O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Notas de leitura: balanco pouco critico dos anos Lula (livro)

Estou terminando de ler mais este livro:

João Paulo de Almeida Magalhães et alii:
Os anos Lula: contribuições para um balanço crítico, 2003-2010
(Rio de Janeiro: Garamond, 2010, 424 p.; ISBN: 978-85-7617-196-6)

O livro é patrocinado pelo Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, cujos economistas são todos comprometidos, ao que parece, com uma visão do mundo que está claramente expressa na Apresentação de seu ex-presidente no período 2009-2010, Paulo Passarinho.
Seus associados sempre se “pautaram pela defesa de um novo modelo econômico para o Brasil, coerente com nossas preocupações com a real democratização do país, a defesa da soberania nacional e de uma concepção do desenvolvimento econômico e social capaz de reduzir as imensas desigualdades que nos marcam.” (p. 7)
Dito assim, quem não concordaria com as palavras do apresentador?
O problema é que logo em seguida ele confessa que se posicionam claramente contrários “às reformas implantadas no Brasil a partir dos governos Collor de Mello, Itamar Franco e FHC. Essas reformas procuraram conferir ao país um novo quadro jurídico-institucional, particularmente como suporte para um novo modelo econômico, baseado nas aberturas financeira, comercial, produtiva e tecnológica.” (p. 8).
Ou seja, o presidente do Conselho confessa que ele e seus associados são contra qualquer abertura. E qual seria a razão?
“Esse conjunto de reformas – verdadeiras contrarreformas, pelos seus aspectos antinacionais e antipopulares – tiveram o papel de introduzir em nosso país, de forma tardia, o receituário propugnado pelo chamado Consenso de Washington, anteriormente já aplicado em vários países da América Latina”.

Supõe-se, a partir daí, que o livro conterá uma análise dessas prescrições e o que delas resultou, concretamente, nos países que as aplicaram, com base em dados objetivos e passíveis de confronto com a realidade empírica. Não é isso, entretanto e infelizmente, que ocorre, pois todo o livro é pautado por críticas ligeiras às administrações anteriores, sem muitos dados comparativos. A intenção seria denegrir o suposto neoliberalismo dos antecessores, embora a administração Lula tampouco seja isenta de críticas, não porque tenha afundado a economia do país, mas porque não rompeu com o modelo neoliberal do antecessor.
Como então condenar o modelo anterior, se o governo Lula não rompeu com ele, e sobre sua base construiu seu sucesso econômico e social? Esta é a quadratura do círculo que este livro não consegue responder.

O livro pretende verificar como se desempenhou o governo Lula, ou, em suas palavras: “avaliar em que medida os compromissos históricos de mudanças estruturais no país, inclusive reafirmados na polêmica Carta aos brasileiros, foram satisfeitos” (p. 9).
O espírito que anima os autores e organizadores do livro pode ser evidenciado nesta frase: “Os efeitos que a ideologia dominante exerce sobre o conjunto da sociedade são notórios, em particular com a brutal apologia do individualismo e do exercício do consumismo como formas de realização humanas” (p. 11-12). Em outras palavras: os autores são contra o consumismo e o individualismo, preferindo, por dedução lógica o não consumo e o coletivismo.
Trata-se, sem dúvida alguma, da mesma ideologia ingênua, anticapitalista e antimercado, que permeia quase todo o discurso acadêmico, geralmente inócuo e totalmente desprovido de consistência real, como ainda evidenciado por esta frase:
“No plano objetivo do desenvolvimento econômico e social, aprofundamos [entendo que isto se refira ao governo Lula também] a inserção subalterna da economia brasileira a um mundo sob hegemonia da globalização financeira e fortemente marcado por pressões das potências econômicas, soberanas nas definições de suas prioridades.” (p. 12).
Ou seja, mais uma vez estamos em face de um déjà vu absoluto, um linguajar tão batido e repisado que custa a crer que pessoas do século 21 ainda retomem o vocabulário e as opiniões de meio século atrás para apresentar um livro supostamente de balanço crítico. Custa a crer que nossa academia tenha avançado tão pouco, e que ela continue movida ainda por esse festival de besteirol requentado.
Para esses autores, a “adoção da agenda liberalizante [dos anos 1990, ou seja FHC] ganha hegemonia e sepulta de vez o passado desenvolvimentista do país, ao construir um novo consenso em torno da pauta de reformas ditada pelos interesses do capital financeiro, cristalizando uma unidade programática entre os seus diversos setores – bancos, multinacionais e grandes corporações nacionais”. (p 14).
Eu me pergunto se o mesmo não se aplica ao governo Lula?
O balanço desse governo é oferecido ao final da apresentação de Paulo Passarinho:
“Junto com a aparência de avanços das políticas governamentais – em particular na área macroeconômica, e com o apoio explícito da mídia dominante –, observamos um forte e contínuo endividamento do Estado, o comprometimento de nossas finanças com uma gigantesca carga de pagamento de juros e o sacrifício permanente de áreas vitais ao dia a dia da população, como são os casos notórios da saúde, da educação, dos transportes de massa ou das segurança pública.” (p. 17)
Tirando-se o chavão “mídia dominante”, pode-se até concordar com esse tipo de diagnóstico, com alguns matizes.
Mas é surpreendente que os autores não façam nenhuma conexão entre o endividamento do Estado e a carga de juros, entre a constante rapina de recursos privados por parte do Estado e a ausência do atendimento adequado a todos esses problemas apontados acima, entre uma carga tributária extorsiva e o baixo nível dos investimentos produtivos.
O que surpreende nos economistas que participaram neste tipo de livro é que eles pedem a volta das mesmas políticas que foram aplicadas durante anos e décadas no Brasil “desenvolvimentista” dos anos 1950 e durante o período militar e não se dão conta que foram as mesmas políticas que nos levaram à situação em que nos encontramos hoje.

Para evidenciar a “metodologia” bizarra adotada pelos autores, ressalto apenas uma das áreas notoriamente carentes de mudança e sobre a qual pairam perspectivas sombrias: a educação.
O capítulo dedicado a este tema, “Educação no governo Lula da Silva: a ruptura que não aconteceu”, assinado por Roberto Leher. O autor já começa dizendo que “no governo Cardoso já estava em curso a adequação da educação ao padrão de acumulação advindo da crise da dívida de 1982 e do ajuste provocado pela renegociação da dívida nos anos 1990, processo que engendrou mudanças importantes na economia e que, na perspectiva dos setores dominantes, exigiria a conformação de um outro ethos educativo.” (p. 369)
Por aí se vê a mentalidade do analista da educação brasileira, que é contra o setor privado e acha que tudo foi feito pelos setores dominantes para desmantelar a educação brasileira: “De fato, o governo Cardoso foi abertamente contra a educação pública. (...) Sua opção inequívoca foi pela mercantilização da educação e pelo ajuste da educação de massa a um padrão de acumulação do capital que requer grande volume de trabalho simples.” (p. 370-371).
Este é o compasso das “análises” registradas ao longo de um livro que não oferece exatamente um balanço do governo Lula, e se ele é crítico, o é geralmente pelas vias equivocados e por motivos errados, supostamente pelo lado da “esquerda”, mas que acaba sendo uma via conservadora e até reacionária de “não-mudança” social e econômica. Como diz o próprio autor: “O ProUni e o Fies estão em antípoda com os valores da esquerda.” (p. 388). Constatando-se que esta é a opinião da maioria dos professores e dos seus sindicatos, pode-se confirmar que a educação brasileira não corre nenhum risco de melhorar no futuro previsível, como, aliás, nem a qualidade das políticas econômicas do governo.
O balanço é melancólico, se podemos extrair alguma conclusão...

Paulo Roberto de Almeida
4/07/2011

Notas de leitura: A financeirizacao e o retrocesso mental (livro)

Estou lendo este livro:

Luiz Cláudio Marcolino e Ricardo Carneiro (organizadores):
Sistema financeiro e desenvolvimento no Brasil: do Plano Real à crise financeira
(São Paulo: Publisher Brasil e Editora Gráfica Atitude Ltda., 2010, 264 p.; ISBN: 978-85-85938-64-2)

O apresentador, jornalista Luís Nassif, começa seu Prefácio dizendo que “Desde o século 19, trava-se uma luta intestina, dentro do capitalismo, entre o capital financeiro e o industrial” (p. 7).
Apenas esta frase poderia servir para caracterizar um empreendimento que apresenta boas colaborações sobre o sistema financeiro brasileiro, mas que vem eivado desse tipo de contradições que embotam sua validade para uma análise isenta da realidade financeira, e econômica, brasileira.
O apresentador identifica as funções complementares dessas duas vertentes do capitalismo; por exemplo, ele acha que na “economia real vicejam os empreendedores, aqueles que identificam oportunidades de negócio, montam suas empresas e galgam com suas próprias pernas os degraus do crescimento, de forma lenta e sistemática”. Na outra ponta, existiria a economia financeira, ou seja, “os gestores de recursos, trabalhando em geral com capital de terceiros, de capitalistas ou do público, enxergando os negócios exclusivamente pelo prisma do preço. A meta é comprar ativos baratos e vende-los caros”.
Ele acha que em “economias maduras, através do mercado de capitais, convivem de forma harmoniosa as empresas da economia real e o capital financeiro”, mas que os problemas “surgem nos grandes ciclos de financeirização, como ocorreu nas três últimas décadas do século 19 e do século 20”. Ele então considera que “Aí o capital financeiro tomas as rédeas nos dentes [sic] e deixa de ser funcional”.
Incrível divisão artificial a desse apresentador, como se o capitalista empreendedor, o homem da economia real, não tomasse dinheiro dos bancos e como se ele também não especulasse, quando podia, na vertente da economia financeira. Ele também partilha da teoria conspiratória da história, pois acha que o capital financeiro, “Controlando a política monetária, a economia financeira controla todo o preço dos ativos” (p. 8), que para ele é o centro do capitalismo.
Tudo está, segundo ele, na teoria, ou numa certa teoria, a de que “criando condições favoráveis ao capital especulativo, o desenvolvimento se faria por si só, com os capitais arbitrando os preços, transbordando para os emergentes [sic], auxiliando-os a chegar ao patamar dos desenvolvidos”.
Curioso que ao arvorar esse tipo de concepção, típica dos que atualmente determinam a política econômica no Brasil, ele faz um prognóstico sobre o que não seria desejável de acontecer:
“Um deles [dos mitos criados ao longo dos anos de chumbo da ortodoxia econômica no Brasil] – que ainda persiste – está baseado na lógica de que o desenvolvimento se daria permitindo a concentração econômica em grandes grupos nacionais – amparados por benevolência no Direito Econômico e financiamentos do BNDES. Caberia a esses novos grupos aplainar o caminho do desenvolvimento brasileiro”. (p. 8)
“Toda a lógica da financeirização servia a esse propósito”, segundo o autor, mas isso felizmente acabou. “A reconstrução da nova política, a recuperação do papel proativo do Estado e o aproveitamento virtuoso do mercado de capitais exigem uma espécie de exumação do cadáver do neoliberalismo das últimas décadas” (p. 9).
Ele então elogia este livro, que “permitirá uma reflexão cuidadosa sobre as razões que levam tantos, durante tanto tempo, a se iludirem com miragens e a usarem com tanta sem-cerimônia o conceito de interesse nacional para acobertar interesses óbvios do capital financeiro”.
Seria cômico, se não fosse trágico, pois parece que ele está falando do governo Lula e do governo Dilma, quando ele na verdade quer referir-se exclusivamente aos neoliberais da era FHC.

