Tem gente que lê minha pequena brincadeira numérica com indizível horror e incontida raiva.
Acho que a conta vai aumentar, até o final do ano. A raiva também (contra a imprensa, contra este blog, contra mim, não contra a corrupção, o que é uma pena).
Se eu fosse astrólogo, eu diria que metade do governo vai cair, pela imprensa e por corrupção.
O governo segue a imprensa, sem querer, mas segue...
Tem gente que não gosta disso, mas esta é a realidade...
Vamos esperar novos scores nesse jogo maluco...
Mais maluco ainda é quem, tendo poder de demissão e de nomeação, não designa auxiliares mais competentes, ou pelo menos mais honestos...
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 13 de agosto de 2011
Crise do capitalismo: certo exagero da analise - John Micklethwait (The Economist)
Interessantes colocações, mas o entrevistado exagera ao dizer que a crise de 2008 definiu o capitalismo e até o século 21. As pessoas sempre tendem a magnificar o que vivem. Essa crise vai passar, e o século 21 vai ver coisas piores, e melhores, claro.
No plano conceitual, a crise falhou, até agora, em esclarecer as duas grandes tendências de nossa época, o keynesianismo estatizante e o liberalismo clássico. Todo mundo parece keynesiano até aqui, mas as sociedades vão pagar um alto preço por essa mania de querer almoço grátis.
Vamos precisar de um pouco mais de desastres keynesianos para que as futuras gerações aprendam que não existe almoço grátis...
Paulo Roberto de Almeida
John Micklethwait: "A crise vai definir o destino do século"
Rodrigo Turrer
Epoca, 13/08/2011
Nem o 11 de setembro, nem a guerra ao terror, nem a ascensão dos movimentos conservadores. Para o jornalista, historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist, John Micklethwait, é a sucessão de crises econômicas que vai definir o século XXI. “A crise de crédito endureceu o debate sobre o futuro do capitalismo”, afirma Micklethwait. “A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.” Nesta entrevista a ÉPOCA, ele critica a forma como os Estados Unidos estão tratando seus problemas econômicos e diz que a falta de entendimento entre democratas e republicanos só tende a aumentar, principalmente com o fortalecimento do Tea Party. “São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas e causam abalos.”
ENTREVISTA - JOHN MICKLETHWAIT
QUEM É
Historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist
O QUE FEZ
Ex-diretor da sucursal de Nova York, assumiu a The Economist em 2006. A revista tem circulação de 1,4 milhão de exemplares
O QUE PUBLICOU
Cinco livros, entre eles The right nation (A nação direita) , sobre o conservadorismo americano, e God is back (Deus está de volta) , sobre grupos religiosos no mundo
ÉPOCA – Qual é o efeito da crise econômica dos últimos anos para o mundo?
John Micklethwait – A recente crise de crédito (de 2008) é o fato mais decisivo de nossos tempos. Ela vai definir o destino do século. Foi mais importante para o futuro do que o 11 de setembro, a guerra ao terror, o crescimento da direita ou qualquer outro evento social e político. Desencadeou uma série de crises que se retroalimentam: uma crise financeira, uma crise econômica, uma crise política e uma crise ideológica. É uma decorrência de outro grande evento dos últimos 25 anos: a globalização. A abertura permanente de mercados levou os países emergentes a dar um grande salto adiante.
ÉPOCA – Qual é exatamente a relação com a globalização?
Micklethwait – A crise de crédito demonstrou a fragilidade das economias dos países desenvolvidos. Teria sido diferente se não houvesse uma invasão das reservas dos emergentes nos mercados. Reservas geradas por duas décadas em que os países emergentes cresceram, não apenas no PIB. Esses países respondem por metade do consumo mundial de energia; aumentaram sua participação nas exportações de 20% para 43% e têm 75% dos celulares.
ÉPOCA – O que esses dados nos mostram?
Micklethwait – Há uma variedade de vozes nesses países que gritam por consumo. O mundo emergente continua mais pobre que os desenvolvidos, mas há uma mudança dramática na forma como encaramos o que o capitalismo pode fazer pelas pessoas. Nesta década, bilhões passaram da pobreza para a classe média. Gente que gasta, compra, paga educação para seus filhos. Tenho uma fé inabalável no poder da entrada desses bilhões de pessoas dos países emergentes na economia mundial. É uma das transformações mais notáveis do mundo, para a qual os desenvolvidos precisam atentar. Um fenômeno que pode alimentar uma discussão essencial.
ÉPOCA – Qual discussão?
Micklethwait – Sobre o tipo de governo que as pessoas querem. Países que estão se tornando ricos, como China e Índia, se perguntam qual tipo de Estado precisam ser para atender às demandas de seus cidadãos. Na Europa, perguntam de onde cortar para reduzir o Estado. A crise de crédito endureceu o debate vital sobre o futuro do capitalismo. Há muitas vozes aí, dos integrantes do Tea Party americano, que não admitem aumento de impostos, aos trabalhadores europeus, contrários a reformas. A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.
ÉPOCA – Esta crise pode acelerar um declínio americano?
Micklethwait – Não acredito. Os Estados Unidos são e continuarão a ser a única superpotência. Mas não são a única potência. Eles descobriram na última década que precisam negociar com outros países – e precisarão cada vez mais. O problema nos Estados Unidos hoje é a falta de lideranças. Eles carecem de políticos carismáticos e capazes de conduzir o país, nos dois lados de sua política.
ÉPOCA – O que podemos esperar dos Estados Unidos nos próximos anos?
Micklethwait – Vai demorar para eles saírem desta crise. O que poderia tirá-los do atoleiro seria uma revisão do Orçamento. Seria fantástico se eles entendessem que não podem sair da dívida contraindo mais dívidas. Só aumentar o teto e vender títulos não vai resolver. Os americanos precisam colocar dinheiro na economia para forçar uma retomada, mas consertar suas finanças com corte de gastos seria o primeiro passo.
“Os Estados Unidos continuarão a ser a única superpotência, mas descobriram que precisam negociar com outros países”
ÉPOCA – O recente racha no Congresso no caso do aumento do teto da dívida confirma o que o senhor escreveu sobre o aumento do conservadorismo americano?
Micklethwait – Confirma. No livro (The right nation) , mostramos como o conservadorismo moldou os Estados Unidos e como os movimentos conservadores se organizaram nos últimos 50 anos. Os impostos nos Estados Unidos são baixíssimos se comparados a outros países. Ainda assim, falar em aumento de taxas é uma heresia. O Tea Party é uma variação dessa tradição de direita, uma versão furiosa e exagerada, mas que faz parte da natureza americana. Chegaram longe por causa da organização da direita americana nos últimos 50 anos.
ÉPOCA – Houve outros momentos em que a direita estridente conquistou espaço e logo saiu de cena. Esse também pode ser o destino do Tea Party?
