O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Nao saio de casa por nada...

O pior é que ainda não tenho casa aqui em Paris.
Previsão para os próximos dias:

VENDREDI 03 FéVRIER
Dernière mise à jour : Jeudi 02/02/2012 - 22:29
SAMEDI 04 FéVRIER
Sainte Véronique
DIMANCHE 05 FéVRIER
Sainte Agathe
 

Matin
Apm
Soirée
Nuit
Matin
Apm
Matin
Apm
-10/-8°C
-3/-2°C
-5/-3°C
-7/-5°C
-4/-5°C
-1/0°C
-7/-3°C
-4/-3°C
Un froid vraiment inhabituel en matinée (prenez vos précautions) – soleil très présent – peut-être quelques flocons en fin de soirée et dans la nuit


E se não bastasse a desgraça, ainda vamos a -11.C


Prévisions météo à 12 jours pour l'île-de-France

Dernière mise à jour : Jeudi 02/02/2012 - 22:29


Date0/12 h12/24 hVentMatinApmTemps/Ecarts saisonniers des températures*
Ven
03
Nord-Est
15 à 30 km/h
-10/-8°-3/-2°
Un froid vraiment inhabituel en matinée (prenez vos précautions) – soleil très présent – peut-être quelques flocons en fin de soirée et dans la nuit
10%
-10°
Sam
04
Nord-Est
5 à 15 km/h
-4/-5°-1/0°
Quelques flocons possibles dans la nuit (léger saupoudrage, notamment sur le 77) puis le soleil revient en matinée avec un temps sec et très froid
0%
-8°
Dim
05
Sud-Est
5 à 15 km/h
-7/-3°-4/-3°
De la neige est possible, notamment sur l’ouest de la région (78, 95 et 91) et surtout en matinée – nouveau refroidissement par la suite
70%
-11°
Lun
06
Est
5 à 15 km/h
-8/-5°-3/-1°
Le froid sec devrait reprendre le dessus dans l’après-midi (à confirmer)
10%
-9°
Mar
07
Nord-Est
15 à 30 km/h
-9/-7°-3/-1°
Sec et très froid
0%
-9°
Mer
08
Nord-Est
15 à 30 km/h
-9/-7°-2/0°
Toujours très froid et sec
0%
-9°
Jeu
09
Les prévisions restent difficiles à cette échéance car si certains scénarios indiquent la persistance d’un courant d’est froid et sec (modèle Européen), d’autres tablent sur la fin de la vague de froid avec le retour d’un courant de nord-ouest plus océanique (donc moins froid et plus humide). Rien n’est encore tranché...
**Merci de nous soutenir régulièrement (car la météo ne s’arrête jamais et nous devons être financés…). Voir comment nous fonctionnons ici – Guillaume Séchet
Prévisions France
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Ven
10
la
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Pensar bem... - um editorial do Estadao

O único comentário relevante deste editorial do Estadão é sobre a capacidade de se expressar bem, a partir de um cérebro mais ou menos organizado, pois os demais comentários sobre Cuba e os direitos humanos são du déjà vu, aliás ...



Editorial O Estado de São Paulo, 2/02/2012

São improcedentes as críticas à presidente Dilma Rousseff por sua recusa em abordar as violações dos direitos humanos sob a ditadura que vigora em Cuba há meio século. Mas ela merece ser criticada - duramente - pelo palavrório com que tentou justificar em Havana o seu silêncio em face da política repressiva do regime dos irmãos Castro.

