segunda-feira, 18 de julho de 2022

Itamaraty monarquista? Não, mas vários diplomatas o são - Morte de um Bragança

 Itamaraty monarquista? Não, mas vários diplomatas o são, daí o desrespeito à República, que já foi muito mais desrespeitada por quem exerce o poder atualmente...


Itamaraty chama herdeiro da família imperial brasileira de 'Sua Alteza' que dedicou vida a 'valores cristãos'

Linguagem usada pelo Ministério para lamentar morte de Luiz de Orleans e Bragança chamou atenção; Brasil é uma República e, segundo a Constituição, um país laico

O Globo, 16/07/2022 17h35

O Itamaraty divulgou neste sábado uma nota lamentando a morte de Luiz de Orleans e Bragança, herdeiro da antiga família imperial brasileira. Apesar do Brasil ser uma República desde 1889, o Ministério das Relações Exteriores se refere a Orleans e Bragança como "Sua Alteza Imperial e Real" e diz que ele dedicou sua vida "à propagação dos ideais patrióticos e dos valores cristãos".

O tom do comunicado é similar ao do presidente Jair Bolsonaro, que uso o título de "Dom" para se referir ao bisneto da princesa Isabel no decreto que declarou luto oficial por sua morte, na quinta. Orleans e Bragança teve poliomielite na infância e recentemente foi diagnosticado com Alzheimer, que juntos teriam provocado um quadro de fraqueza muscular.

"Com pesar, o Ministério das Relações Exteriores registra o falecimento de Sua Alteza Imperial e Real Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial brasileira", disse o Itamaraty neste sábado. "Bisneto da Princesa Isabel, trineto de Dom Pedro II e tetraneto de Dom Pedro I, Dom Luiz dedicou a sua vida ao estudo do Brasil e à propagação dos ideais patrióticos e dos valores cristãos", continuou a nota.

Segundo a Constituição de 1988, o Brasil é um país laico‚ isto é, que não pertence ou está sujeito a qualquer crença ou ordem religiosa. Os títulos de realeza, por sua vez, também ficaram para a História quando o Brasil tornou-se uma República há mais de 132 anos.

A presença de símbolos monárquicos e religiosos vêm gerando críticas no Itamaraty durante o governo Bolsonaro — eram mais intensas durante a passagem do ex-chanceler Ernesto Araújo pela pasta, perdendo força com o comando do menos controverso Carlos França.

Araújo chegou a aparecer sentado à frente de uma bandeira do Brasil Imperial durante uma aula magna promovida pelo canal Terça Livre. Em seu discurso por vídeo na abertura da sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) em fevereiro de 2021, era possível ver em sua mesa uma bandeira da Ordem dos Cavaleiros de Cristo.

Criada no século XIV como uma herdeira dos Templários em Portugal, a organização religiosa e militar teve um papel-chave nas navegações portuguesas e em suas missões colonizadoras, inclusive para o Brasil. Seu símbolo, inclusive, esteve presente na primeira missa em terras brasileiras, pouco após os portugueses desembarcarem na atual Bahia, em 1500.

Como o GLOBO mostrou, Bolsonaro tem certa resistência a decretar luto oficial, como fez para Orleans e Bragança. Não há uma regra rígida, e a decisão geralmente fica por conta de assessores palacianos, ministros ou até terceiros, como amigos.

Ao longo do seu mandato, não faltaram oportunidades para Bolsonaro decretar o luto. Em 2019, não o fez após a morte de João Gilberto, criador da Bossa Nova. Também não houve decreto na tragédia de Brumadinho, que matou mais de 300 pessoas; nem para a morte de mais de 600 mil vítimas fatais da Covid-19.

Neste mês, o presidente já havia editado outro decreto de luto, contudo, após o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, morto a tiros durante um comício no dia 8 de julho.

