferências, pouco importando o tema que as reunisse, que tinham uma pauta só: controle da imprensa. A proposta foi aprovada na Conferência Nacional de Direitos Humanos, na Conferência Nacional de Comunicação e na Conferência Nacional de Cultura. Só falta agora realizar uma Conferência Nacional da Liberdade de Imprensa para propor o fim da liberdade de imprensa. Nova era democrática?
TCU
Lula sancionou anteontem a lei que simplesmente alija o Tribunal de Constas da União dos principais gastos feitos pelo Executivo e pelas estatais. O governo Lula passou três anos girando em torno do próprio eixo para dar início às obras da Copa do Mundo e chegou, depois de tanta inoperância, à brilhante conclusão de que não dá para fazer nada sob a vigilância da lei. E isso, com efeito, parece coisa normal a muitos. Nova era democrática?
Leis de ocasião
O presidente da República mudou uma lei para legalizar uma operação que, na verdade, já havia acontecido: a compra da Brasil Telecom pela Oi. A compra, ainda ilegal, foi feita com financiamento de um banco público, o BNDES. Tudo efetivado, Lula criou, então, a nova lei. Com efeito, nunca antes na história destepaiz se agiu assim. E olhem que nem entro no mérito. Pode até ser que a coisa tenha sido necessária. Não importa! Na República, fazem-se negócios de acordo com a lei, e não lei de acordo com os negócios. Nova era democrática?
O mau exemplo do chefe
O chefe do Executivo torna-se um contumaz desrespeitador da legislação eleitoral, transformando-se numa máquina de receber multas irrelevantes, que jamais serão pagas, e casa, abertamente, como se viu anteontem em Minas, a agenda do governo com a agenda de sua candidata, evidenciando que dá uma vistosa banana para o aparato legal. Nova era democrática?
Ditaduras
No front externo, no grupo dos amigos dos tiranos, o Brasil se torna o primus inter pares. Nenhuma diplomacia, como a brasileira, foi tão longe da defesa de facínoras e na proteção que lhes oferece. Não bastasse a atuação pessoal de Lula nesse sentido, o Itamaraty tentou transformar isso numa Teoria Geral da Relação Entre Países. Enviou um documento à ONU em que pede, na pratica, uma pouco mais de calma com as tiranias. Acredita que elas precisam de mais papo, não de pressão. Nova era democrática?
Aparelhamento
O estado nunca esteve tão aparelhado, e os sindicatos e centrais sindicais — agora recebendo parte do Imposto Sindical e também livres da vigilância do TCU — estão, mais do que a nunca, a serviço da política; no caso, usam recursos que não pertencem a suas respectivas direções, para a campanha eleitoral. E já não se ocupam de disfarçar o seu “trabalho” porque desrespeitar a lei, nesse caso, é inócuo quando não é vantajoso. Nova era democrática?
E que fique claro antes de avançar: estou deixando de lado o que não funciona no país — este paraíso… — porque o propósito deste texto é listar as muitas agressões que a democracia sofreu nesses anos. E também não toco, não neste artigo, na fantástica máquina de mentiras e empulhação, como é o caso do PAC — ou um, o dois e o nenhum!
Caminhando para o fim
Eu poderia recomendar a essa gente que fosse estudar para definir primeiro os critérios do que chama democracia — que sofreu, isto sim, um grande retrocesso nos anos Lula. Que democracia é essa em que você tem a certeza de que eles ouvem o que você diz ao telefone e sabem o que você escreveu num e-mail se quiserem — ainda que você não queira? Em que eles escarafuncham a sua vida fiscal se quiserem — ainda que você não queira? Em que eles vasculham as suas contas bancárias se quiserem — ainda que você não queira? E tudo, obviamente, ao arrepio da lei, sem ordem judicial.
Essa é a democracia exemplar? É aquela em que o governo se outorga o direito de gastar o que e como quiser sem que seja vigiado por ninguém? Não! Eles não vão querer estudar porque isso toma tempo, e muito melhor é descolar alguma grana de algum trouxa e realizar uma “pesquisa empírica”, como se orgulham tanto, fazendo com que um teoria qualquer brote de suas porcentagens — desde que seja adesista.
A democracia brasileira sofreu um queda brutal de qualidade. Porque não basta que mais pessoas se tornam consumidoras; não basta que mais pessoas participem, de algum modo, do processo político. Para que avance, o regime democrático tem de estar consolidado. E ele se consolida com o respeito estrito às leis (democraticamente instituídas, é claro), e não com a transgressão continuada, patrocinada, em muitos casos, pelo próprio Poder Executivo.
A questão é saber o que se quer. Eu quero a democracia representativa, organizada segundo um estado de direito. E ele há de ser tolerante o bastante para que se perceba a emergência no novo — e nossa Constituição o é — e firme o bastante para tornar pilares inamovíveis os direitos individuais, que são protegidos pela Carta brasileira. Ocorre que ela está sendo assediada pela demagogia barata. E noto que entes encarregados de pôr freios no apetite sempre grande do Executivo — em qualquer país do mundo, diga-se — estão já um tanto contaminados não pelo espírito das leis, mas pelo espírito da militância. Temo que essa onda já tenha chegado ao Supremo!
Nova era? Não! O governo Lula aproveitou a bonança da economia internacional para tentar casar o bom momento do país com uma agenda que, no espírito e na prática, agride o regime de liberdades. E resistir a isso é um dever dos que defendem a democracia. Eu resisto!
Ah, sim: agora aguardo um texto de contestação demonstrando que os fatos que elenco acima caracterizam o mais refinado espírito da democracia. Coragem, valentes! Estou à espera.
