domingo, 10 de março de 2024

Percepção de inconsistência da política externa brasileira é anterior a governo Lula - Daniel Buarque (Portal Interesse Nacional)

Percepção de inconsistência da política externa brasileira é anterior a governo Lula
Daniel Buarque
Portal da revista Interesse Nacional

07 de março de 2024 

Artigo publicado pela Economist apontou avanços na 'volta' do país ao contexto global, mas indicou que inconsistências do presidente ameaçam o prestígio brasileiro. Estudo sobre status internacional do Brasil mostra que essa visão de um país sem uma estratégia global clara é antiga e se aplica historicamente à busca por reconhecimento internacional

Por Daniel Buarque*

Em um balanço do primeiro ano da política externa do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a revista The Economist listou uma série de avanços no trabalho do governo para projetar a ideia de "volta" do Brasil ao cenário internacional, especialmente com a Presidência do G20. Ao mesmo tempo, o artigo Lula's gaffes are dulling Brazil's G20 shine, publicado na última semana, também adotou um tom crítico, apontou que há sérias inconsistências na postura internacional do país e indicou a percepção global de que o Brasil "não decidiu que tipo de país vai ser"

Segundo a revista, inconsistências como as críticas a Israel e a aproximação com a Rússia ameaçam enfraquecer o efeito global da política externa de Lula. "Lula quer que o Brasil seja tudo para todas as pessoas: um amigo do Ocidente e um líder do Sul global, um defensor do meio ambiente e uma potência petrolífera global, um promotor da paz e um aliado dos autocratas. O Brasil pode muito bem estar de volta, mas o papel que desempenha no cenário mundial é mais obscuro do que deveria ser", destacou.

'Avaliação da revista reflete de forma muito mais ampla a percepção das grandes potências a respeito do status internacional do Brasil'

A avaliação da revista editada em Londres ressoou internamente no Brasil, e foi muito usada em declarações críticas ao atual governo. Mas ela reflete de forma muito mais ampla, e sob uma perspectiva histórica, a percepção das grandes potências a respeito do status internacional do Brasil como um todo - não apenas sob Lula.

Apesar de as nações mais poderosas conhecerem a ambição brasileira de ter um lugar de destaque nas relações internacionais, elas acham que o país foi incapaz de desenvolver uma estratégia clara para tentar alcançar o nível de prestígio que quer alcançar. Isso está muito associado também à ideia de que o Brasil não sabe bem que papel quer ter no mundo, e que fica sempre em cima do muro em grandes disputas internacionais.

Estes são alguns dos resultados da minha pesquisa de doutorado sobre o status do Brasil, desenvolvida a partir de 94 entrevistas com a comunidade de política externa dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia). O trabalho completo acaba de ser publicado no livro Brazil's International Status and Recognition as an Emerging Power (Palgrave Macmillan). A percepção externa é que o Brasil sempre quer ser amigo de todos, sempre evita tomar lados e assumir posturas arriscadas e sempre evita se alinhar com blocos específicos em disputas globais. Ao mesmo tempo, o país quer ser reconhecido como "um dos grandes", mesmo que não tenha uma estratégia clara para buscar isso. A ideia de que o Brasil "não sabe o tipo de país que quer ser" é evidente nessa percepção externa que traça o status dele desde 1989, bem antes das recentes movimentações de Lula.

'Embora o Brasil tenha um longo histórico de ambição por reconhecimento internacional, seu comportamento internacional é percebido como errático'

Um argumento muito comum entre os entrevistados é que embora o Brasil tenha um longo histórico de ambição por reconhecimento internacional, seu comportamento internacional é percebido como errático, não baseado nas reais capacidades do Estado e formado apenas por retórica.

Da perspectiva das grandes potências, todas as diferentes tentativas de projetar o Brasil e aumentar seu status revelam uma falta de capacidade de focar na criação de um plano claro para o Estado e seu lugar no mundo. O Brasil, afirmam eles, parece estar atirando em todas as direções possíveis e, portanto, acaba sem um caminho claro e possível para melhorar sua posição.

'O Brasil não parece ter uma agenda consistente para alcançar o status que deseja e acaba sem um papel claro nas relações internacionais'

Ainda que o Itamaraty e muitos pesquisadores brasileiros possam argumentar que existem bases sólidas bem consolidadas para uma estratégia nacional de projeção global, isso claramente não é percebido por observadores externos há bastante tempo. Para a maioria dos entrevistados, o Brasil não parece ter uma agenda consistente para alcançar o status que deseja e acaba sem um papel claro nas relações internacionais. "Não sei dizer exatamente o que o Brasil quer", disse um pesquisador francês.

Um problema dessa percepção de falta de uma agenda consistente para aumentar o status do Brasil é que observadores externos veem que há muito tempo o país tenta se inserir internacionalmente de forma caótica e desorganizada. Em vez do que é visto como uma tentativa de ter relevância em todas as partes das relações internacionais, a análise das entrevistas com os entrevistados do mostra que eles acreditam que o Brasil deveria "escolher suas lutas" e "aproveitar seus pontos fortes" para promover seus interesses.