Nascido na França em 1938, Luiz de Orleans e Bragança era filho de Pedro Henrique de Orleans e Bragança e Maria da Baviera. Mudou-se para o Brasil ainda no ensino básico, que cursou em colégios tradicionais cariocas. Retornou para seu país natal para estudar ciências políticas, antes de se formar em Engenharia Química na Alemanha, segundo o Itamaraty.

Após a morte de seu pai em 1981, ele assumiu a chefia da Casa Imperial, organização não governamental que defende o retorno do regime monárquico no Brasil. Ele será sucedido no comando do grupo por seu irmão, Bertrand de Orleans e Bragança.

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2022/07/itamaraty-chama-herdeiro-da-familia-imperial-brasileira-de-sua-alteza-que-dedicou-vida-a-valores-cristaos.ghtml


O Itamaraty e a nota sobre a morte de Dom Luiz de Orleans e Bragança

Ideia de lamentar a morte de Bragança partiu do chefe do cerimonial do Itamaraty

Guilherme Amado
Eduardo Barretto
Metrópoles, 18/07/2022

A ideia de o Itamaraty divulgar no sábado (16/7) uma nota lamentando a morte de Dom Luiz de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial do Brasil, partiu do chefe do cerimonial da pasta, o diplomata Alan de Séllos.

Bragança morreu na sexta-feira (15/7) aos 84 anos. O herdeiro da família imperial estava internado há um mês em São Paulo. No último dia 8, seu quadro já era considerado “irreversível” pela equipe médica.

O chefe do cerimonial do Itamaraty é abertamente monarquista e católico. Em 2020, quando Jair Bolsonaro viajou aos Estados Unidos para encontrar Donald Trump, de Séllos reclamou à comitiva das precauções para conter o vírus. O diplomata discordava da quarentena em Roma e de o Vaticano ter proibido a presença do público em uma missa do papa Francisco. A comitiva presidencial aos Estados Unidos teve pelo menos 23 infectados.

https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/o-itamaraty-e-a-nota-sobre-a-morte-de-dom-luiz-de-orleans-e-braganca

A temática da política externa nas campanhas presidenciais - Paulo Roberto de Almeida

 Antes das eleições de 2018, eu reuni numa brochura os mais importantes ensaios e artigos elaborados desde 1985 sobre as interações entre partidos políticos e o Congresso e as campanhas eleitorais regulares nessas décadas, com destaque para os programas e propostas de política externa. 

 "Eleições presidenciais no Brasil: relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira, 1985-2018": 

https://www.academia.edu/35761286/Eleicoes_presidenciais_no_Brasil_relacoes_internacionais_politica_externa_e_diplomacia_brasileira_1985_2018. 

Está na hora de  começar a prepara outro trabalho sobre as relações internacionais nas eleições de 2018 e de 2022.

Paulo Roberto de Almeida 

Uma constatação chocante, mas necessária - Paulo Roberto de Almeida

 Uma constatação chocante, mas necessária


Existe um perigo bem maior e persistente ao desenvolvimento futuro do Brasil do que os golpistas, corruptos e mafiosos atualmente no poder ou aqueles que aspiram capturá-lo em breve. 

Acreditem: os verdadeiros inimigos do Brasil, ainda que inconscientes do mal que provocam, são os grupos de evangélicos, não pela crença em si, mas pela incultura e pela ignorância que propagam. 

Seus chefes são especialistas na extorsão, como qualquer organização mafiosa, mas a massa que os segue, iludida e enganada, assim como os pastores intermediários na rapina, constituem um verdadeiro exército de ignorantes que consegue atar bolas de ferro de incultura e de estupidez nas duas pernas do Brasil, condenando-o a se arrastar penosamente em direção à modernidade esclarecida.

É uma mancha que se espalha silenciosa e crescentemente pelo país e que resulta no quadro deplorável da política mafiosa que temos atualmente no Brasil.

