segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Uma nova ordem mundial nascente? Tianjin 2025: o momento histórico - Miguel do Rosário (O Cafezinho)

 

A vingança de Melos

Se, no futuro, historiadores tiverem de escolher uma data para marcar o início da nova ordem mundial, o encontro realizado em Tianjin entre 31 de agosto e 1º de setembro de 2025 será um forte candidato. Naquele fim de semana, com Washington impondo tarifas punitivas e insultando aliados tradicionais, a cidade portuária chinesa recebeu líderes […]

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Modi e Xi, 31 de agosto de 2025. Tianjin, China

Se, no futuro, historiadores tiverem de escolher uma data para marcar o início da nova ordem mundial, o encontro realizado em Tianjin entre 31 de agosto e 1º de setembro de 2025 será um forte candidato. Naquele fim de semana, com Washington impondo tarifas punitivas e insultando aliados tradicionais, a cidade portuária chinesa recebeu líderes de 26 nações que representam quase metade da humanidade. Os Estados Unidos se isolam pela coerção; o resto do mundo se organiza pela cooperação.

O paralelo histórico é inevitável, mas as diferenças são profundas. Em abril de 1955, 29 países emergentes reuniram-se em Bandung, na Indonésia, para lançar o primeiro movimento de não-alinhados da história moderna. Eram nações pobres, recém-independentes, em busca de um caminho entre as superpotências da Guerra Fria. Setenta anos depois, em Tianjin, já não são países fracos pedindo espaço, e sim potências econômicas redesenhando o mundo. A diferença de peso entre Bandung e Tianjin é clara: em 1955, os participantes somavam uma fração mínima da economia global; em 2025, os países reunidos na China concentram entre 35% e 40% do PIB mundial.

A China de 1955, representada por Zhou Enlai em Bandung, tinha papel quase irrelevante na manufatura global. A China de 2025, anfitriã em Tianjin, responde por cerca de 30% da produção industrial mundial e é a segunda maior economia do planeta. Em setores estratégicos, sua dominância é ainda mais nítida: 80% da produção de placas solares, 85% do processamento de terras raras e 60% da fabricação de carros elétricos. Essa transformação não é apenas chinesa; simboliza uma mudança tectônica que redefine o equilíbrio de poder. O encontro só poderia ocorrer na China porque apenas ela reúne, hoje, o peso econômico, tecnológico e diplomático necessário para sediar reunião dessa magnitude.

Há também uma diferença conceitual entre Bandung e Tianjin. Em 1955, os líderes apostaram no “não-alinhamento”, uma neutralidade que a história mostrou ser impossível. O Diálogo de Melos, narrado por Tucídides na História da Guerra do Peloponeso, ilustra o ponto. Em 416 a.C., os mélios pediram a Atenas o direito de permanecer neutros; a resposta foi a destruição da ilha: todos os homens foram mortos, mulheres e crianças escravizadas. As superpotências nunca toleraram neutralidade. No século XX, os Estados Unidos assumiram o papel de uma Atenas moderna, impondo ao mundo o ultimato: “quem não está conosco, está contra nós”. Bandung fracassou porque seus participantes eram, no fundo, novos mélios – sem força para resistir quando a hegemonia decidiu esmagá-los.

Dados exclusivos revelam o realinhamento

Dados obtidos com exclusividade pelo O Cafezinho junto ao banco de dados online da Alfândega chinesa revelam a dimensão dessa transformação geopolítica. Entre janeiro de 2019 e julho de 2025, o comércio exterior da China cresceu de forma sustentada, alcançando, em 2025, média móvel de 12 meses superior a US$ 520 bilhões – um aumento de 35% em relação ao início do período. Todos os números referem-se à corrente de comércio mensal, calculada pela média móvel de 12 meses para suavizar sazonalidades.

A recomposição dos parceiros comerciais é ainda mais reveladora. A participação dos Estados Unidos no comércio exterior chinês caiu de 13,5% em janeiro de 2019 para 10,3% em julho de 2025 – queda de 24% em termos relativos. No mesmo intervalo, os países do BRICS expandido (membros plenos e parceiros) passaram de 19,7% para 25,9%, alta de 31% em termos relativos. Os percentuais são calculados mensalmente com base na média móvel de 12 meses da corrente de comércio total.

Essa transferência líquida de 9,4 pontos percentuais – dos Estados Unidos para o BRICS – tem alcance histórico. Em valores absolutos, o BRICS movimenta hoje US$ 81 bilhões a mais que os Estados Unidos no comércio com a China, diferença equivalente ao PIB de países como Uruguai ou Croácia.

O novo Diálogo de Melos: quando os “fracos” têm armas nucleares

A diferença fundamental entre o Bandung original e o atual realinhamento está no poder de fato dos participantes. Quando Washington tenta repetir um “Diálogo de Melos” moderno, com ultimatos do tipo “escolha um lado”, a resposta deixa de ser submissão: é Tianjin – um realinhamento que não pede permissão.

