Sim, sim, aquela história: do boi só se perde o berro. Ora, nem isso.
Aprendam um pouco, e surpreendam amigos pouco "bovinos"...
Paulo Roberto de Almeida
Você Sabe Para Que Serve Um Boi?
Muitas pessoas à primeira vista podem achar que a resposta para essa pergunta é óbvia: para produzir carne. A resposta não é tão simples assim... ele serve para produzir carne também, mas são produzidos inúmeros outros produtos a partir de um boi. Muitos desses produtos, nem mesmo os próprios pecuaristas sabem que foram produzidos a partir do produto que ele criou e vendeu ao frigorífico.
Esse é um assunto muito interessante, e com certeza vai surpreender muita gente, pois a maioria das pessoas não tem idéia do que um boi pode originar... Não vamos nem comentar sobre a carne, pois acho que todas as pessoas sabem o destino desse componente.
Vamos então começar pelo componente mais externo do boi: o couro. Além da utilização óbvia para a confecção de sapatos, cintos e roupas, o couro dá origem à gelatina neutra que será usada na indústria alimentícia na fabricação de maria-mole, chiclete, suspiros, recheios, coberturas, iogurtes, sorvetes, cremes, etc. A gelatina neutra também é usada na clarificação de vinho, cerveja e suco de frutas e em produtos dietéticos.
Na indústria farmacêutica ela é utilizada em cápsulas duras ou moles, comprimidos, drágeas, emulsões, óleos, esponjas medicinais, etc. Além disso, ela produz a gelatina fotográfica que é usada em filmes de artes gráficas, papéis fotográficos e filmes radiológicos.
A gelatina hidrolisada é usada em cosméticos, dietéticos, bebidas, alimentos líquidos e em outros processos químicos. A gelatina industrial é usada na fabricação de adesivos, abrasivos, fósforos, capsulação de corantes, etc.
Depois podemos falar de crinas e pelos que serão usadas para produção de escovas de enceradeira, escovas para armas de fogo, escovas para lavagem de garrafas, vassoura de pelo e brocha de pintor. Também são usados em luvas de boxe, poétrix (jóias e próteses). Além disto, são usados nos filtros de ar e óleo combustível dos carros.
O sebo produzido tem utilização na indústria química, nos curtumes, nas industrias de sabão, de cosméticos, indústria alimentícia, de tintas, de explosivos, indústria farmacêutica, indústria de pneus, de lápis, fábrica de velas, etc.
Os cascos e chifres são usados em artesanatos, na formação de madrepérola e pérolas artificiais. O produto da moagem entra na composição do pó de extintor de incêndios, o óleo entra na composição dos óleos da indústria aeronáutica como aditivo no lubrificante dos aviões.
A bílis é usada na indústria química e de bebidas e na indústria farmacêutica, onde os sais biliares entram na composição de remédios digestivos, reagentes para pesquisas e pomadas para contusões.
A mucosa do estômago é usada na indústria de laticínios para a fabricação do coalho. Outras mucosas e glândulas são usadas na industria farmacêutica fornecendo diversas substâncias como insulina, hormônios da reprodução, enzimas digestivas, outros compostos enzimáticos, histamina, heparina, imunoestimulantes, glucagon, oxitocina, somatotrofina bovina (hormônio do crescimento), neurotransmissores, tiroxina (hormônio da tireóide), cerebrosídeos, etc, sendo estas substancias usadas na fabricação de remédios para uso humano.
Além disso tudo, há muitos outros subprodutos aproveitados como, por exemplo: conteúdo rumenal, usado como adubo orgânico e na produção de biogás, farinha de carne e ossos usada na fabricação de rações para cães e gatos, os intestinos são usados na fabricação de fios cirúrgicos, cordas para raquete de tênis, etc.
Dessa forma, não é exagero nenhum dizer que absolutamente tudo do boi é aproveitado, podemos dizer de forma simbólica que até o berro é aproveitado, pois pode ser gravado e utilizado em músicas e trilhas sonoras de filmes e novelas.
A pecuária e o abate de bovinos além de gerar riquezas e empregos diretamente, contribui sobremaneira para o funcionamento de diversos outros setores. Se o abate de bovinos parar haverá paralisação direta de 49 dos mais variados segmentos industriais. A pecuária é, portanto um dos principais geradores de riquezas para o país, e deve passar a ser tratada como tal. Para isso é necessária a mobilização de todo o setor para que todas essas informações cheguem à opinião pública. É para isso que trabalha o SIC, participe você também!
Fonte consultada: folheto elaborado pela APR-MT Associação dos Produtores Rurais do Mato Grosso
Autor: Leandro Bovo, médico veterinário pela UNESP Jaboticabal e Gerente Administrativo do SIC.
http://www.sic.org.br/praqueserve.asp
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Malthusianos: nao proliferam mas persistem...
Não existe tribo mais errada, e no entanto tão persistente, quanto a dos malthusianos, de todos os tipos. Os ecologistas atuais são, com raras exceções, os modernos representantes da espécie.
Abaixo um dos melhores artigos que já li sobre a questão nos últimos cem anos (bem, estou contando com folga para pegar os malthusianos do começo do século 20 também).
Paulo Roberto de Almeida
Cornucopianos vs. malthusianos
João Luiz Mauad
Diário do Comércio, 10 de janeiro de 2011 - Opinião - Economia
Paul Krugman publicou, no final do ano passado, um artigo no The New York Times, intitulado “O Mundo Finito”, o qual foi reproduzido por alguns jornais brasileiros, entre eles O Globo e O Estado de São Paulo. Baseado no recente aumento dos preços de algumas commodities no mercado internacional, Krugman vaticinou que, por vivermos num mundo cada vez mais escasso de recursos naturais, precisaremos “mudar gradualmente a maneira como vivemos, adaptando nossa economia e nossos estilos de vida à realidade”. Tal afirmativa resume, com clareza ímpar, o mantra preservacionista.
