sábado, 18 de janeiro de 2025

Rússia e China prosseguem ampliando o Brics - Eliane Oliveira (O Globo)

Nigéria entra no Brics como 'parceiro', ao lado de Cuba e outros sete países 

Por  — Brasília

 O Globo

O governo brasileiro anunciou, nesta sexta-feira, o ingresso formal da Nigéria como parceiro do Brics. O país africano se junta a Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, que foram aprovados nessa categoria em outubro de 2024, na cúpula de líderes de Kazan, na Rússia. 

Na condição de parceiros, esses países têm um status diferente dos membros do Brics. Por exemplo, participam dos eventos e das discussões, mas não têm direito a voto. A Venezuela tentou entrar no grupo como parceira, mas foi barrada pelo Brasil, que não reconhece o resultado da eleição no país vizinho, realizada em meados de 2024, porque não foram apresentadas provas de que o presidente Nicolás Maduro, que tomou posse na última sexta-feira, de fato se reelegeu. Maduro chegou a ir a Kazan, mas voltou a Caracas de mãos vazias. 

A Nigéria tem a sexta maior população do mundo e a primeira do continente africano. É, ainda, uma das maiores economias da África. Segundo o Itamaraty, o país atua ativamente no fortalecimento da cooperação do Sul Global e na reforma da governança global, temas prioritários para a atual presidência brasileira.

Até 2023, o Brics era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em uma reunião de cúpula na cidade sul-africana de Joanesburgo, foram aprovados como membros Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Indonésia. Neste ano, o Brics é presidido pelo Brasil. No próximo mês de julho, haverá uma reunião de líderes do bloco, no Rio de Janeiro.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Antifascismo histórico e humano: biografia do Leone Ginsburg, por Antonio Scurati (autor de uma série biográfica sobre Mussolini - Manuel da Costa Pinto

 Antifascismo histórico e humano

Biógrafo de Mussolini, Antonio Scurati une histórias célebres e anônimas de resistência ao horror e explica o poder de sedução de autocratas atuais

Manuel da Costa Pinto

Revista Quatro Cinco Um, 17 jan 2025

https://quatrocincoum.com.br/entrevistas/historia/antifascismo-historico-e-humano/


A dignidade de cada livro se torna para Ginzburg a dignidade da cultura; a defesa do texto se torna a defesa do homem”. Assim Antonio Scurati descreve o editor e intelectual Leone Ginzburg — protagonista de A melhor época da nossa vida , que foi perseguido pelo fascismo e morreu em 1944 nas mãos dos nazistas. Recém-lançado no Brasil, o livro é de 2015. Anterior, portanto, a M, O filho do século, que saiu na Itália em 2018, dando início à série que o escritor vem dedicando à funesta trajetória do líder fascista Benito Mussolini. 

Além desse primeiro volume, M, O homem da providência também já teve tradução no Brasil pela Intrínseca, que prevê para 2025 a publicação do terceiro, M, Gli ultimi giorni dell’Europa (Os últimos dias da Europa). Os três títulos narram, respectivamente, a ascensão de Mussolini, sua consolidação no poder e a entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial.


A melhor época da nossa vida

Antonio Scurati

Trad. Federico Carotti Editora Manjuba // 320 pp • R$ 88

 

Quando respondeu, por escrito, às perguntas da entrevista a seguir, Scurati havia acabado de concluir o quinto e último volume que, ainda sem título divulgado, deve abordar o período entre a derrocada de Mussolini e seu assassinato, em 1945, pela resistência. Mas ele também estava às voltas com o lançamento, na Itália, do quarto volume: M, L’ora del Destino (A hora do destino), título extraído do discurso em que Mussolini anuncia a decisão de lançar o país num conflito do qual, nas palavras de Scurati, os italianos participaram “sempre como agressores, sempre como invasores e sempre como derrotados”.


Scurati estabelece uma comunhão entre diferentes formas de dizer ‘não’ à agressão fascista

Há complementaridade e, ao mesmo tempo, dissonância profunda, entre A melhor época da nossa vida e a série M, que Scurati apresenta como um “romance documental”, ou seja, com andamento romanesco, mas matéria-prima estritamente baseada em documentos históricos, livros de memórias, notícias de jornal e discursos.

