O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Cicero contra Catilina: texto original e traducao ao portugues

Operação Lava Jato da Polícia Federal também é cultura, apesar do chefe da quadrilha que está sendo investigada ser um primata e analfabeto mas que, sem dúvida, deu o maior golpe financeiro da história da humanidade.
Ricardo Bergamini.
17/12/2015

Cícero
PRIMEIRA CATILINÁRIA


Primeiro discurso contra Catilina de Marco Túlio Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), cônsul de Roma, recitado no Templo de Júpiter em 8 de Novembro de 63 a.C., local para onde tinha sido convocado o Senado de Roma.


Oh tempos, oh costumes! Uma das mais famosas frases de todos os tempos, foi pronunciada há mais de 2000 anos por Cícero, ao discursar perante o Senado de Roma começando a destruir um tentativa de golpe de estado contra a República. Cícero tinha confirmado os seus dotes oratórios quando sete anos antes, em 70 a.C., tinha conseguido que o corrupto governador da Sicília Caio Verres fosse impugnado (demitido do seu cargo) mas agora enquanto cônsul de Roma o caso era mais grave.

A conspiração contra o Senado dirigida por Lúcio Sérgio Catilina, candidato vencido ao cargo de cônsul nas eleições de Julho de 64 a.C. assim como nas de 63, lugar-tenente de Sila durante a ditadura deste, antigo governador da província de África, amigo de Júlio César e de Crasso, os dois dirigentes do Partido Popular em Roma, tinha começado em Setembro de 63 a.C., após a realização das eleições e já tinha provocado reacções de Cícero e do Senado, mas o chefe da conspiração tinha conseguido até aí não ser incriminado.

Na noite de 6 para 7 de Novembro Catilina reuniu novamente os dirigentes da conspiração para tomarem as últimas decisões antes da nova tentativa de golpe, mas Cícero foi informado da reunião e das decisões aí tomadas e decidiu convocar o Senado para o Templo de Júpiter Estátor para o dia seguinte. Quando o chefe da conjura apareceu na reunião, Cícero ficou tão indignado que se dirigiu directamente a Catilina, acusando-o violenta e directamente, no primeiro de quatro célebres discursos - as Catilinárias -, que acabaram por convencer o incrédulo Senado da existência da conspiração e das culpas de Catilina. Mas neste primeiro discurso Cícero sabia que por lei não poderia condenar, nem mesmo mandar desterrar, Catilina e por isso tentou que este saísse voluntariamente da cidade, o que de facto conseguiu. Em meados de Novembro Catilina entrou em revolta aberta e acabou por ser condenado à morte pelo Senado em princípios de Dezembro, após um discurso de Cícero - a quarta Catilinária - mas tendo recusado entregar-se foi morto em Janeiro de 62 a.C. no campo de batalha de Pistóia, o que lhe valeu um elogio de Floro: «Bela morte, assim tivesse tombado pela Pátria.»

Este discurso, o mais famoso de Cícero, foi usado como exercício escolar no ensino da retórica durante séculos, como é exemplo em Portugal a tradução do padre António Joaquim que teve três edições e que tem uma componente pedagógica muito importante.

I

Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda nocturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas?

Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes factos, o cônsul tem-nos diante dos olhos; todavia, este homem continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no Senado ele aparece, toma parte no conselho de Estado, aponta-nos e marca-nos, com o olhar, um a um, para a chacina. E nós, homens valorosos, cuidamos cumprir o nosso dever para com o Estado, se evitamos os dardos da sua loucura. à morte, Catilina, é que tu deverias, há muito, ter sido arrastado por ordem do cônsul; contra ti é que se deveria lançar a ruína que tu, desde há muito tempo, tramas contra todos nós.

Pois não é verdade que uma personagem tão notável. como era Públio Cipião, pontífice máximo. mandou, como simples particular, matar Tibério Graco, que levemente perturbara a constituição do Estado? E Catilina. que anseia por devastar a ferro e fogo a face da terra, haveremos nós, os cônsules, de o suportar toda a vida? E já não falo naqueles casos de outras eras, como o facto de Gaio Servílio Aala ter abatido, por suas próprias mãos, Espúrio Mélio e, que alimentava ideias revolucionárias. Havia, havia outrora nesta República, uma tal disciplina moral que os homens de coragem puniam com mais severos castigos um cidadão perigoso do que o mais implacável dos inimigos. Temos um decreto do Senados contra ti, Catilina, um decreto rigoroso e grave; não é a decisão clara nem a autoridade da Ordem aqui presente que falta à República; nós, digo-o publicamente, nós, os cônsules, é que faltamos.

II

Decidiu um dia o Senado que o cônsul Lúcio Opímio velasse para que a República não sofresse dano algum. Pois nem uma noite passou. Gaio Graco, apesar da sua tão nobre ascendência, de pai, de avô e de seus maiores, foi morto por causa de certas suspeitas de revolta; juntamente com os filhos foi executado Marco Fúlvio, um consular. Com um mesmo decreto do Senado, foi a República confiada aos cônsules Gaio Mário e Lúcio Valério. Acaso adiaram eles mais um dia sequer a pena de morte, por crime de lesa-república, a Lúcio Saturnino, um tribuno da plebe, e a Gaio Servílio, um pretor?

Nós, porém, há já vinte dias que consentimos no enfraquecimento do vigor de decisão destes homens. Temos um destes decretos do Senado, mas está fechado nos arquivos como espada metida em bainha; e, segundo esse decreto senatorial, tu, Catilina, deverias ter sido imediatamente condenado à morte. E eis que continuas vivo, e vivo, não para abdicares da tua audácia, mas para nela te manteres com inteira firmeza. É meu desejo, venerandos senadores, ser clemente; é meu desejo, no meio de tamanhos perigos da República, não parecer indolente; mas já eu próprio de inacção e moleza me acuso.

Há acampamentos em Itália contra o povo romano. estabelecidos nos desfiladeiros da Etrúria, aumenta em cada dia o número dos inimigos; e, no entanto, o general desses acampamentos e o comandante desses inimigos, eis que o vemos no interior das nossas muralhas e dentro do próprio Senado, urdindo a cada instante algum atentado contra a República. Se. neste momento eu te mandar prender, Catilina, se eu decretar a tua morte, o que sobretudo terei de temer, tenho a certeza, é que todos os bons cidadãos me censurem por ter actuado tarde, e não que haja alguém a dizer que usei de crueldade excessiva.

A mim, porém, aquilo que já há muito deveria ter sido feito, fortes razões me levam a não o fazer ainda. Hás-de ser morto, sim, mas só no momento em que já não for possível encontrar-se ninguém tão perverso, tão depravado, tão igual a ti, que não reconheça a inteira justiça desse acto.
Enquanto houver alguém que ouse defender-te, continuarás a viver, e a viver como agora vives, cercado pelas minhas muitas e fiéis guardas, para não poderes sublevar-te contra o Estado. È até os olhos e os ouvidos de muita gente, sem disso te aperceberes, te hão-de espiar e trazer vigiado como até hoje o têm feito.

III

Que há, pois, ó Catilina, que ainda agora possas esperar, se nem a noite com suas trevas pode manter ocultos os teus criminosos conluios, nem uma casa particular pode conter, com suas paredes, os segredos da tua conspiração, se tudo vem à luz do dia, se tudo irrompe em público? É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia, e importa que os recordes comigo nesta hora.

Não te lembras de eu dizer no Senado, no dia 12 antes das Calendas de Novembro, que, em dia determinado, dia esse que havia de ser o sexto antes das Calendas de Novembro , haveria de pegar em armas Gaio Mânlio, um lacaio e instrumento da tua audácia? Enganei-me, porventura, ó Catilina, não só quanto a um acontecimento tão importante, tão horroroso e tão incrível, como também. o que é muito mais para admirar, quanto ao próprio dia? Fui eu ainda que disse no Senado teres tu fixado para o dia 5 antes das Calendas de Novembro a chacina da aristocracia. justamente na altura em que muitas das altas personalidades do Estado fugiram de Roma, não tanto por motivo de segurança pessoal, como para reprimirem as tuas maquinações. Serás capaz de negar que nesse mesmo dia, estando tu cercado pelas minhas guardas e pela minha vigilância, te não pudeste insurgir contra a República, quando tu, perante o afastamento dos restantes, dizias no entanto que a morte de quem tinha ficado, que éramos só nós, bastava para te contentar?

Pois quê? Quando tu, nas próprias Calendas de Novembro, estavas plenamente seguro de que tomarias Preneste num ataque nocturno, não deste conta, porventura, de que tinha sido por ordens minhas que aquela colónia fora guarnecida pelos meus destacamentos, sentinelas e rondas nocturnas? Nada fazes, nada intentas, nada imaginas que eu não só não oiça, mas veja e disso tenha pleno conhecimento.

IV

Recorda comigo, por fim, aquela noite famigerada de anteontem e logo verás que eu velo com mais ardor pela segurança do Estado que tu pela sua ruína. Afirmo que tu, na noite anterior a esta, vieste aos Cuteleiros (não vou falar por meias palavras), a casa de Marco Leca, e que no mesmo local se reuniu grande parte dos cúmplices da mesma criminosa loucura. Ousas, porventura, nega-lo? Porque te calas? Se o negas, eu to provarei, pois que vejo aqui presentes no Senado alguns dos que lá estiveram juntamente contigo.

Oh deuses imortais! Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso? Em que cidade vivemos nós? Estão aqui, aqui dentro do nosso número, venerandos senadores, neste Conselho. mais sagrado e mais respeitável da face da terra, aqueles que meditam a morte de todos nós, aqueles que trazem no pensamento a destruição desta cidade e até a do mundo inteiro. É a estes que eu, como cônsul, tenho na minha frente e lhes peço conselho acerca dos interesses do Estado, a eles, que deveriam ser passados a fio de espada e que eu nem com a palavra atinjo ainda.
Estiveste, pois, Catilina, em casa de Leca nessa noite; procedeste à partilha das regiões da Itália; determinaste para onde gostarias que cada um partisse; escolheste quem deixarias em Roma, quem levarias contigo; designaste os bairros da cidade destinados a incêndio; afirmaste que, por ti, já estavas disposto a partir; disseste que ainda te demorarias, contudo, um pouco, porque eu continuava vivo. Encontraste dois cavaleiros romanos, para te aliviarem" desta preocupação e se comprometerem a assassinar-me no meu próprio leito nessa mesma noite, pouco antes da alvorada.

Tudo isto eu vim a saber mal tinha ainda sido dissolvida a vossa reunião; guarneci e reforcei a minha casa com mais guardas; e àqueles que tu me enviaras pela manhã para me saudarem, tranquei-lhes a porta quando eles chegaram, a esses mesmos cuja intenção de me visitarem àquela hora eu já havia previamente comunicado a muitas e das mais altas personalidades.

V

Sendo assim, prossegue, Catilina, o caminho encetado; sai da cidade de uma vez para sempre; as portas estão abertas; põe-te a caminho. Há muito que te reclamam como general supremo esses teus acampamentos manlianos. Leva também contigo todos os teus; se não todos, pelo menos o maior número possível. Limpa a cidade. Libertar-me-ás de um grande receio quando entre ti e mim um muro se levantar. Já não podes conviver por mais tempo connosco; não o suporto, não o tolero, não o consinto.

