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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Miseria educacional resplandece no curso medio


Reinaldo Azevedo, 14/08/2012
O governo divulgou os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) de 2011 dos ensinos fundamental e médio. No primeiro caso, houve um avanço. No ensino médio, tem-se uma tragédia. 

O Estadão Online fez uma síntese dos dados do ensino médio. Leiam. Volto em seguida.
Por Rafael Moraes Moura e José Eduardo Barella:
A qualidade do ensino médio piorou no Distrito Federal e em nove Estados brasileiros, aponta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, divulgado nesta terça-feira, 14, pelo Ministério da Educação (MEC). Apesar de a meta nacional ter sido atingida para esta etapa de ensino (3,7), os sistemas estaduais de dez unidades da federação apresentaram índices inferiores aos conferidos na edição de 2009. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estipulou uma meta nacional de 5,2 para ser alcançada no ensino médio em 2021.
Na comparação Ideb-2011 com Ideb-2009, considerando apenas as redes estaduais, caíram de desempenho Rondônia (-0,4), Acre (-0,2), Pará (-0,2), Paraíba (-0,1), Alagoas (-0,2), Bahia (-0,1), Espírito Santo (-0,1), Paraná (-0,2), Rio Grande do Sul (-0,2) e o Distrito Federal (-0,1). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante admitiu que o fraco desempenho do ensino médio no Ideb é “um imenso desafio” para o ministério. Segundo ele, os problemas são conhecidos e o governo prepara ações para enfrentá-los. “Um fator claro é a estrutura curricular, muito extensa”, disse. “São 13 disciplinas, que chegam a 19 se consideradas as disciplinas complementares. São muitas matérias.”
Outro fator é o número elevado de estudantes do ensino médio matriculados no ensino noturno. “O rendimento já é comprometido porque muitos desses alunos trabalham e, com tantas disciplinas, eles ficam destimulados”, afirmou o ministro. De acordo com o Inep, a rede estadual é responsável por cerca de 97% da matrícula do ensino médio na rede pública, o que torna a questão uma responsabilidade dos governos locais. O avanço do Ideb no ensino médio é mais lento que o observado no ensino fundamental.
Embora o Ideb do ensino médio tenha subido de 3,6 para 3,7 (considerando todas as redes de ensino), o índice das redes estaduais ficou estável – manteve-se em 3,4. O Ideb da rede privada é de 5,7. A distância do Ideb das redes estaduais para o do sistema privado, que hoje é de 2,3 pontos, já foi de 2,6 pontos, conforme dados do Ideb de 2005. Segunda melhor do País, a rede estadual de São Paulo ficou com 3,9 em 2011, ante 3,6 em 2009. Santa Catarina é a unidade da federação que obteve a maior nota – 4,0; Alagoas, a que obteve a pior – 2,6.
Além de Alagoas, a rede estadual apresenta Ideb inferior a 3,0 em outras cinco unidades da federação: Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Os maiores saltos numéricos nos dois últimos Ideb ocorreram nas redes estaduais de Goiás, que passou de 3,1 para 3,6 (aumento de 0,5), e no Rio de Janeiro (0,4), que subiu de 2,8 para 3,2. Na distribuição por regiões, a média dos Estados do Norte (3,1) e do Nordeste (3) fica abaixo da do Centro-Oeste (3,3), Sudeste (3,6) e Sul (3,7). Na rede privada, o maior Ideb no ensino médio é o de Minas Gerais e Paraná, que é de 6,1.

Voltei [Reinaldo Azevedo:]
Sim, leitor, a escala vai de zero a 10, mas não se deve tomar o topo como referência. Considera-se que o patamar 6 já caracterizaria uma educação própria de país desenvolvido. “Então estamos perto!” Não! Estamos longe! Nesse tipo de medição, cada décimo pode levar tempo — às vezes, anos. É preciso deixar claro que as metas do Brasil são bastante modestas e trazem embutido o que eu chamaria de “crime do realismo conformado” (no post seguinte, em que tratarei do ensino fundamental, explico o que quero dizer).
Vejam o retrato do ensino médio no país. A presidente Dilma Rousseff e o ministro Aloizio Mercadante querem despachar esses alunos para as universidades. Como evidencia a lógica elementar, se não há pressão pela melhoria do ensino médio, por que ele vai melhorar? A quase garantia de vaga na universidade, sem qualquer crivo de natureza intelectual, concorre, por óbvio, para o rebaixamento da qualidade do ensino público.
A rigor, à medida que se estreitam as vagas reservadas ao ensino privado — e a lei faz isso de maneira radical —, sabem o que tende a acontecer, e isso também é elementar, lógico e fatal? Um acirramento da concorrência entre as escolas privadas e um distanciamento ainda maior do ensino público. Como não haverá tantas vagas nas universidades públicas para os melhores, esses estudantes, com um desempenho intelectual muito superior ao daqueles que tiveram vagas garantidas nas universidades públicas, migrarão para o ensino privado. Na prática, Dilma e Mercadante estão empurrando a qualidade para as escolas privadas e a mediocridade para as públicas. Não é questão de gosto. É uma lei da física!
Vocês vão se cansar de ler especialistas a apontar problemas no ensino médio e coisa e tal. Outra hora trato do assunto. Acho que o debate está meio vesgo, mas não entro nele agora. Quero destacar o óbvio: sem que se faça, então, uma reforma para valer no ensino médio, como se pode pensar na tal lei de cotas? É uma sandice! Para começo de conversa, escolas no país inteiro — INTEIRO! — deveriam cumprir um currículo mínimo. O Enem poderia ter forçado essa uniformização, mas não está acontecendo. Esse trabalho tem de ser coordenado.
Eis aí. Esses números miseráveis são o resultado da omissão criminosa na área da educação. E Dilma e Mercadante se mostram dispostos a passar o problema, sem resolvê-lo, para o terceiro grau.

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giinternet
Se o resultado do Ideb 2011 para o ensino médio é uma porcaria, o do ensino fundamental não é muito melhor, embora o ministro Aloizio Mercadante não coubesse no bigode ao anunciá-lo. Parecia ser a redenção. Vejam os quadros publicados na Folha Online com a síntese dos dados nacionais do 5º e do 9º anos do ensino fundamental público (atenção para os dados sobre o Rio de Janeiro). Na sequência, leia reportagem da VEJA.com. Volto em seguida.

