quinta-feira, 24 de abril de 2014

Eleicoes 2014: vem ai o guia genial dos povos (e da burguesia)


LULA OUVIU E FICOU MUDO
O Estado de S.Paulo, 16/2/2014

Os atritos na relação de Dilma com os empresários foram responsáveis, na sexta-feira, pelo recuo do usineiro Maurílio Biagi Filho no compromisso verbal assumido com o PT. Recém-filiado ao PR, Biagi anunciou a desistência de ser vice na chapa de Padilha. "É difícil ganhar a eleição em São Paulo com o agronegócio ruim como está", afirmou Biagi. "O problema é causado pela política do governo federal e não adianta mais promessa. O governo tem de propor solução para o setor."

Biagi promoveu um jantar com representantes do agronegócio em sua casa, em Ribeirão Preto, no dia 7. Ali seria dada a largada festiva da campanha de Padilha, ex-ministro da Saúde.

Diante de Lula e do candidato, porém, o clima foi de constrangimento com as críticas.

Um empresário que participou do jantar em Ribeirão Preto conta que assistiu o seguinte monólogo de um representante da indústria de base com o ex-presidente Lula:

"O senhor tem responsabilidade por esta crise pois colocou Dilma na Presidência da República. Esta mulher demonstrou total incompetência e prejudicou praticamente a todos os setores da economia brasileira. Ela quebrou a Petrobras e toda cadeia produtiva sucroenergética e vamos dar o troco nas urnas".

Disse mais: "Nem de energia ela entende, haja vista o colapso iminente em que está colocando todo o sistema elétrico nacional. Para piorar, depois de desmerecer a bioeletricidade, agora sequer haverá bagaço de cana para ajudar, como ocorreu durante o 'apagão' do governo Fernando Henrique".

Para concluir: "Se o senhor tem o prestígio que todos alardeiam, mande esta mulher pro inferno. Ou melhor, mande-a pra Cuba, Venezuela ou Argentina e seja o senhor o candidato nas eleições de outubro. Do contrário, vamos fazer campanha contra todos os candidatos da base de apoio a este que está sendo o pior governo da história do País. Chega!"

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Brasil como inimigo do Brasil: produtividade e crescimento

Brasil improdutivo

Editorial Folha de S. Paulo, 22/04/2014


Aumento de riqueza gerado por trabalhadores nacionais avança de modo lento; país perde mercado para chineses até na vizinha Argentina

Não faltará quem se agaste, por aqui, com o tom um tanto derrisório da reportagem desta semana na revista britânica "The Economist" sobre a economia do Brasil. Será um erro, daqueles que se explicam quando a paixão turva o raciocínio e a objetividade.
"Você começa a perder tempo no momento em que pisa no Brasil", queixou-se à publicação o empresário texano Blake Watkins, que saiu de Nova York para abrir um restaurante fast food em São Paulo.
Não é preciso deixar de ser patriota para reconhecer que o empresário tem razão. Basta atentar para o trânsito infernal, a morosidade da burocracia, o custo e a qualidade incompatíveis dos serviços --públicos ou privados.
A "Economist" não se limita a juízos de valor, e talvez por isso cause tanto incômodo. O Brasil investe só 2,2% do PIB em infraestrutura, muito abaixo da média de 5,1% no mundo em desenvolvimento. De 278 mil patentes concedidas em 2013 pelos Estados Unidos, meras 254 foram para invenções brasileiras.
No domingo, reportagem desta Folha corroborou o descaso nacional com a inovação, mãe verdadeira do aumento sustentável de produtividade. O Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) consome em média 10 anos e 10 meses para conceder uma patente. No campo das telecomunicações, o prazo médio está em 14 anos e 2 meses.
Entre países desenvolvidos, esse intervalo não ultrapassa três anos: nos EUA são 2 anos e 7 meses; no Japão, 2 anos e 6 meses; na China, 1 ano e 11 meses. Não é difícil compreender por que um empreendedor descartaria o Brasil como opção para sediar um laboratório de desenvolvimento de semicondutores, por exemplo.
A chave do atraso, como aponta com exatidão a revista britânica, está na produtividade.
O produto anual do trabalho de um empregado brasileiro está na casa de US$ 20 mil (calculado pela metodologia de paridade de poder de compra). Nos anos 1960, era da ordem de US$ 15 mil, maior que o obtido por sul-coreanos --os quais, hoje, produzem quase US$ 70 mil. A China, que partiu de patamar muito inferior, já nos alcançou.
Não estranha, assim, que o Brasil esteja perdendo mercado para exportações chinesas até na Argentina, sua grande parceira de Mercosul. Em 2005, a participação brasileira nas importações argentinas estava em 36,5%; no primeiro trimestre de 2014, ficou em 24,8%. No mesmo período, a China saltou de 5,3% para 18,4%.
Indignação, apenas, nada pode contra essas cifras acabrunhadoras. É imperativo convertê-la em brio, algo muito mais produtivo.