Os protagonistas de 2025 aprenderam a lição. China, Rússia, Índia e outros não buscam “não-alinhamento” – neutralidade impossível –, mas sim realinhamento ativo em torno de uma multipolaridade que constroem. Quando o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ignora quatro ligações consecutivas do presidente americano, Donald Trump, e voa para encontrar Xi Jinping em Tianjin, não está sendo neutro: escolhe o lado da autonomia estratégica.

O encontro entre Xi e Modi, em 31 de agosto, foi particularmente simbólico. Era a primeira visita de um líder indiano à China em sete anos, exatamente no momento em que Washington aplicava tarifas de 50% a produtos indianos e autoridades americanas multiplicavam insultos. Trump chamou a Índia de “brutal” e disse que o país tem “economia morta”; o secretário do Tesouro, Scott Bessent, acusou a Índia de “apenas lucrar, revendendo” petróleo russo. Peter Navarro, assessor comercial, foi além: disse que a Índia é “lavanderia de dinheiro para a Rússia” e declarou que “esta é a guerra de Modi”, ao acusar o país de “usar nossos dólares para comprar petróleo russo”.

A resposta de Modi mostrou o tiro no pé da Casa Branca: em vez de ceder a ultimatos, a Índia aproximou-se ainda mais da China. Xi Jinping recebeu o primeiro-ministro com a frase “China e Índia são parceiros de cooperação, não rivais”, propondo um “pas de deux cooperativo do dragão e do elefante”. A reação indiana foi fazer o oposto do que Washington exigia: escolheu o caminho da soberania. Enquanto os Estados Unidos oferecem ultimatos e ofensas, Pequim oferece parceria e respeito mútuo.

Os dados confirmam que o pragmatismo econômico já aparece nos números. Mesmo com tensões fronteiriças históricas, a participação da Índia no comércio exterior chinês subiu de 2,1% para 2,4% entre janeiro de 2019 e julho de 2025 – avanço de 14% em termos relativos no período de seis anos e meio. A série mensal, suavizada por média móvel de 12 meses, indica tendência consistente de aproximação comercial.

A ASEAN: o bloco em maior ascensão

Talvez o dado mais impressionante seja o avanço da ASEAN entre 2019 e 2025. O bloco do Sudeste Asiático, com 650 milhões de habitantes, saltou de 12,7% para 16,5% de participação no comércio exterior chinês – crescimento de 30% em termos relativos, superando até o BRICS em dinamismo. A série mensal, com média móvel de 12 meses, mostra o maior ganho relativo entre todos os blocos analisados.

Esse crescimento importa porque indica que o realinhamento não é apenas obra de grandes potências, mas de blocos regionais inteiros que optam por uma integração que prescinde dos Estados Unidos. Países como Vietnã, Tailândia, Malásia e Singapura – alguns, aliados tradicionais de Washington – estão priorizando a integração econômica asiática em detrimento da dependência americana.

O Brasil e a cooperação Sul-Sul

A participação brasileira no comércio exterior chinês passou de 2,5% para 2,9% entre janeiro de 2019 e julho de 2025, alta de 16% em termos relativos no período, em paralelo ao aprofundamento das relações bilaterais e à expansão do BRICS.

Essa aproximação acelera justamente quando Washington aplica tarifas punitivas a produtos brasileiros e revoga vistos de autoridades nacionais. Pesquisa Genial/Quaest divulgada em agosto de 2025 confirma que a reorientação econômica já aparece na opinião pública: pela primeira vez, brasileiros veem a China mais favoravelmente (49%) do que os Estados Unidos (44%).

A ironia suprema: Trump criando o mundo que queria destruir

A grande ironia é que Donald Trump, ao tentar conter a ascensão chinesa e forçar países a “escolherem um lado”, acelerou o processo que pretendia impedir. Tarifas punitivas, insultos diplomáticos e ultimatos criaram o ambiente para que China, Rússia, Índia, Brasil e dezenas de outros países concluíssem que, para preservar a soberania, precisavam organizar-se coletivamente.

Quando mais de 20 países suspendem, em bloco, o envio de encomendas aos Estados Unidos após o fim de isenções tarifárias – política vigente desde 1938 –, quando a França cogita retaliar empresas digitais americanas, quando a Índia adota medidas restritivas e o Brasil estuda respostas comerciais, fica claro: o isolamento não é dos outros, é dos próprios Estados Unidos.

Tianjin 2025: o momento histórico

O encontro de Tianjin não foi apenas mais uma cúpula diplomática. Foi o momento em que o mundo multipolar deixou de ser aspiração e tornou-se realidade concreta. Quando Vladimir Putin chega à China com três vice-primeiros-ministros e mais de dez ministros para seu sexto encontro com Xi Jinping em 2025; quando António Guterres, secretário-geral da ONU, participa da cúpula da SCO (Organização para Cooperação de Xangai), legitimando o multilateralismo asiático; quando Modi e Xi falam em “parceria do dragão e do elefante” — não se trata de diplomacia de rotina.