O Ministério da Educação divulgou nesta terça-feira os novos números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, com os resultados de 2011. Em que pese a euforia do ministro Aloizio Mercadante, apressado em vender o estudo como prova de que todos os estados bateram as metas estabelecidas, os números mostram que a educação no Brasil continua lamentável, especialmente a pública. Pelos dados, as notas de mais de 37% das cidades brasileiras nos anos finais do Ensino Fundamental ficaram abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Educação para 2011. Não seria tão mau se não fosse a tal meta, por si só, pífia: em média, o MEC esperava que as redes públicas, ao final da 8ª série, fossem capazes de atingir nota 3,7. Mesmo assim, muitas não conseguiram.
Em oito estados – Amapá, Alagoas, Maranhão, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins –, menos de 50% dos municípios atingiram essa nota. No Rio de Janeiro, único estado da região Sudeste nesse grupo, apenas 41,3% das cidades atingiram a meta. Em Roraima, um recorde macabro: nenhum dos 17 municípios foi capaz de chegar aos 3,7. A nota do estado como um todo — 3,6 — foi inferior à nota que havia sido registrada pelo Ideb em 2009 – quadro que se repetiu no Amapá, em Alagoas e no Mato Grosso do Sul. Mesmo na região Sul do país, apenas 60% das cidades atingiram a meta.
Para Priscila Cruz, diretora do Instituto Todos Pela Educação, os números ruins para essa etapa do ensino não surpreendem. São frutos da falta de projeto educacional. “A segunda parte do ensino fundamental é metade gerida pela rede municipal e metade, pela estadual”, explica. “Ou seja, o Ministério da Educação (MEC) não tem projeto para essa etapa, parece terra de ninguém.”
Segundo ela, diversas razões explicam o baixo desempenho dos estudantes nessa fase. Entre elas estão o aumento do número de professores que ministram as disciplinas em sala de aula — grande parte deles, é bom que se registre, sem a especialização adequada — e a fragmentação curricular. “Os últimos anos do ensino fundamental já refletem a grande crise que se observa no ensino médio”, critica Priscila. “Mas ninguém parece disposto a encarar este fato.”
Do total de municípios do país, 73,5% tiveram notas até 4,4 – que são ruins. Na ponta oposta, a da excelência, apenas 1,5% das cidades conseguiram notas superiores a 5,5. Destas, 53 ficam no Sudeste, 20 no Sul e, apenas uma no Nordeste, o heroico município de Vila Nova do Piauí, no estado homônimo do Piauí. Alagoas conseguiu outro recorde negativo: todas as cidades do estado ficaram com notas abaixo de 3,4.
Início do fundamental
Ao comentar os dados dos primeiros anos do ensino fundamental, o governo alardeou o fato de todos os estados terem batido a meta do Ideb. As metas batidas, porém, são diferentes para cada estado e, mais uma vez, mostram abismos entre as regiões do país. Enquanto a região Nordeste precisava atingir a nota média de 3,5; na região Sudeste a meta foi de 5,2. É como se o governo se contentasse em exigir menos das crianças em estados mais pobres, por não acreditar que seriam capazes, ali, de aprender mais.
Destacando a participação individual dos municípios, os dados mostram que 22,3% deles não alcançaram a pontuação esperada. Ao todo, 55,1% das cidades com rede de educação municipal – que no início do ensino fundamental responde por 80% das matrículas do Brasil – tiveram Ideb inferior a 5. As disparidades regionais se mantêm: enquanto Sergipe tem 80,9% das escolas municipais com notas inferiores a 3,7, em Santa Catarina, esse mesmo número não passa de 0,7%. Apenas 674 dos 5.136 municípios do país avaliados conseguiram Ideb igual ou superior a 6, sendo que nenhum deles na região Norte. Onze estão localizados no Nordeste, 25 no Centro-Oeste, 179 no Sul e 459 no Sudeste. 
O governo espera que as cidades se igualem apenas em 2021, quando todas alcançariam nota 6 no Ideb. Para isso, estados como Alagoas, por exemplo, que teve o pior Ideb do Brasil nos anos iniciais (3,5), terão de avançar muito mais rapidamente do que outros como Minas Gerais, por exemplo, onde a nota já chegou a 5,8. Conforme a nota sobe, torna-se mais difícil mantê-la em crescimento, explica Priscila Cruz.
Como o Ideb mede também a taxa de reprovação, a tendência imediata, afirma ela, é que as escolas tentem melhorar o fluxo de seus alunos para conseguir turbinar o desempenho. “A política imediata e mais fácil é aumentar a aprovação, sem que necessariamente venha acompanhada pela efetiva aprendizagem do aluno”, explica Priscila. “De nada adianta passar alunos de série sem que eles tenham aprendido. Melhorar a aprendizagem em todos os níveis, porém, é muito mais difícil”, completa Priscila.
Voltei
Os macrodados já dão uma ideia da maluquice que está em curso no país. É o que chamei, no post anterior, de “crime do realismo conformado”. A meta estabelecida para o Norte e para o Nordeste brasileiros, por exemplo, é a confissão de um gigantesco fracasso. O país aceita de bom grado ter, durante muitos anos, vai se saber quantos, um padrão de educação absolutamente rebaixado nessas regiões – e olhem que o conjunto da obra já é ruim. “Ah, mas refletem as diferenças na economia e coisa e tal.” Eu sei. Por isso mesmo, porque as metas são muito tímidas no que concerne à qualidade, o ministro Aloizio Mercadante deveria ser menos exultante ao anunciar os números. De resto, riqueza do estado não significa maior qualidade na educação – e a inversa também pode ser verdadeira.
Há dados que são a confissão de um vexame. Os números do Rio, por exemplo, merecem qual explicação? No ensino médio, já é o último colocado dos estados do Sul e do Sudeste. No ensino fundamental, o que se tem é um descalabro: no 5º ano, o estado está abaixo de Acre, Rondônia, Roraima e Ceará. No 9º, amarga a 21ª posição entre as 27 unidades da federação. Mas cumpriu a meta, e o ministro Mercadante está feliz.
Vejam agora o resultado nacional para os mesmos 5º e 9º anos do ensino fundamental da escola privada. A diferença é gigantesca, assustadora. Representassem esses números o padrão da educação do país, o Brasil estaria entre as nações desenvolvidas. Volto para encerrar.

Encerro
Critiquei ontem, com dureza, uma matéria notavelmente vesga publicada pelo Estadão. Num esforço evidente de justificar a aloprada lei das cotas sócio-raciais para as universidades federais, cometia-se o desatino de comparar o desempenho de negros das escolas públicas com o de brancos das escolas privadas.
Como o próprio texto evidenciava, a questão da cor da pele não tinha peso nenhum na diferença. O achado percentual refletia, por óbvio, diferenças regionais. A grande disparidade não estava entre negros e brancos, mas entre alunos da rede pública e da rede privada. Aí Dilma e Mercadante tiveram uma ideia: vamos garantir aos nossos alunos da escola pública o acesso à universidade, ainda que eles não saibam quase nada.
É a revolução na educação de modelo petista. Entre ser justo e ser justo com quem não sabe, o partido escolhe a segunda opção. Por isso o socialismo foi um sucesso no mundo!