Grande deverá ser o nosso reconhecimento para com os deuses imortais, particularmente para com o próprio Júpiter Estátor aqui presente, o mais antigo protector desta cidade, por tantas vezes termos escapado a esta peste tão abominável, tão horrorosa e tão hostil à República. Nunca mais a suprema segurança do Estado deve ser posta em perigo por causa de um homem apenas. De tantas vezes que tu, Catilina, me armaste ciladas quando eu era cônsul designado, não foi com a guarda pública, mas com os meus próprios meios, que eu procurei defender-me. Quando, por ocasião dos últimos comícios consulares, tu pretendeste matar-me no Campo de Marte, a mim que era cônsul e aos teus competidores, reprimi os teus criminosos intentos com a ajuda e recursos dos amigos, sem proclamar oficialmente o estado de sítio; numa palavra, todas as vezes que me atacaste, foi por mim mesmo que te resisti, muito embora eu visse que a minha morte ficaria ligada a uma grande desgraça do Estado.
Mas agora é a toda a República que tu diriges abertamente o teu ataque; são os templos dos deuses imortais, são as casas da cidade, é a vida de todos os cidadãos, é a Itália inteira, é tudo isto que tu arrastas para a ruína e a devastação. E, uma vez que não ouso ainda pôr em prática o que se imporia em primeiro lugar e que é próprio destes poderes" e da tradição dos nossos maiores, tomarei uma posição mais moderada quanto ao rigor, porém mais útil no que toca à salvação comum. É que, se eu te matar, continuará na República o restante bando dos teus conjurados; mas, se tu saíres, como já há muito te estou convidando, a cidade ficará vazia dos teus sectários, dessa profunda sentina que empesta o Estado.

Então, Catilina, que se passa? Hesitas em fazer por minha ordem o que tu já te dispunhas a realizar por tua livre vontade? É a um inimigo público que o cônsul manda sair da cidade. Perguntas-me se para o exílio? Não to ordeno, mas, se pedes o meu parecer, aconselho-to.

VI

Que há, ó Catilina, que ainda te possa causar prazer nesta cidade, em que não há ninguém, fora desta conjuração de homens depravados, que te não tema, ninguém que te não deteste? Que nódoa de escândalos familiares não foi gravada a fogo na tua. vida? Que ignomínia de vida particular não anda ligada à tua reputação? Que sensualidade esteve longe de teus olhos? Que acção infamante deixaram de perpetrar as tuas mãos algum dia? Que torpeza esteve ausente de todo o teu corpo? Que jovem haverá a quem não tenhas ilaqueado nas seduções da tua imoralidade, guiado o ferro na rebeldia ou o archote. na libertinagem?

Pois quê? Há pouco, quando, com a morte da tua primeira mulher, esvaziaste a tua casa com vista a um novo casamento, não acumulaste ainda sobre este delito um outro atentado inacreditável, que eu não refiro e acho melhor deixar passar em silêncio, para que não conste que nesta cidade se verificou a barbaridade de um crime tamanho, ou que este ficou sem castigo? Nem menciono a perda dos teus haveres, que tu verás todos confiscados nos próximos Idos; refiro-me a factos que dizem respeito não à infâmia pessoal dos teus vícios, não à tua penúria doméstica e à tua má fama, mas, sim, aos superiores interesses do Estado e à vida e segurança de todos nós.

Podes tu, Catilina, sentir prazer na luz deste dia ou no ar deste céu que respiras, ao saberes que ninguém dos presentes desconhece que, na véspera das Calendas de Janeiro", durante o consulado de Lépido e Tulo, te apresentaste armado no local dos comícios do povo; que tinhas um grupo de homens preparado para dar a morte aos cônsules e aos principais da cidade e que não foi nenhuma reconsideração da tua parte nem o teu medo, mas, sim, a deusa Fortuna do povo romano que impediu o crime da tua loucura? E já nem conto pois que não são nem desconhecidos nem poucos os delitos cometidos depois quantas vezes, sendo eu cônsul designado, quantas vezes mesmo durante o meu consulado, me tentaste matar! Quantos golpes, vibrados de tal maneira, que parecia impossível escapar-lhes, eu não evitei com um pequeno desvio ou, como costuma dizer-se, só com o corpo! Nada adiantas, nada consegues, e, contudo, não desistes de tentar e de querer.

Quantas vezes já esse punhal de assassino te foi arrancada das mãos! Quantas vezes, por um mero acaso, ele te escapou e caiu aos pés, esse punhal que, sinceramente, não sei em que iniciações mistéricas e a que deus o terás tu consagrado, para julgares necessário cravá-lo no corpo do cônsul.

VII

E agora, que vida é esta que levas? Desejo neste momento falar-te de modo que se veja que não sou movido pelo rancor, que eu te deveria ter, mas por uma compaixão que tu em nada mereces. Entraste há pouco neste Senado. Quem, dentre esta tão vasta assembleia, dentre todos os teus amigos e parentes, te saudou? Se isto, desde que há memória dos homens, a ninguém aconteceu, ainda esperas que te insultem com palavras, quando te encontras esmagado pela pesadíssima condenação do silêncio? E que dizes ao facto de, à tua chegada, esse lugar ter ficado ao abandono, e ao facto de todos os consulares, que tantas vezes figuraram nos teus planos de assassínio, mal te havias sentado a seu lado, terem deixado deserta e vazia essa zona da bancada? Com que coragem, afinal, julgas tu que hás-de suportar tal afronta?

Se os meus escravos me temessem da maneira que todos os teus concidadãos te receiam, eu, por Hércules!, sentir-me-ia compelido a deixar a minha casa; e tu, a esta cidade, não pensas que é teu dever abandoná-la? E se eu me visse, ainda que injustamente, tão gravemente suspeito e detestado pelos meus concidadãos, preferiria ficar privado da sua vista a ser alvo do olhar hostil de toda a gente; e tu, apesar de reconheceres, pela consciência que tens dos teus crimes, que é justo e de há muito merecido o ódio que todos nutrem por ti, estás a hesitar em fugir da vista e da presença de todos aqueles a quem tu atinges na alma e no coração? Se teus pais te temessem e odiassem e tu não os pudesses apaziguar de modo nenhum, retirar-te-ias, penso eu, do seu olhar para outra qualquer parte. Pois agora é a Pátria, mãe comum de todos nós, que te odeia e teme, e sabe que desde há muito não pensas noutra coisa que não seja o seu parricídio; e tu, nem respeitarás a sua autoridade, nem acatarás as suas decisões, nem te assustarás com o seu poder?

Eis que ela a ti se dirige, ó Catilina, e, no seu silêncio, como que fala:

«Há vários anos já que nenhum crime se viu cometido senão por ti; nenhum escândalo, sem ti; só tu cometeste, sem castigo e com toda a liberdade, o assassínio de muitos cidadãos, a opressão e saque dos nossos aliados; só tu te atreveste não só a desprezar, mas até a subverter e a infringir as leis e os tribunais. Esses crimes de outrora, posto que não devessem ter sido suportados, eu os suportei como pude; mas agora, estar eu toda em sobressalto somente por causa de ti, ser Catilina objecto de medo ao mínimo ruído que surja, não se poder descobrir conjura alguma tramada contra mim em que não esteja implicada a tua intenção criminosa, não, isso é que não devo suportar. Por isso, vai-te daqui e afasta de mim este receio; se ele tem fundamento, para eu não andar oprimida; se é ilusório, para eu, enfim, deixar de uma vez esta vida de medo.»

VIII

Se tais palavras, como disse, a Pátria te pudesse dirigir, não deveria ela conseguir o seu intento, muito embora não pudesse fazer uso da força?

E que dizer do facto de tu próprio te haveres entregado sob guarda provisória e teres dito, a fim de evitares suspeitas, que desejavas ficar em casa de Mânio Lépido? Como este não te recebeu, até a mim tiveste cara de te dirigir e de me pedir que te guardasse em minha casa. E, como também de mim levaste a resposta de que eu não podia de modo nenhum sentir-me seguro contigo dentro das mesmas paredes, porquanto já eu corria grande perigo pelo facto de estarmos metidos dentro das mesmas muralhas, foste a casa do pretor Quinto Metelo. E, repudiado por ele, imigraste para casa do teu comparsa Marco Metelo, esse grande homem de quem pensaste, claro está, que havia de ser o mais cuidadoso em te guardar, o mais esperto para te vigiar e o mais enérgico para te defender. Mas em que medida parece justo estar afastado da prisão e das cadeias quem se julgou, por si mesmo, digno de detenção?

Uma vez que assim é, Catilina, se não és capaz de esperar pela morte de coração resignado. ainda hesitas em partir daqui para outras terras e em entregar ao exílio e à solidão essa vida, subtraindo-a a muitos castigos justos e merecidos?

«Propõe-no ao Senado», dizes tu. É isto, com efeito, o que reclamas, e dizes que, se esta Ordem de senadores vier a decidir que é sua vontade a tua partida para o exílio, estás na disposição de obedecer. Não, não vou propor uma coisa que é contra os meus princípios, mas, sim, farei com que vejas o que estes pensam acerca de ti. Sai de Roma, Catilina; liberta o Estado destas apreensões; parte para o exílio, se é esta a palavra de ordem que esperas. Então? Não vês? Não dás conta do silêncio dos presentes? Se estão calados, é porque consentem. Porque esperas pela autoridade das palavras, quando percebes muito bem pelo seu silêncio o que têm na vontade?

Ora, se eu tivesse dito estas mesmas palavras a um jovem tão cheio de qualidades como Públio Séstio aqui presente, se as tivesse dirigido a Marco Marcelo, varão da mais alta virtude, já o Senado, apesar de eu ser cônsul, teria, com plena justiça, lançado contra mim, neste mesmo templo, a sua força e o seu poder. A teu respeito, porém, Catilina, a sua imobilidade é uma aprovação; o seu consentimento, um decreto; o seu silêncio, um clamor. E não apenas estes aqui presentes, cuja autoridade tens, pelos vistos, em grande estima, mas a vida em vil apreço; também aqueles cavaleiros romanos, homens da maior honestidade e excelência, e os restantes cidadãos tão valorosos que de pé circundam este Senado, e de quem tiveste ensejo, há momentos, de ver não só a afluência, mas até de reconhecer claramente as disposições e ouvir distintamente os clamores. É com dificuldade que desde há muito detenho suas mãos e suas armas aparelhadas contra ti; mas, se abandonares estes sítios que há largo tempo pretendes devastar, é com facilidade que os poderei levar a escoltarem-te até às portas da cidade.

IX

Mas de que servem as minhas palavras? A ti, como pode alguma coisa fazer-te dobrar? Tu, como poderás algum dia corrigir-te? Tu, como tentarás planear alguma fuga? Tu. como podes pensar nalgum exílio? Oxalá os deuses imortais te inspirassem tal propósito, muito embora eu veja que, se tu, apavorado com as minhas palavras, te decidires a partir para o exílio, uma enorme tempestade de ódios ameaça desabar sobre nós, se não no tempo presente, por causa da fresca lembrança dos teus crimes, pelo menos para o futuro. Vale, porém, a pena, desde que essa desgraça seja particular e se não misture com os perigos do Estado. Mas a ti, o que não se deverá exigir é que te afastes dos teus vícios, que alimentes profundo receio dos castigos da lei, que recues perante as conjunturas críticas da República. Nem tu, Caulina, és de molde que a vergonha te afaste da infâmia; ou o medo, do perigo; ou a razão, da loucura.

Por isso mesmo, parte, como já tantas vezes te disse, e, se pretendes, conforme apregoas, atear o ódio público contra mim, teu inimigo, avança já direito ao exílio; se o fizeres, muito me custará suportar a censura dos homens; se partires para o exílio por ordem do cônsul, muito me custará sentir o fardo dessa impopularidade. Se, porém, preferes servir o meu prestígio e a minha glória, sai juntamente com o indesejável bando dos celerados, refugia-te junto de Mânlio, convoca os cidadãos perversos, separa-te dos homens de bem, move guerra contra a Pátria, exulta com uma sacrílega revolta de bandidos, para que se veja que não foste expulso por mim para o meio de estranhos, mas, sim, convidado a partir para junto dos teus.