 

Em A melhor época da nossa vida, o procedimento é o mesmo. “Não me entregarei à especulação, não me permitirei nenhuma introspecção, nenhuma conjectura sobre o seu estado de espírito”, declara o escritor nas páginas iniciais desse retrato de Leone Ginzburg, que em 1934 renunciou formalmente à carreira universitária para não prestar o obrigatório juramento de fidelidade ao fascismo. Scurati escreve no livro que foi a descoberta, em 2011, da carta de demissão de Ginzburg que o levou a contar sua história.

A partir desse “não” (o primeiro dentre os vários “nãos” relatados por Scurati), Leone dá início a uma vida submersa. Mesmo degredado em 1940 para a região de Abruzzo, onde viverá na companhia dos filhos e da mulher (a escritora Natalia Ginzburg, judia como ele), mantém intensa correspondência de trabalho com amigos junto dos quais fundara, em 1933, a Einaudi, até hoje uma das maiores editoras italianas.

O fio condutor da narrativa é, portanto, a história de Ginzburg, do nascimento em Odessa (atual Ucrânia) e os tempos convulsos da Revolução Russa até a formação em Turim (na região italiana do Piemonte) e a morte, após tortura pelos nazistas, no cárcere romano de Regina Coeli em 1944 — quando o regime fascista já havia caído e Ginzburg participava ativamente da resistência à ocupação da Itália pela Alemanha de Hitler. 

Mas o escritor intercala nesse relato a história dos dois troncos de sua própria família: os Scurati e os Ferrieri. Com isso, A melhor época da nossa vida estabelece uma comunhão entre diferentes formas de dizer “não” à agressão fascista, seja da parte de um ensaísta erudito, tradutor de clássicos russos, seja da parte de trabalhadores comuns, que ruminaram seus sonhos em meio à fome e aos bombardeios. Todos com a mesma dignidade silenciosa, que continua sendo uma referência nesse momento em que novos avatares do fascismo apontam no horizonte.

  

Depois de ter escrito quatro volumes de M, série documental sobre Mussolini, e um livro como Fascismo e populismo, como explica a sedução de autocratas atuais como Orbán, Erdogan e Bolsonaro? Trump pode ser incluído nessa lista?
Isso pode ser explicado por uma nova crise de confiança na democracia, semelhante, senão idêntica, àquela que favoreceu a ascensão do fascismo há cem anos. Confrontados com um aumento paroxístico na complexidade da vida social e política na modernidade tardia, que parece estar descarrilando para um caos ingovernável, parcelas crescentes de populações ocidentais, desconfiadas da democracia, tornam-se dispostas a trocar suas prerrogativas de liberdade por uma promessa de segurança por “homens fortes”, que tranquilizam o eleitorado de forma ilusória e consoladora, através de uma simplificação brutal dessa complexidade. Assim surge a ideia intrinsecamente contraditória de democracia autoritária. Trump é certamente o líder dessa aberração democrática que chamo de sedução populista.


Existem paralelos entre a ideologia baseada no medo, do fascismo histórico, e o medo atual, da ameaça permanente de perdas devidas à globalização neoliberal (desemprego, perda de raízes, refugiados)?
Sem dúvida. Mussolini foi o primeiro a compreender que havia — e ainda há — apenas uma paixão política mais poderosa que a esperança (o motor do socialismo, de onde ele próprio veio, e de todas as outras políticas progressistas). Essa paixão é o medo. O fascismo foi uma política do medo não só porque o usava para subjugar a população, mas porque o usava também para seduzi-la, trazê-la para si. A simplificação brutal sobre a qual me referi antes consistia — e consiste — em reduzir todos os problemas a um só, reduzir determinado problema a um inimigo, e esse inimigo a um invasor estrangeiro. A globalização neoliberal criou terreno fértil para o regresso desse esquema rudimentar, mas altamente eficaz.


O terceiro e o quarto volume de M descrevem o caminho da Itália rumo à Segunda Guerra e à derrota. Qual é a especificidade da guerra fascista? As motivações de Mussolini eram as mesmas de Hitler?

A guerra fascista é sempre uma guerra de agressão, embora apresentada no plano propagandístico como uma santa cruzada nacionalista contra um inimigo mortal, que ameaça a própria sobrevivência da nação. No quarto volume de M (A hora do destino) me dediquei a descrever as cinco frentes de guerra nas quais Mussolini, apesar do total despreparo militar e industrial da Itália e da relutância dos italianos em lutar, enviou nossos avós para matar e morrer — sempre como agressores, sempre como invasores e sempre como derrotados. 