Dilma foi a Cuba, na sua primeira visita de Estado à ilha, para promover os interesses econômicos brasileiros. Por intermédio do BNDES, o País banca 70% do mais ambicioso empreendimento privado ali em curso - a transformação do Porto de Mariel em um dos maiores da América Latina, ao custo aproximado de US$ 1 bilhão. A obra é tocada pela construtora brasileira Odebrecht. O Brasil, apenas o quarto parceiro comercial de Cuba, só tem a ganhar com a ampliação da sua presença econômica na ilha, a exemplo do que fizeram, sobretudo no setor de turismo, a Espanha e o Canadá. Ganhará tanto mais - e esse deve ser o raciocínio estratégico de Brasília - se e quando se normalizarem as relações entre Havana e Washington. Trata-se de estar desde logo ali onde a concorrência virá com tudo.
Nesse quadro, não se deveria esperar que a presidente usasse a mesma mão com que assinou, metaforicamente, os cheques do novo espaço que o empresariado brasileiro ambiciona ocupar em Cuba para investir de dedo em riste contra os seus anfitriões. Nos últimos dois anos, o ditador Raúl Castro iniciou um programa de abertura econômica que, embora tropeçando na pachanga local, pretende ser uma versão caribenha do modelo chinês: economia de mercado com mordaça política. A propósito, desde que a China se abriu, a nenhum chefe de governo brasileiro ocorreu condenar as suas políticas liberticidas - e a nenhum comentarista ocorreu condená-lo por isso.
É também descabida a evocação da visita ao Brasil, sob a ditadura militar, do então presidente americano Jimmy Carter - que não só fez chegar ao homólogo Ernesto Geisel seu protesto pelo que se passava nos porões do regime, como ainda recebeu um dos maiores defensores dos direitos humanos no País, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns. É verdade que militantes como Dilma Rousseff, que sentiram literalmente na carne o que era se opor aos generais, devem ter se regozijado com a iniciativa de Carter. Logo, ela deveria imitá-lo em Havana. Lembre-se, no entanto, que o que trouxe Carter ao Brasil foi o contencioso desencadeado pelo acordo nuclear do País com a Alemanha, tido em Washington como o atalho aberto pelos militares para chegar à bomba atômica. Sem falar nas pressões das entidades americanas de direitos humanos pela condenação ao Brasil - o que inexiste aqui em relação a Cuba.
Critique-se Dilma não pelo que calou, mas pelo que falou. Exprimir-se, como se sabe, é uma peleja para a presidente - talvez por isso seja tão avara com as palavras em público. (Há quem diga que quem não fala bem não pensa bem, mas esse, quem sabe, é outro assunto.) Perguntada pelos jornalistas que a acompanhavam sobre direitos humanos em Cuba, Dilma desandou. Poderia ter respondido protocolarmente que, dada a sua condição de chefe de Estado visitante, não poderia se manifestar sobre questões internas do país anfitrião, como seria inadmissível que um hóspede oficial do governo brasileiro fizesse algo do gênero em relação ao País - e ponto final. Em vez disso, saiu-se com um bestialógico sobre o “telhado de vidro” sob o qual estaria o mundo inteiro, democracias e ditaduras, nessa matéria.
Ainda na linha da “primeira pedra”, disparou incongruentemente um torpedo contra os Estados Unidos, pela “base aqui que se chama Guantánamo”. À parte a trôpega retórica, ao se referir à instalação americana em Cuba, onde 171 acusados de terrorismo mofam sem direito a julgamento, a incontinência verbal levou Dilma a virar contra si a “arma de combate político-ideológico” que, segundo ela - neste caso com razão - não deve predominar no debate sobre direitos humanos seja onde for. Resta ver, na hipótese de lhe perguntarem sobre Guantánamo na visita que um dia fizer aos Estados Unidos, em retribuição à do presidente Obama, se ela falará dos presos políticos cubanos.

Vigiando os governantes (e os candidatos que pretendem se tornar governantes)

Nunca é demais, ou até é de menos (pensando em todas as bobagens que esses transviados são capazes de fazer com o nosso dinheiro), vigiar os políticos e suas propostas miraculosas, bondosas, beneméritas, para o nosso bem, etc.
Como vocês sabem, todo político é um demagogo em potencial, sempre prometendo mundos e fundos, maravilhas de prosperidade, empregos garantidos, aumento de renda, melhorias na infraestrutura, nos serviços públicos e um sem número de outras benesses que eles podem (ou não) fazer, mas não sem antes ter ido buscar o dinheiro nos nossos bolsos (ou no caixa das empresas).
Se não o fazem, podem ter certeza que vão provocar déficit orçamentário, dívida pública, emissões irresponsáveis e o que mais vier à cabeças desses mentirosos profissionais.
Por isso seria bom se todos os países possuíssem um site como esse, dos franceses, que faz uma estimativa fiável, tecnicamente fundamentada, isenta politicamente e sobretudo rigorosa metodologicamente.
O Brasil merecia ter algo assim:
Paulo Roberto de Almeida

Alors que le rythme de la campagne s’accélère, l’Institut Montaigne met en ligne une nouvelle version du site www.chiffrages-dechiffrages2012.fr. Celle-ci offre de nombreuses nouvelles fonctionnalités : tableaux comparatifs des candidats, de leur programme, de leurs propositions et de leur impact budgétaire, ainsi que des graphiques permettant d’appréhender et de comparer les chiffrages réalisés.