Um dos organizadores, Luiz Cláudio Marcolino, assina, com Juvândia Moreira Leite [na verdade, o primeiro é economista, a segunda bacharel em direito, mas ambos, respectivamente, presidente e secretária geral do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região], uma introdução, “Perspectivas do sistema financeiro brasileiro” (p. 17-32), na qual confirmam que “a despeito do expressivo crescimento após 2003, o sistema financeiro brasileiro tem se caracterizado por fraco desempenho e por uma contribuição pouco significativa ao desenvolvimento econômico do país” (p. 17).
Eles dizem então que “Ao longo dos últimos anos, esse desempenho só não foi mais negativo por conta da presença de um sistema público de financiamento, do qual fazem parte instituições de peso como o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal; fundos públicos com origem parafiscal, como o FGTS e o FAT, e as exibilidades sobre o passivo bancário. Foi esse sistema de direcionamento do crédito que permitiu financiar o investimento, bem como algumas atividades específicas de maior risco ou prazo de maturação como agricultura, habitação, exportações e microcrédito.
Parece incrível que os autores, como vários outros no livro, não percebam as óbvias conexões entre o excesso de dominação estatal sobre o sistema de crédito, como de resto sobre todo o sistema de poupança compulsória no Brasil – acima descritas, justamente –, e as disfunções do mercado de capitais no Brasil, gerando a tal de “desarmonia” entre os capitalismos financeiro e “real”, seja lá como caracterizar essa divisão artificial na economia.

Essa mesma visão acadêmica sobre uma tal de “financeirização” do sistema econômico brasileiro, e sua dominação sobre o resto da pobre economia brasileira, sujeita à perversidade da especulação, externa e interna, domina quase todo o livro, com poucas exceções.
O capítulo 1, por exemplo, “Dinâmica e crise do capitalismo com dominância financeira” (p. 33-54), do outro organizador, Ricardo Carneiro [professor da Unicamp e cotado para ser o principal assessor econômico do PT, caso a coordenação econômica da campanha de Lula, em 2002, tivesse continuado sob as mãos de Celso Daniel, depois assassinado misteriosamente], afirma a mesma deformação que se instalou após a crise do regime de Bretton Woods, ou seja, a dominância financeira nas economias capitalistas, restaurando as características de um capitalismo desregulado. O ideal, para os anti-financeiros, seria que o capitalismo fosse inteiramente regulado, obviamente, para que os financistas não predominassem sobre os capitalistas “reais”. A solução, também obviamente, seria uma nova forma de regulação, capaz de reduzir a instabilidade e a propensão a crises, típicas do capitalismo. Para que isso seja feito, é óbvio, também, que se deve limitar a mobilidade de capitais no plano internacional e a “lógica do investimento de portfólio que a sustenta”. Em seu lugar entraria o DES, como unidade de conta e meio de troca, facilitando o comércio e o investimento produtivo. Os gênios da nova finança só não dizem quem vai emitir, e quanto será emitido da nova “moeda”, uma reedição do velho Bancor proposto por Keynes em Bretton Woods, ou seja, um sistema de compensações automáticas pelo qual os superavitários financiariam, sob certas condições, os deficitários, permitindo ajustes mais adequados aos desequilíbrios entre as economias nacionais. Se tudo fosse assim tão fácil, bastaria que as economias nacionais se juntassem à mesa para discutir esse padrão, e que os empresários privados consentissem em ficar dependentes de governos nem sempre realistas ou sensatos.
O capítulo 2, “A abertura financeira no Brasil: um balanço crítico”, de André Martins Biancarelli, também professor da Unicamp, partilha da mesma visão que a supremacia financeira resulta num balanço negativo, fase iniciada na gestão anterior a FHC e continuada sob o governo Lula, já que a inserção econômica brasileira teria sido muito mais baseada nas finanças do que no comércio, não sendo portanto capaz de diminuir nossa fragilidade financeira externa. Inevitavelmente, a demanda é por controle e restrições, para alcançar maior liberdade econômica e de autonomia nas políticas macroeconômicas. Ele pretende que “a literatura mostra que países de menor grau de abertura ou que de alguma forma instituíram controles temporários possuem não só um histórico de maior estabilidade monetária como também de melhor desempenho econômico”: a solução, portanto, são controles na entrada e quarentena para os capitais puramente especulativos, bem como a regulação no mercado de derivativos.

Todo o livro possui essas características de demonização do capital financeiro, típicas da academia, e essencialmente desse suprassumo da metafísica econômica que é a UniCamp. Não surpreende que não se tenha, propriamente, uma visão equilibrada do sistema financeiro no Brasil e do mercado de créditos. Quanto tudo é culpa da tal de financeirização, e quando o Estado sempre age racionalmente, sabiamente, em favor da economia real, sendo que a presença do Estado não é só necessária como urgente para restabelecer a sanidade do sistema financeiro, não se pode mesmo pretender uma análise equilibrada da economia brasileira, que forma um todo, financeira ou real.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.

Nao era para "reformar a governanca mundial"?, Bretton Woods inclusive?

Estamos perplexos, todos os brasileiros que, nos últimos anos, ou décadas, ouvimos falar que era preciso reformar as velhas estruturas da governança mundial, em especial as instituições econômicas, com destaque, obviamente, para as duas instituições de Bretton Woods, o FMI e o Banco Mundial.
Durante anos, o PT, seus economistas e apoiadores gramscianos nos diziam que era preciso abrir para os emergentes em ascensão e redistribuir as rédeas do poder econômico mundial.
E não é que quando surge a oportunidade de fazê-lo, no FMI, o Brasil, pela boca autorizada do ministro da Fazenda, o governador do Brasil junto aos dois órgãos, escolhe justamente a candidata da continuidade, a francesa Christine Lagarde, cujo adversário era o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens?

Como é possível?
Se são justamente os países europeus que estão bloqueando o processo de reformas no FMI, evitando redistribuir poder de voto dos pequenos europeus (que têm uma representação completamente desproporcional à sua importância econômica real), como evitar esta oportundidade raríssimo de mudar as regras do jogo?

Segundo leio na imprensa, o Brasil optou por apoiar Lagarde:
"Em cima da hora, terça-feira, dia 28, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, formalizava publicamente o apoio à ministra francesa em detrimento do candidato mexicano. Mantega justificou o apoio com o compromisso assumido por Lagarde de dar continuidade a reformas de fundo no FMI, envolvendo o reforço da participação dos países emergentes. A eleição da francesa foi comemorada em Brasília."

Vocês entenderam alguma coisa?
Comemoraram a vitória de uma francesa contra um mexicano?
Como? Por quê? Qual a razão? Quais os motivos?
Então, não vamos mais mudar nada na governança mundial?

O ministro da Fazenda deve explicações mais amplas, que se ajustem à lógica formal e se coadunem com o interesse nacional...
Paulo Roberto de Almeida

Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando: temas de busca

Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando e aos seguidores do meu site www.pralmeida.org
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.

Meus caros leitores (agora em número de 392 seguidores),
Escrevi uma terceira carta em 22 de abril último, para tecer considerações sobre minha atividade blogueira e sobre a necessidade de me concentrar em alguns temas de pesquisa histórica. Desta vez quero falar sobre algumas estatísticas que recolhi agora (acho que pela primeira vez) em torno das visitas a meu site: www.pralmeida.org.
Examinando essas estatísticas de visitas ao meu site nas últimas semanas, constatei que elas se situam entre 16 mil e 20 mil “unique visitors” cada mês, com mais de 20 mil visitas no total (e um número maior de páginas, mais de 30 mil, e de hits, número superior a 85 mil). Na verdade, eu estava, mais interessado nos temas de busca e de visita, do que propriamente no volume de visitas.
Como o meu site é, expressamente, didático e acadêmico, eu tenho interesse em saber que temas, exatamente, meus visitantes buscam no meu site. Pois parece que a preocupação em terminar o famoso TCC (trabalho de conclusão de curso) prima sobre todos os demais temas (todos eles podem ser encontrados no meu site, bastando agregar essas terminações ao URL genérico):
1) /05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf (1613 downloads em junho; 1803 em maio)
2) /05DocsPRA/1205GlobalizDesenv.pdf (988 em junho; 800 em maio;)
3) /05DocsPRA/798MSulAlca.html (893 em junho; 1060 em maio)
4) /05DocsPRA/772EconSecXX.html (850 em junho; 1019 em maio)
5) /05DocsPRA/1277HistorPlanejBrasil.pdf (845 em junho; 705 em maio)
5) /05DocsPRA/1920BricsAduaneiras.pdf (590 em junho; 745 em maio)

Quanto às palavras-chave mais usadas nas buscas em meu site, elas são estas (e retiro a primeira de todas, o meu próprio nome):
1) como fazer uma monografia;
2) monografia como fazer;
3) vantagem e desvantagem da globalização;
4) desvantagens da globalização;
5) como escrever uma monografia
6) como organizar uma apresentação de monografia
7) como ser diplomata

Na verdade, todas essas palavras cobrem menos de 3% das buscas, ficando entre 1 e 2%, sendo que o meu nome vem na frente com 3,7% das buscas; todas as demais palavras confundidas fazem a grande maioria das buscas, com 87,4 % dos casos. Para ser mais preciso, juntando os itens 1, 2, 5 e 6, que todos se referem à preocupação em fazer uma monografia, isso dá um total de 4,5 a 5% das buscas.

Quais são os ensinamentos que eu posso tirar desses dados?
Em primeiro lugar, que os que acessam o meu site, em primeira mão, são, visivelmente, estudantes desesperados com seu trabalho de conclusão de graduação, ou seja, que eles não tem sequer orientação, em suas faculdades, sobre como fazer esses TCCs. Ponto negativo para seus professores, portanto, ou para as próprias instituições. Quanto a mim, vou revisar este meu trabalho e reforçá-lo, no sentido de torná-lo mais explícito, mais completo, mais detalhado, para colocar à disposição dos alunos com maior evidência no meu site e blogs.
Em segundo lugar, que o tema da globalização é o hit do momento, da década, da nossa época, mas é curioso constatar que os professores, provavelmente daquela tribo de antiglobalizadores que eu já dissequei bastante bem em meus trabalhos, insistem nos aspectos negativos do processo. Sem problemas, vou insistir nos dois aspectos e tratar de responder às preocupações dos alunos.
Em terceiro lugar, parece incrível que, quase dez anos depois de enterrada a Alca, para todos os efeitos práticos, os mesmos professores – e eu aposto que eles são “anti-alcalinos” a 99% – pedem trabalhos sobre esse fantasma da luta anti-imperialista. Não posso fazer nada, pois já disse tudo o que eu tinha a dizer sobre processo negociador. Mas quem sabe eu não faço um pouco de análise em retrospecto, ou de história virtual, comentando sobre como seria o continente com uma Alca (sem que saibamos, exatamente, o tipo exato de zona de livre comércio que poderia surgir, se o processo negociador terminasse de modo conclusivo)?
Finalmente, aparece sempre o tema do planejamento no Brasil, o que também confirma que o nosso país está longe, muito longe de ser liberal, ou aberto, já que entendo que essa preocupação com o planejamento tem a ver com as tais de “políticas públicas”, setoriais ou outras. Bem, vou continuar tratando destas questões também. Esclareço que não sou contra planejamento, pois ninguém, nenhuma empresa, nenhuma instituição, atualmente, pode trabalhar sem planejamento. O que sou contra é essa crença mágica de que políticas setoriais e planejamento estatal são capazes de resolver nossos problemas mais relevantes.