As evidências seriam dadas pelas políticas de inclusão social (Bolsa Família, valorização do salário mínimo, programas diversos de inclusão social, nas universidades, cotas raciais, etc.) o que garantiria a permanência do projeto lulista, quaisquer que fossem os resultados eleitorais (mas, claro, se esperava vitória fácil em outubro).
Com poucas exceções, os demais participantes tenderam a concordar com esse tipo de análise, numa avaliação puramente política do processo, sem qualquer abordagem de seus aspectos econômicos ou orçamentários.
Quase tomo da palavra para lembrar que haveria um preço a pagar pela economia nos anos à frente, mas considerei que não seria compreendido, pois todos ali pareciam achar que o dinheiro que permitia ao governo fazer todas essas bondades fluia de uma cornucópia inesgotável, nascia nas árvores, ou era retirado do ar...
Quanto aos aspectos puramente políticos da "nova era democrática", remeto a este texto de um jornalista conhecido...
Paulo Roberto de Almeida
Um texto de formação: Nova era democrática? Se não querem estudar, respeitem aos menos os fatos!
Reinaldo Azevedo, 12.08.2010
Vamos a um texto longo e, creio, necessário. Depois vocês me dizem o que acharam.
Nada pode ser mais deprimente e, na verdade, ridículo do que supostos estudiosos se apresentando para ser “intelectuais do regime”. Não raro, fizeram “carreira” acadêmica de segunda linha, orgulham-se de seu pragmatismo — e de sua pouca teoria — e transformam duas ou três pesquisas de opinião numa categoria de pensamento e numa espécie de emplastro para curar os males do mundo. O de Brás Cubas (o de Machado de Assis), ao menos, era contra a melancolia. Estes só estão atrás de um carguinho público ou de uma sinecura em alguma instituição federal no caso de o petismo ganhar o direito a mais quatro anos de poder.
Dia desses me deparo com alguns desses anunciando que o Brasil, com Lula, vive uma espécie de “nova era democrática”. Não! Não vou contestá-los porque, muito provavelmente, votaremos em candidatos distintos ou porque algum valor ideológico nos divida. Ainda que muitos não acreditem, gosto quando encontro algo que considero consistente e que vai na contramão do que eu penso. Não saio batendo em tudo de que discordo, não! Ao contrário: aprendo com aquilo que me surpreende e que não condiz com o meu pensamento. “Nova era democrática”? Por quê? Antes que entre no mérito da questão e demonstre por que o que há de novo não é bom e o que há de bom não é exatamente novo, algumas considerações de princípio.
Questões de princípio
Não se deve confundir a satisfação da maioria — na suposição de que ela exista — no Brasil ou em qualquer país com qualidade ou avanço da democracia. São coisas distintas. O exemplo óbvio a mais não poder foi o regime militar no Brasil. O auge da repressão — e só os muito burros e os de má fé supõem que eu pudesse concordar com aquilo se tivesse idade para tanto — coincidiu com o auge da satisfação com o governo. É fato! Podemos avançar no tempo, aos dias atuais, e viajar lá para as paragens chinesas. Nos últimos 20 anos, o país não tirou 12 milhões da pobreza, mas, ATENÇÃO!, meio bilhão de pessoas!
É uma falácia confundir elevação do bem-estar econômico e social com aperfeiçoamento da democracia política. Ou, sem dúvida, a China seria hoje uma das maiores referências democráticas do mundo. E, no entanto, trata-se de uma tirania. Talvez alguns gostassem de debater se um país com aquelas características tem alternativa à ditadura e se não é melhor mantê-lo debaixo do porrete. Não me chamem para tal debate. O que sei, e com certeza absoluta, é que democracia não é.
Também é uma estupidez, manifestação de ignorância, misto de populismo com falta de leitura, classificar de avanço da democracia uma maior participação política do que chamam “massas”. Por si, não é, não. Pode até ser o oposto disso, como provam o bolchevismo e o fascismo no século passado — ou o regime bandoleiro-fascistóide de Hugo Chávez, na Venezuela. Assim, a saída de milhões ou de meio bilhão da pobreza ou a “emergência das massas” no processo político nada dizem, sozinhos, da qualidade da democracia. Mais do que isso: tais elementos podem servir para ocultar o enrijecimento e a esclerose do padrão democrático.
Ainda uma outra observação antes que volte àqueles especialistas de si mesmos alçados à condição de pensadores do futuro. A democracia que não se encarrega de promover o bem-estar da população acaba encontrando, cedo ou tarde, um candidato a tirano que se propõe a resolver, pela via não-institucional, o que chamará de “desigualdades”. Não serve de exemplo para ninguém. Um governo que se diz dedicado à correção de desigualdades atropelando as leis democraticamente instituídas está se candidatando a ser o coveiro da democracia. E também não serve. Pronto! Esclareci alguns princípios que orientam a minha questão.
Que diabo de nova era é essa?
Nova era democrática com o governo Lula? Por quê? Começo reconhecendo, sim, aquela que foi a grande conquista do… governo FHC: não há mais força política relevante no Brasil que se proponha a virar a mesa. Um Plínio de Arruda Sampaio no debate entra quase como uma ilustração antiga. Eu o vi, ontem, a propósito, a lembrar os “bons tempos” em que os alunos da escola pública eram do “Caetano Campos” — e citou outros colégios outrora tradicionais de São Paulo. O “socialista com liberdade” (risos) tem saudade de quando a escola pública era para os filhos da elite… Mas deixemos a criatura de lado para voltar ao essencial.
FHC devolveu o Brasil ao mundo moderno ao estabilizar a economia. Imaginem: em 1993, a inflação havia chegado a mais de 2.700% aos ano — e tinha sido muito maior no governo Sarney,com correção diária de preços e mensal de salários. No primeiro ano do Plano Real, a que o PT se opôs, foi de 1,8%. O Real, sim, foi o grande golpe dado na pobreza no Brasil — coisa que os vigaristas e mistificadores de agora não reconhecem. E só isso seria o bastante para desqualificar a tal “nova era lulista”. Mas há mais, muito mais.