Plus didactique et plus complet, ce site permettra aux internautes de retrouver tout au long de la campagne électorale, et pour chacune des propositions chiffrées, l’estimation de leur coût en fonction des hypothèses retenues, les méthodes d’évaluation employées, ainsi que les sources utilisées, les commentaires détaillés du chiffrage par nos experts, les effets engendrés ainsi qu’un recensement des arguments émis dans le débat public, favorables et défavorables aux propositions analysées.

Rappelons que depuis plusieurs semaines, à travers l’opération "Chiffrages – Déchiffrages 2012" et son partenariat avec le quotidien Les Echos, l’Institut Montaigne fournit aux Français une base objective leur permettant d’apprécier les programmes des principaux candidats à la prochaine élection présidentielle. L’objectif de l'Institut est non seulement de chiffrer les différentes mesures débattues, c'est-à-dire d'estimer leur impact budgétaire, mais aussi de travailler à leur déchiffrage, à la compréhension de leurs implications et leurs effets.

A ce jour, plusieurs dizaines de propositions ont d’ores et déjà fait l’objet d’un chiffrage et d’un déchiffrage de la part de nos équipes. Des thèmes aussi divers que la sortie du nucléaire, l'abandon de la monnaie unique, l’éducation, le logement, la fiscalité, etc. ont été abordés, émanant de six partis différents et couvrant la totalité du spectre politique : le Front de Gauche, Europe-Ecologie Les Verts, le Parti Socialiste, le Modem, l’UMP et le Front national.

Retrouvez l'ensemble de ces mesures sur www.chiffrages-dechiffrages2012.fr

Institut Montaigne / 38, rue Jean Mermoz / 75008 Paris
Tél. +33 (0)1 58 18 39 29 / Fax. +33 (0)1 58 18 39 28 

Pequeno conselho aos governantes... (gratuito, alem do mais)

Existe, eu sei, muita gente sabe, uma coleção de "conselhos aos governantes": a edição eu eu tenho, feita pelo Senado Federal -- um dos poderes da República, ao que parece, embora de vez em quando não parece muito não -- tem pelo menos 700 páginas, e começa lá na Grécia antiga, com alguma arenga aos atenienses, passa por Maquiavel e pelo menos dois "anti-Maquiavel", e chega até esses assessores modernos de governança e democracia.
Enfim, não estou imaginando nada, absolutamente nada, à intenção dos nossos sábios governantes, que por certo não são idiotas -- pelo menos não todos, talvez só um ou outro -- e que devem ter brilhantes assessores, dezenas de aspones, vários conselheiros de matérias diversas, além de secretárias, chefes de gabinete, assistentes de gabinete, guardiões de gabinete, contínuos, porteiros, correios, enfim, toda sorte de dedicados funcionários concentrados única e exclusivamente no objetivo maior: fazer com que o chefe não cometa bobagens, afastá-lo de armadilhas, evitar os tropeços, as situações incômodas, as denúncias da imprensa e, sobretudo, a obrigação de se desdizer, de desfazer um ato, de demitir um assessor de confiança, de ser enganado por alguém, em resumo, de ser tomado por alguma surpresa, especialmente as desagradáveis.


Eu, por exemplo, não compreendo como um chefe cercado de tanta gente competente seja capaz de cometer várias bobagens seguidamente.
Para ilustrar meu argumento, vejamos aqui uma manchete ao acaso, que acabo de "pescar" nas notícias da noite:

A dança das cadeiras nos ministérios

Então eu me pergunto: será que esses brilhantes assessores não poderia pedir aos arapongas que também existem -- e estão subutilizados, ao que parece -- que façam uma pequena enquete sobre candidatos e pretendentes, para evitar essas vergonhas que ocorrem frequentemente, a imprensa assediando o chefe, este recusando acreditar nas acusações para ter, finalmente, de se desfazer do incômodo auxiliar (sem falar de eventuais processos judiciais e uma hipotética condenação, o que também pode ocorrer, em algum país normal).
Que diabos fazem esses arapongas no desemprego parcial ou subutilizados?
Ou vamos continuar na mesma dança das cadeiras referida na matéria do jornal?
Paulo Roberto de Almeida 

 

Minitratado das Dedicatórias - Paulo Roberto de Almeida


Reproduzo abaixo um texto que até a mim (mas eu sou suspeito) me parece bem, e chamou a atenção de passantes curiosos...