Miseria educacional brasileira avanca na graduacao (e vai chegar na pos)


Governo aumenta vagas nas federais, mas falta infraestrutura nos campi
O Estado de São Paulo, 14/08/2012

O Reuni, lançado em 2007 para reestruturar as universidades, fez crescer em 63% o número de vagas entre 2006 e 2010; no entanto, deixou as instituições sem bibliotecas, laboratórios e salas de aula.
Lançado pelo governo federal em 2007 com a missão de reestruturar universidades e ampliar o acesso dos brasileiros ao ensino público superior, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) cumpriu a segunda parte das promessas.

O número de vagas oferecidas anualmente aumentou 63%, passando de 148.796, em 2006, para 242.893, em 2010 - dado mais recente do Ministério da Educação (MEC). Os investimentos em infraestrutura, porém, não chegaram junto com os alunos. As primeiras turmas dessa expansão estão deixando as universidades depois de atravessarem o curso com bibliotecas desabastecidas, sem aulas em laboratórios, salas superlotadas e professores assoberbados. O MEC admite problemas, mas alega que eles ocorrem por causa do pioneirismo do Reuni, "um dos programas de maior sucesso da história da educação do País".

Os problemas se multiplicam pelo País. São aulas em contêineres, em porões, laboratórios improvisados em banheiros, falta de restaurantes universitários. A estudante de terapia ocupacional, Larissa Reis, de 19 anos, conta que está no terceiro semestre da faculdade e tem aulas em laboratório a cada 15 dias.

"É muita gente e o professor divide a turma em duas. Ele dá a mesma aula duas vezes", conta. Larissa é estudante do campus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB), que funciona provisoriamente em 13 salas de uma escola de ensino médio. O barulho dos adolescentes atrapalha as aulas. "Não é o que eu esperava. É tudo muito precário."

O campus de Ceilândia é voltado para cursos de saúde. "Tinha um mini laboratório com três microscópios. Três estudantes utilizavam os instrumentos e instalaram um telão do lado de fora e uns viam os que outros estavam fazendo, mas não tinham a prática", diz Lucas Brito, de 21 anos, aluno de Serviço Social.

Segundo ele, neste semestre está se formando uma turma de Fisioterapia que não teve aula prática, só teórica, por meio de slides. "As pessoas vão se formar sem a mínima segurança de que possam atender", afirma.

Risco - Professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro elaboraram um dossiê com fotografias e o encaminharam ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). As imagens mostram salas de prédios recém-construídos com rachaduras, órgãos de animais cobertos por larvas, por falta de formol, e a fachada do campus principal deteriorada - a reitoria informa que as rachaduras não oferecem risco e a obra nos prédios antigos estão para ser licitadas.

O professor de anatomia animal da Rural Luciano Alonso diz que os alunos são obrigados a lidar com peças de animais apodrecidas, por falta de material para conservação. "Técnicos, alunos e professores se expõem a pegar infecção por manusear peças sem condições. O material para manutenção não chega, porque o sistema de compras é falho, a solução usada no preparo das peças perde o poder de conservação. As peças exalam mau cheiro, têm larvas de mosca. Descartamos quando chega no limite", conta. "A reitoria abriu espaço para discutirmos os problemas. A questão é que o governo impõe metas às universidades, que não têm condições de seguir aquele cronograma."

A falta de estrutura e de professores levou alunos do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro a decretarem greve em abril, no campus de Macaé, norte fluminense. "Somos a primeira turma. O curso está sendo construído com a gente. Até a metade do primeiro período, só tínhamos um professor, de bioquímica. Todo período começa com atraso porque a universidade não contratou professores", conta Larissa Costa, aluna do sexto período.

Até agora, os estudantes não tiveram aula em laboratório de anatomia com cadáveres nem em hospital de referência. "A essa altura, nós precisávamos estar inseridos no atendimento hospitalar", lamenta. Os alunos do 5.º e 6.º períodos foram transferidos para o Rio e não se sabe se vão concluir o curso no campus sede. A reitoria informou que o laboratório de anatomia em Macaé ficará pronto em três meses.

MEC defende projeto, onde investiu R$ 9 bilhões

O Ministério da Educação (MEC) vai elaborar um estudo para avaliar a situação dos profissionais egressos das instituições federais, que se formaram nas primeiras turmas da expansão universitária promovida pelo governo federal. O secretário de Educação Superior, Amaro Lins, disse que não acredita que esses primeiros formados serão prejudicados pela falta de estrutura que enfrentaram ao longo do curso. "Não são profissionais que precisam de recall", afirmou.

Lins reconhece que as primeiras turmas enfrentaram maior dificuldade, mas defende o Reuni como um dos projetos "de maior sucesso da história da educação do País". Desde 2006, foram investidos mais de R$ 9 bilhões no programa. Quatorze novas universidades foram criadas, 126 campi construídos e 1.128 novos cursos abertos.

Lins afirma que, ao longo da história, "os pioneiros tiveram reconhecimento pelo que fizeram e enfrentaram dificuldades maiores por estarem inaugurando um processo". A mesma coisa, afirma, ocorreu com a expansão das universidades: alguns enfrentaram maiores dificuldades. "Mas mesmo que tenhamos tido dificuldade com infraestrutura, a qualidade oferecida nos novos campi, por conta da tradição das universidades federais, é muito acima da média do que é oferecido no País", disse.

Lins acredita que a estratégia do Reuni - expandir, mesmo antes de a infraestrutura estar pronta - foi acertada. "Sete anos atrás a universidade brasileira estava completamente desprovida de infraestrutura. A verba de custeio não dava para pagar conta de energia. Não tinha pessoal, o quadro estava defasado. Hoje estaríamos pagando um preço alto se esses jovens não tivessem tido acesso à universidade", afirmou.

Dossiê de sindicato dos professores retrata precariedade

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) está preparando um relatório sobre as dificuldades enfrentadas em universidades federais após o Reuni. O documento contém relatos de professores e fotografias, como a de um laboratório improvisado dentro de um banheiro, na Universidade Federal do Pampa.

"O Reuni chegou a uma universidade que já enfrentava problemas, como a falta de professores e laboratórios sucateados. Essas questões foram aprofundadas. O Reuni vem com ideia de reestruturar a universidade, mas, na verdade, só ampliou o número de alunos e tornou mais precário o trabalho docente", diz Marinalva Oliveira, presidente da Andes.

O relatório também critica o campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas, que fica ao lado de um presídio. Um prédio de hotel desativado foi alugado pela Universidade Federal do Oeste do Pará, para abrigar os alunos do campus de Santarém. "É um hotel abandonado, sem condições de abrigar cursos universitários", diz Marinalva.

A professora Kátia Lima, da Escola de Serviço Social e Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, defendeu tese de doutorado sobre o impacto do Reuni. "A explosão do número de vagas discentes nas universidades federais sem a necessária ampliação das vagas docentes é um dado alarmante", diz.

Ela cita algumas instituições, como a Universidade Federal Tecnológica do Paraná, que ampliou em 601% o número de vagas, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (313%) e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (277%).