De resto, para quê convidar-te a isso, uma vez que tenho conhecimento de que tu enviaste homens à frente para te esperarem armados junto do Fórum de Aurélio, e sei que tu combinaste e fixaste a data com Mânlio, e sei que até enviaste à frente aquela famosa águia de prata", uma águia que, assim o espero, há-de tornar-se ruinosa e fatal para ti e para todos os teus, uma águia à qual esteve levantado em tua casa um criminoso santuário? Como é que tu poderás passar mais tempo sem aquela que costumavas adorar ao partir para a carnificina, tu que tantas vezes fizeste passar essa dextra sacrílega, do seu altar para a chacina de cidadãos?

X

Irás, enfim, de uma vez para sempre, para onde há muito tempo te arrastava essa tua paixão desenfreada. e louca, pois não é pesar o que esta partida te causa, mas um estranho e inacreditável prazer. Foi para semelhante loucura que a natureza te gerou, te preparou a vontade, e o destino te guardou. Tu, não só nunca desejaste o tempo de paz, mas nem sequer uma guerra que não fosse criminosa. Topaste uma corja de bandidos formada de gente perversa, enjeitada não só de toda a sorte, mas até de toda a esperança.

Ah! que alegria não experimentarás, com que júbilo não hás-de exultar, com que. prazer tamanho andarás em orgiástico delírio, quando, entre o número tão avultado dos teus, não conheceres nem vires um só homem de bem! Foi por afeição a tal género de vida que se praticaram aquelas tuas proezas de que se fala: permanecer prostrado no chão, ou para espreitar o momento azado para algum atentado contra o pudor, ou mesmo para cometer algum crime; passar as noites em claro lançando armadilhas não só ao sono dos maridos, mas também aos haveres da gente pacífica? Tens aí onde possas ostentar essa tua famosa capacidade em suportar a fome, o frio, a carência de tudo; e em breve perceberás que foi isso que deu cabo de ti.

Quando te rejeitei do consulado, uma coisa consegui pelo menos: que tu antes pudesses atacar a República como exilado do que maltratá-la como cônsul, e que a tua criminosa empresa mais se pudesse chamar uma arruaça de bandidos que uma guerra civil.

XI

E agora, venerandos senadores, a fim de eu poder arredar e esconjurar de. mim uma censura, de certo modo justa, da Pátria, escutai, por favor, com atenção, o que vou dizer, e gravai-o bem fundo no vosso coração e na vossa memória. Porquanto, se a Pátria, que é para mim mais cara que a própria vida, se a Itália inteira, se toda a República me dissesse:

«Que estás tu a fazer, Marco Túlio? Então tu vais consentir que aquele que provaste ser um inimigo público, que tu vês como o futuro comandante de uma revolta, que tu sabes ser esperado como general no acampamento dos inimigos, ser o instigador de um acto criminoso, o cabecilha de uma conspiração, um agitador de escravos e de cidadãos perversos, a esse vais tu deixá-lo partir de tal maneira, que nem parece ter sido por ti expelido para fora da cidade, mas, sim, impelido contra ela? Então, não vais mandar que o ponham a ferros, que o arrastem para a morte, que o imolem no derradeiro suplício?

O que te impede, afinal? Será a tradição dos antigos? Mas nesta República até simples particulares puniram muitíssimas vezes com a morte cidadãos perniciosos. Serão, porventura, as leis que foram propostas acerca do suplício dos cidadãos romanos? Mas nunca., nesta cidade, os que atraiçoaram a Pátria continuaram na posse dos direitos de cidadania. Ou é a impopularidade do futuro que tu receias? Bela maneira essa de agradeceres ao povo romano, ele que te elevou tão cedo ao supremo poder através de todos os graus da magistratura, sendo tu um homem conhecido apenas pela tua pessoa sem nenhuma recomendação de antepassados - se, por causa da impopularidade ou do receio de algum perigo, desprezas a salvação dos teus concidadãos!

Mas, se há algum medo de cair em desagrado, dever-se-á, porventura, ter mais receio da antipatia motivada pelo rigor e pela fortaleza que pela preguiça e pelo desleixo? Ou, quando a Itália for devastada pela guerra, quando as cidades forem arrasadas, quando as casas estiverem a arder, acaso pensas tu que nessa altura não hás-de ser inteiramente devorado pelo fogo do ódio popular?»

XII

A estes tão augustos clamores da República e ao pensamento daqueles homens que sentem desse mesmo modo responderei em poucas palavras. Se eu, venerandos senadores, considerasse que a melhor atitude era castigar Catilina com a morte, não concederia a esse gladiador nem mais uma hora de vida. É que, se homens da mais alta categoria e cidadãos dos mais ilustres não só se não mancharam, mas até colheram honra no sangue de Saturnino, e dos Gracos, e de Flaco, e de muitos ainda mais antigos, certamente eu não teria que recear que, com a morte deste parricida dos seus concidadãos, sobre mim se derramasse qualquer ódio da posteridade. E, mesmo que este me estivesse particularmente iminente, sempre tive, apesar disso, a convicção de que o ódio alcançado pelo mérito não é ódio, é glória.

Há, todavia, nesta Ordem de senadores, alguns que, ou não vêem aquilo que nos ameaça, ou fingem ignorar aquilo que vêem; estes, pela moleza das suas decisões, alimentaram a esperança de Catilina e deram força à conjuração nascente, não acreditando nela; e, por sua influência, muitos; não apenas os perversos, mas ainda os mal informados, diriam, se eu tivesse punido Catilina, que o tinha feito com crueldade e tirania.

Ora eu penso que, se este der entrada nos acampamentos de Mânlio, que são o seu objectivo, não haverá ninguém tão ingénuo que não veja ter-se armado uma conjuração, ninguém tão descarado que o não confesse. Por outro lado, penso que, se for condenado à morte apenas Catilina aqui presente, este flagelo que afecta o Estado pode reprimir-se por um pouco, não suprimir sem para sempre. Mas, se ele se desterrar a si mesmo e levar os seus partidários consigo, e se recolher, de toda a parte, os demais naufragados da vida e os congregar no mesmo lugar, ficará extinta e debelada não apenas esta já tão adiantada doença do Estado, mas até a raiz e o germe de todos os males.

XIII

É que nós, venerandos senadores, vivemos desde há muito envolvidos nestes perigos e nas ciladas de uma conspiração, mas, não sei como, a maturação de todos os crimes e da antiga loucura e audácia veio a rebentar no tempo do nosso consulado. E se, de tamanho bando de salteadores, se suprimir apenas este, poderá parecer talvez que ficamos, por um pequeno espaço de tempo, aliviados da apreensão e do medo; o perigo, porém, há-de permanecer e ficará profundamente inculcado nas veias e nas entranhas da República. Tal como, muitas vezes, as pessoas atingidas por uma doença grave, se, no tumultuar do ardor da febre, beberam água gelada, parecem aliviadas nos primeiros momentos e logo depois o mal as oprime mais forte e violento, do mesmo modo esta doença que existe no seio do Estado. aliviada embora pelo suplício daquele que ali vedes, agravar-se-á com mais violência ainda se sobreviverem os restantes conjurados.

Por tudo isto, que os perversos se retirem, se separem dos homens de bem, se juntem num só lugar e que uma muralha, enfim, como já o proclamei tantas vezes, os mantenha separados de nós; que deixem de armar traições ao cônsul na sua própria casa, de bloquear o tribunal do pretor urbano, de assediar com armas a Cúria, de preparar dardos incendiários e archotes para deitar fogo à cidade; numa palavra, que na fronte de cada um se mostrem gravados os seus sentimentos políticos. Garanto-vos, senadores egrégios, que a nossa vigilância de cônsules há-de ser bastante, e espero que haja em vós tal autoridade, nos cavaleiros romanos tamanha coragem, em todos os homens de bem a conformidade de sentimentos necessária para poderdes ver que, com a retirada de Catilina, tudo fica descoberto, esclarecido, subjugado, punido.

Com estes presságios, Catilina, e para suprema salvação do Estado, para tua desgraça e ruína e para perdição daqueles que a ti se ligaram por toda a espécie de crimes e parricídios, parte para essa guerra ímpia e nefanda. E tu, Júpiter, cujo culto foi estatuído por Rómulo sob os mesmos auspícios, desta cidade, tu a quem com justiça chamamos o Sustentáculo desta urbe e deste império, hás-de relegar este assassino e os seus comparsas para longe do teu templo e dos restantes, das casas de Roma e das suas muralhas, da vida e dos haveres de toda a população; e àqueles que odeiam os homens de bem, aos inimigos da Pátria, aos salteadores da Itália, unidos entre si por um pacto criminoso e uma aliança nefanda, a esses, vivos e mortos, hás-de puni-los com suplícios eternos.

(texto original)

ORATIO IN L. CATILINAM PRIMA

IN SENATV HABITA

[1] I. Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? quam diu etiam furor iste tuus nos eludet? quem ad finem sese effrenata iactabit audacia? Nihilne te nocturnum praesidium Palati, nihil urbis vigiliae, nihil timor populi, nihil concursus bonorum omnium, nihil hic munitissimus habendi senatus locus, nihil horum ora voltusque moverunt? Patere tua consilia non sentis, constrictam iam horum omnium scientia teneri coniurationem tuam non vides? Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris? [2] O tempora, o mores! Senatus haec intellegit. Consul videt; hic tamen vivit. Vivit? immo vero etiam in senatum venit, fit publici consilii particeps, notat et designat oculis ad caedem unum quemque nostrum. Nos autem fortes viri satis facere rei publicae videmur, si istius furorem ac tela vitemus. Ad mortem te, Catilina, duci iussu consulis iam pridem oportebat, in te conferri pestem, quam tu in nos [omnes iam diu] machinaris.

[3] An vero vir amplissumus, P. Scipio, pontifex maximus, Ti. Gracchum mediocriter labefactantem statum rei publicae privatus interfecit; Catilinam orbem terrae caede atque incendiis vastare cupientem nos consules perferemus? Nam illa nimis antiqua praetereo, quod C. Servilius Ahala Sp. Maelium novis rebus studentem manu sua occidit. Fuit, fuit ista quondam in hac re publica virtus, ut viri fortes acrioribus suppliciis civem perniciosum quam acerbissimum hostem coercerent. Habemus senatus consultum in te, Catilina, vehemens et grave, non deest rei publicae consilium neque auctoritas huius ordinis; nos, nos, dico aperte, consules desumus.

[4] II. Decrevit quondam senatus, ut L. Opimius consul videret, ne quid res publica detrimenti caperet; nox nulla intercessit; interfectus est propter quasdam seditionum suspiciones C. Gracchus, clarissimo patre, avo, maioribus, occisus est cum liberis M. Fulvius consularis. Simili senatus consulto C. Mario et L. Valerio consulibus est permissa res publica; num unum diem postea L. Saturninum tribunum pl. et C. Servilium praetorem mors ac rei publicae poena remorata est? At [vero] nos vicesimum iam diem patimur hebescere aciem horum auctoritatis. Habemus enim huiusce modi senatus consultum, verum inclusum in tabulis tamquam in vagina reconditum, quo ex senatus consulto confestim te interfectum esse, Catilina, convenit. Vivis, et vivis non ad deponendam, sed ad confirmandam audaciam. Cupio, patres conscripti, me esse clementem, cupio in tantis rei publicae periculis me non dissolutum videri, sed iam me ipse inertiae nequitiaeque condemno.

[5] Castra sunt in Italia contra populum Romanum in Etruriae faucibus conlocata, crescit in dies singulos hostium numerus; eorum autem castrorum imperatorem ducemque hostium intra moenia atque adeo in senatu videmus intestinam aliquam cotidie perniciem rei publicae molientem. Si te iam, Catilina, comprehendi, si interfici iussero, credo, erit verendum mihi, ne non potius hoc omnes boni serius a me quam quisquam crudelius factum esse dicat. Verum ego hoc, quod iam pridem factum esse oportuit, certa de causa nondum adducor ut faciam. Tum denique interficiere, cum iam nemo tam inprobus, tam perditus, tam tui similis inveniri poterit, qui id non iure factum esse fateatur. [6] Quamdiu quisquam erit, qui te defendere audeat, vives, et vives ita, ut [nunc] vivis. multis meis et firmis praesidiis obsessus, ne commovere te contra rem publicam possis. Multorum te etiam oculi et aures non sentientem, sicut adhuc fecerunt, speculabuntur atque custodient.