Em busca do tempo perdido

Coluna / Vinicius Torres Freire


Patente leva 14 anos para sair; opressão da burocracia merece ser grande tema da eleição

Uma patente demora em média dez anos para sair no Brasil. Deu nesta Folha, no domingo.
O cidadão inventa um troço, processo, planta modificada, videogame, app, ou sabe-se lá, e recebe seu título de proprietário intelectual uma década depois. Se é criador da área de telecomunicações, pode esperar 14 anos.
O que são meros 14 anos? Jacó teve de trabalhar de graça por 14 anos a fim de casar com Raquel. Mas o caso era de um amor daqueles bíblicos, Jacó tinha paciência de Jó e, enfim, isso se passou em um tempo em que, como se sabe, não existiam telecomunicações.
Em 1993, o Cern, o centro de pesquisas europeu onde se inventou a web, tornou a tecnologia disponível, grátis, sem requerer pagamento de royalties, o que desencadeou a massificação da internet. Era uma internet movida a lenha, ligada por meio de chamada telefônica, de conexões e computadores velozes como o governo brasileiro.
Em 2007, 14 anos depois, aparecia o iPhone, por exemplo, internet fácil e outros mil badulaques na palma da mão.
Enquanto isso, em 14 anos, um papel entrava pela porta de uma repartição brasileira e saía pelos fundos, comido pelas traças e comendo a poeira da história tecnológica em revolução.
Proust levou 14 anos para escrever as milhares de páginas de "Em Busca do Tempo Perdido". Enfim, chega de piada.
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o INPI, que concede patentes, não tem funcionários bastantes. O salário não atrai os trabalhadores qualificados necessários, pois é menor que o de muito inútil da praça dos Três Poderes e cercanias.
Uma patente sai quatro vezes mais rápido nos EUA. Seis vezes mais rápido na China e na Coreia do Sul.
Estamos acostumados a esse tipo de estatística comparada deprimente. O Brasil é líder em perda de tempo para pagar tributos, tirar mercadoria do porto, preencher papel para exportar ou abrir um negócio etc.
No começo deste mês, Dilma Rousseff disse a empresários do comércio que seu governo está "totalmente comprometido com o processo de desburocratização". É uma frase burocrática: 1) a presidente fala de um "PROCESSO de desburocratização"; 2) o "processo" já leva mais de três anos e nada.
O que há? Em certos serviços, faltam mesmo funcionários (analistas no INPI, auditores fiscais etc.). Mas, em quase 20 anos de governos mais "modernos", não foi possível colocar servidores em lugares certos e encarregar um desses 171 ministérios de limpar a área burocrática?
A lista de perversões, ignorâncias e opressões que explicam a burocracia estúpida não cabe nestas colunas, para nem mencionar a grande burocracia privada que nos inferniza com as teias do 0800. Mas um motivo da paralisia merece menção honrosa: governos sem dinheiro favorecem a opressão burocrática.
Em deficit perigoso, o governante não vai bulir com leis fiscais e com funcionários que coletam o dinheiro escasso, isso quando não incentivam setores mais militantes do fisco a aumentar a barafunda.
Está aí um tema popular de campanha eleitoral e um projeto civilizatório de governo que custa muito pouco além de trabalho e inteligência: dar um jeito na opressão das burocracias públicas e privadas.

O Capital no Seculo 21: entrevista com o autor, Thomas Piketty

Já postei aqui uma resenha crítica de Guy Sorman sobre esse livro que encanta os igualitaristas, mas que deve deixar os economistas liberais (no sentido clássico da palavra) um pouco nervosos, dadas as distorções de ordem política que o livro apresenta.
Segue uma entrevista com o autor publicasa no Le Monde
Paulo Roberto de Almeida 


Thomas Piketty : « Le retour des inégalités inquiète aux Etats-Unis »

Le Monde.fr |  • Mis à jour le 
aA   Google + Linkedin Pinterest

Un mois après sa sortie aux Etats-Unis, le livre de l'économiste français, qui a notamment été reçu à la Maison Blanche, s'est classé mardi en tête des ventes aux Etats-Unis sur Amazon. | AFP/Ivan COURONNE

