O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Republica Federativa de Guantanamera?: ditador cubano em residenciaoficial do governo federal

O ditador Raúl Castro veio para um convescote de tiranetes latino-americanos. Oposição fez bem em exigir explicações do governo amigo das tiranias. 


Líderes de partidos de oposição na Câmara dos Deputados questionaram nesta quinta-feira (17/07), a hospedagem do presidente de Cuba, Raúl Castro, na Granja do Torto, residência oficial de campo da Presidência da República. A oposição pretende pedir informações ao Itamaraty e à Secretaria-Geral da Presidência da República sobre a deferência especial ao líder cubano. 

Segundo apurou a Agência Estado, a hospedagem de Castro estava sendo tratada como segredo de Estado pelo governo brasileiro, mas o fato foi confirmado por duas fontes do governo. 

Em Brasília para o encontro da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) com o presidente da China, Xi Jinping, Castro foi o único dos chefes de Estado a se hospedar na casa de campo utilizada pela presidente Dilma Rousseff. Nesta manhã, o cubano recebeu na Granja do Torto o colega venezuelano Nicolás Maduro. "É uma distinção inexplicável e injustificável", criticou o líder da bancada do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). O tucano lembrou que o presidente cubano, em eventual dificuldade de encontrar hospedagem em Brasília, poderia optar pela Embaixada de seu país. 

Imbassahy informou que o PSDB vai encaminhar requerimento ao Ministério de Relações Exteriores questionando os custos e a falta de transparência do governo brasileiro. O tucano quer saber se, além da hospedagem, o governo brasileiro teve outros gastos, como transporte do presidente cubano e sua comitiva, além dos motivos pelos quais a estada de Castro foi mantida em sigilo pelo Palácio do Planalto. 

Outro requerimento será apresentado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para que o ministro Luiz Alberto Figueiredo esclareça o alinhamento entre Brasil e "países de regimes ditatoriais". "Depois que deu dinheiro para construção de um porto (de Mariel), supriu o caixa do governo cubano com os recursos do Programa Mais Médicos, o Palácio do Planalto oferece agora mais um mimo especial", atacou o deputado. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), também criticou o tratamento diferenciado ao cubano e chamou a Granja do Torto de "Embaixada da Ditadura no Brasil" e de "hospedaria de ditador latino-americano". "Essa distinção por Cuba, depois de ter criado um programa de importação de médicos para financiar a ditadura cubana, garante a Raul Castro tratamento concedido apenas para outro ditador, o presidente da Venezuela e afilhado político de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, nesses 12 anos de governo do PT", afirmou. (Continua).

Banco dos Brics: duas opinioes negativas - Roberto Ellery e Adolfo Sachsida

Começo com o vídeo do Adolfo Sachsida, pois basta clicar no link abaixo:

Uma Ideia Ruim Sempre Pode ser Piorada: O Banco dos BRICS

https://www.youtube.com/watch?v=xXwo5_-KDH8&list=UUdivG5uywW1-UHNG5NGpExQ

Agora leiam o artigo do Roberto Ellery em seu blog, sobre o qual o Sachsida justamente me chamou a atenção.
Paulo Roberto de Almeida

Banco dos BRICS: Desnecessário e Perigoso

Blog do Roberto Ellery,  16/07/2014

O assunto da semana é a criação do Banco dos BRICS. Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul decidiram criar um banco que será sediado em Xangai e que será uma mistura de FMI com Banco Mundial. Para começo de conversa é preciso deixar claro que FMI e Banco Mundial exercem funções diferentes e, não raro, conflituosas. Enquanto o Banco Mundial é um banco de desenvolvimento com a tarefa de financiar o crescimento econômico no mundo e reduzir a pobreza (ver aqui) o FMI é um fundo desenhado para socorrer países em crise de balanço de pagamentos (ver aqui). O Banco Mundial é aquele banco que você recorrer quando tem uma ideia que acredita ser boa e quer transformar a ideia em um negócio ou quer um financiamento para que sua ideia reduza a pobreza, o FMI é aquele banco que você procura quando está quebrado. O Banco Mundial é o “policial bonzinho” e o FMI é o “policial malvado”.
Pensar as duas funções em um único banco é um desafio que não vou enfrentar nesse post, apenas registro que as possibilidades de risco moral são inúmeras. Aqui vou separar cada função e questionar a relevância de cada uma delas para o Brasil. Começo pelo banco de desenvolvimento, um dos meus vilões favoritos. A verdade é que já temos um banco de desenvolvimento de dimensões consideráveis. Em 2012 o Banco Mundial emprestou U$ 32 bilhões (ver aqui e aqui), no mesmo ano o BNDES desembolsou R$ 156 bilhões, o que equivale a aproximadamente U$ 70 bilhões pelo cambio atual. É isto mesmo, em 2012 o BNDES desembolsou duas vezes mais que o total de empréstimos realizados pelo Banco Mundial. Se o Brasil tem um banco maior que o Banco Mundial que é só dele por qual razão vai criar outro banco concorrente do Banco Mundial?
Uma possível resposta é que o novo banco terá uma atuação internacional e nós queremos ajudar os países mais pobres. O problema é que o BNDES já financia projetos em outros países (ver aqui) e sem dar satisfação a chineses ou a russos. Outra resposta é que o BNDES está fazendo um excelente serviço e um novo banco seria uma forma de ampliar esses serviços. Já escrevi um bocado sobre os efeitos do BNDES aqui no blog, é só fazer uma busca. Os exemplos do fracasso das políticas do banco se amontoam, o caso mais emblemático é o do grupo X de Eike Batista o que eu tomei conhecimento mais recentemente é o da Eldorado (ver aqui). O próprio Luciano Coutinho, presidente do BNDES e um dos mentores da política de campeões nacionais, já percebeu que a política de campeões nacionais que norteou a atuação do BNDES deve ser abandonada (ver aqui).
Entretanto, na condição de liberal chato e sendo mais chato do que liberal, coloco mais uma vez o retrato do fracasso do BNDES em elevar a taxa de investimento brasileira. A figura abaixo mostra os desembolsos do BNDES, a taxa de investimento no Brasil e a taxa de investimento na América Latina e Caribe. Notem que a taxa de investimento no Brasil é menor que a da América Latina e Caribe (não retirei o Brasil do grupo América Latina e Caribe, portanto o Brasil está puxando o grupo para baixo), mas ainda, o gigantesco aumento dos desembolsos do BNDES não foi capaz de dar a taxa de investimento do Brasil uma dinâmica diferente da taxa de investimento da América Latina e do Caribe. O único momento em que isto aconteceu foi na sequencia da crise de 2008, minha conclusão é que os efeitos da atuação do BNDES parecem mais com a de uma política de curto prazo do que com o que se esperaria de um banco de desenvolvimento. Os dados para desembolso são do próprio BNDES, as taxas de investimento são do FMI.
O motivo para isto é simples: o Brasil não precisa de um banco de investimento. As grandes restrições para o investimento no Brasil estão no ambiente de negócios, investir em um país que muda regras o tempo todo é uma decisão de alto risco. Investimentos de longo prazo exigem estabilidade, exatamente o que não oferecemos. Peço que o leitor imagine a apreensão de quem acabou de investir no Brasil em um setor que concorre com produtos chineses. Com o novo banco os chineses serão favorecidos? Quem arrisca uma resposta? A verdade é que mesmo no Banco Mundial a estratégia de combater pobreza e estimular desenvolvimento com crédito barato vem sendo questionada. O crédito barato costuma acabar nas mãos dos amigos do governante de plantão que não necessariamente são os que têm os melhores projetos, mais grave, o crédito barato acaba sendo usado para manter governos no poder e atenta contra a democracia.
A atuação do banco dos BRICS como banco de desenvolvimento me parece trazer mais problemas do que soluções. Mas como fica a atuação como emprestador de última instância para países em crises de balanço de pagamentos? Aqui é mais delicado. Alguém sempre pode argumentar, com alguma razão, que a existência desse tipo de banco acaba por estimular um comportamento irresponsável que leva às crises que o banco vai resolver. Simpatizo com essa linha de raciocínio, mas tenho de reconhecer que crises existiam antes do FMI e que, portanto, o FMI não pode ser a causa única para crises. Parece razoável argumentar que já que crises existem é aceitável existir um banco que socorra países em crises. Mas como entra o Brasil nesta história?
A taxa de poupança do Brasil está entre as mais baixas do mundo (ver aqui). Exatamente por qual razão um país que não tem capital para financiar o próprio investimento e que importa capital vai se oferecer para financiar países sem crédito para honrar seus compromissos externos? Pior, se não ajustar o preços dos combustíveis o Brasil caminha ele mesmo para uma crise do balanço de pagamentos (ver aqui). Mas aí está a vantagem, podem argumentar os espertos de plantão, ao criar o banco dos BRICS o Brasil está se antecipando e conseguindo quem financie uma eventual crise no balanço de pagamentos, afinal a China é um dos maiores credores do planeta. É uma jogada interessante, mas não esqueçamos que malandro demais vira bicho. China, Rússia e mesmo Índia não são os bobos do jogo de poder internacional, pelo contrário, são atentos e não raro brutais neste jogo. Acreditar que a China está disposta a financiar uma crise brasileira para mostrar algo aos EUA é acreditar em fadas. Impressiona que os que falam pelos cotovelos a respeito da questão geopolítica não estejam nos explicando exatamente o que ganhamos e o que perdemos no jogo de poder com a criação do banco.
O post já está longo, termino com uma frase que gosto muito de um filme sobre pôquer que não estou lembrando o nome agora. O jogador do filme dizia que se em tantos minutos você não souber quem o otário da mesa então saia da mesa que o otário é você. Gostaria muito que os especialistas que defendem a criação do banco dissessem quem é o otário da mesa, por razões óbvias as autoridades não podem dizer, se não souberem é melhor recomendar que saiamos da mesa...