Estamos vendo o nascimento de uma nova ordem mundial.

Os dados obtidos por O Cafezinho, a partir da Alfândega chinesa, confirmam o realinhamento: entre janeiro de 2019 e julho de 2025, a participação americana no comércio exterior chinês caiu 24%, enquanto o BRICS cresceu 31% e a ASEAN, 30%. É a medida precisa de um movimento geopolítico que redefine o século XXI. Todos os dados são mensais e calculados por média móvel de 12 meses para suavizar variações sazonais.

Os novos mélios têm US$ 40 trilhões

Diferentemente do Bandung original, que fracassou porque seus participantes eram economicamente fracos e militarmente vulneráveis, o movimento atual — mais que “não-alinhado”, um verdadeiro realinhamento — tem poder para sustentar suas escolhas: 3,5 bilhões de pessoas, US$ 35–40 trilhões de PIB, armas nucleares, controle de recursos energéticos e tecnologias de ponta.

Quando Washington tenta hoje reeditar o “os fortes fazem o que podem”, a resposta já não é a submissão dos fracos. É Tianjin: a demonstração de que os novos mélios têm poder suficiente para escrever suas próprias regras. Diferentemente dos mélios originais, massacrados pelos atenienses, estes novos mélios dispõem de dissuasão nuclear, cerca de US$ 40 trilhões de PIB e 45% da população mundial.

O encontro de 31 de agosto de 2025, em Tianjin, não foi apenas um marco diplomático. Foi o momento em que a história virou a página: o dia em que o mundo descobriu que a multipolaridade havia deixado de ser sonho para se tornar força irresistível.

Luis Fernando Veríssimo: o cronista e a sociedade em movimento - Paulo Baía

Luis Fernando Veríssimo: o cronista e a sociedade em movimento

             * Paulo Baía 

Há cronistas que se confundem com o próprio país, como se sua pena tivesse nascido para traduzir o Brasil em pequenas doses de humor, acidez e erudição. Luis Fernando Veríssimo pertence a essa linhagem rara. Ele não escreveu apenas sobre fatos, escreveu sobre modos de vida, sobre os gestos mínimos que revelam as estruturas invisíveis da sociedade. Fez da crônica um território de investigação antropológica, mas com a leveza da literatura e a pontaria do jornalismo. Ler Veríssimo é compreender que a crítica social pode vir embalada em ironia, que a observação política pode se esconder em diálogos cotidianos e que a história de um país cabe em poucas linhas se o olhar for suficientemente afiado.

Veríssimo dominava a arte de olhar para o detalhe e, a partir dele, alcançar a totalidade. O machismo que se expunha em uma frase desajeitada no jantar de família, o autoritarismo que se infiltrava em discursos oficiais, a desigualdade que se manifestava na diferença entre quem aguardava na fila e quem furava o protocolo, tudo virava matéria de análise. A crônica, em suas mãos, tornava-se uma espécie de etnografia cotidiana, um retrato sociológico daquilo que não costuma aparecer nas estatísticas, mas molda de forma profunda a experiência coletiva. No Brasil, onde a política se mistura ao humor involuntário dos governantes e onde a tragédia social convive com a criatividade cultural, Veríssimo encontrou material inesgotável. Ele podia partir de um episódio trivial para desmontar, com sutileza, as pretensões das elites, a arrogância dos poderosos, a insensibilidade dos que tratam a desigualdade como se fosse destino natural. Mas fazia isso sem panfletarismo, com a elegância de quem sabia que uma ironia bem colocada é mais devastadora do que longas diatribes. O riso que provocava era sempre acompanhado de incômodo, porque fazia ver o que estava naturalizado.

A política foi um de seus alvos mais constantes. Acompanhou governos, denunciou contradições, riu dos discursos solenes que escondiam farsas e apontou o abismo entre o que se dizia em Brasília e o que se vivia nas ruas. Ao mesmo tempo, nunca deixou de lado a dimensão cultural, entendendo que literatura, cinema, televisão e música são arenas de disputa simbólica. O cronista que comentava jazz com paixão era o mesmo que desnudava os mecanismos do preconceito ou ironizava o consumismo vazio. Essa multiplicidade é a marca de um intelectual que não se restringiu a um campo específico, mas atravessou fronteiras com a naturalidade de quem reconhece a complexidade da vida social.