Minitratado das Dedicatórias

Paulo Roberto de Almeida

Sempre me intrigaram as dedicatórias, especialmente as estranhas (e, reparem bem, existem as mais bizarras). Afinal de contas, para um leitor inveterado como eu, impossível não tropeçar com elas bem no começo de um livro qualquer. Os bons autores, maridos dedicados, pais extremosos, amantes amantíssimos, nunca deixam de honrar seus amados, oferecendo-lhes a obra que você tem nas mãos, com palavras obsequiosas, atenciosas, gentis. Normal tudo isso.
Mas, depois de “enésima” tese ou dissertação acadêmica com que sou confrontado, em leitura primeiro, em banca depois, sou obrigado a me render a esta simples evidência: as dedicatórias são uma forma de arte como poucas outras, merecendo por isso mesmo o que aqui vai agora exposto: um minitratado.

De fato, eu há muito já vinha intrigado com esse tipo de exercício intelectual – desde os menores, de poucas linhas, até os maiores, de uma página e meia –, quando fui despertado para a importância da matéria por um colega de banca, que se lembrava de outra tese de doutorado, em Paris, na qual seu autor, jurista que depois ficou famoso, dedicou seu calhamaço à sua amada, de uma forma que ficou famosa antes dele conquistar respeito e apreço dos seus pares. De fato, o candidato em questão dedicava, o mais seriamente possível, sua tese a Marie Josephine (o nome eu escolho, para resguardar a privacidade dos personagens), “em memória do que aconteceu na tarde do dia 18 de junho de 19.., no jardim das bétulas...” e por aí seguia em mais duas ou três linhas de uma exemplar discrição amorosa. Mais do que a dedicatória em si, o que certamente intrigou os leitores foi tentar descobrir a natureza daquilo que tinha realmente acontecido naquela tarde de um final de primavera, no jardim das bétulas, entre o muito sério autor de um tratado de direito internacional e sua doce Marie Josephine. A imaginação não deixa de deslizar sobre o ocorrido naquelas poucas horas em lugar tão romântico e convidativo: c’est tout un programme, como diriam os franceses.

Bem, deixemos por enquanto os amantes franceses de lado para nos dedicar, de modo integral e completo, à arte das dedicatórias, no que elas merecem de atenção, de seriedade e de relevância acadêmica, justificando, quem sabe até?, uma tese de doutoramento, ou pelo menos uma dissertação de mestrado. Concordo. As dedicatórias são suficientemente reveladoras do espírito do autor, de suas condições de trabalho acadêmico, de suas influências intelectuais, para merecer um estudo à parte, um que interrompa a leitura de livros e cartapácios universitários logo nas primeiras páginas, desprezando todo o resto, apenas para ficar nas doces palavras com as quais o autor da obra em questão homenageia deuses, santos, padrinhos e amigos, chegando até ao sogro e à sogra (imaginem vocês!), não poupando nem mesmo o cachorro ou o papagaio. Candidatos à autoria de teses bizarras, apresentai-vos...

Os livros universitários americanos comportam poucas dedicatórias exclusivas; no máximo, uma frase de algum famoso escritor ou cientista, colocada em destaque, como reveladora do espírito que animou o autor a se lançar em sua empreitada intelectual. A dedicatória, mesmo, vem geralmente nas últimas linhas de apresentação, nas quais o autor invariavelmente agradece ao cônjuge a compreensão e o carinho demonstrados por tanta dedicação ao seu trabalho durante tantas horas roubadas ao convívio pessoal e familiar, acrescentando, se for o caso, dois ou três filhos no seguimento. Discretos esses americanos...
Mais exuberantes são os brasileiros, tanto mais quanto eles não têm ainda uma obra consagrada, e talvez nenhum título digno de Citation Index a oferecer ao distinto leitor. Já reparei que quanto mais elementar é o trabalho em questão – ou seja, partindo de um simples TCC, ou monografia de final de curso, até a tese doutoral completa, passando por diversos tipos de dissertações – mais empolada e grandiosa se apresenta a dedicatória, construída para agradecer a todos os que colaboraram com o formidável produto que agora se apresenta aos olhos do público.

