quinta-feira, 7 de março de 2013

Ah, essa mania perversa de estudar e de prosperar - Jose Vicente Lessa

Como é duro dar duro: além disso requerer menos horas de sono, de lazer, de simples far niente, a gente ainda corre o risco de prosperar, ter sucesso, ficar rico, e... pronto: já criamos desigualdades insuperáveis em relação aos que não fizeram como nós, e quiseram apenas levar uma vida "normal", sem essas chateações de uma ambição desmedida pelo progresso individual, pela ascensão solitária em direção à riqueza, à fama, ao poder.
Sem querer estamos alimentando essas famosas assimetrias sociais que justificam todas as políticas públicas de "redução das desigualdades", que como todos sabem são criadas por esse perverso mercado e pelo ainda mais perverso capitalismo.
Ah, se não fossem os companheiros corretores das desigualdades estruturais, nos viveríamos eternamente numa sociedade injusta, cheia de pobres e desvalidos, quando não oprimidos, e teríamos de aguentar, além da miséria da massa e a possível inveja da "burguesia do capital alheio", o nosso próprio remorso, por sermos tão ricos -- eu, por exemplo, não tenho muito dinheiro no banco, mas devo ter pelo menos 5 mil livros -- e os outros tão pobres.
Ops, isso me lembra o título de dois outros livros, clássicos. O primeiro é de um tal de Adam Smith, tenho certeza de que vocês já ouviram falar dele, o tal de "pai da economia política", que proclamou (segundo alguns dos meus alunos), a tal de "teoria da mão invisível" (Senhor, perdoai aos inocentes) e afirmou que a base de toda a riqueza era a divisão do trabalho e a especialização (e eu aqui querendo saber de tudo ao mesmo tempo... que pobreza de espírito). O segundo é um tal de David Landes, que aproveitou o título do Smith, sobre A Riqueza das Nações, e aproveitou também para se questionar sobre a origem da pobreza das nações, que um tal de Jared Diamond acha que está na ecologia (ops, lá vem aqueles chatos com aquela conversa: "eu não disse?, eu não disse?").
Enfim, toda essa introdução caótica para introduzir (com perdão pela redundância e pelo conceito pornográfico), este pequeno texto sobre o mesmo assunto de meu amigo, colega, um dos meus intelectuais preferidos da diplomacia (é, parece que tem alguns, pelo menos), José Vicente Lessa.
Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida

Nós, os injustos sociais
José Vicente Lessa
(Recebido, indiretamente, em 6/03/2013)

Confesso que o discurso sobre as “desigualdades sociais” é um dos temas que mais me aborrecem. Não porque seja ele enfadonho - longe disso -, mas em razão do envólucro politicamente “correto” e “progressista” que ele invariavelmente assume. O grande divisor de águas da discussão provém do fato de o “progressismo”, subproduto eufemístico do esquerdismo, não nos conceber como indivíduos, mas como categorias sociais. Assim, o pobre, o desvalido, a pessoa em situação (como eles gostam de dizer) de vulnerabilidade ou de precariedade socioeconômica, será sempre prisioneira de uma estrutura “perversa”, incapaz de dela se libertar por si mesma. Mas “incapaz” por quê? Ora, incapazes porque não são exatamente pessoas, mas categorias gerais!

Como se geram as desigualdades? Isto é facílimo de entender. Você, leitor, que adquiriu certa posição social, tem um bom emprego ou é um empreendedor de sucesso, é certamente, também, um injusto social. Quando você estudava, varava noites se preparando para o vestibular, trabalhava para custear seus estudos, frequentava aulas à noite, lia livros e aprendia novas habilidades, estava, sem se dar conta, cavando um fosso de desigualdades com relação a todos aqueles que preferiam ver telenovelas, conversar sobre futebol no bar da esquina, ou simplesmente coçar os “países baixos” à espera de que a sorte ou o governo viesse em seu socorro. Quanta injustiça você, leitor – e admito, eu próprio, minha culpa –, produziu nessa sua insana e estranha compulsão de melhorar de vida às próprias custas...

