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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Paradoxos da mao-de-obra e do emprego - Alexandre Schwartsman

Paradoxos heterodoxos 
Alexandre Schwartsman
A Mão Visível, 15/10/2014

A economia não cresce; apesar disto o desemprego tem caído, atingindo 5% em agosto nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, que correspondem a pouco mais de um quinto do emprego no país. Trata-se do menor registro para o mês desde que estas estatísticas começaram a ser coletadas, o que, aliás, tem sido verdade em todos os meses deste ano. Em que pesem questões específicas destas regiões, o resultado desafia o senso comum: como é possível a redução do desemprego em face da economia estagnada?

O resultado se torna menos paradoxal quando examinamos o número mais de perto. Nessas regiões o emprego não cresceu; muito pelo contrário, caiu nos oito meses deste ano, registrando em agosto redução de 85 mil postos de trabalho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Este comportamento é consistente com o que seria natural no caso de uma economia cujo crescimento deve ficar ao redor de zero.

Fica claro, portanto, que a evolução positiva do desemprego em 2014 não se deve ao desempenho favorável do emprego, mas sim a desenvolvimentos que afetam a oferta de trabalhadores.

Parte da história reflete a demografia. Há 10 anos a população em idade ativa (PIA) crescia perto de 2% ao ano; hoje o crescimento oscila de 1% a 1,5% ao ano. Isto, porém, não explica o aparente paradoxo: mesmo este ritmo mais modesto de crescimento da PIA supera por larga margem a expansão (negativa!) do emprego. Com mais pessoas chegando ao mercado de trabalho do que empregos sendo gerados, o natural seria observarmos desemprego crescente.

O que tem ocorrido, porém, é uma redução persistente da fração da PIA engajada no mercado de trabalho (a população economicamente ativa, PEA, ou força de trabalho), seja trabalhando, seja na busca por empregos. Entre 2003 e 2013 a PEA foi equivalente em média a 57% da PIA, proporção que hoje se reduziu para pouco menos de 56%.

Parece uma queda pequena, mas não é. Caso a PEA em agosto deste ano atingisse a mesma proporção registrada um ano antes, o total de pessoas engajadas no mercado de trabalho seria algo da ordem de 24,8 milhões; na prática, porém, apenas 24,3 milhões de pessoas participavam dele, uma diferença de quase 500 mil pessoas.

Vista por outra ótica, entre agosto de 2013 e agosto de 2014 a força de trabalho encolheu em 160 mil pessoas, quase o dobro da queda do emprego no período. É este desenvolvimento que explica a redução do desemprego apesar da produção e do emprego estagnados.

Não é claro o que causou este fenômeno. Ele parece mais pronunciado na faixa etária de 18 a 24 anos e pode resultar tanto da busca por maior qualificação por parte dos jovens (que teriam se afastado do mercado para estudar), como do aumento da “geração nem-nem” (nem trabalha, nem estuda). Muita gente boa tem queimado as pestanas para entender o que ocorre.

Embora o debate sobre as origens do fenômeno seja de interesse por si só, prefiro destacar aqui uma conclusão que me parece pouco notada. Se há menos gente disposta a trabalhar (por bons ou maus motivos), nossa própria capacidade produtiva deve ser menor do que imaginávamos.

Em números, com a produtividade crescendo ao redor de 0,7% ao ano, enquanto a força de trabalho encolhe em magnitude parecida, nossa capacidade atual de crescimento não deve ser muito diferente de zero. Isto, contudo, não deve ser persistente, já que em algum momento a força de trabalho voltará a crescer em linha com a população.


Ainda assim, este desenvolvimento parece explicar a resistência da inflação mesmo em face do baixíssimo crescimento deste ano, o que ajuda a esclarecer mais uma aparente anormalidade brasileira. Trata-se apenas de mais uma das contas que pagamos pelo descaso com a produtividade em nome da “nova matriz macroeconômica”, cuja obsessão com a expansão do consumo e com o microgerenciamento da economia minou as bases do crescimento sustentado.

Livros: preparando a redacao de ensaio sobre as relacoes economicas internacionais no entre-guerras

Com vistas a retomar a redação do segundo volume de minha série de três sobre a diplomacia econômica do Brasil, desta vez cobrindo a República até Bretton Woods, ando comprando livros, de preferência antigos, mas também podem ser recentes, desde que tratando da situação econômica mundial no período entre-guerras, já que esse segundo volume -- provisoriamente intitulado "A Ordem Internacional e o Progresso da Nação: as relações internacionais na era republicana".
Estes são os mais recentes que acabo de encomendar no site do Abebooks.com, que recomendo...
Paulo Roberto de Almeida

Ideologos, essas especies exoticas, esses animais predadores - Bolivar Lamounier

Intelectuais, segundo Paul Johnson, que a eles dedicou um livro inteiro, costumam fazer mais mal do que bem às sociedades. Não necessariamente porque sejam estúpidos, mas é porque se pretendem espertos demais. Estão sempre querendo reformar totalmente a sociedade, segundo princípios abstratos e outros projetos absurdos, que provocam, em alguns casos, prejuízos humanos monumentais. A começar por Lênin, continuando por Mussolini, Hitler e Mao Tsé-tung -- e sem considerar os menores, como Pol Pot, Fidel Castro e os norte-coreanos -- eles são capazes de eliminar milhões da face da Terra.

Paulo Roberto de Almeida

 

Tribunos, profetas e sacerdotes: intelectuais e ideologias no século XX

tribunos profetas e sacerdotes Tribunos, profetas e sacerdotes: intelectuais e ideologias no século XX
Em “Tribunos, profetas e sacerdotes” (Companhia das Letras, 2014), Bolívar Lamounier procura repensar a dicotomia entre liberalismo e antiliberalismo, ou democracia liberal e autoritarismo, em todo o transcurso do século XX, pela ótica dos intelectuais. Em abstrato, a resposta para tal escolha metodológica e de tema é perfeitamente justificável. Afinal não faz tanto tempo que Hitler tomou o poder na Alemanha e Stálin encenou os famigerados “julgamentos de Moscou”. Tampouco se requer uma pesquisa alentada para constatar que o século XXI choca ovos de serpente.
O desafio de como conduzir tal inquirição é de apreender em toda a sua complexidade a conexão entre a atividade reflexiva, as ideologias e a estrutura política, e estreitar analiticamente as relações entre a vida dos pensadores e o marco político real.
A proposta do autor desdobra-se em dois níveis. No nível individual, ele propõe o estudo da questão através de três papéis característicos que os pensadores costumam assumir na esfera pública: o tribuno, o profeta e o sacerdote. No nível coletivo, três tipos históricos de inserção na vida intelectual: pensadores individuais, intelligentsias e comunidades academicamente centradas. Uma leitura iluminadora em época de recidivas autoritárias e crise da democracia representativa.