No início do Século XIX, quando a Terra era habitada por apenas 1 bilhão de pessoas, Thomas Malthus previu que a população mundial cresceria em proporções geométricas enquanto a produção de alimentos e outros recursos não coseguiria acompanhá-la. “A morte prematura visitará a humanidade em breve, que sucumbirá em face da escassez de alimentos, das epidemias, das pestes e de outras pragas”, dizia ele.
Atualmente, vivem no mundo quase 7 vezes mais seres humanos que na época do Reverendo Malthus. Depois da Revolução Industrial e do advento do capitalismo, a humanidade progrediu de maneira excepcional, aprendeu a explorar os recursos naturais de forma muito mais eficiente, a produzir alimentos e distribuí-los como nunca antes na História. E, ao contrário do que sustentam os “malthusianos”, mesmo com todo o progresso econômico havido nos últimos duzentos anos - e graças ao extraordinário avanço tecnológico -, as reservas provadas de petróleo, minério de ferro, carvão e muitos outros recursos só fizeram aumentar.
Apesar de todas as evidências em contrário, entretanto, os “malthusianos” não esmorecem. Em 1968, quando a população mundial era de 3,5 bilhões, o afamado ecologista Paul Ehrlich, um emérito colecionador de prêmios e comendas científicas, escreveu um livro (The Population Bomb) onde previu que, como resultado da superpopulação, centenas de milhões de pessoas morreriam de fome nas próximas décadas. No primeiro Earth Day, em 1970, ele diagnosticou que "em dez anos, toda a vida animal marinha estará extinta. Grandes áreas coasteiras terão que ser evacuadas por causa do mau cheiro dos peixes mortos." Em um discurso de 1971, ele previu que "até o ano de 2000 o Reino Unido será simplesmente um pequeno grupo de ilhas empobrecidas, habitadas por cerca de 70 milhões de famintos."
De lá para cá, a população mundial quase dobrou, e, embora ainda haja problemas sociais graves a resolver, principalmente ligados à pobreza, as previsões alarmistas de Ehrlich jamais se concretizaram. Pelo contrário, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza tem diminuído bastante, desde 1970. Mais: pelos dados recentes da FAO, o percentual de subnutridos nos países em desenvolvimento, em relação ao total da população, vem apresentando uma firme tendência declinante há quatro décadas, tendo baixado de 33% em 1970 para 16% em 2004.
Aliás, por falar em Paul Ehrlich, ficou famosa uma aposta feita entre este famoso ambientalista e o economista Julian Simon. Como Krugman, Ehrlich alardeava que, num mundo finito e de população crescente, os recursos seriam cada vez mais escassos e, consequentemente, seus preços cada vez maiores. Em 1980, Simon propôs a Ehrlich a seguinte aposta: Ehrlich escolheria cinco quaisquer produtos naturais para que tivessem seus preços acompanhados por 10 anos. Caso, no final deste período, os preços fossem maiores que em 1980 (corrigidos pela inflação), Ehrlich venceria, caso fossem menores, a vitória seria de Simon.
Ehrlich escolheu cinco metais: cromo, cobre, níquel, estanho e tungstênio. Apostaram então $200 em cada um dos metais, num total de $1.000, usando os preços de 29 de setembro de 1980 como referência. Durante a década de 80, o crescimento populacional do mundo foi de aproximadamente 800 milhões de pessoas - o maior aumento nominal em uma só década da História. Apesar disso, em setembro de 1990, os preços de todos os metais escolhidos por Ehrlich, sem exceção alguma, haviam caído, em alguns casos significativamente. O estanho, por exemplo, era cotado a $8,72 por onça em 1980, contra $3,70 em 1990.
No próximo dia primeiro de janeiro, mais um “malthusiano” terá perdido uma aposta. Cinco anos atrás, John Tierney leu um artigo de Matthew R. Simmons na The New York Times Magazine onde este vaticinava que o preço do barril de petróleo, então na casa dos $65, triplicaria nos cinco anos seguintes e passaria dos $200 durante o ano de 2010. Tierney apostou no contrário.
Em artigo publicado no The New York Times no último dia 27-12-2010, Tierney explica por que ganhou a aposta:
“Novos campos gigantes de petróleo foram descobertos nas costas da África e do Brasil. Novas reservas no Canadá fornecem agora mais petróleo para os Estados Unidos do que a Arábia Saudita. A produção doméstica americana também aumentou ano passado e o Departamento de Energia projeta mais aumentos para as próximas duas décadas.”
“Mas a verdadeira boa notícia é a descoberta de vastas quantidades de gás natural, cujo preço é hoje menos da metade do que era há cinco anos.”
“Pode ser que algo inesperado mude estas boas tendências, mas por enquanto eu diria que o conselho de Julian Simon permanece válido: é fácil fabricar notícias com vaticínios apocalípticos, mas você pode ganhar um bom dinheiro apostando contra elas” .
Artigo publicado pela versão digital folheável do Diário do Comércio em 10/01/2011
Abaixo um dos melhores artigos que já li sobre a questão nos últimos cem anos (bem, estou contando com folga para pegar os malthusianos do começo do século 20 também).
Paulo Roberto de Almeida
Cornucopianos vs. malthusianos
João Luiz Mauad
Diário do Comércio, 10 de janeiro de 2011 - Opinião - Economia
Paul Krugman publicou, no final do ano passado, um artigo no The New York Times, intitulado “O Mundo Finito”, o qual foi reproduzido por alguns jornais brasileiros, entre eles O Globo e O Estado de São Paulo. Baseado no recente aumento dos preços de algumas commodities no mercado internacional, Krugman vaticinou que, por vivermos num mundo cada vez mais escasso de recursos naturais, precisaremos “mudar gradualmente a maneira como vivemos, adaptando nossa economia e nossos estilos de vida à realidade”. Tal afirmativa resume, com clareza ímpar, o mantra preservacionista.