Direitos individuais
Os oito anos de governo Lula foram caracterizados pela violação sistemática de direitos individuais protegidos pela Constituição. Não há mais sigilo bancário, fiscal, telefônico ou de correspondência. Do caseiro ao banqueiro, passando por dirigentes da oposição, qualquer um está exposto a uma espécie de polícia política. Um ex-funcionário de um bunker contou à revista VEJA como funcionava o esquema — ou funciona ainda. Nova era democrática?
Estado de direito
Nestes anos, setores da Polícia Federal, sem dúvida, cumpriram a sua função e honraram os princípios do departamento. Mas outros, partidarizados, ideologizados, comportaram-se como uma tropa de assalto do regime, intimidando, violando sistematicamente princípios do Estado de direito. Esbirros do poder foram mobilizados no subjornalismo, financiados com dinheiro público, para fazer a guerrilha de desqualificação dos adversários. Nova era democrática?
Assédio à imprensa
A imprensa também está sendo assediada. Não fossem as tentativas de criar embaraços legais para o livre exercício do jornalismo, a Presidência da República — Lula — estimulou a realização de conferências, pouco importando o tema que as reunisse, que tinham uma pauta só: controle da imprensa. A proposta foi aprovada na Conferência Nacional de Direitos Humanos, na Conferência Nacional de Comunicação e na Conferência Nacional de Cultura. Só falta agora realizar uma Conferência Nacional da Liberdade de Imprensa para propor o fim da liberdade de imprensa. Nova era democrática?
TCU
Lula sancionou anteontem a lei que simplesmente alija o Tribunal de Constas da União dos principais gastos feitos pelo Executivo e pelas estatais. O governo Lula passou três anos girando em torno do próprio eixo para dar início às obras da Copa do Mundo e chegou, depois de tanta inoperância, à brilhante conclusão de que não dá para fazer nada sob a vigilância da lei. E isso, com efeito, parece coisa normal a muitos. Nova era democrática?
Leis de ocasião
O presidente da República mudou uma lei para legalizar uma operação que, na verdade, já havia acontecido: a compra da Brasil Telecom pela Oi. A compra, ainda ilegal, foi feita com financiamento de um banco público, o BNDES. Tudo efetivado, Lula criou, então, a nova lei. Com efeito, nunca antes na história destepaiz se agiu assim. E olhem que nem entro no mérito. Pode até ser que a coisa tenha sido necessária. Não importa! Na República, fazem-se negócios de acordo com a lei, e não lei de acordo com os negócios. Nova era democrática?
O mau exemplo do chefe
O chefe do Executivo torna-se um contumaz desrespeitador da legislação eleitoral, transformando-se numa máquina de receber multas irrelevantes, que jamais serão pagas, e casa, abertamente, como se viu anteontem em Minas, a agenda do governo com a agenda de sua candidata, evidenciando que dá uma vistosa banana para o aparato legal. Nova era democrática?
Ditaduras
No front externo, no grupo dos amigos dos tiranos, o Brasil se torna o primus inter pares. Nenhuma diplomacia, como a brasileira, foi tão longe da defesa de facínoras e na proteção que lhes oferece. Não bastasse a atuação pessoal de Lula nesse sentido, o Itamaraty tentou transformar isso numa Teoria Geral da Relação Entre Países. Enviou um documento à ONU em que pede, na pratica, uma pouco mais de calma com as tiranias. Acredita que elas precisam de mais papo, não de pressão. Nova era democrática?
Aparelhamento
O estado nunca esteve tão aparelhado, e os sindicatos e centrais sindicais — agora recebendo parte do Imposto Sindical e também livres da vigilância do TCU — estão, mais do que a nunca, a serviço da política; no caso, usam recursos que não pertencem a suas respectivas direções, para a campanha eleitoral. E já não se ocupam de disfarçar o seu “trabalho” porque desrespeitar a lei, nesse caso, é inócuo quando não é vantajoso. Nova era democrática?
E que fique claro antes de avançar: estou deixando de lado o que não funciona no país — este paraíso… — porque o propósito deste texto é listar as muitas agressões que a democracia sofreu nesses anos. E também não toco, não neste artigo, na fantástica máquina de mentiras e empulhação, como é o caso do PAC — ou um, o dois e o nenhum!
Caminhando para o fim
Eu poderia recomendar a essa gente que fosse estudar para definir primeiro os critérios do que chama democracia — que sofreu, isto sim, um grande retrocesso nos anos Lula. Que democracia é essa em que você tem a certeza de que eles ouvem o que você diz ao telefone e sabem o que você escreveu num e-mail se quiserem — ainda que você não queira? Em que eles escarafuncham a sua vida fiscal se quiserem — ainda que você não queira? Em que eles vasculham as suas contas bancárias se quiserem — ainda que você não queira? E tudo, obviamente, ao arrepio da lei, sem ordem judicial.
Essa é a democracia exemplar? É aquela em que o governo se outorga o direito de gastar o que e como quiser sem que seja vigiado por ninguém? Não! Eles não vão querer estudar porque isso toma tempo, e muito melhor é descolar alguma grana de algum trouxa e realizar uma “pesquisa empírica”, como se orgulham tanto, fazendo com que um teoria qualquer brote de suas porcentagens — desde que seja adesista.