The Woman: do que o Brasil escapou: a primeira embaixadora americana, que quase chegou...

Eu recebo tudo sobre o Brasil que é publicado no New Wirk Times. Por isso me surpreendi com uma chamada, com esse título, The Woman, e uma resenha de livro, relativa ao Brasil.
Curioso, fui ler agora, o que só vai ser publicado no NYTimes de domingo, uma longa resenha dessa extraordinária mulher, famosa por suas frases cortantes, a primeira embaixadora dos EUA, primeiro na Itália, e quase no Brasil, e que deixou um legado inesquecível, para o bem ou para o mal, para todos os que com ela conviveram.
Em todo caso, a resenha está muito bem feita, mas não pretendo comprar o livro, sequer folhear em livraria. A única coisa sobre o Brasil é a perspectiva de ter quase ido. Não sei do que escapamos, mas teria sido uma sensação.
O Brasil dos anos 1950 já tinha tantos problemas de instabilidade política e militar, que ela certamente seria mais uma fonte de instabilidade diplomática...
Enfim, leiam pelo menos a resenha que está muito boa. Vou tentar achar a resenha do primeiro volume. Essa mulher realmente fez história, mas apenas petite histoire...
Paulo Roberto de Almeida


The Woman
‘Price of Fame,’ by Sylvia Jukes Morris
By MAUREEN DOWDJULY 17, 2014

PRICE OF FAME
The Honorable Clare Boothe Luce
By Sylvia Jukes Morris
Illustrated. 735 pp. Random House. $35.