O governo Lula até fez um pouco isso ao anunciar a prioridade que daria à questão ambiental, reconhecidamente uma força do país. O artigo da Economist até menciona isso como um avanço da política externa brasileira. Ainda assim, sob a perspectiva externa faz sentido apontar que parece continuar faltando um foco e uma estratégia clara para o país.

*Daniel Buarque é colunista e editor-executivo do portal Interesse Nacional, pesquisador no pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP), doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King's College London (KCL) e do IRI/USP. Jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor de livros como Brazil's international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial) e O Brazil é um país sério? (Pioneira).

artigos de Daniel Buarque

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional


Presidente do Chile condena violações dos DH e da democracia na Venezuela - O Globo

POR QUE LULA NÃO É BORIC!

Na  contramão de Lula, presidente do Chile volta a denunciar violações dos  direitos humanos na Venezuela: 'é um regime autoritário'

Gabriel  Boric diz que postura de seu país é 'coerente', e afirma que busca  colaborar para que 'um rumo democrático' seja recuperado em Caracas

O Globo, 09/03/2024

Poucos dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter expressado confiança em que a Venezuela terá eleições presidenciais democráticas este ano e, na mesma fala, ter afirmado que a oposição ao governo de Nicolás Maduro deveria deixar de "chorar", o presidente do Chile, Gabriel Boric, reiterou sua denúncia sobre violações dos direitos humanos e políticos na Venezuela.

Após reunir-se com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, na  última sexta-feira, o chefe de Estado chileno foi enfático ao falar  sobre a Venezuela de Maduro, abordando temas que Lula evita mencionar,  especialmente a repressão a opositores do governo. Boric iniciou suas  declarações comentando o assassinato do ex-militar venezuelano Ronald Ojeda em  Santiago, recentemente, caso que causou enorme preocupação no Palácio  de la Moneda. Ojeda, que fugiu da Venezuela após ter estado preso e ter  sido acusado de traição à Pátria pelo governo Maduro, foi sequestrado no  apartamento onde morava na capital chilena e apareceu morto alguns dias  depois.

— Fui muito crítico, e não apenas crítico, denunciei em foros  internacionais as violações dos direitos humanos de um regime que, sem  dúvidas, tornou-se autoritário, como é o regime venezuelano — disse  Boric. — Nós, como governo, buscamos colaborar para que seja recuperado  um rumo democrático, e para que as eleições que devem ser realizadas  este ano cumpram com todas as garantias para todos os setores políticos  na Venezuela — continuou.

O presidente do Chile defendeu sua posição, que se contrapõe abertamente a de Lula:

— A posição do Estado chileno é coerente, tanto sobre o que acontece na  Venezuela, o que acontece na Ucrânia, ou o que acontece hoje em dia em  Gaza. Não tenho nenhum problema em continuar reafirmando isso, mesmo que  cause moléstia, mas a coerência é um valor fundamental nesses aspectos.

Na quarta-feira, Lula fez um paralelo entre a oposição venezuelana e as  eleições presidenciais brasileiras de 2018, quando foi impedido de  concorrer porque estava preso em decorrência da Operação Lava Jato. O  petista afirmou que, ao ter a candidatura vetada, “ao invés de ficar  chorando”, indicou outro candidato para a disputa (o atual ministro da  Fazenda, Fernando Haddad, que foi derrotado por Jair Bolsonaro).  Questionado se é possível ter uma eleição justa no contexto atual do  país, Lula ainda afirmou que olheiros do mundo inteiro foram convidados a  acompanhar o pleito, embora tenha ressaltado que, se a oposição na  Venezuela tiver o mesmo comportamento da brasileira, “nada vale”.

— Sabe que eu fiquei feliz que foi marcada eleição na Venezuela. O que disseram na reunião que tive na Guiana é que vão convidar olheiros do mundo inteiro. Mas se o candidato da  oposição tiver o mesmo comportamento da oposição daqui, nada vale —  afirmou Lula.

Principal opositora do presidente venezuelano e impedida de concorrer às eleições de julho, María Corina Machado rebateu as declarações de Lula e disse que o presidente brasileiro estava “validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição”.

“Eu chorando, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou  mulher? Você não me conhece. Luto para fazer valer o direito de milhões  de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo numa eleição presidencial  livre em que derrotarei Maduro”, respondeu María Corina no X (antigo  Twitter). “O senhor está validando os abusos de um autocrata que viola a  Constituição e o Acordo de Barbados, que o senhor afirma apoiar. A  única verdade é que Maduro tem medo de me confrontar porque sabe que o  povo venezuelano está hoje na rua comigo”.