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“Ainda há muitos ovos de serpente por aí”

Para Bolívar Lamounier, é um equívoco pensar que o potencial autoritário do mundo acabou com o fim do século XX. “Ainda há muitos ovos de serpente por aí”, diz o cientista político, autor do livro “Tribunos, profetas e sacerdotes – Intelectuais e ideologias no século XX” (Companhia das Letras, 2014). Na obra, lançada em setembro, Bolívar faz uma contraposição entre democracia e totalitarismo no século passado, por meio do pensamento político dos intelectuais, tanto no Brasil, quanto em outros países, como Rússia, Alemanha e Estados Unidos. O cientista político não acha que a democracia representativa esteja em crise, mas acredita que o Brasil enfrenta um período difícil. “Temos um momento em que as forças políticas majoritárias no país resvalam para ideias antidemocráticas”. Ouça. Acesse também a página especial do Instituto Millenium, “Eleições 2014”.

A frase da semana: Hayek e a tarefa dos economistas

A tarefa mais curiosa da economia é demonstrar aos homens quão pouco eles sabem sobre aquilo que imaginam poder planejar.  

Friedrich von Hayek

Eleicoes 2014: UFC politico termina com alguem carregado do ringue; um massacre...



RICARDO NOBLAT

Dilma foi nocauteada


Aécio deixou de ser tucano. Na versão política, tucano é uma ave que, apesar do bico grande, bica com delicadeza. É capaz de perder a vida para não perder a elegância. Quem imaginou que Aécio, nesta quinta-feira, no debate do SBT, ofereceria a outra face para apanhar, enganou-se.
Marqueteiros dizem que o eleitor detesta ataques. Lorota. Detesta baixarias. Se alguém se rendeu à baixaria foi Dilma quando perguntou a Aécio o que ele achava da lei que pune motoristas que dirijam bêbados ou drogados.
Uma vez, no Rio, Aécio foi surpreendido por uma blitz da Lei Seca. E se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Se Dilma sabe que ele estava bêbado ou drogado deveria ter dito. É uma grave acusação que não pode apenas ser insinuada. Leviandade. No debate da Band, na última terça-feira, Dilma impôs a Aécio sua agenda de discussão. Aécio não soube assimilar os golpes. Foi derrotado.
No debate do SBT, Aécio impôs sua agenda. E rebateu os ataques de Dilma com calma, lógica e argumentos bem pensados. Dilma voltou a perguntar pelos parentes que Aécio empregou no governo de Minas. Aécio respondeu sobre apenas um deles — sua irmã, Andrea, que trabalhou no governo sem nada ganhar.
Em seguida, perguntou a Dilma pelo irmão dela, “que ganha sem trabalhar” na prefeitura de Belo Horizonte. Dilma acusou o golpe.
Aécio carimbou na testa de Dilma que ela não conhece direito Minas. Dilma passou recibo da acusação.
O debate acabou com Dilma nocauteada. Não é força de expressão. Desorientada, como se não soubesse direito onde estava e o que lhe aconteceu, Dilma perdeu a voz ao responder à pergunta de uma repórter do SBT. Esqueceu que estava ao vivo. E, aparentemente grogue, pediu para recomeçar.
Não conseguiu. Alegou que estava passando mal. Foi socorrida com um copo de água. Quis voltar à responder. Como seu tempo acabara, se irritou com a repórter. Desfecho perfeito para uma luta que ela perdeu.

Eleicoes 2014: ATENÇAO, mini-eleicao antes do dia 26, vote agora voce tambem...

Copyright: Augusto Nunes
16/10/2014

PS antecipado: eu acertei no mais votado. Acerte você também!

  • Enquete

    Dilma avisou que não deixará a vida pública mesmo se for derrotada por Aécio. Qual destes cargos merece?
    • Embaixadora do PT no Estado Islâmico(73,0%, 12.551 Votos)
    • Diretora de Finanças do Instituto Lula(12,0%, 2.082 Votos)
    • Ministra de Minas e Energia da Bolívia(8,0%, 1.417 Votos)
    • Chefe de Gabinete do prefeito de Hortolândia (5,0%, 774 Votos)
    • Chefe da Casa Civil do governador mineiro Fernando Pimentel (1,0%, 233 Votos)
    • Secretária da Fazenda do governador baiano Rui Costa (1,0%, 101 Votos)
    Total Voters: 17.158

Petrobras: Pasadena foi um GRANDE negocio, tao exitoso que a SEC vai investigar

A equivalente da CVM brasileira -- ou vice-versa -- vai investigar as transações da Petrobras sob a jurisdição e as leis americanas. Acho que só isso não basta: precisaria examinar cada transferência bancária, cada remessa de dinheiro, e comparar com os livros contábeis da Petrobras USA.
Eu semprei achei, ou melhor, nunca acreditei, mas tinha certeza, de que Pasadena não foi um simples erro de gestão, um equívoco, um mau negócico, imprevisível e mal conduzido. Nunca comprei essa balela.
Sempre tive certeza de que se tratava de um excelente negócio, um sucesso total no objetivo que era o seu: assegurar a "independência financeira" de toda uma patota de companheiros. Conseguiram. Mas como sempre acontece nesses negócios dos companheiros, esses mafiosos da periferia sempre fazem alguma c.....; deveriam ter feito um cursinho por correspondência -- nem precisava ser presencial -- com os verdadeiros profissionais do ramo, hoje respeitáveis homens de negócios na Itália e nos EUA, inclusive em Hollywood, onde eles prestam assessoria para fazer comédias sobre eles mesmos (sabem como é: um dia a gente ainda vai rir de tudo isso).
Um dia eles vão fazer isso também: primeiro precisa legalizar o jogo do bicho e criar mais uma estatal para cuidar da bufunfa. Sabem como é: não se pode entregar essa atividade rendosa a bandidos...
Paulo Roberto de Almeida 

Acusações de corrupção levam EUA a investigar Petrobras, diz jornal

Segundo a consultoria Arko Advice, o órgão regulador do mercado de capitais americano investiga a estatal que é suspeita de ferir a lei antifraudes