No início do Século XIX, quando a Terra era habitada por apenas 1 bilhão de pessoas, Thomas Malthus previu que a população mundial cresceria em proporções geométricas enquanto a produção de alimentos e outros recursos não coseguiria acompanhá-la. “A morte prematura visitará a humanidade em breve, que sucumbirá em face da escassez de alimentos, das epidemias, das pestes e de outras pragas”, dizia ele.
Atualmente, vivem no mundo quase 7 vezes mais seres humanos que na época do Reverendo Malthus. Depois da Revolução Industrial e do advento do capitalismo, a humanidade progrediu de maneira excepcional, aprendeu a explorar os recursos naturais de forma muito mais eficiente, a produzir alimentos e distribuí-los como nunca antes na História. E, ao contrário do que sustentam os “malthusianos”, mesmo com todo o progresso econômico havido nos últimos duzentos anos - e graças ao extraordinário avanço tecnológico -, as reservas provadas de petróleo, minério de ferro, carvão e muitos outros recursos só fizeram aumentar.
Apesar de todas as evidências em contrário, entretanto, os “malthusianos” não esmorecem. Em 1968, quando a população mundial era de 3,5 bilhões, o afamado ecologista Paul Ehrlich, um emérito colecionador de prêmios e comendas científicas, escreveu um livro (The Population Bomb) onde previu que, como resultado da superpopulação, centenas de milhões de pessoas morreriam de fome nas próximas décadas. No primeiro Earth Day, em 1970, ele diagnosticou que "em dez anos, toda a vida animal marinha estará extinta. Grandes áreas coasteiras terão que ser evacuadas por causa do mau cheiro dos peixes mortos." Em um discurso de 1971, ele previu que "até o ano de 2000 o Reino Unido será simplesmente um pequeno grupo de ilhas empobrecidas, habitadas por cerca de 70 milhões de famintos."
De lá para cá, a população mundial quase dobrou, e, embora ainda haja problemas sociais graves a resolver, principalmente ligados à pobreza, as previsões alarmistas de Ehrlich jamais se concretizaram. Pelo contrário, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza tem diminuído bastante, desde 1970. Mais: pelos dados recentes da FAO, o percentual de subnutridos nos países em desenvolvimento, em relação ao total da população, vem apresentando uma firme tendência declinante há quatro décadas, tendo baixado de 33% em 1970 para 16% em 2004.
Aliás, por falar em Paul Ehrlich, ficou famosa uma aposta feita entre este famoso ambientalista e o economista Julian Simon. Como Krugman, Ehrlich alardeava que, num mundo finito e de população crescente, os recursos seriam cada vez mais escassos e, consequentemente, seus preços cada vez maiores. Em 1980, Simon propôs a Ehrlich a seguinte aposta: Ehrlich escolheria cinco quaisquer produtos naturais para que tivessem seus preços acompanhados por 10 anos. Caso, no final deste período, os preços fossem maiores que em 1980 (corrigidos pela inflação), Ehrlich venceria, caso fossem menores, a vitória seria de Simon.
Ehrlich escolheu cinco metais: cromo, cobre, níquel, estanho e tungstênio. Apostaram então $200 em cada um dos metais, num total de $1.000, usando os preços de 29 de setembro de 1980 como referência. Durante a década de 80, o crescimento populacional do mundo foi de aproximadamente 800 milhões de pessoas - o maior aumento nominal em uma só década da História. Apesar disso, em setembro de 1990, os preços de todos os metais escolhidos por Ehrlich, sem exceção alguma, haviam caído, em alguns casos significativamente. O estanho, por exemplo, era cotado a $8,72 por onça em 1980, contra $3,70 em 1990.
No próximo dia primeiro de janeiro, mais um “malthusiano” terá perdido uma aposta. Cinco anos atrás, John Tierney leu um artigo de Matthew R. Simmons na The New York Times Magazine onde este vaticinava que o preço do barril de petróleo, então na casa dos $65, triplicaria nos cinco anos seguintes e passaria dos $200 durante o ano de 2010. Tierney apostou no contrário.
Em artigo publicado no The New York Times no último dia 27-12-2010, Tierney explica por que ganhou a aposta:
“Novos campos gigantes de petróleo foram descobertos nas costas da África e do Brasil. Novas reservas no Canadá fornecem agora mais petróleo para os Estados Unidos do que a Arábia Saudita. A produção doméstica americana também aumentou ano passado e o Departamento de Energia projeta mais aumentos para as próximas duas décadas.”
“Mas a verdadeira boa notícia é a descoberta de vastas quantidades de gás natural, cujo preço é hoje menos da metade do que era há cinco anos.”
“Pode ser que algo inesperado mude estas boas tendências, mas por enquanto eu diria que o conselho de Julian Simon permanece válido: é fácil fabricar notícias com vaticínios apocalípticos, mas você pode ganhar um bom dinheiro apostando contra elas” .
Artigo publicado pela versão digital folheável do Diário do Comércio em 10/01/2011
A piada da semana, talvez do seculo...
President Hu Jintao said his government remains committed to building "a modern socialist country."
Socialista???!!!
A China!!???
Eles são mais capitalistas do que o Brasil...
Mais um pouco ultrapassam os EUA, não apenas em PIB, mas em capitalismo também...
Socialista???!!!
A China!!???
Eles são mais capitalistas do que o Brasil...
Mais um pouco ultrapassam os EUA, não apenas em PIB, mas em capitalismo também...
Incompetencia no MEC-INEP: quando nao se resolve o problema, cria-se outro orgao
Inepto para tratar de suas atribuições próprias, o INEP vai ser desmembrado, e a nova presidente, inepta ou não, pretende criar uma estrutura própria para fazer aquilo que o órgão atual é incapaz de fazer: um simples exame de âmbito nacional.