Defesa - O decano de Ensino e Graduação da UnB, José Américo Saad Garcia, defende o programa do governo federal. "O Reuni, para nós, foi uma maravilha. Passamos vários anos sem ter condição de contratar professor, de ter sala decente. Estava um caos. Não posso questionar, muito menos reclamar. O Reuni foi nossa salvação."

Ministerio do Atraso Educacional nao consegue efetivar cotas raciais

Não por que não concorde com o princípio racista, que fique bem claro, mas é porque as instituições são tão incompetentes que não conseguem implementar qualquer coisa, contra ou a favor, para brancos ou para negros, à direita ou à esquerda, ou seja, a ineficiência vence até a ideologia mais obscura, obtusa e idiota.
Paulo Roberto de Almeida 

MEC quer prazo maior para que regra de cotas entre em vigor
O Globo, 14/08/2012

Ministério também deverá recomendar que a presidente vete o artigo que estabelece que o critério de seleção dos alunos cotistas seja o coeficiente de rendimento, obtido por meio da média das notas registradas pelo aluno no ensino médio.
O Ministério da Educação (MEC) deve sugerir à presidente Dilma Rousseff que vete o prazo de quatro anos para que as universidades e institutos técnicos federais garantam pelo menos 50% das vagas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Dentro dessa reserva haverá cotas sociais e raciais. O prazo é considerado curto para que as instituições de ensino se adaptem às regras.

Projeto aprovado pelo Senado determina que, no primeiro ano de vigência da lei, as universidades e institutos técnicos garantam 25% das vagas para os alunos com o perfil exigido. Caso a presidente aceite a sugestão de veto, o MEC deverá regulamentar um novo prazo. Dilma tem até o dia 29 para sancionar o projeto de lei.

O MEC também deverá recomendar que a presidente vete o artigo que estabelece que o critério de seleção dos alunos cotistas seja o coeficiente de rendimento, obtido por meio da média das notas registradas pelo aluno no ensino médio. O MEC propõe que o critério seja a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) é contra a fixação de uma regra nacional para as cotas e considera que o projeto fere a autonomia universitária no processo de seleção. Mas não pretende entrar na Justiça contra a lei.

"A Andifes entende a importância dos programas de ação afirmativa, e boa parte das universidades já adota sistemas de cotas. Esses programas devem ser definidos a partir da autonomia universitária, valorizando especificidades locais. Esse projeto é uma tentativa de uniformizar o que é diverso e mexe no que está dando certo", afirmou o presidente da Andifes, Carlos Maneschy, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Questionamento na justiça - A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), por outro lado, planeja entrar com uma ação na Justiça contra a lei. A preocupação é com os alunos dos colégios privados, que ficariam desestimulados com o vestibular. Para a Fenep, as oportunidades de acesso às universidades devem ser iguais para todos, e o que precisa mudar é a qualidade do ensino público.

O projeto estabelece que as vagas reservadas para alunos de escolas públicas serão preenchidas por autodeclarados negros, pardos e indígenas, de acordo com sua distribuição em cada estado da Federação, segundo o IBGE. E metade dessa cota será destinada a estudantes oriundos de famílias com renda até um salário mínimo e meio per capita, ou seja, R$ 933.

As regras também valem para as instituições de ensino técnico federal de nível médio. Nesse caso, 50% das vagas serão destinadas a alunos que cursaram o ensino fundamental em escola pública. Também haverá os mesmos critérios de cotas racial e social.

O projeto foi aprovado pelo Senado em votação simbólica, sem registro nominal, o que acontece quando não há polêmica. O único que discursou contra foi o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), para quem a proposta fere a autonomia universitária. Ele argumentou que já há experiências bem-sucedidas de cotas adotadas em algumas instituições de ensino. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Brasil: um pais que volta ao passado? - Susan Kaufman Purcell


Brazil creates its own economic woes
BY SUSAN KAUFMAN PURCELL
The Miami Herald, Thu, Aug. 02, 2012

Brazil’s economic future does not look nearly as bright as its recent past. Since 2010, when the country registered GDP growth of 7.5 percent, its economy has slowed dramatically. Last year, the country’s GDP growth reached only 2.7 percent. Brazil’s central bank expects growth for 2012 to reach only 1.9 percent, while Credit Suisse projects only 1.5 percent growth.
The most obvious cause of Brazil’s poor economic outlook is the collapse of the commodities boom, which had greatly benefited Brazil — a major exporter of energy, raw materials and food. The boom had been driven by China’s increasing demand for these commodities as a result of a decade of annual GDP growth of 9-11 percent. Brazil became a major exporter to China. Unfortunately, the U.S. recession reduced U.S. demand for Chinese exports, which in turn caused the Chinese economy to contract. Europe’s economic meltdown exacerbated China’s problem. As a result, Brazil’s exports to China decreased by more than half during the first six months of 2012.
New breakthroughs in energy technology also have begun to raise questions about Brazil’s ability to become an energy superstar, despite the country’s discovery of billions of barrels of offshore “pre-salt” oil and gas reserves. For years, energy experts have known that vast quantities of oil and gas were trapped between the layers of shale rock deposits. A process called horizontal drilling has brought down the cost of recovery from between the layers of shale.
As a result of horizontal drilling and a process called “fracking,” whereby large amounts of water and chemicals are injected under pressure into the shale, the recovery costs have dramatically decreased.
The estimated cost of producing a barrel of oil from shale is $70. This currently is less than the cost of producing a barrel of oil from Brazil’s pre-salt reserves, which some analysts have placed at over $100 per barrel.
Furthermore, shale exists in abundance. The largest deposits are in the United States, whose production of crude oil has increased 15 percent since 2008, making it the world’s fastest-growing oil and natural gas producer. The U.S. Energy Department projects that the daily U.S. output of oil could reach almost seven million barrels per day by 2020.
Others think that it could ultimately hit 10 million barrels per day, which would place the United States in the same league as Saudi Arabia. Brazil currently produces about 2.5 million barrels per day of oil.
The accessibility of oil from shale means that there will be abundant oil for years to come. This also means that world oil prices will continue to decline. Given this situation, Brazil needs to quickly begin reducing the cost of producing its pre-salt oil. Unfortunately, Brazil is going in the wrong direction, as the government continues to insist on demanding a high percentage of local content in the production of ships, drills and other assets needed to exploit its pre-salt reserves.
Growing Brazilian protectionism is also making Brazilian products increasingly less competitive. Brazil recently backed away from an automotive agreement with Mexico, forcing Mexico to limit the number of cars it exports to Brazil. The reason — Brazilian cars could not compete successfully with those produced in Mexico because of higher Brazilian costs, despite the cost of transportation and delivery from Mexico.
In addition, Brazil remains locked in Mercosur, a dysfunctional and increasingly protectionist common market in which political criteria take precedence over economic ones regarding trade decisions within the bloc. Compare this with the recent decision by Chile, Peru, Colombia and Mexico to form a “Pacific Alliance” to reduce trade barriers among themselves while trying to increase their trade with Asia.
Some of Brazil’s economic problems have external causes. Nevertheless, Brazil’s growing economic protectionism and its failure to adapt more quickly to a changed global economic environment are problems that Brazil could and should solve.
An obvious place to start is to reverse its protectionist policies and instead implement the long-delayed labor, tax and education reforms in order to reduce the cost of doing business in Brazil and increase the country’s international competitiveness.