Micklethwait – A situação é diferente. Há uma mistura de ideologias diversas no Tea Party. O que elas têm em comum é uma fúria básica, visceral, contra o Estado, contra a ação do Estado sobre elas. É uma volta ao conservadorismo de Ronald Reagan (presidente americano de 1981 a 1989) , com elementos de (Barry) Goldwater (conhecido como “Senhor Conservador”, cinco vezes eleito senador pelo Arizona) . O Tea Party carrega um grupo esquecido por quem vive fora dos Estados Unidos: as pessoas sem filiação partidária que são conservadores sociais. São eleitores descontentes com a perda dos chamados “valores da família”, contrários ao aborto e ao casamento gay.
ÉPOCA – Essa direita pode tornar o embate entre as duas Américas ainda pior?
Micklethwait – Não acredito. Se você olhar para qualquer pesquisa nos últimos 30 anos, verá que um em cada três americanos se diz conservador, e um em cada cinco se diz liberal. Você tem esse contingente no meio, um grande centro que costuma se inclinar para um lado ou para o outro. A influência muda. Nas eleições presidenciais, o lado mais à esquerda se manifestou, e Barack Obama ganhou. Nas eleições legislativas, foi o lado à direita que fortaleceu o Tea Party.
ÉPOCA – Mas nunca houve um embate que travasse a política americana como o de agora, não?
Micklethwait – De fato, não. Mas existem duas Américas há muito tempo. É a teoria que defendo em meu livro: a América conservadora, em sua atual forma, emergiu nos anos 1960 e vem crescendo desde então. Não acredito que ela vá embora. A divisão entre os dois partidos é cada vez maior, como nunca se viu antes, e só deverá piorar nos próximos anos. São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas, aumentam a distância entre si e causam abalos sísmicos na política nacional. Mas o Tea Party não é culpado por tudo de ruim na política americana.
ÉPOCA – Quem são os outros culpados?
Micklethwait – A equação é simples: os democratas querem aumentar impostos, e os republicanos querem cortar gastos. Desta vez, os republicanos foram intransigentes. Só que os democratas também não quiseram cortar gastos sociais exorbitantes, como o Medicare e a Previdência. Barack Obama nomeou duas comissões para avaliar o deficit e ignorou as conclusões de ambas. Os republicanos se comportaram mal, os integrantes do Tea Party pior ainda, mas os democratas não merecem elogios por sua atuação.
No plano conceitual, a crise falhou, até agora, em esclarecer as duas grandes tendências de nossa época, o keynesianismo estatizante e o liberalismo clássico. Todo mundo parece keynesiano até aqui, mas as sociedades vão pagar um alto preço por essa mania de querer almoço grátis.
Vamos precisar de um pouco mais de desastres keynesianos para que as futuras gerações aprendam que não existe almoço grátis...
Paulo Roberto de Almeida
John Micklethwait: "A crise vai definir o destino do século"
Rodrigo Turrer
Epoca, 13/08/2011
Nem o 11 de setembro, nem a guerra ao terror, nem a ascensão dos movimentos conservadores. Para o jornalista, historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist, John Micklethwait, é a sucessão de crises econômicas que vai definir o século XXI. “A crise de crédito endureceu o debate sobre o futuro do capitalismo”, afirma Micklethwait. “A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.” Nesta entrevista a ÉPOCA, ele critica a forma como os Estados Unidos estão tratando seus problemas econômicos e diz que a falta de entendimento entre democratas e republicanos só tende a aumentar, principalmente com o fortalecimento do Tea Party. “São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas e causam abalos.”
ENTREVISTA - JOHN MICKLETHWAIT
QUEM É
Historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist
O QUE FEZ
Ex-diretor da sucursal de Nova York, assumiu a The Economist em 2006. A revista tem circulação de 1,4 milhão de exemplares
O QUE PUBLICOU
Cinco livros, entre eles The right nation (A nação direita) , sobre o conservadorismo americano, e God is back (Deus está de volta) , sobre grupos religiosos no mundo
ÉPOCA – Qual é o efeito da crise econômica dos últimos anos para o mundo?
John Micklethwait – A recente crise de crédito (de 2008) é o fato mais decisivo de nossos tempos. Ela vai definir o destino do século. Foi mais importante para o futuro do que o 11 de setembro, a guerra ao terror, o crescimento da direita ou qualquer outro evento social e político. Desencadeou uma série de crises que se retroalimentam: uma crise financeira, uma crise econômica, uma crise política e uma crise ideológica. É uma decorrência de outro grande evento dos últimos 25 anos: a globalização. A abertura permanente de mercados levou os países emergentes a dar um grande salto adiante.
ÉPOCA – Qual é exatamente a relação com a globalização?
Micklethwait – A crise de crédito demonstrou a fragilidade das economias dos países desenvolvidos. Teria sido diferente se não houvesse uma invasão das reservas dos emergentes nos mercados. Reservas geradas por duas décadas em que os países emergentes cresceram, não apenas no PIB. Esses países respondem por metade do consumo mundial de energia; aumentaram sua participação nas exportações de 20% para 43% e têm 75% dos celulares.
ÉPOCA – O que esses dados nos mostram?
Micklethwait – Há uma variedade de vozes nesses países que gritam por consumo. O mundo emergente continua mais pobre que os desenvolvidos, mas há uma mudança dramática na forma como encaramos o que o capitalismo pode fazer pelas pessoas. Nesta década, bilhões passaram da pobreza para a classe média. Gente que gasta, compra, paga educação para seus filhos. Tenho uma fé inabalável no poder da entrada desses bilhões de pessoas dos países emergentes na economia mundial. É uma das transformações mais notáveis do mundo, para a qual os desenvolvidos precisam atentar. Um fenômeno que pode alimentar uma discussão essencial.
ÉPOCA – Qual discussão?
Micklethwait – Sobre o tipo de governo que as pessoas querem. Países que estão se tornando ricos, como China e Índia, se perguntam qual tipo de Estado precisam ser para atender às demandas de seus cidadãos. Na Europa, perguntam de onde cortar para reduzir o Estado. A crise de crédito endureceu o debate vital sobre o futuro do capitalismo. Há muitas vozes aí, dos integrantes do Tea Party americano, que não admitem aumento de impostos, aos trabalhadores europeus, contrários a reformas. A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.
ÉPOCA – Esta crise pode acelerar um declínio americano?
Micklethwait – Não acredito. Os Estados Unidos são e continuarão a ser a única superpotência. Mas não são a única potência. Eles descobriram na última década que precisam negociar com outros países – e precisarão cada vez mais. O problema nos Estados Unidos hoje é a falta de lideranças. Eles carecem de políticos carismáticos e capazes de conduzir o país, nos dois lados de sua política.
ÉPOCA – O que podemos esperar dos Estados Unidos nos próximos anos?
Micklethwait – Vai demorar para eles saírem desta crise. O que poderia tirá-los do atoleiro seria uma revisão do Orçamento. Seria fantástico se eles entendessem que não podem sair da dívida contraindo mais dívidas. Só aumentar o teto e vender títulos não vai resolver. Os americanos precisam colocar dinheiro na economia para forçar uma retomada, mas consertar suas finanças com corte de gastos seria o primeiro passo.