III. Etenim quid est, Catilina, quod iam amplius expectes, si neque nox tenebris obscurare coeptus nefarios nec privata domus parietibus continere voces coniurationis tuae potest, si illustrantur, si erumpunt omnia? Muta iam istam mentem, mihi crede, obliviscere caedis atque incendiorum. Teneris undique; luce sunt clariora nobis tua consilia omnia; quae iam mecum licet recognoscas.

[7] Meministine me ante diem XII Kalendas Novembris dicere in senatu fore in armis certo die, qui dies futurus esset ante diem VI Kal. Novembris, C. Manlium, audaciae satellitem atque administrum tuae? Num me fefellit, Catilina, non modo res tanta, tam atrox tamque incredibilis, verum, id quod multo magis est admirandum, dies? Dixi ego idem in senatu caedem te optumatium contulisse in ante diem V Kalendas Novembris, tum cum multi principes civitatis Roma non tam sui conservandi quam tuorum consiliorum reprimendorum causa profugerunt. Num infitiari potes te illo ipso die meis praesidiis, mea diligentia circumclusum commovere te contra rem publicam non potuisse, cum tu discessu ceterorum nostra tamen, qui remansissemus, caede te contentum esse dicebas?

[8] Quid? cum te Praeneste Kalendis ipsis Novembribus occupaturum nocturno impetu esse confideres, sensistin illam coloniam meo iussu meis praesidiis, custodiis, vigiliis esse munitam? Nihil agis, nihil moliris, nihil cogitas, quod non ego non modo audiam, sed etiam videam planeque sentiam. IV. Recognosce tandem mecum noctem illam superiorem; iam intelleges multo me vigilare acrius ad salutem quam te ad perniciem rei publicae. Dico te priore nocte venisse inter falcarios--non agam obscure--in M. Laecae domum; convenisse eodem complures eiusdem amentiae scelerisque socios. Num negare audes? quid taces? Convincam, si negas. Video enim esse hic in senatu quosdam, qui tecum una fuerunt.

[9] O di inmortales! ubinam gentium sumus? in qua urbe vivimus? quam rem publicam habemus? Hic, hic sunt in nostro numero, patres conscripti, in hoc orbis terrae sanctissimo gravissimoque consilio, qui de nostro omnium interitu, qui de huius urbis atque adeo de orbis terrarum exitio cogitent! Hos ego video consul et de re publica sententiam rogo et, quos ferro trucidari oportebat, eos nondum voce volnero!

Fuisti igitur apud Laecam illa nocte, Catilina, distribuisti partes Italiae, statuisti, quo quemque proficisci placeret, delegisti, quos Romae relinqueres, quos tecum educeres, discripsisti urbis partes ad incendia, confirmasti te ipsum iam esse exiturum, dixisti paulum tibi esse etiam nunc morae, quod ego viverem. Reperti sunt duo equites Romani, qui te ista cura liberarent et sese illa ipsa nocte paulo ante lucem me in meo lectulo interfecturos [esse] pollicerentur. [10] Haec ego omnia vixdum etiam coetu vestro dimisso comperi; domum meam maioribus praesidiis munivi atque firmavi, exclusi eos, quos tu ad me salutatum mane miseras, cum illi ipsi venissent, quos ego iam multis ac summis viris ad me id temporis venturos esse praedixeram.

V. Quae cum ita sint, Catilina, perge, quo coepisti, egredere aliquando ex urbe; patent portae; proficiscere. Nimium diu te imperatorem tua illa Manliana castra desiderant. Educ tecum etiam omnes tuos, si minus, quam plurimos; purga urbem. Magno me metu liberabis, dum modo inter me atque te murus intersit. Nobiscum versari iam diutius non potes; non feram, non patiar, non sinam. [11] Magna dis inmortalibus habenda est atque huic ipsi Iovi Statori, antiquissimo custodi huius urbis, gratia, quod hanc tam taetram, tam horribilem tamque infestam rei publicae pestem totiens iam effugimus.

Non est saepius in uno homine summa salus periclitanda rei publicae. Quamdiu mihi consuli designato, Catilina, insidiatus es, non publico me praesidio, sed privata diligentia defendi. Cum proximis comitiis consularibus me consulem in campo et competitores tuos interficere voluisti, compressi conatus tuos nefarios amicorum praesidio et copiis nullo tumultu publice concitato; denique, quotienscumque me petisti, per me tibi obstiti, quamquam videbam perniciem meam cum magna calamitate rei publicae esse coniunctam.

[12] Nunc iam aperte rem publicam universam petis, templa deorum inmortalium, tecta urbis, vitam omnium civium, Italiam [denique] totam ad exitium et vastitatem vocas. Quare, quoniam id, quod est primum, et quod huius imperii disciplinaeque maiorum proprium est, facere nondum audeo, faciam id, quod est ad severitatem lenius et ad communem salutem utilius. Nam si te interfici iussero, residebit in re publica reliqua coniuratorum manus; sin tu, quod te iam dudum hortor, exieris, exhaurietur ex urbe tuorum comitum magna et perniciosa sentina rei publicae. [13] Quid est, Catilina? num dubitas id me imperante facere, quod iam tua sponte faciebas? Exire ex urbe iubet consul hostem. Interrogas me, num in exilium; non iubeo, sed, si me consulis, suadeo.

VI. Quid est enim, Catilina, quod te iam in hac urbe delectare possit? in qua nemo est extra istam coniurationem perditorum hominum, qui te non metuat, nemo, qui non oderit.

Quae nota domesticae turpitudinis non inusta vitae tuae est? quod privatarum rerum dedecus non haeret in fama? quae lubido ab oculis, quod facinus a manibus umquam tuis, quod flagitium a toto corpore afuit? cui tu adulescentulo, quem corruptelarum inlecebris inretisses, non aut ad audaciam ferrum aut ad lubidinem facem praetulisti? [14] Quid vero? nuper cum morte superioris uxoris novis nuptiis domum vacuefecisses, nonne etiam alio incredibili scelere hoc scelus cumulasti? quod ego praetermitto et facile patior sileri, ne in hac civitate tanti facinoris inmanitas aut extitisse aut non vindicata esse videatur. Praetermitto ruinas fortunarum tuarum, quas omnis inpendere tibi proxumis Idibus senties; ad illa venio, quae non ad privatam ignominiam vitiorum tuorum, non ad domesticam tuam difficultatem ac turpitudinem sed ad summam rem publicam atque ad omnium nostrum vitam salutemque pertinent. [15] Potestne tibi haec lux, Catilina, aut huius caeli spiritus esse iucundus, cum scias esse horum neminem, qui nesciat te pridie Kalendas Ianuarias Lepido et Tullo consulibus stetisse in comitio cum telo, manum consulum et principum civitatis interficiendorum causa paravisse, sceleri ac furori tuo non mentem aliquam aut timorem tuum sed fortunam populi Romani obstitisse?

Ac iam illa omitto--neque enim sunt aut obscura aut non multa commissa postea--quotiens tu me designatum, quotiens consulem interficere conatus es! quot ego tuas petitiones ita coniectas, ut vitari posse non viderentur, parva quadam declinatione et, ut aiunt, corpore effugi! nihil [agis, nihil] adsequeris [, nihil moliris] neque tamen conari ac velle desistis. [16] Quotiens tibi iam extorta est ista sica de manibus, quotiens [vero] excidit casu aliquo et elapsa est! [tamen ea carere diutius non potes] quae quidem quibus abs te initiata sacris ac devota sit, nescio, quod eam necesse putas esse in consulis corpore defigere.

VII. Nunc vero quae tua est ista vita? Sic enim iam tecum loquar, non ut odio permotus esse videar, quo debeo, sed ut misericordia, quae tibi nulla debetur. Venisti paulo ante in senatum. Quis te ex hac tanta frequentia totque tuis amicis ac necessariis salutavit? Si hoc post hominum memoriam contigit nemini, vocis expectas contumeliam, cum sis gravissimo iudicio taciturnitatis oppressus? Quid, quod adventu tuo ista subsellia vacuefacta sunt, quod omnes consulares, qui tibi persaepe ad caedem constituti fuerunt, simul atque adsedisti, partem istam subselliorum nudam atque inanem reliquerunt, quo tandem animo [hoc] tibi ferundum putas?

[17] Servi mehercule mei si me isto pacto metuerent, ut te metuunt omnes cives tui, domum meam relinquendam putarem; tu tibi urbem non arbitraris? et, si me meis civibus iniuria suspectum tam graviter atque offensum viderem, carere me aspectu civium quam infestis omnium oculis conspici mallem; tu cum conscientia scelerum tuorum agnoscas odium omnium iustum et iam diu tibi debitum, dubitas, quorum mentes sensusque volneras, eorum aspectum praesentiamque vitare? Si te parentes timerent atque odissent tui neque eos ulla ratione placare posses, ut opinor, ab eorum oculis aliquo concederes. Nunc te patria, quae communis est parens omnium nostrum, odit ac metuit et iam diu nihil te iudicat nisi de parricidio suo cogitare; huius tu neque auctoritatem verebere nec iudicium sequere nec vim pertimesces?

[18] Quae tecum, Catilina, sic agit et quodam modo tacita loquitur: "Nullum iam aliquot annis facinus exstitit nisi per te, nullum flagitium sine te; tibi uni multorum civium neces, tibi vexatio direptioque sociorum inpunita fuit ac libera; tu non solum ad neglegendas leges et quaestiones, verum etiam ad evertendas perfringendasque valuisti. Superiora illa, quamquam ferenda non fuerunt, tamen, ut potui, tuli; nunc vero me totam esse in metu propter unum te, quicquid increpuerit, Catilinam timeri, nullum videri contra me consilium iniri posse, quod a tuo scelere abhorreat, non est ferendum. Quam ob rem discede atque hunc mihi timorem eripe; si est verus, ne opprimar, sin falsus, ut tandem aliquando timere desinam."

[19] VIII. Haec si tecum, ita ut dixi, patria loquatur, nonne impetrare debeat, etiamsi vim adhibere non possit? Quid, quod tu te ipse in custodiam dedisti, quod vitandae suspicionis causa ad M'. Lepidum te habitare velle dixisti? A quo non receptus etiam ad me venire ausus es atque, ut domi meae te adservarem, rogasti. Cum a me quoque id responsum tulisses, me nullo modo posse isdem parietibus tuto esse tecum, qui magno in periculo essem, quod isdem moenibus contineremur, ad Q. Metellum praetorem venisti. A quo repudiatus ad sodalem tuum, virum optumum, M. Metellum, demigrasti; quem tu videlicet et ad custodiendum diligentissimum et ad suspicandum sagacissimum et ad vindicandum fortissimum fore putasti. Sed quam longe videtur a carcere atque a vinculis abesse debere, qui se ipse iam dignum custodia iudicarit!

[20] Quae cum ita sint, Catilina, dubitas, si emori aequo animo non potes, abire in aliquas terras et vitam istam multis suppliciis iustis debitisque ereptam fugae solitudinique mandare? "Refer" inquis "ad senatum"; id enim postulas et, si hic ordo [sibi] placere decreverit te ire in exilium, optemperaturum te esse dicis. Non referam, id quod abhorret a meis moribus, et tamen faciam, ut intellegas, quid hi de te sentiant. Egredere ex urbe, Catilina, libera rem publicam metu, in exilium, si hanc vocem exspectas, proficiscere. Quid est, Catilina? ecquid attendis, ecquid animadvertis horum silentium? Patiuntur, tacent. Quid exspectas auctoritatem loquentium, quorum voluntatem tacitorum perspicis?