Susan Kaufman Purcell is the director of the Center for Hemispheric Policy at the University of Miami.

Brasil: o eterno pais do futuro? - Andres Velasco


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Brazil, Country of the Future No More?

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SANTIAGO – During a visit to Rio de Janeiro last year, US President Barack Obama told a cheering crowd that Brazil is the country of the future no more. “For so long, you were...told to wait for a better day that was always just around the corner,” Obama said. “Meus amigos, that day has finally come.”
This illustration is by Paul Lachine and comes from <a href="http://www.newsart.com">NewsArt.com</a>, and is the property of the NewsArt organization and of its artist. Reproducing this image is a violation of copyright law.
Illustration by Paul Lachine
CommentsIs Obama right? At first blush, the answer would seem to be an unambiguous yes. Brazil today is democratic, and its president gets to sit next to Russian, Indian, and Chinese leaders at much-publicized “BRIC” summits. The economy weathered the crisis triggered by Lehman Brothers’ collapse in 2008, and mounted a vigorous recovery in 2010. Brazil not only remains a top football power, but it will host the World Cup in 2014 – and the Summer Olympics two years after that.
CommentsFor a while, financial markets were engrossed in a torrid love affair with Brazil. In the aftermath of the crisis, capital poured into the country, bidding up asset prices. Oil giant Petrobras raised $67 billion in its IPO, which until then was the world’s largest.
CommentsBut dig a little deeper and a more complex picture emerges. An apartment in a fashionable São Paulo neighborhood may cost as much as it would in London or New York, but, when it comes to competitiveness, Brazil ranks 53rd on the most recent World Economic Forum index – just ahead of Mauritius and Azerbaijan, and behind Malta and Sri Lanka.
CommentsOf course, Brazil’s macroeconomic situation is vastly better than it was a decade ago, when capital fled the country and the exchange rate collapsed in the months before Luiz Inácio Lula da Silva was elected President. Years of primary fiscal surpluses, which began under President Fernando Henrique Cardoso and continued after 2002 under Lula, have brought public debt under control and earned Brazil an investment-grade credit rating.
CommentsBut how fast Brazil can grow, and for how long, remains in question. After the 2010 boom, economic growth slowed precipitously. Indeed, by the third quarter of 2011, growth had stalled. Economic activity has picked up a bit since then, but forecasts for 2012 put real GDP growth at only 3.5% or less.
CommentsThe key growth constraint is lack of domestic savings. If Brazil raises its investment rate to 23% of GDP from today’s 19% (as it must to build all that World Cup infrastructure), it will have to run a current-account deficit and rely on external savings equivalent to 3-4% of GDP for years to come. That gap can be easily financed with today’s abundant global liquidity, but a disorderly European default or an eventual US monetary tightening (yes, it will happen one day) could change that.
CommentsMoreover, because investors do not view Brazilian and non-Brazilian assets as perfect substitutes, low domestic savings mean perennially sky-high (nominal and real) domestic interest rates. Brazil is a country where traders get excited whenever the Central Bank’s short-term interest rate drops below 10%.
CommentsTo offset the impact on investment of such high capital costs, the state-owned Brazilian Development Bank (BNDES) offers tens of billions of dollars in long-term loans at zero or negative real interest rates. That certainly benefits the firms that can get such loans; unfortunately, those firms are not necessarily Brazil’s most productive.
CommentsBoth the private and public sector in Brazil under-save, but the government’s dearth of savings is the bigger problem. It is not for lack of revenue: Brazil’s tax receipts as a share of GDP are the highest in Latin America. The problem is a state that invests far too little because it has locked up too much money in inflexible current expenditure.
CommentsPublic-sector pensions are a good example. A recent report by the bank Itaú estimates that in 2010, the social-security system covering private-sector workers spent 6.8% of GDP on benefits granted to 24 million people. In the same year, the system for public-sector workers spent about 2.1% of GDP on benefits – but for fewer than three million people. In other words, the average government pensioner’s benefits are 2.5 times higher than what the average private-sector retiree receives.
CommentsPresident Dilma Rouseff is aware of the problem, and her government is shepherding through Congress an ambitious pension reform. But progress, perhaps inevitably, has been slow. The reform is expected to be approved by the lower House imminently, and then move on to the Senate – a mere 15 years after it was first introduced.
CommentsThe point is to free up resources for the public investment that Brazil desperately needs. In a continent-sized country far from Asia’s markets, transport costs are key. Brazil must build new roads, ports, and airports, and not just for football-mad tourists in 2014. It must build them to create the new exports and the higher-paying jobs needed to reduce Brazil’s continent-sized income inequality. If and when that happens, Brazil will be the country of the present and the future.
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Despesas de governo e crescimento economico: um debate

A propósito deste post neste blog: 

Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao sensata



um correspondente, ou melhor, um leitor, enviou este comentário, que comento logo abaixo: 


zzh deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao...": 

Agora me explique algumas coisas: aonde é que os dados mostrados por ele comprovam alguma coisa? Eles só mostram que os países em questão não estão crescendo agora. Por quê é que ele não cruzou com dados dos anos 60? Ou dos EUA em tempos de new deal? Porque esses dados danificariam o caso dele. É o caso clássico de enquadrar os dados à ideologia, não é assim que se faz ciência.

"The evidence here is extremely damaging to the case made by Mr. Obama and others that there is economic value to spending more money on infrastructure, education, unemployment insurance, food stamps, windmills and bailouts."

O autor quer dizer que não é vantajoso investir em infraestrutura? Ou em educação? Ele por acaso está esquecendo que o modelo americano de desenvolvimento é baseado principalmente em gastos do DoD? Que foi esse tipo de investimento que trouxe coisas como a Internet? O radar? O Teflon? Claro que um modelo totalmente estatal, a la URSS é inviável, e o modelo totalmente Keynesiano de EBES não é mais interessante, mas a teoria puramente monetarista dele é muito mais absurda do que qualquer outra coisa. Como fica a geração endógena de moeda? E a geração de moeda escritural por parte dos bancos? 