Un mois après sa sortie aux Etats-Unis, le livre de l'économiste français Thomas Piketty, consacré à la montée des inégalités dans le monde, Capital in the Twenty-First Century (Le Capital au XXIe siècle), s'est classé, mardi 22 avril, en tête des ventes aux Etats-Unis sur le site de distribution en ligne Amazon. Il fait également partie de la liste des meilleures ventes duNew York Times.
Reçu il y a quelques jours à la Maison Blanche et au ministère des finances américain, M. Piketty enchaîne les colloques et les conférences aux Etats-Unis aux côtés de Prix Nobel d'économie afin de dénoncer l'extrême concentration des richesses et plaider pour une plus forte taxation des hauts revenus.
La sortie de votre livre aux Etats-Unis suscite un large débat. Etes-vous surpris par son retentissement ?
C'est vrai qu'on est en train d'atteindre la borne supérieure à laquelle je pouvais m'attendre. En même temps, cela fait longtemps que notre travail, avec Emmanuel Saez, sur les inégalités, suscite beaucoup d'intérêt à chaque publication. Là, la nouveauté, c'est qu'il s'agit d'un travail plus global, il est donc normal que cela retienne plus l'attention. Mais si j'ai écrit une histoire de la dynamique des inégalités c'est pour qu'elle puisse être lue par le plus grand nombre. Je suis surpris du succès, mais en même temps le but était de toucher un maximum de gens.
Est-ce que vous vous attendiez à des critiques aussi élogieuses dans ce pays, et à la limite plus élogieuses que celles que vous avez reçues en France, alors que les Etats-Unis ont plutôt la réputation d'être moins réceptifs au thème de l'inégalité ?
La réalité, c'est que les inégalités ont beaucoup plus augmenté aux Etats-Unis qu'en Europe au cours des trente ou quarante dernières années. De ce point de vue, ce n'est pas étonnant que le problème soit très présent dans le débat américain. Le retour des inégalités inquiète ici.
Mais les Etats-Unis ont toujours une relation beaucoup plus compliquée avec cette problématique que ce que l'on imagine parfois en Europe. C'est un pays qui a une tradition égalitaire très forte, qui s'est construit autour de cette question en opposition à une Europe elle-même confrontées à des inégalités de classe ou patrimoniales. Ensuite, il ne faut pas oublier que ce sont les Etats-Unis qui, il y a un siècle, ont inventé un système de fiscalité progressif sur les revenus justement parce qu'ils avaient peur de devenir aussi inégalitaire que l'Europe.
Par rapport aux tendances longues que vous décrivez dans votre livre, celui-ci aurait pu être écrit il y a cinq ans voire dix ans. Pensez-vous qu'il aurait eu autant de retentissement aux Etats-Unis ? Finalement, n'arrive-t-il pas à un moment propice, au lendemain de la crise financière ?
Ce livre arrive effectivement à un moment où la question est particulièrement prégnante aux Etats-Unis, même s'il reste de difficile de savoir comment il aurait été reçu il y a dix ans. Mais ce dont on parle moins, mais qui me fait autant plaisir, c'est que la traduction en anglais a permis également d'ouvrir le débat au niveau européen.
On doit reconnaître aux Etats-Unis la capacité de s'emparer de débats qui dérangent. En même temps, on n'a pas le sentiment que les politiques publiques sont vraiment prêtes à bouger, même si Barack Obama fait preuve de volontarisme dans son discours. Est-ce que cela veut dire qu'il n'est pas déjà trop tard pour renverser cette tendance aux inégalités et que l'argent influence déjà la politique de manière irréversible ?
Ça, c'est la vision sombre du problème. Je me méfie de ce pessimisme. Toute l'histoire de la répartition des richesses et de l'impôt est pleine de surprises et les choses peuvent évoluer beaucoup plus vite qu'on ne l'aurait imaginé. Aux Etats-Unis en particulier. Qui, il y a un peu plus d'un siècle, aurait dit que l'impôt fédéral sur le revenu serait un jour créé ou qu'on aurait instauré une très forte progressivité à partir des années 1920 ? Pas grand monde, certainement. Pourtant, l'argument était déjà de dire qu'une grande partie de notre processus démocratique était capturé par une minorité. Mais les institutions démocratiques ont fini par répondre à ce constat.
Vous apportez une contribution majeure au débat sur les inégalités. Quelles peuvent être les retombées concrètes en termes de décision politique ?
Ce livre n'est qu'un élément dans un débat plus large qui contribue à s'interroger sur la concentration excessive des revenus et des patrimoines. Maintenant, il faut que les mesures qui pourraient être prises soient renouvelées : l'impôt progressif que j'appelle de mes vœux n'est pas le même que l'impôt sur les revenus ou sur les successions mis en place au XXe siècle. Par exemple, l'impôt sur le patrimoine est à repenser. Mais ce n'est pas un livre qui va changer le cours de l'histoire.
Même si le Prix Nobel d'économie Paul Krugman dit que c'est certainement le plus important de la décennie ? Ça finit par vous gêner, ce concert de louanges ?
Non, ça fait plaisir, même si c'est un peu tôt pour évaluer l'impact de ce livre.
On lit beaucoup moins de critiques virulentes sur votre travail. Comment interprétez-vous ce silence de façade alors que les contempteurs de votre théorie sont sans doute nombreux et ont un accès à la parole publique relativement facile ?
On les entend peu parce que mon livre n'est pas un ouvrage de théorie ou de spéculation. A la fin, je tire des conclusions avec lesquelles on peut ne pas être d'accord, mais la grande majorité du livre est constituée d'exposés sur l'évolution historique des inégalités du patrimoine. Je pense que c'est quelque chose qui n'est pas facile à écarter d'un revers de main. Il s'agit avant tout d'un livre d'histoire qui met sur la table des faits historiques. Après, les gens peuvent en tirer d'autres conclusions pour la suite, mais le constat est difficilement contestable. C'est d'ailleurs l'intérêt du livre de remettre l'histoire au centre d'un débat qui est souvent idéologique.
Pensez-vous qu'aux Etats-Unis le fait d'être Français relativise la portée de votre de travail, la France étant parfois caricaturée sur le plan idéologique ?
Cet argument n'est pas trop utilisé ici. Globalement, je crois que les commentateurs ont compris que je ne suis pas un atroce anti-Américain. Encore une fois ce sont les Etats-Unis qui ont inventé le système de l'impôt progressif sur les revenus et les successions et non pas la France ou l'Allemagne. J'essaye d'en appeler à cette tradition progressiste américaine et je pense que c'est ce message qui passe bien et évite d'être caricaturé comme le Français qui vient donner des leçons aux Etats-Unis.
Certains en France avaient qualifié votre théorie de « marxisme de sous-préfecture ». Maintenant que ce « marxisme de sous-préfecture » rencontre une certaine résonance aux Etats-Unis, qu'avez-vous envie de leur répondre ?
C'est sans doute toujours mieux de lire avant d'écrire. C'est amusant de voir que The Economist ou leFinancial Times se révèlent plus ouverts que certains journaux français. Ce qui me gêne, c'est que, d'une certaine façon, cette anecdote est révélatrice de l'état du débat dans notre pays. Il y a une telle peur du déclassement en France qu'on est en permanence dans un débat électrisé entre des gens de droite qui accusent des gens de gauche de vouloir tuer la compétitivité du pays et qui n'arrivent même plus à lire et à regarder ce que pense l'autre.
Par Stéphane Lauer (New York, correspondant)
aA   Google + Linkedin Pinterest