O problema todo está em que você e eu quisemos progredir como indivíduos. Este foi o nosso grande erro. Deveríamos todos ter ficado em casa, coçando..., como categoria social coletiva, à espera que o governo nos desse casa e comida, proclamando ser estes itens, afinal, nosso direito! Assim, se todos fôssemos “vulneráveis” e “precários”, estaríamos na mesma situação. Deixaria, enfim, de haver desigualdades.

quarta-feira, 6 de março de 2013

HC, o breve (brevissimo para certos personagens...)

A charge definitiva de Amarildo:
 (eu não disse que teríamos luto?; vamos ver agora a procissão, e os salmos...)

E agora, vamos fingir que vou estudar no exterior...

Estava com ar de férias remuneradas no exterior. Agora, parece que não é só o ar...
PRA

'Puxadinho' sem fronteiras

06 de março de 2013 | 2h 13
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Com menos de dois anos, o programa Ciência sem Fronteiras, uma iniciativa acertada do governo federal, já começa a mostrar sinais de que está contaminado pela cultura do "puxadinho", que tão bem tem caracterizado a administração da presidente Dilma Rousseff.
O Ciência sem Fronteiras tem como objetivo internacionalizar o ensino superior no País, por meio da concessão de bolsas de estudo em universidades competitivas no exterior. A intenção, alardeia o governo, é "investir na formação de pessoal altamente qualificado nas competências e habilidades necessárias para o avanço da sociedade do conhecimento". Ainda se espera que esse objetivo seja alcançado, porque esse é um dos fatores dos quais depende o pleno desenvolvimento do Brasil, mas multiplicam-se evidências de que, por trás do palavrório repleto de boas intenções e metas ousadas, viceja a conhecida inépcia da administração lulopetista.
Um exemplo escandaloso disso é a decisão do governo de diminuir a exigência de conhecimento de alemão, francês, inglês e italiano para seleção de bolsistas, de modo que os candidatos com nenhum domínio desses idiomas poderão participar do programa. Com a medida, o governo pretende conseguir cumprir sua promessa de enviar 101 mil bolsistas ao exterior até 2015 - até agora, graças em grande parte ao obstáculo do idioma, apenas 22% dessa meta foi atingida. O governo oferecerá aulas intensivas de idiomas, de até dois meses, para tentar compensar a deficiência dos candidatos, mas especialistas salientam que isso não basta, já que os cursos na área tecnológica, principal foco do programa, exigem pleno domínio da língua em que são dados. Em dois meses, é improvável que os bolsistas possam atingir esse nível de proficiência. O governo reduziu a tal ponto a exigência de domínio do inglês que, no caso da seleção de alunos dos Institutos Federais de Educação Tecnológica e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) para estudar nos Estados Unidos, o candidato ganhará a vaga mesmo se não conseguir manter uma conversação básica. Não é possível imaginar que um bolsista com essas credenciais consiga ser bem-sucedido nas melhores universidades americanas e europeias.
Ante a evidente limitação de muitos candidatos, vários deles têm optado por concorrer a bolsas para estudar em Portugal, para driblar o obstáculo da língua. O problema é que a maioria dos bolsistas optou por universidades portuguesas que são consideradas mais fracas que as brasileiras, apesar do Ciência sem Fronteiras propagandear que tem convênios com "as melhores universidades do mundo". Um desses estudantes, ouvido pelo Estado (5/3), disse que o importante não era o curso em si, mas o "contato com a cultura europeia" - uma espécie de turismo à custa dos cofres públicos.
Para tentar contornar o problema, a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes) ofereceu a esses alunos em Portugal a oportunidade de estudar nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e em outros países com universidades de ponta - sem necessidade de passar por teste de proficiência.
A precariedade do Ciência sem Fronteiras não é uma novidade. Entre 2011 e 2012, muitos dos estudantes enviados ao exterior receberam da ajuda prometida apenas a passagem aérea, e ficaram um bom tempo sem dinheiro para pagar o aluguel, a alimentação, os livros, o plano de saúde e o transporte.
Essa situação constrangedora é mais uma a revelar as práticas de um governo que precisa produzir continuamente números vistosos para alimentar seus slogans eleitoreiros, enquanto faz remendos grosseiros para esconder a fragilidade de suas alegadas conquistas.
Não se esperava que um programa com essa magnitude fosse isento de problemas e contratempos. No entanto, é notável que, na cartilha da administração petista, quando se trata de corrigir falhas e rumos, recorre-se, como regra, ao improviso. Enquanto isso, o Ciência sem Fronteiras, numa flagrante contradição em termos, seguirá formando esforçados monoglotas.