Veja.com, 16/10/2014
Logo da Petrobrás
Petrobras: investigações nos EUA após Operação Lava-Jato (Ricardo Moraes/Reuters/VEJA)
Um relatório divulgado nesta semana pela consultoria Arko Advice informa que o órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, a SEC (Security Exchange Commission), e o Departamento de Justiça americano começaram a investigar as denúncias de corrupção na Petrobras. Um time de 28 advogados e analistas dos órgãos americanos estariam trabalhando no caso, que pode se estender às empresas fornecedoras de serviços da estatal.
A companhia, que tem ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de Valores de Nova York), deve seguir regras de governança estabelecidas pela SEC, que corresponde nos EUA à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Os controles se referem não somente às auditorias variadas, mas à obrigação de cumprir as normas antifraudes SOX (Lei Sarbanes-Oxley)", diz o relatório enviado para clientes, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.
A Arko diz que as investigações apontam que a Petrobras "operou de forma desgovernada e submetida a interesses corruptos, conforme as delações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, e do doleiro Alberto Youssef". Procurada, a SEC se recusou a comentar o caso. As investigações costumam ser conduzidas em sigilo pelo órgão americano. A Petrobras não se posicionou até a noite desta quinta-feira.
Pelas conclusões preliminares da SEC, o caso poderia se relacionar não apenas ao mercado acionário, mas se transformar em questão criminal. As prestadoras de serviços da Petrobras podem ser convocadas a prestar esclarecimentos. Também podem ser chamados para depor os envolvidos nas denúncias. Há ainda a possibilidade de serem aplicadas multas.
De acordo com a consultoria, os órgãos americanos estão preocupados em não vazar as conclusões preliminares em ambiente eleitoral, "devido a seu potencial desestabilizador".
A reportagem tentou contato, mas não obteve retorno dos responsáveis pelo relatório, entre eles, o fundador da Arko, Murillo de Aragão. O informe da consultoria, que possui sede em Brasília, tem sete páginas e traz outras informações, como a agenda política da semana.
(Com Estadão Conteúdo)

Eleicoes 2014: The Economist ja votou, e o poste nao vai gostar...

Será que o pessoalzinho do Planalto vai responder? Será que vai ser o Goebbels? Ah, mas ele não fala inglês, só alemão, e gótico ainda por cima. Esse pessoal é mesmo bárbaro, em vários sentidos, se vocês me entendem. Alguns são hunos, outros são vândalos, outros ostrogodos e tem também os godos corintianos, alguns até vascainos.
Enfim, a soberana acaba de ganhar mais uma caracterização: a Carmen Miranda das frutas podres. Temos de conhecer o nome do artista para cumprimentá-lo pela trouvaille genial.
Deve ser por isso que as frutas estão caras: os companheiros deixam apodrecer.
Eles são mesmo uns visigodos...
Paulo Roberto de Almeida 
The economist mudança
VEJA.com, 16/10/2014

Uma figura que faz lembrar Carmen Miranda, mas com ar enfadonho e que carrega sobre a cabeça frutas apodrecidas. É com essa imagem que a conceituada revista britânica The Economist acompanha a seguinte frase: por que o Brasil precisa de mudança. A edição distribuída na América Latina traz nesta sexta-feira capa que trata das eleições no Brasil. E sentencia: os eleitores brasileiros devem se livrar de Dilma Rousseff e eleger Aécio Neves.

O texto lembra que em 2010, quando Dilma foi eleita, o Brasil parecia finalmente fazer jus a seu imenso potencial. A economia crescia a 7,5% ao ano. Quatro anos depois, a economia patina e os avanços sociais andam em marcha lenta. E lembra que em junho do ano passado milhões de brasileiros saíram às ruas para protestar por melhores serviços públicos e contra a corrupção.
Depois de fazer um panorama das viradas que marcaram a corrida eleitoral no Brasil, o texto trata da atual situação econômica do país. Ao citar a crise econômica mundial – apontada por Dilma como a culpada pelo atual quadro brasileiro –, a revista salienta que o país tem se saído pior do que os vizinhos latino-americanos no enfrentamento da questão. Cita ainda a intromissão constante do governo federal nas políticas macroeconômicas e as tentativas de interferir no setor privado como responsáveis pela queda nos investimentos.
Ao tratar dos problemas de infraestrutura e da burocracia que atravanca o país, a revista afirma que Dilma reforçou a mão do Estado na economia, servindo-se favores para iniciados, como incentivos fiscais e empréstimos subsidiados de bancos estatais inchados. A Economist diz ainda que Dilma prejudicou a Petrobras e a indústria de etanol, mantendo o preço da gasolina contido à força “para mitigar o impacto de sua política fiscal frouxa”. Cita ainda os sucessivos escândalos que envolvem a estatal.
A Economist trata, por fim, dos ataques perpetrados pela campanha petista contra Aécio. Classifica como infundadas as alegações de que o tucano colocaria fim ao Bolsa Família – e lembra que ao longo dos anos o PT caricaturou o PSDB como um partido “de gatos gordos sem coração”. O texto explica que as políticas propostas por Aécio, ao contrário do que quer fazer crer o PT, beneficiariam os brasileiros mais pobres. Diz que ele promete fazer o país voltar a crescer. E que sua história e a de seu partido tornam a promessa crível. Afirma que Aécio tem uma equipe impressionante de conselheiros liderados por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, que é respeitado por investidores. Cita as promessas de retorno a políticas macroeconômicas sólidas, de redução no número de ministérios, de simplificar o sistema fiscal e aumentar o investimento privado em infraestrutura. E sentencia: Aécio merece ganhar.
“Aécio lutou de forma tenaz na campanha e já deu provas de que pode fazer funcionar suas políticas econômicas. A maior ameaça aos programas sociais no país é a forma como o PT hoje conduz a economia. Com sorte, o apoio de Marina Silva, que já foi do PT e nasceu na pobreza, deve ajudá-lo. O Brasil precisa de crescimento e de um governo melhor. Aécio é quem tem mais condições de fazê-lo”, encerra o texto.