O grande apagao mental do governo brasileiro - setor eletrico em pane

O apagão elétrico talvez não fosse tão dramático se não existisse um apagão mental no governo brasileiro, uma estupidez crônica, não se sabe de onde veio, que faz com que os dirigentes tomam todas as decisões erradas ao mesmo tempo.
Uma tempestade perfeita de arrogância, estupidez, bloqueio mental e ignorância crassa, e quem sofre é o povo brasileiro.
Os companheiros merecem ganhar o Prêmio IgNobel de besteirol acumulado...
Paulo Roberto de Almeida



Quem quiser entender o tamanho do problema do setor elétrico sugiro que assista ao programa da jornalista Miriam Leitão da semana passada na Globo News. Um post sobre o programa e o link para o programa podem ser acessados aqui no blog da Miriam Leitão.
Miriam entrevistou um dos maiores especialista do setor elétrico no Brasil, Mario Veiga da PSR. Em 2012, Mario era um dos consultores do governo federal e um dos defensores da MP No 579 de 11 de setembro de 2012, que definiu o novo marco regulatório para o setor elétrico. Lembro de um debate que participei , em 2012, no qual ele defendia o novo marco do setor elétrico e Elena Landau criticava fortemente.
A suposta lua de mel entre Mario Veiga e o governo terminou ao que parece porque o governo não concordou com as análises do consultor ao longo de 2013 e, possivelmente, o consultor deve ter discordado da redução forçada do preço da energia apesar do uso da térmicas ao longo de 2013.  Hoje o consultor é uma das pessoas na lista negra do governo, com todas aquelas que ousam a discordar das projeções, em geral erradas, do governo.
A entrevista que Mario Veiga deu à Miriam Leitão é uma verdadeira aula sobre o problema do setor elétrico. Vou destacar quatro pontos. Primeiro, o nível dos reservatórios, em abril deste ano, está no menor nível desde 2001. O gráfico abaixo apresentado no programa deixa isso muito claro.