(vejam a foto aqui)
All Clare on the Western Front: With Fifth Army Group troops, 1945. Credit Courtesy of Sylvia Jukes Morris
Clare Boothe Luce has a lot to answer for.
As the grande dame of the Republican Party, she introduced Richard Nixon to Henry Kissinger at her 1967 Christmas cocktail party. As la belle dame sans merci of Manhattan’s smart set, she took whatever she wanted from life without regard to moral consequences, even after showily converting to Catholicism. As a glamorous World War II correspondent, she wrote a book so self-­regarding that Dorothy Parker titled her review “All Clare on the Western Front.”
Her colleague at Vanity Fair in the 1930s, Helen Lawrenson, wrote about the author of the venomous 1936 play “The Women”: “I can think of no one who aroused so much venom in members of her own sex.”
“Throughout her life she had aimed for the best of everything and usually gotten it,” Sylvia Jukes Morris writes in the second volume of her exhaustive biography of the relentless enchantress who had more hyphens in her résumé than Barbra Streisand. Clare Boothe Luce was an actress-editrix-playwright-screenwriter-­congresswoman-ambassador-presidential adviser. And as the wife of Henry Luce, father of the Time empire, she was the clever half of the predominant power couple of the mid-20th century, even giving Luce many ideas for Life magazine, though she was barred from its masthead.
She was “an accomplished seductress” who married once, if not twice, for money and position, Morris writes. Yet Luce always asserted that “in every marriage there are two marriages. His and hers. His is better. . . . What man now calls woman’s natural feminine mentality is the unnatural slave mentality he forced on her.”
In Morris’s first volume, “Rage for Fame,” Luce — the illegitimate daughter of a violet-eyed, conniving Upper West Side beauty who urged her daughter to use her blue eyes, blond hair and luminous skin to ensnare wealthy men — is on the ascent, driven by “her perpetual hunger for power in yet more spheres.”
She had few real friends, as Lawrenson wrote, because “she seemed to trust no one, love no one.” Yet, Lawrenson said, Luce “could enter a room where there were other women, more beautiful, ­better dressed with better figures, and they faded into the background, foils for her radiance.”
Luce flourished as a coquette and courtesan in bows and ruffles, but she once told male diplomats at a well-lubricated dinner: “Women are not interested in sex. All they want is babies and security from men. Men are just too stupid to know it.” Her sometime escort, the French artist Raymond Bret-Koch, appraised her this way: “It’s a beautiful, well-constructed facade but without central heating.”
As “Price of Fame” begins, it’s 1943 and the diaphanous, carnivorous 39-year-old Luce is still on the rise. The woman Morris calls “by far the smartest, most famous and most glamorous member of the House of Representatives” is eluding clamoring reporters as she arrives at Union Station to begin her term as a Connecticut Republican. She is also growing more pompous, becoming the target of contemporaries like Dawn Powell, who wrote “A Time to Be Born,” a piercing satire about the chilly blond climber Amanda Keeler, who was “too successful, too arrogantly on top, to even need good taste.”
Yet as the onetime Democrat became a Republican star — called “Blondilocks” by The Bridgeport Herald — Luce retained her talent to startle. Speaking to bejeweled Republican supporters at a dinner, in the low, melodious pitch she diligently rehearsed, Luce observed, “One of the troubles with the Republican Party is that it contains too many prehistoric millionaires who wear too many orchids.” Luce preferred to wear a rose in a small vial of water on the lapel of her custom-made suits.
When the Democratic representative J. William Fulbright lectured her on the House floor about her views on national security, she lectured him right back that he mixed up “infer” and “imply.” She attacked Senator Harry Truman’s wife as “Payroll Bess” for taking a salary of $4,500 a year to do her husband’s mail and edit committee reports. As president, Truman banned “that woman,” as he called her, from the White House. Luce accused Vice President Henry Wallace of “globaloney” and President Roosevelt of lying his way into World War II. Roosevelt riposted that Luce was a “sharp-tongued glamour girl of 40.”
After winning re-election, Luce went on a newfangled foreign junket with a delegation from the military affairs committee to visit the battlefields of Western Europe and collect some souvenirs: the hearts of romance-starved military men. Just before photographers snapped their shots, she would reverse her camouflage jacket to show the white lining, looking, as one Army public relations officer recalled, like “a gorgeous laughing snow bunny.”
She ensorcelled the married Lieut. Gen. Lucian K. Truscott Jr., in command of the Fifth Army in Italy. Soon she was in a black silk suit on the front, having dinner before a roaring fire with the handsome Truscott in his tent. As they sat on his regulation cot, he grabbed her and importuned, “The most beautiful thing in this world is an American division!”
As their romance blossomed, Truscott wrote poetry to her — “I’m troubled by the ghosts that haunt this place / They mock the skull beneath your lovely face” — and confessed, “I was drawn to you as iron is drawn by a magnet and was almost as helpless.” When she went off incommunicado with her general, the Pentagon dispatched a lieutenant to collect her from a villa in Rome and return her to the Z.I. (Zone of the Interior, i.e., the United States).
The ensuing decades, scarred by family tragedy; marital trauma; bouts with “the dismals,” as she called her bad mood swings; drug dependency; a hysterectomy at 44; arsenic poisoning; suicide attempts; a brain tumor and her horror at her fading beauty; a dwindling pool of male admirers and servant problems, make for fascinating but melancholy reading.
Over the years, Morris pursued Luce, who finally gave in and provided access to 460,000 items in the Library of Congress, more than many presidents save. With her husband, the fellow biographer Edmund Morris, Morris spent time with Luce at her home in Honolulu, which the renowned hostess called her “fur-lined rut,” and once ingratiated herself by filling in when Luce was lacking a full-time maid. “I don’t see much hope for a country where you can’t get live-in servants,” Luce, who was very hard on the servants — even once slapping the wife of one — grumpily told Morris.
She had no small talk, just pontification and a jutting jaw if anyone interrupted her monologues. And, when Luce poured herself a big Scotch despite her ulcers, nicknamed Qaddafi and Begin, Morris writes, “it seldom occurred to her to offer drinks to others.”
Morris is not great at stepping back and analyzing. She just methodically piles up the facts. Two volumes would seem excessive, but Luce’s pathological need to invent and reinvent herself, her restless, acquisitive drive to conquer new worlds and her cascading calamities end up providing plenty of vivid material.
Luce was not enamored of Congress. Her combination of femininity and forcefulness — which Vogue called “analogous to being dynamited by angel cake” — unnerved some colleagues, who ostracized her. She complained to Pearl Buck about “myriad little snubs and discriminations” dished out to “the girls.” (Her husband’s top editors also belittled her, and curtailed coverage of her, despite his importunings. She had to settle for the cover of Newsweek.) When a colleague in Congress tried to flatter Luce by saying she had “a masculine mind,” she demurred: “Thought has no sex.” She was touted as a possible vice-presidential candidate in 1944, but said: “Politics is the refuge of second-class minds.”
Although called “The Woman Who Has Everything,” she was lonely, and her marriage was ragged. Morris chronicles the “heart trouble” of both Luces, to use the euphemism Time editors employed for their boss’s infatuations. While she was recovering from her hysterectomy, Luce got a visit from a lawyer sent by Harry, as her husband was known, telling her that she “owed it” to Roman Catholicism to divorce him. But she clung to the marriage, even though he had refused to have sex with her for eight years, citing two events early in their relationship that he said made him impotent: when she had not been impressed enough that he made $1 million a year, and when she had been dismissive of his cherished membership in Yale’s Skull and Bones.
Although Luce had not been the most nurturing mother (Harry said she had treated her daughter, Ann, “abysmally” when the girl was growing up) she was shattered when the 19-year-old Stanford student died in 1944 in a car accident in Palo Alto. She wandered into a Catholic church in a haze of bitterness. It was the beginning of an intense spiritual odyssey that would end with her conversion to Catholicism — her instructor was Fulton J. Sheen, the monsignor with the piercing eyes who became a television star in the 1950s. It was a move that alienated her from Harry’s anti-­Catholic Presbyterian missionary mother, who would have been appalled to know that Luce asked Pope Pius XII to help persuade Harry to convert. It didn’t work.
Collecting charismatic priests the way she had once collected charismatic generals, Luce wrote religious screenplays and pointed out that Hollywood “means Holy rood — the wood of the Cross.” But she blamed the conversion for her inability to write with bite.
She moved on to fighting Communism. She conjured the dangerous idea of “preventive war” long before Dick Cheney, urging America to go to war with Russia. After she helped him in his campaign, President Eisenhower made her the ambassador to Italy (the first woman to hold the post). Despite some initial misogyny among Italian politicians and in the newspapers — the leader of the Communist Party described her as “an aging witch” — and a blunder when she urged Italians to vote against Communist pols, she did well in the job, and Harry enjoyed being the “consort.” She became known as “Machiavelli in a Schiaparelli.” But she was descending further into the Valley of the Dolls, not realizing that some of her ailments might be traced to the lead paint fragments in rosettes above her bed in the American embassy residence in Rome that were dropping into her morning coffee and possibly poisoning her.
Back in America, Harry tried to leave her for Lady Jeanne Campbell, the granddaughter of the British press titan Lord Beaverbrook. But she attempted suicide and he stayed, even though he could not bear even to cuddle her anymore, and she called him “a moral leper.” In an unsent letter to the younger Campbell, whom she referred to as “Baby,” Luce summed it up this way: “Big Mama won’t let Big Poppa go.” (Campbell married Norman Mailer instead.) In her “anecdotage,” as she termed it, Luce had a six-year “flirtation” with LSD, and said one trip made her realize that God didn’t like to be flirted with.
She agreed to be Eisenhower’s ambassador to Brazil. Senator Wayne Morse of Oregon fought the nomination, arguing that she was qualified to be only a “political hatchet man.” One Ohio senator even read into the record a poem by Sir William Watson entitled “The Woman With the Serpent’s Tongue.” Luce was confirmed but then proved Morse’s point when she made a crack, culled from Time researchers, about how her tormentor had once been kicked in the head by a horse. In the ensuing furor, Luce decided to drop out.
She proceeded to a new “enthusiasm,” Henry Kissinger, even though she was known to tell people that “there existed a relatively small group of wealthy Jews who met once a year in the greatest secrecy and planned the strategy of world Jewry for the future.” (The one time I met her, at a Time party in the ’80s, her opening gambit was: “Did you know all the mischief in the world was caused by five Jewish men?”)
Harry, a heavy smoker and drinker, died of a heart attack in 1967. Clare had once remarked that “widowhood is one of the fringe benefits of marriage,” but hers, she said, was “a sort of deluxe loneliness.”
Once, not long before she died in 1987 at age 84, felled by a brain tumor, Luce called Morris from her apartment at the Watergate, sad because it was Saturday night and she had no “beaus.” Morris asked her what kind of escort she would like. “A homosexual admiral would be good,” Luce replied, “because at the end of the evening I wouldn’t have to put out.”