“Os Estados Unidos continuarão a ser a única superpotência, mas descobriram que precisam negociar com outros países”
ÉPOCA – O recente racha no Congresso no caso do aumento do teto da dívida confirma o que o senhor escreveu sobre o aumento do conservadorismo americano?
Micklethwait – Confirma. No livro (The right nation) , mostramos como o conservadorismo moldou os Estados Unidos e como os movimentos conservadores se organizaram nos últimos 50 anos. Os impostos nos Estados Unidos são baixíssimos se comparados a outros países. Ainda assim, falar em aumento de taxas é uma heresia. O Tea Party é uma variação dessa tradição de direita, uma versão furiosa e exagerada, mas que faz parte da natureza americana. Chegaram longe por causa da organização da direita americana nos últimos 50 anos.
ÉPOCA – Houve outros momentos em que a direita estridente conquistou espaço e logo saiu de cena. Esse também pode ser o destino do Tea Party?
Micklethwait – A situação é diferente. Há uma mistura de ideologias diversas no Tea Party. O que elas têm em comum é uma fúria básica, visceral, contra o Estado, contra a ação do Estado sobre elas. É uma volta ao conservadorismo de Ronald Reagan (presidente americano de 1981 a 1989) , com elementos de (Barry) Goldwater (conhecido como “Senhor Conservador”, cinco vezes eleito senador pelo Arizona) . O Tea Party carrega um grupo esquecido por quem vive fora dos Estados Unidos: as pessoas sem filiação partidária que são conservadores sociais. São eleitores descontentes com a perda dos chamados “valores da família”, contrários ao aborto e ao casamento gay.
ÉPOCA – Essa direita pode tornar o embate entre as duas Américas ainda pior?
Micklethwait – Não acredito. Se você olhar para qualquer pesquisa nos últimos 30 anos, verá que um em cada três americanos se diz conservador, e um em cada cinco se diz liberal. Você tem esse contingente no meio, um grande centro que costuma se inclinar para um lado ou para o outro. A influência muda. Nas eleições presidenciais, o lado mais à esquerda se manifestou, e Barack Obama ganhou. Nas eleições legislativas, foi o lado à direita que fortaleceu o Tea Party.
ÉPOCA – Mas nunca houve um embate que travasse a política americana como o de agora, não?
Micklethwait – De fato, não. Mas existem duas Américas há muito tempo. É a teoria que defendo em meu livro: a América conservadora, em sua atual forma, emergiu nos anos 1960 e vem crescendo desde então. Não acredito que ela vá embora. A divisão entre os dois partidos é cada vez maior, como nunca se viu antes, e só deverá piorar nos próximos anos. São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas, aumentam a distância entre si e causam abalos sísmicos na política nacional. Mas o Tea Party não é culpado por tudo de ruim na política americana.
ÉPOCA – Quem são os outros culpados?
Micklethwait – A equação é simples: os democratas querem aumentar impostos, e os republicanos querem cortar gastos. Desta vez, os republicanos foram intransigentes. Só que os democratas também não quiseram cortar gastos sociais exorbitantes, como o Medicare e a Previdência. Barack Obama nomeou duas comissões para avaliar o deficit e ignorou as conclusões de ambas. Os republicanos se comportaram mal, os integrantes do Tea Party pior ainda, mas os democratas não merecem elogios por sua atuação.
Muro de Berlim: 13 de agosto de 1961
Cinquenta anos atrás, o mundo comunista piscou em face do capitalismo...
Elaborei um artigo sobre a questão:
Um outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim, neste link.
Paulo Roberto de Almeida
MURO COMUNISTA
Há 50 anos Berlim foi dividida em duas
Opinião e Notícia, 13/08/2011
Prefeito de Berlim declarou que a cidade está relembrando neste sábado 'seu dia mais triste na história recente'
A Alemanha marca neste sábado, 13, os 50 anos da construção do Muro de Berlim, que durante 28 anos dividiu a cidade e virou o símbolo máximo da Guerra Fria e do mundo bipolar.
As autoridades comunistas da Alemanha Oriental ergueram o muro (inicialmente uma rede de alambrados de arame farpado) na noite de 13 de agosto de 1961, rodeando totalmente o lado ocidental da cidade.
‘Dia mais triste na história recente’
Na manhã deste sábado houve uma cerimônia com a leitura dos nomes de 136 berlinenses que morreram tentando cruzar o muro para o lado ocidental.
O prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, declarou que a cidade está relembrando neste sábado “seu dia mais triste na história recente”.
Elaborei um artigo sobre a questão:
Um outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim, neste link.
Paulo Roberto de Almeida
MURO COMUNISTA
Há 50 anos Berlim foi dividida em duas
Opinião e Notícia, 13/08/2011
Prefeito de Berlim declarou que a cidade está relembrando neste sábado 'seu dia mais triste na história recente'
A Alemanha marca neste sábado, 13, os 50 anos da construção do Muro de Berlim, que durante 28 anos dividiu a cidade e virou o símbolo máximo da Guerra Fria e do mundo bipolar.
As autoridades comunistas da Alemanha Oriental ergueram o muro (inicialmente uma rede de alambrados de arame farpado) na noite de 13 de agosto de 1961, rodeando totalmente o lado ocidental da cidade.
‘Dia mais triste na história recente’
Na manhã deste sábado houve uma cerimônia com a leitura dos nomes de 136 berlinenses que morreram tentando cruzar o muro para o lado ocidental.
O prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, declarou que a cidade está relembrando neste sábado “seu dia mais triste na história recente”.
Hooligans não gostam de ler... (claro, do contrario não seriam vandalos)
Ufa! Livros foram salvos. Ou melhor, não foram destruídos ou roubados, durante o mais recente festival de vandalismo em Londres (outros virão).
Parece que os baderneiros não gostam de ler.
Ainda bem: sobra mais para nós...
Paulo Roberto de Almeida
DISTÚRBIOS EM LONDRES
Quando os livros eram queimados
Opinião e Notícia, 13/08/2011
Apesar dos motins, livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Da ‘The Economist’*
Livros e motins compartilham uma história atribulada. Pense na Fogueira das Vaidades em 1497, quando Girolamo Savonarola e sua turma de seguidores religiosos rigorosamente coletaram e atearam fogo em pilhas de literatura “pagã”. Séculos depois, tochas de estudantes alemães de direita queimaram livros em protesto contra o que eles consideravam como a mácula rastejante do intelectualismo judeu sobre a cultura nacional.
Em 2011, em Londres, contudo, os bibliófilos podem respirar aliviados: apesar dos motins, os livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Em termos de alvos de saques, os livros estão perdendo espaço para calças jeans caras e engenhocas da Apple. Um funcionário bem-humorado da livraria Waterstones, em Manchester, falou que sua loja permaneceria aberta apesar do tumulto.
“Se eles roubarem alguns livros talvez aprendam alguma coisa”, disse. Mas ele parece estar fadado a se decepcionar: até agora apenas uma WH Smith foi saqueada, e nenhuma Waterstones. Como Patrick French tuitou, “A única loja que não foi saqueada na minha rua foi a Waterstones”.