Segundo, os reservatórios perdem grande parte do seu volume ao longo do ano, como se observa em outro gráfico apresentado no programa e reproduzido abaixo para 2010 e 2012. O volume dos reservatórios baixam de um valor próximo a 80% no inicio do ano para 30% no final do ano em anos com período chuvoso normal. Agora já estamos com um nível dos reservatórios de 37%. Qual será o nível mo final do ano?

Mesmo com o acionamento das térmicas ao longo do ano, como em 2013, isso não resolverá o problema como não resolveu em 2013 que não teve nem um evento atípico e os reservatórios estavam, em abril de 2013, acima de 60%. Mario Veiga mostra que, possivelmente, a oferta de energia das hidrelétricas está superestimada pelo governo e o valor real da capacidade do sistema é muito menor do que o dado divulgado pelo governo.
Terceiro, o custo da redução forçada da conta de energia, em 2013 e 2014, pode passar de R$ 50 bilhões. Em 2013, o governo bancou via Tesouro R$ 8 bilhões de subsídios e mais R$ 10 bilhões em empréstimos para distribuidoras que serão pagos pelos consumidores ao longo dos próximos anos. Mario lembra que a receita total das distribuidoras não chega a R$ 10 bilhões e, assim, o volume de subsídios e empréstimos as distribuidoras é bastante elevado.
Para 2014, o governo já garantiu um novo subsídio de R$ 10 bilhões do Tesouro Nacional e novos empréstimos às distribuidoras entre R$ 12 e R$ 24 bilhões. Assim, a conta de 2013 e 2014 com subsídios e empréstimos corresponderá a algo entre R$ 40 bilhões e R$ 52 bilhões, uma parte será paga por nós via impostos e outra parte via aumento na conta de luz que pode chegar a 35%.
Quarto e último ponto, apesar desse custo enorme, há ainda o risco sério de apagão se não houver racionamento. O que grande parte do mercado aposta a partir das estimativas de Mário Veiga é que, se não houver um racionamento imediato já a partir de maio, o racionamento inevitavelmente virá em 2015. Alguns bancos já falam até em recessão em 2015.
O que o governo diz? O governo fez nos últimos 30 dias duas reuniões com analistas de bancos para garantir que não há risco de racionamento. A primeira dessas reuniões foi em Brasília e, a segunda, na semana passada em São Paulo. A impressão que fica neste debate é que os números de Mario Veiga são muito fortes e mostram um problema real que o governo não consegue refutar.
Um amigo com trânsito na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) me garantiu que o humor por lá na semana passada também não anda nada bem e que alguns técnicos já reconhecem a necessidade de medidas restritivas ao consumo: racionamento.  Ao longo do ano saberemos quem está com a razão neste debate. Se for o consultor Mario Veiga, isso significará mais um duro golpe não apenas na credibilidade do governo, mas também da ANEEL e da EPE. A ver.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Lei da Onorabile Societa = Lei do Silencio = partido totalitario

Não há nenhuma chance de que o o mais recente mafioso pego em mentira -- não será o último certamente -- cometa o crime inafiançável de trair os companheiros do partido totalitário.
Eles vão para a cadeia, mas não falam, inclusive porque se falarem, estarão cometendo outro crime mortal, ou mortífero...
Paulo Roberto de Almeida

Vargas vai...

O PT reclama, diz que o deputado paranaense André Vargas prometeu renunciar, para não desgastar o partido, e não renunciou. E ameaça convocar a Comissão de Ética do partido (existe, claro que existe) para julgá-lo, condená-lo e expulsá-lo. Se a Comissão for convocada, não haverá outro resultado possível, já que Vargas cometeu a maior infração possível à ética partidária: foi apanhado.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, diz que, renuncie ou não, Vargas será julgado no Conselho de Ética da Casa, onde, com voto aberto, não tem qualquer chance de escapar da cassação de mandato e da perda de direitos políticos por oito anos. Serão duas eleições que não poderá disputar.