Arrogância fatal, ou sobre como os candidatos querem nos conduzir pelas maos do Estado - Joao Luiz Mauad

INSTITUTO LIBERAL-RJ

Arrogância Fatal
Por João Luiz Mauad em 15/10/2014

“A tarefa mais curiosa da economia é demonstrar aos homens quão pouco eles sabem sobre aquilo imaginam poder planejar’.  F V Hayek

Não tive como esconder um certo desânimo depois de assistir ao debate entre os presidenciáveis, ontem na TV.  Nenhum dos dois pretendentes, embora isso fosse muito mais claro na postura da atual presidente, conseguiam esconder aquela arrogância fatal, de que nos fala Hayek. Ambos são por demais crentes em suas respectivas habilidades e capacidades de planificar a sociedade, de modo que ela possa alcançar os mais elevados níveis de prosperidade e bem estar.  Penso que os dois estão absolutamente equivocados, malgrado, por motivos óbvios, eu tenha muito mais medo da prepotência desmedida da atual ocupante do cargo.

Segundo Adam Smith, os indivíduos não buscam conscientemente benefícios econômicos para a sociedade.  No entanto, conduzidos pela pressão da competição e pelos incentivos dos ganhos pessoais, esses benefícios surgiriam espontaneamente, através das interações efetuadas no mercado.  Os benefícios sociais seriam, portanto, derivados do funcionamento de um sistema e não de um propósito consciente.

Na perspectiva de Adam Smith, as limitações morais do homem em geral, e seu egoísmo em particular, não são lamentadas nem tampouco vistas como algo que se deva modificar.  Pelo contrário, são tratadas como fatos, vale dizer, como características intrínsecas e próprias da vida.  O objetivo fundamental de um bom sistema de organização social e econômico seria perseguir os melhores resultados possíveis (sociais e morais) a partir das limitações existentes, e não dissipar energias
tentando alterar a natureza humana, um intento que Smith considerava tão vão quanto sem sentido.

Já Hayek, em contraposição às pretensiosas e mirabolantes teses em favor da planificação econômica, tão comuns e festejadas no seu tempo, sustentava que o funcionamento da sociedade depende da ligação coordenada de milhões de fatos e ações individuais, cujo conjunto ninguém seria capaz de conhecer. Segundo ele, o conhecimento humano abrange toda a multiplicidade da experiência do homem através dos tempos, algo demasiado complexo para uma articulação explícita que se pudesse apreender.  Trata-se de uma “sabedoria sem reflexão, inculcada tão profundamente que se converte praticamente em reflexos inconscientes”.  Segundo o austríaco, este conhecimento esparso, não raro manifestado de forma não articulada, teria mais probabilidade de gerar frutos do que as arrogantes visões de uns poucos intelectuais.

Só a cooperação voluntária, através do mercado, permite-nos processar e transmitir as informações e os conhecimentos dispersos entre milhões de pessoas.  Isso jamais seria conseguido por qualquer “planejador”, por mais inteligente e gabaritado que fosse.

Por isso, na concepção de Hayek a sociedade é comparada a um organismo vivo, que não pode ser reconstruído sem conseqüências fatais, como, aliás, restou comprovado através das diversas experiências coletivistas malsucedidas do Século XX.

Essa visão do mundo não pretende, de forma nenhuma, negar a relativa superioridade dos chamados “especialistas” dentro de um determinado setor do conhecimento humano.  O que ela refuta, com certa veemência até, é que tal superioridade, principalmente em virtude do seu cunho limitado e restrito, possa estender-se  por sobre outros tipos de conhecimento amplamente fragmentados e difusos.  É dentro dessa perspectiva que a interação sistêmica de muitos deve ser sempre considerada superior à sabedoria específica de poucos.

Ortega y Gasset resumiu bem o perigo que representa a arrogância do conhecimento especializado quando asseverou que o especialista “não é um sábio, porque ignora formalmente o que não entra na sua especialidade; mas tampouco é um ignorante, porque é “um homem de ciência” e conhece muito bem a sua fração de universo. Devemos dizer que é um sábio ignorante, coisa sobremodo grave, pois significa que é um senhor que se comportará em todas as questões que ignora não como um ignorante, mas com toda a petulância de quem, na sua questão especial, é um sábio.”

Sob todos os ângulos que se possa olhar, as vantagens da liberdade sobre a planificação econômica e social são marcantes.  Entretanto, o seu maior mérito, conforme dizia Roberto Campos, é ser este o processo mais democrático que existe.

Sobre o autor - Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Mini-resenhas de livros de diplomatas: Prefacio e Sumario de Polindo a Prata da Casa

Eis aqui a ficha completa, tal como disponibilizado pessoalmente e publicado em formato Kindle, de meu livro mais recente.
Não consegui, e alguém me explique se é possível, oferecê-lo a US$ 0,00; tive de colocar o preço mínimo da Amazon, 0,99. Já na plataforma Academia.edu ele é livre de direitos ou de pagamento, mas suponho que as pessoas tenham de se inscrever na plataforma.
Em todo caso, muitos outros livros meus estão disponíveis nesse mesmo espaço, assim como vários outros serão preparados para Kindle edition, inclusive dois outros com as resenhas que "sobraram" do "esquartejamento" (mas não degola) do grandão Prata da Casa.
Paulo Roberto de Almeida


Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas 
(Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG;
disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG
Relação de Originais n. 2693. Relação de Publicados n. 1145.