A democracia brasileira sofreu um queda brutal de qualidade. Porque não basta que mais pessoas se tornam consumidoras; não basta que mais pessoas participem, de algum modo, do processo político. Para que avance, o regime democrático tem de estar consolidado. E ele se consolida com o respeito estrito às leis (democraticamente instituídas, é claro), e não com a transgressão continuada, patrocinada, em muitos casos, pelo próprio Poder Executivo.
A questão é saber o que se quer. Eu quero a democracia representativa, organizada segundo um estado de direito. E ele há de ser tolerante o bastante para que se perceba a emergência no novo — e nossa Constituição o é — e firme o bastante para tornar pilares inamovíveis os direitos individuais, que são protegidos pela Carta brasileira. Ocorre que ela está sendo assediada pela demagogia barata. E noto que entes encarregados de pôr freios no apetite sempre grande do Executivo — em qualquer país do mundo, diga-se — estão já um tanto contaminados não pelo espírito das leis, mas pelo espírito da militância. Temo que essa onda já tenha chegado ao Supremo!
Nova era? Não! O governo Lula aproveitou a bonança da economia internacional para tentar casar o bom momento do país com uma agenda que, no espírito e na prática, agride o regime de liberdades. E resistir a isso é um dever dos que defendem a democracia. Eu resisto!
Ah, sim: agora aguardo um texto de contestação demonstrando que os fatos que elenco acima caracterizam o mais refinado espírito da democracia. Coragem, valentes! Estou à espera.
Uma industria nacional sob exame: a das indenizacoes
Trata-se, provavelmente, de um dos maiores golpes já aplicados por espertinhos contra os pobres no Brasil. Supostos perseguidos políticos -- em vários casos de fato -- obtem indenizações milionárias sem qualquer sentido econômico ou princípio moral.
Um jornalista como o Carlos Heitor Cony, por exemplo, que não se pode dizer que tenha vegetado na miséria durante todos esses anos, já ganhou, há muito anos atrás, uma indenização de centenas de milhares de reais, mais uma "aposentadoria" mensal de 20 mil reais, aproximadamente, no que eu considero uma operação vergonhosa.
Abaixo uma matéria sobre essa escandolosa indústria nacional que é o golpe das indenizações. Tem coisas verdadeiramente escandalosas...
Paulo Roberto de Almeida
TCU decide rever valor pago a anistiados
Marta Salomon
O Estado de S.Paulo, 12.08.2010
O Tribunal de Contas da União decidiu ontem revisar cerca de R$ 4 bilhões em indenizações a perseguidos políticos já pagas ou aprovadas em pouco mais de sete anos. A partir dessa decisão, o procurador do Ministério Público no TCU, Marinus Marsico, promete prioridade para três casos: os da viúva de Carlos Lamarca e dos jornalistas Ziraldo Alves Pinto e Sérgio Jaguaribe, o Jaguar.
No total, serão objeto da análise do órgão 9.371 benefícios já concedidos pela Comissão de Anistia com base na lei que garantiu o pagamento de indenização do Estado a vítimas de perseguição política até 1988, ano em que a Constituição foi aprovada.
Os nomes de Lamarca, Ziraldo e Jaguar são exemplos de indenizações que devem ter os valores reduzidos, adianta Marinus Marsico, autor do pedido de revisão dos benefícios.
“Vamos tentar economizar milhões para os cofres públicos, começando pelos casos mais flagrantemente irregulares”, afirmou ontem o procurador ao Estado, logo após o resultado da votação em plenário - foram 5 votos a 3 a favor da revisão dos benefícios aprovados aos anistiados políticos.
Procurado ontem, o presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão, disse que só se manifestaria hoje sobre a decisão do órgão.
O debate no TCU se arrastou por mais de dois anos, desde que Marinus Marsico apresentou pedido para rever as indenizações, cujos valores foram definidos de forma arbitrária, de acordo com análise do Ministério Público.
Desde o início do caso, o procurador deixou claro que não pretendia rever a condição de anistiado político, mas apenas os valores concedidos.
Ontem, ele informou que pretende apresentar pedido de cautelar para suspender o pagamento dos valores retroativos mais elevados, com parcelas ainda não liberadas, até que a análise do TCU sobre esses casos seja concluída.
Patente. A viúva de Carlos Lamarca, Maria Pavan Lamarca, é beneficiária de pagamento retroativo de R$ 902,7 mil, além de uma remuneração mensal de R$ 11.477. Lamarca desertou do Exército, virou guerrilheiro e acabou morto em 1971. Depois disso, foi promovido a coronel, mas o procurador do Ministério Público avalia que a promoção correta seria para uma patente inferior.
Ziraldo e Jaguar, fundadores do jornal Pasquim, foram beneficiados com pagamento retroativo de pouco mais de R$ 1 milhão cada um e uma indenização mensal de R$ 4.375. O procurador não põe em dúvida que Ziraldo e Jaguar tenham sido vítimas de perseguição política, mas questiona o valor do benefício aprovado pela Comissão da Anistia.
A decisão de ontem do Tribunal de Contas da União só livra da revisão as indenizações pagas em parcela única de até R$ 100 mil. Esses casos representam menos de 5% das indenizações já aprovadas ou pagas. Passarão por análise do órgão tanto a pensão mensal concedida a anistiados como os valores de pagamentos retroativos aprovados.
Argumentos. Ontem, durante a sessão no plenário do TCU, o grande volume de trabalho extra foi um dos argumentos usados pelo ministro Benjamin Zymler para tentar barrar a revisão das anistias. “Não podemos encher a Secretaria de Fiscalização de Pessoal com milhares de processos, não sei se temos condições de avaliar esses processos”, observou Zymler. “Estaríamos impondo a nós mesmos um ônus importante.”
Venceu, porém, o entendimento de que as indenizações aprovadas a anistiados políticos equivalem a pensões pagas a servidores públicos pelo Estado e, por isso, estão igualmente sujeitas à análise do órgão.