A realização de eleições livres, justas e transparentes ainda este ano  fazia parte do acordo firmado em Barbados, no fim do ano passado, entre  governo e oposição venezuelana, com a presença de observadores  internacionais. Uma das cláusulas previstas no documento exigia que os  candidatos contrários a Maduro tivessem permissão para recorrer de  decisões judiciais que os desqualificassem para o cargo.

Em janeiro, no entanto, o Tribunal Supremo da Venezuela ratificou a  inabilitação da líder opositora por 15 anos, na prática impedindo que  ela concorra contra Maduro, que busca mais uma reeleição. Além de María  Corina, vencedora de primárias — que posteriormente foram anuladas — em  outubro, Henrique Capriles, que concorreu duas vezes à Presidência, também teve sua inabilitação confirmada.

Sequestro de ex-militar venezuelano no Chile é 'gravíssimo', diz Boric

No mesmo discurso feito nesta sexta-feira, Boric comentou pela primeira vez a morte de Ronald Ojeda,  ex-militar venezuelano e opositor de Maduro que vivia exilado no Chile,  afirmando que este era um caso “gravíssimo”. Na segunda-feira, o  Ministério Público chileno concluiu que a facção criminosa Trem de  Aragua, a maior da Venezuela, esteve por trás do assassinato.  Boric foi questionado sobre as declarações do presidente do Partido  Comunista do Chile, Lautaro Carmona, que evitou qualificar o governo de  Maduro como uma “ditadura”.

— A voz do governo e quem decide a política externa sou eu. E eu  estabeleci publicamente uma condenação clara às violações dos direitos  humanos e às restrições à liberdade de expressão que, do nosso ponto de  vista, existiram nos últimos anos na Venezuela — declarou.

Também nesta sexta-feira, María Corina recebeu o reconhecimento da  Comunidade de Madri, na Espanha, pelo Dia Internacional da Mulher. Após  receber a condecoração, entregue à sua filha na cidade espanhola, ela  pediu que o mundo fosse “a voz dos venezuelanos que nunca desistirão da  busca pela liberdade”, apontando que a Venezuela precisa “mais do que  nunca” das “vozes de todos os democratas do mundo”.

PRA: Grato a Augusto de Franco pela transcrição:

O interno e o externo na política brasileira - Paulo Roberto de Almeida

 Todos os problemas brasileiros são made in Brazil; nenhum deles tem origem externa. 

O mundo nos oferece oportunidades que nós desprezamos estupidamente. Se Lula cuidar dos problemas brasileiros nossa situação externa vai melhorar consideravelmente. 

Não adianta sair gritando pelo mundo afora! 

Alguém poderia dizer: “macaco, olha o teu rabo!’ 

Algum aspone precisa dizer isso ao Lula! 

Tem alguém?

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Existem coisas simples como a Carta da ONU, a Declaração de DH de 1948, as convenções sobre genocídio e a Carta Democrática da OEA. 

Seria muito difícil pedir a Lula para se ater a isso e assim guiar a sua política externa? 

Por que defender ditadores e invasores? Alguma razão para tratar  bem quem invade território alheio ou pretende ameaçar eleições livres no seu país? 

O Brasil concorda com esse tipo de postura?

Paulo Roberto de Almeida


sábado, 9 de março de 2024

Irã, por Carmen Lícia Palazzo - uma aula de história

Texto meu sobre o Irã, que já foi publicado e também foi parte de apresentação em um seminário. (Foto minha: arte do Irã Sassânida, século IV. Na exposição sobre a Rota da Seda, Sackler Gallery, Smithsonian, Washington. DC.) 

IRÃ

Carmen Licia Palazzo

9 de março de 2024

Imagem do logo do site

Carmen Lícia Palazzo

 IRÃ

Carmen Lícia Palazzo

Entender o Irã e as imensas possibilidades que este país tem de retomar o caminho da modernização sem o abandono de suas raízes culturais passa, necessariamente, por uma análise do longo prazo sobre diversos temas que antecedem e transcendem as atuais discussões em torno do fundamentalismo religioso. O objetivo desse texto é apenas o de apontar alguns dos aspectos relacionados com as especificidades da cultura iraniana, importantes para o acompanhamento das mudanças e retrocessos que ocorrem naquela sociedade, as mudanças tendo sido consideráveis especialmente durante a presidência de Mohamed Khatami (presidente de 1997 a 2005), um período que merece estudo detalhado dos especialistas.

No entanto, sempre é bom lembrar que a História não segue sempre um caminho ascendente, há permanências e mudanças, há retrocessos em qualidade de vida, mas há também novas perspectivas e melhorias importantes de qualidade de vida, há paz e guerras, nem sempre nas mesmas áreas geográficas, nem sempre nas mesmas sociedades. Conhecer a História só é possível levando em conta a longa duração.