Vai ser dificil extirpar o mal, um dos muitos criados pela permissividade constitucional, ao legalizar a rapina religiosa como um dos negócios nais rendosos do país, ao lado do tráfico de drogas e da corrupção política “normal”. 

Como diria um colega de Facebook, é o que temos. E é por isso que o psicopata no poder cultiva tanto essas tribos.

Sei que sou agressivo com evangélicos true believers, mas deixo uma advertência final: aqueles, evangélicos ou não, que comentarem favoravelmente à estupidez em formato de religião, serão implacavelmente deletados, por uma simples medida profilática.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/07/2022

A pouco nobre “arte” de humilhar o Brasil aos olhos do mundo inteiro - Paulo Roberto de Almeida

A pouco nobre “arte” de humilhar o Brasil aos olhos do mundo inteiro:

A grande e patética novidade desta segunda-feira 18/07/2022 é a “explicação” de como nosso sistema eleitoral é falho e suscetível a fraudes, segundo o próprio criador da fraude eleitoral que será exposta a embaixadores estrangeiros: eles vão assistir à fraude pelo seu próprio autor, o que não deixa de ser inédito em toda a nossa história republicana.

O mundo se curva ao Bozo!

Ele apenas confirma que continua a ser o canalha que sempre foi.

Confesso que gostaria de ler alguns dos despachos que os embaixadores estrangeiros estarão enviando às suas respectivas chancelarias.

Quem sabe algum deles me envia, em off e descaracterizado, o seu “cabograma” relatando o encontro à sua capital?

Paulo Roberto de Almeida

domingo, 17 de julho de 2022

Diplomata Sergio Florêncio lança na TVIAB livro de memórias focado na revolução iraniana

 Muito boa iniciativa a do Instituto dos Advogados Brasileiros a de organizar uma sessão de apresentação ao livro de memórias do embaixador Sérgio Florêncio.

Diplomata Sergio Florêncio lança na TVIAB livro de memórias focado na revolução iraniana

Em cima, da esq. para a dir., Paulo Fernando Pinheiro Machado, Sergio Florêncio e Marcia Dinis; no meio, da esq. para a dir., Paulo Roberto de Almeida, Sandra Daher e Majid Abaeian; embaixo, Sydney SanchesEm cima, da esq. para a dir., Paulo Fernando Pinheiro Machado, Sergio Florêncio e Marcia Dinis; no meio, da esq. para a dir., Paulo Roberto de Almeida, Sandra Daher e Majid Abaeian; embaixo, Sydney Sanches

O diplomata Sergio de Abreu e Lima Florêncio lançou nesta sexta-feira (15/7), em evento do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), seu livro Diplomacia, revolução e afetos, onde ele narra suas experiências pessoais e profissionais no Rio de Janeiro dos anos 50 e em outros sete países onde serviu como diplomata. O evento foi aberto pelo presidente nacional do IAB, Sydney Sanches, que afirmou: “Além de ser um registro da trajetória de vida do autor, este livro é um registro de uma parte da história do País”.

Também participaram do lançamento a antropóloga Sandra Daher e os diplomatas Paulo Roberto de Almeida, Majid Abaeian e Paulo Fernando Pinheiro Machado. O lançamento faz parte do projeto Saindo do Prelo, idealizado pela diretora de Biblioteca do IAB, Marcia Dinis, que mediou o debate. “O livro é um relato emocionante, original e único da história da diplomacia brasileira”, afirmou ela. Sobre os participantes, Marcia Dinis disse: “Temos aqui reunida a nata da nossa chancelaria crítica, que consegue, com muito trabalho e com muitos estudos, nos trazer informações a respeito do até então misterioso Itamaraty”.

Ao apresentar sua obra, Sergio Florêncio explicou: “O motivo central deste livro foi o Irã, porque lá vivemos quatro anos, lá nasceu nosso terceiro filho e lá vivenciamos a última grande revolução do século XX, que foi a revolução iraniana de 1979, que teve consequências muito grandes, não só na região, mas em todo o contexto geopolítico mundial”. Além dos fatos que envolveram sua carreira diplomática, o autor também narra histórias prosaicas, como a da contratação de um cozinheiro afegão e guerrilheiro, que “não cozinhava bem, mas tinha histórias fantásticas para contar”. 