O TCU não fixou prazo para concluir a análise. Nos próximos três meses, serão definidos critérios para o exame dos benefícios. Não está claro se valores pagos de forma irregular terão de ser devolvidos.
Um jornalista como o Carlos Heitor Cony, por exemplo, que não se pode dizer que tenha vegetado na miséria durante todos esses anos, já ganhou, há muito anos atrás, uma indenização de centenas de milhares de reais, mais uma "aposentadoria" mensal de 20 mil reais, aproximadamente, no que eu considero uma operação vergonhosa.
Abaixo uma matéria sobre essa escandolosa indústria nacional que é o golpe das indenizações. Tem coisas verdadeiramente escandalosas...
Paulo Roberto de Almeida
TCU decide rever valor pago a anistiados
Marta Salomon
O Estado de S.Paulo, 12.08.2010
O Tribunal de Contas da União decidiu ontem revisar cerca de R$ 4 bilhões em indenizações a perseguidos políticos já pagas ou aprovadas em pouco mais de sete anos. A partir dessa decisão, o procurador do Ministério Público no TCU, Marinus Marsico, promete prioridade para três casos: os da viúva de Carlos Lamarca e dos jornalistas Ziraldo Alves Pinto e Sérgio Jaguaribe, o Jaguar.
No total, serão objeto da análise do órgão 9.371 benefícios já concedidos pela Comissão de Anistia com base na lei que garantiu o pagamento de indenização do Estado a vítimas de perseguição política até 1988, ano em que a Constituição foi aprovada.
Os nomes de Lamarca, Ziraldo e Jaguar são exemplos de indenizações que devem ter os valores reduzidos, adianta Marinus Marsico, autor do pedido de revisão dos benefícios.
“Vamos tentar economizar milhões para os cofres públicos, começando pelos casos mais flagrantemente irregulares”, afirmou ontem o procurador ao Estado, logo após o resultado da votação em plenário - foram 5 votos a 3 a favor da revisão dos benefícios aprovados aos anistiados políticos.
Procurado ontem, o presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão, disse que só se manifestaria hoje sobre a decisão do órgão.
O debate no TCU se arrastou por mais de dois anos, desde que Marinus Marsico apresentou pedido para rever as indenizações, cujos valores foram definidos de forma arbitrária, de acordo com análise do Ministério Público.
Desde o início do caso, o procurador deixou claro que não pretendia rever a condição de anistiado político, mas apenas os valores concedidos.
Ontem, ele informou que pretende apresentar pedido de cautelar para suspender o pagamento dos valores retroativos mais elevados, com parcelas ainda não liberadas, até que a análise do TCU sobre esses casos seja concluída.
Patente. A viúva de Carlos Lamarca, Maria Pavan Lamarca, é beneficiária de pagamento retroativo de R$ 902,7 mil, além de uma remuneração mensal de R$ 11.477. Lamarca desertou do Exército, virou guerrilheiro e acabou morto em 1971. Depois disso, foi promovido a coronel, mas o procurador do Ministério Público avalia que a promoção correta seria para uma patente inferior.
Ziraldo e Jaguar, fundadores do jornal Pasquim, foram beneficiados com pagamento retroativo de pouco mais de R$ 1 milhão cada um e uma indenização mensal de R$ 4.375. O procurador não põe em dúvida que Ziraldo e Jaguar tenham sido vítimas de perseguição política, mas questiona o valor do benefício aprovado pela Comissão da Anistia.
A decisão de ontem do Tribunal de Contas da União só livra da revisão as indenizações pagas em parcela única de até R$ 100 mil. Esses casos representam menos de 5% das indenizações já aprovadas ou pagas. Passarão por análise do órgão tanto a pensão mensal concedida a anistiados como os valores de pagamentos retroativos aprovados.
Argumentos. Ontem, durante a sessão no plenário do TCU, o grande volume de trabalho extra foi um dos argumentos usados pelo ministro Benjamin Zymler para tentar barrar a revisão das anistias. “Não podemos encher a Secretaria de Fiscalização de Pessoal com milhares de processos, não sei se temos condições de avaliar esses processos”, observou Zymler. “Estaríamos impondo a nós mesmos um ônus importante.”
Venceu, porém, o entendimento de que as indenizações aprovadas a anistiados políticos equivalem a pensões pagas a servidores públicos pelo Estado e, por isso, estão igualmente sujeitas à análise do órgão.
O TCU não fixou prazo para concluir a análise. Nos próximos três meses, serão definidos critérios para o exame dos benefícios. Não está claro se valores pagos de forma irregular terão de ser devolvidos.
Importando cerebros (no Brasil parece que é proibido...)
O pior nacionalismo que possa haver é o nacionalismo educacional. É o mais burro, dito simplesmente.
O Brasil se desenvolveu importando gente, pensando importar braços apenas. Os imigrantes foram pensados como substitutos dos escravos nas fazendas de café, e minha avó italiana veio para o Brasil exatamente para isso mesmo.
Só que com os braços vem os cérebros, pois gente empreendedora costuma trazer o cérebro junto quando vem trabalhar: só os muito servis, deixam o cérebro em casa e se entregam totalmente ao patrão, como ainda acontece em certos serviços muito subservientes...
Pois bem, depois o Brasil achou que já tinha sido generoso demais e fechou as portas à imigração, numa das políticas mais estúpidas de que se tem notícia em nossa história.
A Constituição de 1988 acrescentou mais um grão (ou uma tonelada) à estupidez ambiente, proibindo a contratação de professores estrangeiros pelas universidades brasileiras.