Há uma nova crise de confiança na democracia, semelhante à que favoreceu a ascensão do fascismo

Todos os fascistas têm uma necessidade constante de construir “um inimigo mortal” no plano simbólico. Sem isso, não podem sobreviver. As motivações de Hitler eram semelhantes nesse aspecto, mas num esquema ideológico mais extremo, mais nítido, apoiado em estratégias de dominação mais concretas.


Pode-se dizer que Ginzburg é o anti-Mussolini, uma espécie de anti-herói no sentido que o crítico literário Victor Brombert descreve como aquele que expressa os desastres e resiste às catástrofes de seu tempo? 
Certamente. Ginzburg foi antifascista por razões morais, éticas e até estéticas, antes mesmo das razões políticas. Razões, portanto, com raízes ainda mais profundas do que a oposição política. Ele foi, pode-se dizer, um antifascista “existencial”. Opôs seu “não” ao fascismo quando jovem, no início de sua vida e carreira, e depois continuou a se opor a ele até as consequências mais extremas, ou seja, até sua morte. Mas que não se pense que esse “não” se limitou a uma negação estéril: pelo contrário, continuou a gerar cultura, pensamento, filhos e afetos, com grande fecundidade, até o fim.


O livro conta, paralelamente, a vida de Ginzburg e a história de sua família. Por que fez essa escolha e como as vidas dos Ginzburg e dos Scurati/Ferrieri se iluminam?
Quando evocamos o passado — isto é, a passagem pela terra de mulheres e homens de outro tempo, que nunca conhecemos e nunca conheceremos —, a questão fundamental, na minha opinião, permanece sempre a mesma: onde me situo nessa corrente? O que eu teria feito no lugar deles? E respondi a mim mesmo que eu estava lá porque lá estavam meus avós, pessoas comuns, tão comuns quanto Ginzburg era extraordinário. Aproximá-los na narrativa poderia iluminá-los reciprocamente, a humildade daqueles sendo solidária com a nobreza deste. E vice-versa.


No livro há uma “crono-história” da Segunda Guerra, que descreve simultaneamente os movimentos no front e o cotidiano das três famílias. Seria uma versão da alternância entre personagens históricos e humanos descrita por Ginzburg no prefácio à obra-prima de Tolstói?
Exatamente. Nesse prefácio curto, porém memorável, Ginzburg sublinhou como, entre os personagens históricos que foram protagonistas da guerra e os personagens humanos que foram protagonistas da paz, Tolstói preferiu estes últimos. O mesmo pode certamente ser dito do próprio Ginzburg, que traduziu Guerra e paz com esforço heróico enquanto estava degredado [nas montanhas do Abruzzo], enquanto os exércitos de Hitler invadiam a Rússia, assim como os de Napoleão o haviam feito no romance do grande escritor russo. Minha intenção era exatamente esta: descrever Leone Ginzburg como personagem histórico e, ao mesmo tempo, como personagem humano.

Em 2024, foram recordados os oitenta anos da morte de Leone Ginzburg e o centenário do assassinato do deputado socialista Giacomo Matteotti por milicianos fascistas. Existem relações simbólicas ou factuais entre os dois eventos?
Ambos eram antifascistas inflexíveis, ambos não violentos, ambos vítimas da violência nazifascista, embora separados por vinte anos um do outro. E isso nos lembra que o fascismo é sempre, essencialmente, violência 


Quem escreveu esse texto

Manuel da Costa Pinto

É autor de Paisagens interiores e outros ensaios (B4 Editores).