Algumas dedicatórias são sóbrias, comme il faut, fazendo poucas concessões a uma arte tão rica de variações estilísticas e floreios de expressão. Mas as melhores são aquelas que não esquecem absolutamente ninguém na sua sanha abrangente e totalizadora, digna de uma Gesamtkunstwerk, quase uma obra de arte total, como indica o conceito alemão. Elas geralmente começam por Deus, pelo dom da vida, pela felicidade da existência, pela inspiração concedida e por todas as graças alcançadas, e por aí vai. Deus realmente é único e indivisível, pois ele aparece em parágrafo próprio, com o destaque das primeiras linhas, onipotente, sem dividir a frase com nenhum outro personagem das mitologias, sejam elas quais forem.
Depois da invocação divina, o professor orientador é o primeiro personagem obrigatório nessas dedicatórias universitárias, mesmo quando – e sobretudo quando – ele não cumpriu com seus deveres de orientador e deixou passar vários equívocos de substância e erros de forma que depois são detectados por membros menos complacentes da banca (como eu próprio, por exemplo). Em todo caso, o orientador é aquele que mostrou novos rumos, guiou de mão segura o aluno aprendiz pelos tortuosos caminhos da verdadeira ciência, aplicou com toda sapiência os mais rigorosos padrões da pesquisa acadêmica para que o resultado fosse o melhor possível, aquele mesmo que se abre agora aos nossos olhos, eventualmente de arquitetura estropiada em sua forma, conteúdo beirando o aceitável e correção estilística merecendo um revisor bem remunerado. Mas, enfim, orientador é orientador, e cabe-lhe, portanto, as honras e a glória do TCC, da dissertação, da tese tão penosamente construída e finalmente terminada.
Podem vir, em seguida, os demais professores, a instituição, a bibliotecária ou secretária do departamento, enfim, todo o mundinho funcional que circulou em volta do trabalho até que ele viesse a termo. São as honras da casa que é preciso respeitar. Mas esse parágrafo é curto, comparado ao que vem depois.

Sim, depois desses parágrafos protocolares é que aparecem as verdadeiras dedicatórias, aquelas que justificariam uma tese inteira sobre as dedicatórias, essas joias da literatura acadêmica que não mereciam ficar relegadas a páginas introdutórias, pelas quais se passa rápido e sem prestar muita atenção, direto para a consulta do índice e o início da leitura na introdução a obra tão dedicada, justamente.
Nesse setor, a imaginação é o limite, mas o carinho e os agradecimentos costumam estar em primeiro lugar para os pais – se o candidato ainda é jovem – ou para o companheiro, cônjuge, noivo ou namorado, dependendo do status matrimonial, ou pré, do autor em questão. Não são ainda muito comuns as dedicatórias homo-afetivas, mas elas sem dúvida não tardarão, consoante o Zeitgeist e o avanço dos costumes. Também entram aqui irmãos, primos, amigos, companheiros de quarto ou de República, colegas de curso (e das horas de infortúnio), enfim, todos aqueles que, da bibliotecária dedicada ao pipoqueiro da esquina, colaboraram, de uma forma ou de outra, para o sucesso do empreendimento e a conclusão da corveia.

Não são incomuns, tampouco, as citações de terceiros, encimando ou terminando essa página (por vezes página e meia) de dedicatórias: frases cultas, pretensamente inteligentes, invocando alguma nobre missão ou contendo alguma pérola da sabedoria universal; versos poéticos, tiradas filosóficas, mais raramente um hai-kai ou slogan mobilizador. Os marxistas não deixam de destacar alguma frase do 18 Brumário; os neoliberais podem vir com uma resposta hayekiana; os anarquistas aproveitam para relembrar que, a despeito de tudo, permanecem irredutivelmente rebeldes, sans Dieu ni maître; e os sonhadores, ou os muito religiosos, transcrevem uma esperança qualquer. Nunca é tarde, ou cedo, para proclamar em altos brados suas preferências intelectuais.