Maureen Dowd is an Op-Ed columnist for The Times.
A version of this review appears in print on July 20, 2014, on page BR16 of the Sunday Book Review with the headline: The Woman


Redistribuicao de renda, estilo companheiro: quem ajuda aos seus...

Existem coisas que me causam asco profundo ao postar aqui e esta é uma delas.
Normalmente eu NUNCA postaria uma coisa destas num blog que é essencialmente destinado a discutir políticas econômicas, política internacional, relações exteriores, livros, enfim, coisas inteligentes para pessoas inteligentes, como está escrito aí em cima.
Mas como eu leio muita coisa, sempre aparece algum material mais heterodoxo, que cabe registrar para a posteridade.
Esse justamente, NÃO É um deles, mas tem certas coisas que não nos deixam indiferentes.
Pessoas animadas de um resto que seja de espírito cívico não conseguem ficar indifentes ao amontoado de patifarias que surgem todos os dias, todas as horas, emanadas do esterco imundo em que essa gente tenta mergulhar o Brasil.
Considero ser do dever de cada um de nós afastar a máfia que tomou de assalto o Brasil.
Sinto muito mas não consigo ficar indiferente, e acho ser do meu dever contribuir de alguma maneira para fazer cessar esse tipo de vergonha que me constrange profundamente.
Assim, com mil desculpas por postar sujeitas desse quilate, aqui vai, como informação apenas.
E como alerta, claro.
Se não quisermos afundar ainda mais, se não quisermos nos arrepender amanha, no ano que vem, nos próximos anos, temos de fazer alguma coisa.
Este blog é a única arma de que disponho para expressar minha mais profunda ojeriza a este tipo de situação.
Paulo Roberto de Almeida

Mulher de Franklin Martins recebeu R$ 6 milhões do governo 

Políbio Braga, 17/07/2014

Franklin Martins está com o prestígio sendo corroído dentro do governo Dilma, porque a residente ficou contrariada com a repercussão de post publicado pelo ex-ministro de Lula contra a CBF após a Copa do Mundo e pediu que o site Muda Mais fosse desvinculado de sua campanha à reeleição. A partir de agora, apenas o dilma.com.br, sob responsabilidade de João Santana, é considerado como porta-voz de seu comitê; a página comandada pelo ex-ministro de Lula é tratada como linha de apoio à candidatura petista

. A seguir, artigo de Rodrigo Constantino, www.veja.com.br, contando como é um bom negócio ser petista de carteirinha como Franklin Martins. Leia:

Só um milhão? Muito pouco…
Segundo reportagem na Folha, a mulher de Franklin Martins já embolsou R$ 6 milhões do governo por serviços prestados. Mônica Monteiro é sócia majoritária da Cine Group, empresa que ganhou pouco mais de R$ 30 mil em 2004, ano em que foi registrada no DF. Ano passado, embolsou R$ 1,2 milhão. Em dez anos, foram R$ 6 milhões, prestando serviços para a Presidência e ministérios.
Os pronunciamentos eleitoreiros da presidente Dilma, por exemplo, tiveram sua empresa subcontratada. O maior contrato, de R$ 2,3 milhões, foi firmado com a EBC, estatal que teve o próprio Franklin Martins como um dos principais criadores. É a dona da TV Brasil, mais conhecida como “TV traço”, pois não tem audiência alguma. Mas, como fica claro, a audiência não é o principal negócio da emissora estatal…
Franklin Martins, aquele que dorme e acorda pensando em como destruir o grupo Globo, seu ex-patrão, disse que teve influência “zero” nos contratos da Cine Group com o governo. A empresa também afirma que o relacionamento entre Mônica e Franklin não teve nenhum peso nos contratos.
Eu acredito! Assim como acredito que Lula nada sabia sobre o mensalão. Como acredito que José Dirceu está na Papuda por que foi vítima da perseguição da “elite branca” comandada por Joaquim Barbosa. Como acredito que o PT adora a democracia. Como acredito no Saci Pererê, no Coelho da Páscoa e em Papai Noel…
PS: Ficou mais fácil entender por que o PT luta tanto para “democratizar” a imprensa, ou seja, controlar cada veículo hoje independente? Notícias assim você não vai ver na TV Brasil.

Emprego em queda: deve ser alguma maldicao companheira, deu tudo errado no mes da Copa

Perdemos feio (não usem o número sete por aí), as pesquisas eleitorais vão pelo mau caminho, e ainda tem esta: emprego em queda.
Mas justamente logo quando o governo esperava um emprego explodindo no mês da Copa, as vendas caem, o emprego some, a seleção deu chabu, a satisfação com a soberana volta a descer a rampa do Planalto.
Não é possível. Deve ser algum vodoo da oposição, esse pessoalzinho malvado, que aproveitou a presença de um bocado de haitianos (também importados por obra e graça dos companheiros), para fazer feitiçaria contra um governo tão bonzinho, tão preocupado com a questão social, tão sem outros recursos...
Paulo Roberto de Almeida

Criação de emprego no mês da Copa cai 79,5%, mostra Caged. Número de vagas é o pior desde 1992.
Políbio Braga, 17 Jul 2014 01:11 PM PDT

Foram criadas 25.363 vagas em junho — o pior resultado para o mês dos últimos 16 anos O país registrou abertura de apenas 25.363 vagas formais em junho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira. O número é 79,5% inferior ao registrado no mesmo mês de 2013 . Em maio, foram criados 58.836 postos com carteira...

Addendum:

Aliás, esses efeitos negativos da Copa já tinham sido antecipados ANTES da Copa, por Roberto Ellery, como ele revela em seu blog, em post de 19 de junho.