O humor, em Veríssimo, nunca foi superficial. Era método de análise, recurso sociológico, arma política. Seu humor revelava as incoerências do cotidiano e expunha a hipocrisia das instituições. Era um riso que desorganizava certezas, que desmontava verdades aparentemente inabaláveis. Ao rir de si mesmo, ao rir dos brasileiros, convidava à reflexão crítica sobre o que somos e sobre o que fingimos ser. O humor, nesse sentido, era tão político quanto qualquer discurso inflamado, mas infinitamente mais eficaz, porque alcançava leitores de todos os tipos. O cronista foi também um memorialista, não apenas no sentido de resgatar lembranças pessoais, mas de registrar a memória coletiva de um país em transformação. Cada texto guardava o espírito de uma época, servindo de arquivo para futuras gerações entenderem como se discutiam certos temas, como se pensava a democracia, como se elaboravam as tensões entre tradição e mudança. Ler Veríssimo hoje é reencontrar o Brasil em movimento, perceber os debates que se transformaram e os preconceitos que resistiram.

Há também um componente antropológico em sua obra. Ele descrevia os comportamentos com a paciência de um etnógrafo, atento a códigos invisíveis e rituais sociais. Seus personagens, muitas vezes caricatos, revelavam dimensões profundas da cultura brasileira. A graça não estava apenas na piada, mas no reconhecimento de que aquela piada dizia algo sério sobre o país. O marido perdido no supermercado, o funcionário público indeciso, o eleitor desconfiado, todos condensavam traços de uma coletividade marcada por contradições, espertezas e fragilidades. No plano literário, Veríssimo conseguiu o feito raro de unir sofisticação e simplicidade. Escrevia para que qualquer leitor entendesse, mas sem abrir mão da precisão estilística, da construção engenhosa, do ritmo que fazia o texto fluir como música. Sua prosa tinha a leveza de uma conversa de bar e a densidade de um ensaio acadêmico. Essa combinação explica por que foi lido por milhões e respeitado por intelectuais de diferentes áreas.

O Brasil é um país que sempre necessitou de intérpretes e Veríssimo foi um dos mais originais. Não ofereceu grandes sistemas teóricos, mas ofereceu o olhar atento para o detalhe que desvela o sistema. Não escreveu tratados de sociologia, mas escreveu crônicas que cumpriam esse papel com mais eficácia do que muitos estudos acadêmicos. Sua genialidade esteve justamente em traduzir o complexo em linguagem acessível, em transformar o drama em humor, em fazer da literatura um exercício de consciência crítica. Luis Fernando Veríssimo não apenas escreveu sobre o Brasil, escreveu o Brasil. Registrou suas idiossincrasias, denunciou suas injustiças, celebrou suas invenções culturais, criticou suas autoridades, ironizou suas contradições. Fez da crônica um gênero central para entender a sociedade e, ao mesmo tempo, uma arte literária que dignifica a palavra escrita. Ao lê-lo, rimos, refletimos e nos reconhecemos. E é nesse espelho, construído com leveza e rigor, que a sociedade brasileira pôde se ver mais claramente.

Luis Fernando Veríssimo permanece como um desses raros autores que ultrapassam o tempo. Sua obra é memória e é futuro, porque continua a dialogar com cada nova geração que descobre no humor a força da crítica e no detalhe cotidiano o reflexo de uma nação inteira. Sua crônica é música que nunca cessa, jazz que improvisa sem perder o ritmo, palavra que brinca e ensina. É literatura que se abre como janela para um Brasil que insiste em rir, chorar e resistir ao mesmo tempo. Ele nos deixou um legado que não cabe em prateleiras, mas se espalha em cada leitor que aprende a olhar o mundo com desconfiança e delicadeza. Ler Veríssimo é continuar acreditando que a ironia pode ser ética, que o riso pode ser revolucionário, que a palavra pode ser mais forte do que qualquer arma. Por isso, ao lembrarmos de Luis Fernando Veríssimo, lembramos de nós mesmos. Somos o país que ele escreveu, somos o espelho que ele devolveu com generosidade e inteligência. E, enquanto houver leitores atentos, seu olhar continuará vivo, desafiando o conformismo e celebrando a beleza escondida nos gestos mais simples.

               * Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ

https://www.revistaprosaversoearte.com/luis-fernando-verissimo-o-cronista-e-a-sociedade-em-movimento-por-paulo-baia/ 

domingo, 31 de agosto de 2025

Há um cartel de drogas liderado por Maduro na Venezuela, como afirma o governo Trump? Pesquisador diz que não é bem assim - Daniel Médici G1

Há um cartel de drogas liderado por Maduro na Venezuela, como afirma o governo Trump? Pesquisador diz que não é bem assim

Para especialista, EUA criam 'versão de Hollywood' do Cartel de los Soles para acusar presidente de ser um dos cabeças do grupo. A organização não é centralizada em uma figura como Pablo Escobar ou 'El Chapo', mas uma rede difusa que Maduro ajudou a instalar e a qual ele usa para se manter no poder.