Agrego meus comentários (PRA): 
Pois bem, todos os economistas, ou até donas de casa sabem, ou deveriam saber, que governos, em geral, são despoupadores líquidos, ou seja, atraem a poupança privada para gastos inúteis com o próprio governo. Existem DEZENAS de dados empíricos -- ou seja, não é teoria, ou opinião não fundamentada -- que correlaciona a carga fiscal dos governos da OCDE, desde os anos 1960, com as taxas de crescimento. Existe praticamente uma linearidade negativa: quanto maior a carga fiscal, menor o crescimento, e vice-versa.
Se não acredita, procure os trabalhos de James Gwartney a esse respeito.
O Brasil se encaixa perfeitamente nessa história: carga fiscal do tamanho da OCDE, crescimento igual ao da OCDE, ou seja, medíocre.
NÃO EXISTE modelo americano de desenvolvimento: existe apenas a experiência americana de crescimento, de instabilidade e crises.
JAMAIS o crescimento americano foi baseado em gastos da Defesa, que são na maior parte dos casos perdulários, inúteis e exagerados, atuando em detrimento da economia americana, justamente.
Os EUA crescem, e inovam, A DESPEITO do Pentágono, não graças a ele.
Você quer tirar dois ou três exemplos isolados de breakthroughs tecnológicos para fazer disso um MODELO de desenvolvimento?
Não seja maluco: leia mais sobre a história do desenvolvimento tecnológico americano e você verá que ele tem mais a ver com o desempenho geral daquela economia do que com o Pentágono, um gastador contumaz, irresponsável, perdulário, inútil para o que realmente conta.
Leia também sobre a história do New Deal, em lugar de ficar repetindo lugares comuns, absolutamente equivocados com relação à realidade histórica. Recomendo Modern Times, do Paul Johnson (tem edição brasileira), ou Harold James, sobre os anos 1930.
Governos também são irresponsáveis na emissão de moeda, como aliás está sendo demonstrado agora mesmo.
Quem vai pagar a festa keynesiana?
Você?
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina e Von Mises ao contrario: Seis Licoes de AntiEconomia


Ludwig von Mises visitou a Argentina em 1959, quando fez as seis conferências de economia (na Universidade de Buenos Aires) que resultaram, mais adiante, em seu conhecido livro "Seis Lições" (disponível em edição em Português, no site do Instituto Liberal e no do Instituto Mises Brasil, que eu tenho em algum lugar de minha biblioteca; e em inglês, son o título de Economic Policy, no site mises.org). Uma das lições era, justamente, sobre o intervencionismo governamental na economia, sendo as outras sobre o capitalismo, o socialismo, a inflação, o investimento estrangeiro e sobre as ideias e as políticas econômicas.
Agora o governo argentino repete as seis lições, apenas que ao contrário, como aliás já faz o professor Chávez.
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina pode elevar controle sobre empresas


BUENOS AIRES - O governo argentino vai aumentar o controle sobre as 28 empresas privadas nas quais possui participação acionária herdada dos antigos fundos de pensão estatizados no final de 2008.
As companhias, entre elas as brasileiras Petrobras, Banco Patagonia (Banco do Brasil) e a processadora de alimentos Quickfood (Brasil Foods), já começaram a ser contatadas pelo vice-ministro deEconomia, Axel Kicillof - o novo homem forte do governo de Cristina Kirchner - e sua equipe passaram a semana passada em contatos com os presidentes das companhias, que foram avisados que têm prazo de 72 horas (a contar de ontem) para entregar uma série de documentos solicitados.
De acordo com o governo, as empresas terão de enviar ao governo relatórios detalhados de sua situação contábil, nível de produção, custos, comércio exterior, planos de investimentos e endividamento e informações sobre as decisões de diretoria. A solicitação destes dados está prevista no decreto que a presidente editou há cerca de 15 dias a fim de fixar normas para coordenar a ação dos 50 diretores estatais nestas empresas.
O governo argentino tem participação acionária nas empresas desde a estatização dos fundos de pensão, que passaram para as mãos da Agência Nacional de Seguridade Social (Anses). Na Petrobras, por exemplo, essa participação é de 9,8%, enquanto na Quickfood, é de 5,3% e no Banco Patagonia de 15,3%.
"Não acreditamos que possa haver problema com esse mecanismo porque a maioria da diretoria que decide é privada", disse fonte ligada a uma das empresas. Porém, continuou, "a presença agressiva do governo e a maior exigência poderia provocar melindre e atrasar novos projetos".

Brasil elegeu o Portunhol como lingua de trabalho; e o Ingles retrocede

Primeiro a notícia do site "Direito Aduaneiro e Comércio Exterior": 



Vivian Soares, de São Paulo, Valor Econômico, 09/08/2012
O Brasil é o país com o desempenho mais fraco em inglês para negócios entre os emergentes. A constatação é de uma pesquisa realizada com 108 mil profissionais em 156 países pela Global English e que avaliou o nível do idioma em empresas nacionais e multinacionais. Em uma escala que vai de 0 a 10, os brasileiros obtiveram a nota 2,95, segundo o levantamento. De acordo com José Ricardo Noronha, diretor da GlobalEnglish no Brasil, o país ficou classificado em 67º lugar em um ranking que contou com a participação de 76 dos países pesquisados. "Além dos Brics, perdemos também para México, República Dominicana, Venezuela entre outros", afirma. O Brasil teve também uma redução de seu desempenho em relação ao ano passado, em que conquistou a nota 3,45.
Segundo Noronha, o desempenho do país é preocupante. "Muitas empresas no Brasil têm suas estratégias voltadas para o mercado interno e não se preocuparam em qualificar sua mão de obra nesse quesito", afirma. A nota obtida pelo Brasil não chega nem mesmo a atingir o nível básico de fluência. "A qualidade de comunicação dos brasileiros é muito baixa. Em média, eles não conseguem nem mesmo fazer uma conversa corriqueira por telefone, algo que é obrigatório no cotidiano das empresas", afirma.
A pesquisa revelou que 92% dos profissionais em todo o mundo acreditam que o inglês é crítico ou importante para suas carreiras. Apenas 7%, no entanto, afirmam que possuem o nível de fluência adequado às necessidades da profissão. O índice de desempenho é baixo até mesmo em países onde o inglês é a língua nativa, como nos Estados Unidos (5,09) e no Reino Unido (5,24). "Nesses mercados, é comum que as multinacionais atraiam um grande número de profissionais não-nativos, especialmente em funções qualificadas como engenharia e ciência", diz. Esses especialistas preenchem a demanda técnica das empresas, mas ainda estão abaixo da expectativa em seus conhecimentos sobre o idioma.
O diretor acredita que, pelo menos no Brasil, há espaço para melhoras - a proximidade dos eventos esportivos no país deve fazer com que as empresas aumentem seus investimentos em formação de mão de obra. "Algumas companhias já incluíram a qualificação em idiomas em seu planejamento estratégico há muito tempo. Outras estão acordando para o problema somente agora". Ele acredita que o nível de exposição internacional do país deve aumentar muito nos próximos anos e isso será determinante para a competitividade das empresas. "Quem não se atentar à importância de ter profissionais com um bom nível de inglês vai perder mercado, dinheiro e talentos", afirma. 


