terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Book review: Nathan Perl-Rosenthal, 'The Age of Revolutions: And the Generations Who Made It' - Review by Matthijs Tieleman (H-Diplo)

 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

A “herança maldita” das ditaduras na economia - Paulo Roberto de Almeida

A “herança maldita” das ditaduras na economia

 Paulo Roberto de Almeida 

        Ditaduras, de esquerda ou de direita, costumam conduzir seus respectivos países a desastres econômicos. Elas são responsáveis, invariavelmente, por erros de políticas econômicas que comprometem o seu futuro, não tendo o benefício da alternância de governos dos regimes democráticos.

        Putin levou a Rússia a uma destruição econômica fenomenal, pela sua ambição expansionista e concentração dos recursos públicos em aventuras bélicas desastrosas, inclusive no plano demográfico e no capital humano.

         Na América Latina, Cuba dos Castros e Venezuela de Chávez-Maduro são os dois exemplos mais conspícuos de recuos históricos: das primeiras posições no PIB pr capita no passado “capitalista” para os últimos lugares na atualidade socialista. A Nicarágua parece seguir o mesmo itinerário, de retrocessos econômicos, políticos e sociais na ditadura personalista de Ortega.

        A ditadura brasileira registrou 10 anos de crescimento e 10 de crises profundas, na aceleração inflacionária e no endividamento externo, deixando no lugar uma longa estagnação e um legado de introversão produtiva. Seus reflexos nefastos se estenderam por longo tempo, talvez até hoje, num tipo de nacionalismo estatizante que isolou o Brasil das principais cadeias produtivas globais.

        As ditaduras de Salazar e Franco deixaram Portugal e Espanha como os países mais atrasados da Europa ocidental, até o retorno da democracia e a reintegração à prosperidade europeia.

        As ditaduras africanas dilapidaram uma herança colonial que não era constituída por uma maioria de Estados falidos como se constatou nas décadas seguintes.

        Os países da Europa central e oriental colocados pela IIGM na esfera soviética retrocederam no caminho do bem-estar e desenvolvimento social, até serem resgatados do limbo pela implosão da URSS e sua incorporação na OCDE e na União Europeia.

Brasília, 6/01/2025

“Segredos” da Biblioteca do Barão - Cristiane Costa e Luís Cláudio Villafañe G. Santos (Piauí)

“Segredos” da Biblioteca do Barão - Cristiane Costa e Luís Cláudio Villafañe G. Santos (Piauí)

Uma das mais importantes “descobertas” feitas a partir da Biblioteca do Barão, base original da biblioteca do Itamaraty do RJ: estava lá, mas ainda inexplorada. Mérito do embaixador Villafañe.

“Um relatório produzido nos anos 40 apresenta o lado B do Barão do Rio Branco (1845-1912). O documento até agora inédito examinou a marginália (notas feitas nas margens dos livros) do chanceler que ajudou a definir as fronteiras do Brasil. É um relato dos hábitos, manias, vícios e idiossincrasias do patrono da diplomacia brasileira."

Por Cristiane Costa e Luís Cláudio Villafañe G. Santos

Leia: https://piaui.co/3Pdy9eF

Mais um desses projetos lunáticos: uma moeda do Brics contra o dólar - Paulo Roberto de Almeida

Mais um desses projetos lunáticos: uma moeda do Brics contra o dólar

Paulo Roberto de Almeida

Não existe uma “moeda Brics”; o que existem são projetos políticos que não se ajustam à realidade econômica. 

Se criarem alguma ferramenta monetária artificial, por decisões governamentais, isso vai aumentar custos e riscos para os operadores privados. 

Os únicos que defendem a medida são líderes políticos raivosos contra a hegemonia do dólar e acadêmicos alienados.

O abandono do dólar só tem viabilidade efetiva como resultado de um processo conduzido a partir dos EUA. 

Brasília, 6/01/2025

Anexo:

O uso de “moedas locais” no Brics significa passar a usar a moeda da China. Os empresários e comerciantes do Brasil, da Índia e de outros países acham que vão estar melhor com um sistema menos conversivel e com maiores riscos cambiais, ou seja, menos multilateral?

domingo, 5 de janeiro de 2025

Os Editoriais do Estadão, fazendo história: Edição especial 150 anos: Seleção de 50 editoriais desde 1875 até 2024

Glorioso, vestusto e moderno...

Os Editoriais do Estadão, desde 1875: 

 

Edição especial 150 anos: 04/01/2025 


https://www.estadao.com.br/150-anos/opiniao-do-estadao/a-historia-nos-editoriais-do-estadao/

 

O jornal O Estado de S. Paulo é conhecido, entre outras razões, pela força e coerência de seus editoriais. Esses atributos são corolários da independência do jornal para defender os valores nos quais acredita e dizer à sociedade, com respeito à verdade factual e absoluta transparência, aquilo que pensa ser o certo. Fiel a seus princípios ao longo dos últimos 150 anos, o Estadão fez da seção Notas & Informações a consciência crítica de seu tempo, um dos pilares sobre os quais se sustenta a opinião pública brasileira.