Por Daniel Médici
G1, 31/08/2025 06h00


https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/31/ha-um-cartel-de-drogas-liderado-por-maduro-na-venezuela-como-afirma-o-governo-trump-pesquisador-diz-que-nao-e-bem-assim.ghtml

Ao mesmo tempo em que os EUA estacionam uma frota de guerra de última geração e 4.000 militares perto da costa da Venezuela, o governo Trump reitera as acusações de narcoterrorismo contra o presidente do país, Nicolás Maduro.
Para Washington, Maduro é o chefe de uma organização criminosa chamada “Cartel de los Soles”, um poderoso grupo que atua no tráfico de drogas da América do Sul para os EUA, inclusive para desestabilizar a sociedade do país.
A Casa Branca colocou o grupo na mira de seu aparato militar ao declarar as organizações de tráfico de drogas a organizações terroristas.
As conclusões do governo americano são contestadas, no entanto, por quem pesquisa o assunto.
Para especialistas, Maduro não seria o cabeça da organização, porque o Cartel de los Soles não é um grupo com uma hierarquia definida, mas uma “rede de redes” que facilita o tráfico de drogas e lucra com ele, composta de membros das mais diversas patentes militares e estratos políticos da Venezuela.
Apesar disso, há indícios de que Maduro, mesmo não sendo o líder, é um dos principais beneficiários de uma “governança criminal híbrida” que ele ajudou a instalar no país.
A definição vem do trabalho de Jeremy McDermott, cofundador e codiretor do InSight Crime, uma fundação que estuda o crime organizado nas Américas, já ouvidas por jornais como "The New York Times", o "The Washington Post" e "The Guardian".
Para ele, o Cartel de los Soles não é uma organização centralizada como alguns de seus “irmãos” mais famosos, como o Cartel de Sinaloa de “El Chapo” Guzmán ou o Cartel de Medellín, de Pablo Escobar.
Maduro e os chavistas, ele diz, não controlam o tráfico e se beneficiam da compra e venda de cocaína, mas distribuem concessões a militares e aliados, em troca de sua manutenção no poder (leia mais abaixo).
McDermott viveu e trabalhou em Medellín, na Colômbia, por 25 anos, analisando os cartéis de drogas que atuam na região.
Nome dado pela imprensa
O pesquisador explica que s origens do esquema vêm de muito antes de Hugo Chávez assumir o poder.
O nome “Cartel de los Soles” não foi dado pelos próprios integrantes, e eles provavelmente se identificam como parte do grupo, nesses termos.
“O nome Cartel de los Soles foi cunhado pela mídia, primeiro para descrever elementos corruptos da Guarda Nacional da Venezuela que estavam envolvidos no tráfico de drogas”, explica McDermott.
Ele foi usado pela primeira vez em 1993, na época dos julgamentos dos generais da divisão antidrogas Ramón Guillén Davila e Orlando Hernández Villegas, acusados de ligações com o tráfico.
O nome (Cartel dos Sóis, em português) vem das insígnias militares usadas pelos generais venezuelanos.
“O termo tem sido usado desde então para descrever todas as atividades de tráfico de drogas enraizadas no Estado e foi usado pelo Departamento de Justiça dos EUA na acusação que incluiu Nicolás Maduro”, completa o pesquisador.
Suas origens, portanto, são anteriores à eleição que marcou a ascensão de Hugo Chávez ao poder no país, em 1999.

O vaivém do deslocamento de navios militares dos EUA para a Venezuela
Segundo o InSight Crime, alguns fatores levaram à criação de laços entre o tráfico de drogas e o chavismo. Em primeiro lugar, na vizinha Colômbia, as FARC – grupo guerrilheiro de esquerda que usava o tráfico como forma de se financiar – era alvo de uma intensa campanha do então presidente Álvaro Uribe, com apoio militar dos EUA.
Isso levou as FARC a levar parte de suas operações ao outro lado de uma fronteira mal vigiada.
Em 2002, Chávez foi brevemente destituído por um golpe de Estado, rapidamente reconhecido por Washington.
Ele estaria de volta ao poder em menos de 48 horas, mas, depois do episódio, “Chávez procurou angariar apoio entre os militares elevando-os a cargos governamentais influentes ou dando oportunidades de contratos lucrativos, fazendo vista grossa à crescente corrupção militar”, diz o centro de pesquisa.
“Durante a presidência de Chávez, até sua morte, o tráfico de cocaína aumentou e os traficantes colombianos que dominavam o comércio foram cada vez mais substituídos por autoridades venezuelanas que trabalhavam com grupos rebeldes colombianos”, afirma McDermott.
Maduro no poder
A lógica de tolerância à corrupção militar depois que Chávez morreu, em 2013, deixando Nicolás Maduro em seu lugar.
Sem o líder do movimento, e frente a uma crise econômica, Maduro e o chavismo buscaram uma forma de manter os militares a seu lado: uma delas foi tolerar a associação deles com o tráfico. As propinas recebidas também serviram como uma forma de complementar o salário, num momento em que o poder de compra despencava no país.
“Nesse contexto, o Cartel de los Soles evoluiu para um sistema de patrocínio criminoso no qual a cocaína é usada para ajudar a sustentar o governo de Maduro”, diz o InSight Crime.
De acordo com o centro de pesquisas, o governo Maduro tem a capacidade de “premiar” militares leais com a lotação em áreas onde o tráfico fornece mais rendimentos.
O apoio ao tráfico se dá em várias frentes: na proteção de rotas de passagens da droga, eventualmente no transporte da cocaína em veículos oficiais, na cobrança de “pedágios” ou até mesmo providenciando o embarque do produto em portos em aeroportos.
“O tráfico de cocaína aumentou desde que Maduro assumiu o poder em 2013, mas o que realmente mudou foi o sistema de governança criminal híbrida que Maduro instalou para se manter no poder, que fez com que o tráfico de drogas se tornasse cada vez mais controlado e regulado de dentro do regime”, afirma McDermott.