Outro convidado a participar do debate foi o embaixador Paulo Roberto de Almeida, diretor de publicações do Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG-DF) e um dos personagens da obra. Autor do blog Diplomatizzando, ele descreveu o livro como “absolutamente inédito e original, porque combina a trajetória pessoal, familiar, acadêmica, intelectual e diplomática do autor, mas com um sentimento que nos remete tanto à Vila Isabel dos anos 50 quanto à vida de diplomata, com seu lado agradável e seus dissabores”.

Sandra Daher, que também é poeta e amiga do autor, descreveu assim a obra de Sergio Florêncio: “Um livro de um cavaleiro nada errante, que saiu pelo mundo a colher novas histórias, além daquelas já colecionadas por aqui. É um livro de um autor com olhar agudo e amplo da diplomacia”. Outro amigo que também é retratado no livro, o iraniano Majid Abaeian, que morou no Brasil e trabalhou com Sergio Florêncio no Irã, testemunhou: “Sergio fez muito mais do que a parte burocrática do seu trabalho como diplomata. Ele foi um exemplo perfeito da cultura rica do Brasil, da qual ele tanto se orgulha”. 

O último a falar foi Paulo Fernando Pinheiro Machado, diplomata e vice-presidente da Comissão de Direito Internacional do IAB. Ele lembrou que o Instituto também é chamado de Casa de Montezuma, que, nas suas palavras, “foi um dos grandes estadistas brasileiros, que acreditava no nosso País”. Sobre Diplomacia, revolução e afetos, ele afirmou: “Este livro mostra o olhar brasileiro sobre o mundo. E também representa um sucesso profissional absoluto”. O lançamento foi transmitido pelo canal TVIAB no YouTube, onde pode ser assistido.

Vice-presidente: um papel anteriormente negligenciado, agora mais visível e importante - Amy Greene (Institut Montaigne)

 Um estudo sobre o papel dos vice-presidentes na história americana, que é revelador de uma mudança nas percepções. No caso da atual campanha presidencial brasileira, o significado é ainda maior.

Paulo Roberto de Almeida

Institut Montaigne, Paris – 14.7.2022

Vice-président des États-Unis : de l’ombre à la lumière ?

Amy Greene

 

Difficile de se cacher dans le bureau ovale… Et pourtant, il y en a toujours un, ou une, qui y parvient : le vice-président, ou "VP", fonction qui appelle un savant mélange de discrétion et de popularité. Pour ce nouvel épisode de notre série consacrée aux duos politiques et au partage du pouvoir, Amy Greene, spécialiste de la politique américaine et enseignante à Sciences Po Paris, retrace l'évolution de la figure du vice-président dans l'histoire américaine, du délégué mal-aimé au stratège du pouvoir. Elle se penche sur les rôles qu'ont joué - jouent toujours, et joueront peut-être demain ? - les trois derniers VPs : Joe Biden, Mike Pence, et l'actuelle occupante du poste, Kamala Harris.

 

Si près, mais si loin 

Longtemps oublié par l'histoire, le vice-président américain, le "VP", a souvent incarné un paradoxe : celui d'avoir si peu de pouvoir tout en étant "à un battement de cœur" de la présidence (expression employée aux États-Unis pour qualifier le VP, premier sur la ligne de succession présidentielle). Traditionnellement, la vice-présidence était offerte au candidat malheureux de l’élection présidentielle. Il ne s’agissait donc pas d'un partenariat politique voulu et cultivé par le président, mais plutôt d’un "lot de consolation" attribué aux prétendants défaits. Avant 1939, le vice-président ne faisait même pas partie de l'exécutif, sa fonction étant cantonnée, de façon plutôt protocolaire, au pouvoir législatif. Sa marge de manœuvre réduite est alors le reflet d’un statut avant tout honorifique, tel que défini par la Constitution américaine. Quoique président du Sénat, il n'a pas le droit de vote, son rôle principal consistant à départager les suffrages uniquement en cas d’égalité pour empêcher les blocages.