As dedicatórias são, enfim, o equivalente dos diários íntimos, atualmente tão fora de moda, substituídos, talvez, pelos blogs e outras ferramentas de comunicação social. Elas merecem toda a nossa atenção e espírito investigativo. Vale uma pesquisa mais extensa, para o que pretendo empreender uma garimpagem na coleção de trabalhos acadêmicos depositados em duas ou três instituições universitárias ao meu alcance. Aposto que vou encontrar verdadeiras pérolas, dignas de transcrição entre aspas (preservando-se, é claro, os autores), exemplos de imaginação criadora e espírito literário. Prometo voltar...
Por enquanto, dedico este minitratado a todos os autores sequiosos de colocar em ordem suas respectivas dedicatórias e declarando-me disposto a receber, como contribuição a meu trabalho de pesquisa, todos os exemplos bizarros e mais interessantes que meus leitores possam encontrar em suas andanças acadêmicas. 
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 15/11/2011; rev.: 18/11/2011)

Big Brother bolivariano: el colonel tiene el DNA de Stalin y la calvicie de Mussolini

Sem palavras (e precisa?):

Venezuela aprueba una polémica ley antiterrrorista 

El País (Venezuela)02/02/2012
En el pasado,el presidente Hugo Chávez ya ha acusado de “traidores a la patria” y de “terroristas” a: los opositores que le critican a través de la red social Twitter o de mensajes de texto; a los carniceros que venden productos por encima de los precios regulados; a las organizaciones no gubernamentales que reciben financiamiento extranjero. Pero sus acusaciones no tenían fundamento legal hasta este martes, cuando la mayoría oficialista en el Parlamento aprobó la nueva Ley Orgánica contra la Delincuencia Organizada y Financiamiento al Terrorismo, que permite investigar, perseguir y juzgar cualquier tipo de actividad individual o colectiva que pueda considerarse sospechosa.

La ley, aprobada en un solo día, en una maratoniana sesión de diez horas, define en su artículo 4 como “delincuencia organizado” a “cualquier acción u omisión de tres o más personas asociadas por cierto tiempo con la intención de cometer los delitos establecidos en esta ley” y obtener de ello un beneficio de cualquier índole. Otro dos artículos, el 27 y el 28, establecen que los delitos contemplados en esta ley son todos: los que establece el Código Penal y la legislación especial venezolana, pero agravados y sancionados con el incremento hasta de la mitad de la pena aplicable. Mientras la cámara discutía esta ley, el presidente Hugo Chávez también habló de posibilidad de utilizar los poderes legislativos especiales que le fueron conferidos hace un año, para aprobar una reforma del Código Penal antes de que termine el año.
La nueva norma también contempla, en su artículo 13, el deber ciudadano de delatar. Son “sujetos obligados” a hacerlo “todo organismo, persona natural o jurídica”. Su tarea, a partir de ahora, será prestar atención a cualquier transacción sospechosa, ilícita o no, para luego informar de ello a la nueva Unidad Nacional de Inteligencia Financiera, que dependerá directamente del Ministerio de Interiores y Justicia. De acuerdo a este artículo, “el reporte de actividades sospechosas no es una denuncia penal y no requiere de las formalidades y requisitos de este modo de proceder, ni acarrea responsabilidad penal, civil o administrativa contra el Sujeto Obligado y sus empleados, o para quien lo subscribe”. Sin embargo, quien no denuncie oportunamente una actividad que el Gobierno pudiese considerar como irregular podría ser sancionado con multas superiores a los 17 mil dólares americanos. Mientras las autoridades investigan si se ha cometido o no un crimen, las autoridades tendrán la prerrogativa de confiscar o decomisar los bienes, productos o fondos que, se presuman, podrían estar involucrados en el delito.
Los partidos que hacen oposición al Gobierno de Hugo Chávez y las organizaciones de derechos humanos han criticado esta ley por considerarla amplia, discrecional e intimidatoria. “Esta ley cumple el propósito de aterrorizar a la población. Tiene unas definiciones muy vagas que permiten prácticamente que todos los ciudadanos estén expuestos a las sanciones, que son excesivas”, ha dicho a El País el diputado independiente Eduardo Gómez Sigala. La opinión del diputado es que la aprobación de una ley como esta es aún más preocupante, en vísperas de las elecciones presidenciales de octubre próximo. “Con esa ley se puede perseguir a cualquier persona que esté manifestando, protestando, inclusive sobre los temas electorales, para considerarlo como delincuencia organizada o como terrorismo o como tentativa (de delito)”, agrega Gómez Sigala.
La mayoría del Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) que ayer dio su voto para aprobar esta ley cree, por el contrario, que con ella Venezuela se pone en sintonía con la legislación vigente a nivel mundial para combatir delitos como el narcotráfico o el terrorismo. Aunque también admiten los usos que le darán para el control de la seguridad interna. “Todo aquel que pretenda desestabilizar al país generando temor, usando tecnología y otros recursos” sería considerado como un extremista, ha dicho ayer, por ejemplo, el diputado oficialista Andrés Eloy Méndez, según fue reseñado en una nota de prensa de la Asamblea Nacional.