A seguir, o leitor encontrará uma seleção de 50 editoriais que marcaram a posição do Estadão em momentos históricos, no Brasil e no mundo. Muitos eventos cruciais ocorridos entre janeiro de 1875 e dezembro de 2024, naturalmente, ficaram fora dessa lista, seja porque o jornal optou por não se manifestar sobre eles, seja porque foram tratados não como editoriais propriamente ditos, mas como análises ou artigos assinados por seus fundadores e/ou proprietários. É o caso, por exemplo, da 1.ª Guerra (1914-1918).

A cobertura da chamada “Grande Guerra” foi um verdadeiro tour de force para o Estadão. Júlio Mesquita, então proprietário e principal redator do jornal, tomou para si a responsabilidade de reportar e, principalmente, explicar para os leitores o que acontecia nos fronts da Europa. Durante os quatro anos do conflito, Mesquita publicou n’O Estado de S. Paulo boletins semanais e crônicas sobre os rumos da guerra. E sem jamais tirar os pés do Brasil. Essa portentosa cobertura foi reunida por seu bisneto, Ruy Mesquita Filho, em A Guerra, uma obra de quatro volumes lançada em 2002 pela Editora Terceiro Nome.

As reportagens de Júlio Mesquita sobre a 1.ª Guerra não raro refletiam a própria opinião de seu jornal, servindo, na prática, como editoriais sobre o tema. Foi por meio das reportagens e crônicas assinadas por ele que ficou claro para os leitores que o jornal nutria franca simpatia pelos aliados (França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Rússia, entre outros), mas sem que essa posição significasse uma afirmação de antipatia pelas nações lideradas pela Alemanha e a Áustria no conflito. “O Estado simpatiza com os aliados, não porque antipatize com os alemães, mas porque diverge visceralmente da política autoritária e militarista que desviou a Alemanha da sua luminosa missão e produziu esta guerra odiosa”, escreveu Mesquita.

Outro exemplo de aparente omissão na seção de Notas & Informações é a 2.ª Guerra (1939-1945). Ao longo de praticamente todo o conflito, o Estadão esteve sob intervenção da ditadura de Getúlio Vargas, razão pela qual o jornal não reconhece as publicações no período sob o jugo varguista como parte de sua história.

Os editoriais que aqui vão reunidos, contudo, transmitem ao leitor de hoje, de forma linear e coerente, uma boa ideia de como O Estado de S. Paulo se mantém fiel a seus princípios fundadores, em particular a defesa irrenunciável das liberdades democráticas e dos valores republicanos. Os textos refletem, ainda, a visão que o Estadão tem do jornalismo profissional, concebido por este jornal como uma causa a serviço do melhor interesse público – e, exatamente por isso, imune ao tempo.

1875


Primeira edição de 'A Província de São Paulo', em 4/1/1875 


Editorial inaugural

No editorial que inaugurou a circulação de A Província de São Paulo, publicado em 4 de janeiro de 1875, o jornal afirmava os princípios editoriais que orientam o Estadão até hoje, 150 anos depois. “Não sendo órgão de partido algum nem estando em seus intuitos advogar os interesses de qualquer deles, e por isso mesmo colocando-se em posição de escapar às imposições do governo, às paixões partidárias e às seduções inerentes aos que aspiram ao poder e seus proventos, conta A Província de São Paulo fazer da sua independência o apanágio de sua força.”

 

Trancrevi todos os 50 editoriais selecionados pelo Estadão e coloquei o conjunto à disposição dos interessados, neste link de minha página em Academia.edu: 

https://www.academia.edu/126855638/A_Historia_nos_Editoriais_do_Estadao_de_1875_a_2024_Estadao_


O primeiro trabalho de 2024: uma crítica à alienação acadêmica - Paulo Roberto de Almeida

Uma crítica à alienação acadêmica

Paulo Roberto de Almeida :

"Parece que boa parte do mundo acadêmico, geralmente em ciências sociais, não tem consciência de que o mundo em que se vive atualmente foi justamente construido pelo liberalismo capitalista dos últimos séculos, onde este existiu de forma livre. 

O socialismo nunca construiu nada de relevante, a não ser opressão e miséria! Basta revisar os registros históricos dos últimos 100 anos para verificar essa realidade: mais povos e nações SAÍRAM do socialismo nas últimas três décadas, do que adotaram soluções e regimes declaradamente socialistas, ou anticapitalistas, inclusive a China e a Índia, os dois melhores exemplos de diminuição de uma miséria ancestral, agravada pelo socialismo que adotaram na segunda metade do século XX.

Muito da produção intelectual nessas áreas é feita de críticas acerbas ao capitalismo e ao liberalismo, e de prescrições para mais estatismo e mais intervencionismo, como se o mundo resultante fosse mais eficiente para se criar riqueza e bem-estar à margem das liberdades capitalistas já enunciadas por Adam Smith no século XVIII. 

Alguma dúvida sobre isso?