La fonction de vice-président ne s'étoffe véritablement qu'après la Seconde Guerre mondiale, avec l'accession à la présidence de Harry Truman, à la mort du président Franklin Roosevelt. Truman, qui a confié avoir été tenu éloigné de la stratégie militaire durant la guerre alors qu’il était VP, décide que son propre vice-président devra être davantage informé des questions de sécurité nationale dans le cas où il serait amené à diriger le pays. C’est ainsi qu'il l’inscrit formellement comme membre du Conseil de sécurité national nouvellement créé. Richard Nixon élargira encore la voie en accordant à son vice-président davantage de responsabilités en matière de politique étrangère. Sans se douter que, quelques années plus tard, il serait contraint à la démission, laissant son VP, Gerald Ford, prendre les rênes.

Il faut toutefois attendre l'élection de Jimmy Carter, en 1976, pour que la vice-présidence devienne un centre de gravité politique. "Un partenariat à part entière" comme l'a dit Carter par la suite. En effet, son VP, Walter Mondale, échaudé par la façon dont son mentor Hubert Humphrey avait été marginalisé par le président Lyndon Johnson, négocie directement avec Carter : il veut devenir un véritable partenaire, en échange de sa longue expérience politique, après douze années passées au Sénat. Carter accepte. Mondale jouera ensuite un rôle-clé dans la signature des accords de Camp David en 1979 entre l'Égypte et Israël, dans la poursuite des négociations sur les armes nucléaires avec les Soviétiques et dans l’obtention de soutiens pour faire aboutir le traité du canal de Panama, établissant ainsi le modèle de la vice-présidence moderne. 

Trois temps forts : août, novembre, janvier

Le choix du vice-président relève désormais d'une véritable tactique politique, obéissant à un agenda bien défini.Le rôle déterminant qu'il joue dans la course à la Maison Blanche se comprend d’autant mieux si l’on regarde de près le calendrier électoral qui se découpe en trois séquences clés. Août, novembre, janvier : les trois mois qui peuvent couronner de succès les espoirs d’un candidat à la présidence ou au contraire les balayer. La manière dont le candidat aborde ces trois tournants permet de mieux comprendre les ressorts du choix de son VP. 

Rappelons ici que les conventions nationales, lors desquelles chaque parti désigne son candidat à la présidence, ont généralement lieu en août. À cette occasion le parti se rassemble derrière le candidat et son colistier (le "ticket") en vue de la dernière ligne droite de la campagne. En novembre, ensuite, le principal défi consiste à convaincre une majorité d’électeurs de se rendre aux urnes le jour du scrutin afin de garantir la victoire. Enfin, en janvier, lorsque le président prend officiellement ses fonctions, il a immédiatement besoin de créer une coalition et tenir ses promesses de campagne. Les trois derniers vice-présidents symbolisent chacun l'un de ces trois temps forts. Quoique de profils très différents, ils ont tous en commun de présenter une certaine complémentarité avec le président qu’ils vont seconder.

Août (2016) : Mike Pence, pour rassembler le Parti républicain divisé

À la suite de la féroce bataille de la Primaire, le Parti républicain est dynamité. Les supporters de Trump sont galvanisés par sa mainmise sur le Grand Old Party, tandis que les républicains traditionnels sont abasourdis par la capacité de Trump à évincer les ténors et les étoiles montantes de l'establishment politique (Jeb Bush, Mitt Romney, Marco Rubio entre autres). Le temps du débat politique conservateur courtois est révolu ; place à la politique-spectacle au vitriol. 