Versão de Hollywood
No entanto, o centro de pesquisa aponta que o governo dos EUA faz uma simplificação e cria uma “versão de Hollywood” ao dizer que Maduro é o chefe do cartel.
Em 2020, durante o primeiro governo Trump, sancionou Maduro sob a alegação de ele ser “um dos líderes e gerentes do Cartel de los Soles”.
“O Cartel de Los Soles buscava não apenas enriquecer seus membros e aumentar seu poder, mas também ‘inundar’ os Estados Unidos com cocaína e infligir os efeitos nocivos e viciantes da droga aos usuários nos Estados Unidos”, dizia o anúncio do Departamento de Estado.
Washington colocou uma recompensa para qualquer informação que ajude a prender Maduro, atualmente reajustada para US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões).
Essa visão é contestada pelo InSight Crime: os membros do grupo têm objetivos muito mais econômicos do que ideológicos, tanto que o tráfico partindo da Venezuela aumentou tanto em direção aos EUA quanto à Europa.
“Hoje, o termo genérico ‘Cartel de los Soles’ mascara o fato de que o eixo Estado-tráfico de drogas é menos uma rede administrada pelos militares e políticos chavistas e mais um sistema que eles regulam”, define o centro.
“As evidências disponíveis sugerem que o regime de Maduro mantém o controle desse sistema em âmbito nacional não por meio da intermediação de negócios de cocaína, mas alocando e distribuindo concessões, nomeações eleitorais e garantindo proteção.”Após declarar o cartel como uma organização terrorista, o governo Trump mobilizou um arsenal militar no Mar do Sul do Caribe, perto da costa venezuelana, incluindo navios capazes de lançar mísseis teleguiados a centenas de quilômetros de distância.
Especialistas contestam a capacidade dos militares americanos em lutar contra o tráfico com armas de guerra.
A conclusão é compartilhada por McDermott. Para ele, isso não vai impedir a chegada da droga nos EUA: “Tudo o que a mobilização naval fará é dificultar o tráfico marítimo via Venezuela, levando o comércio para outros pontos de partida na América do Sul”.

Roubo escancarado: Por que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS assusta o governo Lula - Wilson Lima (Crusoé)

    A matéria é importantíssim, pois avalio que essa roubalheira é ainda maior e muito mais grave e indisiosa que o Petrolão, que incidiu sobre poucas empresas, sobretudo a Petrobras, e que roubou bilhões da empresa e do Tesouro. 

    O roubo dos sindicatos incidiu sobre pequenos valores, mas multiplicado milhões de vezes, sobre milhões de aposentados, ao longo de anos e anos. Ou seja, roubou bilhões e bilhões sobre milhões de pessoas modestas, descaradamente, impiedosamente, vergonhosamente, inclusive os sindicato que teoricamente deveriam defender aposentados, pensionistas, de muito poucos recursos.

    O autor da matéria comete um pequeno erro logo ao início, ao escrever que: 

A operação da Polícia Federal, batizada de "Sem Desconto", revelou um escândalo bilionário de fraudes por meio de descontos associativos que atingiu os cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entre 2019 e 2024...

    Não, as fraudes não incidiram sobre "os cofres do INSS", que aliás não existem. O INSS recolhe impostos de TODOS os brasileiros, que deveriam ser empregados para pagar os aposentados que saem de contribuintes e entram na categoria de beneficiários todos os anos.. O certo seria que cada um dos contribuintes tivesse uma conta de CAPITALIZAÇÃO e não fosse submetidos ao sistema de REPARTIÇÃO como é hoje. Mas o ROUBO não incidiu sobre os COFRES do INSS, mas sobre as CONTAS INDIVIDUAIS de cada beneficiário, por FRAUDES que receberam, SIM, a colaboração do INSS, ou de seus funcionários bem colocados. A CUPIDEZ maior, obviamente é dos SINDICATOS, que estão sendo PROTEGIDOS pelo governo que representa justamente a REPÚBLICA SINDICAL. 