Espero não cansar meus leitores com esses temas recorrentes, mas entendo também que muita gente entra no meu site ou visita meu blog em busca justamente desses temas identificados como mais buscados.
Boa noite a todos, voltemos ao trabalho.

Paulo Roberto de Almeida
(4/07/2011)

domingo, 3 de julho de 2011

Universidades brasileiras: avestruzes introvertidos...

Sim, o avestruz supostamente é conhecido por colocar a cabeça num buraco na terra, quando em perigo. Não sei se é folclore essa história, ou se tem fundamentos reais.
Um avestruz introvertido, então, é a pior situação possível: além de estúpido, só vive a sua própria situação.
Enfim, não sei quanto aos avestruzes, mas o que eu tenho certeza é que as universidades brasileiras são piores do que avestruzes introvertidos, pois sem perigo nenhum, sem qualquer ameaça externa, decidem se fechar estupidamente ao exterior.
Nem todos, ou todas, são assim, obviamente, mas a maioria é: muita gente estudou no exterior, e os programas de cooperação se desenvolvem, mas o fato é que não temos estrangeiros aqui, tanto estudantes (salvo alguns de países assistidos), quanto professores (apenas de curta duração).
A matéria abaixo trata dessa triste realidade:
Paulo R. de Almeida

Home » Blogs » Ronaldo Lemos's blog
Universities in Brazil are too closed to the world, and that's bad for innovation
By Ronaldo Lemos
Posted on June 15th, 2011 at 11:18 am

When Brazilian president Dilma Roussef visited China in the beginning of May, she came back with some good news (maybe too good to be entirely true). Among them, theannouncement that Foxconn, the largest maker of electronic components, will invest US$12 billion to open a large industrial plant in the country. The goal is to produce iPads and other key electronic components locally.

The announcement was praised, and made it quickly to the headlines of all major newspapers. There is certainly reason for excitement. Brazil lost important waves of economic development, including industrialization (which only really happened in the 1940´s), or the semiconductor wave, an industry that has shown but a few signs of development in the country until now.

Leiam o resto aqui.

Divida Externa: ja vimos esse filme antes...

Um aumento muito grande da dívida externa se dá quando existem abundantes capitais sendo oferecidos no mundo, as taxas de juros são reduzidas e as facilidades aparentes são muito grandes.
Assistimos isso nos anos 1970 e novamente nos anos 1990: nas duas vezes o cenário final não foi exatamente positivo. E quando a tendência se inverter, e a moeda nacional se desvalorizar?
Estaremos incorrendo nos mesmos pecados do passado?
Paulo Roberto de Almeida

Dívida externa do país aumenta 43% desde fim da crise
Gustavo Pau e Eduardo Cucolo
Folha de S.Paulo, 03/07/2011

Passado o impacto mais agudo da crise internacional, a recuperação da economia brasileira provocou um efeito colateral ainda pouco comentado e compreendido: a alta mais acelerada da dívida externa desde o Plano Real. Ou, mais exatamente, desde que, em 1994, às vésperas do lançamento da atual moeda, foi fechado o acordo com os credores para normalizar os pagamentos e reabrir o mercado global de crédito para o governo brasileiro e para as empresas do país. Do final do ano retrasado para cá, a dívida externa conjunta de empresas, administrações públicas e famílias cresceu 43%. A taxa supera a expansão ao longo dos 15 anos anteriores, de 34%. Se as consequências dessa escalada ainda não estão claras, as causas são fáceis de explicar: no mundo desenvolvido, as taxas de juros despencaram para reativar a produção e o consumo; no Brasil, os investimentos públicos e privados tiveram uma forte retomada.

JUROS ALTOS
O cenário criado após o terremoto financeiro de 2008-2009 estimulou bancos e empresas do setor produtivo a buscar empréstimos e financiamentos no mercado internacional para aplicar e investir no mercado doméstico -no qual a oferta de recursos é escassa e os juros são os mais altos do planeta. A dívida externa, que era de pouco menos de R$ 200 bilhões no final de 2009, chegou a R$ 284 bilhões em maio. A parcela privada da dívida, hoje equivalente a três quartos do total, cresceu R$ 87 bilhões, enquanto a parcela pública da dívida encolheu R$ 1 bilhão. Autor de um trabalho recente sobre o tema, o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirma que, embora não haja risco imediato, o salto da dívida ameaça a sustentabilidade do crescimento econômico.

RISCOS
“Esse é um processo insustentável a longo prazo e arriscado do ponto de vista empresarial”, diz Almeida. O perigo mais óbvio da dependência crescente de capital externo é a eventual reversão do quadro favorável atual. A alta dos juros externos ou das cotações do dólar pode tanto criar dívidas impagáveis quanto derrubar a produção nacional. O próprio governo já manifestou preocupação com o crescimento da dívida do setor privado. Em março, para conter esse movimento, houve aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para dívidas com prazo inferior a dois anos. Nos dois meses seguintes, as dívidas continuam crescendo, mas com prazos mais longos.

Malthus, Marx o mercado - Moises Naim e a China

Malthus, Marx o mercado
MOISÉS NAÍM
El País, 03/07/2011

¿Llevará el crecimiento de la clase media en los países pobres a una catástrofe para el planeta?

Acabo de regresar de China. La velocidad de los cambios que allí ocurren no deja de sorprenderme. A pesar de que mi última visita no fue hace mucho, he percibido enormes transformaciones. Eso sucede cuando un país gigante crece al 10% al año. Visité China por primera vez en 1978, cuando apenas comenzaban sus reformas económicas. Recuerdo de ese viaje las grandes avenidas casi sin coches y llenas de una multitud en bicicleta, todos vestidos más o menos igual, verde olivo o azul. Hoy esas mismas avenidas están bordeadas de rascacielos con la arquitectura más audaz del mundo, están llenas de automóviles y de gente vestida de todos los colores y estilos. En mi primer viaje, la economía china era solo el 40% del tamaño de la Unión Soviética. Hoy es cuatro veces más grande.

El cambio fundamental es que millones de chinos han salido de la pobreza, formando una clase media que, si bien es mucho más pobre que la de Europa o EE UU, dispone por primera vez de medios para consumir más comida, medicinas o electricidad. Y esto no solo pasa en China: Turquía, Vietnam, Indonesia, Brasil, Colombia y en muchos otros países pobres la clase media viene creciendo.

¿Se transformará este gran éxito de la humanidad en una catástrofe para el planeta?

Hay tres maneras de responder a esta pregunta. La primera es la de Thomas Malthus, quien en 1798 explicó que, visto que la población crece a mayor velocidad que la producción de alimentos, inevitablemente las hambrunas, las enfermedades y las guerras "reequilibrarían" la situación. El Club de Roma patrocinó en 1972 la publicación del libro Los Límites al Crecimiento. Vaticinaba una catástrofe malthusiana alrededor de 2000 y pronosticaba que el petróleo se agotaría en 1992. Obviamente, Malthus y sus seguidores subestiman el impacto de las nuevas tecnologías. La revolución verde en la agricultura, por ejemplo, llevó a que en 20 años se duplicara la producción de cereales en los países pobres. En general, el mundo hoy produce más alimentos per cápita que nunca, y cada vez hay más tecnologías que permiten la explotación de recursos naturales antes inaccesibles.

Y esta es la segunda respuesta: el problema no es de producción, sino de distribución. Muy pocos consumen demasiado y demasiados consumen muy poco. Estados Unidos, por ejemplo, consume el 25% de la energía que se produce en el mundo anualmente, a pesar de que su población es solo el 4,6% del total mundial. Cada alemán gasta casi nueve veces más energía que cada indio, y 30 veces más que un bangladeshí. Desde esta perspectiva, Carlos Marx tiene razón: hay que obligar a que haya una distribución más igualitaria del consumo. Y eso lo tiene que hacer el Estado, casi seguramente por la fuerza.

La tercera manera de ver esto es a través de la óptica del mercado: los precios y los incentivos resolverán el problema. Si hay escasez subirán los precios, disminuirá el consumo y aumentarán los incentivos para ser más eficientes e inventar tecnologías para producir más a menor costo. Si el precio del petróleo sigue subiendo, el viento, el sol y el mar pueden competir con los hidrocarburos. Si el algodón sigue caro, más productores sembrarán algodón. Esto ha venido pasando, y los aumentos en producción y las maravillosas nuevas tecnologías lo confirman. El problema, sin embargo, es que los ajustes del mercado son brutales y no resuelven el problema de los consumidores, para quienes cualquier disminución en el consumo (obligada por el alza de precios) significa pasar hambre. Tampoco resuelve el problema de las fallas de mercado a nivel global: los océanos se deterioran a gran velocidad por su explotación indiscriminada. Y ya sabemos lo que está sucediendo con las emisiones de CO2 que calientan el planeta.

Ni Malthus, ni Marx ni los mercados nos dan respuestas adecuadas para las difíciles preguntas que plantea el explosivo crecimiento de China o la expansión de la clase media y el consumo a nivel mundial. Las respuestas tecnológicas estimuladas por el mercado pueden llegar tarde para evitar graves daños sociales y medioambientales. La exagerada intervención del Estado para corregir desigualdades asfixia la aparición de soluciones que solo los mercados pueden generar. Y si son desatendidas, las fallas de los mercados pueden hacer el planeta invivible.

Las ideologías rígidas no ayudarán a encontrar salidas. Hay que echar mano de todas las ideas, inventar otras nuevas y darle rienda suelta al pragmatismo y la experimentación. En el pasado, la humanidad halló soluciones para problemas sin precedentes. No hay por qué suponer que no las volverá a encontrar.

sábado, 2 de julho de 2011

A curiosa economia politica do Planalto, alias bizarra...

Estou preocupado com a compreensão (ou falta) que gente do Palácio do Planalto exibe em relação a temas corriqueiros da economia, por vezes até nem de economia -- vocês sabem, essa coisa de fazer contas -- e simplesmente de conhecimento sobre como funciona (ou não) o governo, de quais recursos ele dispõe, de onde saem esses recursos e o que fazer com eles.
Estou até pensando em mandar alguns dos meus manuais de economia -- nada de muito complicado, nenhuma teoria econômica, apenas introdução à disciplina para não economistas -- para o Palácio do Planalto, especificamente para a nova ministra da Casa Civil, para ver se ela aprende um pouco nos próximos meses.