Era esperado. A burocracia aparelhada, inepta para cuidar dos assuntos correntes, cria uma nova burocracia, a ser devidamente aparelhada também, para deixar de fazer aquilo que o órgão original tampouco foi competente para fazer.
Alguém espera uma solução ao problema? Algum estudante otimista?
É como o caso das enchentes: o governo promete para 2014 um centro de monitoramento de desastres naturais. Até lá morrerão quantos mais?
Paulo Roberto de Almeida
Nova presidente do Inep admite criação de órgão exclusivo para o Enem
Lisandra Paraguassú
O Estado de S.Paulo, 20 de janeiro de 2011
Malvina Tuttman, recém-nomeada para instituto responsável pelo exame, não descarta hipótese, levantada pelo ministro da Educação no ano passado; problemas no sistema de seleção para universidades federais por meio da nota do Enem prosseguiram na quarta
A nova presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, disse ao Estado que estuda tirar a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) das atribuições do órgão. "Pode acontecer como consequência das avaliações que estamos iniciando, mas ainda não tenho essa resposta", afirmou.
Problemas com o exame e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa as notas para selecionar alunos para instituições públicas de ensino superior, derrubaram dois presidentes do Inep em pouco mais de um ano. Malvina, ex-reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), foi nomeada anteontem.
A hipótese de se criar um outro órgão para cuidar apenas do Enem foi levantada pelo próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, no ano passado.
Segundo Malvina, o principal objetivo do Inep deve ser "o fortalecimento das políticas públicas", disse. "Iremos traçar um plano diretor daqui para frente."
Além do Enem, o Inep é responsável pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pelos censos da educação básica e superior, pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Desde 2009, quando o Enem se tornou instrumento de ingresso em muitas universidades federais, ele passa por problemas. Houve vazamentos, exposição de dados confidenciais dos candidatos, exemplares do exame com questões a menos, falhas sucessivas no sistema de inscrição online, entre outros.
Neste ano, 83.125 vagas estão em disputa pelo Sisu, que encerra até as 23h59 as inscrições. Mas o site do sistema seguia instável ontem, com muitos alunos relatando dificuldades. Segundo o MEC, até as 18 horas haviam sido realizadas 1,5 milhão de matrículas, por cerca de 800 mil estudantes (cada candidato escolhe até duas opções de curso). Mas a cifra não representa 25% de todos os alunos que prestaram o último Enem - foram 3,5 milhões.
Haddad em silêncio. Desde sexta, quando os primeiros problemas foram relatados, Haddad preferiu o silêncio. Nem quando as reclamações aumentaram no domingo ou quando a Justiça determinou a ampliação do prazo de inscrições, Haddad deu explicações. A troca da presidência do Inep foi anunciada em Diário Oficial sem declarações do ministro. Em resposta à crise, Haddad só adiou suas férias, que começariam amanhã, em dois dias.
Justiça. As inscrições no Sisu terminariam anteontem, mas uma decisão judicial ampliou o prazo. Com isso, a abertura de inscrições para o Programa Universidade Para Todos (Prouni) foi adiada para amanhã. Mas pedidos de liminares que buscam a suspensão do Sisu aguardam decisão na Justiça Federal no Ceará e em Pernambuco.
O juiz encarregado no Ceará prometeu um parecer até a tarde de hoje. Lá, defensoria e ministério públicos pedem que os candidatos com as notas do segundo dia de provas anuladas tenham acesso às folhas de respostas e aos argumentos da banca da redação. Estudantes acionaram a Justiça, contestando a explicação do MEC de que a anulação ocorreu não teria sido preenchida na folha de gabarito a cor do caderno de questões recebido - eram quatro cores. Ontem à noite, a primeira liminar foi concedida a uma estudande do Rio (mais informações nesta página). / COLABOROU LUCIANA ALVAREZ
Era esperado. A burocracia aparelhada, inepta para cuidar dos assuntos correntes, cria uma nova burocracia, a ser devidamente aparelhada também, para deixar de fazer aquilo que o órgão original tampouco foi competente para fazer.
Alguém espera uma solução ao problema? Algum estudante otimista?
É como o caso das enchentes: o governo promete para 2014 um centro de monitoramento de desastres naturais. Até lá morrerão quantos mais?
Paulo Roberto de Almeida
Nova presidente do Inep admite criação de órgão exclusivo para o Enem
Lisandra Paraguassú
O Estado de S.Paulo, 20 de janeiro de 2011
Malvina Tuttman, recém-nomeada para instituto responsável pelo exame, não descarta hipótese, levantada pelo ministro da Educação no ano passado; problemas no sistema de seleção para universidades federais por meio da nota do Enem prosseguiram na quarta
A nova presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, disse ao Estado que estuda tirar a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) das atribuições do órgão. "Pode acontecer como consequência das avaliações que estamos iniciando, mas ainda não tenho essa resposta", afirmou.
Problemas com o exame e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa as notas para selecionar alunos para instituições públicas de ensino superior, derrubaram dois presidentes do Inep em pouco mais de um ano. Malvina, ex-reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), foi nomeada anteontem.
A hipótese de se criar um outro órgão para cuidar apenas do Enem foi levantada pelo próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, no ano passado.
Segundo Malvina, o principal objetivo do Inep deve ser "o fortalecimento das políticas públicas", disse. "Iremos traçar um plano diretor daqui para frente."
Além do Enem, o Inep é responsável pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pelos censos da educação básica e superior, pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Desde 2009, quando o Enem se tornou instrumento de ingresso em muitas universidades federais, ele passa por problemas. Houve vazamentos, exposição de dados confidenciais dos candidatos, exemplares do exame com questões a menos, falhas sucessivas no sistema de inscrição online, entre outros.
Neste ano, 83.125 vagas estão em disputa pelo Sisu, que encerra até as 23h59 as inscrições. Mas o site do sistema seguia instável ontem, com muitos alunos relatando dificuldades. Segundo o MEC, até as 18 horas haviam sido realizadas 1,5 milhão de matrículas, por cerca de 800 mil estudantes (cada candidato escolhe até duas opções de curso). Mas a cifra não representa 25% de todos os alunos que prestaram o último Enem - foram 3,5 milhões.