...Vargas vem

Como nada tem a perder, André Vargas até agora se recusou a renunciar. Talvez até conte quem lhe prometeu apoio e o deixou sozinho. E se contar tudo?

Da coluna de Carlos Brickmann, 22/04/2014

Petrobras, foco da corrupcao companheira, e o Estado a que chegamos

O Estado a que chegamos é o Estado deles, dominado em todas as vertentes, facetas, aspectos, instituições e mecanismos pela nova classe, a Nomenklatura do partido totalitário.
Paulo Roberto de Almeida

15/04/2014

Relatório do MP do Tribunal de Contas da União recomendou que o conselho de administração da Petrobras na época da compra da refinaria de Pasadena, presidido por Dilma, seja responsabilizado pelo escândalo. Em represália (sim, é represália), a AGU pede que seja acionada a PF para investigar "quebra de sigilo".  Ah, sim, tudo o que envolve o governo petista é sigiloso:
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu nesta segunda-feira, 14, que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, acione a Polícia Federal para investigar "suposta quebra de sigilo" do processo que envolve a Petrobrás na corte. No domingo, 13, Estado revelou que relatório do Ministério Público no TCU recomenda que a alta cúpula da petroleira, além dos integrantes do Conselho de Administração, seja responsabilizada por perdas na compra da refinaria de Pasadena (EUA).


O documento diz que, caso os indícios de irregularidades sejam confirmados pela corte, o primeiro escalão da estatal, "incluindo membros do Conselho de Administração", presidido em 2006 pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, respondam por "dano aos cofres públicos, ato antieconômico e gestão temerária".
O negócio, que contou com o aval de Dilma, foi iniciado em 2006 e concluído em 2012, após um longo litígio e gasto superior a US$ 1 bilhão. O teor do relatório vai subsidiar a decisão dos ministros do tribunal. O relatório final só sairá em julho, início da campanha eleitoral.
‘Inabilidade’. Para o Ministério Público de contas, as falhas dos gestores da Petrobrás na condução do negócio de Pasadena foram "acima do razoável". No mês passado, a presidente enviou nota ao Estado na qual afirmou só ter apoiado a compra da refinaria porque foi mal informada sobre as cláusulas do contrato.
O documento do TCU faz sérias críticas à alta cúpula da estatal, incluindo o conselho administrativo. Para a procuradoria, a estatal foi "vítima" da "inabilidade de seus gestores em firmar acordos contratuais", e o grupo belga Astra Oil adquiriu o direito "líquido e certo" de vender sua participação à Petrobrás, recebendo o valor fixado nos contratos.
A AGU requereu que o relator do processo da Petrobrás, ministro José Jorge, instaure uma apuração administrativa interna para averiguar se houve vazamento de dados, o que configuraria não só ato ilícito e de improbidade administrativa, como crime.

A reportagem tentou ouvir o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, sobre o pedido da AGU, mas ele não foi localizado. A Presidência da República informou que desconhece o teor do documento dos procuradores do TCU porque ele segue sob sigilo. (Estadão).

O Marx do seculo 21 e o seu novo Capital: mais preocupado com a igualdade via Estado do que com a eficiencia via mercados

De vez e quando surge um livro que promete salvar velhas crenças da esquerda: a de que a igualdade , ou o igualitarismo, é o objetivo da democracia, por exemplo, o que é uma tese simplesmente errada.
A democracia não tem muito a ver com a igualdade, a não ser a igualdade formal, no sentido da participação política, não a igualdade real de renda, de condição, de riqueza.
Essa obsessão, que nasceu no século 18, continua alerta e forte no século 21, atrasando sociedades e economias, como no nosso Brasil, por exemplo.
Acho que vai fazer sucesso no Brasil também, embora só tenhamos a desigualdade, e não os milionários filantropos da primeira potência econômica do planeta.
Vamos continuar num crescimento medíocre, mais preocupados com igualitarismo do que com eficiência...
O "liberals" do título se refere obviamente aos socialistas americanos, não aos liberais clássicos ao estilo europeu.
Paulo Roberto de Almeida

Books and Culture

GUY SORMAN
Why Thomas Piketty’s wrongheaded economic manifesto is all the rage
The City Journal, 22 April 2014

Capital in the Twenty-First Century, by Thomas Piketty (Belknap, 696 pp., $39.95)