Museus de New England: tour cultural

New England 

Blog Carmen Lícia Palazzo, 6/03/2013

Atheneum de Hartford. Mosaico de Lisa Hoke
   Estamos morando em Hartford, uma ótima cidade na região de New England, na costa Leste dos  Estados Unidos. Recomendo a quem quiser fazer turismo nos EUA, que inclua esta parte do país em seus planos de viagem. New England é muito próspera e desenvolvida, e compreende os estados de Connecticut, Massachusetts, Rhode Island, Vermont, New Hampshire e Maine. Sua história é bastante densa e movimentada, com registros desde 1620, quando um grupo de ingleses anglicanos e separatistas fundaram a colônia de Plymouth. Destacou-se nas lutas abolicionistas e atualmente é conhecida pelo grande desenvolvimento cultural e pela excelente qualidade da educação em todos os estados que a integram. Estão aqui algumas das melhores universidades americanas: Harvard, Yale, Brown e Dartmouth, assim como o MIT, Massachusetts Institute of Technology. Há museus excepcionais por todos os lados e mesmo as pequenas cidades, apoiam várias manifestações artísticas. No bom estilo anglo-saxão, empresas e indivíduos fazem doações muito generosas para universidades, escolas, centros de pesquisa, hospitais, teatros, orquestras, museus, não apenas porque recebem incentivos consideráveis para suas declarações de imposto de renda, mas também porque reverter parte de seus ganhos para a comunidade está implícito em um arraigado comportamento ético de muitos séculos.
Museu Rockwell, Stonebridge
   Não é incomum que muitas destas doações sejam superiores ao  limite para obter os benefícios no imposto devido. Ex-alunos das universidades, que se tornaram milionários, têm doado somas realmente impressionantes à sua "alma mater".  Este é um dos aspectos interessantes da sociedade americana como um todo e que aqui em New England pode ser visto no dia-a-dia, no funcionamento das atividades culturais que realmente estão disponíveis para toda a população. Mesmo os imigrantes, que são muitos, reconhecem que seus filhos desfrutam, nesta região, de uma situação excepcional quanto ao estudo. As escolas públicas incluem atividades muito diversificadas e opções tanto na área científica, com excelentes laboratórios bem montados e disponíveis para professores e alunos desde a chamada "escola elementar", quanto na área de humanidades e artes com uma programação intensiva nos centros culturais e nos museus. O Paulo e eu vamos ter uma ótima temporada aqui em Hartford!
Exposição sobre Toulouse Lautrec,
Museu de New Britain
Painel pintado no centro de Hartford

The show had to stop: Hugo Chavez

OP-ED CONTRIBUTOR
In the End, an Awful Manager
By RORY CARROLL
The New York Times, March 5, 2013

IN Caracas, Venezuela, you could tell a summit meeting mattered to Hugo Chávez when government workers touched up the city’s rubble. Before dignitaries arrived, teams with buckets and brushes would paint bright yellow lines along the route from the airport into the capital, trying to compensate for the roads’ dilapidation with flashes of color.
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Chávez Dies, Leaving a Bitterly Divided Venezuela (March 6, 2013)

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For really big events — say, a visit by Russia’s president — workers would make an extra effort, by also painting the rocks and debris that filled potholes.

