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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Burocratas do Banco Mundial sobre a Europa (otimistas)
Previsoes (pessimistas) do Banco Mundial: barbas de molho (quem tem...)
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Permanent URL for this page: http://go.worldbank.org/6UQS6K3TX0
A situação se deteriorou muito em relação ao relatório do meio de 2011:
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Responsabilizacao dos politicos: Chiffrages et Déchiffrages 2012 - mas so na Franca, por enquanto...
Um site na França prepara os espíritos para enfrentar as promessas dos políticos:
Chiffrages et Déchiffrages 2012, neste link:
http://chiffrages-dechiffrages2012.fr/
Todas as propostas dos candidatos são cuidadosamente quantificadas, analisadas, sopesadas em função de seu impacto econômico, orçamentário, microeconômico.
Seria bom se algo do gênero existisse no Brasil.
Espero colaborar com algo desse tipo.
Mas, cá entre nós, certas mentiras dos políticos estão acima de qualquer estimativa...
Paulo Roberto de Almeida
Chiffrages et Déchiffrages 2012, neste link:
http://chiffrages-dechiffrages2012.fr/
Todas as propostas dos candidatos são cuidadosamente quantificadas, analisadas, sopesadas em função de seu impacto econômico, orçamentário, microeconômico.
Seria bom se algo do gênero existisse no Brasil.
Espero colaborar com algo desse tipo.
Mas, cá entre nós, certas mentiras dos políticos estão acima de qualquer estimativa...
Paulo Roberto de Almeida
O roto e o esfarrapado, se unem no abraco dos afogados...
Diálogo de surdos?; conversa de loucos?; teatro de alienados?; espetáculo surrealista?; circo mambembe?; completo non sense?; enfim, vocês escolhem as caracterizações que quiserem...
O mais estapafúrdio é um país procurar equilíbrios bilaterais de comércio.
David Ricardo deve estar se perguntando se ficou escrevendo para idiotas consumados. Ou manteve conversa para boi dormir...
Em todo caso, o espetáculo é horripilante...
Paulo Roberto de Almeida
A escalada da tensão comercial com o Brasil já começa a preocupar os empresários argentinos. Com a memória ainda fresca do bloqueio sofrido pela indústria automobilística local no ano passado, com centenas de veículos argentinos acumulados na fronteira, o presidente da Fiat Argentina, Cristiano Rattazzi, apelou para o espírito do Mercosul. Em entrevista ao Estado, Rattazzi opinou que os dois países "precisam limar qualquer tipo de aspereza e resgatar o espírito inicial do Mercosul, que é o de integração total da região para conquistar outros mercados e fazer acordos de comércio com outros países".
O mais estapafúrdio é um país procurar equilíbrios bilaterais de comércio.
David Ricardo deve estar se perguntando se ficou escrevendo para idiotas consumados. Ou manteve conversa para boi dormir...
Em todo caso, o espetáculo é horripilante...
Paulo Roberto de Almeida
Ministra argentina diz que Brasil é protecionista
Débora Giorgi reage à afirmação feita pelo ministro Pimentel de que a Argentina é um ‘problema permanente’
19 de janeiro de 2012 | 22h 55 Marina Guimarães, correspondente da Agência Estado
BUENOS AIRES - O governo da presidente Cristina Kirchner criticou fortemente a declaração do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Fernando Pimentel, de que "a Argentina é um problema permanente". O ministro fez o comentário em entrevista à agência Dow Jones, na terça-feira.
VEJA TAMBÉM
Em nota distribuída à imprensa, a ministra de Indústria da Argentina, Débora Giorgi, afirmou que "a realidade do comércio bilateral entre Argentina e Brasil não condiz com os comentários feitos por Pimentel".
A ministra ressaltou que a Argentina foi responsável por 19,5% do superávit comercial de quase US$ 30 bilhões obtido pelo Brasil em 2011. Além disso, continuou Débora, no último ano, o déficit da balança comercial argentina com o sócio foi de US$ 5,8 bilhões. As compras de produtos brasileiros pelo mercado argentino cresceram 23% em relação a 2010, com US$ 22,71 bilhões, detalhou.