Fazer referência à revolução que derrubou a monarquia em 1979, contextualizado-a apenas no quadro estrito do expansionismo muçulmano, pouco esclarece sobre uma sociedade que teve seu raio de ação estendido, durante muitos séculos, à Ásia Central e a diversas regiões do subcontinente indiano. Tanto a ocidentalização forçada dos xás Reza e Mohamed Reza Pahlevi quanto o posterior estabelecimento da república teocrática dos aiatolás sufocaram apenas parcialmente a diversidade de uma cultura que agora, mais uma vez, dá mostras de estar emergindo e que poderá vir a modelar um Irã renovado ainda que só daqui a algum tempo. Olhar só para o presente limita qualquer análise mais profunda.

Sem retroceder a reflexão a um passado tão distante quanto o das dinastias dos aquemênidas, dos selêucidas e dos partos, cabe, porém, uma referência ao império sassânida, já que foi no seu âmbito que o zoroastrismo, religião formadora do imaginário iraniano e influência fundamental no xiismo, atingiu o status de fé oficial e cimento da sociedade.

Em outros aspectos, também, as permanências da cultura sassânida permearam o que viria a ser o mundo islâmico. A literatura persa tinha já uma antiga tradição, tanto no gênero épico quanto na poesia e nos contos populares. E, com a grande valorizacão dos escribas durante os reinos sassânidas, o respeito à palavra escrita sedimentou-se e passou a ser um dos grandes legados da cultura persa (1). Por outro lado, a burocracia letrada que podia ser encontrada em grande parte do território iraniano permitiu aos árabes estabelecer uma eficiente administração à medida que se expandia a conquista.

Com o surgimento do Islã, modificaram-se as relações de força em todo o Oriente Médio e, em seguida, também na Ásia Central. Maomé e seus sucessores beneficiaram-se das rivalidades perso-bizantinas que enfraqueceram consideravelmente os dois grandes impérios, abrindo caminho para a avassaladora conquista árabe. Num primeiro momento, os Omíadas, que governaram após a morte do Profeta, discriminaram os não-árabes, mesmo os convertidos, no acesso a funções importantes da administração, mas a partir de 750 a nova dinastia Abássida valeu-se do descontentamento dos persas, conquistados e marginalizados, para chegar ao poder. A partir de 754, com o início do reinado de Al-Mansur, cresceu muito a influência persa na administração abássida (2), justamente com o aproveitamento dos escribas e funcionários de alto nível que haviam sido parte da estrutura sassânida. Foi um tempo de grande avanço cultural, da chamada Idade de Ouro do Islã, do seu encontro com outras culturas, com intelectuais da Índia, entre muitos outros.

O que, no início, havia se caracterizado como um impressionante movimento de tribos árabes tomando o poder no Oriente Médio, passa então a se constituir numa conquista que agrega outras culturas. Os resultados, no decorrer dos séculos, não serão homogêneos e novos invasores ameaçam os governantes estabelecidos, criando um clima de instabilidade que vai marcar profundamente toda a região. O Irã, porém, destaca-se nos diversos aspectos de continuidade que podem ser observados em muitos séculos de História. A conquista árabe e a islamização não destruíram as características da cultura persa – ao contrário, foi esta última que influenciou em profundidade a organização administrativa, a literatura e a arte dos conquistadores.

Quando o império sassânida caiu, em 637, não ocorreu, associada às conversões ao Islã, uma arabização completa do Irã, que até hoje conserva o idioma persa, marco significativo de continuidade cultural. A religião muçulmana foi o elo que ligou os povos do Oriente Médio no decorrer de uma conturbada história de invasões, de ascenções e quedas de dinastias e de conflitos tribais que conduziram a períodos de desorganização administrativa. A comunidade de uma mesma crença assumiu, pois, a função de estreitar os laços entre os fiéis, reforçando solidariedades. Mas a nova fé se desenvolveu em meio a referências anteriores, entre elas o zoroastrismo, o judaísmo e o cristianismo.

No caso do Irã, o zoroastrismo deixou marcas profundas e, embora seu surgimento remonte talvez ao século VII ou VI a.C, foi com a dinastia sassânida que seu poder se associou ao dos monarcas, tornando-se uma força que permeou toda a sociedade iraniana. Em alguns aspectos, o zoroastrismo antecipa o judaísmo, o cristianismo e o islã, pregando a existência de um paraíso que receberá os bons e um inferno para aqueles que se colocarem ao lado do mal. No entanto, para a doutrina de Zoroastro, o Criador (Ahura Mazda) e o Destruidor (Ahriman) detêm igual poder, são forças equiparadas num permanente combate (3) e, neste aspecto, talvez seja possível observar certa semelhança na avassaladora preocupação com o mal na vertente iraniana do xiismo.