A despeito das reiteradas críticas ao capitalismo e ao liberalismo no mundo acadêmico, poucos experimentos efetivos nas últimas décadas se traduziram em movimentos tendentes a implantar regimes anticapitalistas em sua plenitude. Mas boa parte do mundo acadêmico ainda persiste em acreditar que um mundo regulado burocraticamente por instituições estatais seria melhor para a vida de pessoas reais do que a saudável anarquia do sistema capitalista, que sempre foi tendencialmente liberal, a despeito de controles de regulações, inerentemente instáveis e ineficientes.

E por que isso ocorre? A resposta é muito simples. A maior parte dos acadêmicos que pensam assim está apartada do mundo da contabilidade, das tabelas de ganhos e perdas, da lenta acumulação de riquezas vinculada ao esforço constante de controlar ativos e passivos, coisas que estão indissoluvelmente ligadas ao mundo capitalista. São acadêmicos alheios a esse mundo, ou porque são funcionários públicos de universidades ou mesmo quando trabalham em instituições privadas não são ligados ao departamento de contabilidade, e podem assim dedicar-se a devaneios alheios ao mundo dos recursos que pagam seus salários."

Brasília, 1/01/2024

Ficha do trabalho: 

4541. “Uma reflexão sobre o mundo real e o mundo acadêmico dos nossos tempos”, Brasília, 1 janeiro 2024, 1 p. Nota sobre uma das alienações mais frequentes no espaço acadêmico. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/uma-reflexao-sobre-o-mundo-real-e-o.html); postado novamente no Diplomatizzando (20/04/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/uma-reflexao-sobre-o-mundo-real-e-o.html). 



O Decálogo do Estadão: seus princípios e valores - O Estado de S. Paulo

A missão do ‘Estadão’

Desde a edição inaugural, em 1875, este jornal se apresenta ao País como um patrono da defesa da liberdade e do espírito republicano; conheça os valores que guiam ‘O Estado de S. Paulo’ há 150 anos

04/01/2025

Desde sua fundação, em 1875, o jornal O Estado de S. Paulo presta serviço à causa da liberdade, aos valores republicanos e ao progresso do Brasil. O decálogo que vai a seguir resume esses princípios, reafirmados diariamente em todas as plataformas do Estadão, como uma renovação permanente da missão de lutar por um País mais justo e próspero para todos os brasileiros.

1. Desde a edição inaugural, ainda como A Província de São Paulo, em 4 de janeiro de 1875, este jornal se apresenta ao País como um patrono da defesa da liberdade e do espírito republicano.

2. O Estadão é um jornal de alma liberal, valorizando a liberdade individual, o empreendedorismo, a propriedade privada, a igualdade perante a lei e a limitação do poder estatal. Para tanto, a liberdade de imprensa é um imperativo, uma vez que o poder estatal sem a devida fiscalização de uma imprensa livre e independente tende a ser arbitrário e corrupto.

3. O Estadão é desde sempre um jornal independente e apartidário, condição que lhe permite estar “em posição de escapar às interposições do governo, às paixões partidárias, e às seduções inerentes aos que aspiram ao poder”, como se lê em seu editorial inaugural.

4. O Estadão exerce constante vigilância sobre o exercício do poder, que deve ser direcionado para o bem comum, e não para o benefício de oligarquias. Nesse sentido, o jornal é intransigente defensor do equilíbrio entre os Poderes da República e do princípio federativo.

5. Defender a liberdade de forma intransigente e não se deixar influenciar pelas pressões e modismos de seu tempo requer coragem. O Estadão é um jornal que diz o que precisa ser dito e defende o que acredita ser o certo. Não é por outra razão que, há 150 anos, o Estadão é a consciência crítica de seu tempo.

6. O Estadão tem lado: jamais abrigará em suas páginas opiniões que atentem contra seus princípios democráticos e republicanos.

7. Este jornal é uma tribuna inabalável de defesa da democracia contra o populismo, a demagogia, o extremismo e todas as formas de autoritarismo. Nos momentos de sua história sesquicentenária em que seus valores foram desafiados pela força dos poderosos de turno, o Estadão se manteve aferrado a seus princípios fundadores, não raro pagando um alto preço pela independência.

8. O Estadão é um jornal irredutivelmente apegado ao regime da lei, em particular ao princípio republicano fundamental: a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Não há democracia sem respeito às leis.

9. O Estadão defende que o Brasil se torne um país mais próspero e justo por meio de políticas públicas destinadas a mitigar a brutal desigualdade socioeconômica que insiste em dividir os brasileiros entre cidadãos de primeira e de segunda classe. O desenvolvimento virá de ações – públicas e privadas – que promovam crescimento econômico sustentado e ambientalmente responsável.

10. O Estadão acredita que a responsabilidade fiscal e a impessoalidade na administração pública são o único caminho para a construção de um Estado que seja eficiente, nem grande nem mínimo, isto é, apto a atender às necessidades mínimas dos cidadãos para uma vida digna, com o manejo racional e transparente dos recursos públicos.

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