Son investiture obtenue, Trump sait qu'il ne bénéficiera pas pour autant d'un large et mécanique soutien de la part des républicains. 

Son investiture obtenue, Trump sait qu'il ne bénéficiera pas pour autant d'un large et mécanique soutien de la part des républicains. Bien qu'il ait la "chance" de se présenter contre Hillary Clinton, cible de longue date de son parti, l'agressivité de ses propos et son passé controversé suscitent le scepticisme dans ses rangs. Puisque Trump ne mène pas campagne autour de l'unité nationale, il doit revoir sa stratégie et l'orienter autour de l'unité du parti.

Il a besoin de convaincre les républicains mainstream et les électeurs évangéliques réticents que voter pour lui est non seulement envisageable, mais, surtout, avantageux d’un point de vue politique. 

Et c'est là que Mike Pence entre en lice. Gouverneur de l'Indiana, chrétien évangélique pratiquant, il jouit d’une popularité considérable auprès de la droite chrétienne à travers tout le pays. Le tempérament calme et posé de Pence est un miroir inversé du style et de l'humeur versatile de Trump. Ses positions conservatrices rendent Pence compatible avec les intérêts de la droite issue du monde de la finance et des électeurs traditionalistes. À ces électeurs, Pence va montrer que sa moralité chrétienne, son vaste réseau politique et son expérience de gouverneur font de lui la force tranquille capable de promouvoir un programme auquel ils œuvrent depuis des années.

Novembre (2020) : Kamala Harris, pour ouvrir la voie de la diversité au Parti démocrate

Dans le contexte de la vague nationale de contestation et de manifestations antiracistes de 2020 qui a suivi le meurtre de George Floyd, il devient urgent pour les dirigeants démocrates d’entamer un changement de cap culturel. Les électeurs de couleur - en particulier les femmes noires - jouent depuis longtemps un rôle déterminant dans la victoire des démocrates. En 2017, pour la première fois en 25 ans, ils ont permis à un démocrate (Doug Jones), de remporter le siège de sénateur de l'Alabama face à un adversaire soutenu par Trump. Bien qu'Hillary Clinton ait perdu les élections en 2016, une enquête du think tank Pew Research Center a mis en évidence que 98 % des femmes noires ont déclaré avoir voté pour elle, contre seulement 45 % de femmes blanches. En outre, les médias commencent à s'indigner dès 2018 et 2019 du fossé qui sépare ces électrices influentes de leur représentation au sein de la direction du Parti démocrate. Joe Biden lui-même doit rendre des comptes. ll est de plus en plus critiqué pour un comportement jugé agressif et dédaigneux à l'égard d'Anita Hill. Madame Hill, une professeure de droit noire, a été auditionnée en 1991 par la commission judiciaire du Sénat (présidée par Biden) au sujet de ses accusations de harcèlement sexuel contre Clarence Thomas, alors candidat à la Cour suprême. À l'approche des élections, Biden sait qu'il doit agir pour calmer les critiques venant notamment de son propre camp.

Alors qu'il est sur le point d'être investi candidat démocrate pour la présidentielle, Biden annonce qu'il envisage de choisir son VP parmi, notamment, quatre femmes noires. L'une d’elles, Kamala Harris  qui sera finalement nommée colistière - présente plusieurs avantages. Candidate tenace face à Biden lors des primaires, elle a un parcours brillant, doublé d’une ascension rapide. Elle accède au siège de sénateur de Californie quelques années après être devenue la première femme procureure générale de cet État qui est à la fois le plus peuplé et celui ayant le plus de diversité. Et, comme Biden, Harris est ancrée au centre de l’échiquier démocrate.

Kamala Harris deviendra la première femme, la première personne de couleur et la première personne d’origine sud-asiatique à accéder au poste de vice-président des États-Unis.