Brasil e Cuba: direitos humanos na berlinda


Direitos Humanos

Para dissidentes, nada muda com visita de Dilma a Cuba 

Oposição criticou diplomacia brasileira por não intervir em direitos humanos

Maritza Pelegrino, viúva do dissidente Wilman Villar, durante coletiva em Havana
Maritza Pelegrino, viúva do dissidente Wilman Villar, durante coletiva em Havana ( EFE/Alejandro Ernesto)
Em uma entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, em Havana, dissidentes cubanos afirmaram que não esperam "nada de relevante" em relação à situação dos direitos humanos na ilha com a visita da presidente Dilma Rousseff, que desembarcou em Cuba na noite desta segunda.
O ativista Elizardo Sánchez, da Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), afirmou que a política externa do governo brasileiro é marcada por uma interpretação anacrônica do princípio de não intervenção. "A diplomacia brasileira tem uma disciplina pendente em relação à atualização de seu enfoque do princípio de não intervenção, válido do ponto de vista político e do direito internacional, mas não para os direitos fundamentais".
O ex-preso político José Daniel Ferrer, líder do grupo dissidente União Patriótica de Cuba, também expressou suas preocupações: "Há outros interesses, outras questões envolvidas e acho que isso (a questão dos direitos humanos) ficará para trás, assim como fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando morreu (Orlando) Zapata", disse Ferrer em referência ao ativista político morto após fazer uma greve de fome de 83 dias, pouco antes da visita de Lula à ilha em 2010.
"Acho que no (âmbito) pessoal, Dilma pode estar preocupada com o que acontece em Cuba em matéria de direitos humanos. Mas não espero que ela trate o caso de Wilman Villar abertamente", declarou Ferrer sobre a morte de outro ativista, ocorrida em 19 de janeiro, também após fazer uma greve de fome –  o governo cubano, porém, negou o jejum e se recusou a classificar Villar como dissidente.
Caso Villar – Durante a entrevista coletiva dos dissidentes, Maritza Pelegrino, a viúva de Wilman Villar, voltou a rejeitar a versão oficial sobre o caso de seu marido. O governo considerava Villar como um "recluso comum", condenado por causa de um episódio de violência doméstica.
A viúva nega a agressão de seu marido, como sustenta a versão oficial, em uma disputa matrimonial que tiveram em julho de 2011 e que acabou com a prisão de Villar. Porém, o preso acabou sendo libertado três dias depois. Em setembro, ele se uniu à organização dissidente União Patriótica de Cuba, mas Maritza afirma que seu marido já era contra o governo cubano por conta da morte de seu pai em uma prisão, cinco anos atrás. 
Em um ato de protesto com a participação de outros dissidentes em novembro passado, na cidade de Contramestre, onde morava, Villar foi detido, julgado e condenado a quatro anos de prisão por "desacato, atentado e resistência". Ferrer indicou que Villar, que não sofria de doença alguma antes de ser preso, esteve em uma cela em condições insalubres, o que pode ter provocado a pneumonia diagnosticada como causa da sua morte.
Segundo a esposa do dissidente, Villar não recebeu atendimento médico adequado e que só foi transferido para um hospital quando sua saúde já estava muito deteriorada. "Estão mentindo. Querem matar também sua imagem", disse Maritza em relação aos argumentos oferecidos pelo governo cubano. 
Atualizado às 21h27
(Com agência EFE)

Brazil and Cuba - The Wall Street Journal


Brazil's President Flexes Clout in Cuba Trip

Rousseff Offers Closer Economic Ties, Reflecting Nation's Bid for Greater Regional Leadership; Human Rights Remain Issue