Grato a Mauricio Dias David, pela remessa da matéria. PRA

Foreign Policy of Donald Trump: comments of a connoisseur: David Kramer - By Meryl Kornfield and Patrick Svitek (The Washington Post)

 


Previsões econômicas do FMI para 2025 e mais além: crescimento moderado, mais divergências entre principais economias - IMF blog

 Previsões econômicas do FMI para 2025 e mais além: crescimento moderado, mais divergências entre principais economias - IMF blog

As One Cycle Ends, Another Begins Amid Growing Divergence

photo of crowd of people crossing a street

(Credit: George Clerck/iStock by Getty Images)

By Pierre-Olivier Gourinchas

We project global growth will remain steady at 3.3 percent this year and next, broadly aligned with potential growth that has substantially weakened since before the pandemic. Inflation is declining, to 4.2 percent this year and 3.5 percent next year, in a return to central bank targets that will allow further normalization of monetary policy. This will help draw to a close the global disruptions of recent years, including the pandemic and Russia’s invasion of Ukraine, which precipitated the largest inflation surge in four decades.

two charts showing world output and consumer price in annual percent change

Though the global growth outlook is broadly unchanged from October, divergences across countries are widening. Among advanced economies, the United States is stronger than previously projected on continued strength in domestic demand. We have raised our growth projection for the US this year by 0.5 percentage point, to 2.7 percent.

Growth in the euro area, by contrast, is likely to increase only modestly, to 1 percent from 0.8 percent in 2024. Headwinds include weak momentum, especially in manufacturing, low consumer confidence, and the persistence of a negative energy price shock. European gas prices remain about five times as high as in the United States, versus twice as high before the pandemic.

chart showing ratio of European gas price benchmark to US counterpart

In emerging market economies, growth projections are broadly unchanged, at 4.2 percent and 4.3 percent this year and next. Elevated trade and policy uncertainty is contributing to anemic demand in many countries, but economic activity is likely to pick up as this uncertainty recedes. This includes China, where we now project 4.5 percent growth next year, up 0.4 percentage point from our prior forecast.

Some divergence between large economies has been cyclical, with the US economy operating above its potential while Europe and China are below. Under current policies, this cyclical divergence will dissipate. But the divergence between the US and Europe is more due to structural factors, and the disconnect will linger if these are left unaddressed. It reflects persistently stronger US productivity growth, particularly but not exclusively in the technology sector, linked to a more favorable business environment and deeper capital markets. Over time, this translates into higher returns on US investment, increased inbound capital flows, a stronger dollar and US living standards pulling away from those of other advanced economies. For China, it is notable that potential growth is now more like that of other emerging market economies.

Economic policy uncertainty is elevated, with many governments newly elected in 2024. Our projections incorporate recent market developments and the impact of heightened trade policy uncertainty, assumed to be temporary, but refrain from making assumptions about potential policy changes that are currently under public debate.

chart showing comparison in real potential GDP in 2019 and 2024 for emerging markets, advanced economies, and US and Germany

In the near term, a constellation of risks could further exacerbate these divergences. European economies could slow more than anticipated, especially if investors grow more concerned about public debt sustainability in more vulnerable countries. The main risk is that euro area monetary and fiscal policy could simultaneously run out of room if weaker economic activity pushes interest rates back toward the effective lower bound just as insufficient fiscal consolidation raises risk premia, in turn further constraining fiscal policy. In China, should fiscal and monetary measures prove insufficient to address domestic weakness, the economy is at risk of a debt-deflation stagnation trap, where falling prices raise the real value of debt, undermining activity further. The sharp decline in Chinese government bond yields, seen as haven for local investors, shows rising investor concern. Both in China and Europe, these factors could lower inflation and economic growth.

By contrast, while many of the policy shifts under the incoming US administration are hard to quantify precisely, they are likely to push inflation higher in the near term relative to our baseline. Some indicated policies, such as looser fiscal policy or deregulation efforts, would stimulate aggregate demand and increase inflation in the near term, as spending and investment increase immediately. Other policies, such as higher tariffs or immigration curbs, will play out like negative supply shocks, reducing output and adding to price pressures.

A combination of surging demand and shrinking supply would likely reignite US price pressures, though the effect on economic output in the near term would be ambiguous. Higher inflation would prevent the Federal Reserve from cutting interest rates and could even require rate hikes that would in turn strengthen the dollar and widen US external deficits. The combination of tighter US monetary policy and a stronger dollar would tighten financial conditions, especially for emerging markets and developing economies. Investors already anticipate such an outcome, with the US dollar gaining around 4 percent since the November election.

Overall, these near-term risks could lead to further divergence across economies. In the medium term, about five years, the positive effects of the US fiscal shock may dissipate and could even reverse if fiscal vulnerabilities increase. Deregulation efforts can boost potential growth in the medium term if they remove red tape and stimulate innovation. However, there is a risk that excessive deregulation could also weaken financial safeguards and increase financial vulnerabilities, putting the US economy on a dangerous boom-bust path. Medium-term risks to economic output would be heightened by restrictive trade policies and stricter migration limits.