Poucas vezes em nossa história, a estupidez de alguns se manifestou de maneira tão primária como nessa ocasião. Depois, felizmente, se corrigiu parcialmente essa anomalia duplicada com burrice, ao se suspender essa cláusula constitucional, mas o preconceito contra a inteligência estrangeira persiste em vários campos da vida nacional, em primeiro lugar no próprio governo.
Quando vejo, ou ouço, representantes do MEC, de outros setores do governo, ou, em geral, professores do terceiro ciclo dizendo que são contra a abertura da educação nacional no quadro da liberalização dos serviços no GATT-OMC, por que isso "faria com que nossas universidades fossem compradas por investidores estrangeiros", eu me pergunto o que é que pode fazer pessoas universitárias, medianamente alfabetizadas, portanto, serem tão estúpidas a esse ponto, de professarem explicitamente nacionalismo educacional, de se opoerem à internacionalização da educação brasileira, em nome de não se sabe bem qual nacionalismo pedagógico que faria com os os cérebros nacionais fossem inevitavelmente superiores aos estrangeiros?
Como é que as pessoas não se dão conta de que estaríamos muito melhor se, em lugar dessas Faculdades Tabajara de Cabrobó da Serra, nós pudessemos ter pelo menos cópia de Harvard, de Yale, de Princeton.
Claro, não conto com essas universidades da primeira linha vindo inteiras para o Brasil (ainda que todas elas tenham programas de cooperação e de intercâmbio com vários países ao redor do mundo, os menos estúpidos, digamos assim), mas mesmo uma universidade ou faculdade de segunda ou terceira linha, nos EUA, puramente comercial, viria, supostamente, para introduzir padrões mais elevados de educação, e talvez a custos mais razoáveis. Seria, é óbvio, do interesse desses investidores, do contrário eles não viriam, pois ninguém investe para perder dinheiro, e só se ganha dinheiro se você consegue oferecer um produto de melhor qualidade a menor custo.
Sim, a despeito do que possam dizer esses professores obtusos, educação é uma mercadoria, sim, uma das mais sofisticadas, e não só pode, como deve, ser objeto de comércio, isto é, de concorrência, de abertura de mercados, de total liberdade de intercâmbio, para que os melhores possam prosperar, vencer, ficar ricos.
Por isso, considero que o setor no Brasil -- que aliás não está fechado ao capital estrangeiro; ele só não vem porque o Brasil é um país muito complicado para negócios de maneira geral, para negócios que dependam do governo, em particular -- deveria estar mais aberto aos talentos estrangeiros.
Essa característica fez a fortaleza americano ao longo do tempo. É isso que devemos perseguir...
Paulo Roberto de Almeida
Internacional
A grande disputa por cérebros
Ben Wildavsky *
THE WASHINGTON POST, 06/08/2010
A transmissão do conhecimento constitui um novo tipo de livre comércio, o de mentes, e o protecionismo não é positivo
Por décadas, as universidades de pesquisa nos EUA foram as líderes mundiais no campo das ciências e da engenharia, imbatíveis desde a 2.ª Guerra pelo volume e excelência do conhecimento e inovação que criavam. Mas há sinais cada vez mais nítidos de que o restante do mundo vem conquistando terreno muito rápido, criando novas universidades, melhorando as existentes, competindo energicamente pelos melhores alunos e recrutando PHDs nos EUA, convencendo- os a retornar ao país para trabalhar em laboratórios das universidades e da indústria.
A ordem hierárquica no campo acadêmico está em vias de se inverter? Quase 3 milhões de jovens estudam fora do seu país natal - um aumento de 57% na última década. Os estudantes estrangeiros predominam em muitos cursos de doutorado nos EUA, representando 64% dos PHDs em ciência da computação, por exemplo. As universidades de Pequim e Tsinghua juntas ultrapassaram Berkeley com o maior número de alunos em doutorado nos EUA.
Metade dos melhores físicos do mundo não trabalham mais em seus países de origem. E grandes instituições, como as universidades de Nova York e de Nottingham, estão criando filiais no Oriente Médio e na Ásia. Existem hoje 162 campus satélites em todo o mundo, um aumento de 43% somente nos últimos três anos.
Ao mesmo tempo, um número crescente de países que tradicionalmente são os que mais enviam estudantes para fora, desde a Coreia do Sul até a Arábia Saudita, procuram melhorar a qualidade e a quantidade dos seus próprios cursos de graduação, travando uma feroz e dispendiosa disputa para recrutar estudantes e criar universidades de pesquisa de classe mundial.
Durante sua campanha em 2008, o então candidato Barack Obama falou em tom alarmante sobre a ameaça dessa concorrência acadêmica para a competitividade dos EUA. "Se quisermos continuar construindo os carros do futuro aqui não podemos nos permitir ver o número de doutorados em engenharia aumentando na China, na Coreia do Sul e no Japão, ao mesmo tempo que se observa uma queda aqui nos EUA", declarou Obama.
Essa preocupação não se restringe apenas aos EUA. Em alguns países, o nervosismo envolvendo essa competição no campo educacional e a fuga de cérebros resultou num forte protecionismo acadêmico. Índia e China são conhecidos pelos obstáculos burocráticos e legais que colocam às universidades ocidentais que pretendem instituir campus satélites nesses países para atender estudantes locais.
Muitas vezes, os alunos que querem deixar o país também enfrentam barreiras. Há alguns anos, o presidente de um prestigiado instituto de tecnologia na Índia proibiu seus formandos de aceitar estágios remunerados acadêmicos ou em empresas no exterior.
Há ainda outros impedimentos à mobilidade global que não são declaradamente protecionistas, mas limitam o acesso às universidades em todo o mundo. Nos anos posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001, por exemplo, preocupações legítimas com a segurança causaram enormes adiamentos na concessão de vistos e transtornos de caráter burocrático para estrangeiros que aspiravam estudar nos EUA. O número depois aumentou, mas persistem limites severos para vistos de trabalho e residência, que deveriam servir como atração para os mais brilhantes estudarem nos EUA.