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Prefácio

Quando, dez anos atrás, na condição de recém empossado diretor “cultural” da Associação dos Diplomatas Brasileiros, assumi voluntariamente o encargo de preparar, para o seu Boletim trimestral, pequenas notas sobre os livros de, ou publicados por, diplomatas, não imaginava que a missão se prolongaria por toda uma década, e continuaria a ser feita mesmo enquanto ex-vice-presidente da ADB, e já fora do país, como é o caso neste momento. Na verdade, eu já tinha colaborado com notas ou resenhas sobre livros de diplomatas algum tempo antes disso, praticamente desde a fase inicial da ADB; mas se tratava de colaboração ocasional ou irregular, apenas quando algum grande livro justificasse tal registro. Como eu sou um homem de livros, provavelmente recebia a sugestão de alguém da diretoria para fazer tal inserção, ou me oferecia voluntariamente para a tarefa, unicamente motivado pela minha própria paixão doentia pelos livros. Ainda tenho de recuperar essas primeiras e fugidias resenhas, que não figuram neste pequeno volume de mini-resenhas.
Não sei quem, em qual momento da vida do Boletim, um de seus diretores, ou dos vários presidentes que se sucederam no cargo, começou a chamar essa seção de resenhas de “Prata da Casa”, o que parece um título apropriado ao que se costuma identificar com certo estilo diplomático. Mas ela tinha uma existência precária, quase bissexta, se ouso dizer. Em todo caso, quando me convidaram – intimaram talvez seja um melhor termo – para assumir aquele cargo em 2004, eu tinha um magnífico programa cultural a desenvolver. No entanto, como ocorre muito frequentemente, as obrigações de trabalho acabam sufocando os projetos mais bem intencionados, e minha especialização produtiva ficou mesmo restrita ao Prata da Casa. É bem verdade que essa corveia voluntariamente assumida se situa no coração de minhas vantagens comparativas, para empregar uma expressão do universo ricardiano.
Eu sempre me desempenhei da tarefa sem qualquer problema, e sem qualquer remorso por tê-la assumido solitariamente, uma vez que a minha terceira jornada de trabalho, já em casa, nas noites sem compromissos, é mesmo constituída pela leitura de livros e pela redação de textos. Assumi, portanto, a responsabilidade do Prata da Casa com satisfação e constância, inclusive porque era uma maneira – altamente egoísta, devo confessar – de aumentar minha biblioteca, já de ordinário enorme. Não creio que nos últimos dez anos tenha faltado um só número do Boletim da ADB sem as habituais mini-resenhas dessa seção, cuja intensidade, aliás, eu aumentei sorrateiramente, de quatro mini-resenhas (em duas páginas), para seis obras registradas a cada número (algumas vezes sobram para o trimestre seguinte).
Dito assim, parece simples de fazer, uma vez que eu preparo resenhas de livros desde quando me conheço por gente, leitor de História do Mundo para as Crianças, na versão de Monteiro Lobato. Tenho muitos cadernos com anotações críticas de livros, desde antes dos tempos de faculdade. Fazer mini-resenhas, no entanto, acreditem, é uma coisa difícil, bem mais difícil do que as habituais resenhas-artigos que eu sempre elaborei, bem ao estilo da New York Review of Books, uma assinatura habitual durante muitos anos, e que recentemente voltei a retomar, morando novamente nos Estados Unidos. Resumir o conteúdo de um livro inteiro em dez linhas, que é de rigor no Prata da Casa, é uma coisa difícil, sendo mais difícil ainda acrescentar algum julgamento sumário sobre a obra, o que também nunca deixei de fazer, mesmo sob risco de descontentar algum colega de carreira, até mais alto na hierarquia.
Devo dizer, de imediato, que aqui não figuram, nem seria possível, todos os livros publicados pelos diplomatas, mas apenas aqueles que eu escolhi resenhar, ainda que, de vez em quando, eu receba, sem solicitar, obras publicadas por colegas. Uns poucos não figuram por uma razão muito simples: seu interesse e seu valor intrínseco justificavam, em lugar de uma simples nota, uma grande resenha, en bonne et due forme. As obras assim distinguidas foram publicadas em outro formato, em outros veículos, uma ou outra até no Boletim da ADB, mas não na seção Prata da Casa.
Ao assumir o encargo, eu me impus, deliberadamente, esse formato camisa-de-força: dez linhas, ponto, sem apelação. Assim, ninguém poderia reclamar de alguma preferência suspeita do resenhista por algumas obras em detrimento de outras, caso eu me entusiasmasse verdadeiramente por algumas delas. Como diria Henry Ford, ao por à venda o seu famoso modelo T: “você tem o direito de escolher qualquer cor, desde que seja preta!” No Prata da Casa, autores famosos ou ilustres desconhecidos têm direito às dez linhas regulamentares e nada mais além disso; bem, eles também têm direito a algum elogio final, ou até a alguma reclamação por um ou outro aspecto que eu julgue apropriado.
Muitos outros livros não entraram no Prata da Casa e não figuram aqui por não terem sido julgados merecedores de um registro formal, mas as razões são várias e eu não preciso me estender sobre elas. Por deformação própria, derivada de meu background acadêmico e cultural, não sou muito propenso a resenhar, porque também leio pouco, literatura de modo geral; poesia menos ainda, embora sempre me digam que é uma pena (o que eu concordo em parte). As poucas peças existentes nesta compilação que se enquadram na categoria “letras” mal ultrapassam 10% do total, ou seja, 17 obras sobre 168 livros selecionados. Na verdade, um a menos – e é o único que mereceu duas mini-resenhas – já que entrou primeiro como edição de autor, mais adiante como publicação comercial. Mas devo dizer que gostei de vários livros de contos e de alguns romances, dentre os muitos disponíveis para leitura e anotação. Desculpo-me com meus colegas poetas e prosadores, alguns até romancistas de sucesso, se eles não entraram no fatídico Boletim, mas eu sou um viciado incurável – o que certamente deve ser doentio – em literatura acadêmica, aquela coisa que dá voltas em torno da questão, sem matar logo de cara algum personagem, sem resolver de imediato algum grande problema social, ocupando-se apenas de alguma tema diplomático, supostamente relevante.
A quase totalidade das mini-resenhas aqui presentes figurou em encarnação anterior desta obra, chamada justamente de Prata da Casa: mas era um livro enorme, de mais de 600 páginas, compilando também as resenhas-artigos sobre livros de diplomatas, bem como de livros de não diplomatas, mas tratando dos temas da agenda de política externa brasileira e de relações internacionais de modo geral. Aqui, para tornar a obra mais manejável, eu me limitei unicamente às mini-resenhas preparadas para a seção Prata da Casa do Boletim ADB, inclusive acrescentando outras, feitas mais recentemente, que não constavam do livrão anterior (que continua disponível na plataforma Academia.edu ou no meu site ou blog). Existem duas ou três exceções, que foram objeto, digamos assim, de censura política – uma vez que eu nunca escondi o que penso – mas eu não preciso identificá-las. Talvez o mesmo tipo de censura que impediu que este livro fosse publicado, como tinha sido inicialmente planejado, pela Funag, quando a grande maioria dos livros aqui coletados foi por ela publicada. Mas, eu não preciso me estender sobre isso, não é leitores?