A ministra argentina alegou que as medidas que restringem as importações em seu país "seguem as normas dos tratados regionais e da Organização Mundial do Comércio (OMC)". Porém, a ministra não justificou a demora de mais de 60 dias - período máximo determinado pela OMC - para autorizar a importação de milhares de produtos brasileiros, entre eles os eletrodomésticos de linha branca, máquinas e equipamentos agrícolas, têxteis e outros.
Com um forte tom de reclamação, Débora acusou o Brasil de protecionismo. "A Argentina busca reequilibrar o comércio e a industrialização regional, requerendo o acesso ao mercado brasileiro e pedindo a eliminação das múltiplas barreiras não tarifárias existentes para a entrada de nossos produtos no mercado vizinho, ao mesmo tempo em que defendemos nossos produtos da concorrência desleal implícita nos incentivos à produção, à exportação e ao investimento."
Engessamento. Os analistas argentinos preveem um período de fortes conflitos comerciais no Mercosul, especialmente entre o Brasil e a Argentina, em consequência da exigência de uma declaração prévia à ordem de compra. A medida entrará em vigor no primeiro dia de fevereiro. "Se a Argentina não excluir o Brasil e o Uruguai do novo mecanismo que burocratiza as importações, haverá importantes atritos entre os parceiros, que poderiam provocar retaliações", avaliou Raúl Ochoa, especialista em integração e ex-secretário de Comércio Exterior. Ele disse ao Estado que a medida vai engessar o comércio.
Na avaliação do economista-chefe da Fundação de Investigações Econômicas Latino-americanas (Fiel), Juan Luis Bour, o governo argentino não deverá abrir exceções porque as restrições são uma solução de curto prazo para manter o superávit comercial do país a qualquer preço. "As disputas comerciais serão mantidas, e vamos ver muitas queixas por parte dos sócios, especialmente porque há outras restrições que não são tão visíveis, como a proibição para que as empresas não enviem os lucros ao exterior", disse Bour.
Professores universitarios querem dormir no trabalho...
A universidade brasileira já é medíocre, aliás crescentemente, se ouso dizer.
Sua produtividade, especialmente nas ciências ditas humanas -- mas elas parecem ser desumanas e antisociais -- já é uma das mais baixas do mundo.
E estes professores ainda querem aproveitar o período de trabalho para descansar mais um pouco.
Por que eles não se demitem, se acham que o trabalho mina a sua saúde?
Eu começaria eliminando a dedicação exclusiva, a estabilidade e o salário igual.
Pagaria pela produtividade.
Acho que os professores filiados a esta máfia sindical morreriam de fome.
Bem feito...
Recebi esta mensagem de um colega, que também se espantou com o tom da matéria.
Ela foi remetida por uma professora da qual não revelo o nome, com esta mensagem inicial:
"Sent: Monday, January 16, 2012 12:23 PM
De fato, é uma questão muito séria: a vagabundagem de alguns professores universitários -- os militantes antiprodutivistas -- está contaminando a classe.
Acho melhor libertar a classe do produtivismo, promovendo demissões dos não produtivos.
Sua produtividade, especialmente nas ciências ditas humanas -- mas elas parecem ser desumanas e antisociais -- já é uma das mais baixas do mundo.
E estes professores ainda querem aproveitar o período de trabalho para descansar mais um pouco.
Por que eles não se demitem, se acham que o trabalho mina a sua saúde?
Eu começaria eliminando a dedicação exclusiva, a estabilidade e o salário igual.
Pagaria pela produtividade.
Acho que os professores filiados a esta máfia sindical morreriam de fome.
Bem feito...
Recebi esta mensagem de um colega, que também se espantou com o tom da matéria.
Ela foi remetida por uma professora da qual não revelo o nome, com esta mensagem inicial:
"Sent: Monday, January 16, 2012 12:23 PM
Subject: A vida do docente não é bela
Prezad@s colegas, Bom dia.