[21] At si hoc idem huic adulescenti optimo, P. Sestio, si fortissimo viro, M. Marcello, dixissem, iam mihi consuli hoc ipso in templo iure optimo senatus vim et manus intulisset. De te autem, Catilina, cum quiescunt, probant, cum patiuntur, decernunt, cum tacent, clamant, neque hi solum, quorum tibi auctoritas est videlicet cara, vita vilissima, sed etiam illi equites Romani, honestissimi atque optimi viri, ceterique fortissimi cives, qui circumstant senatum, quorum tu et frequentiam videre et studia perspicere et voces paulo ante exaudire potuisti. Quorum ego vix abs te iam diu manus ac tela contineo, eosdem facile adducam, ut te haec, quae vastare iam pridem studes, relinquentem usque ad portas prosequantur.

[22] IX. Quamquam quid loquor? te ut ulla res frangat, tu ut umquam te corrigas, tu ut ullam fugam meditere, tu ut ullum exilium cogites? Utinam tibi istam mentem di inmortales duint! tametsi video, si mea voce perterritus ire in exilium animum induxeris quanta tempestas invidiae nobis, si minus in praesens tempus recenti memoria scelerum tuorum, at in posteritatem impendeat. Sed est tanti, dum modo ista sit privata calamitas et a rei publicae periculis seiungatur. Sed tu ut vitiis tuis commoveare, ut legum poenas pertimescas, ut temporibus rei publicae cedas, non est postulandum. Neque enim is es, Catilina, ut te aut pudor umquam a turpitudine aut metus a periculo aut ratio a furore revocarit.

[23] Quam ob rem, ut saepe iam dixi, proficiscere ac, si mihi inimico, ut praedicas, tuo conflare vis invidiam, recta perge in exilium; vix feram sermones hominum, si id feceris, vix molem istius invidiae, si in exilium iussu consulis ieris, sustinebo. Sin autem servire meae laudi et gloriae mavis, egredere cum inportuna sceleratorum manu, confer te ad Manlium, concita perditos cives, secerne te a bonis, infer patriae bellum, exsulta impio latrocinio, ut a me non eiectus ad alienos, sed invitatus ad tuos isse videaris.

[24] Quamquam quid ego te invitem, a quo iam sciam esse praemissos, qui tibi ad Forum Aurelium praestolarentur armati, cui iam sciam pactam et constitutam cum Manlio diem, a quo etiam aquilam illam argenteam, quam tibi ac tuis omnibus confido perniciosam ac funestam futuram, cui domi tuae sacrarium [scelerum tuorum] constitutum fuit, sciam esse praemissam? Tu ut illa carere diutius possis, quam venerari ad caedem proficiscens solebas, a cuius altaribus saepe istam impiam dexteram ad necem civium transtulisti?

[25] X. Ibis tandem aliquando, quo te iam pridem ista tua cupiditas effrenata ac furiosa rapiebat; neque enim tibi haec res adfert dolorem, sed quandam incredibilem voluptatem. Ad hanc te amentiam natura peperit, voluntas exercuit, fortuna servavit. Numquam tu non modo otium, sed ne bellum quidem nisi nefarium concupisti. Nactus es ex perditis atque ab omni non modo fortuna, verum etiam spe derelictis conflatam inproborum manum. [26] Hic tu qua laetitia perfruere, quibus gaudiis exultabis, quanta in voluptate bacchabere, cum in tanto numero tuorum neque audies virum bonum quemquam neque videbis! Ad huius vitae studium meditati illi sunt, qui feruntur, labores tui, iacere humi non solum ad obsidendum stuprum, verum etiam ad facinus obeundum, vigilare non solum insidiantem somno maritorum, verum etiam bonis otiosorum. Habes, ubi ostentes tuam illam praeclaram patientiam famis, frigoris, inopiae rerum omnium, quibus te brevi tempore confectum esse senties. [27] Tantum profeci tum, cum te a consulatu reppuli, ut exsul potius temptare quam consul vexare rem publicam posses, atque ut id, quod esset a te scelerate susceptum, latrocinium potius quam bellum nominaretur.

XI. Nunc, ut a me, patres conscripti, quandam prope iustam patriae querimoniam detester ac deprecer, percipite, quaeso, diligenter, quae dicam, et ea penitus animis vestris mentibusque mandate. Etenim, si mecum patria, quae mihi vita mea multo est carior, si cuncta Italia, si omnis res publica loquatur:

"M.Tulli, quid agis? Tune eum, quem esse hostem comperisti, quem ducem belli futurum vides, quem expectari imperatorem in castris hostium sentis, auctorem sceleris, principem coniurationis, evocatorem servorum et civium perditorum, exire patiere, ut abs te non emissus ex urbe, sed immissus in urbem esse videatur? Nonne hunc in vincla duci, non ad mortem rapi, non summo supplicio mactari imperabis? [28] Quid tandem te impedit? mosne maiorum? At persaepe etiam privati in hac re publica perniciosos cives morte multarunt. An leges, quae de civium Romanorum supplicio rogatae sunt? At numquam in hac urbe, qui a re publica defecerunt, civium iura tenuerunt. An invidiam posteritatis times? Praeclaram vero populo Romano refers gratiam, qui te, hominem per te cognitum nulla commendatione maiorum tam mature ad summum imperium per omnis honorum gradus extulit, si propter invidiam aut alicuius periculi metum salutem civium tuorum neglegis. [29] Sed, si quis est invidiae metus, non est vehementius severitatis ac fortitudinis invidia quam inertiae ac nequitiae pertimescenda. An, cum bello vastabitur Italia, vestabuntur urbes, tecta ardebunt tum te non existumas invidiae incendio conflagraturum?"

XII. His ego sanctissimis rei publicae vocibus et eorum hominum, qui hoc idem sentiunt, mentibus pauca respondebo. Ego si hoc optimum factu iudicarem, patres conscripti, Catilinam morte multari, unius usuram horae gladiatori isti ad vivendum non dedissem. Etenim si summi viri et clarissimi cives saturnini et Gracchorum et Flacci et superiorum complurium sanguine non modo se non contaminarunt, sed etiam honestarunt, certe verendum mihi non erat, ne quid hoc parricida civium interfecto invidiae [mihi] in posteritatem redundaret. Quodsi ea mihi maxime inpenderet tamen hoc animo fui semper, ut invidiam virtute partam gloriam, non invidiam putarem.

[30] Quamquam non nulli sunt in hoc ordine, qui aut ea, quae inminent non videant aut ea, quae vident, dissimulent; qui spem Catilinae mollibus sententiis aluerunt coniurationemque nascentem non credendo corroboraverunt; quorum auctoritate multi non solum improbi, verum etiam inperiti, si in hunc animadvertissem, crudeliter et regie factum esse dicerent. Nunc intellego, si iste, quo intendit, in Manliana castra pervenerit, neminem tam stultum fore, qui non videat coniurationem esse factam neminem tam improbum, qui non fateatur. Hoc autem uno interfecto intellego hanc rei publicae pestem paulisper reprimi, non in perpetuum comprimi posse. Quodsi se eiecerit secumque suos eduxerit et eodem ceteros undique collectos naufragos adgregarit, extinguetur atque delebitur non modo haec tam adulta rei publicae pestis, verum etiam stirps ac semen malorum omnium.

[31] Etenim iam diu, patres conscripti, in his periculis coniurationis insidiisque versamur, sed nescio quo pacto omnium scelerum ac veteris furoris et audaciae maturitas in nostri consulatus tempus erupit. Quodsi ex tanto latrocinio iste unus tolletur, videbimur fortasse ad breve quoddam tempus cura et metu esse relevati, periculum autem residebit et erit inclusum penitus in venis atque in visceribus rei publicae. Ut saepe homines aegri morbo gravi cum aestu febrique iactantur, si aquam gelidam biberunt, primo relevari videntur, deinde multo gravius vehementiusque adflictantur, sic hic morbus, qui est in re publica, relevatus istius poena vehementius reliquis vivis ingravescet.

[32] Quare secedant inprobi, secernant se a bonis, unum in locum congregentur, muro denique, [id] quod saepe iam dixi, secernantur a nobis; desinant insidiari domi suae consuli, circumstare tribunal praetoris urbani, obsidere cum gladiis curiam, malleolos et faces ad inflammandam urbem comparare; sit denique inscriptum in fronte unius cuiusque, quid de re publica sentiat. Polliceor hoc vobis, patres conscripti, tantam in nobis consulibus fore diligentiam, tantam in vobis auctoritatem, tantam in equitibus Romanis virtutem, tantam in omnibus bonis consensionem, ut Catilinae profectione omnia patefacta, inlustrata, oppressa, vindicata esse videatis.

[33] Hisce ominibus, Catilina, cum summa rei publicae salute, cum tua peste ac pernicie cumque eorum exitio, qui se tecum omni scelere parricidioque iunxerunt, proficiscere ad impium bellum ac nefarium. Tu, Iuppiter, qui isdem quibus haec urbs auspiciis a Romulo es constitutus, quem Statorem huius urbis atque imperii vere nominamus, hunc et huius socios a tuis [aris] ceterisque templis, a tectis urbis ac moenibus, a vita fortunisque civium [omnium] arcebis et homines bonorum inimicos, hostis patriae, latrones Italiae scelerum foedere inter se ac nefaria societate coniunctos aeternis suppliciis vivos mortuosque mactabis.

Fontes:

Luiz Carlos Moniz Barreto (trad.), Historia das Orações de M.T. Cicero ..., Lisboa, Off. Manoel Antonio, 1772;

Pe. Antonio Joaquim (trad.), Orações principaes de M. T. Cicero, 3 vols., Lisboa, Regia Off. Typ., 1779-1780 (2.ª ed, 1807-1808; nova ed., 1848);

Nicolau Firmino (trad.), As catilinárias de Marco Túlio Cícero, Lisboa, s.n., 1942 (2.ª e 3.ª eds., 194-; 4.ª ed., 1950/1951)

Pe. Arlindo Ribeiro da Cunha (trad.), In Catilinam, Marco Tulio Cícero, Braga, Livraria Cruz, 1944;

Maria Helena da Rocha Pereira (dir.), Cicero. As Catilinárias, Defesa de Murena, Defesa de Árquias, Defesa de Milão,Lisboa, Verbo («Série Clássicos Gregos  Latinos»), 1974;

Sebastião Tavares de Pinho (trad.), As Catilinárias, Cícero, Lisboa, Edições 70, 1989.

http://www.arqnet.pt/portal/discursos/index.4.gif

Ligações:
Cícero e Catilina
Imagem da Semana de Novembro de 2002
A ler:
João Daniel Lourenço, Cícero, Mem Martins, Inquérito («Vultos da antiguidade, 9»), 1999.

Outros discursos
A lista completa ordenada cronologicamente.

Umberto Eco sobre a funcao das bibliotecas (e dos livros nao lidos) - via Andre Eiras

Agradeço ao André L. S. Eiras o envio desta nota, em 17/12/2015:
Paulo Roberto de Almeida

Interesting quote from Taleb's Black Swan

“The writer Umberto Eco belongs to that small class of scholars who are encylopedic, insightful, and nondull. He is the owner of a large personal library (containing thirty thousand books), and separates visitors into two categories: those who react with “Wow! Signore professore dottore Eco, what a library you have! How many of these books have you read?” and the others - a very small minority - who get the point that a private library is not an ego-boosting appendage but a research tool. Read books are far less valuable than unread ones. The library should contain as much of what you do not know as your financial means, mortgage rates, and the currently tight read-estate market allows you to put there. You will accumulate more knowledge and more books as you grow older, and the growing number of unread books on the shelves will look at you menacingly. Indeed, the more you know, the larger the rows of unread books. Let us call this collection of unread books an antilibrary.
We tend to treat our knowledge as personal property to be protected and defended. It is an ornament that allows us to rise in the pecking order. So this tendency to offend Eco’s library sensibility by focusing on the known is a human bias that extends to our mental operations. People don’t walk around with anti-resumes telling you what they have not studied or experienced (it’s the job of their competitors to do that), but it would be nice if they did. Just as we need to stand library logic on its head, we will work on standing knowledge itself on its head. Note that the Black Swan comes from our misunderstanding of the likelihood of surprises, those unread books, because we take what we know a little too seriously.
Let us call this an antischolar - someone who focuses on the unread books, and makes an attempt not to treat his knowledge as a treasure, or even a possession, or even a self-esteem enhancement device - a skeptical empiricist.”