De fato, os colegas diplomatas são preferencialmente publicados – e supostamente lidos – pelos próprios diplomatas, no caso pela Fundação Alexandre de Gusmão, entidade que divulga, institucionalmente, boa parte da produção feita na própria Casa de Rio Branco. Com exceção da literatura – embora existam ensaios culturais – são geralmente teses do Curso de Altos Estudos selecionadas para divulgação, em alguns casos de maneira muito rápida, o que até dificulta alguma edição mais bem cuidada, conforme os padrões habitualmente encontrados, por exemplo, nas “University press” dos EUA. Nesse período de dez anos em que estive à frente do Prata da Casa – mais exatamente atrás, pois ela não leva assinatura –, a Funag publicou centenas de livros, entre teses do CAE, trabalhos do Instituto Rio Branco, transcrições de seminários por ela organizados, obras diversas realizadas pelos diplomatas num ambiente acadêmico ou profissional, bem como muitos outros trabalhos de acadêmicos voltados para o estudo de temas que pertencem ao universo intelectual das relações internacionais e da política externa do Brasil. A Funag também publicou algumas poucas obras no gênero literário, que resultaram de concursos patrocinados por ela e pelo Itamaraty, dentro e fora do Brasil. Mas esse acervo está bem menos representado aqui, em virtude das afinidades eletivas do resenhista com a produção na área de humanidades. Quem sabe algum outro diplomata, dotado de veia literária, não se apresenta para começar a resenhar poesia, contos, romances, novelas de espionagem e até de terror diplomático? Certos ambientes se prestam muito bem a distopias e divagações orwellianas...
Continuando: à pletora de papel impresso pela própria Casa, eu acrescentei edições comerciais e até livros de autor, mas que também apresentavam “afinidades eletivas” com o universo dos diplomatas e da diplomacia, em especial a brasileira. Ou seja, a amostra aqui reunida é representativa do que melhor se publicou dentro e fora do Itamaraty, nas últimas décadas, podendo, assim, servir como uma espécie de diretório da produção especializada nessa área. Os professores e estudantes de relações internacionais, bem como pesquisadores de temas da diplomacia brasileira e os próprios diplomatas, encontrarão aqui mini-resenhas de tudo o que de mais importante foi publicado nesses campos pelos diplomatas brasileiros nos últimos dez anos. Ficaram de foram, como já expliquei, as resenhas mais longas, de livros de diplomatas, bem como de livros de não diplomatas sobre os temas internacionalistas, vários deles escritos por colaboradores habituais de atividades acadêmicas do Ministério das Relações Exteriores. As 500 páginas que “sobraram” da edição anterior do Prata da Casa serão objeto de reorganização e publicação posterior, provavelmente em dois novos volumes.
Uma diferença possui este pequeno livro em relação à primeira parte daquela edição: em lugar de apenas compilar as mini-resenhas linearmente, eu as dividi em quatro partes distintas (embora possa haver sobreposição no caso de alguns títulos que cabem num universo mais abrangente), ainda que as mini-resenhas figurem sempre cronologicamente, segundo sua data de publicação. São as seguintes: 1) política externa e diplomacia brasileira; 2) história do Brasil e história diplomática brasileira; 3) relações internacionais, política e economia mundiais; e 4) literatura, sociologia e cultura. Embora eu tenha suprimido um índice final de obras e autores, acredito que esta divisão pode ajudar os leitores a encontrar mais facilmente as áreas de pesquisa ou de interesse intelectual que os motivem mais.
Este livro é, portanto, uma pequena amostra da produção intra muros que se encontra em grande medida disponível no site da Funag. Ele tem a vantagem, talvez o incômodo, de relembrar aos pesquisadores e aos jovens estudantes da área quanto coisa ainda precisa ser lida para se obter, ao menos pela súmula do que se publicou de mais relevante, uma espécie de curso ex-cátedra de diplomacia prática, como também de memória histórica, além de oferecer alguns poucos exemplos da boa literatura produzida pelos diplomatas. Nesse sentido, ele é uma obra de referência sobre a produção acumulada nas últimas décadas que deve interessar a todos nós, profissionais, pesquisadores acadêmicos ou aspirantes à carreira.
Ao longo da última década – e suponho que venha a continuar enquanto o vício persistir – eu tive um grande prazer em compulsar todos esses livros – que se encontram, quase todos, incorporados à minha biblioteca – e em preparar essas mini-resenhas para simples informação dos colegas de carreira, e de alguns outros que por acaso tenham acesso ao Boletim da ADB (como deve ser o caso das representações estrangeiras instaladas em Brasília). Espero que os eventuais leitores desta edição livre também encontrem algum prazer a percorrer estas páginas, que muitos já conheciam do boletim. Os leitores “externos” terão aqui “pílulas” que eventualmente os incitarão a recorrer às fontes originais, algumas aliás já fora do mercado.
Minha vocação de resenhista só estará completa quando eu puder satisfazer um projeto antigo, para o qual seria preciso encontrar ainda veículo apropriado. Fazer resenhas de livros “desaparecidos” – não como num romance à la Borges, ou de Umberto Eco, ou até, numa vertente mais leve, de Carlos Ruiz Zafón –, de obras de grandes autores, ou clássicos, que tenham sido publicados mais de 150 anos atrás. Se encaixaria relativamente bem num outro projeto que desenvolvo, de “clássicos revisitados”, através dos quais já pude reescrever o Manifesto de Marx, o Príncipe, de Maquiavel, um pouco de Tocqueville, outro tanto de Sun Tzu, e mais algumas ideias em torno do Animal Farm de Orwell. Nunca é tarde para ler livros antigos. Aliás, porque 150 anos para trás? Não existe um cálculo muito preciso, mas é que eu estimei que, com todos os livros que ainda me esperam, em minha biblioteca e fora dela, eu ainda vou precisar de mais ou menos 150 anos suplementares para terminar sua leitura.
Como aquele personagem mitológico bifacial, eu também olho para a frente e para trás. Tenham todos bom proveito com estes livros mais modernos, aguardando alguns mais antigos graças ao empenho e ao amor pelos livros deste resenhista incurável.