Seated in their armor-plated cars with tinted windows, the Russians might not have noticed the glistening golden nuggets, but they would surely have recognized the idea of the Potemkin village.

After oil wealth, theatrical flair was the greatest asset of Mr. Chávez, the president of Venezuela since 1999, who died Tuesday from cancer. His dramatic sense of his own significance helped bring him to power as the reincarnation of the liberator Simón Bolívar — he even renamed the country the Bolivarian Republic of Venezuela.

That same dramatic flair deeply divided Venezuelans as he postured on the world stage and talked of restoring equilibrium between the rich countries and the rest of the world. It now obscures his real legacy, which is far less dramatic than he would have hoped. In fact, it’s mundane. Mr. Chávez, in the final analysis, was an awful manager.

The legacy of his 14-year “socialist revolution” is apparent across Venezuela: the decay, dysfunction and blight that afflict the economy and every state institution.

The endless debate about whether Mr. Chávez was a dictator or democrat — he was in fact a hybrid, an elected autocrat — distracted attention, at home and abroad, from the more prosaic issue of competence. Mr. Chávez was a brilliant politician and a disastrous ruler. He leaves Venezuela a ruin, and his death plunges its roughly 30 million citizens into profound uncertainty.

Mr. Chávez’s failures did more damage than ideology, which was never as extremist as he or his detractors made out, something all too evident in the Venezuela he bequeaths.

The once mighty factories of Ciudad Guayana, an industrial hub by the Orinoco River that M.I.T. and Harvard architects planned in the 1960s, are rusting and wheezing, some shut, others at half-capacity. “The world economic crisis hit us,” Rada Gamluch, the director of the aluminum plant Venalum, and a loyal chavista, told me on his balcony overlooking the decay. He corrected himself. “The capitalist crisis hit us.”

Actually, it was bungling by Chávez-appointed business directors who tried to impose pseudo-Marxist principles, only to be later replaced by opportunists and crooks, that hit Ciudad Guayana.

Underinvestment and ineptitude hit hydropower stations and the electricity grid, causing weekly blackouts that continue to darken cities, fry electrical equipment, silence machinery and require de facto rationing. The government has no shortage of scapegoats: its own workers, the C.I.A. and even cable-gnawing possums.

Reckless money printing and fiscal policies triggered soaring inflation, so much so that the currency, the bolívar, lost 90 percent of its value since Mr. Chávez took office, and was devalued five times over a decade. In another delusion, the currency had been renamed “el bolívar fuerte,” the strong bolívar — an Orwellian touch.

Harassment of privately owned farms and chaotic administration of state-backed agricultural cooperatives hit food production, compelling extensive imports, which stacked up so fast thousands of tons rotted at the ports. Mr. Chávez called it “food sovereignty.”

Politicization and neglect crippled the state-run oil company PDVSA’s core task — drilling — so that production slumped. “It’s a pity no one took 20 minutes to explain macroeconomics to him with a pen and paper,” Baldo Sanso, a senior executive told me. “Chávez doesn’t know how to manage.”

Populist subsidies reduced the cost of gasoline to $1 a tank, perhaps the world’s lowest price of petrol, but cost the state untold billions in revenue while worsening traffic congestion and air pollution.

Bureaucratic malaise and corruption were so severe that murders tripled to nearly 20,000 a year, while gangs brazenly kidnapped victims from bus stops and highways.

A new elite with government connections, the “boligarchs,” manipulated government contracts and the web of price and currency controls to finance their lavish lifestyles. “It’s a big deal here when a girl turns 15,” a Caracas designer, Giovanni Scutaro, told me. “If the father is with the revolution, he doesn’t care about the fabric as long as it’s in red. Something simple, $3,000 — more elaborate, $250,000.”