Renewed inflation pressures, should they arise so soon after the recent surge, could well de-anchor inflation expectations this time around, as people and businesses are now much more vigilant about protecting their real income and profitability. Inflation expectations are further away from central bank targets than in 2017–21, which suggests increased risks of higher inflation. In this environment, monetary policy may need to be more agile and proactive to prevent expectations from de-anchoring, while macro-financial policies will need to remain vigilant to avoid a buildup of financial risks.

chart showing one-year inflation expectations and deviation from target for advanced and emerging economies in 2017-2021 and 2024 averages

The issue is likely to be exacerbated for emerging market economies, given the passthrough of dollar exchange rates to domestic prices and the effects of weaker domestic growth in China. In most cases, the appropriate policy response in emerging market economies will be to let currencies depreciate as needed while adjusting monetary policy to achieve price stability. However, in cases where inflation dynamics have become clearly unanchored or where there are financial stability risks, capital flow management and foreign exchange interventions could help, as long as these are not a substitute for necessary macroeconomic adjustments, in line with the IMF’s Integrated Policy Framework.

For several countries, fiscal policy efforts have been delayed or insufficient to stabilize debt dynamics. It is now urgent to restore fiscal sustainability before it is too late and to build sufficient buffers to address future shocks that could be sizable and recurrent. Additional delays could trigger a worrying spiral where borrowing costs keep rising as markets lose confidence, further increasing adjustment needs. Recent strains in Brazil’s financial markets, like the reaction to the UK’s September 2022 mini-budget, underscore how funding conditions can deteriorate suddenly.

While any sizable fiscal consolidation is bound to weigh on economic activity, countries should take special care to preserve growth as much as possible along the consolidation path, for instance by focusing the adjustment on reducing untargeted transfers or subsidies rather than government investment spending. To achieve this—and help overcome persistent structural differences driving growth divergences—there should be renewed focus on ambitious structural reforms to directly boost growth. These include targeted reforms to better allocate resources, increase government revenues, attract more capital, and foster innovation and competition.

Finally, additional efforts should be made to strengthen and improve our multilateral institutions to help unlock a richer, more resilient, and sustainable global economy. Unilateral policies that distort competition—such as tariffs, nontariff barriers, or subsidies—rarely improve domestic prospects durably. They are unlikely to ameliorate external imbalances and may instead hurt trading partners, spur retaliation, and leave every country worse off.

 
JeffCircle

Jeff Kearns

Managing Editor

IMF Blog

jkearns@IMF.org

 

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A poluição por chumbo pode ter contribuído para a decadência do Império Romano - Katherine Kornei, The New York Times (Estadão)

Estadão

Ciência

A contaminação que pode ter baixado o QI de um dos principais impérios da história

Nova pesquisa detalha o que pode ter sido o primeiro caso de poluição industrial generalizada no mundo: a poluição na forma de chumbo entre os romanos

 

Por Katherine Kornei, The New York Times

O Estado de S. Paulo, 16/01/2025



Há aproximadamente dois mil anos, o Império Romano estava florescendo. Mas algo sinistro pairava no ar. Literalmente.

Uma poluição generalizada na forma de chumbo atmosférico estava afetando a saúde e a inteligência, relataram pesquisadores na semana passada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Durante cerca de dois séculos, a partir de 27 a.C., um período de relativa estabilidade e prosperidade conhecido como Pax Romana, o império se estendia por toda a EuropaOriente Médio e norte da África. Sua economia dependia da cunhagem de moedas de prata, o que exigia enormes operações de mineração.

No entanto, extrair prata da Terra produz muito chumbo, disse Joseph McConnell, cientista ambiental do Desert Research Institute, um grupo sem fins lucrativos baseado em Nevada (EUA), e o principal autor da nova pesquisa. “Se você produzir uma onça (unidade de medida que equivale a 28,35 gramas) de prata, teria produzido algo como 10 mil onças de chumbo.”

E o chumbo tem uma série de efeitos negativos no corpo humano. “Não existe um nível seguro de exposição ao chumbo”, disse Deborah Cory-Slechta, uma neurotoxicologista do Centro Médico da Universidade de Rochester que não esteve envolvida na pesquisa.