Agora meu comentário: 
Não devemos esquecer que o governo dos companheiros tornou o Espanhol língua obrigatória no ciclo fundamental, o que vai obrigar à formação, apressada e provavelmente mal feita, de 500 ou 600 mil professores de Portunhol (é o máximo que conseguirão aprender) nos próximos anos, SEM QUALQUER VANTAGEM seja para as crianças, seja para o país.
Todos os brasileiros deveriam estar aprendendo inglês, desde o Kindergarten, mas parece que aqui não se gosta de línguas "imperialistas".
Enquanto isso, o Chile se prepara para ser uma nação inteiramente bilingue, Espanhol e Inglês, em 2015.
Não esqueçamos que também tem "estudos afrobrasileiros" como disciplina obrigatória no fundamental, e sociologia e filosofia como obrigatórias no ciclo médio.
Esse é o país que vai para trás: tudo é obrigatório, nada opcional.
O país, além de arcar com despensas inúteis excessivamente elevadas, ainda se atrasa com a "pedagogia freireana" dos companheiros.
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Salta um "mocochinche" bem gelado?! (Na Bolívia, claro...)


Carlos Malamud: Coca Cola en Bolivia

Coca Cola e indigenismo

Infolatam, Madrid, 12 agosto 2012
(Especial para Infolatam).- El ministro boliviano de Asuntos Exteriores, David Choquehuanca, se distingue por sus declaraciones altisonantes y provocativas. Años atrás señaló que lo que hoy es América, antes de la llegada de los europeos en 1492 era un continente de paz donde pueblos y hombres vivían sin guerras, en armonía y concordia. En otra ocasión se ufanó por no leer libros y preferir como fuente de conocimiento el saber y la experiencia de los ancianos y los aportes de la naturaleza y la madre tierra.
En fechas recientes sus palabras dieron la vuelta al mundo al vaticinar el fin del capitalismo y la coca cola en Bolivia el próximo diciembre, según lo indicado por el calendario maya. En esa fecha, de acuerdo con sus profecías, se pasaría de la Macha, la época de la oscuridad, el egoísmo, la división y el individualismo, a la Pacha, la de la hermandad, el amor, el comunitarismo y del mocochinche, un refresco de melocotón o durazno.
Ante las palabras de Choquehuanca, que provocaron el malentendido de la expulsión de coca cola de Bolivia en la fecha señalada, se impuso el desmentido del presidente Evo Morales. Choquehuanca expresa una de las líneas más integristas en la defensa de los valores indigenistas dentro de su gobierno, aunque para ello deba violentar la realidad y la historia con demasiada frecuencia. Sin embargo, esto no es ningún problema para quienes se erigen en defensores de un pasado mítico que nunca existió. Si es necesario reescribir la historia, se reescribe; si el guión requiere establecer vínculos estrechos entre mayas e incas y aymaras con más de 500 años de antigüedad, se establecen.
... Sus palabras dieron la vuelta al mundo al vaticinar el fin del capitalismo y la coca cola en Bolivia el próximo diciembre, según lo indicado por el calendario maya.
Ahora bien, ésta no es la mejor manera de defender los derechos individuales y colectivos de los indígenas bolivianos y americanos. Ni con un acceso selectivo a la modernidad ni negando a la coca cola, consumida con fruición a lo largo y ancho del país, se impondrán valores sociales más solidarios. Hace un par de años el vicepresidente García Linera dijo que Bolivia no podía competir en conocimiento, es decir en ciencia y tecnología, con los países más avanzados. Para equilibrar las cosas debían sacar partido de su ventaja competitiva: el comunitarismo. No había que invertir más en educación ni promover la I+D sino trasladar al mundo las buenas experiencias del comunitarismo plurinacional.
Es algo similar a lo que señala Choquehuanca. La época oscura y tenebrosa, marcada por el individualismo, el capitalismo y la coca cola, será superada a fines de 2012 por las luces de la solidaridad, el comunitarismo y el mocochinche. Más allá de la necesidad de identificar a cada etapa con una bebida simbólica, preocupa el anacronismo del mensaje. El mocochinche no solucionará los problemas de los bolivianos, que son muchos. En su lugar, se debería apostar por la promoción de la sociedad del conocimiento.
Este tipo de manifestaciones tienen poco que ver con los presupuestos de las culturas indígenas y más con prejuicios ideológicos. El indigenismo no está reñido con la modernidad ni con los avances científicos y tecnológicos, y se puede y se debe defender con otros métodos. Otra cosa es que se quiera incorporar la modernidad de una forma selectiva. Una vez más estamos frente al paternalismo de las élites, aunque en esta ocasión se esconda bajo un manto indigenista.

Carlos Malamud:
Catedrático de Historia de América de la Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), de España e Investigador Principal para América Latina y la Comunidad Iberoamericana del Real Instituto Elcano de Estudios Internacionales y Estratégicos. Ha sido investigador visitante en el Saint Antony´s College de la Universidad de Oxford y en la Universidad Torcuato Di Tella de Buenos Aires y ha estado en posesión de la Cátedra Corona de la Universidad de los Andes, de Bogotá. Entre 1986 y 2002 ha dirigido el programa de América Latina del Instituto Universitario Ortega y Gasset, del que ha sido su subdirector. Actualmente compatibiliza su trabajo de historiador con el de analista político y de relaciones internacionales de América Latina. Ha escrito numerosos libros y artículos de historia latinoamericana. Colabora frecuentemente en prensa escrita, radio y TV y es responsable de la sección de América Latina de la Revista de Libros.

Nosso aliado no Brics: o democrata Putin - Der Spiegel


The Path to TyrannyPutin's Russia Is Becoming a Flawless Dictatorship

Photo Gallery: Pussy Riot on Trial
Photos
DPA
Vladimir Putin is rapidly transforming Russia into a repressive state reminiscent of the Soviet Union, and the Pussy Riot trial is the climax in his campaign against the opposition. However, following massive media attention, his crackdown on the punk band could backfire.
Info
The window through which the world currently views Vladimir Putin's Russia is narrow and can only be opened from the outside -- like the feeding door of a cage.