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mercosul: coordenação macroeconômica Argentina e Brasil agora vai? Duvido

O Itaú Macroeconômica explícita as novas medidas cambiais argentinas:

Minister of Treasury and Public Finance,  Alfonso Prat-Gay, announced yesterday the removal of exchange controls. Since today, there will be neither restrictions nor taxes to purchase dollars for imports, tourism or saving purposes. Companies with commercial debt due to unpaid imports will have the option to purchase a dollar denominated bond issued by the Treasury or purchase dollars according to a timetable. The Argentine peso enters into a dirty float system where the central bank will preserve its right to intervene. The central bank expects to receive USD 15/25 billion in the coming weeks from loans granted by private international banks, use of the currency swap with Bank of China, and the liquidation of grain exports. Prat-Gay said the market will determine the value of the Peso, which he expects to be around the value of the currency in the informal exchange markets (14.25 pesos to the dollar for the blue chip swap compared to an official rate of 9.8 pesos).

We consider the developments as positive. A weaker currency will permit to recover competitiveness. No controls will improve business confidence. Tighter monetary and fiscal policies will be key to moderate the pass-through of the depreciation. The head of the central bank, Federico Sturzenegger,  already announced the adoption of an inflation targetting scheme and allowed a 9 points increase to 38% in the interest rate of the short-term sterilisation instruments (so called Lebacs) in its first auction at market prices. The government will likely start to reduce subsidies in January. Wage negotiations, which will beguin in March, will be among the first tests.


Teoricamente, Brasil e Argentina estão agora no mesmo compasso monetário. Aproveitarão os dois países essas circunstância para coordenar o Mercosul?

Duvido: o Brasil é que entra em descompasso agora...

Paulo Roberto de Almeida 

Feliz 2019! 2019??? Quem sao esses loucos? -- Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso

Feliz 2019
Por Pedro Ferreira e Renato Fragelli
16/12/2015

Neste momento em que o país sente as consequências da desastrosa política econômica adotada durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, não há motivos para otimismos em relação ao futuro da economia brasileira nos próximos anos.

O ano de 2015 entrará para a história como um dos mais traumáticos da história econômica brasileira. O PIB deverá sofrer queda de cerca de 4%. O mercado de trabalho, que vinha resistindo até o início do ano, mergulhou em queda livre, com o desemprego atingindo 8,9% no 3º trimestre, de acordo com a Pnad Contínua. Em doze meses, foram destruídos 1,5 milhão de postos de trabalho e tudo indica que esse movimento está se acelerando. Na virada do ano, o desemprego deverá atingir 10%.

A produção industrial em outubro mostra um quadro de terra arrasada. Comparando-se a produção entre janeiro e outubro com igual período do ano anterior, a queda global foi de 8%, tendo sido de 17% no caso dos bens de consumo duráveis e de 24% no dos bens de capital. A provável queda dos investimentos no último trimestre será a nona queda trimestral seguida. Os indicadores da Sondagem da Construção do Ibre-FGV mostram que o nível de atividade do setor é hoje inferior à metade do observado há dois anos. Onde se olha, a situação é dramática.

Com impeachment ou sem impeachment, o ano de 2016 está perdido e 2017 provavelmente também

Para agravar o panorama, a inflação anual deve aproximar-se de 11%, apesar do desemprego e da recessão. No front fiscal, o déficit primário ultrapassará os R$ 110 bilhões. As (más) soluções propostas até agora, como a reintrodução da CPMF, não foram aprovadas e não há alternativas à vista.

Se 2015 foi ruim, 2016 não será melhor. A discussão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, bem como as incertezas envolvendo os novos episódios da Lava-Jato, indicam a continuidade da atual paralisia decisória, em ambiente político ineditamente conflituoso. Decisões de investimento permanecerão imobilizadas até que se equacione o imbróglio fiscal. Este, por sua vez, depende de uma improvável melhoria no quadro político.

Com o agravamento da recessão, setores menos atingidos até o momento, como os serviços, serão duramente castigados. Os indicadores sociais, que surpreendentemente não haviam piorado muito até o momento, inevitavelmente começarão a se deteriorar.

No caso de permanência de Dilma Rousseff na Presidência, a crise política continuará imobilizando o governo, pois poderá surgir um novo processo de impeachment motivado por supostos crimes eleitorais, ou por novas revelações da operação Lava-Jato e a popularidade da presidente dificilmente melhorará. E observaremos, portanto, mais desemprego, menos investimento e mais contração. As previsões para queda do PIB no ano que vem, que provavelmente levam em conta este cenário de continuidade política, estão entre 2% e 3%.

E a situação econômica futura pode se deteriorar ainda mais e não há muito que se possa fazer no próximo ano e provavelmente em 2017. Há no momento uma quase que total incapacidade do governo ou o do Banco Central utilizarem qualquer das muitas medidas anticíclicas clássicas. Com um déficit altíssimo, dívida explodindo, bancos públicos contra a parede, Petrobras (e outras estatais) sendo investigadas e/ou excessivamente endividadas, não há qualquer espaço para política fiscal expansionista.

Além disto, se é verdade que a pressão inflacionária desencadeada pela correção de preços administrados será menor em 2016, aquela causada pela maxidesvalorização continuará presente. Numa economia em que o salário mínimo indexa não apenas o menor rendimento do trabalho, mas também despesas previdenciárias e assistenciais, sua correção em torno de 11%, determinada pela regra de atualização em vigor, constitui um grande entrave à queda da inflação. Assim, se algo acontecer no futuro próximo com a política monetária será na direção de aumentar os juros e contrair o crédito.

Uma segunda razão é a incerteza quanto à permanência de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda. Para deter o impeachment, Dilma vem se aproximando dos movimentos sociais, cujos pleitos foram ignorados em 2015 e isto implica mais gastos. Dilma repete o que fez Lula após a eclosão do mensalão em 2005. Naquela ocasião, a retribuição de Lula àqueles movimentos foi a suspensão da tramitação da reforma da previdência dos servidores, que só viria a ser regulamentada por Dilma.

Os movimentos sociais que hoje apoiam Dilma são os mesmos que clamam pela volta imediata do crescimento, que rejeitam o ajuste fiscal, que lutam pelo "fora Levy". Como reagirá Dilma diante dessas pressões? Há no momento, dentro do governo, embate sobre a meta fiscal de 0,7% do PIB com Levy supostamente ameaçando sair se esta for reduzida. Uma eventual saída de Levy adicionaria mais incerteza e pessimismo, e retiraria uma das poucas garantias de que a situação fiscal não se deteriorará ainda mais.

No caso alternativo de vitória do impeachment, Michel Temer contaria com a benevolência dos mercados por alguns meses, durante os quais tentaria aprovar reformas como aquelas propostas no programa "Ponte para o Futuro". Mas trabalharia contra o tempo, com grande incerteza sobre a formação da coalizão de governo, com parte de sua base de apoio sendo investigada e sofrendo acirrada oposição dos grupos alijados das benesses do poder pelo afastamento de Dilma. Tarefa difícil pois Temer não teria como reverter o quadro recessivo antes de meados de 2017.

Com impeachment ou sem impeachment, o ano de 2016 está perdido e 2017 provavelmente também. A esperança fica para 2018, ou quem sabe 2019.

Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores da Escola de Pós-graduação em Economia (EPGE-FGV)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Os navios fantasmas da corrupção brasileira - Carlos Brickmann

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 16/12/2015

Os navios invisíveis

Sim, não é a primeira vez que coisas estranhas acontecem. Há pouco tempo, seis vigas de aço com 20 toneladas cada uma desapareceram do porto do Rio. Mas as coisas que desaparecem são cada vez maiores. Há dois meses, sumiram das águas brasileiras dois navios-sonda da empreiteira Schahin, no valor de US$ 400 milhões. E como é que dois navios imensos desaparecem sem deixar pistas?

Simples: como não diriam nossos dirigentes, Aqui é Brasil! Os dois navios, ancorados em alto-mar, na Bacia de Campos, Rio, estavam bloqueados por uma ação de cobrança de impostos da Receita Federal. Em outubro, os sistemas de navegação de ambos os navios (que permitiriam rastreá-los) foram desligados e eles zarparam. Para onde? Só os diretamente interessados em sumir com eles é que sabem. A manobra jurídica para que os dois navios desaparecessem foi a seguinte: um grupo de empresas offshore (estabelecidas em paraísos fiscais) alegou ser dono dos navios e obteve a reintegração de posse. Com isso, sumiu todo mundo. A Receita diz ter descoberto que as empresas offshore pertenciam também ao grupo Schahin - que, lembre-se, é investigado na Operação Lava Jato.

Pode vir mais

Só falta agora o pessoal que sumiu com os navios processar a Receita por tê-los obrigado a desligar o sistema de navegação para fugir mais sossegados. Onde já se viu submeter navios tão caros a uma navegação tão insegura?

Brasil e Rússia: dois países refratários ao progresso? - Marcos Troyjo

Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Será que a Rússia e o Brasil são 'modernizáveis?

Gigantes são prisioneiros da inabilidade em reformar instituições 

MARCOS TROYJO

Junto com a imensa decepção global pela performance econômica do "B" e do "R" dos Brics, com cada vez mais frequência se pergunta: será que Brasil e Rússia são "aperfeiçoáveis"?

A julgar pelas dificuldades em se promover um menor protagonismo do Kremlin no quadro de governança russo e a disfuncionalidade da política no Brasil, a resposta é "não".

No caso da Rússia, a pergunta é realizada com ceticismo num extraordinário livro ("Can Russia Modernise?", Cambridge University Press, 2013), escrito por Alena Ledeneva, professora de política e sociedade do University College London.

Seriam esses dois gigantes prisioneiros de sua inabilidade em promover aperfeiçoamento institucionais?

Sem uma pronunciada inflexão de sua elite política, dificilmente Brasil e Rússia se tornarão o que o economista Ruchir Sharma denomina "Breakout Nations" –países que conseguem se desvencilhar das armadilhas das estruturas inerciais do capitalismo de compadrio e, portanto, alçam voo rumo à prosperidade.

Yuri Kochetkov - 15.nov.2015/Efe
ANT14. Antalya (Turkey), 15/11/2015.- Russian President, Vladimir Putin (L), welcomes the Brazilian President, Dilma Rousseff (R), to the leaders of the BRICS meeting prior to the G20 summit in Antalya, Turkey, 15 November 2015. In addition to discussions on the global economy, the G20 grouping of leading nations is set to focus on Syria during its summit this weekend, including the refugee crisis and the threat of terrorism. (Terrorismo, Siria, Turquía) EFE/EPA/YURI KOCHETKOV ORG XMIT: ANT14
Vladimir Putin e Dilma Rousseff durante encontro do G20 na Turquia, em novembro

No caso da Rússia, país que ao longo da história produziu grande número de expoentes nas ciências e nas artes, salta aos olhos como as instituições não favorecem o aparecimento de grandes destaques no campo do empreendedorismo. E não é por falta de diagnóstico.

Há poucas semanas, quando Vladimir Putin realizou seu discurso de "estado da União" ao Parlamento russo, todas as referências à importância da separação de poderes estavam presentes.