Língua, cultura e religião eram as bases sobre as quais se afirmava o poder islâmico. No entanto, diferente do Egito onde foi desaparecendo a língua copta, associada à minoria cristã, o Irã não apenas manteve o persa como o viu estender-se pela Ásia Central e através do subcontinente indiano, alcançando a estatura de idioma das chancelarias. Juan R. I. Cole analisa o contexto no qual o imperador da Índia, Akbar, fez do persa o idioma oficial de sua corte, procurando justamente atrair funcionários iranianos reconhecidamente qualificados. Akbar, que reinou entre 1556 e 1605, ordenou, inclusive, que o persa fosse ensinado nas escolas religiosas (4).

O caminho de expansão acentuada da influência iraniana em uma larga área geográfica certamente favoreceu a permanência de uma cultura que continuava se afirmando como original e não simples tributária da expansão árabe, embora por ela também influenciada. O encontro arabo-persa enriqueceu ambas as partes e o Irã, mesmo convertendo-se à religião dos conquistadores, não abdicou de suas raízes. A excelência na produção de manuscritos, reconhecidos internacionalmente pela qualidade da caligrafia e das iluminuras, fez com que a arte persa fosse admirada muito além de suas fronteiras. Na literatura – e em especial na poesia – o Irã deu valiosas contribuições ao mundo islâmico. Escritos como os de Omar Khayyam (1048-1131), Rumi (1207-1273), Hafez (1320?-1389) e Jami (1414-1492) atravessaram os séculos e ainda hoje iluminam nossa compreensão do Oriente.

No século XX, a dinastia Pahlevi, que se auto-atribuiu origens históricas discutíveis, tinha consciência de que era necessário afirmar-se levando em conta uma cultura milenar e o orgulho persa de suas origens. No entanto, ao buscar a modernização forçada e imediata, o primeiro xá, Reza, quis também apelar para o nacionalismo, evocando o mito ariano que pretensamente considerava os indo-europeus superiores a todos os outros povos, demarcando assim o Irã dos demais países do Oriente Médio (5).

Tanto Reza quanto seu filho e sucessor, Mohamed Reza, buscaram justificativas na história pré-islâmica para seus governos autoritários, afrontando, desta maneira não apenas o clero xiita, mas todo um imaginário que desde o século VII vinha sendo construído da mescla de culturas árabe e persa. Se o regime do último xá caiu, sob a Revolução Islâmica, em 1979, devido ao descontentamento geral com os abusos de poder, com a corrupção e com a violência da repressão e da tortura, não seria menos verdade afirmar que o desrespeito a treze séculos de história após a conquista árabe também contribuíram para seu final.

Atualmente o fundamentalismo religioso dos aiatolás não consegue ocultar a realidade de uma nação cuja especificidade cultural inclui, mas vai muito além das questões de fé. O dinamismo da sociedade iraniana e a valorização da cultura têm, em diversos momentos, rompido a camada de repressão que tenta abafar suas melhores realizações, como o cinema, a literatura e as artes plásticas. O movimento feminista, talvez poucos saibam, no Ocidente, é ativo no Irã e inclui em suas fileiras jovens e idosas trabalhando lado a lado.

Sem dúvida a longa tradição de interesse pela escrita e o orgulho pela especificidade persa são alguns indicadores das possibilidades de abertura, resgatando raízes históricas que, transformadas, podem conduzir o país a um novo patamar de desenvolvimento. Mohamed Khatami, eleito presidente em 1997, falou, durante todo o seu governo, insistentemente, em tolerância e diversidade. Em se tratando de um ex-ministro da Cultura, suas palavras podem ser interpretadas como um estímulo à reflexão e não como simples “slogans” políticos.

É importante destacar também que, apesar do discurso muito fundamentalista, por exemplo, na época em que era presidente Ahmadinejad (presidência de 2005 a 2013), sua eleição se deu muito mais em virtude do descontentamento da população com a crise econômica do que por motivos religiosos. Por outro lado, o que Ahmadinejad pretendia, na época, com sua retórica inflamada, era assumir uma posição de liderança no Oriente Médio, ainda mais quando já havia deixado de existir a ameaça daquele que havia sido seu grande rival, Saddam Hussein.

Atualmente, tem se mantido e até reforçado a busca da liderança, mas o grande rival é a Arábia Saudita. E os sauditas contam com o apoio dos EUA, o que mostra que nada é simples no jogo de alianças da região. E é interessante observar justamente como foi esse caminho desde a derrubada de Saddam (um evidente erro do governo Bush até para a segurança regional) e também desde o tempo de Ahmadinejad no Irã até os dias atuais, nos quais as alianças se voltam para isolar o Irã, ainda que para tal seja necessário fechar os olhos para o que faz Bin Salman. É nesse terreno minado de muitas disputas que os grupos terroristas prosperam.

As disputas que envolvem xiitas e sunitas, sempre insisto, não são, quando se trata de política regional, de doutrina e de práticas religiosas, mas sim de poder. Um dado importante para que se possa refletir sobre a modernidade no Irã é o fato de que as mulheres, apesar das imensas limitações impostas pelos aiatolás, são atualmente maioria nas escolas e mesmo nas universidades e a taxa de fecundidade feminina caiu de seis filhos para dois. O país, portanto, está apto a alcançar níveis maiores de desenvolvimento, inclusive porque investe na pesquisa científica.