The Wall Street Journal, February 2, 2012
SÃO PAULO, Brazil—President Dilma Rousseff offered closer economic cooperation to Cuba during a visit to the communist island on Tuesday, marking Brazil's highest-profile bid to transform its growing economic might into diplomatic leadership in Latin America.
Brazil's state development bank is financing a $680 million rehabilitation of Cuba's port at Mariel. Work on the port is being managed by the Brazilian construction firm Odebrecht SA, which may also provide support for Cuba's sugar industry, Brazilian officials have said.
CUBA
Press Pool
Cuban President Raúl Castro, left, and his Brazilian counterpart, Dilma Rousseff, review the honor guard at Revolution Palace in Havana on Tuesday.
Ms. Rousseff's closer engagement of Cuba—she is visiting the island before a trip to the White House— is the latest example of Brazil's strategy to expand its regional influence by offering subsidized loans to poorer nations. In recent years, Brazil has disbursed tens of billions of dollars around Latin America, and as far away as Africa.
But none of these efforts have the same symbolic resonance as in Cuba, which has opposed the U.S. since shortly after Fidel Castro's 1959 revolution and remains a lightning rod in U.S. domestic politics and a sticking point for U.S. relations with other Latin nations.
"This is about growing Brazil's soft power on the international scale and raising Brazil's role in the world," said Matthew Taylor, a Brazil specialist at the American University's School of International Service. "Brazil is taking on a bigger role in the hemisphere in terms of aid and finance, and by helping out Cuba they really draw attention to this new role they are playing."
Although the U.S. has been the predominant power broker in Latin America since the introduction of the Monroe Doctrine in 1823, experts say the U.S. doesn't oppose Brazil's bid for regional influence. Many analysts say they believe Brazil could become a stabilizing force in a region known for political and economic volatility.
In Cuba, for example, Brazil may provide a more moderate alternative to the impoverished island's main economic benefactor, Venezuelan President Hugo Chávez. Mr. Chávez, a self-described foe of the U.S., delivers some 100,000 barrels of oil and refined products to Cuba a day in exchange for the services of Cuban doctors for Venezuelans in poor neighborhoods, along with other barter arrangements.
Cuba, meanwhile, is desperate for economic lifelines. Raúl Castro, who has taken over the presidency from his ailing brother Fidel, has experimented with limited economic overhauls in order to bring life into a moribund economy, where citizens are still issued ration books that allow them access to some basic foods at subsidized prices.
"The more normal Cuba's economic relations are, the easier normalization with the U.S. will be in the future," said Archibald Ritter, an expert on the Cuban economy at Canada's Carleton University.
"I would imagine that the U.S. would privately hope that Brazil will play a mediating role in issues that concern us, like human rights," said Cynthia Arnson, the director of the Latin American program at Washington's Woodrow Wilson International Center for Scholars.
Still, during Tuesday's visit, Ms. Rousseff criticized the existence of the U.S. base at Guantanamo Bay, where terror suspects are held, and the U.S. trade embargo, which she said contributes to poverty on the island.
And it is unclear how far Ms. Rousseff might go to nudge Cuba toward a more democratic society. She declined requests for meetings by Cuban dissidents, and has said she won't press the Castro brothers on the island's human-rights record.
"Human rights aren't a stone to be thrown from one side to another," she said in Havana on Tuesday. This week, Brazilian Foreign Minister Antonio Patriota said human rights aren't an "emergency" issue in Cuba. Last month, Cuban political prisoner Wilmar Villar died in jail after a 50-day hunger strike. Activists said he was protesting being jailed for taking part in a political demonstration. The Cuban government has said Mr. Villar was a common prisoner and wasn't on a hunger strike when he died of complications from pneumonia.
As a young woman, Ms. Rousseff participated in a Marxist guerrilla group in Brazil that was inspired by the Cuban revolution. But the fact that she was jailed and tortured by Brazil's military dictatorship had raised hopes that she might be more sympathetic to the plight of political prisoners than her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, who over the years disparaged Cuban hunger strikers.
Observers said the case of Yoani Sánchez, a Cuban blogger who criticizes the Castro regime, may offer clues to changes in Brazilian human-rights policy. Brazil granted Ms. Sánchez a visa, and observers said if Cuba allows her to visit, then Ms. Rousseff may be using engagement to yield some human-rights advances.
In a blog post on Tuesday, Ms. Sánchez said she hoped Ms. Rousseff would meet with human-rights activists in Cuba and in so doing keep faith with "the many voices of democracy rather than opt for a complicit silence before a dictatorship."
For generations, Brazilian leaders have yearned for prominence in foreign affairs commensurate with its population of 190 million and sprawling geography. The country has lobbied, unsuccessfully, for decades for a seat on the United Nations Security Council.
Such aspirations were the butt of jokes during generations of economic and political turmoil. That started to change a nearly a decade ago, when Brazil began an economic expansion that lifted millions out of poverty and transformed the resource-rich nation into what some economists estimate is the world's sixth-largest economy—a notch ahead of the U.K.
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