A linha geral do pronunciamento é também plenamente harmoniosa com a noção de que o país não pode se sujeitar a tamanha dependência na exportação de commodities minerais e, portanto, precisa rumar em direção à uma economia intensiva em tecnologia.

Tive a oportunidade de assistir a esse discurso presencialmente na Duma (o Congresso russo) ao lado de alguns observadores internacionais.

Um deles, há 20 anos em Moscou e titular de uma das principais consultorias de avaliação de risco com foco nos países da antiga URSS, disse-me que o discurso modernizante de Putin é o mesmo desde que o ex-membro da KGB ascendeu ao topo do poder russo.

E muitos observadores atentos da cena russa –ao contrário do que crê a maioria dos analistas ocidentais, que enxergam em Putin nada mais que um megalômano– entendem que o titular do Kremlin chegou ao poder munido das melhores intenções e de boas diretrizes para modernizar a Rússia.

Contudo, no intuito de assegurar uma "perene longevidade" no poder e ainda ter de travar batalhas conjunturais (o terrorismo tchetcheno, a guerra na Geórgia, oligarcas dissidentes ou a indesejável expansão da Otan às portas da CEI, a Comunidade de Estados Independentes), a modernização institucional há um tempo vocalizada por Putin jamais deixou o campo da retórica.

Para os que lançam um olhar "compreensivo" sobre Putin, os dilemas de uma desejada modernização sufocada pela força do status quo não é exclusiva da Rússia.

Podem-se mesmo encontrar paralelos no discurso modernizante de Enrique Peña Nieto, no México, ou Narendra Modi, na Índia, e nas robustas dificuldades de implementação de uma agenda reformadora que esses líderes encontram em seus países.

A propósito, estamos prestes a assistir a um novo e apaixonante embate entre a modernização e o poder inercial do status quo em nossa vizinha argentina sob a nova direção de Macri.

Observar a recente cena brasileira convida a uma outra e perturbadora questão que me foi feita recentemente num seminário em Moscou: ademais de suas dificuldades de modernização, será que o Brasil é "governável"?

A resposta é tanto mais difícil e desalentadora, pois o Brasil é hoje país em que impera a "micropolítica" do conchavo e da autopreservação –e onde acumula-se imenso déficit da "macropolítica" dos grandes interesses nacionais. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Ludwig Von Mises: um homem de princípios, ganhando influência, mesmo no Brasil (Mises)

O Brasil ("Menos Marx, Mais Mises") e Hélio Beltrão, do Instituto Mises Brasil, são citados nesta pequena crônica sobre a crescente influência de Mises em círculos mais amplos, e isso não tem a ver com propaganda, e sim com valores, com princípios e exemplos.
Mas eu prefiro reter dois outros trechos deste pequeno texto reflexivo sobre o sentido da ação e dos exemplos misenianos:

"Montesquieu once said that although one had to die for one’s country, one was not obliged to lie for it. This seems to have been Mises’s maxim too."

"Mises never tired of telling his students and readers that trends can change. What makes them change are the choices we make, the values we hold, the ideas we advance, the institutions we support."

Concordo inteiramente com essas premissas e valores e faço deles princípios e guias para minha própria ação e atitudes no plano profissional e acadêmico. Não por outras razões (e reações) empreendi uma longa travessia do deserto na era do domínio companheiro sobre nosso país, um período que eu adivinhei que seria sombrio para o Brasil, após uma curta fase de "espera para ver", o que está amplamente refletido em meu livro A Grande Mudança (2003).
Desde então tenho me mantido invariavelmente na oposição ao reino de desmandos, equívocos e arbítrio que logo descambaram para a fraude, a mentira, a corrupção e a roubalheira no mais alto grau, e que eu nunca deixei de denunciar, mesmo em face de prejuízos na carreira e em detrimento de uma melhor situação profissional.
Vou continuar no mesmo caminho: continuando a lutar pelo Brasil, nunca vou mentir sobre a real situação de poder político e de erosão econômica no país, independentemente do que possa ocorrer comigo. Mudanças de tendência ocorrem: esperarei por elas...
Paulo Roberto de Almeida 

Mises Daily, December 15, 2915

 

As a young man Alexander Hamilton once wrote, “There is a certain enthusiasm in liberty, that makes human nature rise above itself, in acts of bravery and heroism.” While it is tragic that Hamilton would grow up to advocate all sorts of government policies contrary to liberty — America would be better off had he read Cantillion — there is a power in these words that has always resonated with me.

No man better embodies this heroic nature of liberty than Ludwig von Mises.

My favorite example of Mises’s legendary dedication to his principles is his experience during WWI.

Even though he was already an accomplished scholar, his masterpiece Theory of Money and Credit was published in 1912, the Great War brought Mises to the field of battle. As a commanding officer of an Austrian artillery regiment, Mises and his men were tasked with defending the Northern Front of the Austro-Hungarian Empire from the marching Russians.

Not only were Mises and his men outnumbered, but manning the cannons meant being the prime targets of Russian fire. The result was horrific. As Guido Hülsmann details in Mises: Last Knight of Liberalism, “In the first few weeks and months of the war, almost no day went by that did not see entire [Austrian] batteries (about 100 men each) and even regiments (about 500) being wiped out.”

Mises and his men held the line and the Russians were driven back in December of 1914.

After receiving honors for his actions on the battlefield, First Lieutenant Ludwig von Mises was extended an invitation to join a team of fellow economists on the Viennese war council. Though glad to be away from the canons of war, Mises was horrified by what he found — his nation’s greatest minds, men who knew better, becoming apologists for a bureaucratic government seeking to tighten its grip on the economy.

Writes Hülsmann:

Montesquieu once said that although one had to die for one’s country, one was not obliged to lie for it. This seems to have been Mises’s maxim too. He had already demonstrated his readiness to give his life for his country. Now he showed his will to honor the truth even if it brought him in conflict with powerful opponents. ... Mises argued that, “from a purely economic standpoint,” the case for free trade and against protectionism was unassailable.

The power of the argument ... made it impossible for the war party to ignore Mises. Trouble lay ahead.

The trouble came in the form of orders to return back into combat. The government’s message was clear — Mises needed to go. Not for the last time, his decision to stand firm in his defense of liberty put his very life in danger.

Luckily for us all, Mises survived the war and went on to live a life that fundamentally altered the world. He overcame the Nazis, academic blacklists, and the personal hardships that tends to haunt any man who refuses to sacrifice his principles.

While some like Milton Friedman viewed Mises intransigence as a burden to Mises’s influence, I believe his example is vital to the resurgence of Misesian thought today.

We see this on the streets of Brazil, where earlier this year young Brazilians took to the streets demanding “Less Marx, More Mises”! Thanks to the work of people like Helio Beltrão, Mises is now the most popular economist in the country.

We see this in China, where translations of Mises and fellow Austrians have made it into the hands of students and scholars. Even Murray Rothbard is openly discussed in influential circles.

We see it in the incredible growing international network of young Austrian scholars, complete with university programs dedicated to Austrian insights in topics such as entrepreneurship.

Though it rests far away from the halls of power, and apart from any larger political machine, the Mises Institute stands today the most influential libertarian organization in the world, a testament to the power of Mises’s ideas and a commitment to stay true to principle.

Though there is still much to be done, we should never lose sight of the gains we have made — nor lose hope for the future.

In the words of Lew Rockwell:

Mises never tired of telling his students and readers that trends can change. What makes them change are the choices we make, the values we hold, the ideas we advance, the institutions we support.

Unlike Mises, we do not face obstacles that appear hopelessly high. We owe it to his memory to throw ourselves completely into the intellectual struggle to make liberty not just a hope, but a reality in our times. As we do, let us all adopt as our motto the words Mises returned to again and again in his life. “Do not give in to evil, but proceed ever more boldly against it.”

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Reflexao do dia: Emile Zola sobre os poetas que corrigem os homens

Enquanto eu esperava pacientemente, durante algumas horas, num apartamento vazio que me entregassem um móvel recentemente comprado nos fabulosos serviços que supostamente atendem o consumidor brasileiro, eu pegava o que estava mais disponível para me entreter.
Acabei lendo algumas lettres de jeunesse, que o jovem Émile Zola escrevia a seus amigos.
Esta carta, por exemplo, foi escrita em Paris em 10 de agosto de 1860, ou seja, pelo menos 30 ou 40 anos antes antes que o grande escritor francês chegasse ao pináculo da fama, com o caso Dreyfus.
E o que ele dizia a seu amigo Baille?
Isto:

Le poète a deux armes pour corriger les hommes: la satire et le cantique...
Je m'explique: le poète satirique met à nu l'homme et ses perversités, il les fait rougir et combat son vice par sa honte; le chantre lyrique, au contraire, crée une chimère, un homme idéal, le présente à l'homme réel et ramène ce dernier à la vertu par la sublime couleur dont il l'a peint.

Cf. Émile Zola, Correspondance, Lettres de Jeunesse, vol. I, Paris: Bibliothèque Charpentier; Eugène Fasquelle éditeur, 1907, p. 124.

Ou seja, antes de se tornar um realista, Zola era um romântico...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14/12/2015

Research Gate: meu contador passou das 3.500 visualizacoes

O site do Research Gate me avisa que:

Congratulations

Your publications reached 3,500 reads 
 
Está aqui: https://www.researchgate.net/profile/Paulo_Almeida2/stats 
 
E também isto: 
 
With 89 new reads, you were the most read author from your institution  
 
Reads 3,527 Last week: 8
 
E quais são os países que estão cobertos nas estatísticas recente de acesso?
Estes: 

Reads by country

Brazil 59
China 8
Iran 8
United States 4
Mozambique 2
Portugal 2
Chile 2
 
 Em termos de textos mais buscados? 

Top read publications

11
Dataset
8
Article
Lua Nova Revista de Cultura e Política 12/1998; DOI:10.1590/S0102-64451999000100008
8
Book
2nd edition edited by Self, 12/2015; Author.
6
 
 
 

WTO ministerial: the skeptical view - Economy Watch

Analysts Question Relevance, Adaptability of the WTO

Economy Watch, December 14, 2015 
International Organizations
 by EW News Desk Team
 
The World Trade Organization contains 162 member states and has existed for 20 years. While it is certainly not the oldest trade organization in existence, many have begun to question its viability in the modern age.
The present round of concerns arrives in reference to the upcoming ministerial conference in Kenya, which takes place later this week. Many feel the WTO lacks the capacity to respond to a world in which many nations have formed economic alliances that bypass the WTO.
The ministerial conference will include more than two dozen ministers from the WTO's 162 member nations. The talks follow failed negotiations that took place in Geneva earlier this year, and will begin their four-day stint roughly where the Geneva talks concluded.
Viviers and others believe the Nairobi meeting will not manage to complete the "Doha Talks" that began in the Qatari capital 15 years ago. At that time, the WTO set an objective of adding billions of dollars to the global economy via cross-border commerce cooperation. Yet, since 2009, progress has stalled due to differences in the goals of wealthy and poor nations, largely over issues like subsidized farming in the developed world.
This, in turn, has led nations to strike out on their own to create trade deals that either partially or wholly do not fall under the WTO's governance. The US has set out to finalize the Trans-Pacific Partnership (TPP) with 12 Pacific Rim nations. The EU and the United States have jointly worked on the Transatlantic Trade and Investment Partnership. A number of other agreements have also taken place between WTO members outside of the jurisdiction of the WTO, itself.
According to Darlington Mwape, Senior Fellow at the International Center for Trade and Sustainable Development, the "Doha Round is not addressing the current needs of its members.”  He added, “unless we adjust the mandate of the Doha round to include other relevant issues, it may turn out to be irrelevant."
According to Bloomberg Business, the discussion during the Nairobi meeting may revolve around the Trade Facilitation Agreement (TFA). This agreement represented a compromise deal designed to improve customs procedures for goods exported from the world's least-developed nations. The WTO believes this could increase merchandise exports by as much as $1 trillion a year. However, at least two-thirds of the WTO's members need to consent for the Trade Facilitation Agreement to pass. If it passes, the Agreement could cut global trade costs by as much as 17.5 percent
Still, few believe such results are possible from this week's talks. William Mwanza, of the Tralac Trade Law Centre said of the meeting: "You wouldn't really expect that the contentious issues will be resolved next week ... It's taken 15 years, and in the past week there hasn't really been so much progress, so you wouldn't really expect much next week."