Apesar do discurso extremista e da inegável repressão interna, a sociedade iraniana é dinâmica, bem estruturada e está preparada para futuras mudanças. Resta saber quando a sociedade civil, ou ao menos parte dela, terá força suficiente para enfrentar uma teocracia intolerante, abrindo, a médio prazo, o caminho para as necessárias transformações. Que não parecem impossíveis, já que a nova geração tem avançado muito nos estudos e nos contatos externos.

NOTAS:

1 Para uma síntese de todo o período sassânida, ver FRYE, Richard. The Golden Age of Persia. London: Phoenix Press, 2000, p.7-26

2 LEWIS, Bernard. The Middle East: A Brief History of the Last 2000 Years. New York: Touchstone, 1997, p.75-78.

3Sobre o Zoroastrismo, ver FOLTZ, Richard. Religions of the Silk Route. New York: St. Martin’s Griffin, 1999, p. 27-30.

4 COLE, Juan R.I. “Iranian Culture and South Asia, 1500-1900” in KEDDIE, Nikki R. e MATHEE, Rudi. Iran and the Surrounding World, Seattle: Washington University Press,, 2002, p.16-17.

5 Sobre Reza e Mohamed Reza Pahlevi, ver MACKEY, Sandra, The Iranians: Persia, Islam and the Soul of a Nation. New York: Plume Book, 1998 ,p.157-268.

 

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Libros que hay que leer en marzo de 2024 - El Grand Continent

 Neste link a lista completa: https://legrandcontinent.eu/es/2024/03/04/21-libros-que-hay-que-leer-en-marzo-de-2024/

Só seleciono os livros que me interessam.

 

Martin Thomas, The End of Empires and a World Remade; A Global History of Decolonization, Princeton University Press

«Hasta hace poco, los imperios eran omnipresentes. Configuraban fronteras, alimentaban conflictos y definían las condiciones de la política internacional. El colapso de los imperios condujo a una reorganización fundamental de nuestro mundo. La descolonización se extendió tanto a través de los territorios como dentro de ellos. Sus luchas se internacionalizaron y se volvieron transnacionales. Por ello, Martin Thomas relata el vínculo intrínseco entre descolonización y globalización. Traza los vínculos entre estos dos procesos de transformación: el fin de los imperios formales y la aceleración de la integración mundial, la reorganización de los mercados, los intercambios culturales y las migraciones.

The End of Empires and a World Remade muestra hasta qué punto la descolonización configuró el proceso de globalización tras el colapso de los imperios. En la segunda mitad del siglo XX, la descolonización catalizó nuevas coaliciones internacionales, desencadenó particiones y guerras y reconfiguró la dinámica Norte-Sur. La globalización prometió a los descolonizados un mayor acceso a recursos esenciales, redes de influencia más amplias y públicos globales, pero su variante neoliberal reforzó las desigualdades económicas y las formas imperiales de influencia política y cultural. Repasando estas dos historias interrelacionadas en todo el planeta, desde América Latina hasta Asia, Martin Thomas explica por qué las naciones recién independizadas se han visto tan penalizadas.»

 

 

Ghassan Salamé, La tentation de Mars. Guerre et paix au XXIe siècle, Fayard

«Hemos entrado en la era de la desregulación de la fuerza. Al final de la Guerra Fría, había muchas razones para creer en el desvanecimiento de Marte, si no en el triunfo de Venus: ¿no había aplacado la disuasión nuclear el ardor de los belicistas? ¿No se habían derrumbado las ideologías? ¿No se suponía que el «comercio blando» garantizaría la paz?

Sin embargo, tras su florecimiento simultáneo, los cimientos de tal promesa se han ido erosionando uno tras otro: la ola democratizadora ha tocado techo, la globalización se ha desacelerado, la revolución tecnológica ha cercenado la libertad después de haberla servido, la cultura ha sido llamada a fracturar en lugar de unir, la cuestión nuclear se ha reabierto y el multilateralismo ha seguido marchitándose. Se ha perdido una oportunidad histórica de construir un sistema mundial equilibrado y pacífico. Ahora debemos comprender la «tentación de Marte» que caracteriza nuestro tiempo y la urgente necesidad de contrarrestarla.”

 

 

M’hamed Oualdi, L’esclavage dans les mondes musulmans. Des premières traites aux traumatismes, Amsterdam

«Durante la última década, los medios de comunicación han informado ampliamente de la presencia de ciertas formas de ‘esclavitud moderna’ en Libia y Qatar, lo que ha dado lugar a una serie de polémicas sobre la trata de esclavos en el mundo musulmán. Este libro de M’hamed Oualdi se propone cuestionar las tergiversaciones que rodean a este fenómeno histórico. El historiador refuta la suposición común de que la esclavitud es tabú en las sociedades musulmanas contemporáneas. Destaca la diversidad de la trata de esclavos que ha tenido lugar en el mundo musulmán desde la época medieval, lejos de la visión homogeneizadora de una esclavitud «islámica» unificada.