Vejamos. Quando ela ainda era senadora, a atual titular da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que o generoso gesto do Brasil em triplicar os pagamentos ao Paraguai, mediante a revisão do acordo de Itaipu, não iria custar nada aos brasileiros, pois o dinheiro não seria obtido pela revisão das tarifas e aumento da nossa conta de eletricidade, mas que era o Tesouro que iria pagar!!!???
Confesso que não entendi.

Agora, a respeito dessa operação maluca no setor varejista, envolvendo franceses (nossos aliados estratégicos, como se sabe) e brasileiros, ela, ela mesmo, agora já ministra-chefe (chefe?; talvez chefa, para imitar a presidenta), reincidiu na sua estranha economia politica, dizendo que não seria usado dinheiro público na transação!!!???

Eu me pergunto com que tipo de recursos trabalham o BNDES e o BNDESPar, seu braço de investimentos? Seria com recursos privados, que eles vão buscar no mercado financeiro?

Preciso selecionar alguns livros de economia pública...

Paulo Roberto de Almeida

ABRI: encontro em SP e eleicoes para nova direcao

Deverá realizar-se em SP, na terceira semana de julho, mais um encontro da Associação Brasileira de Relações Internacionais. Na ocasião será eleita uma nova direção para a entidade.
Abaixo as propostas da chapa Autonomia e Excelência, que podem ser lidas neste blog:

Autonomia e Excelência

A nossa proposta para a ABRI
Posted on 01/07/2011

No próximo encontro da ABRI, será eleita a nova diretoria para o período 2011-2013. Nesse sentido, gostaríamos de lhes apresentar nossa chapa, constituída a partir de uma posição consensual entre sócios da ABRI, diversos programas de pós-graduação e cursos de graduação, em torno de dois princípios que devem sustentar o processo de construção da Associação e do campo das Relações Internacionais: a autonomia e a busca por excelência.

Compreendemos que com a criação da ABRI em setembro de 2005 demos um grande passo para a construção das Relações Internacionais no Brasil como um campo de conhecimento autônomo. Àquela altura, avaliava-se que, a despeito da grande expansão do campo, professores e pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação, cursos de graduação e centros de pesquisa careciam de um espaço autônomo de intercâmbio acadêmico-científico e de expressão de suas demandas institucionais e políticas. Entre 2005 e 2010, as perspectivas de expansão da área se confirmaram, desenhando um quadro composto, hoje, por cerca de 100 programas de graduação e 13 de pós-graduação (compreendendo 13 cursos de mestrado e 6 cursos de doutorado), sem contar os programas que possuem áreas de concentração ou linhas de pesquisa em Relações internacionais. Tais números confirmam a pujança da área em termos do crescente interesse pelas relações internacionais e de uma conseqüente demanda por formação profissional.

O crescimento da área confirma a necessidade de consolidação das RI como um campo de conhecimentos autônomo e da ABRI como um fórum independente de debates acadêmicos e de articulação de demandas institucionais, com vistas à consolidação de padrões de excelência consistentes com as demandas e responsabilidades que lhe são atinentes. Nesse sentido, acreditamos que a busca de autonomia e excelência que conduziu à criação da Associação deve ser reafirmada como princípio orientador das atividades e do posicionamento público da ABRI. Naturalmente, a afirmação e defesa da autonomia da área de Relações Internacionais e da ABRI não devem prejudicar nosso diálogo fraterno com outras áreas nem, tampouco nossa capacidade de articulação com outras associações irmãs no Brasil e no exterior. A construção das Relações Internacionais como campo de conhecimento autônomo e da ABRI como uma Associação independente supõe três movimentos combinados:

1. Autonomia: reconhecer a diversidade e estimular a pluralidade

O reconhecimento da diversidade do campo de estudos das RI, tanto no que respeita à variedade de orientações teórico-metodológicas de seus “programas” e projetos de pesquisa, quanto no que concerne à heterogeneidade de posicionamentos políticos de seus pesquisadores é uma condição para a construção de uma associação plural e democrática. A diversidade do campo não deve ser tomada como problema, senão como sinal de seu vigor intelectual. Nesse sentido, a ABRI deve, no melhor espírito republicano e consoante o princípio elementar da honestidade acadêmica, contribuir para fazer vicejar a diversidade e buscar descrevê-la e representá-la em suas atividades.

Acreditamos que, desde sua fundação, a ABRI desempenhou esse papel, incentivando a presença das mais diversas orientações em seus encontros e pautando seu posicionamento público na prática da consulta a pesquisadores e programas e na busca pelo entendimento. Assim, seguindo o caminho até aqui palmilhado, propomos:

(i) Incentivar e facilitar a criação de novos canais horizontais de consulta e articulação entre os programas de pós-graduação em Relações Internacionais e fortalecer os mecanismos já existentes. Nesse contexto, a ABRI, reconhecendo e respeitando a autonomia e a diversidade dos programas, deve facilitar e apoiar a construção do fórum de coordenadores de programas de pós-graduação em Relações Internacionais. Tal mecanismo é essencial para o posicionamento da associação não apenas diante das agências estatais, como também em face de entidades civis e, particularmente das associações científicas nacionais e estrangeiras;

(ii) incentivar o diálogo e a cooperação entre os cursos de graduação em Relações Internacionais através do apoio ao fórum de coordenadores de cursos de graduação, cuja primeira reunião, encontra-se prevista para o próximo encontro;

(iii) incentivar o intercâmbio de experiências e o fortalecimento de nossos periódicos através da criação do Fórum de editores de periódicos científicos;

tais fóruns deverão contribuir para:

(iv) qualificar e ampliar a participação da ABRI junto às agências de fomento e avaliação, particularmente a CAPES, o CNPq, e o INEP.

(v) fortalecer e aprofundar os laços com associações científicas brasileiras e estrangeiras com quem devemos trabalhar cooperativamente, observando, contudo as especificidades e autonomia do campo das Relações Internacionais e a independência de nossa Associação.

2. Excelência: fortalecer a graduação e a pós-graduação e contribuir para a formação científica e profissional

Ainda consoante o espírito da fundação da ABRI, acreditamos que a Associação deve contribuir para o fortalecimento de seus cursos de graduação e seus programas de pós-graduação. Nossa proposta pretende dar prosseguimento e aprofundar as ações que tiveram lugar nos últimos anos, através do incentivo ao debate de padrões de qualidade para nossas graduações, do estímulo à criação de canais horizontais de consulta, articulação e cooperação entre os programas de pós-graduação e cursos de graduação e, finalmente, de apoio à pesquisa e à produção acadêmica, nos limites que cabem à uma associação científica. Para tanto, acreditamos que a ABRI deve:

(vi) Executar no próximo período a decisão já tomada no âmbito da atual diretoria de criação de uma revista científica da associação;

(vii) Criar prêmios que reconheçam a excelência da produção científica no campo das Relações Internacionais, nos níveis da graduação (iniciação científica), mestrado (dissertações) e doutorado (teses)

(viii) criar oportunidades de debate acadêmico entre estudantes, professores e pesquisadores vinculados a programas de pós-graduação através da promoção de Seminários de pós-graduação e workshops doutorais;

(ix) facilitar e apoiar iniciativas de cooperação entre programas de pós-graduação com vistas à construção de projetos de ensino e pesquisa comuns;

(x) Fortalecer o Seminário Nacional de Graduação em Relações Internacionais – cuja 1a edição teve lugar em 2010 – como instância para a promoção de padrões de qualidade para os cursos de graduação e debate acerca da formação profissional no campo das RI;

(xi) Incentivar a cooperação entre os cursos de graduação através da promoção da pesquisa nacional de egressos e do intercâmbio de experiências de ensino e iniciação científica;

3. Autonomia, Excelência e independência: ampliar a presença da ABRI nos debates de temas da Política Internacional

A construção de um campo de conhecimento autônomo e de uma associação independente, supõe, finalmente, maior participação da ABRI e de seus associados nos debates públicos em torno dos problemas internacionais que afetam a sociedade brasileira. Para tanto, acreditamos que a ABRI deve dar os primeiros passos no sentido da constituição de arenas de discussão que permitam o diálogo entre a comunidade acadêmica, os profissionais de relações internacionais e os diversos atores sociais envolvidos nos processos de tomada de decisão acerca dos temas que compõem a agenda internacional do Brasil. Nessa direção propomos:

(xii) a criação de grupos de trabalho, no interior da Associação, para o debate de temas relevantes das Relações Internacionais do Brasil;

(xiii) a participação em, e eventual criação de, arenas interdisciplinares e inter-institucionais para o debate de temas relevantes das Relações Internacionais do Brasil;

(xiv) dar maior publicidade aos debates promovidos no interior da Associação ou pelos diversos programas da área acerca dos grandes temas da agenda internacional.

A construção de um campo de conhecimentos autônomo, de uma Associação independente e, finalmente de padrões de excelência consistentes com as responsabilidades impostas ao profissionais de relações internacionais e à nossa comunidade acadêmica, exige o aprofundamento e a ampliação das atividades da ABRI.

O seu apoio e participação são indispensáveis para esse projeto.

A chapa Autonomia & Excelência é formada por professores universitários de diversas instituições brasileiras e de diferentes tradições científico-acadêmicas da área. Na chapa está representada a diversidade regional da graduação e da pós-graduação em Relações Internacionais. O nosso time é formado por:

Diretoria Executiva:
Presidente – Paulo Lavigne Esteves – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RIo;
Secretária-geral – Matilde de Souza – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-Minas;
Secretário-adjunto – Antônio Carlos Lessa, Universidade de Brasília – UnB;
Tesoureiro - Carlos Enrique Ruiz Ferreira, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB;

Diretores:
Eduardo Viola, Universidade de Brasília – UnB;
Gunther Rudzit, Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP;
Paulo José dos Reis Pereira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP;
Carlos Arturi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Conselho Fiscal:
Danny Zahreddine, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-Minas;
Francisco Gomes Filho – Universidade Federal de Roraima – UFRR.