Isso tem de ficar bastante CLARO.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 31 de agosto de 2025


https://crusoe.com.br/noticias/roubo-escancarado/?utm_medium=email&utm_campaign=mkt_-_materia_completa-assinantes-3108&utm_source=RD+Station

 

O problema não é o processo por golpe: é o não processo por mortes na pandemia - Paulo Roberto de Almeida; Jack Nicas e Ana Ionova (New York Times)

Transcrevo, a partir da postagem do Walmyr Buzatto, e apenas uma nota introdutória minha:

PRA: O grande erro dos brasileiros, em geral, mas da classe política (muito medíocre) em especial, e do STF em último lugar, não está em conduzir um processo contra um criminoso político apenas dois anos, ou mais, depois das tentativas de golpe (foram várias), mas em não processá-lo no momento imediato em que ele negligenciou os cuidados necessários pela saúde e a vida de milhares de cidadãos, e não apenas por omissão de cuidados, mas sim por total oposição ativa a métodos preventivos e à falta total de cuidados curativos, junto com seu generaleco criminoso no comando da Saúde da população. Foram milhares de mortos que não “precisariam” ter morrido. Esses foram os grandes crimes da dupla Bozo-Pazuello e de outros vilões dessa tenebrosa história, como o político Osmar Terra e outros apoiadores do negacionismo médico (vacinal, profilático e curativo). O assassinato da democracia começou bem antes das tentativas concretas de golpe de Estado, inviável na prática por incompetência e covardia do psicopata eleito democraticamente (não foi o único, como se sabe). PRA

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O Dilema Democrático do Brasil: Como Processar um Presidente

Por Jack Nicas e Ana Ionova, no New York Times de 29/08/2025*

Os repórteres cobriram o debate sobre o poder do judiciário brasileiro por quatro anos.

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, está indo a julgamento. Mas seu caminho lá despertou a preocupação de que o judiciário tenha excedido seus limites.

O Brasil colocará o ex-presidente Jair Bolsonaro em julgamento na próxima semana sob a acusação de tentativa de golpe depois de perder a eleição de 2022. Se condenado, ele poderia enfrentar décadas na prisão.

Muitos brasileiros — e muitos americanos assistindo de longe — veem este momento como um triunfo da democracia.

O Brasil, que emergiu de uma ditadura brutal há apenas 40 anos, terá realizado algo que os Estados Unidos não conseguiram: levar um ex-presidente a julgamento por acusações criminais de que ele tentou se apegar ao poder depois de perder uma eleição.

No entanto, a maneira como o Brasil fez isso deixou a nação lutando com perguntas desconfortáveis sobre a própria democracia que buscava proteger.

Essas perguntas começam com a Suprema Corte do Brasil.

Nos últimos seis anos, o tribunal se deu novos poderes extraordinários para enfrentar o que via como uma ameaça extraordinária representada pelo Sr. Bolsonaro e seus ataques às instituições. Pela primeira vez, o tribunal pôde lançar e conduzir suas próprias investigações extensas, mesmo quando a vítima era o próprio tribunal.

Para exercer essa nova autoridade e perseguir o Sr. Bolsonaro, o tribunal autorizou um juiz de linha dura, Alexandre de Moraes.

Durante o tempo em que o Sr. Bolsonaro liderou o país de 2019 a 2022, o presidente e seus apoiadores ameaçaram juízes, questionaram eleições, lançaram a ideia de uma tomada militar do poder e desencadearam uma onda de falsidades turbinadas pela internet.

Em resposta, o juiz Moraes ordenou invasões, censurou contas on-line, bloqueou redes sociais e, em alguns casos, prendeu pessoas sem julgamento.

Esses esforços resultaram em uma transferência bem-sucedida de poder, apesar da recusa do Sr. Bolsonaro em admitir que ele foi derrotado — e agora o rápido processo do ex-presidente e seus aliados.

Mas também levantou uma questão complicada: esta é uma virada perigosa e autoritária para o mais alto tribunal do Brasil? Ou é uma democracia imperfeita tentando o seu melhor para lidar com uma ameaça autoritária na era da internet?

“Como o tribunal reagiu? Com várias falhas, com uma série de erros”, disse Walter Maierovitch, jurista e juiz aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo. “Esses erros não apagam ou justificam a tentativa de golpe. Mas eles não devem ser repetidos.”

Por anos, o Brasil esteve lutando com esse debate por conta própria. Então, no mês passado, o presidente Trump interveio.

Em uma intervenção impressionante, o Sr. Trump enviou uma carta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, exigindo que as acusações contra o Sr. Bolsonaro sejam retiradas. Ele chamou o caso de “caça às bruxas” e disse que se vê no Sr. Bolsonaro — um líder dissidente politicamente perseguido pelo “Estado Profundo”. Desde então, ele lançou uma ofensiva multifrontal de tarifas íngremes, uma investigação comercial e severas sanções ao juiz Moraes.