M’hamed Oualdi cuestiona las historiografías que pretenden comparar esta forma de esclavitud con la trata atlántica para relativizar la gravedad histórica de esta última. Para ello, describe las múltiples funciones desempeñadas por los esclavos en el mundo musulmán. Centrándose a continuación en el periodo moderno, M’hamed Oualdi analiza los procesos de liberación de esos esclavos. Al hacerlo, pone de relieve el carácter ambivalente de las políticas abolicionistas aplicadas por las potencias europeas de la época. Al mismo tiempo, presenta el pensamiento abolicionista musulmán que se desarrolló en esas regiones. Por último, el historiador examina la presencia de la esclavitud en las sociedades musulmanas.

 

 

Elizabeth N. Saunders, The Insiders’ Game: How Elites Make War and Peace, Princeton University Press

 

«Una de las opiniones más extendidas sobre los líderes democráticos es que son reacios al uso de la fuerza militar porque los votantes pueden exigirles cuentas, lo que en última instancia hace que las democracias sean más pacíficas. ¿Cómo pueden entonces los líderes hacer la guerra frente a la oposición popular o poner fin a los conflictos cuando la opinión pública sigue apoyándolas? The Insiders’ Game arroja luz sobre este eterno enigma, argumentando que las principales limitaciones en las decisiones sobre la guerra y la paz provienen de las élites, no del público.

Elizabeth Saunders se centra en tres grupos de élites —asesores presidenciales, legisladores y oficiales militares— para mostrar cómo la dinámica de este juego de iniciados es fundamental para entender el uso de la fuerza en la política exterior estadounidense. Explora cómo las preferencias de las élites difieren de las de los votantes ordinarios y cómo los líderes deben negociar con las élites para asegurarse su apoyo a la guerra. Explica por qué los líderes inician y prolongan conflictos que la opinión pública no desea, pero también muestra cómo las élites pueden obligar a los líderes a cambiar de rumbo y poner fin a las guerras.»

 

 

Melissa Teixeira, A Third Path; Corporatism in Brazil and Portugal, Princeton University Press

 

«Tras la Gran Depresión, mientras el mundo buscaba nuevos modelos económicos, Brasil y Portugal experimentaron con el corporativismo como una «tercera vía» entre el capitalismo del laissez-faire y el comunismo. En una sociedad corporativista, el gobierno integra verticalmente en el Estado a grupos económicos y sociales con el fin de gestionar el trabajo y la producción económica. En la década de 1930, las dictaduras de Getúlio Vargas en Brasil y António de Oliveira Salazar en el Imperio portugués aprovecharon las ideas corporativistas para reactivar el desarrollo económico dirigido por el Estado.

Lo que distingue al corporativismo portugués y brasileño de los experimentos de economía mixta de otros países es la forma en que Vargas y Salazar desmantelaron las instituciones democráticas liberales, celebrando sus esfuerzos por limitar las libertades individuales y la propiedad con el fin de reactivar la economía y establecer la paz social. Al rastrear el movimiento de personas e ideas a través del Atlántico Sur, Melissa Teixeira muestra cómo dos países con escasa reputación de creatividad económica se convirtieron en importantes centros de experimentación política. Las autoridades portuguesas y brasileñas crearon leyes y organismos para controlar los precios y la producción, generando nuevas fricciones sociales y problemas económicos cuando particulares y empresas intentaron eludir las normas. Sin embargo, según Teixeira, a pesar de los fracasos y frustraciones de los experimentos corporativistas en Brasil y Portugal, las ideas e instituciones ensayadas en las décadas de 1930 y 1940 proporcionaron un nuevo conjunto de herramientas jurídicas y técnicas para el auge de la planificación económica, configurando así el modo en que los gobiernos regulan las relaciones laborales y de mercado hasta nuestros días.»

 

 

Paul R. Josephson, Hero Projects; The Russian Empire and Big Technology from Lenin to Putin, Oxford University Press

 

«Desde Lenin y Stalin hasta Putin, el desarrollo económico de Rusia se ha basado en tecnologías a gran escala. Estos ‘megaproyectos’ han estado en el centro del crecimiento económico y el poder militar del país. A pesar de sus considerables costos medioambientales y sociales, estas tecnologías «heroicas» han avanzado al servicio de los intereses desenfrenados de los funcionarios del Estado, la arrogancia desmesurada de los ingenieros y la adhesión de las masas a una ideología nacional de logros gloriosos y grandeza militar.