Haddad em silêncio. Desde sexta, quando os primeiros problemas foram relatados, Haddad preferiu o silêncio. Nem quando as reclamações aumentaram no domingo ou quando a Justiça determinou a ampliação do prazo de inscrições, Haddad deu explicações. A troca da presidência do Inep foi anunciada em Diário Oficial sem declarações do ministro. Em resposta à crise, Haddad só adiou suas férias, que começariam amanhã, em dois dias.
Justiça. As inscrições no Sisu terminariam anteontem, mas uma decisão judicial ampliou o prazo. Com isso, a abertura de inscrições para o Programa Universidade Para Todos (Prouni) foi adiada para amanhã. Mas pedidos de liminares que buscam a suspensão do Sisu aguardam decisão na Justiça Federal no Ceará e em Pernambuco.
O juiz encarregado no Ceará prometeu um parecer até a tarde de hoje. Lá, defensoria e ministério públicos pedem que os candidatos com as notas do segundo dia de provas anuladas tenham acesso às folhas de respostas e aos argumentos da banca da redação. Estudantes acionaram a Justiça, contestando a explicação do MEC de que a anulação ocorreu não teria sido preenchida na folha de gabarito a cor do caderno de questões recebido - eram quatro cores. Ontem à noite, a primeira liminar foi concedida a uma estudande do Rio (mais informações nesta página). / COLABOROU LUCIANA ALVAREZ
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Itamaraty tambem é cultura (sempre foi, alias...)
Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea
O Ministério das Relações Exteriores informa que estarão abertas, até o dia 25 de março de 2011, as inscrições para o “I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea”.
O Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, de periodicidade bianual, concederá prêmios nas áreas de pintura, escultura, fotografia e obras em papel. As obras selecionadas passarão a fazer parte do acervo do Ministério das Relações Exteriores, podendo ser expostas no Palácio Itamaraty e por toda a rede de Embaixadas e Consulados do Brasil no exterior.
O Concurso visa a incentivar a produção brasileira de arte contemporânea e a ampliar sua divulgação no exterior.
Poderão ser inscritas no Concurso quaisquer obras de artistas brasileiros. É vedada, no entanto, a participação no Concurso de membros da Comissão de Seleção e da Comissão Julgadora, bem como de servidores, cônjuges e parentes de primeiro grau de servidores do Ministério das Relações Exteriores.
Cada artista poderá inscrever apenas uma obra no certame. Para inscrevê-la, o interessado deverá enviar ao endereço eletrônico artecontemporanea@itamaraty.gov.br:
I. ficha de inscrição assinada e digitalizada;
II. curriculum vitae com texto descritivo e dez imagens (em baixa resolução) de obras de sua autoria, produzidas nos últimos dois anos;
III. imagem da obra inscrita, com resolução mínima de 300 dpi, em formato TIFF ou JPEG; e
IV. declaração de autoria e propriedade da obra inscrita.
Os valores dos prêmios oferecidos para as áreas de pintura e escultura são:
a) Primeiro lugar: R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
b) Segundo lugar: R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
c) Terceiro lugar: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
d) Quarto lugar: R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Os valores dos prêmios oferecidos para as áreas de fotografia e obras em papel são:
a) Primeiro lugar: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
b) Segundo lugar: R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais);
c) Terceiro lugar: R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
d) Quarto lugar: R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
O edital completo do Concurso está disponível no site www.dc.mre.gov.br – seção “Eventos e Concursos”. Outras informações poderão ser solicitadas à Divisão de Operações de Difusão Cultural do Itamaraty - dodc@itamaraty.gov.br
O Ministério das Relações Exteriores informa que estarão abertas, até o dia 25 de março de 2011, as inscrições para o “I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea”.
O Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, de periodicidade bianual, concederá prêmios nas áreas de pintura, escultura, fotografia e obras em papel. As obras selecionadas passarão a fazer parte do acervo do Ministério das Relações Exteriores, podendo ser expostas no Palácio Itamaraty e por toda a rede de Embaixadas e Consulados do Brasil no exterior.
O Concurso visa a incentivar a produção brasileira de arte contemporânea e a ampliar sua divulgação no exterior.
Poderão ser inscritas no Concurso quaisquer obras de artistas brasileiros. É vedada, no entanto, a participação no Concurso de membros da Comissão de Seleção e da Comissão Julgadora, bem como de servidores, cônjuges e parentes de primeiro grau de servidores do Ministério das Relações Exteriores.
Cada artista poderá inscrever apenas uma obra no certame. Para inscrevê-la, o interessado deverá enviar ao endereço eletrônico artecontemporanea@itamaraty.gov.br:
I. ficha de inscrição assinada e digitalizada;
II. curriculum vitae com texto descritivo e dez imagens (em baixa resolução) de obras de sua autoria, produzidas nos últimos dois anos;
III. imagem da obra inscrita, com resolução mínima de 300 dpi, em formato TIFF ou JPEG; e
IV. declaração de autoria e propriedade da obra inscrita.
Os valores dos prêmios oferecidos para as áreas de pintura e escultura são:
a) Primeiro lugar: R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
b) Segundo lugar: R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
c) Terceiro lugar: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
d) Quarto lugar: R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Os valores dos prêmios oferecidos para as áreas de fotografia e obras em papel são:
a) Primeiro lugar: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
b) Segundo lugar: R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais);
c) Terceiro lugar: R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
d) Quarto lugar: R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
O edital completo do Concurso está disponível no site www.dc.mre.gov.br – seção “Eventos e Concursos”. Outras informações poderão ser solicitadas à Divisão de Operações de Difusão Cultural do Itamaraty - dodc@itamaraty.gov.br
Paraguai-Brasil-Itaipu: mais um capitulo da novela
Da coluna do ex-prefeito Cesar Maia:
BRASIL X PARAGUAI X ITAIPU!