Talvez parte da preocupação com esses novos empreendimentos acadêmicos no plano global seja compreensível, especialmente num período de grande incerteza econômica. Mas o protecionismo na área do ensino é um erro tão grande quanto o protecionismo comercial. A globalização do ensino superior deve ser estimulada, não temida - também nos EUA. Existem todas as razões para se acreditar que a disputa global pelo talento humano, a corrida para se produzir uma pesquisa inovadora, o movimento para estender os campus universitários a múltiplos países, e o ímpeto para preparar estudantes talentosos que poderão trazer mais vigor para economias com base no conhecimento, serão muito bons para os EUA também.
Sobretudo, porque a expansão do conhecimento não é um jogo de soma zero. Um maior número de doutorados e o florescimento da pesquisa na China, por exemplo, não vão tirar o acervo de conhecimento dos EUA. Como o conhecimento é um bem público, os ganhos intelectuais de um país sempre beneficiam outros. A pesquisa chinesa poderá muito bem fornecer as bases para empreendedores americanos, ou de outros países, inovarem.
Da mesma maneira que o livre comércio se traduz em produtos e serviços mais baratos, beneficiando produtores e consumidores, a competição acadêmica global terá como resultado uma livre movimentação de pessoas e ideias, com base no mérito, o que será muito positivo para os indivíduos, universidades e países. Hoje, a transmissão e a mobilidade do conhecimento, sempre constantes, constituem um novo tipo de livre comércio, o de mentes.
A redução gradativa no número de estudantes no mercado americano, ou a emergência de novos concorrentes ambiciosos na Ásia, na Europa e no Oriente Médio, não significam que as universidades americanas estão em rota inevitável de declínio.
Resistindo às barreiras protecionistas, internamente e no exterior, continuando a recrutar e acolher os melhores estudantes do mundo, enviando mais alunos para o estrangeiro, fomentando uma colaboração entre nações no campo da pesquisa e fortalecendo suas próprias universidades de pesquisa, os EUA conseguirão manter a excelência acadêmica já estabelecida e ao mesmo tempo expandir a soma da prosperidade e do conhecimento globais.
* PESQUISADOR SÊNIOR DA KAUFFMANN FOUNDATION
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
O Brasil se desenvolveu importando gente, pensando importar braços apenas. Os imigrantes foram pensados como substitutos dos escravos nas fazendas de café, e minha avó italiana veio para o Brasil exatamente para isso mesmo.
Só que com os braços vem os cérebros, pois gente empreendedora costuma trazer o cérebro junto quando vem trabalhar: só os muito servis, deixam o cérebro em casa e se entregam totalmente ao patrão, como ainda acontece em certos serviços muito subservientes...
Pois bem, depois o Brasil achou que já tinha sido generoso demais e fechou as portas à imigração, numa das políticas mais estúpidas de que se tem notícia em nossa história.
A Constituição de 1988 acrescentou mais um grão (ou uma tonelada) à estupidez ambiente, proibindo a contratação de professores estrangeiros pelas universidades brasileiras.
Poucas vezes em nossa história, a estupidez de alguns se manifestou de maneira tão primária como nessa ocasião. Depois, felizmente, se corrigiu parcialmente essa anomalia duplicada com burrice, ao se suspender essa cláusula constitucional, mas o preconceito contra a inteligência estrangeira persiste em vários campos da vida nacional, em primeiro lugar no próprio governo.
Quando vejo, ou ouço, representantes do MEC, de outros setores do governo, ou, em geral, professores do terceiro ciclo dizendo que são contra a abertura da educação nacional no quadro da liberalização dos serviços no GATT-OMC, por que isso "faria com que nossas universidades fossem compradas por investidores estrangeiros", eu me pergunto o que é que pode fazer pessoas universitárias, medianamente alfabetizadas, portanto, serem tão estúpidas a esse ponto, de professarem explicitamente nacionalismo educacional, de se opoerem à internacionalização da educação brasileira, em nome de não se sabe bem qual nacionalismo pedagógico que faria com os os cérebros nacionais fossem inevitavelmente superiores aos estrangeiros?
Como é que as pessoas não se dão conta de que estaríamos muito melhor se, em lugar dessas Faculdades Tabajara de Cabrobó da Serra, nós pudessemos ter pelo menos cópia de Harvard, de Yale, de Princeton.
Claro, não conto com essas universidades da primeira linha vindo inteiras para o Brasil (ainda que todas elas tenham programas de cooperação e de intercâmbio com vários países ao redor do mundo, os menos estúpidos, digamos assim), mas mesmo uma universidade ou faculdade de segunda ou terceira linha, nos EUA, puramente comercial, viria, supostamente, para introduzir padrões mais elevados de educação, e talvez a custos mais razoáveis. Seria, é óbvio, do interesse desses investidores, do contrário eles não viriam, pois ninguém investe para perder dinheiro, e só se ganha dinheiro se você consegue oferecer um produto de melhor qualidade a menor custo.
Sim, a despeito do que possam dizer esses professores obtusos, educação é uma mercadoria, sim, uma das mais sofisticadas, e não só pode, como deve, ser objeto de comércio, isto é, de concorrência, de abertura de mercados, de total liberdade de intercâmbio, para que os melhores possam prosperar, vencer, ficar ricos.
Por isso, considero que o setor no Brasil -- que aliás não está fechado ao capital estrangeiro; ele só não vem porque o Brasil é um país muito complicado para negócios de maneira geral, para negócios que dependam do governo, em particular -- deveria estar mais aberto aos talentos estrangeiros.