En Hero Projects, Paul R. Josephson rastrea cómo, a lo largo de los últimos cien años, zares, comisarios y oligarcas rusos desarrollaron megaproyectos para crear el mayor imperio del mundo. Construidos por campesinos, prisioneros del Gulag y voluntarios comunistas, estos enormes proyectos —tuberías a través de la tundra, ferrocarriles desde Europa hasta el Océano Pacífico, centrales hidroeléctricas y canales desde el noroeste hasta la árida Asia Central, instalaciones nucleares— han alterado para siempre el paisaje, la política y la sociedad rusos. Paul Josephson muestra que, aunque estos proyectos fueron recibidos por el público como maravillas tecnológicas, en última instancia siempre sirvieron para enriquecer al Kremlin y demostrar la destreza tecnológica de la nación en la escena mundial. Y siguen siendo una característica importante del régimen político autoritario de Rusia en el siglo XXI; explotando los recursos de Rusia y fomentando un autoproclamado «renacimiento» de las armas y reactores nucleares, el gobierno ruso ha decidido invertir en tecnologías de la información y la comunicación.

 

 

Dia Internacional da Mulher - a mensagem de Dante Lima

 Atrasado (pois foi ontem), mas só tomei conhecimento hoje: 

Dante Lima, diplomata

HOJE É O DIA DELAS. AMANHÃ TAMBÉM. OU SEJA, SEMPRE. Hoje, diz o calendário, se comemora o Dia Internacional da Mulher. Em tempos complicados em que vivemos, é preciso nunca esquecer delas e de render-lhes as devidas homenagens. E, como diplomata que fui, ora inativo, queria reiterar hoje uma mensagem às nossas colegas de ofício. As mulheres diplomatas. Elas que muitas vezes dividem suas funções profissionais com o papel de mães e esposas. E, decerto, às nossas mulheres, companheiras também, que elas dividem conosco a missão de servir ao Brasil, como parceiras leais nessa empreitada de vida diplomática, onde nem sempre e nem tudo são flores. Costuma-se dizer, com muita sabedoria, que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. A expressão não faz o devido jus ao papel da mulher do diplomata. A frase deveria dizer que ao lado (e não por trás) de um grande diplomata há sempre uma grande mulher de diplomata. É certo que há quem invoca o chamado roteiro “Elizabeth Arden” para, com certa maledicência, referir-se a destinos e endereços glamourosos dos diplomatas a serviço no exterior, como Paris, Londres ou Nova York. Muitos desses detratores, decerto involuntários e ignorantes das facetas da nossa profissão, esquecem ou desconhecem que existe um outro roteiro denominado “Indiana Jones”, os chamados postos de sacrifício, que incluem paragens inóspitas e insalubres, onde a nobreza e o sentido de missão de nossa Carreira nos obrigam a servir. Eu mesmo fui servir em posto do gênero com um filho de dois anos e meio. Lá como alhures, nossas mulheres e companheiras, essas guerreiras formosas sempre souberam como poucas semear e construir um jardim de preciosas espécies de cores e aromas e as regassem todo dia com dedicação e cumplicidade em situações não raro árduas e espinhosas. Pois que flores tem seus espinhos. Conciliando, ademais, esses cuidados com outros não menos árduos, com aqueles de esposas, parceiros, companheiros pais e mães extremadas, soberanas dos nossos lares. Não existem para o diplomata postos difíceis ou de sacrifício se ele tem um ma família e estruturada e uma companheira e cúmplice de sua missão. Por isso, hoje, ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher exaltamos o papel da mulher do Diplomata, que nos acompanha mundo afora como bastiões inexpugnáveis de nossas carreiras, fiadoras de nossos êxitos profissionais e conforto e alívio de nossos fracassos eventuais. Digo e repito que é desnecessário destacar que tudo que se diz sobre o diplomata e a mulher diplomata se aplica naturalmente e com toda justiça à mulher diplomata, essas profissionais que cada vez mais, para o bem do Itamaraty e felicidade geral do Brasil, ocupam posições de relevo na nossa profissão. A elas nossa merecida homenagem.

Imposto de Renda: todos os links para os desesperados, angustiados, incertos - Airton Dirceu Lemmertz

 Grato ao Airton Dirceu Lemmertz por reunir todos estes links: 


Meu Imposto de Renda (Receita Federal): 


Declarar meu imposto de renda (DIRPF - " Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física"): 

Prazo de entrega: 15/03/2024 a 31/05/2024. 
IN RFB nº 2.178/2024: 
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=136488 (Dispõe sobre a apresentação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física referente ao exercício de 2024, ano-calendário de 2023, ...) 

Novidades da Declaração de Imposto de Renda: 

Tabelas do Imposto de Renda: 
Tributação de 2024: 
https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/meu-imposto-de-renda/tabelas/2024 (Tabelas de incidência e deduções para cálculo do imposto sobre a renda das pessoas físicas [IRPF] em 2024) 

Perguntas Frequentes: 
Perguntão: 

(...) 

Vídeos: 

Notícias: 

YouTube (guia Comunidade): 

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