Paulo Roberto de Almeida
Um bibliomaníaco...
Hartford, 16 de outubro de 2014


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Índice Geral
  
Primeira Parte
Política Externa e Diplomacia Brasileira

Flávio Saraiva e Amado Cervo (orgs.): O crescimento das relações internacionais no Brasil
Samuel Pinheiro Guimarães: Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes
João Clemente Baena Soares: Sem medo da diplomacia: depoimento ao Cpdoc
Fernando de Mello Barreto: Os Sucessores do Barão, 2: relações exteriores, 1964-1985
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil
Paulo Nogueira Batista Jr. (org.): Paulo Nogueira Batista: Pensando o Brasil
Denis Rolland; Antonio Carlos Lessa (coords.): Relations Internationales du Brésil
Celso Amorim: Conversas com Jovens Diplomatas
L. F. Lampreia, M. Azambuja, R. Abdenur, R. Ricupero: A Política Externa Brasileira
Edgard Telles Ribeiro: Diplomacia Cultural: seu papel na diplomacia brasileira
Rubens Barbosa: O Dissenso de Washington
Paulo Roberto de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil
Renato L. R. Marques: Duas Décadas de Mercosul
Gelson Fonseca: Diplomacia e Academia
Luís C. Villafañe G. Santos: O evangelho do Barão: Rio Branco e a identidade brasileira
Antonio A. Cançado Trindade: Repertório da Prática Brasileira do Direito Internacional
Rubens Antonio Barbosa: Interesse Nacional & Visão de Futuro
Clóvis Brigagão e Fernanda Fernandes (orgs.): Diplomacia brasileira para a paz
André Amado: Por Dentro do Itamaraty: impressões de um diplomata
Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas
Fernando Guimarães Reis: Por uma academia renovada: formação do diplomata brasileiro
Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais

Segunda Parte
História do Brasil e História Diplomática Brasileira

Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil
CHDD: A Missão Varnhagen nas Repúblicas do Pacífico: 1863 a 1867
Milton Torres: O Maranhão e o Piauí no Espaço Colonial
Vasco Mariz (org.): Brasil-França: relações históricas no período colonial
Marcelo Raffaelli: A Monarquia e a República: relações Brasil-Estados Unidos no Império
Luís C. Villafañe G. Santos: El Imperio del Brasil y las Repúblicas del Pacífico, 1822-1889
Teresa Dias Carneiro: Otávio Augusto Dias Carneiro, um pioneiro da diplomacia econômica
Secretaria dos Estrangeiros: O Conselho de Estado e a política externa do Império, 1863-1867
Luiz Felipe de Seixas Corrêa (org.): O Brasil nas Nações Unidas, 1946-2006
Carlos Alberto Leite Barbosa: Desafio Inacabado: a política externa de Jânio Quadros
Carlos Henrique Cardim: A Raiz das Coisas: Rui Barbosa, o Brasil no Mundo
Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (orgs.): A Abertura dos Portos
Evaldo Cabral de Mello: Nassau: governador do Brasil holandês
Carlos Kessel: Tesouros do Morro do Castelo: Mistério nos subterrâneos do Rio de Janeiro
Roberto Campos: A Lanterna na Popa: Memórias
Oswaldo Munteal Filho et alii (orgs.): Estado e Sociedade no Brasil do AI-5
Eugênio Garcia (org.): Diplomacia Brasileira: Documentos Históricos, 1493-2008
João Alfredo dos Anjos: José Bonifácio, o primeiro Chanceler do Brasil
Vasco Mariz: Temas da política internacional: ensaios, palestras e recordações diplomáticas
Sérgio Corrêa da Costa: Le nazisme en Amérique du Sud: Chronique d’une guerre secrete
Paulo Roberto Palm: A Abertura do Amazonas à Navegação e o Parlamento Brasileiro
Luiz Felipe de Seixas Corrêa: O Barão do Rio Branco: Missão em Berlim – 1901/1902
Flavio Mendes de Oliveira Castro: Dois séculos de história da organização do Itamaraty
Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão: A Revolução de 1817 e a História do Brasil
Ovídio de Andrade Melo: Recordações de um Removedor de mofo no Itamaraty
Luís Gurgel do Amaral: O Meu Velho Itamarati
Fernando Cacciatore de Garcia: Fronteira Iluminada
Oscar S. Lorenzo Fernandez: Três Séculos e uma Geração
Paulo R. de Almeida, Rubens Barbosa (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil
Sidnei J. Munhoz e F. C. T. Silva (orgs.), Relações Brasil-Estados Unidos: séculos XX e XXI
Alberto da Costa e Silva (coord.): História do Brasil Nação: 1808-1830
Eugenio Vargas Garcia: O Sexto Membro Permanente: o Brasil e a criação da ONU
Maria Theresa Diniz Forster: Oliveira Lima e as Relações Exteriores do Brasil
Miguel Gustavo de Paiva Torres: O Visconde do Uruguai e sua atuação diplomática
Luiz Fernando Ligiéro: A Política Externa Independente e o Pragmatismo Responsável
San Tiago Dantas: Política Externa Independente
Fernando de Mello Barreto: A Politica Externa Após a Redemocratização
Renato L. R. Marques: Duas Décadas de Mercosul
Adolpho Justo Bezerra de Menezes: O Brasil e o mundo ásio-africano
Vasco Mariz: Depois da Glória: ensaios históricos sobre história do Brasil e de Portugal
Gustavo Henrique M. Bezerra: A Política Externa Brasileira e a Questão Cubana, 1959-1986
Luiz Felipe de Seixas Corrêa (org.): O Brasil nas Nações Unidas, 1946-2011
Francisco Doratioto: Relações Brasil - Paraguai: afastamento, reaproximação, 1889-1954
Luís Cláudio Villafañe G. Santos: Duarte da Ponte Ribeiro: pionero de amistad Brasil-Perú
Joaquim Nabuco: My Formative Years
Manoel Gomes Pereira (org.): Barão do Rio Branco: 100 anos de memória
Synesio Sampaio Goes Filho: As Fronteiras do Brasil
José Vicente Pimentel (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro, 1750-1964
Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.): Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain
Renato Mendonça: História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825)
Guilherme Frazão Conduru: O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitalização
Fernando Cacciatore de Garcia: Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza
Rafael Souza Campos de Moraes Leme: Absurdos e milagres : um estudo sobre a política externa do Lusotropicalismo (1930-1960
João Augusto Costa Vargas: Um mundo que também é nosso : o pensamento e a trajetória diplomática de Araujo Castro
Rogério de Souza Farias: A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994
Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)
Vasco Mariz: Nos bastidores da diplomacia: memórias diplomáticas
  