Participação no Globonews Alexandre Garcia

Ontem, 18/06, estive na Globonews para consversar com Alexandre Garcia e Paulo Dantas Costa, presidente do Conselho Federal de Economia (COFECON), a respeito dos impactos econômicos da Copa. Minha avaliação é que a Copa não terá efeitos econômicos de longo prazo e que no curto prazo os efeitos podem até ser negativos. Os que me acompanham sabem que meu diagnóstico sobre a economia brasileira é que existe um problema de oferta e não de demanda. Sendo assim os possíveis ganhos econômicos por conta da elevação da demanda no período da Copa serão pequenos e possivelmente menores que as perdas com os dias parados por conta dos feriados.
O presidente do COFECON acredita que o setor de turismo pode ser beneficiado no longo prazo. Eu não compartilho desta idéia, várias pesquisas relativas a mudanças setoriais em países que foram sede da Copa do Mundo mostram que o efeito sobre a composição setorial do emprego é pequena ou nula, ou seja, não há um crescimento significativo do setor de turismo em relação a outros setores. No caso do Brasil as inúmeras dificuldades que temos para o turismo continuarão fazendo com que o país inteiro receba mais ou menos a mesma quantidade de turista recebidos pela Torre Eiffel a cada ano. Para os que se interessarem o link para o vídeo está aqui.

Prata da Casa: os livros dos diplomatas: nova versão (Julho 2014) - Paulo Roberto de Almeida


Paulo Roberto de Almeida


Tudo o que você sempre quis saber sobre as relações internacionais e a política externa do Brasil, e não tinha a quem perguntar?
Quase isso. Sem ser um guia sistemático de leituras direcionadas, este livro é, na verdade, um diretório anotado de todas as publicações mais importantes, escritas nas últimas décadas por diplomatas e por acadêmicos, sobre questões da agenda internacional e das relações exteriores do Brasil, sobre temas que interessam aos próprios profissionais da área, bem como aos estudantes e aos candidatos à carreira diplomática.
Os melhores livros resenhados, anotados, criticados, no que eles têm de bom, de menos bom, em todo caso de útil, para um aprofundamento crítico sobre o que de melhor se escreveu em torno dos temas mais relevantes da diplomacia brasileira desde o final do século passado. Uma referência doravante indispensável a quem quer saber quem escreveu o quê, como o fez, e com qual metodologia, sobre os mais diversos assuntos da agenda internacional contemporânea, assim como da própria história e economia do Brasil e mundial.
Ele é o equivalente ao que na tradição britânica se chama de companion, ou seja, um companheiro de leituras, ou de releituras, para a melhor literatura disponível no setor.

Resenhas de livros acadêmicos existem em quase todas as revistas da área, geralmente limitadas a duas páginas e na estrita observância dos padrões desse gênero de avaliação crítica: informação objetiva sobre o livro, contextualização no seu ambiente próprio e no estado da arte dos estudos especializados daquele campo, e síntese final. Os grandes jornais também costumam trazer, pelo menos uma vez por semana, notas sobre livros, mas eles se referem apenas às publicações recentes, geralmente os livros da moda, ou aqueles que são “sugeridos” por editores ativistas. Algumas publicações especializadas oferecem, igualmente, uma informação sintética sobre o que vai pelo mundo editorial, como notas mais curtas ou mais longas sobre as novidades mais atraentes, ou até números temáticos.
Não existe, porém, no mercado nenhum equivalente deste livro, uma compilação exaustiva de tudo o que de mais importante se publicou no Brasil (com algumas esticadas ao exterior) sobre as relações internacionais, em geral, em especial sobre sua política externa, por alguém que justamente possui a dupla militância para navegar nos dois campos sem qualquer dificuldade: na diplomacia profissional e na academia, nesta voluntariamente. Foi também voluntariamente que Paulo Roberto de Almeida coletou algumas dezenas de resenhas de livros produzidas ao longo das últimas duas décadas, exclusivamente de livros de diplomatas ou de acadêmicos tratando dos temas que obrigatoriamente interessam aos diplomatas.
Na verdade, são mais de 250 livros lidos e resenhados para publicações diversas, ou para seu próprio deleite intelectual. As 144 mini-resenhas da Primeira Parte do livro são exclusivamente de obras de diplomatas, publicadas em grande parte (mais de 50%) pela Fundação Alexandre de Gusmão, geralmente resultantes de pesquisas direcionadas, visando objetivos institucionais e profissionalizantes: elas foram publicadas, a título essencialmente informativo, numa seção do Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros que se chama, justamente, Prata da Casa, de onde foi tirado o título deste volume de compilações.
A meia centena de resenhas mais longas – algumas bem longas – da Segunda Parte também é de livros de diplomatas, mas geralmente publicados por editoras comerciais e divulgadas em revistas acadêmicas, embora muitas delas tenham permanecido inéditas até aqui. Na Terceira Parte, finalmente, comparece mais uma meia centena de livros de não diplomatas, acadêmicos brasileiros ou estrangeiros, que produziram obras que falam de perto aos diplomatas e a todos aqueles que possuem atração pelos temas da diplomacia e da política internacional. No conjunto, estas resenhas, que permaneciam esparsas em veículos diversos, ou mesmo sem publicação, oferecem uma oportunidade única para penetrar no mundo da diplomacia e dos estudos internacionais, por meio dos melhores livros que possivelmente foram publicados nas últimas duas ou três décadas (alguns livros são bem mais antigos).
De certa forma, o que vai aqui é uma biblioteca miniatura, ou portátil (se o peso ajudar),  incitando à leitura, ou à releitura, de uma vasta gama de obras que já são clássicas em suas áreas, ou que constituem bibliografia obrigatória nos cursos e centros de estudos da área.
Disponível neste link do Academia.edu:
https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_

Addendum:
Recebido um minuto atrás: 

Hi Paulo Roberto,
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction.
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Contra a hegemonia do dolar: uso de moedas nacionais - o que pensar dessa coisa? Paulo Roberto de Almeida

Alguém aí falou em dispensar o dólar -- uma moeda certamente arrogante, que dispõe de um "privilégio exorbitante", como diria um francês -- e passar a usar moedas nacionais para as mais diferentes transações e investimentos, enfim, como um ativo como outro qualquer?
Ah, parece que foi num recente encontro em algum lugar deste nosso planetinha redondo...
Quando eu ouço certas coisas, vocês me desculpem, mas me dá um comichão, desses que ficam coçando no cérebro, eu eu me pergunto onde foi mesmo que eu ouvi a mesma coisa antes?
Ah, me lembrei: foi aqui mesmo, neste cantinho irrelevante de inteligência, neste quilombo de resistência intelectual contra certas ideias, as ruins e as más, as desajeitas e as feias...
Em 2009, vejam vocês, algum desses gênios da Unicamp deve ter falado novamente em comércio em moedas locais.
Eu logo saquei do meu coldre o meu Moleskine e uma caneta e anotei a sugestão; chegando em casa perpetrei essa peça de desatino que segue abaixo, e que por acaso encontrei hoje, no pré-cambriano deste blog (OK, foi um pouco mais tarde, foi no Ordoviciano, não importa).
Transcrevo novamente agora, sem sequer ler o que escrevi antes. Não devo ter mudado muito de ideias. Os outros é que continuam repetindo bobagens...
Paulo Roberto de Almeida

O grande retrocesso Monetário e cambial:
comércio em moedas locais

Paulo Roberto de Almeida
18.06.2009

Existem coisas que escapam à compreensão de economistas, ou até de pessoas normais.
Refiro-me, por exemplo, à febre ou frenesi em torno do comércio internacional feito em moedas locais, ou seja, dispensando o dólar, que desde a Segunda Guerra Mundial converteu-se no padrão de referência e veículo efetivo da maior parte das transações monetárias, financeiras, cambiais e, sobretudo, comerciais no mundo.
Isso não impede, obviamente, que outras moedas sejam usadas, como é o caso do euro nos países membros da UE e entre esta e uma multiplicidade de parceiros. O iene, a libra e algumas outras moedas também são utilizadas para determinadas transações ou entre número seleto de países.
O dólar não foi imposto a todos os demais países do mundo por alguma medida de força, ou de direito, dos EUA. Trata-se apenas do simples reconhecimento da importância econômica dos EUA, da confiança que os agentes econômicos e os próprios países têm na sua manutenção como instrumento confiável, que responde aos três critérios básicos de uma moeda.