1. (Asunción – ABC, 17) La flamante presidenta del Brasil, que se dispone a visitar nuestro país en el mes de marzo próximo, envía adelantado al también nuevo canciller de su gobierno, Antonio de Aguiar Patriota, para ajustar los puntos de la agenda de la futura visita. Solamente tienen que hacer memoria y recordar todo lo que Lula prometió y el Gobierno brasileño no cumplió, sea porque fueron promesas engañosas formuladas adrede para dar tiempo al tiempo, sea porque el Congreso brasileño las contradijo. Pero si el Presidente brasileño sabía cuál era el criterio dominante en su Congreso respecto del incremento del pago que con justicia se nos debe dar por adquisición de nuestra energía de Itaipú, no hubiera formulado ningún ofrecimiento.
2. (Folha online, 17) O novo chanceler do Brasil, Antonio Patriota, assegurou nesta segunda-feira que o governo de Dilma Rousseff vai dar "alta prioridade" à ratificação pelo Senado do acordo firmado em 2009 pelo ex-presidente Lula da Silva, que prevê o pagamento de US$ 360 milhões anuais pela venda da energia que corresponde ao Paraguai na usina de Itaipu Binacional. "Como resultado das eleições do ano passado, com a nova composição do Congresso, acredito que este ano será mais favorável à ratificação destes instrumentos. Esperamos em um prazo relativamente breve ter notícias positivas sobre o tema" disse Patriota, após reunir-se durante uma hora com o presidente paraguaio, Fernando Lugo, no Palácio de Governo.
3. (Ex-Blog, 17) Ou seja: continuam a tratar o Congresso como uma correia de transmissão do executivo. No Senado dos EUA, depois de uma declaração dessas da ministra (secretaria de estado), não daria nem para sonhar em tramitar a autorização.
BRASIL X PARAGUAI X ITAIPU!
1. (Asunción – ABC, 17) La flamante presidenta del Brasil, que se dispone a visitar nuestro país en el mes de marzo próximo, envía adelantado al también nuevo canciller de su gobierno, Antonio de Aguiar Patriota, para ajustar los puntos de la agenda de la futura visita. Solamente tienen que hacer memoria y recordar todo lo que Lula prometió y el Gobierno brasileño no cumplió, sea porque fueron promesas engañosas formuladas adrede para dar tiempo al tiempo, sea porque el Congreso brasileño las contradijo. Pero si el Presidente brasileño sabía cuál era el criterio dominante en su Congreso respecto del incremento del pago que con justicia se nos debe dar por adquisición de nuestra energía de Itaipú, no hubiera formulado ningún ofrecimiento.
2. (Folha online, 17) O novo chanceler do Brasil, Antonio Patriota, assegurou nesta segunda-feira que o governo de Dilma Rousseff vai dar "alta prioridade" à ratificação pelo Senado do acordo firmado em 2009 pelo ex-presidente Lula da Silva, que prevê o pagamento de US$ 360 milhões anuais pela venda da energia que corresponde ao Paraguai na usina de Itaipu Binacional. "Como resultado das eleições do ano passado, com a nova composição do Congresso, acredito que este ano será mais favorável à ratificação destes instrumentos. Esperamos em um prazo relativamente breve ter notícias positivas sobre o tema" disse Patriota, após reunir-se durante uma hora com o presidente paraguaio, Fernando Lugo, no Palácio de Governo.
3. (Ex-Blog, 17) Ou seja: continuam a tratar o Congresso como uma correia de transmissão do executivo. No Senado dos EUA, depois de uma declaração dessas da ministra (secretaria de estado), não daria nem para sonhar em tramitar a autorização.
Diplomatas tambem fazem greve... em Israel... (Carta Capital)
Diplomatas israelenses em greve recebem apoio de sindicato brasileiro
Viviane Vaz, de Jerusalém
Carta Capital, 18 de janeiro de 2011
Visita de autoridade militar ao Brasil em fevereiro pode ser cancelada, se a paralisação continuar.
O Sinditamaraty, sindicato que reúne os servidores do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, publicará nos próximos dias um comunicado em apoio aos colegas israelenses em greve por melhores salários desde 27 de dezembro. A iniciativa foi decidida em reunião realizada em Brasília na semana passada. “O salário que os israelenses recebem é de fato irrisório, quanto mais se comparado a outras chancelarias no mundo. Toda a área ligada a segurança do governo é vista com bons olhos, enquanto outras áreas recebem um tratamento com bastante detrimento. Infelizmente eles ainda não conseguiram pensar que relações exteriores é segurança nacional”, ressalta o presidente do Sinditamaraty, João Rafael Chió Serra Carvalho. “Em 1995, fez-se no Brasil uma reforma administrativa na qual se estabeleceu que a diplomacia é uma profissão típica do Estado. Nós ainda estamos aguardando que isso aconteça também em Israel”, disse à Carta Capital o diplomata israelense Leo Vinovezky, que trabalha na embaixada em Brasília.
Em Jerusalém, há quase um mês os diplomatas têm ido à sede da chancelaria com camisetas negras com o alerta em hebraico: “Eu sou um pobre diplomata”. “Vamos ao ministério todos os dias, mas não cumprimos com nosso trabalho em forma de protesto”, explica à reportagem um diplomata israelense. Apesar de a paralisação ter começado em dezembro do ano passado, as manifestações tiveram origem em junho, quando os diplomatas foram trabalhar vestidos com calças jeans e chinelos. Em agosto eles também criticaram o serviço de inteligência, Mossad, por prejudicar os protestos ao aceitarem organizar a visita do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a Atenas. Os diplomatas reclamam que ganham 49% menos dos funcionários do Ministério da Defesa e 80% que os do Mossad.