Mr. Chávez summoned journalists to Miraflores, the presidential palace, to extol his achievements. But even the building betrayed the nation’s anomie, with its cracked facade, missing tiles, a whiff of urine from the gardens. The president’s private elevator, a minister confided, leaked when it rained.

Mr. Chávez’s political genius was to turn this record into a stage from which to mount four more election victories. An unprecedented oil bounty — $1 trillion — made him chief patron amid withering nongovernment alternatives.

He spent extravagantly on health clinics, schools, subsidies and giveaways, including entirely new houses. Those employed in multiplying bureaucracies — officials lost track of fleeting ministries — voted for him to secure their jobs.

His elections were not fair — Mr. Chávez rigged rules in his favor, hijacked state resources, disqualified some opponents, emasculated others — but they were free.

As Venezuela atrophied, he found some refuge in blaming others, notably the “squealing pigs” and “vampires” of the private sector whom he accused of hoarding and speculating. Soldiers arrested butchers for overpricing.

His own supporters increasingly blamed those around him: by 2011 you could see graffiti with the slogan “bajo el gobierno, viva Chávez” — “down with the government, long live Chávez.”

The comandante, as he was known to loyalists, used his extraordinary energy and charisma to dominate airwaves with marathon speeches (four hours was short). He might blow kisses, mobilize troops, denounce the United States, ride a bike, a tank, a helicopter — anything to keep attention focused on him, not his performance.

Distraction came in numerous forms: denouncing assassination plots; a farcical nuclear deal with Russia (eventually abandoned); exhuming Bolívar’s remains to see if he was murdered; praising or assailing guests.

I experienced the power of his performance firsthand in 2007 when, as The Guardian’s Latin America correspondent, I appeared on his weekly show, “Alo Presidente,” in an episode held on a beach. Invited to ask a question, I asked whether abolishing term limits risked authoritarianism.

The host paused and glowered before casting the impertinence out to sea and making it a pretext to lambaste European hypocrisy, media, monarchy, the Royal Navy, slavery, genocide and colonialism.

“In the name of the Latin American people I demand that the British government return the Malvinas Islands to the Argentine people,” he exclaimed. Then, after another riff on colonialism: “It is better to die fighting than to be a slave!”

On and on it went. Christopher Columbus. Queen Elizabeth. George Bush. In vain I responded that I was Irish and republican, and that European monarchy was irrelevant to my question, which he had dodged. This provoked another tirade.

It was theater. As the cameras were packed away, and we all prepared to return to Caracas, the president shook my hand, shrugged and smiled. I had been a useful fall guy. No hard feelings. It was just a show.


Rory Carroll, a correspondent for The Guardian, is the author of “Comandante: Hugo Chávez’s Venezuela.”

Josip Stalin-Hugo Chavez: RIP; solidarios na morte?

Parece que é mais uma dessas ironias da história, essa matreira, astuta e imprevisível mestra de todas as ciências (e crendices também): sessenta anos depois da morte de um dos maiores tiranos da humanidade, superior a Gengis Khan e Atila reunidos, mais mortífero que Hitler (embora com outros métodos e intenções), Stalin, desaparece também Hugo Chavez, um pálido aprendiz das técnicas de repressão do ditador soviético e do déspota chinês, mas um grande praticante das mesmas técnicas de manipulação das massas pela propaganda política mistificadora.
OK, Hugo Chávez não dispunha de Gulag, como seus (talvez admirados) predecessores "socialistas", mas também fez o possível para eliminar qualquer oposição ao seu governo.
O "Gulag" de Chávez era ter de assistir suas arengas de 10 horas em rede de televisão, o que, convenhamos, deve ser insuportável para quem quer apenas passar o domingo com programas de auditório e em concursos de "quem ganha mais?".
Assistir televisão, em certos países, se tornou um gulag similar...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Agradeço ao meu amigo Vinicius o envio desta matéria, que teria passado despercebida, mesmo eu recebendo os boletins do Le Monde todos os dias (mas não consigo ler tudo...). 