Não custa nada lembrar quais são:
1) unidade de conta
2) instrumento de troca
3) reserva de valor


Ponto. Apenas isso. Claro, toda moeda é antes de mais nada uma questão de confiança: se você acredita que aquele papel pintado possui efetivamente poder de compra, que você poderá utilizá-lo de diferentes formas, para as mais variadas transações, ao longo do tempo, isto é, preservando o seu poder de compra, então você decide, em total liberdade, utilizar aquele papel pintado. Se você não confia, faz qualquer outra coisa, mas se desfaz desse papel pintado que não merece a sua confiança.

Pois bem: o mundo demorou anos, décadas, para construir um sistema multilateral de pagamentos e um regime de trocas que facilite as transações entre os países, com o mínimo de restrições possível. O multilateralismo monetário, por imperfeito que seja -- posto que as autoridades monetárias americanas podem decidir dar um calote no mundo, deixando de honrar seus compromissos externos, com os compradores de títulos do Tesouro, por exemplo -- é o melhor sistema possível, pois permite que a mesma moeda seja usada com os mais diferentes parceiros em todas as transações que eles desejem, sem se amarrar em um instrumento único, como ocorria ainda com o bilateralismo estrito dos anos 1930, baseado em compensações diretas entre os países.

À luz destas reflexões, eu não consigo compreender como se deseja recuar do multilateralismo -- ou seja, da liberdade cambial e monetária -- para o bilateralismo, no qual só poderemos utilizar a moeda de um parceiro com esse mesmo parceiro.
Me desculpem os mais bem informados, mas não consigo encontrar nenhuma explicação racional para esse tremendo equívoco conceitual, para esse imenso retrocesso econômico, para essa servidão voluntária, como já disse um filósofo.

Será que a inteligência econômica está recuando no mundo, ou em determinados países?

Paulo Roberto de Almeida

Bretton Woods transcripts - Kurt Schuler (NYT)

Já havia sido transcrito aqui anteriormente, mas nada como ler várias vezes o tema das pesquisas emcurso:

Transcript of 1944 Bretton Woods Conference Found at Treasury

Associated Press
Acting Secretary of State Dean Acheson, standing at center, and representatives of 28 Allied nations met in Washington in 1945 to sign the pact reached at the Bretton Woods conference.
WASHINGTON — A Treasury economist rummaging in the department’s library has stumbled on a historical treasure hiding in plain sight: a transcript of the Bretton Woods conference in 1944 that cast the foundations of the modern international monetary system.

The Bretton Woods Transcripts

The Center for Financial Stability has included links to the transcripts on its web site.
International Monetary Fund, via Agence France-Presse — Getty Images
John Maynard Keynes addressed the Bretton Woods conference, where the International Monetary Fund was created.
Historians had never known that a transcript existed for the event held in the heat of World War II, when delegates from 44 allied nations fighting Hitler gathered in the mountains of New Hampshire to create the International Monetary Fund and the World Bank. But there were three copies in archives and libraries around Washington that had never been made public, until now.
“It’s as if someone handed us Madison’s notes on the debate over the Constitution,” said Eric Rauchway, a historian the University of California, Davis.
Economic historians who have viewed the transcript say it adds color and detail to the historical record, an already thick one given the many contemporaneous and subsequent accounts of Bretton Woods. The transcript seems to contain no great surprises, but it sheds light on the intense debates as the war raged abroad.
It depicts John Maynard Keynes, the British economist, hurrying to marshal support for the broad agreements on international finance. It underscores the tremendous power then wielded by Britain and, especially, the United States. It also shows the seeds of contemporary disputes being sown.
For instance, seven decades ago, a number of poorer or smaller countries were protesting their International Monetary Fund quotas, which determine power in the fund. Many of those countries, including China and India, are still pushing for more influence today.
In one section of the transcript, an American representative lays out a proposal for apportioning power in the fund and underscores what was at stake, with the war coming to its bloody climax in Europe.
“We fight together on sodden battlefields. We sail together on the majestic blue. We fly together in the ethereal sky,” said Fred M. Vinson, who later became chief justice of the United States. “The test of this conference is whether we can walk together, solve our economic problems, down the road to peace as we today march to victory.”
But the response was not one of absolute unity.
“In spite of the very eloquent and moving speech of the United States delegate, on behalf of the Iranian delegation I wish to state that the quota proposed for my country is entirely unsatisfactory,” a delegate from Tehran responded.
Then, a delegate from China added: “I hesitate greatly to sound a note of discord at this conference. It has been the effort of the Chinese delegation to promote harmony and the success of this great common enterprise. But every delegation has its difficulties.”
The Netherlands, Greece, Australia, India, Yugoslavia, New Zealand, France, Ethiopia, Norway and Britain then added their comments and objections. “I think that a lot of people have thought of Bretton Woods as being a stitch-up job between United Kingdom and the United States,” Mr. Rauchway said. “But that’s overstated, and it’s definitely visible in this transcript. You can see the poorer countries fighting their own corner.”
Kurt Schuler a Treasury Department economist, was browsing in an “out of the way” section of uncataloged material in the library two years ago when he came across the Bretton Woods document. He flipped through and saw some remarks by Keynes that he was not familiar with, sort of the economists’ equivalent of a Bob Dylan fan finding unknown lyrics.
“I checked them against Keynes’s collected works,” Mr. Schuler said. “And I knew I had something.”
His research revealed that there were three copies of the transcript that scores of economic historians were not aware of: the version at the Treasury Department; one in the National Archives; and the third in the International Monetary Fund archives.
In his spare time, Mr. Schuler set about turning the yellowed transcript into a book, with a co-editor, Andrew Rosenberg. It took a tremendous amount of work, Mr. Schuler said. They read the transcript aloud into transcription software. They added hyperlinks to documents referenced at the conference, and wrote summaries, annotations and historical notes.
This week, the polished transcript was published as an 800-page e-book by the Center for Financial Stability, a nonprofit group based in New York that researches financial markets, where Mr. Schuler is a senior fellow and Mr. Rosenberg a research associate.
“Everyone thinks they know what happened at Bretton Woods, but what they know has been filtered by generations of historical accounts,” Barry Eichengreen, a professor or economics and political science at the University of California, Berkeley, said in a statement. “International monetary history will never be the same.”
The transcript provides “insight in how it was that they were able to maintain a pace of work which allowed them to reach two really big agreements, on the I.M.F. and the World Bank, within a space of three weeks,” Mr. Schuler said. “Keynes was something of a task master,” he added.
Benn Steil, a senior fellow and director of international economics at the Council on Foreign Relations, said readers can see the British Empire “disintegrating before your eyes,” in the transcript. “The Indians are so vociferous that the British are ripping them off. The British are both furious and mortified that their colony would do this to them,” he said, describing a dispute over debts with the colonies.
“Bretton Woods was itself 95 percent Kabuki theater,” he said. “But it’s interesting Kabuki theater.”