Wikileaks-Brasil: China pensa que Brasil nao tem peso internacional

Estou terminando a revisão de um trabalho meu que escrevi há mais de um ano (e que ainda não foi publicado): "Brasil, China e a arquitetura da governança global"

A matéria abaixo (e o telegrama transcrito) sobre opiniões de um ex-embaixador da China no Brasil sobre nosso pequeno peso internacional apenas confirma, de modo mais explícito, o que já se sabia: a China não pretende apoiar o Brasil em sua pretensão de ocupar uma cadeira permanente no CSNU. Este nem é o problema principal, pois a China não pretende ampliar o CSNU para ninguém, pois isso diminuiria relativamente seu próprio peso internacional. Se trata, obviamente, de uma posição conservadora, como é, geralmente a das grandes potências (apenas quando elas não conseguem mais pagar a conta, como parece ser o caso dos EUA, atualmente, elas pretendem que outros o façam), e no caso da China, ela pouco se preocupa com a estabilidade do sistema internacional, e não pretende assumir um papel que a engaje mais de perto com certas responsabilidades "imperiais", digamos assim.
No caso do Brasil, porém, ela apenas explicita o que pensam de nós muitos imperiais e outros menos imperiais: não temos peso, ainda.
Pois é, parece que a solução mesmo é: cresça e apareça, mas isso não depende do mundo. Depende de nós mesmos, ou seja de reformas internas e de crescimento econômico e militar. A China só é o que é, hoje, por se tratar, de fato, de uma grande potência (já era antes, mas decaiu durante dois séculos), que cresceu enormemente nas últimas três décadas e vem se afirmando cada vez mais nos planos econômico e financeiro. Falta se afirmar no plano militar, mas isso assusta muita gente...
Paulo Roberto de Almeida

A) Matéria da Agência A Pública, sobre telegrama Wikileaks, sobre relações China-Brazil (neste link):

WIKILEAKS: China pensa que Brasil não tem “capacidade” para ser líder
Por João Peres, especial para a Pública, June 29th, 2011

Telegramas revelam conversa entre embaixadores da China e dos Estados Unidos na qual se pondera que o Brasil tampouco está qualificado para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU

Segundo o ex-embaixador chinês no Brasil, a China acredita que o Brasil não tem “capacidade e influência” para ser líder e que as ambições do país excedem seu verdadeiro peso no cenário internacional. Telegramas de agosto de 2008 obtidos pelo Wikileaks mostram a conversa de Chen Duqing, que ficou no cargo até 2009, com o ex-embaixador dos Estados Unidos, Clifford Sobel.
Àquela ocasião, Duqing manifestou a Sobel que o Brasil não estaria qualificado para suas aspirações de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e estava “interessado apenas em algumas áreas, e não em paz ou em segurança”.
Para Paulo Vizentini, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é preciso fazer a ressalva que a afirmação foi feita em 2008, começo da grande crise financeira que catalisaria as mudanças no quadro geopolítico internacional – e o Brasil ganhou força. Porém, admite ele, “o Brasil demonstra uma série de fragilidades quanto a seu projeto. Não temos um pacto de poder mínimo que assegure uma agenda comum que sobreviva a mudanças de governos”.
Conselho de Segurança
Em outro telegrama, os Estados Unidos ponderavam que a principal relutância chinesa quanto à reforma no Conselho de Segurança dizia respeito à possível entrada do Japão no conselho. Para os diplomatas, se a China apoiasse o Brasil em seu antigo anseio por uma inserção mais profunda no principal organismo multilateral, estaria por tabela beneficiando os rivais asiáticos. “Pode haver uma manobra chinesa no sentido de não deixar ninguém entrar. É fato que a China tem ficado incomodada com a reaproximação entre Japão e Estados Unidos”, pondera o professor.
A questão foi parcialmente alterada este ano, quando, em viagem a Pequim, a presidenta Dilma Rousseff conseguiu a inclusão, no comunicado bilateral, do apoio chinês a uma reforma no Conselho de Segurança para incluir nações emergentes. Falta obter, por parte da China, dos Estados Unidos e da própria ONU, uma defesa enfática do direito do Brasil de ingressar no órgão multilateral mais importante do mundo.
No campo interno, o embaixador chinês criticava os problemas de infraestrutura, classificando o porto de Santos como “o pior do mundo”. Ele apontou na conversa com Sobel que a burocracia nacional é muito confusa e que há uma sobreposição de funções. Para Duqing, merece especial atenção o fato de o Brasil não ter consolidado suas bases para dar conta de um desenvolvimento prolongado, indicando que, sem mais crescimento econômico, não se consolidará a meta de reduzir a desigualdade social.
Parceiro importante, parceiro ocasional
Em diversos telegramas, os diplomatas estadunidenses avaliam que o Brasil vê a China como um aliado fundamental, mas advertem que a relação não é marcada por reciprocidade. “O governo Lula considera a China um parceiro para contrabalancear a influência de nações mais ricas em instituições multilaterais”, anota a então embaixadora, Donna Hrinak, em despacho de 14 de maio de 2004 no qual resume, em poucas palavras, a tônica desta relação bilateral: “Para o Brasil, mesmo um casamento de conveniência é preferível a um eterno encontro”.
Naquele momento, chamava atenção a viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia realizado à nação asiática acompanhado por uma enorme delegação de 400 empresários. Os telegramas indicavam que a relação era desigual em termos de trocas comerciais, com envio de commodities brasileiras em troca de produtos industriais chineses.
Dados divulgados em abril pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatam que a desigualdade se aprofundou, e atualmente 86% da exportação brasileira ao parceiro é baseada em produtos primários.
Desconfianças de parte a parte
“Este é um grupo muito heterogêneo de países com diferentes metas”, anotava em 19 de fevereiro de 2010 o subsecretário-geral de política do Itamaraty, Roberto Jaguaribe, em conversa com o embaixador Thomas Shannon, na qual confirmava que a China não queria que o BRIC se transformasse em porta-voz das nações em desenvolvimento.
Na mesma conversa, o diplomata estadunidense demonstrava surpresa com a rapidez com que a China se engajou em negócios na América do Sul, passando de um envolvimento meramente econômico a uma relação política que se aprofundava constantemente. “China será uma forte concorrente, para os Estados Unidos e para o Brasil”, advertia Shannon, segundo telegrama de 22 de abril de 2008.
Os documentos são parte de 2.500 relatórios diplomáticos referentes ao Brasil ainda inéditos, que foram analisados por 15 jornalistas independentes e estão sendo publicados nesta semana pela agência Pública.

Esse posts foi publicado em Wednesday, June 29th, 2011 at 3:13 pm. Está arquivado como +. Você pode acompanhar quaisquer respostas a esse post através do RSS feed.
===========

B) Telegrama da Embaixada dos EUA em Brasilia (1/08/2008), sobre conversa do Embaixador Sobel com Embaixador da China, Chen Duqing (neste link):

08BRASILIA48
136585 1/8/2008 13:01 08BRASILIA48 Embassy Brasilia CONFIDENTIAL
C O N F I D E N T I A L SECTION 01 OF 03
BRASILIA 000048
SIPDIS
SIPDIS E FOR TOM PIERCE; EPSC FOR LISA KUBISKE
E.O. 12958: DECL: 01/07/2018
TAGS: ETRD, EINV, PREL, BR, CH
SUBJECT: CHINESE AMBASSADOR DISCUSSES HIS PRIORITIES, BRAZILIAN ASPIRATIONS
REF: A. STATE 164790
B. SAO PAULO 718
C. BRASILIA 918
D. RIO DE JANEIRO 598
E. BRASILIA 990
Classified By: Ambassador Clifford Sobel, reasons 1.4 b and d.

1. (C) Summary. Chen Duqing, Chinese Ambassador to Brazil, told Ambassador Sobel on October 19 that his top priorities are to create a more favorable environment for economic relations and to promote Chinese interests in the Brazilian Congress. Ambassador Chen described an economic relationship of growing bilateral trade and investment characterized by an unbalanced exchange of finished industrial goods from China for Brazilian raw materials, and said Brazilian political international ambitions exceed Brazil’s political weight. End summary.

2. (C) Chen told Ambassador Sobel that he travels extensively throughout Brazil in pursuit of his top priority of creating favorable conditions to increase the trade relationship, mainly to Rio de Janeiro and Sao Paulo, but also to northern states such as Para. He is increasing his ability to pursue his other top priority by adding a counselor to his staff to work full-time on congressional engagement.

“Brazil Must Open Its Mind More” – - – - – - – - – - – - – - – - -

3. (C) Sino-Brazilian relations are getting to be quite good, he explained, even if the only important Chinese visitor this year was the then-Deputy Foreign Minister (now Foreign Minister). But an outdated view of the Chinese political system blurs Brazil’s perception of China and “Brazil must open its mind more,” he said. The Chinese Communist Party was now taking historic steps at its National Congress, as President Hu noted when he said that China must be more open, and Brazil needed to understand this change, Chen stated. (Note: The 17th National Congress of the Communist Party of China took place October 15-21, 2007. End note.)

Trade and Investment – - – - – - – - – - -

4. (C) China would soon pass Argentina and Germany to become Brazil’s number two trading partner, after the U.S., Chen noted, offering a figure of two-way Chinese trade with Brazil at USD 20 billion in 2006. (Note: Chinese Foreign Ministry officials cited the same bilateral trade figure at the U.S.-China Sub-Dialogue on Latin America in late November, as reported ref A. According to the Sao Paulo State Federation of Industries, total bilateral trade in 2006 was USD 16.4 billion, as reported ref B. End note.) China’s exports to Brazil are mainly finished goods, especially electronics; Ambassador Chen said Brazil complains of dumping, but Chen added that “this is part of our process of increasing our relationship,” implying Brazilian dumping accusations are a natural part of a growing trade relationship.

5. (C) Brazil’s top exports to China are soy and iron ore. Seventy million tons of iron ore and 11 million tons of soy a year go to China, according to Chen, and China always runs a trade deficit with Brazil, now at about USD 4 billion a year. (Note: China buys about a third of Brazil’s iron ore exports, introducing “an obvious vulnerability” for Brazil, according to the November 2007 issue of Brazil Focus, published by Menas Associates, www.menas.co.uk. Ref C reported Brazilian mining executives’ concerns about China’s influence over Latin American natural resources. End note.)

BRASILIA 00000048 002 OF 003

Chen said that if you calculate undercounting on the Brazilian side the deficit is even greater. His principal concern about the economic relationship is that “Brazil has not consolidated its basis for more development” because “without more economic growth, it will not achieve greater income distribution.” He noted Brazil’s poor infrastructure, calling Santos the “world’s worst port,” and said China is interested in railroad projects in Brazil. Chen said Brazilian bureaucracy is “confused” and has no model, in comparison with China’s, where top bureaucrats must go through the Central Committee Party School.

Major Steel Investment – - – - – - – - – - – -

6. (C) Chen told Ambassador Sobel that China had signed a major joint venture agreement on October 3 with the Companhia Vale do Rio Doce (CVRD, now “Vale”) to construct a steel plant in Vitoria, Espirito Santo, making China a majority partner in the Companhia Siderurgica de Vitoria (CSV) with an investment of USD 5.5 billion (ref D). Chen said China would like to make more such investments, but there is political resistance in some circles in Brazil. (Note: Ref E reported Brazilian fears of China. Nonetheless, Brazilian leaders continue to court Chinese investment. Bahia governor Jaques Wagner led a trade mission November 15-25 to China in search of investment in tourism, ports, railroads, mining, ethanol, and semiconductors. Also in November, Amazonas Governor Eduardo Braga and a large entourage embarked on a 20-day Asian trade and investment mission to Japan, China (including Macau), Malaysia, and Indonesia. A Chinese trade and investment mission to Amazonas in 2008 was announced during Braga’s visit to China. End note.) In the northeast of Brazil, for example, Chen continued, there are many opportunities, but China will limit itself to equipment sales. Moreover, in spite of the large size of many Brazilian firms, there is little money for equipment purchases and Brazilian importation of Chinese goods became somewhat more difficult after China increased the exchange rate value of its currency 8.27 percent, he noted. China cannot revalue its currency as fast as the U.S. would like because it will produce a negative impact on the Chinese economy, Chen added.