Soixante ans de la mort de Staline : un fantôme omniprésent

LE MONDE | • Mis à jour le

Célébration à Moscou du cent-trentième anniversaire de la naissance de Staline, le 21 décembre.

En 1991, au moment de l'effondrement de l'URSS, il ne se trouvait plus que 12 % des Russes pour faire de Staline une grande figure historique. Aujourd'hui, la moitié d'entre eux font du "Petit Père des peuples" le champion incontesté des héros nationaux, loin devant Lénine ou Pierre le Grand. Soixante ans après la mort de l'homme qui régna sur l'URSS durant trois décennies et envoya à la mort entre 10 et 20 millions d'individus (sans compter les victimes de la guerre), tel est le résultat d'un sondage de la Fondation Carnegie publié le 1er mars.

Avec l'arrivée au Kremlin de Vladimir Poutine, Staline est redevenu un personnage mythique, victorieux du nazisme en 1945 et bâtisseur "de la société la plus juste au monde (...) et d'une grande puissance industrielle", selon l'un des principaux manuels scolaires. Rien ou très peu n'est dit des massacres perpétrés par une police politique dont le président russe est si fier d'être issu.
Pour les soixante ans de sa mort (le 5 mars 1953), c'est aux victimes de Staline que Le Monde consacre un supplément, plus particulièrement à celles de la Grande Terreur de 1937-1938, lorsque 1.600 personnes étaient exécutées chaque jour. Ces documents exceptionnels, les Russes n'y ont pas accès. Les archives du KGB sont hermétiques et ceux qui s'y intéressent sont soupçonnés de trahison.
Staline est désormais fantomatique mais omniprésent, jamais loué explicitement par le pouvoir, jamais critiqué non plus. Sa mémoire fleurit sans qu'une seule rue ne porte son nom. Les manifestations de cette présence sont rares : un slogan restauré en lettres d'or à la station de métro Kourskaïa de Moscou et quelques portraits sur les autobus au moment des grandes fêtes commémoratives de la victoire contre le nazisme – jours durant lesquels, c'est officiel depuis février 2013, la ville de Volgograd reprendra son nom de Stalingrad.
Les Russes n'ont jamais été aussi libres de surfer sur Internet, de voyager et de consommer, à condition de ne pas faire de politique. Les opposants qui ont osé élever la voix contre la "démocratie dirigée" à l'hiver 2011-2012 sont harcelés. Depuis le retour de M. Poutine au Kremlin pour un troisième mandat, on se croirait revenu à l'époque des campagnes contre le "cosmopolitisme".
Deux mémoires se chevauchent. Staline le bâtisseur de l'empire soviétique fait oublier le tyran sanguinaire. C'est comme si la Russie tout entière était frappée de schizophrénie. L'élite politico-militaire au pouvoir achète des propriétés en Floride ou sur la Riviera tout en fustigeant les "agents étrangers". L'homme de la rue, lui, révère Staline mais ne voudrait à aucun prix se retrouver dans l'URSS des années 1930. En jouant sur la psychologie de l'Homo sovieticus – la peur, le paternalisme, la forteresse assiégée –, Vladimir Poutine prive le pays de son devoir d'inventaire. Difficile de moderniser la Russie avec un tel héritage.

terça-feira, 5 de março de 2013

A indisfarcavel inclinacao fascista dos companheiros da novilingua

Novilíngua, ou newspeak, foi o termo cunhado por George Orwell (nome verdadeiro Eric Blair) em seu famoso romance 1984, para retratar a realidade da ditadura total do Big Brother, e que aparece como uma extensão da fábula Animal Farm (A Revolução dos Bichos, no Brasil).
Mesmo com a velha língua dos fascistas dos anos 1930, os companheiros são isso: inimigos da democracia e da liberdade, amantes da ditadura e da censura. Eles precisam do controle das comunicações, para poder implantar o monopólio do poder a que aspiram.
Serão derrotados, mas enganam muita gente...
Paulo Roberto de Almeida