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Grande Guerra e o Brasil: dois depoimentos de menos de 2 mns cada... - Paulo Roberto de Almeida

Do Brasil me pedem para resumir todos os impactos sobre o Brasil, decorrentes da Primeira Guerra Mundial, mas em apenas 1 minuto e meio, o que é provavelmente impossível.
Eu já tinha feito um texto guia, algum tempo atrás, que reproduzo novamente in fine, para quem ainda não leu.
Como não estou acostumado com essas gravações, tive de testar o tempo em diversas tentativas, e cheguei a duas gravações, cujos links posto aqui, e que talvez sejam acessíveis aos curiosos em geral.
Mas não considero isso uma aula, pois não é possível ser minimamente didático em menos de 2 mns.
Paulo Roberto de Almeida

Gravação de número 1:
https://www.dropbox.com/s/6c2wficdyddv28w/PRAlmeidaPrimeiraGuerra1.mov
Gravação de número 2:
https://www.dropbox.com/s/xvu7rv6aurce2e4/PRAlmeidaPrimeiraGuerra2.mov
   

A guerra de 1914-18 e o Brasil
Impactos imediatos, efeitos permanentes

Paulo Roberto de Almeida

1. O que era o Brasil em 1914, e o que representou a guerra europeia?
Para abordar o impacto da guerra de 1914-1918 sobre o Brasil seria preciso ter bem presente o que era o Brasil em 1914, o que era a Europa, o que ela representava para o Brasil nessa época, e o que a guerra alterou no padrão de relacionamento, direta e indiretamente. Vamos resumir um complexo quadro político, econômico e diplomático.
O Brasil de cem anos atrás era o café, e o café era o Brasil. Toda a política econômica, aliás toda a base fiscal da República e dos seus estados mais importantes, assim como a própria diplomacia, giravam em volta das receitas de exportação, que compreendiam tanto ao próprio produto, e que faziam a riqueza dos barões do café, quanto os impostos de exportação, que afluíam ao orçamento de São Paulo e dos demais estados produtores. Dez anos antes, angustiados por um problema que eles próprios haviam criado, a superprodução de café, esses estados realizaram um esquema de valorização do produto, via retenção de estoques, no famoso Convênio de Taubaté, para cujo financiamento tivemos, pela primeira vez, a participação de bancos americanos. Os próprios banqueiros oficiais do Brasil, os Rothchilds de Londres, haviam se recusado a fazer parte do esquema, pois se tratava de uma típica manobra de oligopolistas contra os interesses dos consumidores. O Brasil dominava então quase quatro quintos da oferta mundial de café, e essa posição lhe assegurava a capacidade de fazer grandes manobras.
Mais tarde, em 1914, justamente, outros concorrentes tinham entrado nesse lucrativo mercado, a Colômbia, por exemplo, que sem poder competir em quantidade, começou a dedicar-se a melhorar a qualidade dos seus cafés. Na mesma época, o Brasil estava sendo processado em tribunais de Nova York, por praticas anti-concorrenciais na oferta de café, justamente. Foi também quando os mercados financeiros se fecharam repentinamente para o Brasil, com o estalar da guerra em agosto desse ano. O Brasil sempre dependeu do aporte de capitais estrangeiros, seja para financiar projetos de investimento em infraestrutura – que eram feitos sob regime de concessão, num esquema muito similar ao que viria a ser conhecido depois como PPP, ou seja, parcerias público-privadas, com garantia de juros de 6% ao ano –, seja para o financiamento do próprio Estado, que vivia permanentemente em déficit orçamentário.
O Brasil já tinha efetuado uma operação de funding-loan en 1898, isto é, um empréstimo de consolidação trocando os títulos das dívidas anteriores por novos títulos, e tinha conseguido fazer um novo pouco antes da guerra, e já não mais teve acesso ao mercado de capitais durante toda a duração do conflito europeu. Este representou um tremendo choque para a economia brasileira, pois os mercados europeus ainda eram importantes consumidores dos produtos primários de exportação, e os principais ofertantes de bens manufaturados, equipamentos e, sobretudo, capitais, ainda que os Estados Unidos já fossem o principal comprador do café brasileiro desde o final do século 19, e que suas empresas já tivessem começado a fazer investimentos diretos no Brasil.

2. Impactos imediatos do conflito iniciado em 1914
O espocar dos canhões de agosto representou, em primeiro lugar, uma interrupção nas linhas de comunicação marítimas, já que a Alemanha tinha construído para si uma marinha de guerra quase tão importante quanto a da Grã-Bretanha. Mais adiante a British Navy consegue desmantelar boa parte da frota germânica, mas de imediato, os transportes marítimos com os portos da Europa do norte foram bastante afetados pelas batalhas navais e pela ação dos surpreendentes submarinos alemães. Mas mesmo os estoques de café nos portos de Trieste, no Mediterrâneo, ficaram retidos, sob controle dos impérios centrais, neste caso da monarquia multinacional representada pela Áustria-Hungria, que seria desfeita com a derrota em 1918.
O produto mais importante de exportação do Brasil foi, assim bastante afetado pela perda de importantes mercados consumidores, o que aumentou tremendamente a dependência da demanda americana. Mas, os principais financiadores externos da jovem República ainda eram banqueiros europeus, agora comprometidos com a compra de títulos da dívida nacional de seus próprios países. A Alemanha também se tinha convertido num importante parceiro comercial do Brasil, além de ter iniciado um itinerário promissor com alguns investimentos diretos de suas empresas e casas comerciais. Outros mercados do velho continente também se viram engolfados no conflito, causando novos e continuados prejuízos ao Brasil.
O debate interno, sobre quem o Brasil deveria apoiar na guerra europeia, também foi importante, colocando importantes intelectuais em oposição, assim como tribunos e magistrados dos dois lados da cerca. O grande historiador João Capistrano de Abreu foi considerado um germanófilo, ao passo que Rui Barbosa insistiu na culpa moral da Alemanha, que tinha invadido e esquartejado a Bélgica, um país neutro. Uma das vítimas desse debate passional foi o próprio sucessor de Rio Branco, o chanceler Lauro Muller, considerado talvez menos isento por causa de sua ascendência alemã: ele renunciou ao cargo quando o Brasil fez a sua escolha. A maior parte da classe culta no Brasil, os membros da elite que adoravam gastar seus mil-réis nos cabarés de Paris, era evidentemente francófila, mas os alemães ajudaram a empurrar o Brasil para o lado da aliança franco-britânica ao atacarem navios comerciais brasileiros no Atlântico, quando o Brasil ainda era oficialmente neutro no conflito. Acabamos entrando modestamente na guerra, quase ao seu final, enviando um batalhão médico para a França.
No conjunto, a guerra representou imensas perdas comerciais e financeiras para o Brasil, que tentou se ressarcir, na conferência de paz de Paris, sem obter de verdade satisfação plena por suas reivindicações de obter compensação pela apropriação de navios alemães: os próprios países europeus se encarregaram de extorquir a Alemanha o máximo que puderam, e o caso do Brasil não era julgado realmente importante em face do conjunto de demandas dos países mais afetados pela guerra.