It’s not every day that an academic work, written by a French economist and published by a university press, is celebrated as a “watershed book,” but this is what commentators are saying about Thomas Piketty’s Capital in the Twenty-First Century—at least, liberal commentators. The New York Times’s Paul Krugman, among others, has deemed Capital the most important economic book in a decade. Less ideological readers should be more cautious. Piketty’s book is important and deserves respect: his 700-page opus, a decade in the making, brings together an incredible amount of data on the accumulation of capital since the Industrial Revolution. If you want to know, say, the relative income of a landowner in the United States or in France compared with an entrepreneur in the mid-nineteenth century, Piketty has an answer. Piketty also helps explain why the French remember their revolution and the subsequent Napoleonic period fondly: “It was an era of relative high wages for the lower class following the redistribution of land and mobilization of labor to meet the needs of military conflict.” His book is a trove of similar historical nuggets.
Piketty claims that he has not written an anticapitalist book. Karl Marx’s Das Kapital was not anticapitalist in the same fashion: it only purported to explain how and when capitalism would collapse from its internal contradictions. “The bourgeoisie will dig its own grave,” Marx wrote. Among other goals, Piketty aims to examine the circumstances in which entrepreneurship or wage employment is more or less financially rewarding than capital ownership. According to his theory, “When the rate of return on capital is higher than the economy’s growth rate, capital income tends to rise faster than wages and salaries.” This happens to be the current situation in the West. As a consequence, inequality rises, because workers’ income stagnates when capital-owner revenue accumulates. If the trend continues for years, the capital owners transmit this accumulated wealth to their heirs—and they become an entrenched oligarchy, a financial aristocracy.
“The entrepreneur inevitably tends to become a rentier,” Piketty writes, “more and more dominant over those who own nothing but their labor. Once constituted, capital reproduces itself faster than output increases. The past devours the future.” This apocalyptic vision of capitalism’s inevitable collapse is strictly recycled Marxist prophecy. (Piketty, it’s worth noting, is interviewed at length in the latest number of the Marxian New Left Review.) Piketty admits that “the American nation is not yet there,” but we might get there if the government doesn’t do something to curb the trend. Piketty’s formula here is the classic Jeremiah tactic: predict a disaster, wait for it to happen, and then proudly announce, “I told you so.”
To explain why the preordained transformation of entrepreneurs into unproductive rentiers hasn’t yet happened, Piketty adds a new twist to Marx. Wars and global crises—“shocks,” in Piketty’s parlance—wipe out accumulated wealth, allowing true entrepreneurship to start anew. The rejuvenating role of disasters may have some historical basis (Piketty argues convincingly for it in the case of the two world wars). But a more straightforward and less ideological analysis would show that, apart from such cataclysmic events, innovation—or “creative destruction,” as Joseph Schumpeter described it—opens the field to new entrepreneurs, while eradicating rent seekers. “Shocks” of the kind Piketty describes are hardly needed.
Piketty also updates Marx’s pessimism. “Are we headed towards the end of growth for technological or ecological reasons, or perhaps both at once?” he asks. Marx thought that nothing more could be invented beyond the steam engine. By including ecology among the list of concerns, Piketty expands the declinist criteria, thus dismissing those still naïve enough to believe in progress.
Piketty’s statistics are superficially impressive, but they can’t be taken at face value. His gross income figures, for instance, exclude redistribution and social programs. The inequality figures he cites would be much less striking if he computed them—as is commonly done—based on net income afterredistribution. Not doing so seriously distorts economic conditions. Piketty seems unwilling to concede that income alone, however calculated, does not account for all social reality: we all benefit from progress in multiple areas—health, transportation, consumer technologies—regardless of income.
Piketty’s book is less interested in economic efficiency than in social justice. “Building a just society,” he writes, “is the purpose of democracy.” For Piketty, “just” is the equivalent of “egalitarian.” He doesn’t explain why this should be so, though his equation of the two surely explains why Capital in the Twenty-First Century has political appeal among American academics, the media, and liberal politicians on both sides of the Atlantic—from President Obama to French president François Hollande. Offering no alternatives to the free market, the Left now fights for income equality, and Piketty’s book is thus an intellectual boon.