A 'democratização' petista

05 de março de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
 
O que significa, exatamente, "democratização" dos meios de comunicação, que o Partido dos Trabalhadores (PT) tão insistentemente reclama? O Brasil é um país livre e democrático, principalmente quando comparado a regimes totalitários como os de Cuba e do Irã, que o PT apoia mundo afora e onde não existe liberdade de imprensa e de expressão. A presidente Dilma Rousseff já cansou de repetir que restrições à liberdade de imprensa estão fora de cogitação em seu governo. Mas o PT insiste, como fez mais uma vez na última sexta-feira, por meio de resolução aprovada por seu Diretório Nacional reunido em Fortaleza, sob o título "Democratização da mídia é urgente e inadiável". Com base nessa resolução o PT vai aderir a uma campanha nacional de coleta de assinaturas para a apresentação de projeto popular que defina um novo marco regulatório das comunicações.
A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada no final do governo Lula, foi uma das mais audaciosas tentativas dos radicais petistas de impor a mordaça aos veículos de comunicação que não se alinham ao lulopetismo. Planejada pelo ex-ministro Franklin Martins com a indispensável aprovação de Lula, a Confecom foi realizada com a participação de pessoas e entidades escolhidas a dedo para elaborar o projeto de um novo marco regulatório das comunicações à moda da esquerda petista - da qual o ex-ministro é um dos luminares, ao lado de José Dirceu e de Rui Falcão. Pouco tempo depois, já na Presidência, Dilma Rousseff engavetou o tal projeto, declarando que preferia "o barulho da democracia ao silêncio das ditaduras".
Mas o PT não toma jeito e continua insistindo, contra a opinião também de seu maior aliado no governo, o PMDB. Na convenção nacional realizada no último fim de semana, o partido do vice-presidente da República, Michel Temer, aprovou, em resposta ao documento petista divulgado horas antes, uma moção de "defesa intransigente da liberdade de imprensa". Numa demonstração clara de que não são apenas as "elites" ou a "mídia oligopolizada e conservadora" que enxergam a intenção petista de censurar a imprensa, declarou o deputado federal Lúcio Vieira Lima, responsável pelo anúncio da moção: "Não podemos permitir que uma agremiação defenda o cerceamento da liberdade de imprensa. (...) Essa moção é em defesa do Brasil".
Mais uma vez, deliberada e maliciosamente o PT embaralha a questão do marco regulatório das comunicações com o controle da mídia, ou seja, a censura. Um novo marco regulatório das comunicações é necessário e urgente, principalmente porque o marco em vigor, anterior ao advento da internet, está há muito tempo defasado. E há questões que precisam ser regulamentadas, especialmente no campo das telecomunicações. Mas a ambição do PT de fazer aprovar o controle da mídia, embutido no novo marco regulatório das comunicações, já se transformou em obstáculo às intenções do Palácio do Planalto de promover a necessária atualização do estatuto em vigor.
No documento divulgado por seu Diretório Nacional, o PT afirma que o "oligopólio" que controla a mídia no Brasil "é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país". Na verdade, o grande obstáculo à transformação da realidade, principalmente a das questões fundamentais da política, tem sido o PT. Em matéria de organização política, há 10 anos no governo o PT faz questão de deixar tudo exatamente como está, pois é o que interessa a seu plano de perpetuação no poder.
Quem escamoteia os fatos e só divulga o que é de seu interesse é o próprio PT, que deu uma demonstração patética disso ao montar um grande painel fotográfico no Congresso Nacional. As fotos que ilustram a trajetória do partido ao longo de 30 anos pulam 2005, o ano do mensalão. Mas os criminosos condenados José Dirceu e José Genoino aparecem com destaque em fotos relativas, respectivamente, aos anos de 1992 e 2000. É um exemplo daquilo que os petistas entendem por "democratização" da informação.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...