7. (SBU) China’s domestic steel production accounts for the majority of China’s needs, but China must import certain specialized steels. The trade with Brazil has not grown in the last 20 years and remains at about 30 million dollars a year, according to Chen. (Note: According to the Brazilian Institute of Steel, 2006 Brazilian exports of steel and steel products to China were USD 52.7 million (66,628 metric tons) and have dropped significantly since 2005. Conversely, Brazilian imports of Chinese steel have increased from USD 27.5 million in 2005 to USD 92.7 million in 2006. End note.)

Biofuels – - – - -

8. (SBU) Asked about Chinese interest in Brazilian biofuels, Chen replied that China produces its own biofuel and does not buy any fuels from Brazil, only some heavy oil.

Brazilian Leadership Aspirations – - – - – - – - – - – - – - – - -

9. (C) Ambassador Chen said he has observed the growth in the U.S.-Brazilian bilateral relationship over the last year, and understands that Brazil wants to be a leader, but it has “no capacity or influence.” Chen dismissed Brazil’s UN Security Council aspirations, saying it is not qualified, and is “interested in only some areas, and not in peace and security.”

BRASILIA 00000048 003 OF 003

Biographical notes – - – - – - – - – -

10. (SBU) Ambassador Chen said he has never been on an official visit to the U.S. and has spent most of his career in lusophone assignments. He began his career in Brazil in 1974, and returned in the period 1981-84. He was Ambassador in Mozambique, and came to Brazil after a year and a half assignment in East Timor. He said he is 60 years old, can retire at any time, and will finish his career in Brazil. He speaks English. Sobel

Curso “A ordem global e a Inserção Internacional do Brasil” - PRAlmeida (ESPM-SP)

Curso “A ordem global e a Inserção Internacional do Brasil”
ESPM-SP, 18-22/07/2011

Os principais problemas e temas relevantes da agenda diplomática internacional, bem como o posicionamento do Brasil em relação a cada um deles serão enfocados no curso que o diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida dará na ESPM em São Paulo, no período de 18 a 22 de julho de 2011.
Trata-se de um curso de férias, com 15 horas-aula (mais apostila e outros materiais complementares de estudo), cujas informações podem ser acessadas neste link:
http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/DetalheCurso.aspx?codCurso=1062&Ferias=1&CodUnidade=1&NivelEnsino=6

Maiores informações pelo telefone (11) 5085-4600, ou pelo e-mail: centralinfo@espm.br

As inscrições podem ser feitas neste link:
http://securityserver2.espm.br/eventos/servlet/hweevn?1,1

A programação do curso está em: http://www.espm.br/Upload/Cursos/1062.pdf
e sua estrutura resumida é a seguinte:

A Ordem Global e a inserção internacional do Brasil
1. A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil
2. A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
3. Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas
4. O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo
5. O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil

(esquema completo neste link)

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), Mestre em Planejamento Econômico pela Universidade de Antuérpia (1977) e diplomata de carreira. Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub – e autor de diversos livros na área (www.pralmeida.org)

Emergencia do Brasil no cenario internacional - o caso da FAO

Poucos comentários a este artigo de Esteban Actis.
Creio que ele exagera nas implicações importantes para as relações internacionais. Afinal de contas, a FAO já foi liderada por um africano, o senegalês Diouf, por doze anos, e não parece estranho que um representante de outro país em desenvolvimento tenha sido eleito para o cargo. Apenas confirma que o tema atrai consumidores ou produtores de alimentos.
O autor está completamente enganado quanto a que o Fome Zero se aplica no Brasil: ele foi, de fato, concebido por Graziano, mas sobre a base de preconceitos políticos, mais do que sólidas análises econômicas, e foi um completo fracasso, assim como foi um completo fracasso a tentativa da diplomacia lulista de transformar o Fome Zero brasileiro em Fome Zero universal. O fato de que se continue a falar do Fome Zero, como se fosse algo existente, tangível ou que tenha tido sucesso se deve inteiramente à propaganda de Lula e seu governo, estas sim imbatíveis, mas que constroem sobretudo sobre mentiras, não sobre fatos.
O autor também se engana em achar que isso transforma as relações internacionais. Se o mandato de Diouf não mudou absolutamente nada nas relações internacionais, porque o mandato de um outro representante de país em desenvolvimento iria mudar as relações internacionais? O poder internacional se expressa na capacidade de projeção externa, no plano da segurança e das relações econômicas fundamentais: comércio, finanças, investimentos. Se e quando o Brasil for influente nessas áreas, será porque ele se integrou ao mainstream dessas relações, não porque elas se tenha transformado apenas por causa de sua integração.
É lamentável que o Brasil não tenha apoiado o candidato mexicano, que seria mais suscetível de realmente mudar o FMI do que a candidata francesa. Ou seja, neste caso, a postura do Brasil estava completamente errada, e foi adotada porque, por razões puramente políticas ou ideológicas, achava o candidato mexicano -- saído da escola de Chicago -- muito "neoliberal" ou submisso ao império, como se a francesa fosse oposta ao império e de uma linha heterodoxa. Pura ilusão e preconceito.
O único ponto correto em todo este artigo é o 7, sobre a transparência dos mercados agrícolas e o fim dos subsídios. Mas isso não tem absolutamente nada a ver com a diplomacia de Lula ou com a postura de Graziano. Isto tem a ver com o agronegócio brasileiro, que é completamente contrário às teses tradicionais de Lula ou de Graziano, que pretendem continuar com políticas subvencionistas ao pequenos agricultores familiares, e têm preconceitos contra o agronegócio.
O ponto 8 é patético, pois converte Graziano em refém ou afilhado de Lula, o que é propriamente vergonhoso para um funcionário internacional. Ter de fazer apelo a Lula se Graziano falha é sinal de que, como Dilma, eles não têm nenhum mérito próprio, a não ser depender de um personagem megalomaníaco e cuja imagem foi inteiramente construída sobre a base de propaganda mentirosa ou exagerada (provavelmente ambas).
Paulo Roberto de Almeida

Brasil y la FAO. Un micro ajuste en las profundas transformaciones del orden internacional actual
Esteban Actis
Boletim Mundorama, 01 Jul 2011 06:53 PM PDT

En los últimos días de Junio, en la mayoría de los diarios del mundo la noticia del remplazo Dominique Strauss-Kahn por la ministra de finanzas francesa Christine Largade en la dirección del Fondo Monetario Internacional tuvo una alta repercusión debido a la “novela policial” de su compatriota, como la relevancia que tiene un cambio de mando en el organismo multilateral de crédito en un contexto de plena discusión sobre la “crisis de la deuda europea”. Asimismo, horas antes y casi en paralelo, el brasileño José Graziano da Silva era elegido nuevo presidente de la Organización para la Agricultura y la Alimentación (FAO por su sigla en inglés), venciendo en la votación el ex canciller español Miguel Ángel Moratinos.

Este acontecimiento, que a priori parece una normal rotación en un organismo de las Naciones Unidas, tiene implicancias importantes para las Relaciones Internacionales, a saber:

1) En la proyección internacional de Brasil. Lo sucedido representa un importante logro para la diplomacia brasileña en la constante búsqueda para convertir a Brasil en un “Global player”. Las presidencias de los organismos internacionales son atributos de poder que reflejan la trayectoria de un país en una temática determinada. Graziano fue el creador de los planes Hambre Cero y Bolsa Familia, que se aplican en Brasil y que han tenido reconocimiento en todo el mundo por su efectividad ante el flagelo del hambre

2) En la distribución del poder en el orden internacional. La elección por mayoría del ministro brasileño en detrimento de Moratinos debe enmarcarse en aumento de influencia en la política internacional de ciertas potencias emergentes en términos relativos. Influencia no sólo en término de hard power – Brasil se convirtió en la octava economía del mundo desplazando a España al noveno lugar- sino en su carácter simbólico y de prestigio, aspectos menos tangibles pero no por eso menos importantes en las RRII.

3) En la unidad latinoamericana y en la cooperación Sur-Sur. Salvo México, los restantes países de América Latina y el Caribe dieron su voto a Graziano, en clara señal de la importancia que tiene para una región productora de alimentos quedarse con la presidencia de la FAO. Unidad que muchas veces queda en la lexis diplomática y no en la praxis. En tanto, el candidato brasileño obtuvo el apoyo de países claves del denominado sur, como Indonesia y Sudáfrica, y el respaldo del G-77.

4) En la relación bilateral entre México y Brasil. La negativa de México a apoyar a Graziano se debió a la decisión de Brasil de apoyar a la francesa Lagarde en detrimento del candidato mexicano, que intentaba romper con la hegemonía europea en el FMI. La delegación de México consideró que el voto de Brasil va en contra de su larga campaña para reformar las instituciones internacionales. El hecho evidenció los históricos recelos diplomáticos entre los dos gigantes latinoamericanos.

5) En La (des)Unión Europea. La sucesión en la FAO mostró en una dosis micro las dificultades que tiene el proceso de integración europeo para lograr acuerdos, ya no sólo en materia de políticas económicas, sino para unificar criterios en su proyección internacional. La presentación de dos candidatos, contribuyó también a la derrota del candidato español. En la primera vuelta, el aspirante austriaco, Franz Fischler, obtuvo solamente diez votos, entre ellos el de Alemania, y a pesar de ello no dio muestras de querer retirarse para dejar el camino libre a Moratinos. Solo las presiones de la misión española y la insistencia de Estados Unidos convencieron a Fischler declinar su postulación

6) En el fracaso del iberoamericanismo. La diplomacia española intentó jugar la carta iberoamericana para conseguir adeptos, pero salvo México, los demás relegaron en un segundo plano los lazos iberoamericanos, incluyendo al propio Portugal.

7) En la discusión sobre la producción de alimentos y su impacto en la problemática del hambre. La victoria del brasileño va en sintonía con la primacía de la tesis de los países productores de alimentos en el G-20 de impulsar la producción agrícola, la transparencia del mercado alimentario y políticas de coordinación, sobre la idea de fijar topes a los precios de los commodities.

8) En la importancia que tienen las relaciones interpersonales y los liderazgos individuales en las relaciones internacionales. El hecho en cuestión volvió a demostrar la capacidad de atracción y credibilidad que tiene el ex presidente Lula. La activa militancia y participación del antecesor de Dilma Rousseff fue determinante a la hora de lograr adhesiones y apuntalar la figura de Graziano. Lo demostró la delegada sudáfricana, al afirmar durante la reunión del G-77: “Si Graziano falla, iremos a Lula y le pediremos que lo arregle”.

Aquellos que estudiamos las Relaciones Internacionales somos testigo de un orden internacional en plena transformación. La manifestación de dichos cambio debe buscarse, muchas veces, en pequeños acontecimientos de la política internacional los cuales condensan las actuales tensiones. La elección del presidente de la FAO es un ejemplo.