À ce moment décisif de l'histoire des États-Unis (tant d'un point de vue politique que culturel), le choix de Kamala Harris, en lien avec sa personnalité et ses antécédents, va permettre à Biden de laisser entendre qu'il y aura un passage de relais historique du pouvoir. Un signal envoyé aux électeurs démocrates avides de changement auxquels il s'était déjà présenté comme un "pont, et rien d’autre" avec la nouvelle génération.

Kamala Harris deviendra la première femme, la première personne de couleur et la première personne d'origine sud-asiatique à accéder au poste de vice-président des États-Unis. Par ce choix, Joe Biden prouve son engagement en faveur d'un parti démocrate multiculturel et offre aux électeurs l'occasion de réitérer une "grande première" historique quatre ans après l'élection d’Obama, tout en réaffirmant sa vision centriste de la politique. 

Avec une ascension inattendue, foudroyante et historique, Barack Obama défait Hillary Clinton en 2008 et remporte l'investiture du Parti démocrate. Les Clinton avaient consacré des décennies à (re)façonner le Parti démocrate, à soutenir une nouvelle génération de dirigeants et à collecter des fonds avec un réel succès. Épaulée par l'establishment, Hillary Clinton semblait voler vers la victoire. Mais les électeurs en ont décidé autrement. En dépit d'une campagne des primaires intense et virulente, Hillary Clinton apporte son soutien à Barack Obama immédiatement dès lors que sa victoire devient inéluctable. Ce faisant, elle favorise l'unité du parti. Obama, avec sa base électorale en rangs serrés derrière lui, peut et doit dorénavant consacrer ses forces à rallier les voix des électeurs indécis, au-delà du Parti démocrate.

Choisir le bon VP va permettre à Obama d'atteindre trois objectifs cruciaux. Tout d'abord, rassurer les électeurs blancs de la classe ouvrière qui ont déserté la gauche au profit de George W. Bush et avec lesquels il a du mal à établir des liens ; ensuite, s’assurer le concours d'un initié de Washington qui lui apportera l'expérience et les relations nécessaires pour gouverner dès le premier jour ; enfin, trouver un allié et partenaire loyal dont l'ambition personnelle ne lui fera pas obstacle.

Les épreuves et les deuils que Biden a endurés dans sa vie privée lui ont donné une approche très empathique, plus humaine, de la politique.

 

Para acessar a íntegra:

https://www.institutmontaigne.org/blog/vice-president-des-etats-unis-de-lombre-la-lumiere

 

*

Morales, o querido amigo dos companheiros, prefere Cuba e Putin à democracia e liberdades

O autor da matéria por acaso tem Izquierdo no nome, mas não parece ser um adorador da ditadura cubana, como são os companheiros brasileiros, mui amigo de Morales e também preferem Putin a Joe Biden, símbolo do tão odiado "imperialismo estadunidense", já que apoiam a luta contra a OTAN expansionista.

Paulo Roberto de Almeida  


Al parecer, Evo Morales ignora por qué miles de cubanos huyen de “la mejor democracia” arriesgando sus vidas

El ex presidente boliviano defendió a la dictadura castrista que rige los destinos de la isla desde 1959

Laureano Pérez Izquierdo

Infobae, Buenos Aires – 15.7.2022

 

“Yo vi que en Cuba hay la mejor democracia, ¿qué dictadura?”. Evo Morales paseó sus frases por la Argentina sin que nadie lo confrontara. Las pronunció serio, convencido, soñando quizás con que esa particular “democracia” de la que habla se pudiera extender alguna vez a toda América Latina. Sería para combatir al “imperio asesino” y a los medios de comunicación que “son peor que la bomba atómica” sin los cuales no existiría esa diabólica “derecha”.

La Patria Grande que sueña el ex presidente de Bolivia parece clara, aunque poco tentadora: muy cercana a la Rusia de Vladimir Putin, ausente de voces críticas que perturben el discurso oficial y sin opciones políticas a las cuales la población pueda votar. Cuba.