A única infeliz exceção à anistia dos livros prevalecente é a Gay’s The Word, em Bloosbury, a primeira livraria exclusivamente gay e lésbica de Londres. Na manhã do dia 8 de agosto, os funcionários encontraram a vitrine da livraria estraçalhada por uma pedra e os livros à mostra cobertos por ovos. Nenhuma outra loja daquela rua fora depredada e nenhum livro subtraído. O subgerente, Uli Lenart, disse aos repórteres: “Estamos aliviados que um fósforo não tenha vindo depois da pedra”.
Simon Key, sócio da Big Green Bookshop em Wood Green London, foi rápido em se manifestar a respeito da violência e saques locais no blog da livraria, considerando-os “míopes, ignorantes e mesquinhos”. A sua livraria não sofreu danos, mas carros queimados e cacos de vidro espalhavam-se pela rua. A atmosfera de ameaça e incerteza claramente irritava-o: “é muito difícil continuar normalmente e, por precaução, nós cancelamos o nosso grupo de discussão de livros”. Ele estava decidido, porém, a “não deixar essa noite terrível de violência arruinar as coisas”. Arruaceiros, guardem essas palavras.
Autores de livros sobre motins em Londres como “Violent London: 2000 years of Riots, Rebels & Revolts” de Clive Bloom, devem estar ansiosos para o aumento de vendas (com pesar no coração, é claro). E muito tinta inevitavelmente será gasta sobre as raízes e causas destas últimas erupções. Eu já posso ver as capas, com jovens encapuzados e títulos com letras grandes e vermelhas. Mas a mensagem subjacente para livrarias dificilmente seria material de manchete: saqueadores, como consumidores mais convencionais, ignorarão os seus artigos sem pesar.
* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia
Parece que os baderneiros não gostam de ler.
Ainda bem: sobra mais para nós...
Paulo Roberto de Almeida
DISTÚRBIOS EM LONDRES
Quando os livros eram queimados
Opinião e Notícia, 13/08/2011
Apesar dos motins, livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Da ‘The Economist’*
Livros e motins compartilham uma história atribulada. Pense na Fogueira das Vaidades em 1497, quando Girolamo Savonarola e sua turma de seguidores religiosos rigorosamente coletaram e atearam fogo em pilhas de literatura “pagã”. Séculos depois, tochas de estudantes alemães de direita queimaram livros em protesto contra o que eles consideravam como a mácula rastejante do intelectualismo judeu sobre a cultura nacional.
Em 2011, em Londres, contudo, os bibliófilos podem respirar aliviados: apesar dos motins, os livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Em termos de alvos de saques, os livros estão perdendo espaço para calças jeans caras e engenhocas da Apple. Um funcionário bem-humorado da livraria Waterstones, em Manchester, falou que sua loja permaneceria aberta apesar do tumulto.
“Se eles roubarem alguns livros talvez aprendam alguma coisa”, disse. Mas ele parece estar fadado a se decepcionar: até agora apenas uma WH Smith foi saqueada, e nenhuma Waterstones. Como Patrick French tuitou, “A única loja que não foi saqueada na minha rua foi a Waterstones”.
A única infeliz exceção à anistia dos livros prevalecente é a Gay’s The Word, em Bloosbury, a primeira livraria exclusivamente gay e lésbica de Londres. Na manhã do dia 8 de agosto, os funcionários encontraram a vitrine da livraria estraçalhada por uma pedra e os livros à mostra cobertos por ovos. Nenhuma outra loja daquela rua fora depredada e nenhum livro subtraído. O subgerente, Uli Lenart, disse aos repórteres: “Estamos aliviados que um fósforo não tenha vindo depois da pedra”.
Simon Key, sócio da Big Green Bookshop em Wood Green London, foi rápido em se manifestar a respeito da violência e saques locais no blog da livraria, considerando-os “míopes, ignorantes e mesquinhos”. A sua livraria não sofreu danos, mas carros queimados e cacos de vidro espalhavam-se pela rua. A atmosfera de ameaça e incerteza claramente irritava-o: “é muito difícil continuar normalmente e, por precaução, nós cancelamos o nosso grupo de discussão de livros”. Ele estava decidido, porém, a “não deixar essa noite terrível de violência arruinar as coisas”. Arruaceiros, guardem essas palavras.
Autores de livros sobre motins em Londres como “Violent London: 2000 years of Riots, Rebels & Revolts” de Clive Bloom, devem estar ansiosos para o aumento de vendas (com pesar no coração, é claro). E muito tinta inevitavelmente será gasta sobre as raízes e causas destas últimas erupções. Eu já posso ver as capas, com jovens encapuzados e títulos com letras grandes e vermelhas. Mas a mensagem subjacente para livrarias dificilmente seria material de manchete: saqueadores, como consumidores mais convencionais, ignorarão os seus artigos sem pesar.
* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia
Militares a beira de um ataque de nervos (e nao é um filme...)
Um general que já foi presidente do Clube Militar e que não parece ter papas na língua, provavelmente sabendo que interpreta o pensamento de muitos militares da ativa que não podem falar...
Paulo Roberto de Almeida
CARTA AO SENHOR JOBIM
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa
12 de agosto de 2011
Como era natural, o senhor se foi, sem traumas, sem solavancos, substituído quase que por telefone, não durando mais do que cinco minutos o seu despacho de despedida com a presidente, que, de forma providencial, já tinha até o seu substituto definido. Surpreso? Nem tanto.
Substituição aceita com a maior naturalidade, pois ela é parte da rotina militar.
O senhor talvez esperasse adesões e simpatias que não ocorreram, primeiro, pela disciplina castrense e, depois, pelo desgaste acumulado ao longo dos seus trágicos 4 anos de investidura no cargo de ministro da defesa. E como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram, por dever de ofício, a desventura de servir no seu ministério (veja que omiti a palavra comando, porque o senhor nunca os comandou).
O desabafo à revista Piauí, gota d’água para a sua saída, retrata com fidelidade e até mesmo estupefação o seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores no trato dos assuntos funcionais, o desconhecimento dos preceitos da ética e do comportamento militar, a psicótica necessidade de se fantasiar de militar, envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas, como se um oficial-general se fizesse unicamente pelos uniformes, galões e insígnias que usa, esquecendo que a sua verdadeira autoridade emana dos longos anos de serviços prestados à Nação e da consideração e do respeito que nutre pelos seus camaradas. O senhor, de fato, nunca a entendeu e nunca foi compreendido e aceito pela tropa, por faltar-lhe um agregador essencial – a alma de Soldado.
Sua trajetória no Ministério da Defesa foi a mais retumbante desmistificação daquilo que prometeu realizar.
Infelizmente, as Forças Armadas ficaram piores, ainda mais enfraquecidas. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Continuam despreparadas para cumprir as suas missões e, na realidade, são forças desarmadas, só empregadas no cumprimento de missões policiais, muito aquém das suas responsabilidades constitucionais.