Piketty does not believe that free markets can spontaneously generate greater equality: government intervention is therefore needed, mostly through taxation. His market pessimism contradicts the findings of most classical economists, who see the rise of a huge middle class as an outgrowth of capitalism. Piketty rejects what he considers an optimistic illusion about markets born in the 1960s. From the end of the World War II until the late 1970s, a middle class expanded in the West, and incomes from wages and capital converged. But this convergence, Piketty argues, was a historical accident. In the long run, he says, capital owners always prevail over employees. In his insistence, Piketty sometimes contradicts himself. At one point, he argues that income divergence occurs independent of political influence. But he also writes that the current divergence was initiated by the policies of Ronald Reagan and Margaret Thatcher, who “scrapped taxes on the wealthy.” The inadequacy of his framework is powerfully illustrated by the example of France, where the gap between the so-called 99 percent and the 1 percent became wider under a socialist government during the 1980s. Was François Mitterrand a hidden Reaganite?
This contradiction between ideological judgments and objective data is the book’s fundamental flaw. The emergence of a super-wealthy minority (closer to 0.001 percent than to 1 percent, as Piketty himself admits) has likely occurred for different reasons in different countries. For instance, the new oligarchies in Russia, Nigeria, or China can’t be explained as a consequence of the free market. Inequality in these nations results from corruption, a one-party system, and kleptocracy. In the United States, a super-wealthy minority—“superstars and supermanagers,” as Piketty calls them—has attained financial preeminence predominantly through globalization: entrepreneurs like Bill Gates or large hedge fund managers operate in a worldwide market, gaining unprecedented profits. Their riches may be considered excessive or unfair—but that would be a moral judgment, not an economic one.
The author shows his true colors in the book’s final chapter, where he deems equality of income an end in itself. To achieve it, governments must redistribute wealth, fortifying what Piketty calls the “social state,” which embodies a better society. How to finance it? By taxing capital owners. As Piketty concedes, taxes on wage earners in the United States and in Europe have reached their limits: therefore, only capital taxation could increase the resources of the social state. But how can a nation-state levy taxes on capital owners when capital itself knows no borders? Piketty calls for a “utopian solution”: global capital taxation. Piketty reminds readers that taxing income, when initially proposed in the early twentieth century, was regarded as utopian. Now, he believes, the time has come to tax capital—massively. The European Union, he suggests, should lead the way. This is a paradoxical suggestion, since most European governments stopped taxing capital in order to stem its flight. Even France’s modest tax on capital hasn’t prevented entrepreneurs from moving to Belgium. Krugman, who fully endorses Piketty’s agenda, wants the United States to take the lead here, as it did a century ago in pioneering the income tax.
Piketty refuses to allow for any alternatives to his desired social state. Wouldn’t a negative income tax, as proposed by Milton Friedman 50 years ago, be more effective in alleviating poverty and inequality than a utopian global tax on capital? Piketty starts from unproven evidence—the state is good and growth is spontaneous—to plead for capital taxation.
Piketty’s book has other flaws. The author never considers whether some degree of inequality is necessary for growth in a market economy. Instead, he attacks economists for “relying too much on mathematical models and not understanding the deep structures of capital and inequality.” He thus ignores the fact that economists whom he dislikes have identified the actual factors of growth—such as property rights and the rule of law—based on empirical observation. Without the economic models he scorns, countries like China, India, and Ghana would not have seen such spectacular growth—and their poorest citizens would have far fewer opportunities. Piketty admits that he considers economics not a genuine science, but a subdivision of the social sciences, such as history or anthropology. Such a view is much more common in socialist-leaning France (Piketty now teaches at the Paris School of Economics) than in the United States (where Piketty studied at MIT).
Capital in the Twenty-First Century couldn’t have become a bestseller in the United States without the current concern over income inequality. This concern has merit, but is the tiny super-wealthy minority whom Piketty disparages a major source of social, political, or economic unrest? Hardly. Besides, why should we care that Bill Gates is a billionaire? Piketty never asks if such billionaires, through philanthropy or by financing new economic activity, mightspread their wealth more effectively than the government does by confiscating it. Philanthropy is non-existent in France, and it goes entirely unexplored by Piketty.
As a source of knowledge, Capital in the Twenty-First Century is formidable; as an ideological pamphlet, it breaks no new ground. The book marshals new data to rekindle old socialist answers. By all indications, the Left has already fallen in love with Piketty’s book; those of other persuasions will find its remarkable trove of data useful. I found particular value in the many anecdotes Piketty shares describing the origins of wealth in various nations throughout history. He convincingly shows that wealth is more often a matter of luck than talent. The question then becomes: should one be punished for his luck? Piketty would say yes. Like a true socialist, he sees himself as a moralist on the side of the angels. Yet, hidden behind the garb of history, statistics, and social science, Piketty’s arguments are more self-righteous than moral.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...