O vice-presidente da Associação de Diplomatas Brasileiros (ADB), Paulo Roberto de Almeida, explica que por ser uma profissão tradicionalmente aristocrática e elitista, não é comum ver diplomatas em greve. No entanto, ele destaca que a iniciativa não é inédita, principalmente em países de forte tradição sindical como Espanha e Itália. “No caso de Israel, o passado está identificado claramente com a ideia sionista, que é socialista, sindicalista, trabalhista”, diz Paulo Roberto. “Hoje há diferentes partidos, inclusive radicais e religiosos, mas isso não afeta o sindicalismo de Israel, que é profundamente social-democrata e até socialista. Então não é estranho que o movimento sindical também compreenda muitos diplomatas”, conclui.
Leo avalia que não poderia encontrar uma profissão mais fascinante do que a de diplomata, mas que o sonho profissional está se tornando um pesadelo econômico. “Assim como Israel precisa dos melhores soldados na frente de batalha, precisa dos melhores ‘soldados’ com terno e gravata no exterior do país. Mas se (os salários) continuarem assim, muitos jovens israelenses não vão considerar ser diplomatas”, ressalta.
“Um diplomata brasileiro que acaba de entrar no Rio Branco ganha mais do que um diplomata israelense em 30 anos de carreira em Israel”, afirma em Tel Aviv um funcionário israelense que serviu no Brasil, mas prefere não se identificar. No Brasil, o diplomata em início de carreira começa com um salário de R$ 12.413,03. Em Israel, apesar do desafiador trabalho de lutar para melhorar a imagem internacional de um país que desde 1967 passou de vencido a vencedor, os diplomatas iniciam na profissão com US$ 1340 dólares (cerca de R$ 2680). Segundo o sindicalista Hanan Goder-Goldberger, depois de 10 anos de carreira, a remuneração pode chegar a US$ 1600.
Paulo Roberto recorda que até os anos 1990, os diplomatas brasileiros também ganhavam mal no Brasil. “Quando entrei na carreira diplomática, eu não tinha salário para fazer crediário para comprar geladeira, nem tinha como comprar telefone ou carro, que eram caríssimos. Então eu era um diplomata pobre”, lembra Paulo. “Hoje se ganha bem no Brasil”, reconhece. Leo conta que os israelenses por amor à profissão correm de um lado para outro, muitas vezes em transporte público. “Pensamos no trabalho, como fazer de Israel um país mais reconhecido, mais respeitado no mundo, que as pessoas tenham interesse em pesquisar e descobrir”, explica.
Nos últimos 17 anos, os salários dos diplomatas perderam mais de 40% do valor e os profissionais decidiram que desta vez deixarão de “subsidiar” o Estado. De acordo com Hanan, dos 830 funcionários do ministério, 12% vivem abaixo da linha de pobreza, pois não conseguem sustentar uma família com mulher e dois filhos. O sindicalista alertou que se a situação continuar, apenas aqueles cujas famílias abastadas aceitarem sustentá-los poderão exercer a profissão.
O sindicato israelense exige um aumento de 25% para um “serviço diplomático à altura do Estado”. “Nossos diplomatas destacados no exterior estão orientados a não enviar mensagens diplomáticos ao ministério, nem usar trajes de diplomata nas recepções oficiais, nem dar vistos de entrada para Israel”, explicou Goder ao Jerusalem Post. Até o momento, o ministro de Finanças, Nir Reis, apenas concordou em dar uma gratificação de cerca de R$ 1,5 mil, além de um aumento de 6,5% sobre os salários, como também 15% para os que tiverem mestrado e 14,75% para quem tiver mais de seis anos no exterior.
Carta ao premiê
Na quinta-feira passada, vinte embaixadores israelenses pediram a intervenção de Netanyahu para acabar com a greve e “salvar o serviço exterior de Israel”. Os diplomatas veteranos recordaram ao premiê que ele já serviu como embaixador israelense na ONU e como diplomata em Washington e sabe que o serviço exterior é parte da segurança nacional. “Assim como o Estado precisa dos seus melhores homens em altas posições no sistema de defesa, precisa deles no campo diplomático também, que está se tornando mais importante e relevante para a força nacional todos os dias”, disseram os embaixadores em carta aberta direcionada a Netanyahu. Os diplomatas veteranos reclamam que o ministro de Finanças ignora os “salários humilhantes” e destacam que a crise pode levar a sérios prejuízos da posição de Israel no mundo.
A greve já impediu que o país recebesse duas visitas de Estado consideradas importantíssimas para o país: a do presidente russo, Dimitri Medvedev, a da chanceler alemã, Angela Merkel. “Desde 27 de dezembro não preparamos nenhuma visita oficial, quer se trate de personalidades israelenses que vão ao exterior ou de convidados por Israel”, concluiu Goder. Uma importante autoridade do gabinete politico militar de Israel recebeu um convite para vir ao Brasil em fevereiro, mas se a paralisação continuar, corre o risco de ser cancelada.
Viviane Vaz, de Jerusalém
Carta Capital, 18 de janeiro de 2011
Visita de autoridade militar ao Brasil em fevereiro pode ser cancelada, se a paralisação continuar.
O Sinditamaraty, sindicato que reúne os servidores do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, publicará nos próximos dias um comunicado em apoio aos colegas israelenses em greve por melhores salários desde 27 de dezembro. A iniciativa foi decidida em reunião realizada em Brasília na semana passada. “O salário que os israelenses recebem é de fato irrisório, quanto mais se comparado a outras chancelarias no mundo. Toda a área ligada a segurança do governo é vista com bons olhos, enquanto outras áreas recebem um tratamento com bastante detrimento. Infelizmente eles ainda não conseguiram pensar que relações exteriores é segurança nacional”, ressalta o presidente do Sinditamaraty, João Rafael Chió Serra Carvalho. “Em 1995, fez-se no Brasil uma reforma administrativa na qual se estabeleceu que a diplomacia é uma profissão típica do Estado. Nós ainda estamos aguardando que isso aconteça também em Israel”, disse à Carta Capital o diplomata israelense Leo Vinovezky, que trabalha na embaixada em Brasília.