A Marinha poderá até apresentar um saldo positivo no seu programa de submarinos, mas a força de superfície está acabada, necessitando de urgente renovação, que não veio. A Aeronáutica prossegue sonhando com os modernos caças com que lhe acenaram, programa que desafia a paciência e aguarda por mais de 10 anos. O Exército parece ser o que se encontra em pior situação no tocante ao seu equipamento e armamento, na quase totalidade com mais de 50 anos de uso. Nem mesmo o seu armamento básico, o fuzil, teve substituto à altura. Evolução tecnológica, praticamente, nenhuma. O crônico problema salarial que, por anos, atormenta e inferioriza os militares que são tratados quase como párias, não teve uma programação que pretendesse amenizá-lo. A Comissão da Verdade, em face da sua dúbia atitude, é obra inconclusa, que tende a se agravar como perigoso fator desagregador da unidade nacional
O que fez o senhor ao longo desses quatro últimos anos para reverter essa situação, Sr Jobim. Nada! Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações. Mas sempre teve a paciência, a lealdade e a fidelidade dos Comandantes de Força.
A Estratégia Nacional de Defesa é o maior embuste que tenta vender. Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados por específicos programas governamentais, é um documento político para ser usado ou descartado ao sabor das circunstâncias, como atualmente ocorre, quando é vítima dos severos cortes orçamentários impostos às Forças Armadas, que inviabilizam os seus sonhos de modernização. Mal sobram recursos necessários para a sua vida vegetativa.
O caos aéreo que prometeu reverter com a modernização da infraestrutura aeroportuária só fez crescer e ameaça ficar fora de controle.
Você (como gosta de chamar os seus oficiais-generais) foi um embuste, Jobim.
Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias, das suas pretensões de efetivamente comandar as Forças Armadas, mesmo que para isso tivesse que usurpar os limites constitucionais.
Você parte amargando a compreensão de que nada mais foi do que um funcionário ad nutum, como todos os demais, demitido por extrapolar os limites das suas atribuições. A contragosto, é forçado a admitir que o verdadeiro comandante das Forças Armadas é a Presidente Dilma que, sem cerimônia, não tem delegado essa honrosa missão exercendo-a, por direito e de fato, na plenitude da sua competência.
Você acusou o golpe. Não teve, nem sequer, a disposição de transmitir o cargo que exerceu. Faceta da sua personalidade que a história saberá julgar.
Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim, que por longos 8 anos deslustrou o Itamaraty e comprometeu a nossa tradicional e competente diplomacia. Sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes, com notória orientação esquerdista, só o tempo dirá se a sua indicação valeu a pena.
No fundo, creio mesmo que só ao Senhor dos Exércitos caberá cuidar das nossas Forças Armadas.
1) O autor é General-de-Exército, Ex-Presidente do Clube Militar e Membro Fundador da Academia Brasileira de Defesa.
2) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.
Paulo Roberto de Almeida
CARTA AO SENHOR JOBIM
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa
12 de agosto de 2011
Como era natural, o senhor se foi, sem traumas, sem solavancos, substituído quase que por telefone, não durando mais do que cinco minutos o seu despacho de despedida com a presidente, que, de forma providencial, já tinha até o seu substituto definido. Surpreso? Nem tanto.
Substituição aceita com a maior naturalidade, pois ela é parte da rotina militar.
O senhor talvez esperasse adesões e simpatias que não ocorreram, primeiro, pela disciplina castrense e, depois, pelo desgaste acumulado ao longo dos seus trágicos 4 anos de investidura no cargo de ministro da defesa. E como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram, por dever de ofício, a desventura de servir no seu ministério (veja que omiti a palavra comando, porque o senhor nunca os comandou).
O desabafo à revista Piauí, gota d’água para a sua saída, retrata com fidelidade e até mesmo estupefação o seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores no trato dos assuntos funcionais, o desconhecimento dos preceitos da ética e do comportamento militar, a psicótica necessidade de se fantasiar de militar, envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas, como se um oficial-general se fizesse unicamente pelos uniformes, galões e insígnias que usa, esquecendo que a sua verdadeira autoridade emana dos longos anos de serviços prestados à Nação e da consideração e do respeito que nutre pelos seus camaradas. O senhor, de fato, nunca a entendeu e nunca foi compreendido e aceito pela tropa, por faltar-lhe um agregador essencial – a alma de Soldado.
Sua trajetória no Ministério da Defesa foi a mais retumbante desmistificação daquilo que prometeu realizar.
Infelizmente, as Forças Armadas ficaram piores, ainda mais enfraquecidas. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Continuam despreparadas para cumprir as suas missões e, na realidade, são forças desarmadas, só empregadas no cumprimento de missões policiais, muito aquém das suas responsabilidades constitucionais.
A Marinha poderá até apresentar um saldo positivo no seu programa de submarinos, mas a força de superfície está acabada, necessitando de urgente renovação, que não veio. A Aeronáutica prossegue sonhando com os modernos caças com que lhe acenaram, programa que desafia a paciência e aguarda por mais de 10 anos. O Exército parece ser o que se encontra em pior situação no tocante ao seu equipamento e armamento, na quase totalidade com mais de 50 anos de uso. Nem mesmo o seu armamento básico, o fuzil, teve substituto à altura. Evolução tecnológica, praticamente, nenhuma. O crônico problema salarial que, por anos, atormenta e inferioriza os militares que são tratados quase como párias, não teve uma programação que pretendesse amenizá-lo. A Comissão da Verdade, em face da sua dúbia atitude, é obra inconclusa, que tende a se agravar como perigoso fator desagregador da unidade nacional
O que fez o senhor ao longo desses quatro últimos anos para reverter essa situação, Sr Jobim. Nada! Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações. Mas sempre teve a paciência, a lealdade e a fidelidade dos Comandantes de Força.
A Estratégia Nacional de Defesa é o maior embuste que tenta vender. Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados por específicos programas governamentais, é um documento político para ser usado ou descartado ao sabor das circunstâncias, como atualmente ocorre, quando é vítima dos severos cortes orçamentários impostos às Forças Armadas, que inviabilizam os seus sonhos de modernização. Mal sobram recursos necessários para a sua vida vegetativa.
O caos aéreo que prometeu reverter com a modernização da infraestrutura aeroportuária só fez crescer e ameaça ficar fora de controle.
Você (como gosta de chamar os seus oficiais-generais) foi um embuste, Jobim.
Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias, das suas pretensões de efetivamente comandar as Forças Armadas, mesmo que para isso tivesse que usurpar os limites constitucionais.
Você parte amargando a compreensão de que nada mais foi do que um funcionário ad nutum, como todos os demais, demitido por extrapolar os limites das suas atribuições. A contragosto, é forçado a admitir que o verdadeiro comandante das Forças Armadas é a Presidente Dilma que, sem cerimônia, não tem delegado essa honrosa missão exercendo-a, por direito e de fato, na plenitude da sua competência.
Você acusou o golpe. Não teve, nem sequer, a disposição de transmitir o cargo que exerceu. Faceta da sua personalidade que a história saberá julgar.
Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim, que por longos 8 anos deslustrou o Itamaraty e comprometeu a nossa tradicional e competente diplomacia. Sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes, com notória orientação esquerdista, só o tempo dirá se a sua indicação valeu a pena.