Quizás por ese desprecio que tiene de los medios libres, Morales no se haya enterado que en los últimos meses el éxodo cubano se multiplicó. El hambre que pesa sobre la población no es producto de ningún embargo, sino de las recurrentes políticas de su amigo Miguel Díaz-Canel. En Cuba no hay leche, siquiera. Tampoco pollos y los pocos que se consumen llegan justamente desde el “imperio”. Es difícil de entender ese bloqueo por el cual las vacas no producen leche y los pollos sólo llegan de granjas norteamericanas.

Un total de 3.369 balseros cubanos fueron rescatados en condiciones deplorables por la Guardia Costera de los Estados Unidos desde el 1 de octubre de 2021. Huían desesperados de “la mejor democracia del mundo” a pesar de que debían hacerlo en frágiles embarcaciones cuya autonomía para atravesar la distancia que separa Cuba de los cayos de Florida depende más de la voluntad divina que de la ingeniería, los vientos y las mareas. Sería interesante conocer la explicación que pudiera salir de la boca de Morales para justificar este tipo de temeridades que incontables veces terminan en tragedia. ¿Llamaría a esas personas que ponen en riesgo sus vidas gusanos imperialistas? Todo es posible.

También parece desconocer Morales que en esa “democracia” quienes levantan la voz contra el régimen castrista son perseguidos hasta la cárcel y los tormentos. En un país donde los medios de comunicación disidentes no existen, esas voces podrían ser el equivalente a las “bombas atómicas” a las que tanto teme el líder cocalero. El pasado 11 de Julio de 2021 miles de cubanos explotaron contra la dictadura. Exigían lo básico: comida, salud y libertad.

Ese inédito desafío al castrismo fue suficiente para que se ponga en macha una de las más fuertes campañas represivas contra la población. Se movilizaron agentes parapoliciales, de inteligencia y militares para evitar que se escuchen esas quejas. Miles fueron detenidos. Entre ellos menores de edad. Muchos de ellos sufrieron torturas.

 

Declaraciones de Evo Morales

 

Actualmente, en “la mejor democracia” existen 953 prisioneros políticos y de conciencia de acuerdo a datos aportados por el Observatorio Cubano de Derechos Humanos. Durante el primer semestre de 2022, se documentaron al menos 2.977 acciones represivas, de ellas 719 detenciones arbitrarias y 636 retenciones ilegales en viviendas. El sistema de gobierno elogiado por Morales persigue a sus detractores hasta el interior de sus viviendas.

Morales -quien abandonó el poder tras cometer un escandaloso fraude en las elecciones de noviembre de 2019- también defendió al dictador venezolano Nicolás Maduro. Fue breve, sin embargo, en sus argumentos. Dijo que en la nación sometida por el chavismo “hay libertad de expresión”. No siguió en esa línea conceptual -¿por falta de datos que los respalden?- y continuó hablando de cómo la economía venezolana florecía.

En su recorrido por medios estatales argentinos, el ex presidente boliviano tuvo tiempo además de ser un verdadero escudero de Vladimir Putin. Para el hombre cuyo liderazgo cocalero está en juego, Rusia estaba a punto de ser invadida por la OTAN y los Estados Unidos y no tuvo más remedio que defenderse y atacar Ucrania el pasado 24 de febrero.Una agresión externa contra su soberanía era inminente, reveló Morales. Se desconoce si el inédito argumento sorprendió puertas adentro del Kremlin.

Más allá de su desconexión en temas globales, Morales está preocupado por algo bien intestino dentro de Bolivia: su mando cocalero. Su cercanía y promoción de los productores peruanos -a partir de la llegada de Pedro Castillo- ha provocado el descontento de sus propias bases en Chapare. El país vecino incrementa la producción y muchos ven al compañero Evo como responsable. El ex presidente, en esto, quiere libre mercado y aumentar el rendimiento de los campos. No explicó hasta ahora, tampoco, con qué objetivo comercial.


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...