Em Jerusalém, há quase um mês os diplomatas têm ido à sede da chancelaria com camisetas negras com o alerta em hebraico: “Eu sou um pobre diplomata”. “Vamos ao ministério todos os dias, mas não cumprimos com nosso trabalho em forma de protesto”, explica à reportagem um diplomata israelense. Apesar de a paralisação ter começado em dezembro do ano passado, as manifestações tiveram origem em junho, quando os diplomatas foram trabalhar vestidos com calças jeans e chinelos. Em agosto eles também criticaram o serviço de inteligência, Mossad, por prejudicar os protestos ao aceitarem organizar a visita do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a Atenas. Os diplomatas reclamam que ganham 49% menos dos funcionários do Ministério da Defesa e 80% que os do Mossad.
O vice-presidente da Associação de Diplomatas Brasileiros (ADB), Paulo Roberto de Almeida, explica que por ser uma profissão tradicionalmente aristocrática e elitista, não é comum ver diplomatas em greve. No entanto, ele destaca que a iniciativa não é inédita, principalmente em países de forte tradição sindical como Espanha e Itália. “No caso de Israel, o passado está identificado claramente com a ideia sionista, que é socialista, sindicalista, trabalhista”, diz Paulo Roberto. “Hoje há diferentes partidos, inclusive radicais e religiosos, mas isso não afeta o sindicalismo de Israel, que é profundamente social-democrata e até socialista. Então não é estranho que o movimento sindical também compreenda muitos diplomatas”, conclui.
Leo avalia que não poderia encontrar uma profissão mais fascinante do que a de diplomata, mas que o sonho profissional está se tornando um pesadelo econômico. “Assim como Israel precisa dos melhores soldados na frente de batalha, precisa dos melhores ‘soldados’ com terno e gravata no exterior do país. Mas se (os salários) continuarem assim, muitos jovens israelenses não vão considerar ser diplomatas”, ressalta.
“Um diplomata brasileiro que acaba de entrar no Rio Branco ganha mais do que um diplomata israelense em 30 anos de carreira em Israel”, afirma em Tel Aviv um funcionário israelense que serviu no Brasil, mas prefere não se identificar. No Brasil, o diplomata em início de carreira começa com um salário de R$ 12.413,03. Em Israel, apesar do desafiador trabalho de lutar para melhorar a imagem internacional de um país que desde 1967 passou de vencido a vencedor, os diplomatas iniciam na profissão com US$ 1340 dólares (cerca de R$ 2680). Segundo o sindicalista Hanan Goder-Goldberger, depois de 10 anos de carreira, a remuneração pode chegar a US$ 1600.
Paulo Roberto recorda que até os anos 1990, os diplomatas brasileiros também ganhavam mal no Brasil. “Quando entrei na carreira diplomática, eu não tinha salário para fazer crediário para comprar geladeira, nem tinha como comprar telefone ou carro, que eram caríssimos. Então eu era um diplomata pobre”, lembra Paulo. “Hoje se ganha bem no Brasil”, reconhece. Leo conta que os israelenses por amor à profissão correm de um lado para outro, muitas vezes em transporte público. “Pensamos no trabalho, como fazer de Israel um país mais reconhecido, mais respeitado no mundo, que as pessoas tenham interesse em pesquisar e descobrir”, explica.
Nos últimos 17 anos, os salários dos diplomatas perderam mais de 40% do valor e os profissionais decidiram que desta vez deixarão de “subsidiar” o Estado. De acordo com Hanan, dos 830 funcionários do ministério, 12% vivem abaixo da linha de pobreza, pois não conseguem sustentar uma família com mulher e dois filhos. O sindicalista alertou que se a situação continuar, apenas aqueles cujas famílias abastadas aceitarem sustentá-los poderão exercer a profissão.
O sindicato israelense exige um aumento de 25% para um “serviço diplomático à altura do Estado”. “Nossos diplomatas destacados no exterior estão orientados a não enviar mensagens diplomáticos ao ministério, nem usar trajes de diplomata nas recepções oficiais, nem dar vistos de entrada para Israel”, explicou Goder ao Jerusalem Post. Até o momento, o ministro de Finanças, Nir Reis, apenas concordou em dar uma gratificação de cerca de R$ 1,5 mil, além de um aumento de 6,5% sobre os salários, como também 15% para os que tiverem mestrado e 14,75% para quem tiver mais de seis anos no exterior.
Carta ao premiê
Na quinta-feira passada, vinte embaixadores israelenses pediram a intervenção de Netanyahu para acabar com a greve e “salvar o serviço exterior de Israel”. Os diplomatas veteranos recordaram ao premiê que ele já serviu como embaixador israelense na ONU e como diplomata em Washington e sabe que o serviço exterior é parte da segurança nacional. “Assim como o Estado precisa dos seus melhores homens em altas posições no sistema de defesa, precisa deles no campo diplomático também, que está se tornando mais importante e relevante para a força nacional todos os dias”, disseram os embaixadores em carta aberta direcionada a Netanyahu. Os diplomatas veteranos reclamam que o ministro de Finanças ignora os “salários humilhantes” e destacam que a crise pode levar a sérios prejuízos da posição de Israel no mundo.
A greve já impediu que o país recebesse duas visitas de Estado consideradas importantíssimas para o país: a do presidente russo, Dimitri Medvedev, a da chanceler alemã, Angela Merkel. “Desde 27 de dezembro não preparamos nenhuma visita oficial, quer se trate de personalidades israelenses que vão ao exterior ou de convidados por Israel”, concluiu Goder. Uma importante autoridade do gabinete politico militar de Israel recebeu um convite para vir ao Brasil em fevereiro, mas se a paralisação continuar, corre o risco de ser cancelada.
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