Esteban Actis es doctorando en Relaciones Internacionales. Licenciado en Relaciones Internacionales por la Facultad de Ciencia Política y Relaciones Internacionales UNR-Argentina, Profesor adscripto en la misma casa de estudios de las asignaturas “Economía Internacional” y “Política Internacional Latinoamericana” . Becario Doctoral del CONICET (e.actis@conicet.gov.ar)

Mais uma reunião de cúpula vazia no Mercosul - Raquel Landim (OESP)

Confesso que não sei se vale os bits and bytes gastos nesta postagem, e até o meu trabalho de ler e postar. Acho que não vale o esforço, nem a leitura...
Paulo Roberto de Almeida

Mais uma reunião de cúpula vazia no Mercosul
Raquel Landim
Blog do Estadão, 1 de julho de 2011 | 16h43

A presidente Dilma Rousseff participou essa semana de sua primeira reunião de cúpula do Mercosul. Foi a 41ª reunião oficial do bloco e era para ser um momento especial, porque o Mercosul completa duas décadas este ano. O encontro, no entanto, não resultou em nada de concreto – uma triste realidade que já se transformou em regra.

No extenso comunicado de 43 parágrafos divulgado ao final da reunião, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai se limitaram a distribuir felicitações entre si e a comemorar avanços de iniciativas já divulgadas, como a intenção de acabar com a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) até o início do próximo ano.

Durante o encontro, nenhuma palavra sobre as barreiras protecionistas que impedem a livre circulação de produtos no bloco, aplicadas principalmente pela Argentina. O Brasil contra-atacou, inpondo licenças não-automáticas para a importação de carros. Uma reunião ministerial entre os dois países baixou a poeira do conflito, mas os empresários relatam que o problema não foi resolvido.

É compreensível que os diplomatas queiram esvaziar os encontros de cúpula de questões negativas, mas não se pode ignorar um problema como esse. Principalmente quando não se tem nada para colocar no lugar. Aliás, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sequer foi a reunião, alegando que se recupera de um pequeno acidente sofrido em Buenos Aires.

Do ponto de vista comercial, o único ponto importante que surgiu foi a cobrança da Dilma para que os países avaliem uma proposta do Brasil. O País quer permissão para elevar tarifas de importação de alguns produtos, por um tempo definido, para proteger seu mercado. Hoje é preciso conseguir que todos os países do bloco façam o mesmo ou incluir o produto na lista de exceção da TEC.

Na avaliação do governo brasileiro, o forte crescimento da economia local está atraindo muitos produtos importados e uma medida como essa seria necessária excepcionalmente. Confesso que ainda não tenho clareza de como isso vai funcionar. À primeira vista, parece mais uma maneira de ferir a já combalida TEC e causar mais distorções no bloco.

Também durante o encontro houveram declarações sobre incluir a Bolívia e o Equador no Mercosul, mas sem qualquer compromisso com prazos. A Venezuela, do polêmico presidente Hugo Chávez, ainda aguarda o aval do Congresso do Paraguai. Aliás, como é possível falar em aumentar o bloco com tantos problemas internos?

O Mercosul tem sido importante para o Brasil, principalmente para absorver as exportações de produtos manufaturados. É uma pena que o projeto esteja tão abandonado.

Uma materia da FSP sobre cursos de RI: incompetente, superficial, desonesta...

Leiam esta matéria da FSP, de 2005, mas da qual fui tomar conhecimento apenas hoje, 2/07/2011, e depois leiam o que escrevi mais abaixo, como comentário atual.
E por favor, esqueçam tudo o que está transcrito em meu nome: NUNCA dei entrevista para a FSP, que colou frases desconectadas de algum trabalho meu, como seu eu tivesse declarado aquilo para a matéria do jornal.
Desonestidade, incompetência, mau jornalismo!
Paulo Roberto de Almeida

Curso de RI se expande e enfrenta objeções
Folha de S. Paulo, 11/12/2005

Até meados dos anos 90, havia somente dois cursos de RI (relações internacionais) no país, um em Brasília e outro em São Paulo.* Atualmente, são 84, segundo o Ministério da Educação, sendo 17 apenas na capital paulista. A expansão da oferta coincide com a procura cada vez maior dos estudantes: o curso teve mais de 28 candidatos por vaga no último exame da USP, foram 1.408 vestibulandos para só 50 vagas e, na PUC-SP, é o campeão na relação entre inscritos e aprovados. Se poucas dúvidas restam de que a graduação em RI é a estrela da vez, um agravante tem suscitado discussões sobre sua recente proliferação: a falta de portas abertas no mercado de trabalho.

"Assim como sociologia era o curso da moda nos anos 60, e psicologia, nos anos 70, hoje é charmoso estudar RI, que é uma assemblage de aulas não voltadas ao mercado de trabalho", critica o ministro da carreira diplomática Paulo Roberto de Almeida.

Na avaliação do diplomata, o empregador não consegue avaliar a qualidade do curso. "Não se busca quem saiba como funciona o Conselho de Segurança da ONU, mas sim quem entenda realmente de direito para fechar contratos ou de economia para fazer prospecção de mercado."

Outro problema é a baixa qualidade da grade curricular de algumas instituições: "[A habilitação] está se desfigurando. Disciplinas que deveriam ser optativas, como contabilidade, já entram no primeiro semestre", aponta o coordenador da graduação em RI da PUC-SP, Reginaldo Nasser.

"Muitas das faculdades que criaram o curso oferecem um currículo ralo", acrescenta a coordenadora do bacharelado em RI da USP, Maria Hermínia Tavares de Almeida, que atribui a expansão à crescente percepção da importância dos temas internacionais.

O ex-secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) Rubens Ricúpero compartilha da mesma opinião: "A globalização foi o maior impulsionador do curso. Mas, após a rápida expansão, haverá ajustes".

Até que a graduação em RI esteja consolidada, cabe aos novos profissionais agarrar as oportunidades de carreira. Esse foi o caso do bacharel em RI Fabio Rua, 27. "Há um grande desconhecimento do curso no setor privado. Mas, com uma forte rede de contatos, é possível vencer os obstáculos", ensina Rua, que é gerente de RI da Amcham e acaba de ser contratado para comandar, a partir de janeiro, o mesmo setor em uma multinacional brasileira.

A discussão mais acirrada, no entanto, é a relevância do curso para a carreira diplomática, um dos principais destinos dos universitários matriculados em RI. Segundo Paulo Roberto de Almeida, "o ideal para seguir a diplomacia é fazer uma graduação clássica para então especializar-se em relações internacionais". O diplomata Sérgio Couri faz coro: "É melhor estudar direito, economia, ciências políticas ou, ainda, administração de empresas".

Já para Nasser, da PUC-SP, essa visão é fruto de "desinformação". "O êxito do curso se dá justamente porque as disciplinas clássicas estão ruins. Por exemplo, quase não se estuda economia internacional em economia", rebate. "As graduações tradicionais têm temas muito voltados para o passado", completa Ricúpero, que também é diretor da Faculdade de Economia da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).

Já o diplomata e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Sérgio Amaral relativiza a polêmica: "O bom da graduação é abranger direito, economia e ciências políticas. Mas, ainda que a função diplomática baseie-se nesse tripé, não se deve valorizar em excesso o curso [de RI em detrimento de outros]".

Na dúvida entre a carreira que melhor se molde à diplomacia, alguns estudantes visualizam uma dupla graduação. "Em RI, você sabe de tudo e, ao mesmo tempo, não sabe de nada. Para seguir a diplomacia tradicional, logo que graduar-me [nesse curso], complementarei o que aprendi estudando direito", diz a universitária Ludmilla Fogli Scarlato, 20.

A estratégia é a mesma de Francisco Sérgio Bonelli, 20, que trancou a faculdade de direito após freqüentá-la por dois anos. "Concluirei o curso após o de RI. Também pretendo fazer um MBA na área internacional", planeja.

*: O curso de RI da UNESA (Universidade Estácio de Sá), no Rio de Janeiro, existe desde 1988, sendo, portanto, o segundo mais tradicional curso de RI do Brasil.

==========

Comento:
Pescaram duas ou três frases de trabalhos meus, descontextualizadas, desconectadas dos problemas que eu estava discutindo em textos mais amplos, bastante tempo atrás, e colaram numa matéria simplista, mal escrita e superficial.
Se tivessem me consultado ou pedido autorização para transcrever essas frases minhas, eu nunca teria dado, pois é evidente que eu não falei com a FSP, nem autorizei que retirassem essas frases do seu contexto original.
Considero isso mau jornalismo, desonesto, incompetente.
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lobo Antunes - traducao de "Os ... do Judas" em ingles

Books of The Times
On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World
By LARRY ROHTER
The New York Times Book Review, June 29, 2011

António Lobo Antunes
THE LAND AT THE END OF THE WORLD
Translated by Margaret Jull Costa
222 pages. W. W. Norton & Company. $26.95.

Combat experiences are like Tolstoy’s unhappy families: no two are alike, which may be why they often make for great novels, as Tolstoy also knew. The cause need not even be noble, since a hopeless situation and senseless violence can actually fortify a work of fiction. Certainly that is the case with António Lobo Antunes’s “Land at the End of the World,” set in Angola in the early 1970s, as Portugal’s ludicrous effort to preserve its African empire was meandering to an inglorious end.

The unnamed narrator is a young doctor wrenched from a comfortable life in Lisbon and forced to spend 27 months on the front lines treating his hapless fellow soldiers. He resents that they have been made “agents of a provincial form of fascism that was corroding and eating away at itself with the slow acid of its own sad, parochial stupidity.” But mostly he is sickened by the mutilated bodies delivered to his care, and fearful the same may happen to him. Though there are flashes of humor, almost always mordant, this is not “M*A*S*H” but something far darker and more absurd.

“The Land at the End of the World,” newly translated by Margaret Jull Costa, was originally published in 1979, four years after Portugal’s withdrawal from Africa and the final collapse of America’s intervention in Vietnam. At that time it was interpreted as a comment on the inherent futility of those recent Western adventures in the third world. But read at more than 30 years’ remove from those events much of this account of what Mr. Lobo Antunes’s narrator calls a “painful apprenticeship in dying” would no doubt make sense to survivors of the Iraq and Afghanistan wars.

“What have they done to us,” the narrator asks in one of his typically long and torrential sentences, “sitting here waiting in this landlocked place, imprisoned by three rows of barbed wire in a land that doesn’t belong to us, dying of malaria and bullets, whose whistling trajectory sounds like a nylon thread vibrating, fed by unreliable supply lines whose arrival or not is dependent on frequent accidents en route, on ambushes and land mines, fighting an invisible enemy, fighting the endless days that never pass, fighting homesickness, indignation, and remorse, fighting the dark nights as thick and opaque as a mourning veil.”

Back home in Lisbon, his marriage yet another casualty of the war, the traumatized doctor finds no solace. “Rootless, I float between two continents, both of which spurn me,” he says. “I have no place anywhere, I went too far away for too long to ever belong here again, to these autumns of rain and Sunday Masses, these long winters as dull as blown light bulbs.”