3. Impactos de mais longo prazo, efeitos permanentes
Os efeitos mais importantes da primeira guerra mundial, porém, não se limitaram aos terrenos militar e comercial, mas foram verdadeiramente impactantes no domínio econômico no seu sentido mais lato, provocando mudanças extremamente importante nas políticas econômica de todos os países, com consequências negativas para todo o mundo, e moderadamente positivas para o Brasil. Uma das primeiras consequências econômicas da guerra foi a cessação de pagamentos entre os inimigos, o que era lógico, com a cessação de toda relação comercial, confisco de bens e sequestro de ativos financeiros. Os países suspenderam o famoso padrão-ouro, ou seja, a garantia em metal das emissões de moeda papel; ainda que teoricamente em vigor, para alguns países, e a despeito de tentativas de seu restabelecimento ao final do conflito, ficou evidente que o lastro metálico tinha deixado de fato de ser um fator relevante nas políticas monetárias dos países. Todos os governos, depois de esgotadas as possibilidades de financiamento voluntário interno do esforço de guerra – via emissão de bônus da dívida pública, e até mediante empréstimos compulsórios – passaram a imprimir dinheiro sem maiores restrições, provocando a primeira grande onda inflacionária nas economias contemporâneas.
Mais impactante ainda foi a intervenção direta na atividade produtiva, não apenas desviando para a produção de guerra quase todas as plantas industriais que tivessem alguma relação com o aprovisionamento bélico, inclusive alimentar, de transportes e comunicações, mas também via controles de preços, restrições quantitativas, mobilizações laborais e vários outros expedientes intrusivos na vida do setor privado. Nacionalizações e estatizações foram conduzidas por simples medidas administrativas e a planificação nacional tornou-se praticamente compulsória. O mundo nunca mais seria o mesmo, e nesse tipo de economia de guerra estaria uma das bases dos regimes coletivistas que depois surgiriam na Europa, o fascismo e o comunismo.
O Brasil não foi tão afetado, naquele momento, pela estatização, mas ele também sofreu esses impactos de duas maneiras. De um lado, as dificuldades de aprovisionamento e de acesso a mercados levaram ao estímulo a novas atividades industriais no país, ainda que com todas as restrições existentes para a compra de bens de produção nos principais parceiros envolvidos no conflito. O mercado interno se torna mais relevante para a economia nacional. De outro lado, o nacionalismo econômico conhece um novo reforço nesse período. O Brasil já tinha uma lei do similar nacional desde o início da República, mas a guerra ajuda a consolidar a tendência introvertida, a vocação de autonomia nacional que já estavam presentes no pensamento de tribunos e de empresários. O Brasil encontrou naquela situação uma espécie de legitimidade acrescida para continuar praticando aquilo que sempre fez em sua história: a preferência nacional e o protecionismo comercial como políticas de Estado.
Este talvez seja o efeito mais importante, ainda que indireto, da guerra europeia sobre o pensamento econômico brasileiro, especialmente em sua vertente industrial. As gerações seguintes, sobretudo aquelas que ainda viveram a crise de 1929, e uma nova guerra mundial, dez anos depois, consolidaram uma orientação doutrinal em economia que também tendia para o nacionalismo econômico, uma política comercial defensiva, uma vocação industrial basicamente voltada para o mercado interno e uma tendência a ver no Estado um grande organizador das atividades produtivas, quase próxima do espírito coletivista que vigorou na Europa durante o entre-guerras e mais além.
Essencialmente, a geração de militares que passou a intervir de forma recorrente na vida política do país, ao final da Segunda Guerra, e que depois assumiria o poder no regime autoritário de 1964, era em grande medida formada por jovens cadetes que tinham feito estudos e depois academias militares no entre-guerras e na sua sequência imediata, e que tinham se acostumado exatamente com esse pensamento: um intenso nacionalismo econômico, a não dependência de fontes estrangeiras de aprovisionamento (sobretudo em combustíveis e em materiais sensíveis), a introversão produtiva, a ênfase no mercado interno, enfim, tudo aquilo que nos marcou tremendamente durante décadas e que ainda forma parte substancial do pensamento econômico brasileiro.
Tudo isso, finalmente, foi o resultado político e econômico da Primeira Guerra Mundial, que durante muito tempo ficou conhecida como a Grande Guerra. Os custos e as destruições da Segunda foram mais importantes, mas as alterações mais significativas nas políticas econômicas nacionais, no papel dos Estados na vida econômica, já tinham sido dadas no decorrer da Primeira. O mundo mudou, a Europa começou sua longa trajetória para o declínio hegemônico, e o Brasil deu início ao seu igualmente longo itinerário de nacionalismo econômico e de intervencionismo estatal. Parece que ainda não nos libertamos desses dois traços relevantes do caráter nacional.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 26 de junho de 2014.

Uma lagrima para... Oscar Soto Lorenzo Fernandez: um grande intelectual

Recebo esta triste notícia:

Nota de falecimento

Faleceu ontem, 16/07, em Brasília, o Embaixador Oscar Soto Lorenzo Fernandez, membro da primeira turma do Instituto Rio Branco. O corpo será velado no Cemitério Campo da Esperança, Capela 3, a partir das 10h de hoje 17/07, e o enterro será às 16h.


O Embaixador Lorenzo Fernandez foi uma das pessoas mais encantadoras que conheci, não na carreira, pois quando o conheci ele já estava aposentado, mas na vida intelectual.
Como intelectual, ele tinha uma enorme biblioteca, e também escreveu e publicou muito. Encontrei artigos dele desde o final dos anos 1950, e durante as duas décadas seguintes, ademais de livros sobre o desenvolvimento brasileiro.
Tive o prazer de fazer, para a seção Prata da Casa do Boletim ADB, uma mini-resenha de um dos seus livros, Três Séculos e uma Geração que segue aqui:


Oscar S. Lorenzo Fernandez:  
Três Séculos e uma Geração
 (Brasília: Funag, 2010, 368 p.; ISBN: 978-85-7631-261-1)

O livro é exatamente o que o título indica: um diplomata, nascido no início do século XX, que carregava ainda as marcas do século XIX, chega ao século XXI para relatar seu brilhante itinerário, que é o de uma geração que pretendeu modernizar o Brasil e conseguiu, pelo menos parcialmente. Poucos brasileiros dessa geração que atravessou o dramático século XX possuem o estofo intelectual, a formação acadêmica, a experiência de vida, a vivência internacional e os conhecimentos econômicos e em ciência e tecnologia do embaixador Lorenzo Fernandez, e poucos diplomatas seriam capazes de retraçar esse itinerário, numa obra tão rica de informações, de opiniões e de argumentos embasados na mais pura lógica e na herança acumulada pelas civilizações ao longo do tempo. Estupendo.