Esses movimentos parecem apenas endurecer a determinação do governo e do judiciário brasileiros.

“O processo deve prosseguir livremente, sem interferência política”, disse o presidente do Brasil, Sr. Lula, em uma entrevista no mês passado. “Posso garantir que Alexandre de Moraes é uma pessoa séria”, acrescentou. “Eu confio totalmente no judiciário para fazer seu trabalho.”

O juiz Moraes, que se recusou a ser entrevistado para este artigo, há muito aponta para o apoio de seus colegas da Suprema Corte em muitas de suas decisões. Ele está presidindo o julgamento do Sr. Bolsonaro e, nas últimas semanas, prometeu manter o curso.

“Não há a menor das possibilidades de recuar nem mesmo um milímetro”, disse ele ao The Washington Post este mês.

Gilmar Mendes, o juiz mais antigo da Suprema Corte, disse em uma entrevista na quinta-feira que as críticas devem ser direcionadas ao Sr. Bolsonaro e seus aliados, não ao tribunal.

“Eles dizem que somos nós que estamos abusando do nosso poder?” Ele disse. “Se tivéssemos nos encolhido e não agido, eles provavelmente teriam fechado” a agência eleitoral do Brasil.

No final do ano passado, alguns funcionários, juristas e advogados constitucionais brasileiros estavam levantando preocupações de que o juiz Moraes não tivesse responsabilidade e se recusado a ceder seus poderes expandidos, embora o Sr. Bolsonaro estivesse fora do cargo há dois anos.

Mas agora o governo brasileiro e a Suprema Corte colocaram a democracia do país nas mãos do juiz Moraes.

Em 30 de julho, os Estados Unidos atingiram o juiz Moraes com sanções, acusando-o de “uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados”. A Suprema Corte do Brasil respondeu apoiando o juiz Moraes e suas decisões. No mesmo dia, o Sr. Lula convidou os juízes para jantar no palácio presidencial em uma demonstração de apoio.

Na semana passada, outro juiz da Suprema Corte decidiu que medidas estrangeiras não podem efetivamente ser aplicadas no Brasil sem a aprovação do tribunal superior — uma decisão amplamente vista como um esforço para proteger o juiz Moraes das penalidades financeiras das sanções.

Talvez o mais significativo, o presidente do Senado do Brasil, a instituição encarregada de responsabilizar a Suprema Corte, disse que não realizaria uma votação sobre o impeaching do juiz Moraes, apesar dos colegas senadores alegarem ter votos suficientes para chamar o juiz.

Os brasileiros parecem divididos. Cerca de 46% apoiam o impeaching do juiz Moraes, enquanto 43% se opõem à medida, de acordo com uma pesquisa este mês da Quaest, uma empresa de pesquisa brasileira. A mesma pesquisa descobriu que 52% dos brasileiros acreditam que o Sr. Bolsonaro tentou um golpe, contra 36% que não o fazem.

Em 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, a direita brasileira está planejando protestos em massa para iniciar o impeachment do juiz Moraes e denunciar a acusação do Sr. Bolsonaro.

Mas em Brasília, a capital do país, há um ar de inevitabilidade na condenação do Sr. Bolsonaro.

As evidências contra o Sr. Bolsonaro, coletadas pela polícia ao longo de quase dois anos, são extensas. Ele mesmo disse que discutiu maneiras de manter o poder, enfatizando que todas as opções que ele estava ponderando eram medidas estabelecidas na Constituição do país.

Para considerar o Sr. Bolsonaro culpado, três dos cinco juízes da Suprema Corte que estão supervisionando seu julgamento devem votar para condenar. Isso é considerado altamente provável, já que o painel inclui o juiz Moraes; outro juiz que é o ex-ministro da justiça do Sr. Lula; e um terceiro que é o ex-advogado pessoal do Sr. Lula.

Além do julgamento, a Suprema Corte do Brasil também deve ponderar se deve continuar a implantar seu enorme poder enquanto o país se prepara para a eleição presidencial do próximo ano - outro teste de seu processo eleitoral em uma nação profundamente polarizada e extremamente online.

O tribunal pode novamente ser chamado — ou pode assumir - para atuar como árbitro.

Com as ações do Sr. Bolsonaro, “a Suprema Corte foi forçada a entrar em um território que nunca havia entrado antes”, disse Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da Universidade de São Paulo.

Mas, ele acrescentou, os juízes não devem permitir que interesses individuais e a política manchem suas decisões, assim como se encarregam dos debates mais cruciais de sua nação. “Isso o deixa institucionalmente frágil”, disse ele.

*traduzido por IA com revisão e alguns ajustes meus. (WB)”

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