Even sex cannot provide relief, or a distraction, since he is capable only of collecting women “the way you might find odd bits of change in the pocket of a winter coat.” The narrator’s story unfolds over the course of a long, drunken night in which he successfully, but only half-heartedly, seduces a woman he has just met in a bar, who has the “aseptic, competent dandruff-free air of an executive secretary.” He knows this erotic escapade will end like all his others: with “the damp defeat of two exhausted bodies on the mattress” after an act of coitus that has all “the limp joy of two strands of spaghetti entwining.”

Like Anton Chekhov, William Carlos Williams and Moacyr Scliar, Mr. Lobo Antunes belongs to that select group of writers who are also doctors — a psychiatrist, to be more precise, who himself served in a field hospital in Angola. But the novelist-doctor he probably most resembles is Louis-Ferdinand Céline, whose “Journey to the End of the Night” is also a grotesque reflection on the horror of war and the failure of European imperialism in Africa. Mr. Lobo Antunes has even told of how, as a teenager, he experienced such “bedazzlement” from reading Céline’s “Death on the Installment Plan” that he wrote a letter to that misanthropic Frenchman, who, to his credit, responded with, he recalled, “immense tenderness.”

The original version of Mr. Lobo Antunes’s novel had a suitably Céline-like scatological title, which refers to the anatomy of Judas and is a common Portuguese-language slang expression meaning something like “the back of beyond.” Ms. Jull Costa has had to find a less pungent substitute, as did an earlier translation, published in 1983, that was called “South of Nowhere.” But once the story begins, her rendering of the novelist’s language and style is simply splendid. He has created a memorably unhinged narrator, and she manages to capture, perfectly and faithfully, the bitter, hallucinatory and increasingly desperate tone of his monologue.

Perhaps because of his training as a psychiatrist, Mr. Lobo Antunes is also an unusually observant writer, which in turn seems to have bestowed on him a particular gift for coining unusual but apt similes. Rain clouds in the tropics are “as heavy as udders,” an exhausted soldier slings his rifle “over his shoulder as if it were a useless fishing rod,” a skinny schoolmarm in a bereft colonial outpost has “collarbones as prominent as Brezhnev’s eyebrows,” and basic training finds the narrator “side by side with a fat recruit as wobbly as a crème caramel on a plate.”

Ms. Jull Costa begins her introduction to the novel by noting that Mr. Lobo Antunes is “generally considered to be Portugal’s greatest living writer.” She was writing a few weeks after the death last year of the Nobel laureate José Saramago, whose work she also has translated, but even during Saramago’s lifetime many readers and critics preferred Mr. Lobo Antunes, who certainly is the more subtle and sardonic of the two. Where the doctrinaire Saramago saw simple blacks and whites (communism and atheism good, fascism and Catholicism bad), Mr. Lobo Antunes is an equal-opportunity skeptic, firing darts at all kinds of targets, including his narrator.

Since the publication of “The Land at the End of the World” Mr. Lobo Antunes, now 68, has gone on to write more than a score of other novels and win many literary prizes. Often, as in “The Inquisitors’ Manual” and “The Return of the Caravels,” his subject has again been Portugal’s troubled history, in particular the scars left by colonialism. But it was “The Land at the End of the World” that first enabled him to open that floodgate, and, as this fine translation shows, it continues to stack up against the best of his later, more mature and experimental work.

A version of this review appeared in print on June 30, 2011, on page C4 of the New York edition with the headline: On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World.

Excerpt: ‘The Land at the End of the World’ (Google Books)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Relações internacionais e política externa do Brasil: livro Paulo Roberto de Almeida

Novo livro em fase de finalização:

Paulo Roberto de Almeida
Relações internacionais e política externa do Brasil:
a diplomacia brasileira no contexto da globalização

(Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011, 438 p.)
Sumário:

Apresentação
Na diplomacia, entre a história e as ciências humanas
Avanços metodológicos, diversidade analítica, produção em alta
Consolidação da produção, redes em crescimento, profissionalização

Parte I: Metodologia das relações internacionais

1. Introdução ao estudo das relações internacionais do Brasil
1.1. O tema
1.2. Os conceitos
1.3. Os métodos
1.4. As fontes
1.5. Periodização temática

2. Historiografia brasileira de relações internacionais
2.1. Relações internacionais do Brasil: da diplomacia à academia
2.2. Pandiá Calógeras: o Clausewitz da política externa
2.3. Hélio Vianna: as elites bem comportadas
2.4. Delgado de Carvalho: o fatual de qualidade
2.5. A reorientação dos estudos de relações internacionais
2.6. Cervo e Bueno: o ideal desenvolvimentista
2.7. José Honório Rodrigues: a recuperação da história diplomática
2.8. Novas etapas: da academia de volta à diplomacia?
2.9. Produção recente: acadêmicos e diplomatas em constante diálogo

Parte II: O Brasil no contexto da economia global

3. Diplomacia comercial: de Bretton Woods e Havana aos impasses da OMC
31. A reconstrução econômica do pós-guerra: entre protecionismo e liberalismo
3.2. De Bretton Woods a Havana
3.3. OIC: a primeira organização para o comércio mundial
3.4. O GATT e as rodadas de negociações tarifárias
3.5. Comércio desigual: os países em desenvolvimento
3.6. A Rodada Uruguai: os novos temas e a agricultura
3.7. O surgimento de uma nova organização para o comércio: a OMC
3.8. Uma nova configuração para o comércio internacional
3.9. A Organização Mundial do Comércio: a última das três irmãs
3.10. A OMC: mais democrática que as instituições de Bretton Woods?
3.11. A longa agonia da Rodada Doha: a OMC em crise institucional?
3.12. O fim de Bretton Woods?: um sistema aparentemente mais justo

4. Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio
4.1. História: blocos políticos, regionalismo, integração econômica
4.2. Evolução da integração econômica: um itinerário com altos e baixos
4.3. O regionalismo: fenômeno político, processo econômico
4.4. Tendências da integração regional: suposições em tons de cinza
4.5. Perigos do regionalismo comercial: o minilateralismo como ameaça
4.6. Protecionismo na prática: industrialização à la List
4.7. O minilateralismo entra em cena: regionalização e globalização
4.8. Minilateralismo regional: estratégias de liberalização comercial
4.9. O futuro do minilateralismo: uma agenda em aberto

5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011
5.1. Os dois conceitos de Bretton Woods: instituições e políticas
5.2. O sistema monetário internacional desde a conferência de Bretton Woods
5.3. A crise do sistema monetário internacional e o “não-sistema” pós-1973
5.4. Condicionalidades econômicas e soberania: o modelo de Bretton Woods
5.5. O “modelo de Bretton Woods” e a arquitetura financeira internacional
5.6. O Brasil em Bretton Woods: sem a dimensão do desenvolvimento
5.7. O FMI em sua primeira fase: inconsistências sistêmicas
5.8. Juscelino Kubitschek dá inicio à demonização do FMI
5.9. O regime militar e o FMI: boas relações, sem dependência
5.10. O Brasil redemocratizado e o FMI: más relações, com dependência
5.11. Encontros e desencontros dos anos 1990: o FMI e as crises financeiras
5.12. Outubro-dezembro de 1998: o Brasil volta ao FMI
5.13. Crise argentina e efeito Lula: o Brasil torna-se o maior cliente do FMI
5.14. O Brasil enfrenta as crises financeiras do novo milênio
Anexos: Acordos e relações do Brasil com o FMI, 1944-2011
Quadro 1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011
Quadro 2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010

6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928
6.1. Questões sistêmicas relativas às crises financeiras
6.2. A “mãe” de todas crises financeiras: 1928-1939
6.3. A crise de Bretton Woods e seus efeitos sistêmicos: 1965-19754
6.4. O centro adoece, a periferia entra em colapso: 1979-1989
6.5. Globalização financeira, desequilíbrios cambiais: 1994-2002
6.6. O centro tropeça, os emergentes deslancham: 2005-2011
6.7. Elementos comuns às crises financeiras nas economias de mercado
6.8. O debate político sobre os requerimentos da estabilidade financeira
6.9. O Brasil e a globalização financeira
Apêndice: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1928-2011

Parte III: A ordem global e a política externa do Brasil

7. A ordem política e econômica mundial do início do século 21
7.1. A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?
7.1.1. Segurança estratégica
7.1.2. Relações entre as grandes potências
7.1.3. Conflitos regionais
7.1.4. Cooperação política e militar nos hot-spots
7.2. A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?
7.2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
7.2.2. Assimetrias de desenvolvimento
7.2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
7.3. A ordem política e econômica mundial e a diplomacia brasileira
7.3.1. Crescimento econômico
7.3.2. Investimentos
7.3.3. Acesso a mercados
7.3.4. Integração regional
7.3.5. Recursos energéticos
7.3.6. Segurança e estabilidade

8. A diplomacia brasileira no contexto da governança global
8.1. A governança global em transição
8.2. O Brasil no contexto da governança formal
8.2.1. Segurança e estabilidade
8.2.2. Funcionamento da economia mundial
8.2.3. Cooperação política em favor do desenvolvimento
8.2.4. Instrumentos regionais de cooperação e de integração
8.3. A construção de uma governança alternativa
8.4. Possibilidades de reorganização institucional

9. A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)
9.1. A diplomacia econômica do Brasil no contexto mundial
9.2. As relações internacionais do ponto de vista da diplomacia econômica
9.3. Relações econômicas internacionais do Brasil em perspectiva histórica
9.4. As novas bases da diplomacia econômica multilateral
9.5. O Brasil no sistema econômico internacional; rupturas e continuidades
9.6. Acordos multilaterais e instituições internacionais de 1815 a 2011
9.7. Perfil institucional do multilateralismo econômico do Brasil, 1856-2011
9.8. As relações econômicas internacionais do Brasil na era da globalização

Bibliografia de relações internacionais e de política externa do Brasil
Biobibliografia do Autor

Editora LTC - Grupo GEN
Web page: www.grupogen.com.br

PROVÁVEL LANÇAMENTO: SETEMBRO 2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Interrompemos o serviço para... escrever

Não, não sou o Fernando:
Mas também sou uma Pessoa.

Mas, não precisaria ser.
Para escrever, basta ter uma boa ideia, algum talento, e tempo para escrever.
Sim, não precisa ser numa máquina de escrever, mas fica tão mais simpático:
Bem, apenas para comunicar aos gentis visitantes, navegantes de passagem, leitores habituais, curiosos ocasionais, amigos e inimigos (devo ter, vários), que vou dar um pouco de paz a vocês, pois preciso, urgentemente, retirar-me do mundo para escrever um pouco.
Não o grande romance sobre o grande herói da Primeira Guerra Mundial, o ás da aviação, mas um pequeno artigo (digamos 15 páginas) e um livro médio (digamos 100 páginas) sobre um tema habitual em minhas leituras e pesquisas. Depois eu digo o que é.
Por enquanto fiquem em paz, e tirem férias de mim, do Fernando, do Pessoa (e outras pessoas do Fernando), mas façam companhia ao Snoopy que ele merece.
O cão é o mais fiel amigo do homem.
O computador é o meu mais fiel amigo...
Paulo Roberto de Almeida