Essa característica fez a fortaleza americano ao longo do tempo. É isso que devemos perseguir...
Paulo Roberto de Almeida
Internacional
A grande disputa por cérebros
Ben Wildavsky *
THE WASHINGTON POST, 06/08/2010
A transmissão do conhecimento constitui um novo tipo de livre comércio, o de mentes, e o protecionismo não é positivo
Por décadas, as universidades de pesquisa nos EUA foram as líderes mundiais no campo das ciências e da engenharia, imbatíveis desde a 2.ª Guerra pelo volume e excelência do conhecimento e inovação que criavam. Mas há sinais cada vez mais nítidos de que o restante do mundo vem conquistando terreno muito rápido, criando novas universidades, melhorando as existentes, competindo energicamente pelos melhores alunos e recrutando PHDs nos EUA, convencendo- os a retornar ao país para trabalhar em laboratórios das universidades e da indústria.
A ordem hierárquica no campo acadêmico está em vias de se inverter? Quase 3 milhões de jovens estudam fora do seu país natal - um aumento de 57% na última década. Os estudantes estrangeiros predominam em muitos cursos de doutorado nos EUA, representando 64% dos PHDs em ciência da computação, por exemplo. As universidades de Pequim e Tsinghua juntas ultrapassaram Berkeley com o maior número de alunos em doutorado nos EUA.
Metade dos melhores físicos do mundo não trabalham mais em seus países de origem. E grandes instituições, como as universidades de Nova York e de Nottingham, estão criando filiais no Oriente Médio e na Ásia. Existem hoje 162 campus satélites em todo o mundo, um aumento de 43% somente nos últimos três anos.
Ao mesmo tempo, um número crescente de países que tradicionalmente são os que mais enviam estudantes para fora, desde a Coreia do Sul até a Arábia Saudita, procuram melhorar a qualidade e a quantidade dos seus próprios cursos de graduação, travando uma feroz e dispendiosa disputa para recrutar estudantes e criar universidades de pesquisa de classe mundial.
Durante sua campanha em 2008, o então candidato Barack Obama falou em tom alarmante sobre a ameaça dessa concorrência acadêmica para a competitividade dos EUA. "Se quisermos continuar construindo os carros do futuro aqui não podemos nos permitir ver o número de doutorados em engenharia aumentando na China, na Coreia do Sul e no Japão, ao mesmo tempo que se observa uma queda aqui nos EUA", declarou Obama.
Essa preocupação não se restringe apenas aos EUA. Em alguns países, o nervosismo envolvendo essa competição no campo educacional e a fuga de cérebros resultou num forte protecionismo acadêmico. Índia e China são conhecidos pelos obstáculos burocráticos e legais que colocam às universidades ocidentais que pretendem instituir campus satélites nesses países para atender estudantes locais.
Muitas vezes, os alunos que querem deixar o país também enfrentam barreiras. Há alguns anos, o presidente de um prestigiado instituto de tecnologia na Índia proibiu seus formandos de aceitar estágios remunerados acadêmicos ou em empresas no exterior.
Há ainda outros impedimentos à mobilidade global que não são declaradamente protecionistas, mas limitam o acesso às universidades em todo o mundo. Nos anos posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001, por exemplo, preocupações legítimas com a segurança causaram enormes adiamentos na concessão de vistos e transtornos de caráter burocrático para estrangeiros que aspiravam estudar nos EUA. O número depois aumentou, mas persistem limites severos para vistos de trabalho e residência, que deveriam servir como atração para os mais brilhantes estudarem nos EUA.
Talvez parte da preocupação com esses novos empreendimentos acadêmicos no plano global seja compreensível, especialmente num período de grande incerteza econômica. Mas o protecionismo na área do ensino é um erro tão grande quanto o protecionismo comercial. A globalização do ensino superior deve ser estimulada, não temida - também nos EUA. Existem todas as razões para se acreditar que a disputa global pelo talento humano, a corrida para se produzir uma pesquisa inovadora, o movimento para estender os campus universitários a múltiplos países, e o ímpeto para preparar estudantes talentosos que poderão trazer mais vigor para economias com base no conhecimento, serão muito bons para os EUA também.
Sobretudo, porque a expansão do conhecimento não é um jogo de soma zero. Um maior número de doutorados e o florescimento da pesquisa na China, por exemplo, não vão tirar o acervo de conhecimento dos EUA. Como o conhecimento é um bem público, os ganhos intelectuais de um país sempre beneficiam outros. A pesquisa chinesa poderá muito bem fornecer as bases para empreendedores americanos, ou de outros países, inovarem.
Da mesma maneira que o livre comércio se traduz em produtos e serviços mais baratos, beneficiando produtores e consumidores, a competição acadêmica global terá como resultado uma livre movimentação de pessoas e ideias, com base no mérito, o que será muito positivo para os indivíduos, universidades e países. Hoje, a transmissão e a mobilidade do conhecimento, sempre constantes, constituem um novo tipo de livre comércio, o de mentes.
A redução gradativa no número de estudantes no mercado americano, ou a emergência de novos concorrentes ambiciosos na Ásia, na Europa e no Oriente Médio, não significam que as universidades americanas estão em rota inevitável de declínio.
Resistindo às barreiras protecionistas, internamente e no exterior, continuando a recrutar e acolher os melhores estudantes do mundo, enviando mais alunos para o estrangeiro, fomentando uma colaboração entre nações no campo da pesquisa e fortalecendo suas próprias universidades de pesquisa, os EUA conseguirão manter a excelência acadêmica já estabelecida e ao mesmo tempo expandir a soma da prosperidade e do conhecimento globais.
* PESQUISADOR SÊNIOR DA KAUFFMANN FOUNDATION
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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