No fundo, creio mesmo que só ao Senhor dos Exércitos caberá cuidar das nossas Forças Armadas.
1) O autor é General-de-Exército, Ex-Presidente do Clube Militar e Membro Fundador da Academia Brasileira de Defesa.
2) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.
Um plano simples para acabar com as crises, todas as crises (bem, nao pergunte o que vai acontecer depois...)
Um programa de seis pontos para terminar com a crise da dívida
Leiam, se desejarem o artigo abaixo primeiro, depois voltem para meus comentários iniciais. Eu não sei porque certas pessoas perdem tanto tempo pedindo para se elaborarem planos complexos de salvamento. Basta fazer o que eu recomendo, a partir do artigo desse alemão, certamente bem intencionado. Mas acho que ele não perguntou às gerações futuras o que elas pensam deste plano.
Acho que não precisa de seis pontos para acabar com a crise da dívida pública na Europa, e em grande medida nos EUA também. Basta uma única medida, umazinha...
Seguindo a linha de pensamento desse professor de economia é tudo muito simples: basta que os governos financiem sem limite os inadimplentes, os gastadores contumazes, os insolventes, os relapsos, os irresponsáveis, os fraudadores de contas públicas e de dados estatísticos, enfim, que eles façam TODO O POSSÍVEL, como ele mesmo enfatiza, diversas vezes, para assegurar que a máquina continue rodando sem "problemas sociais ou econômicos".
Em suma, não precisa seis medidas, basta uma recomendação: gaste dinheiro a rodo, se não tiver, não tem problema, imprima dinheiro e distribua para governos, bancos, empresas, indivíduos.
É tudo tão simples. Não sei por que escrever um artigo inteiro para dizer isso.
Prêmio Nobel de economia, certamente...
Paulo R. de Almeida
---------------------------
Fixing the Euro Zone
A Six-Point Plan for Ending the Debt Crisis
A Commentary by Thomas Straubhaar
Der Spiegel, 12/08/2011
There seems to be no end in sight for the long-running crisis in the euro zone, and politicians seem to be powerless to prevent the further erosion of the monetary union. But there are a number of practical steps that would mitigate the crisis -- and help prevent the next one.
As the saying goes, extraordinary times call for extraordinary measures. The financial markets are highly nervous, and people are losing their faith that politicians can do anything to combat the growing debt crisis.
Under these conditions, the most important aim of any measures has to be to halt the snowball effect of recent events and to keep the economic wildfire from crossing over from the financial markets to the real economy. And the only way to do that is by having politicians wrestle back the helm.
What's more, Europe and the United States need to start coordinating their actions as quickly as possible. In the near term, heavily indebted countries must be given the liquidity they need in the form of new loans. In the long term, politicians need to hammer out a credible way to reduce state debt.
To meet these challenges, Europe needs to follow a six-point plan:
• First, under German and French leadership, the governments of the 17 countries making up the euro zone need to make it clear that they are prepared to use all the means at their disposal to prevent fellow euro-zone countries from going broke. At the height of the financial crisis in 2008, German Chancellor Angela Merkel and then-Finance Minister Peer Steinbrück demonstrated how to communicate such a message in a convincing way when they pledged that the German state would guarantee the savings of private German citizens.
• Second, this promise of support means that the euro rescue fund, the European Financial Stability Facility (EFSF), should be expanded without limits. Loans at cheap interest rates and with long maturities will be offered to any euro-zone country that needs it. But countries that want to refinance their debt using money from euro-zone coffers will have to give up something in return: part of their autonomy over their state finances. In real terms, this means having borrowers present their medium-term budgeting plans to lenders, raise certain taxes and abide by the stipulations of a debt brake similar to the one that Germany has introduced, which requires the government to virtually eliminate the structural deficit by 2016. The bigger the loan, the more autonomy lost. For example, euro-zone officials could even replace those of individual nations to perform duties such as collecting taxes and implementing plans to cut costs and privatize state assets.
• Third, the European Central Bank (ECB) needs to give up its role as the institution that comes to the rescue of countries in risk of default by buying up their sovereign bonds. The ECB is not a so-called "bad bank" for the bonds of broke countries that nobody wants to buy. Instead, it should focus on its most important mandate: managing the money supply so that prices stay stable. So far, it has performed this task well. Bringing debt under control is a matter of financial policy. It's a problem that states should solve -- and not the central bank.
• Fourth, the right thing to do is to transform the euro-zone into a fiscal union in which all members are jointly liable for each other's obligations. If everything else has failed, but politicians -- rightly -- want to prevent the collapse of the monetary union, there needs to be a jointly financed stability mechanism that can supply emergency financial assistance in times of crisis. The EFSF should assume this responsibility. In order to prevent the crisis from spilling over into other countries, it should have the ability to buy sovereign bonds directly on the secondary market -- in other words, from banks and insurance companies. Doing so would turn the euro zone into a so-called transfer union.
• Fifth, in order to free countries from the yoke of the ratings agencies, the agencies' verdicts should be downgraded to the status of simple statements of opinion. They would then be viewed as something along the lines of a seal of approval handed out by consumer-protection agencies, but nobody would be forced to pay attention to them. In other words, whoever wants to listen to the pronouncements of those who analyze the creditworthiness of countries and companies can do so -- or not.
• Sixth, the governments of the euro-zone countries should make it clear that they will not allow developments on global stock markets to dictate their actions. They cannot be allowed to make it their goal to influence the behavior of private-sector stockbrokers. However, they need to send out a clear signal that they are willing to keep public budgets in order over the long term and to make every effort to guarantee conditions that encourage growth, stability and the ensuing predictability. They also need to create more transparency and introduce tighter financial-market regulations. They should, for example, implement a complete ban on short-selling.
It would be foolish to expect that even a perfect implementation of these six measures could solve all aspects of the debt crisis for ever. There will always be governments that don't keep to what they've agreed to do, as well as others that continue piling up debt. These proposed solutions are practical, but not perfect.
Neither will they be able to prevent the next crisis. But they would help to make it less likely -- and, if worse comes to worst, they'll make it easier to deal with the consequences.
Thomas Straubhaaris a professor of economics at the University of Hamburg and director of theHamburg Institute of International Economics (HWWI). His special area of research is international economic relations. He has also studied regulatory policy and questions of educational and population economics. In early 2010, he became the Helmut Schmidt Fellow at the Transatlantic Academy in Washington, DC.
Leiam, se desejarem o artigo abaixo primeiro, depois voltem para meus comentários iniciais. Eu não sei porque certas pessoas perdem tanto tempo pedindo para se elaborarem planos complexos de salvamento. Basta fazer o que eu recomendo, a partir do artigo desse alemão, certamente bem intencionado. Mas acho que ele não perguntou às gerações futuras o que elas pensam deste plano.
Acho que não precisa de seis pontos para acabar com a crise da dívida pública na Europa, e em grande medida nos EUA também. Basta uma única medida, umazinha...