Acho importante compartilhar isso com entre tod@s nós, pois de fato a questão, como muitos de nós já sentiu, seríssima."De fato, é uma questão muito séria: a vagabundagem de alguns professores universitários -- os militantes antiprodutivistas -- está contaminando a classe.
Acho melhor libertar a classe do produtivismo, promovendo demissões dos não produtivos.
Paulo Roberto de Almeida
Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN
Data: 22/11/2011
A quarta mesa do Seminário Ciência e Tecnologia no Século XXI, promovido pelo ANDES-SN de 17 a 18 de novembro, em Brasília, debateu o “Trabalho docente na produção do conhecimento”. As análises abrangeram tanto a produção do conhecimento dentro da lógica do capitalismo dependente brasileiro, até o efeito do produtivismo acadêmico na saúde dos docentes.
Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.
Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.
“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.
Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.
No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.
Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.
“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.
A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja, com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.
Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.
Qualidade no ensino
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.
Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.
Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.
“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.
Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.
No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.
Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.
“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.
A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja, com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.
Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.
Qualidade no ensino
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.
Ciavatta argumentou que a baixa qualidade do ensino decorre, diretamente, da insuficiência de recursos, responsável pelos baixos salários pagos aos professores. Disse, também, que o Brasil não tem políticas públicas para educação, mas programas de governo.
Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.
“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.
Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.
Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.
Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e individualismo. “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.
A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.
Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.
Saúde dos docentes
Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.
“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.
Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.
Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.
Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e individualismo. “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.
A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.
Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.
Saúde dos docentes
O produtivismo acadêmico está tirando a saúde dos docentes das universidades públicas brasileiras. Essa é a principal constatação feita por estudo da professora do curso de Serviço Social da UFRJ Janete Luzia Leite. “Antes, a docência era vista como uma atividade leve. Agora, está todo mundo comprimido”, afirmou.
A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.
O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.
Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.
Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.
O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.
O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.
Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.
“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.
Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção sexual e isolamento.
Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.
Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.
A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.
O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.
Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.
Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.
O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.
O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.
Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.
“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.
Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção sexual e isolamento.
Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.
Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.
Veja mais:
Fonte: ANDES-SN
Juizes nao tem dinheiro para almocar: coitados...
Tiranetes togados, chantagistas e outros violadores de direitos constitucionais acham que possuem um direito constitucional a ganhar para almoçar.
Claro: eles ganham tão pouco, que acharam uma maneira de constitucionalizar a extorsão que praticam contra todos os demais brasileiros exigindo, além do nababesco salário, um pequeno ajutório para poder almoçar em paz.
Do contrário, ameaçam não trabalhar, não julgar, deixar todos os brasileiros à sua mercê de chantagistas e assaltantes do brasileiro comum.
Quando marajás da República fazem chantagem contra todos os demais brasileiros, a qual (in)justiça deveríamos apelar?
Querem que eu xingue um pouco mais nossos magistrados-assaltantes?
Querem que eu lamente pela extorsão estatal sempre praticada contra nós.
Já está feito.
Agora comento:
Procuradores do MPF e Advogados da União ganham tão pouco assim que necessitam uma ajudazinha para almoçar melhor? E os meretíssimos também precisam pagar o feijão com arroz com verbas públicas adicionais, além dos altos salários que já recebem?
NINGUÉM, repito: NINGUÉM deveria receber auxílio alimentação num país normal.
Apenas porque políticos e burocratas não têm coragem de estabelecer uma grade salarial racional no serviço público, é que esses penduricalhos vão sendo acrescentados à folha salarial, em lugar de se ter apenas um salário de base, ponto. Com base nesses penduricalhos é que os espertalhões, ladrões dos recursos públicos, inventam remunerações excessivas e ficam assaltando o erário com reivindicações estapafúrdias.
E o CNJ precisaria considerar "constitucional" uma esperteza adquirida? O seu presidente precisaria chegar à vergonha de se esconder atrás da Constituição para falar de privilégios adquiridos?
O Brasil realmente é um país vagabundo, no qual assaltantes togados roubam tranquilamente a renda dos cidadãos. Asco, nojo e horror, são as únicas palavras que me restam...