Terceira Parte
Relações Internacionais, Política e Economia Mundiais

José Augusto Lindgren Alves: Os direitos humanos na pós-modernidade
Paulo Antonio Pereira Pinto: Taiwan – um futuro formoso para a ilha?
Paulo Antonio Pereira Pinto: Iruan nas reinações asiáticas 
Luís Fernando Corrêa da Silva Machado: Brasil e investimentos internacionais
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro
Alfredo José Cavalcanti Jordão de Camargo: Bolívia: a criação de um novo país
Antonio Cachapuz de Medeiros (org.): Desafios do Direito Internacional Contemporâneo
Marcelo Böhlke: Integração Regional e Autonomia do seu Ordenamento Jurídico
Maria Nazareth Farani de Azevedo: A OMC e a Reforma Agrícola
Alexandre Guido Lopes Parola: A Ordem Injusta
Sérgio Eduardo Moreira Lima: A Time for Change
Omar L. de Barros e Sylvia Bojunga (eds.), Potência Brasil: Gás natural, energia limpa
Vera Cíntia Alvarez: Diversidade cultural e livre-comércio: antagonismo ou oportunidade?
Tarcísio Costa: As duas Espanhas e o Brasil
Antonio de Aguiar Patriota: O Conselho de Segurança após a Guerra do Golfo
Ciro Leal M. da Cunha: Terrorismo e Política Externa Brasileira Após o 11 de Setembro
Rômulo Figueira Neves: Cultura Política e Elementos de Análise da Política Venezuelana
Nelson A. Jobim, Sergio W. Etchegoyen, João Paulo Alsina (orgs.): Segurança Internacional
José Augusto Lindgren Alves: Viagens no Multiculturalismo
Michel Arslanian Neto: A Liberalização do Comércio de Serviços no Mercosul
Daniel Costa Fernandes: A Política Externa da Inglaterra
Fernando Pimentel: Fim da era do petróleo e a mudança do paradigma energético mundial
Sarquis José Buainain Sarquis: Comércio Internacional e Crescimento Econômico no Brasil
Ademar Seabra da Cruz: Diplomacia, sistemas nacionais de inovação: estudo comparado
José Estanislau do Amaral: A diplomacia contemporânea dos Estados Bálticos
Letícia Frazão Alexandre: O Tratamento Especial e Diferenciado: do GATT à OMC
Felipe Hees e Marília Castañon Penha Valle (orgs.): Dumping, Subsídios e Salvaguardas
André Heráclio do Rêgo: Os Sertões e os Desertos: o combate à desertificação
Maria Feliciana N. Ortigão: O Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT)
Emerson Coraiola Kloss: Transformação do Etanol em Commodity
Paulo Roberto de Almeida: Integração Regional: uma introdução
Augusto César B. de Castro: Os bancos de desenvolvimento e a integração da América do Sul
Ricardo Luís Pires: A Nova Rota da Seda: caminhos para a presença brasileira na Ásia
Luiza Lopes da Silva: A questão das drogas nas relações internacionais
Elias Luna A. Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros
Douglas Wanderley de Vasconcellos: Esporte, poder e relações internacionais
José Vicente Sá Pimentel (org.): O Brasil, os BRICS e a agenda internacional
Silvio José Albuquerque e Silva: As Nações Unidas e a luta internacional contra o racismo
Elisa de Sousa Ribeiro (coord.), Direito do Mercosul
Antônio Augusto Cançado Trindade: Os tribunais internacionais contemporâneos
Ronaldo Mota Sardenberg: O Brasil e as Nações Unidas
André Aranha Corrêa do Lago: Conferências de desenvolvimento sustentável
Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak: O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil
Eugênio V. Garcia: Conselho de Segurança das Nações Unidas
Carlos Márcio B. Cozendey: Instituições de Bretton Woods
Luiz Maria Pio Corrêa: O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional
Marcelo P. S. Câmara: A política externa alemã na República de Berlim: de Gerhard Schröder a Angela Merkel
José Ricardo da Costa Aguiar Alves: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
José A. Lindgren Alves: Os novos Bálcãs
Paulo Estivallet de Mesquita: A Organização Mundial do Comércio
Sergio Florencio: Os Mexicanos
Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.): The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva
 
Quarta Parte
Literatura, Sociologia e Cultura

Felipe Fortuna: Em Seu Lugar: poemas reunidos
José Vicente Lessa: O autoengano coletivo: uma crítica do ideário nacional brasileiro
Alberto da Costa e Silva: Das mãos do oleiro: aproximações
André Heráclio do Rêgo: Famille et Pouvoir Regional au Brésil
Murilo Vieira Komniski: Buritizal
Raul de Taunay: Rosas da infância ou da estrela
Agenor Soares dos Santos: Dicionário de anglicismos e de palavras inglesas em português
Alexandre Vidal Porto: Matias na cidade
Armindo Branco Mendes Cadaxa: No Jardim de Inverno
Rubem Mendes de Oliveira: A Questão da Técnica em Spengler e Heidegger 
Jorge Sá Earp: O olmo e a palmeira
Milton Torres: No Fim das Terras e Andaimes
Fernando Reis: Falta um cão na vida de Kant
Flávio de Oliveira Castro: Caleidoscópio: cenas da vida de um diplomata
Geraldo Holanda Cavalcanti: Encontro em Ouro Preto: contos fantásticos
Everton Vargas: O Legado do Discurso: Brasilidade e Hispanidade no Pensamento Social
Fernando Cacciatore de Garcia: O Príncipe Irreal e o Poeta Errante
André Heráclio do Rêgo: Família e Coronelismo no Brasil: uma história de poder
José Roberto de Almeida Pinto: O Conceito de Poder nas Relações Sociais
Adriano Silva Pucci: O Avesso dos Sonhos
João Almino: Escrita em contraponto: ensaios literários
Jorge Sá Earp: O Legado
Alberto da Costa e Silva: Castro Alves: um poeta sempre jovem
Jorge Sá Earp: O novelo
Geraldo Holanda Cavalcanti: As desventuras da graça
Marcelo Cid: Os Unicórnios
Paulo Roberto de Almeida: O Moderno Príncipe: Maquiavel Revisitado
Carlos Augusto de Proença Rosa: História da Ciência
Fernando Cacciatore de Garcia: Memórias de um homossexual na infância
Marcelo Cid (org.): Priapeia: Poesia erótica latina
Fernando Guimarães Reis: Caçadores de Nuvens: Em busca da Diplomacia
Renato Mendonça: A Influência Africana no Português do Brasil
Geraldo Holanda Cavalcanti: A herança de Apolo: Poesia, Poeta, Poema
José Guilherme Merquior: Liberalism, Old and New
Renato L. R. Marques: Memorábilia
João Almino: Free City
Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel

Livros de Paulo Roberto de Almeida

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Vem mais coisas por aí, aguardem...
Paulo Roberto de Almeida