McConnell e seus colegas agora detectaram chumbo em camadas de gelo coletadas na Rússia e na Groenlândia que datam da época do Império Romano. O chumbo entrou na atmosfera a partir das operações de mineração romanas, pegou carona em correntes de ar e eventualmente caiu da atmosfera como neve no Ártico, supõe a equipe.

Os níveis de chumbo que McConnell e seus colaboradores mediram eram extremamente baixos, aproximadamente uma molécula contendo chumbo por trilhão de moléculas de água. Mas as amostras de gelo foram coletadas a milhares de quilômetros do sul da Europa, e as concentrações de chumbo teriam sido altamente dispersas após uma jornada tão longa.

Para estimar a quantidade de chumbo originalmente emitida pelas operações de mineração romanas, os pesquisadores trabalharam de forma reversa: usando poderosos modelos computadorizados da atmosfera do planeta e fazendo suposições sobre a localização dos locais de mineração, a equipe variou a quantidade de chumbo emitido para corresponder às concentrações que mediram no gelo.

Em um caso, eles assumiram que toda a produção de prata ocorria em um local de mineração historicamente importante no sudoeste da Espanha conhecido como Rio Tinto. Em outro caso, presumiram que a mineração de prata estava igualmente distribuída por dezenas de locais.

A equipe calculou que de 3.300 a 4.600 toneladas de chumbo eram emitidas na atmosfera a cada ano pelas operações de mineração de prata romanas. Os pesquisadores, então, estimaram como todo aquele chumbo seria espalhado pelo Império Romano.

“Executamos o modelo na direção correta para ver como essas emissões seriam distribuídas”, disse McConnell.

Com essas concentrações de chumbo na atmosfera em mãos, os pesquisadores usaram dados dos dias modernos para estimar quanto chumbo teria entrado na corrente sanguínea das pessoas na Roma antiga.

McConnell e seus colegas se concentraram em bebês e crianças. Os jovens são particularmente suscetíveis a absorver chumbo do ambiente por meio da ingestão e da inalação, disse o Dr. Bruce Lanphear, médico de saúde pública da Universidade Simon Fraser na Colúmbia Britânica que não esteve envolvido na pesquisa.

Nas últimas décadas, os níveis de chumbo no sangue das crianças foram correlacionados com uma série de métricas de saúde física e mental, incluindo QI, disse Cory-Slechta. “Temos dados reais sobre os escores de QI em crianças com diferentes concentrações de chumbo no sangue.”

Usando essas relações dos dias modernos, McConnell e sua equipe estimaram que as crianças em grande parte do Império Romano teriam cerca de 2 a 5 microgramas adicionais de chumbo por decilitro de sangue. Tais níveis correspondem a declínios de QI de aproximadamente 2 ou 3 pontos.

Para comparação, as crianças americanas nos anos 1970 tinham aprimoramentos médios nos níveis de chumbo no sangue de cerca de 15 microgramas de chumbo a mais por decilitro de sangue antes da eliminação gradual da gasolina com chumbo e das tintas com chumbo. Seu correspondente declínio médio de QI foi de cerca de 9 pontos.

Mas a exposição ao chumbo teria tido outros efeitos negativos nos romanos também. Níveis mais altos de chumbo no sangue também foram vinculados a maiores incidências de partos prematuros e funcionamento cognitivo reduzido na velhice. “Isso te segue ao longo da vida”, disse Lanphear.

Alguns estudiosos desenvolveram a hipótese de que o envenenamento por chumbo desempenhou papel importante no declínio do Império Romano. Mas essa ideia tem sido questionada, pelo menos no que diz respeito à água contaminada por tubulações de chumbo. Um estudo de 2014 mostrou que, embora as tubulações usadas para distribuir água em Roma aumentassem os níveis de chumbo, era improvável que a água fosse verdadeiramente prejudicial.

Esses novos achados fazem sentido, disse Hugo Delile, geoarqueólogo do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, que não esteve envolvido na pesquisa. “Eles confirmam a extensão da poluição por chumbo resultante das atividades de mineração e metalurgia romanas.”

De acordo com McConnell, a pesquisa também confere uma honra duvidosa à mineração romana. “Até onde sei, é o exemplo mais antigo de poluição industrial generalizada.”

 

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...