Paulo Roberto de Almeida
Claro: eles ganham tão pouco, que acharam uma maneira de constitucionalizar a extorsão que praticam contra todos os demais brasileiros exigindo, além do nababesco salário, um pequeno ajutório para poder almoçar em paz.
Do contrário, ameaçam não trabalhar, não julgar, deixar todos os brasileiros à sua mercê de chantagistas e assaltantes do brasileiro comum.
Quando marajás da República fazem chantagem contra todos os demais brasileiros, a qual (in)justiça deveríamos apelar?
Querem que eu xingue um pouco mais nossos magistrados-assaltantes?
Querem que eu lamente pela extorsão estatal sempre praticada contra nós.
Já está feito.
Agora comento:
Procuradores do MPF e Advogados da União ganham tão pouco assim que necessitam uma ajudazinha para almoçar melhor? E os meretíssimos também precisam pagar o feijão com arroz com verbas públicas adicionais, além dos altos salários que já recebem?
NINGUÉM, repito: NINGUÉM deveria receber auxílio alimentação num país normal.
Apenas porque políticos e burocratas não têm coragem de estabelecer uma grade salarial racional no serviço público, é que esses penduricalhos vão sendo acrescentados à folha salarial, em lugar de se ter apenas um salário de base, ponto. Com base nesses penduricalhos é que os espertalhões, ladrões dos recursos públicos, inventam remunerações excessivas e ficam assaltando o erário com reivindicações estapafúrdias.
E o CNJ precisaria considerar "constitucional" uma esperteza adquirida? O seu presidente precisaria chegar à vergonha de se esconder atrás da Constituição para falar de privilégios adquiridos?
O Brasil realmente é um país vagabundo, no qual assaltantes togados roubam tranquilamente a renda dos cidadãos. Asco, nojo e horror, são as únicas palavras que me restam...
Paulo Roberto de Almeida
Jornais: juízes querem volta do auxílio-alimentação; conta é de R$ 82 mi
O ESTADO DE S. PAULO
Pressão dos juízes ressuscita auxílio para alimentação: conta é de R$ 82 milhões
O Tesouro vai gastar R$ 82 milhões de uma só vez com auxílio-alimentação para juízes federais e do Trabalho. O valor é referente a um longo período, desde 2004, quando a toga perdeu o benefício que nunca deixou de ser concedido a procuradores do Ministério Público Federal e à advocacia pública. Ainda não há previsão orçamentária para o desembolso, mas os juízes pressionam pelo recebimento do que consideram direito constitucional. Eles repudiam que o “plus” seja privilégio. Estão na fila cerca de 1,8 mil juízes federais e 2,5 mil do trabalho.
O Tesouro vai gastar R$ 82 milhões de uma só vez com auxílio-alimentação para juízes federais e do Trabalho. O valor é referente a um longo período, desde 2004, quando a toga perdeu o benefício que nunca deixou de ser concedido a procuradores do Ministério Público Federal e à advocacia pública. Ainda não há previsão orçamentária para o desembolso, mas os juízes pressionam pelo recebimento do que consideram direito constitucional. Eles repudiam que o “plus” seja privilégio. Estão na fila cerca de 1,8 mil juízes federais e 2,5 mil do trabalho.
O auxílio foi cortado há sete anos por decisão da cúpula do próprio Judiciário federal. Mas, em junho de 2011, acolhendo pleito das entidades de classe dos magistrados, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução 133, por meio da qual devolveu o bônus à classe.
Subscrita pelo presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, também presidente do Supremo Tribunal Federal, a resolução anota que “a concessão de vantagens às carreiras assemelhadas induz a patente discriminação, contraria ao preceito constitucional e ocasiona desequilíbrio entre as carreiras de Estado”. Peluso, porém, votou contra o benefício no CNJ. Subscreve a resolução por presidir o órgão.
Desde a decisão do CNJ, o auxílio-alimentação voltou para o bolso dos juízes. São R$ 710 agregados ao contracheque da toga, mensalmente. A conta final, calculada sobre sete anos acumulados, mais correções do período, chega a R$ 82 milhões, segundo estimativa do Judiciário.
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