Seguindo a linha de pensamento desse professor de economia é tudo muito simples: basta que os governos financiem sem limite os inadimplentes, os gastadores contumazes, os insolventes, os relapsos, os irresponsáveis, os fraudadores de contas públicas e de dados estatísticos, enfim, que eles façam TODO O POSSÍVEL, como ele mesmo enfatiza, diversas vezes, para assegurar que a máquina continue rodando sem "problemas sociais ou econômicos".
Em suma, não precisa seis medidas, basta uma recomendação: gaste dinheiro a rodo, se não tiver, não tem problema, imprima dinheiro e distribua para governos, bancos, empresas, indivíduos.
É tudo tão simples. Não sei por que escrever um artigo inteiro para dizer isso.
Prêmio Nobel de economia, certamente...
Paulo R. de Almeida
---------------------------
Fixing the Euro Zone
A Six-Point Plan for Ending the Debt Crisis
A Commentary by Thomas Straubhaar
Der Spiegel, 12/08/2011
There seems to be no end in sight for the long-running crisis in the euro zone, and politicians seem to be powerless to prevent the further erosion of the monetary union. But there are a number of practical steps that would mitigate the crisis -- and help prevent the next one.
As the saying goes, extraordinary times call for extraordinary measures. The financial markets are highly nervous, and people are losing their faith that politicians can do anything to combat the growing debt crisis.
Under these conditions, the most important aim of any measures has to be to halt the snowball effect of recent events and to keep the economic wildfire from crossing over from the financial markets to the real economy. And the only way to do that is by having politicians wrestle back the helm.
What's more, Europe and the United States need to start coordinating their actions as quickly as possible. In the near term, heavily indebted countries must be given the liquidity they need in the form of new loans. In the long term, politicians need to hammer out a credible way to reduce state debt.
To meet these challenges, Europe needs to follow a six-point plan:
• First, under German and French leadership, the governments of the 17 countries making up the euro zone need to make it clear that they are prepared to use all the means at their disposal to prevent fellow euro-zone countries from going broke. At the height of the financial crisis in 2008, German Chancellor Angela Merkel and then-Finance Minister Peer Steinbrück demonstrated how to communicate such a message in a convincing way when they pledged that the German state would guarantee the savings of private German citizens.
• Second, this promise of support means that the euro rescue fund, the European Financial Stability Facility (EFSF), should be expanded without limits. Loans at cheap interest rates and with long maturities will be offered to any euro-zone country that needs it. But countries that want to refinance their debt using money from euro-zone coffers will have to give up something in return: part of their autonomy over their state finances. In real terms, this means having borrowers present their medium-term budgeting plans to lenders, raise certain taxes and abide by the stipulations of a debt brake similar to the one that Germany has introduced, which requires the government to virtually eliminate the structural deficit by 2016. The bigger the loan, the more autonomy lost. For example, euro-zone officials could even replace those of individual nations to perform duties such as collecting taxes and implementing plans to cut costs and privatize state assets.
• Third, the European Central Bank (ECB) needs to give up its role as the institution that comes to the rescue of countries in risk of default by buying up their sovereign bonds. The ECB is not a so-called "bad bank" for the bonds of broke countries that nobody wants to buy. Instead, it should focus on its most important mandate: managing the money supply so that prices stay stable. So far, it has performed this task well. Bringing debt under control is a matter of financial policy. It's a problem that states should solve -- and not the central bank.
• Fourth, the right thing to do is to transform the euro-zone into a fiscal union in which all members are jointly liable for each other's obligations. If everything else has failed, but politicians -- rightly -- want to prevent the collapse of the monetary union, there needs to be a jointly financed stability mechanism that can supply emergency financial assistance in times of crisis. The EFSF should assume this responsibility. In order to prevent the crisis from spilling over into other countries, it should have the ability to buy sovereign bonds directly on the secondary market -- in other words, from banks and insurance companies. Doing so would turn the euro zone into a so-called transfer union.
• Fifth, in order to free countries from the yoke of the ratings agencies, the agencies' verdicts should be downgraded to the status of simple statements of opinion. They would then be viewed as something along the lines of a seal of approval handed out by consumer-protection agencies, but nobody would be forced to pay attention to them. In other words, whoever wants to listen to the pronouncements of those who analyze the creditworthiness of countries and companies can do so -- or not.
• Sixth, the governments of the euro-zone countries should make it clear that they will not allow developments on global stock markets to dictate their actions. They cannot be allowed to make it their goal to influence the behavior of private-sector stockbrokers. However, they need to send out a clear signal that they are willing to keep public budgets in order over the long term and to make every effort to guarantee conditions that encourage growth, stability and the ensuing predictability. They also need to create more transparency and introduce tighter financial-market regulations. They should, for example, implement a complete ban on short-selling.
It would be foolish to expect that even a perfect implementation of these six measures could solve all aspects of the debt crisis for ever. There will always be governments that don't keep to what they've agreed to do, as well as others that continue piling up debt. These proposed solutions are practical, but not perfect.
Neither will they be able to prevent the next crisis. But they would help to make it less likely -- and, if worse comes to worst, they'll make it easier to deal with the consequences.
Thomas Straubhaaris a professor of economics at the University of Hamburg and director of theHamburg Institute of International Economics (HWWI). His special area of research is international economic relations. He has also studied regulatory policy and questions of educational and population economics. In early 2010, he became the Helmut Schmidt Fellow at the Transatlantic Academy in Washington, DC.
Ficar rico, no Brasil? So com dinheiro publico...
Quando alguém quer saber qual sua renda, no Brasil, ou na Europa, essa pessoa geralmente pergunta:
"Quanto você GANHA?" (Enfatizo o verbo por ele ter uma conotação importante, como se verá.)
Quando a mesma pergunta é feita nos Estados Unidos, o indivíduo geralmente pergunta:
"How much you MAKE?" (Ou seja, não quanto você ganha, mas quanto você FAZ de dinheiro.)
Essa pequena diferença de verbos, entre o "how much you earn?" e o "how much you make?" faz TODA A DIFERENÇA de mentalidades, e não só de universos mentais, mas de ambiente de negócios, entre um país dinâmico, onde as pessoas fazem dinheiro por sua própria conta e esforço, e outros países, onde as pessoas "ganham" dinheiro de uma fonte qualquer, pode ser assalariado privado, funcionário público, honorários, rendas, whatever...
Nos EUA, se alguém quer ficar rico -- e suponho que muita gente queira -- essa pessoa começa a pensar em maneiras de ganhar dinheiro, mais exatamente, MAKE MONEY, em algum negócio qualquer, que ela vai construir, a partir do fundo da garagem, com dinheiro catado aqui e acolá, e transformar aquilo num empreendimento lucrativo. Daí o sujeito compra sua mansão, o seu iate, casa de campo, etc, com o dinheiro que ELE FEZ, não com favores governamentais ou trapaças empresariais.
Esta é uma história tipicamente americana, e deveria ser a normalidade um pouco em todas as partes do mundo, mas infelizmente não é.
Pois bem, no Brasil, para alguém ficar rico rapidamente, ele tem algumas escolhas, talvez três basicamente: o mercado, os negócios protegidos e o dinheiro público, diretamente.