História Econômica da AL: V CLADHE em SP, julho 2016

Devo participar. 
Paulo Roberto de Almeida 

CLADHE V

The 5th Latin American Congress of Economic History (CLADHE V) will be held in the city of Sao Paulo (Brazil) on July 19-21, 2016. Organizers are the Economic History Associations from Argentina, Brazil, Chile, Caribbean, Colombia, Mexico, Peru, and Uruguay. Spain and Portugal associations will participate as guests. The Brazilian Association for Research in Economic History (ABPHE) and the School of Economics, Management and Accounting of University of Sao Paulo (FEA/USP) are the hosts of the Congress.

Following the tradition of previous congresses held since 2007, the CLADHE V will provide an academic environment to discuss the latest researches in the economic history of Latin America, as well as to address global perspectives and comparative approaches among regions. The organization of CLADHE V encourages the joint participation of researchers from Latin America and around the world to disseminate and discuss their works as well as to establish common research agendas. It is worth remembering that papers in history of ecnomic thought are very welcome in this Congress. There are Sessions dealing directly with HET topics, such as, for example, the relations between economic ideas and economic policymaking in Latin American history.

The official languages of CLADHE V are Spanish and Portuguese; however, works in English are also welcome. The Congress will be organized through paper sessions, round tables, and conferences.

CALL FOR PAPERS

The call for papers for Sessions is open. The deadline for paper submission is March 1, 2016. The proposal should present an expanded summary of the text (between 250-500 words) and a brief curriculum (with institutional affiliation and a list of recent publications). The selection of approved texts will be the responsibility of the coordinators of the Sessions, respecting the criteria of the International Organizing Committee. Authors of approved abstracts will submit their full papers until 15 May 2016

For further information on the topics covered by the Sessions and on the general organization of the Congress, please go to the website http://www.cladhe5.org/?lang=en .

Should you have any question, please send an e-mail to cladhe5@gmail.com . 

Friedrich Engels, o capitalista financiador do pobretao Karl Marx - Jonathan Sperber

Today's selection -- from Karl Marx by Jonathan Sperber. Though the son of a prosperous businessman, Friedrich Engels turned to communism in his early twenties after seeing the misery of factory workers in Germany and England. His collaboration with Karl Marx became pivotal in the burgeoning European communist movement:

"Born in 1820 in the city of Barmen in the Wupper Valley about thirty-five miles to the east of Cologne, across the Rhine River, [Friedrich Engels, Jr.] was the son of Friedrich Engels, Sr., a prominent textile manufacturer in a region that was a central European pioneer of industrialization. Then as today, the Wupper Valley was home to several varieties of particularly intense Protestantism, and Engels's father was a prominent lay proponent of the Awakening, the German version of revivalism, directed against both the Enlightened, rationalist religion Marx was taught and also the Calvinist orthodoxy prevalent in the area. Sent as a young man, after his years at the Gymnasium, to be a commercial apprentice in the North German port city of Bremen, Engels had a crisis of faith, intensified by reading the works of the Young Hegelians. The many notes he took on David Friedrich Strauss's Life of Jesus, complete with sarcastic observations about biblical literalism and German revivalists, have been preserved and testify to his movement from piety to non-belief. In contrast to Marx, for whom the transition from a rationalist, Enlightened religion to Young Hegelian atheism may have been intellectually stormy but was personally smooth, for Engels it meant a painful break with his family background, especially his father.

"Engels did his military service in [the Prussian army] in 1842, as an officer candidate in the artillery, stationed in Berlin. Being a soldier agreed with him, and he was a lifelong armchair strategist. In later years, his nickname in Marx's circle would be 'The General.' While in Berlin, Engels was a regular member of the Free Men, and wrote several pieces for the Rhineland News, continuing the practice of occasional freelance journalism that he had begun while living in Bremen. After the end of his one-year army service, he returned to the Wupper Valley and, on a visit to Cologne, met Moses Hess, who convinced him of the virtues of communism.


"Engels's father sent him to England for further commercial training with the family's business partners in Manchester, and also to keep him away from his subversive and atheistic German friends. The paternal plan backfired badly: the stay in Manchester only reinforced the young Engels's radical and communist sympathies. Manchester was, as contemporaries said, 'Cottonopolis,' the global symbol and global center of the industrial revolution. As many people lived in this English provincial manufacturing town as in the Prussian capital, but in place of Berlin's intellectual and cultural attractions -- the royal palace, the university and Academy of Sciences, the Opera House and the Singakademie -- Manchester featured hundreds of steam-powered textile mills, whose emissions blanketed the city in a dense cloud of smoke and coal dust.

"This vast manufacturing establishment generated enormous amounts of wealth, but also massive misery. The contrast between the suburban villas of the manufacturers, bankers, and cotton wholesalers and the factory workers' slum neighborhoods -- narrow streets, filthy, permeated with raw sewage, and shrouded in a perpetual gloom of pollution -- made it clear just which groups received the wealth and which the misery. Manchester was as much the city of working-class struggle as of working-class suffering, where the English radicals, the Chartists, denounced the plutocratic government and demanded universal manhood suffrage. Trade unionists strove, in everyday effort, to improve wages and working conditions; socialists proposed sweeping changes to all of society. A year before Engels's arrival, in the Plug Riots -- a combination general strike, insurrection, and outburst of rage at working-class existence -- the city's factory proletariat had risen up and only been suppressed with a large deployment of armed force.

"Associating after business hours with the city's many political opponents of the existing order, Engels also found an informal entree into working-class life through his mistress and future companion, an Irish immigrant named Mary Burns, a factory worker and domestic servant. He decided to write a book about his experiences, emphasizing the contrast between rich and poor, outlining the misery and exploitation of the industrial workers who produced the capitalists' wealth: The Condition of the Working Class in England  (published in German in 1845). While in Manchester, Engels continued to send in pieces to the Rhineland News). As a result of this connection, he wrote an article on political economy for the Franco-German Yearbooks. On his way home from Manchester, he stopped in Paris to [make a new acquaintance, Karl Marx] the editor of the newspaper and magazine that had published his writing."

Karl Marx: A Nineteenth-Century Life
Author: Jonathan Sperber 
Publisher: Liveright Publishing Corporation
Copyright 2013 by Jonathan Sperber
Pages 137-141


Venezuela: o grande teste da clausula democratica do Mercosul e da Unasul (InfoLatam)

Venezuela crisis

Maduro radicaliza el discurso y se prepara para la confrontación

Infolatam/Efe
Caracas, 13 de diciembre de 2015

Las transiciones del populismo a la democracia

El análisis
Carlos Malamud
(Infolatam).- “A la vista de las resistencias exhibidas por Fernández para iniciar un traspaso de poder ordenado a su sucesor, Mauricio Macri, y de las estentóreas declaraciones de Nicolás Maduro referentes a la victoria de la MUD (Mesa de Unidad Democrática), es obligada una reflexión sobre estas cuestiones. Especialmente de la forma en que se produce la alternancia y el paso de un gobierno a otro en algunos países latinoamericanos, como ha hecho recientemente Héctor Schamis”.
La herida en el ala del proyecto socialista tras la derrota electoral de las parlamentaria mantiene encendido el discurso del presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, que, dijo, está dispuesto a poner su propia vida” para defender el legado de su padre político, Hugo Chávez.El riesgo que supone la mayoría calificada de 112 diputados controlando el Parlamento -que por 15 años estuvo bajo el influjo chavista-, al proyecto de la llamada “revolución bolivariana, es algo que, según Maduro, pone al país ante una “crisis de grandes dimensiones”.
El escenario que se avecina con la toma de posesión del centenar de opositores y los 55 diputados oficialistas, dijo, enfrenta a la nación “ante una crisis de grandes dimensiones” a la que Maduro también se refiere como “una crisis contrarrevolucionaria de poder”.
El líder chavista habló frente a casi tres mil soldados en un acto de la Fuerza Armada (FANB) para asegurar que “se va a generar una lucha de poder entre dos polos: el polo de la patria que quiere seguir construyéndose, y el polo de la antipatria que por primera vez se anota (…) un éxito circunstancial”, dijo para referirse con esto último a la oposición.
El jefe de Estado venezolano que piensa que “se van a generar grandes tensiones”, alertó que ante estas circunstancias la Constitución prevé herramientas para contrarrestar este posible escenario aunque no ahondó en los detalles.
“Hay una rebelión de las masas, no nos llamemos a engaños. Eso sí, la Constitución tiene sus mecanismos para regular este tipo de grandes tensiones históricas y esos mecanismo los vamos a aplicar uno detrás de otro”, dijo.
A lo largo de esta semana tanto Maduro, como el actual presidente del Parlamento, Diosdado Cabello, han dado pistas de las acciones que tomará la mayoría oficialista que controlará la Cámara hasta el 4 de enero, para blindar su poder.
“Esta patria no la implosionan, no la destruyen, no la hacen retroceder. No. A cuesta de nuestra propia vida no lo voy a permitir(…) ante las dificultades más revolución”, reclamó.
Maduro, al igual que algunos líderes del chavismo, afirma que la oposición agrupada en la Mesa de la Unidad Democrática (MUD) logró la victoria “circunstancialmente” producto de una “guerra no convencional” que busca “desbancar de raíz el modelo social político económico” propuesto en el país con la llegada al poder de Hugo Chávez (1999-2013).
Aunque señaló que “como demócrata” reconoce la derrota, pidió a sus partidarios “no nos confiemos” y les llamó además a que se preparen “para defender la patria y que nadie vacile, esta es la causa más justa que jamás haya existido”, dijo.
“No permitiremos que la derecha y la burguesía entreguen la independencia”, añadió el mandatario que, dijo además, ser “un soldado listo y preparado para dar su vida y sacrificarse en el campo que toque sacrificarse por ver a nuestra patria libre y soberana”.
Este mismo llamado lo ha hecho estos días Maduro a la militancia del Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), a quienes ha llamado a reorganizarse y ahondar en los motivos de la derrota que dio un revés al chavismo que se midió en más de dos millones de votos.
Mientras tanto, el excandidato presidencial venezolano Henrique Capriles pidió a Maduro llamar al país a “un gran diálogo nacional” para atender la crisis económica del país suramericano, y dejar de lado los problemas del PSUV.
El gobernador del céntrico estado Miranda afirmó que el país petrolero está “deteriorándose” ante la caída del precio del crudo, que ronda los 31 dólares por barril, el más bajo en once años, por lo que, dijo, “urge” que el Gobierno “convoque a un gran diálogo nacional”.
“Los venezolanos no podemos distraernos, tenemos que exigir que se atienda la peor crisis económica y social de nuestra historia”, señaló el líder opositor a través de un mensaje en la red social Twitter.
En este sentido, el opositor llamó la atención sobre los niveles de las reservas internacionales del país que esta semana, de acuerdo con datos oficiales del Banco Central de Venezuela, se encuentran en 14.601 millones de dólares, según Capriles, el más bajo en los últimos 12 años.
El propio Maduro reveló en la misma jornada que Venezuela perdió el 68 % de los ingresos en divisas producto de la caída del petróleo a lo largo de 2015, un año que calificó de “terrible”, donde “se combinaron todas las formas sucias, ilegales, ilegitimas para atacar a un país, para atacar un modelo de redención”.
Venezuela tiene previsto que la inflación del país cerrará el 2015 en el 100 % y que la economía, que entró en recesión en el 2014, se contraerá este año un 4 %.