The window is part of the glass enclosure in which the defendants are held during trials in Moscow's Khamovniki district court. As long as it's open, it serves as their connection to the outside world. Mikhail Khodorkovsky, who was Russia's richest man until 2003 and has been its most famous prisoner since then, used it to deliver a couple of words to the world when he was put on trial here for a second time in 2010.
Last Wednesday, it was the voice of Nadezhda Tolokonnikova that was coming from the cage. Tolokonnikova, a 22-year-old student, together with two other members of the feminist punk bank Pussy Riot, were being charged with "hooliganism." When the verdict is pronounced on Friday, the women could be sentenced to up to three years in prison.
The charge is documented in videos showing the musicians, wearing ski masks, giving a performance on Feb. 21, 2012, in front of the wall of icons in the Cathedral of Christ the Savior in Moscow. The lyrics included the following: "Mother of God, Virgin Mary, drive Putin away," "Holy shit, shit, Lord's shit," and "The patriarch believes in Putin / Bastard, better believe in God."
In their closing statements to the court, the defendants tried to refute the charge of "hooliganism." Tolokonnikova, with her neatly plucked eyebrows and perfectly styled hair, unabashedly referred to other people who went to extremes to defend their beliefs: St. Stephen, the first martyr of the Christian church; the writer Fyodor Dostoyevsky, who was sentenced to death for his resistance to religious and secular rulers alike; and Gulag chronicler Aleksander Solzhenitsyn, who predicted "that words will crush concrete."
Ridiculing Putin
Was it hubris or heartfelt? What will really be at stake in the court building on the banks of the Moskva River when the women of Pussy Riot are sentenced before the eyes of the global public? Some say it is merely a case of badly behaved, defiant regime opponents who would not have met with as much approval in Russia if it hadn't been for the regime's reaction, which included five-and-a-half months of pretrial detention for the accused, two of them young mothers. Others say that the case exposes the entire Putin system to ridicule.
The video of their performance in the Cathedral of Christ the Savior has been viewed hundreds of thousands of times on the Internet, and the images of Tolokonnikova's fiery statements against the Putin state will be viewed millions of times.
As a result, the attractive young woman and her companions have already achieved more than many of the opposition leaders and critical artists who have grown old in their resistance against Putin. The members of the punk band, notwithstanding their simple messages, stand for a Russia that is fed up with an arbitrary legal system, state control and corrupt elites.
Most of all, it has had enough of the man who had once promised to liberate his country from the legacy of the communist dictatorship, whose tough, opposition-crushing leadership style was met with great approval in large parts of the country at the beginning. Instead, he has guided his autocratic state along a path that is already heading for a repressive regime in which opposition members are arrested indiscriminately and their homes searched by the authorities, a regime where prosecutors shape their indictments to suit political requirements and intimidate opponents through interrogation. The whole thing is controlled by a man who could very well rule Russia with his tyrannical methods until 2024: Vladimir Vladimirovich Putin, 59.
'Flawless Democrat'
It was an oligarch, the media czar Boris Berezovsky, who orchestrated Putin's move into the Kremlin around the turn of the millennium. At the time, most Russians welcomed Putin, a judo practitioner and staunch opponent of alcohol. They had had enough of his eternally sickly predecessor Boris Yeltsin, who was increasingly drunk in public. The West hoped that the young, apparently inexperienced Kremlin leader would continue Yeltsin's foreign policy, which emphasized rapprochement, and that it would also be less erratic.
Putin's speech to the German parliament, the Bundestag, on Sept. 25, 2001, fueled expectations that the former KGB officer, who spoke German fluently, would modernize Russia and champion European values. Such illusions culminated in a now-famous comment by then Chancellor Gerhard Schröder who, in November 2004, described his Moscow friend as a "flawless democrat."
Putin has since disappointed his German friends, whose expectations were in any case too high. They had refused to believe that Russia still viewed itself as an independent power between Europe and Asia, that 500 years of authoritarian rule under the czars and the communists, could not be shed overnight, and the reservations against the West would not simply disappear because Russians like to drink Coca-Cola and carry designer bags by Yves Saint Laurent.
They also knew too little about Putin himself, who, in the years of turmoil, had only made it as far as deputy mayor of St. Petersburg.
Severity and Ruthlessness
Nevertheless, there had always been signs that Putin was convinced that he could only perform his duties with severity and ruthlessness. In the summer of 1991, for example, when the Soviet realm was collapsing, Putin moved into his office in St. Petersburg and promptly had the portrait of Lenin removed and replaced with one of Peter the Great.
A janitor had brought Putin two images of the czar. The first one depicted the young Peter, looking amiable and idealistic, a modernizer who wanted to open the "window to Europe" for his giant, backward country. Putin rejected the picture.
Instead, he chose one of a serious-looking older czar, marked by many battles and conflicts, one who had expanded his realm with new conquests, and one whose rule was so ruthless that he had his own son tortured to death after accusing him of being involved in a conspiracy.
Putin's preference for the ruthless version of Peter the Great could be symptomatic of the entire Putin era, which has already lasted for 12 years and, according to the constitution, could persist for another 12 years.
Solidifying Power
Putin, nervous and insecure in the early days of his rule, had hardly assumed the office of president before he used an overdue judicial reform to put all senior judges under the Kremlin's control. That move meant that the separation of the executive and the judiciary, a fundamental aspect of every Western democracy, had been suspended in a key area.
The war in the Caucasus offered the young president the opportunity to solidify his power. After repeated attacks by Chechen terrorists, which claimed hundreds of lives, Putin went about strengthening the Kremlin's centralized power and, in December 2004, eliminated the direct election of provincial governors by the people for the next eight years.
Putin also expected loyalty from the oligarchs, who had been coddled by Yeltsin. Those who did not toe the line were forced out of the country or inundated with trials. With the help of the FSB, the country's domestic intelligence agency, Putin created new empires of oligarchs devoted to him. From then on, the property of the wealthiest Russians was only secure if they remained loyal to Putin.
In his first two terms, Putin still tried to preserve a delicate balance between conservative hardliners and liberal-minded parts of the Moscow power elite. He used the struggle between the two camps over the global power's foreign policy direction and control over the most lucrative parts of the Russian economy to expand his own power. It gave him the role of an arbitrator, making Putin the ultimate judge.
Rolling Back Reforms
But after his four years as prime minister and his return to the Kremlin in early May, Putin abandoned his conciliatory approach. Demands for more democracy and development of Russia's weak civil society were suddenly viewed as subversive.

He quickly had his party, United Russia, which had increasingly taken on the structures and rituals of the former Communist Party of the Soviet Union in the more than 10 years of its existence, drastically tighten laws against demonstrations. Leading members of the opposition were attacked with smear campaigns.
In only three months Putin, with the help of his absolute majority in the Duma, repealed the few reforms that his predecessor Dmitry Medvedev, with whom he had switched places, had managed to carry out. The president and his closest advisers saw these reforms as the real fuel for the mass protests that had become part of everyday life in Moscow since the parliamentary election at the end of last year. Most of all, Medvedev's essay "Forward, Russia," published in September 2009, had triggered hopes of a freer Russia within the well-educated urban middle class.
Putin's successor had created an atmosphere in which the middle class had become active, recognizing that a different, modern Russia could be possible. This political thaw had since been recognized as a mistake, says Moscow political scientist Vitaly Ivanov. Putin's team responded to Medvedev's stated principle that freedom is always preferable to the lack of freedom with the conviction that order is always better than disorder.

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