Pode inventar algo absolutamente genial e ficar riquíssimo em pouco tempo, mas não me lembro de exemplos do gênero nos últimos anos (ou séculos). Com exceção de Santos Dumont -- que dizem que inventou o avião, mas nunca o patenteou, como os irmãos Whright, e não tinha, digamos assim, "tino empresarial", sendo mais um dandy modernoso, com suas manias aéreas -- não me lembro de algum gênio da inventividade nacional; e todos sabem que o Brasil não se distingue particularmente pela inventividade nacional, sendo pífio, medíocre, absolutamente nulo no registro de patentes nacionais de mais alto significado para a indústria e o mercado. Excluímos essa portanto.
Existem, contudo, grandes empresários nacionais. Se formos analisar bem as origens dessas riquezas, veremos que elas não estão exatamente no sucesso empresarial enquanto tal, mas na exploração de um setor qualquer que se beneficiou de prebendas e proteções estatais. Existem, claro, alguns "reis da soja", "reis do gado", que fizeram fortuna graças a seu trabalho, mas em algum momento eles vão buscar dinheiro público para aumentar seus negócios e monopolizarem um setor qualquer, esses setores.
Quanto aos "reis do cimento", "reis do aço", dos supermercados, disso ou daquilo, podem constatar, eles se fizeram graças à proteção, aos monopólios e cartéis, à colusão com os poderes públicos e ao dinheiro estatal (ou seja, nosso). Gostaria de conhecer empresários brasileiros ao estilo americano, mas vejo poucos, muito poucos. As grandes construtoras, os grandes bancos o são devido ao fechamento do mercado brasileiro aos concorrentes estrangeiros, e certa promiscuidade com os governantes de plantão.
A terceira forma é essa descrita abaixo, muito comum, absolutamente corriqueira no Brasil: você rouba dinheiro público, diretamente, simplesmente, facilmente. Nem vou me estender sobre as modalidades, pois elas estão sendo descritas diariamente nos jornais.
Passem bem (ou mal, em vista desse tipo de notícia) o resto do fim de semana.
Paulo Roberto de Almeida
“Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três”
Folha de S.Paulo, 13/08/2011
Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que “quando o dinheiro é público não pesa no bolso” e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: “Mandou para Brasília, ficou fácil”, diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta. Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil “o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno”. Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.
“Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: “Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três’”, diz Humberto: “Superfaturamento sempre existe”. Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão “falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo” e diz que “o pessoal lá de dentro” quer que ele pegue a licitação. Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas.
"Quanto você GANHA?" (Enfatizo o verbo por ele ter uma conotação importante, como se verá.)
Quando a mesma pergunta é feita nos Estados Unidos, o indivíduo geralmente pergunta:
"How much you MAKE?" (Ou seja, não quanto você ganha, mas quanto você FAZ de dinheiro.)
Essa pequena diferença de verbos, entre o "how much you earn?" e o "how much you make?" faz TODA A DIFERENÇA de mentalidades, e não só de universos mentais, mas de ambiente de negócios, entre um país dinâmico, onde as pessoas fazem dinheiro por sua própria conta e esforço, e outros países, onde as pessoas "ganham" dinheiro de uma fonte qualquer, pode ser assalariado privado, funcionário público, honorários, rendas, whatever...
Nos EUA, se alguém quer ficar rico -- e suponho que muita gente queira -- essa pessoa começa a pensar em maneiras de ganhar dinheiro, mais exatamente, MAKE MONEY, em algum negócio qualquer, que ela vai construir, a partir do fundo da garagem, com dinheiro catado aqui e acolá, e transformar aquilo num empreendimento lucrativo. Daí o sujeito compra sua mansão, o seu iate, casa de campo, etc, com o dinheiro que ELE FEZ, não com favores governamentais ou trapaças empresariais.
Esta é uma história tipicamente americana, e deveria ser a normalidade um pouco em todas as partes do mundo, mas infelizmente não é.
Pois bem, no Brasil, para alguém ficar rico rapidamente, ele tem algumas escolhas, talvez três basicamente: o mercado, os negócios protegidos e o dinheiro público, diretamente.
Pode inventar algo absolutamente genial e ficar riquíssimo em pouco tempo, mas não me lembro de exemplos do gênero nos últimos anos (ou séculos). Com exceção de Santos Dumont -- que dizem que inventou o avião, mas nunca o patenteou, como os irmãos Whright, e não tinha, digamos assim, "tino empresarial", sendo mais um dandy modernoso, com suas manias aéreas -- não me lembro de algum gênio da inventividade nacional; e todos sabem que o Brasil não se distingue particularmente pela inventividade nacional, sendo pífio, medíocre, absolutamente nulo no registro de patentes nacionais de mais alto significado para a indústria e o mercado. Excluímos essa portanto.
Existem, contudo, grandes empresários nacionais. Se formos analisar bem as origens dessas riquezas, veremos que elas não estão exatamente no sucesso empresarial enquanto tal, mas na exploração de um setor qualquer que se beneficiou de prebendas e proteções estatais. Existem, claro, alguns "reis da soja", "reis do gado", que fizeram fortuna graças a seu trabalho, mas em algum momento eles vão buscar dinheiro público para aumentar seus negócios e monopolizarem um setor qualquer, esses setores.
Quanto aos "reis do cimento", "reis do aço", dos supermercados, disso ou daquilo, podem constatar, eles se fizeram graças à proteção, aos monopólios e cartéis, à colusão com os poderes públicos e ao dinheiro estatal (ou seja, nosso). Gostaria de conhecer empresários brasileiros ao estilo americano, mas vejo poucos, muito poucos. As grandes construtoras, os grandes bancos o são devido ao fechamento do mercado brasileiro aos concorrentes estrangeiros, e certa promiscuidade com os governantes de plantão.
A terceira forma é essa descrita abaixo, muito comum, absolutamente corriqueira no Brasil: você rouba dinheiro público, diretamente, simplesmente, facilmente. Nem vou me estender sobre as modalidades, pois elas estão sendo descritas diariamente nos jornais.
Passem bem (ou mal, em vista desse tipo de notícia) o resto do fim de semana.
Paulo Roberto de Almeida
“Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três”
Folha de S.Paulo, 13/08/2011
Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que “quando o dinheiro é público não pesa no bolso” e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: “Mandou para Brasília, ficou fácil”, diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta. Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil “o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno”. Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.
“Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: “Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três’”, diz Humberto: “Superfaturamento sempre existe”. Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão “falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo” e diz que “o pessoal lá de dentro” quer que ele pegue a licitação. Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histórica e comparativa Paulo Roberto de Almeida 5136. “A Paz como Projeto e Potência”, Brasília...
-
Alternâncias e conformismo na diplomacia brasileira Paulo Roberto de Almeida Em democracias vibrantes, com alternância de poder, a polític...
-
Minha preparação prévia a um seminário sobre a ordem global, na UnB: 5152. “ A desordem mundial gerada por dois impérios, contemplados por...
-
Mais recente trabalho publicado: 1609. “Política externa e diplomacia do Brasil: convergências e dissonâncias em perspectiva histórica”. P...